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Tefé - Amazonas
2021
Autores
Julia Vieira da Cunha Ávila
Jéssica Poliane Gomes dos Santos
Anderson Márcio Amaral
Vinicius Mutti Bertin
Angela May Steward
Tradução
Vinicius Mutti Bertin
Revisão nal
Charles Roland Clement
Ilustrações
Maurício Afonso
Projeto gráco e diagramação
Martina Hotzel
Apoio
A958m Ávila, Julia Vieira da Cunha et al.
Mudanças climáticas na Amazônia: impactos e estratégias de
ribeirinhos de várzea e paleovárzea. / Julia Vieira da Cunha Ávila;
Jéssica Poliane Gomes dos Santos; Anderson Márcio Amaral;
Vinicius Mutti Bertin; Angela May Steward (Autores); Maurício
Afonso (Ilustrador). – Tefé, AM: FAPEAM; IDSM; INPA, 2021.
48p., il. color.: 14,8 cm x 21 cm
ISBN: 978-65-86933-07-9 (Livro Digital)
1. Mudanças climáticas - Amazônia. 2. População ribeirinha –
Várzea amazônica. 3. Impactos socioambientais - Amazônia. I. Título.
CDD 551.583
Ficha catalográca: Graciete Rolim (Bibliotecária CRB-11/1179)
3
Qual o objetivo desse livreto?
Esse livreto é uma forma de divulgar o grande impacto que
as mudanças climáticas causam para as populações locais da
Amazônia. Também é uma oportunidade de compartilhar as estra-
tégias dos ribeirinhos do Médio Solimões (Amazonas, Brasil) para
lidar com essas problemáticas tão atuais, preocupantes e que
crescem a cada ano.
Algumas ações para lidar com as mudanças climáticas são bem
populares na região, enquanto outras, poucas famílias conhecem.
Com esse livreto, essas informações também poderão chegar a ou-
tros lugares, auxiliando pessoas que tenham um modo de vida pa-
recido e vivenciam as mesmas problemáticas do Médio Solimões.
Esperamos que escolas também possam utilizar esse livreto,
por ser um registro de conhecimentos e ações que seguirão mu-
dando e sendo adaptados ao longo do tempo.
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Mudanças climáticas e a Amazônia
Na Amazônia, as mudanças climáticas são sentidas na pele
e no dia-a-dia pelos ribeirinhos. Um sol muito mais quente,
as grandes enchentes que começam antes do esperado e que in-
vadem as casas de palata, as secas mais intensas... Vamos ver
que esses são exemplos que ilustram muito bem como as peque-
nas mudanças no clima alteram profundamente os modos de vida
de quem depende diretamente da natureza (seja para cultivo de
alimentos, pesca, caça de subsistência, criação de animais e o ma-
nejo da madeira).
Entre 2017 e 2019 realizamos uma pesquisa nas Reservas de
Desenvolvimento Sustentável Amanã e Mamirauá, para entender-
mos os impactos das mudanças climáticas e sabermos como os
ribeirinhos do Médio Solimões estão se adaptando a essas situa-
ções tão complicadas.
Essas são áreas de conservação muito importantes para preser-
vação da Amazônia e dos povos que ali vivem. A reserva Mamirauá
possui uma área 1,124,000 hectares de orestas que alagam todo
ano (várzeas), onde vivem cerca de 11,000 moradores ribeirinhos
e indígenas (Cocama, Ticuna, Miranha e Omágua). Já a reserva
Amanã possui uma área de 2,350,000 hectares, incluindo áreas
de várzea, paleovárzea e terra rme. É habitada por ribeirinhos
e indígenas das etnias Miranha e Mura, com aproximadamente
5450 habitantes.
Você conhece
o termo “paleovárzea”?
Se nunca ouviu falar espia
lá na página 46, no glossário,
a gente explica o signicado!
5
Onde essa pesquisa foi realizada?
Nesse mapa podemos ver onde estão localizadas as seis co-
munidades ribeirinhas que estudamos, na bacia do médio Rio
Solimões. Três comunidades estão em áreas de várzea (planícies
de inundação recentemente formadas dos rios de água branca,
que alagam anualmente) e três estão na paleovárzea (planícies de
inundação de rios de água preta, formadas há milhares de anos)
uma várzea mais antiga, que só alaga em enchentes bem grandes.
