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Research, Society and Development, v. 11, n. 16, e412111638520, 2022
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i16.38520
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Avaliação dos impactos na qualidade de vida dos profissionais da saúde da
linha de frente da pandemia da COVID-19 no município de Santarém-Pará
Assessment of the impacts on the quality of life of health professionals on the front line of
the COVID-19 pandemic in the municipality of Santarém-Pará
Evaluación de los impactos en la calidad de vida de los profesionales de la salud en la
primera línea de la pandemia de COVID-19 en el municipio de Santarém-Pará
Recebido: 25/11/2022 | Revisado: 03/12/2022 | Aceitado: 04/12/2022 | Publicado: 13/12/2022
Lorena Maria Souza da Silva
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7721-0159
Universidade do Estado do Pará, Brasil
E-mail: souzalorena511@gmail.com
Renata Pessoa Portela
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9556-0913
Universidade do Estado do Pará, Brasil
E-mail: renata.pessoa@uepa.br
Elidiane Moreira Kono
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2187-0956
Universidade do Estado do Pará, Brasil
E-mail: elidiane.kono@uepa.br
Resumo
A qualidade de vida dos profissionais da saúde foi hipoteticamente refletida durante a pandemia. Assim sendo, o
objetivo desse estudo é avaliar os impactos na qualidade de vida dos profissionais de saúde que atuam/atuaram na
linha de frente na pandemia da COVID-19 no município de Santarém-Pará. A pesquisa é classificada como
quantitativa, descritiva e transversal, foi realizada com profissionais da saúde que atuam/atuaram na linha de frente na
pandemia da COVID-19, sendo avaliada a positividade desses profissionais para COVID-19, se necessitaram ficar
internados e/ou tiveram sintomas pós-COVID, por meio de formulário próprio e a qualidade de vida através do
questionário WHOQOL-bref. Participaram da pesquisa 46 profissionais, nos quais responderam perguntas sobre a
contaminação, internação e se tiveram sintomas pós-COVID, através desses foi possível verificar, que a maioria dos
profissionais foram contaminados, mas não necessitaram ser internados. Na análise acerca da qualidade de vida,
identificou-se que no domínio meio ambiente do WHOQOL-bref, obteve-se baixo escore. Destarte, mesmo sendo uma
amostra pequena, os profissionais da linha de frente apresentam uma qualidade de vida “nem boa, nem ruim”, mesmo
diante de mudança brusca na rotina do ambiente de trabalho, bem como mesmo infectados não houve complicações
que os remetem-se a internação.
Palavras-chave: Profissionais da saúde; Qualidade de vida; COVID-19.
Abstract
The quality of life of health professionals was hypothetically reflected during the pandemic. Therefore, the objective
of this study is to evaluate the impacts on the quality of life of health professionals who act/acted on the front line in
the COVID-19 pandemic in the municipality of Santarém-Pará.The research is classified as quantitative, descriptive
and cross-sectional, it was carried out with health professionals who act/acted on the front line in the COVID-19
pandemic, assessing the positivity of these professionals for COVID-19, whether they needed to be hospitalized
and/or had post-COVID symptoms, using a specific form, and quality of life using the WHOQOL-bref questionnaire.
46 professionals participated in the survey, in which they answered questions about contamination, hospitalization and
whether they had post-COVID symptoms, through which it was possible to verify that most professionals were
contaminated, but did not need to be hospitalized. In the analysis of quality of life, it was identified that the
environment domain of the WHOQOL-bref, a low score was obtained. Thus, even with a small sample, frontline
professionals have a quality of life that is “neither good nor bad”, even in the face of a sudden change in the routine of
the work environment, as well as even being infected, there were no complications that would make them feel sick. if
hospitalization.
Keywords: Health professionals; Quality of life; COVID-19.
Research, Society and Development, v. 11, n. 16, e412111638520, 2022
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i16.38520
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Resumen
La calidad de vida de los profesionales de la salud se reflejó hipotéticamente durante la pandemia. Por lo tanto, el
objetivo de este estudio es evaluar los impactos en la calidad de vida de los profesionales de la salud que
actúan/actuaron en la primera línea en la pandemia de COVID-19 en el municipio de Santarém-Pará. La investigación
se clasifica en cuantitativa, descriptiva y transversal, se realizó con profesionales de la salud que actúan/actuaron en
primera línea en la pandemia del COVID-19, valorando la positividad de estos profesionales para el COVID-19, si
necesitaban estar hospitalizado y/o tener síntomas post-COVID, mediante un formulario específico, y calidad de vida
mediante el cuestionario WHOQOL-bref. 46 profesionales participaron de la encuesta, en la que respondieron
preguntas sobre contaminación, hospitalización y si tenían síntomas post-COVID, a través de lo cual se pudo verificar
que la mayoría de los profesionales estaban contaminados, pero no necesitaron ser hospitalizados. En el análisis de la
calidad de vida se identificó que el dominio medio ambiente del WHOQOL-bref obtuvo un puntaje bajo. Así, incluso
con una pequeña muestra, los profesionales de primera línea tienen una calidad de vida que no es “ni buena ni mala”,
incluso ante un cambio repentino en la rutina del ambiente de trabajo, así como incluso estando infectados, no hubo
complicaciones que los harían sentir enfermos si la hospitalización.