.
onde a água chega na cheia
VÁRZEA PALEOVÁRZEA
6
Características tradicionais do clima na Amazônia
O clima no Médio Solimões é sempre quente e úmido, por isso é
classicado como “Clima de Floresta Tropical”. Chove mais de 100
mm ao longo do ano e a temperatura média anual é de 24 a 26°C.
São reconhecidas 2 estações. O Inverno, um período chuvoso
entre dezembro e junho, no qual a temperatura média varia en-
tre 19 e 32°C e há predominância de nuvens em 86 % do tempo.
Em maio, chove em média 306 mm, para termos ideia da quanti-
dade de água, 306 mm de chuva, quer dizer que em um espaço
de 1 m² caem cerca de 306 litros de água da chuva...isso dá pra
encher uma caixa d´água pequena! Nos meses de maio e junho
os rios da região apresentam a sua maior cota, chegando a 38,5
metros acima do nível do mar.
No Verão, período com menos chuva que ocorre de julho
a novembro, a temperatura varia entre 20 e 33 °C e o céu possui
predominância de nuvens de 14 %. O mês de agosto possui uma
precipitação média de 136 mm de chuva e apresenta sua menor
cota, chegando a 21,7 metros acima do nível do mar.
Em média, o nível do rio Solimões na área de estudo varia
10,6 metros entre sua cota máxima e a mínima. Entretanto, em
anos de cheias severas, essa diferença das cotas máxima e míni-
ma pode chegar de 15 a 17 metros!
Fotos: Priscila Pereira.
7
8
Outros aspectos importantes do clima
reconhecidos no Médio Solimões
• Repiquete: a elevação do nível das águas dos rios e la-
gos ocorrem gradualmente, porém essas mudanças gra-
duais algumas vezes são interrompidas por uma mudança
abrupta na direção contraria. Esses eventos são chamados
de “repiquetes”, que naturalmente ocorrem entre novem-
bro e janeiro. Para muitos ribeirinhos, a falta de repiquete
é um indicador importante para o nível da próxima cheia.
Se três repiquetes não ocorrerem entre o fim do verão
e início do inverno, existe uma grande possibilidade de
cheia extrema.
• Verão do Mari: é um curto período seco de duas semanas,
que ocorre no meio do inverno (entre fevereiro e março).
Na paleovárzea, onde as terras são mais altas que na vár-
zea, os ribeirinhos usam este período para o manejo de
plantas, que normalmente realizam durante o verão (como
roçar, queimar e plantar roça de mandioca). Também po-
dem aproveitar para plantar abóbora, milho e melancia. Na
várzea não há tempo suciente para plantar no verão do
Mari e conseguir colher antes da próxima cheia.
• Friagem: são momentos em que a temperatura do ar dimi-
nui e os ventos aumentam, estão associados a massas de
ar polares que se expandem ao longo dos Andes. São 1 a 3
dias de fortes ventos, acompanhados por uma queda na
temperatura abaixo de 20 °C.
Como a cheia anual afeta esses ambientes?
Nesses ecossistemas, pequenas elevações representam uma
grande diferença na duração da cheia, criando gradientes am-
bientais e selecionando as populações que são capazes de se
estabelecer.
Durante as cheias anuais, as áreas mais altas da várzea muitas
vezes são cobertas por 1 a 2 metros de água durante 2 a 4 meses.
Enquanto nas áreas mais baixas, a coluna d’água chega de 3 a 5
metros de profundidade, por cerca de 4 a 6 meses.
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Conhecimento tradicional sobre o clima
As práticas de cultivo, pesca, caça de subsistência, a criação de
animais, o manejo orestal e todo modo de vida local está atrelado
às utuações sazonais de chuva e nível dos rios.
Isso faz com que os ribeirinhos de várzea e paleovárzea, sejam
grandes conhecedores do clima na região. Os calendários das pá-
ginas 10 e 11 desse livreto foram elaborados com as informações
dos ribeirinhos sobre o clima, olha só quanto conhecimento tradi-
cional sobre clima!
O que faz o nível dos rios
amazônicos variar anualmente?
A inundação dos grandes rios da Amazônia é causada pela va-
riação das chuvas na região. O problema é que as chuvas têm sido
cada vez mais inuenciadas pelas mudanças climáticas. Uma das
principais mudanças documentadas é o aumento da intensidade
e frequência das cheias extremas, que impactam principalmente
as áreas mais baixas ao longo dos rios. Secas extremas também
têm sido documentadas e não afetam apenas a dinâmica dos rios
e áreas úmidas, mas também da terra rme.
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Calendário sazonal da várzea
As cores mais escuras indicam os meses de temperaturas mais
altas, maiores níveis de água do rio, maior quantidade de chuva ou
maior intensidade das atividades de cultivo.
11
Calendário sazonal da paleovárzea
As cores mais escuras indicam os meses de temperaturas mais
altas, maiores níveis de água do rio, maior quantidade de chuva ou
maior intensidade das atividades de cultivo.
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O que é o efeito estufa, que tanto escutamos falar?
Existe uma camada de gases que cobre naturalmente a su-
perfície da terra, composta principalmente por gás carbônico
(CO²), metano (CH4), N²O (óxido nitroso) e vapor d’água. Essa ca-
mada de gases é essencial para manutenção da vida na Terra, pois
sem ela o nosso planeta seria muito frio e não seria possível a exis-
tência de diversas espécies.
Em situações consideradas normais, uma primeira parte da ra-
diação do sol, que chega ao nosso planeta, é reetida e retorna
para o espaço. Uma segunda parte dessa radiação é absorvida
pelos oceanos e pela superfície terrestre. Uma terceira parte da
radiação, porém, é retida pela camada de gases que naturalmente
envolve nosso planeta, mantendo-o aquecido, e por isso é chama-
do de efeito estufa.
O problema, é que a camada de gases que envolve nosso pla-
neta está cando cada vez mais espessa, principalmente em
razão do aumento de atividades realizadas pelos seres humanos
que liberam maiores quantidades desses gases, como o desmata-
mento, grandes queimadas, muita criação de animais, muitos carros
e fábricas. Por isso, mais calor ca retido aqui na Terra e como con-
sequência, há um aumento na temperatura da atmosfera terrestre
e dos oceanos.
Reflexão da
radiação solar
Desmantamento
e queimadas
CFCs
Queimada de
combustíveis derivados
do petróleo e etanol
Gases do efeito estufa
e os combustíveis fósseis
Radiação absorvida
por gases de efeito estufa
Absorção
Radiação solar escapando
Camada da atmosfera
Absorção pela
atmosfera da Terra
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As atividades dos seres humanos que lançam na atmosfera
uma grande quantidade de gases, como dióxido de carbono (CO2)
e metano (CH4), acabam por acelerar um aumento de temperatura
que levaria centenas de anos para acontecer e passa a ser obser-
vado em poucas décadas.
A inuência dos seres humanos no aquecimento global
Foi a partir da Revolução Industrial (1760) que passamos a emitir
quantidades signicativas de gases que aumentam as temperatu-
ras médias do planeta. As atividades humanas que mais liberam
esses gases são a queima de combustíveis fósseis (como gasolina
e diesel) e grandes queimadas em pastagens, orestas e de carvão.
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Quais as principais consequências do
aquecimento global no mundo?
• Maior intensidade e recorrência de eventos climáticos ex-
tremos (tempestades, inundações, ondas de calor, seca,
nevascas, furacões, tornados e tsunamis);
• Extinção de espécies de animais e de plantas;
• Desaparecimento de ilhas e cidades densamente povoadas;
• Elevação do nível do mar;
• Derretimento das calotas polares.
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Os impactos das mudanças
climáticas na Amazônia
De acordo com os ribeirinhos do Médio Rio Solimões, as cheias
extremas antes ocorriam no intervalo de 10 anos, com eventos
reportados para 1990, 1999 e 2009. Entretanto, essa frequência
tem aumentado bastante, com cinco grandes cheias reportadas
entre 2009 e 2021 (2009, 2012, 2015, 2019 e 2021). A maior cheia
reportada localmente ocorreu em 1953 e 2015, com a cheia de 2015
começando 2 meses antes do previsto.