Palabras clave: Profesionales de la salud; Calidad de vida; COVID-19.
1. Introdução
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define qualidade de vida como a “percepção do indivíduo de sua inserção na
vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações”. Além disso, para ter qualidade de vida no ambiente de trabalho é necessário que o trabalhador tenha um local
limpo, iluminado, ventilado, sem poluição, com o mínimo de barulho, e que tenha férias anuais (Universidade de São Paulo,
2013).
Diante dessa percepção, as perspectivas da qualidade de vida dos profissionais de saúde foram possivelmente refletidas
diante da pandemia, dado em dezembro de 2019, surgiu um novo vírus que trouxe impacto na qualidade de vida dos
trabalhadores. Esse vírus conhecido como COVID-19, causou uma pandemia mundial e com isso foi necessário criar medidas de
proteção severas, como o isolamento social, que afetou diretamente a qualidade de vida da população e do trabalhador, bem
como a utilização de máscara e álcool em gel. Empresas tanto públicas quanto privadas precisaram suspender as atividades e
começar a trabalhar em regime Home Office (Neto & Santos, 2021).
Porém dentre os trabalhadores que precisaram atuar de forma severa e intensa, estão os profissionais da saúde
principalmente os que atuam no ambiente hospitalar, assim os profissionais de saúde não possuem a opção de trabalhar em
home office, enfrentando fatores estressantes, que podem ser as preocupações com o risco de contágio pela COVID-19 e as
adaptações as mudanças na rotina da sua família. Devido a isso é entendível que alguns desses profissionais tenham problemas
de saúde ou a piora dos mesmos (Pimenta et al., 2020).
Devido as mudanças no cotidiano do profissional, a preocupação com a saúde e as obrigações financeiras, gerou em
muitos trabalhadores algum tipo de impacto psicológico na pandemia, como o medo de perder o emprego ou uma diminuição
significativa na renda, medo de adquirir a doença COVID-19, ter que lidar com falecimento de alguém querido, estresse,
sofrimento, entre outros (Mishima-Santos et al., 2020).
Além disto, são muitos os fatores que dificultam a prática profissional, isso inclui a disponibilidade de recursos
materiais e a alta demanda de pacientes. O cuidado com os enfermos é uma tarefa muito valiosa. Portanto, alguns profissionais
se dedicam a reconstruir a saúde do indivíduo, mas, por outro lado, podem vivenciar o processo de adoecimento. Isso pode
afetar a vulnerabilidade associada aos profissionais da saúde, que subestimam suas próprias necessidades ao cuidar das
necessidades dos outros (Silva & Silva, 2020).
Ademais, profissionais da saúde que atuaram na linha de frente da pandemia da COVID-19 tiveram mais probabilidade
de apresentarem sintomas devido à alta carga de trabalho, desenvolvendo problemas como angústia, insônia, ansiedade,
depressão e redução da qualidade de vida. Continuadamente esses profissionais encaram longas jornadas de trabalho, aumentada
com a pandemia, tornando-se fundamental medidas para garantir a saúde mental e a qualidade de vida desses profissionais.
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Além disso, devido as duplas jornadas de trabalho, esses profissionais estão frequentemente sobrecarregados fisicamente e
mentalmente, afetando diretamente a sua qualidade de vida, além de que as mudanças de turno e os plantões noturnos causam
mudanças no ritmo circadiano e na função homeostática do corpo (Silva et al., 2021).
Diante do exposto, o estudo se propõe a investigar acerca dos impactos na qualidade de vida dos profissionais da saúde
que atuaram na linha de frente na pandemia do COVID-19, uma vez que a avaliação da segurança física, mental, social, da
saúde e do bem-estar permite identificar a satisfação pessoal do profissional, o que interfere na qualidade, no desenvolvimento e
também na produtividade do trabalho. Assim o presente estudo buscou avaliar os impactos na qualidade de vida dos
profissionais da saúde que atuaram na linha frente na pandemia da COVID-19 no município de Santarém-Pará.