Secas extremas (que anteriormente ocorriam em intervalos
maiores) foram identicadas em 1999, 2006, 2009, 2012 e 2016,
sendo a seca de 2009 a mais severa já lembrada pelos ribeirinhos
da região. Diversos residentes apontaram que algumas cheias ex-
tremas são precedidas por secas extremas (como nos anos 1999,
2009 e 2012).
A ocorrência de eventos extremos na Amazônia vem sendo re-
lacionado a fenômenos climáticos. Anos de El Niño são anos em
que muitas vezes ocorrem secas extremas e anos de La Niña são
anos em que cheias extremas são esperadas.
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Outras mudanças do clima
percebidas no Médio Solimões
As chuvas agora estão mais imprevisíveis. Além disso,
tempestades mais fortes, que normalmente aconte-
cem no verão, estão acontecendo no inverno. Algumas
chuvas chegam nas comunidades por lados que não
vinham antigamente.
No verão tempestades são mais intensas, acompa-
nhadas de ventos mais forte e mais trovões/raios.
O sol está com uma intensidade mais forte. Precisam
trabalhar nas roças e atividades externas mais cedo
ou no nal da tarde.
Friagem: os períodos de frio se tornaram menos inten-
sos ou mais curtos do que antes. “A friagem não acon-
tece mais como antigamente”.
Os verões possuem temperaturas mais altas do que
antigamente.
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Previsibilidade do clima
Os ribeirinhos possuem grande conhecimento tradicional sobre
o clima. Contudo, com as mudanças climáticas, os sinais que eles
utilizam para entender o clima não são mais conáveis, o que é re-
etido em prejuízo e instabilidade na produção. Novos indicativos
vêm sendo testados.
Exemplos de Indicadores tradicionais do clima
• Nos anos em que há muito Camu-camu (Myrciaria dubia
(Kunth) McVaugh), os ribeirinhos se preparam para enfren-
tar enchentes grandes;
• O caracol Uruá (Pomacea canaliculata) coloca ovos nas ár-
vores, próximo da altura máxima onde a água deve chegar;
• A água da enchente sobe até o dia de Santo Antônio
(13 de junho);
• Borboletas amarelas voam em bandos no início na vazante;
• A palha do Jauari (Astrocaryum jauari Mart.), quando cai como
uma canoa emborcada, é indicativo de enchente comum.
Quando ela cai como uma canoa para cima, a cheia é grande;
• Pesam a água do rio dia 31/12 e depois a água dia 01/01.
Se em 01/01 a água estiver mais pesada, podem esperar
enchente grande.
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Mandiocas e macaxeiras
Em anos comuns o manejo das roças é feito em ajuris (muti-
rões). Durante grandes enchentes áreas de cultivos são alagadas
rapidamente e todas de uma vez, dicultando o manejo coletivo.
Chuvas muito intensas também podem criar grandes poças nas
roças, que demoram alguns dias para secar e as mandioca e maca-
xeiras podem apodrecer.
Além disso, no contexto de uma enchente grande ou de mui-
ta chuva, pode não haver tempo para as mandiocas e macaxei-
ras amadurecerem completamente, o que gera uma farinha de má
qualidade (de cor ou textura de pouco valor no mercado) ou invia-
biliza sua produção.
Imprevisibilidade do clima também complica o cultivo das man-
diocas e macaxeiras. Isso porque não podem plantar as ramas e ha-
ver intensa chuva seguido de muito sol na sequência. A lama quente
que é formada pode “cozinhar” as ramas e então elas não germinam.
Como muitas famílias do interior não conseguem produzir
grandes quantidades de farinha, o preço desse produto na cidade
sobe, criando maior vulnerabilidade na alimentação também nos
centros urbanos.
19
Casas de farinha
Alguns ribeirinhos constroem casas de torrar farinha utuantes,
pois anualmente essas podem alagar.