O presente estudo tem grande importância na temática da qualidade de vida para o desenvolvimento pessoal do ser
humano no contexto atual, e a relevância de uma análise de possíveis fatores que podem prejudicar este desempenho na vida dos
profissionais de saúde. Além disso, possui extrema relevância, na melhora da qualidade de vida dos profissionais da saúde, ao
identificar alguma alteração e dificuldade poderão ser um norteador de reflexão, alerta ou mudanças para com a visão e
percepção da vida profissional e tomada de decisão futura dos gestores para um olhar voltado ao profissional.
2. Metodologia
O presente estudo seguiu a resolução Nº 466, de 12 de novembro de 2012, Resolução 466, de 12 de novembro de 2012,
do ministério da saúde, sendo apreciado e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade do Estado do Pará,
campus XII, com CAAE 5.240.237.
A presente pesquisa de carácter quantitativo, descritivo e transversal. A pesquisa é quantitativa, pois coletou dados do
questionário de qualidade de vida e transformou em números que foram tabulados e analisados. Descritivo, pois apresentou e
analisou o resultado do fenômeno da qualidade de vida dos profissionais da saúde que atuaram/atuam na linha de frente da
COVID-19. Ademais, transversal pois analisou apenas um momento no tempo para coletas dos dados e análises (Koche, 2011).
A coleta de dados ocorreu através do instrumento WHOQOL-Bref, de forma online, através do Google Forms. Bem
como foram feitas perguntas referentes a qualidade de vida no trabalho em tempos de pandemia, foi perguntado se o profissional
já havia trabalhado antes da pandemia com a modalidade de trabalho intenso, se recebeu algum treinamento para exercer suas
atividades na pandemia; se estão satisfeitos com o seu trabalho, se a pandemia da COVID-19 agregou alguma oportunidade
relacionada a sua vida profissional, além de perguntar se contraíram a COVID-19; se precisaram ficar internados; se sentiram
sintomas pós-covid.
O WHOQOL-bref compõe-se de 26 questões, em que 24 delas representam 24 facetas que fazem parte do instrumento
original, e 2 são voltadas para perguntas gerais de qualidade de vida. Assim, cada uma das 24 facetas são avaliadas por apenas
uma questão. É um instrumento que avalia a qualidade de vida em quatro domínios, sendo eles: físico, psicológico, relações
sociais e ambientais.
3. Resultados e Discussão
Participaram da pesquisa 46 profissionais da saúde de ambos os sexos que atuaram/atuam na linha de frente na
pandemia da COVID-19.
Na avaliação acerca da testagem, contaminação e internação dos profissionais, é possível observar na Figura 1 o
número de profissionais que contraíram ou não COVID-19, se precisaram ser internados e se sentiram sintomas pós-COVID.
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Figura 1 - Demonstra a contaminação, internação e sintomas pós COVID-19 pelos profissionais da saúde.
Fonte: Autores (2022).
Como demonstrado na Figura 1, 29 profissionais contraíram COVID-19 e 17 não foram contaminados, sendo que os 29
não necessitaram de internação. Em relação aos sintomas pós-COVID, 12 profissionais relataram ter tidos os sintomas, enquanto
17 não tiveram.
Os profissionais de saúde que entram em contato com um paciente têm duas vezes mais chances de serem infectados do
que outros trabalhadores. Esses profissionais que estão envolvidos diretamente no atendimento de pacientes com COVID-19
têm mais chances de serem infectados, e medidas de proteção específicas e estratégias de vigilância que levem em consideração
risco, doença e tratamento precoce devem ser realizadas. Estudos mostraram que uma proporção significativa de infecções de
profissionais de saúde ocorre após exposição desprotegida, e o EPI é uma barreira significativa quando usado corretamente de
acordo com os regulamentos comuns sobre padronização, qualidade e conformidade, acompanhado de treinamento de uso
adequado e medidas de redução de infecção (Marziale et al., 2022).
Esse estudo se contrapõe à presente pesquisa, pois teve casos mais graves da doença, onde os profissionais
necessitaram de internação hospitalar, e em alguns casos de tratamento na unidade de terapia intensiva. O estudo de Püschel et
al. (2021) avaliou a contaminação por COVID-19 pelos profissionais da saúde a necessidade de internação hospitalar clínica ou
em Unidade de Terapia intensiva. De acordo com esse estudo, os sintomas apresentados por maioria dos profissionais
infectados com COVID-19 foram leves, sendo que dos 184 profissionais que contraíram a doença, 16 necessitaram de
internação e 4 de cuidados intensivos.
Os profissionais de saúde são um grupo de alto risco para Covid-19 porque entram em contato direto com pacientes
infectados, portanto, possuem uma carga viral alta (milhões de partículas virais). Ademais, enfrentam enorme estresse no
atendimento a esses pacientes, muitos dos quais se encontram em situações graves, muitas vezes em condições inadequadas de
trabalho. Esses profissionais e os trabalhadores envolvidos direta e indiretamente no combate à pandemia estão expostos ao
risco de infecção pelo coronavírus todos os dias, e a heterogeneidade característica dessa força de trabalho determina diferentes
formas de exposição, além do risco de contaminação (Teixeira et al., 2020).
Segundo o estudo de Teixeira et al (2020) uma pesquisa foi realizada no Hospital Tongji para determinar a prevalência
da infecção por COVID-19 entre os profissionais da saúde, onde encontrou 54 indivíduos infectados com o vírus. De acordo
com a gravidade da infecção, observou-se: 11 casos de tipo comum, 40 casos de doença grave e 3 casos de doença crítica. Essa
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pesquisa se contrapõe ao presente estudo, pois nela os profissionais apresentaram sintomas mais graves da doença, necessitando
de internação.
A segurança dos profissionais de saúde durante a situação da COVID-19 é essencial para prestar o melhor atendimento
possível às pessoas infectadas cujo comprometimento mental é prejudicado pelo medo da morte. Uma série de fatores pode
afetar a segurança desses profissionais, como trabalhar mais horas para atender a enorme demanda de pacientes infectados leva
ao desgaste mental do profissional, fadiga e tendência ao fracasso e efeitos adversos à saúde. Ademais, outro fator é o risco de
contaminação a que estão expostos e o medo de espalhar para outros pacientes, profissionais e seus familiares (Moraes et al.,
2020).
Em relação ao uso de equipamentos de proteção individual (EPI), os profissionais de saúde que atendem casos
suspeitos ou confirmados devem realizar a higienização das mãos com uso de preparações à base de álcool com frequência, usar
chapéus, óculos ou protetores faciais, máscaras, aventais impermeáveis com mangas, luvas longas e luvas de procedimentos. As
máscaras N95 (PFF2 ou superior) devem ser usadas ao realizar procedimentos geradores de aerossóis, como intubação ou
aspiração traqueal, ventilação não invasiva, ventilação artificial antes da intubação, indução de escarro, coleta de amostra
nasotraqueal e inspeção por espelho brônquico (Cunha et al., 2020).
Os serviços de saúde precisam ter mecanismos e procedimentos para alertar suas equipes em tempo hábil sobre casos
suspeitos ou confirmados de infecção por COVID-19, com o objetivo de minimizar o risco de exposição doença com
consequências adversas. Tais ações devem ser realizadas por centros de controle de infecção associados aos cuidados de saúde,
responsáveis pela saúde e segurança no trabalho, gestores de serviços de saúde e equipes de profissionais em contato direto com
pacientes (Gallasch et al., 2020).
Na busca de responder ao objetivo principal, a avaliação da qualidade de vida dos profissionais está sendo demonstrado
na Figura 2, com demonstração dos 4 domínios de score.
Figura 2 - Demonstra porcentagem da qualidade de vida dos profissionais da saúde que atuaram/atuam na pandemia da
COVID-19.
Fonte: Autores (2022).
Como demonstrado na Figura 2, os profissionais obtiveram maior porcentagem no domínio psicológico, apresentando
53%, seguido pelo domínio físico e relações sociais, ambos com 51% e com a menor porcentagem o domínio meio ambiente,
com 47%. Desta forma, devido ao valor em porcentagem de cada domínio, foi possível calcular o valor total da qualidade de
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vida desses profissionais, sendo um pouco mais da metade, 51%, sendo classificada como uma qualidade de vida de “nem boa,
nem ruim”, de acordo com a avaliação quantitativa do questionário WHOQOL-bref.
Os profissionais da saúde, principalmente os profissionais que atuaram/atuam na linha de frente na pandemia da
COVID-19, enfrentam difíceis condições de trabalho, como um ambiente de trabalho sem a infraestrutura adequada,
insegurança e vários riscos. Esses fatores contribuem diretamente para o desgaste profissional, má qualidade de vida,
adoecimento físico e psicológico, isso ocorre principalmente devido às jornadas excessivas de trabalho e escassez
de EPI, primordialmente nos países com poucos recursos. Devido aos altos níveis de estresse, a saúde mental desses
trabalhadores pode ser afetada, desenvolvendo altas taxas de ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático
(Bezerra et al., 2020).