Quando a água se aproxima das casas de farinha construídas
na terra, os ribeirinhos as desmancham, para preservar seus com-
ponentes. Em alagações extremas, precisam colher a roça rapida-
mente, mas nem todos conseguem local para fazer farinha.
Armazenamento da massa da mandioca
Algumas famílias conhecem adaptações das técnicas indíge-
nas de armazenamento da massa da mandioca, para preparo da
farinha na vazante. Nesses métodos são criados ambientes com
pouco oxigênio, o que conserva a mandioca.
No total foram observados 4 métodos de armazenar a mandio-
ca: enterramento, empaneiramento, ensacamento e kanaká. Vamos
explicar cada um deles nas próximas páginas.
20
Enterrar a massa da mandioca
1. Cavar um buraco de cerca de 1 metro no chão;
2. Cobrir com folhas de cauaçu (Calathea lutea (Aubl.) Schult.)
as superfícies do buraco, para que a mandioca não entre
em contato direto com o solo (folhas de embúba (Cecropia
sp.) também podem proteger);
3. A mandioca inteira descascada é colocada dentro do
buraco;
4. Cobrir a mandioca com folhas de cauaçu;
5. Cobrir o restante do buraco com terra.
ENTERRAMENTO
FOLHAS DE CAUAÇÚ
MANDIOCA
SOLO
ÁGUA
21
Empaneirar ou empalhar a massa de mandioca
1. Construir um paneiro (cesto de bra);
2. Cobrir o paneiro com folhas de cauaçu e pariri (cf. Pouteria
pariry (Ducke) Baehni);
3. Encher o paneiro com mandioca inteiras e descascadas;
4. Cobrir o paneiro com folhas de Cauaçu;
5. Amarrar bem o paneiro com cipó ambé (cf. Philodendron
spp.) e colocá-lo no fundo da um igarapé (embaixo da
na água).
**O paneiro também pode ser enterrado como na técnica anterior.
EMPANEIRAMENTO
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KANAKÁ
Ensacar a massa da mandioca
1. Colocar toda a mandioca descascada em sacos de ráa
(sacos de bra trançada);
2. Amarrar bem o saco com uma corda;
3. Com outra corda, pendurar o saco em uma árvore, de modo
que o saco que totalmente imerso na água e não toque no
fundo do rio durante o armazenamento.
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Kanaká
1. Em uma região que será inundada pelas águas do rio, cons-
truir um cone com varas de tacana (cf. Poaceae) xados
ao solo, que são amarrados com cipó ambé. Essa estrutura
é chamada kanaká;
2. Forrar a estrutura do kanaká com folhas de cauaçu;
3. Colocar a massa de mandioca puba (3-4 dias na água)
e moída no kanaká;
4. Cobrir o kanaká com folhas de cauaçu.
KANAKÁ
24
Plantio
Para lidar com as enchentes anuais os ribeirinhos tradicional-
mente constroem canteiros suspensos para hortaliças e temperos.
Também realizam um maior plantio de variedades de mandio-
ca/macaxeira e espécies de ciclo curto nas roças (como inhame
(Dioscorea sp.), melancia (Cucumis melo L.) e melão (Citrullus
lanatus (Thunb.) Matsum. & Nakai)).
Com as mudanças climáticas, as águas podem subir antes do
esperado, gerando intensa mortalidade de plantas que normal-
mente não seriam afetadas pelas cheias anuais (muitas delas são
colhidas antes das cheias comuns).
Na maior alagação registrada, 45 % dos cultivos da várzea foram
afetados. Como adaptação, priorizam o cultivo de plantas que ti-
veram maior sobrevivência. Algumas famílias passaram a cultivar
temporariamente em áreas de terra rme.
A maior frequência de inundações extremas também está le-
vando a outras mudanças nas plantas cultivadas, tanto na várzea
quanto na paleovárzea. É crescente a concentração de plantas pe-
renes tolerantes às inundações, como açaí do mato (Euterpe pre-
catoria Mart.), camu-camu e buriti (Mauritia exuosa L. f.).