De acordo com o estudo de Caliari et al. (2021) os profissionais de saúde que trabalhavam de 20 a 30 horas semanais
pontuaram mais nos domínios físico e ambiental, enquanto os profissionais que trabalhavam 50 ou mais horas obtiveram
pontuações menores nos domínios físico, mental e social. Quanto às relações de trabalho, referiram um único vínculo com
maiores escores de qualidade vida nos domínios físico, social e ambiental. Se contrapondo ao estudo em execução, em que os
profissionais apresentarem menor score no domínio ambiental.
Durante a pandemia de COVID-19, médicos, enfermeiros, técnicos médicos e demais profissionais de saúde
apresentaram altas taxas de insônia, ansiedade e depressão, uma gama de sinais e sintomas psicossomáticos como taquicardia,
gastrite, distúrbios cardiovasculares, insônia e outros. O medo e a ansiedade dos profissionais é constante e diz respeito
principalmente ao risco de contrair o vírus e a preocupação de contaminar sua família. (Borges et al., 2021).
Os profissionais de saúde enfrentaram uma pressão tremenda durante a pandemia da COVID-19, incluindo altos riscos
de infecção, proteção insuficiente contra a contaminação, depressão, excesso de trabalho, isolamento, cuidado de pacientes com
emoções negativas, falta de contato com membros da família e exaustão. Essa situação ocasionou problemas de saúde mental
nesses profissionais, como o estresse, ansiedade, sintomas depressivos, insônia, raiva e medo. Esses problemas não prejudicaram
somente a capacidade de atenção desses profissionais, como também podendo gerar um impacto duradouro sobre a sua saúde
geral (Teixeira et al., 2020).
Outrossim, o esgotamento físico e mental, a dor de perder pacientes e colegas, as dificuldades de tomada de decisão, o
medo da infecção e a transmissão do vírus a pessoas próximas também são fatores que afetam a saúde mental dos profissionais
da saúde que são da linha de frente de enfrentamento à pandemia da COVID-19 (Prado et al., 2020).
Apesar de ser uma profissão que se preocupa com a saúde das pessoas, diversos aspectos como jornadas de trabalho
longas e exaustivas, horários ininterruptos, atividades complexas, turnos e setores influenciam e favorecem o desenvolvimento
de algumas doenças relacionadas à saúde entre esses profissionais. Além disso, a falta de sono, tarefas pessoais e domésticas e
muitos outros fatores indicam um declínio significativo no desempenho físico, mental, social e profissional desses indivíduos
(Paiva & Paiva, 2022).
Segundo o estudo de Pires et al. (2021) que avaliou a qualidade de vida dos profissionais da saúde também através do
WHOQOL-Bref no escore de qualidade de vida, o domínio mais comprometido foi o meio ambiente, enquanto o físico foi o
menos afetado. Isso ocorreu devido a privação de lazer e as dificuldades financeiras que ocorreram devido a pandemia. Esse
estudo concorda com a presente pesquisa, pois ambos obtiveram menor escore no domínio meio ambiente.
4. Conclusão
Os resultados deste estudo revelam que a percepção da qualidade de vida dos profissionais da saúde participantes da
pesquisa obteve no domínio meio ambiente o escore mais baixo da avaliação do questionário, isso ocorreu devido as
dificuldades que esses profissionais enfrentaram no seu ambiente de trabalho.
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Além disso, a maioria dos profissionais da saúde que atuaram na linha de frente da COVID-19 contraíram o vírus,
porém nenhum precisou ser internado, isso se deve porque tiveram sintomas leves do vírus.
Posteriormente a avalição da qualidade de vida desses profissionais, os gestores podem promover intervenções
principalmente no ambiente de trabalho, para reduzir os prejuízos à saúde desses profissionais, consequentemente contribuindo
para uma melhora na qualidade de vida dessa classe. Uma das fragilidades do estudo se deu pelo quantitativo, pois mesmo
sendo online, no qual os riscos da identificação ficam menores ou estereotipagem quanto o local de trabalho no momento da
apresentação dos resultados, a participação na pesquisa obteve um abaixa adesão.
Ademais, a realização desse trabalho constata a importância de outros estudos nessa temática, pois é de suma
importância estudos sobre a qualidade de vida dos profissionais da saúde que atuam/atuaram na pandemia da COVID-19, para
serem conhecidos quais os maiores impactos sofridos nesse período e o quanto afetaram a qualidade de vida dessa classe.
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