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Causas das perdas de cultivo
Além de não sobreviverem ao entrarem em contato com pouca
ou muita água em diferentes estágios de desenvolvimento, o movi-
mento das águas nas raízes pode matar as plantas. Poças de água
muito aquecidas pelo sol podem “cozinhar” as raízes. Para prote-
ção das raízes, não colhem frutas subindo nas árvores alagadas.
26
Cultivo em montes de solo ou montes
de solo para proteção de raízes
Em comunidades de várzea alta, criam montes de solo nos
quintais (terraço circular de cerca de 1m de altura) para plantar
árvores acima do nível máximo de água.
Também fazem montes de solo nos troncos das árvores, evitan-
do a movimentação das raízes com as águas das enchentes.
27
Percepção do ribeirinhos sobre a sobrevivência e mortalidade das plantas nas enchentes
Nome popular Nome cientíco
Morre
só de
molhar
Morre se
mexer
raíz
Morre se
esquentar
raíz
Morre se
molhar
muito
Morre se
molhar
por muito
tempo
Morre se
afundar a
planta
Resiste
à água
Abacate Persea americana x
Abacaxi Ananas comosus x
Abiu Pouteria caimito x x x x
Açaí do mato Euterpe precatoria x x
Açaí do pará Euterpe oleracea x x x x
Acerola Malpighia
emarginata x
Araçá
Psidium cf. striatulum,
Eugenia stipitata,
Psidium acutangulum,
Psidium cf. striatulum
x x
Araçapéu Sem identicação
botânica x x
Arati Eugenia inundata x
Araticum Annona montana x x x
28
Nome popular Nome cientíco
Morre
só de
molhar
Morre se
mexer
raíz
Morre se
esquentar
raíz
Morre se
molhar
muito
Morre se
molhar
por muito
tempo
Morre se
afundar a
planta
Resiste
à água
Ariá Calathea allouia x
Azeitona Syzygium cuminni x
Bacaba Oenocarpus bacaba x
Bacuri Garcinia brasiliensis,
Garcinia madruno x
Banana Musa sp. x x
Batata Ipomoea batatas x
Biribá Rollinia aff. insignis,
Rollinia mucosa x x x
Buriti Mauritia exuosa x
Cacau
Theobroma bicolor,
Theobroma cacau,
Theobroma obovatum
x x
Café Coffea arabica x x
Cajú Anacardium occidentale x x x x
Camu-camu Myrciaria dubia x
29
Nome popular Nome cientíco
Morre
só de
molhar
Morre se
mexer
raíz
Morre se
esquentar
raíz
Morre se
molhar
muito
Morre se
molhar
por muito
tempo
Morre se
afundar a
planta
Resiste
à água
Cana Saccharum
ofcinarum xx x
Cará
Dioscorea
basiclavicaulis,
Dioscorea
bulbifera,
Dioscorea trida
x
Carambola Averrhoa
carambola x x
Cariru Talinum
fruticosum x
Castanha do pará Bertholletia excelsa x x
Castanha sapucaia Lecythis zabucajo x
Cebola de palha Allium stulosum x
Cheiro verde Coriandrum
sativum x
Chicória Eryngium foetidum x
Coco Cocos nucifera x x
30
Nome popular Nome cientíco
Morre
só de
molhar
Morre se
mexer
raíz
Morre se
esquentar
raíz
Morre se
molhar
muito
Morre se
molhar
por muito
tempo
Morre se
afundar a
planta
Resiste
à água
Couve Brassica oleracea x
Cubiu Solanum
sessiliorum x
Cupuaçú Theobroma grandiorum x x
Cupuí Theobroma subincanum x
Feijão Phaseolus vulgaris x
Fruta pão Artocarpus altilis x
Gergelim Sesamum indicum x
Goiaba Psidium guajava x
Graviola Annona muricata x x
Ingá
Inga cf. cinnamo-
mea, Inga edulis,
Inga macrophylla
x x
Jaca Artocarpus
heterophyllus x x x x
Jambo Syzygium
malaccense x x
31
Nome popular Nome cientíco
Morre
só de
molhar
Morre se
mexer
raíz
Morre se
esquentar
raíz
Morre se
molhar
muito
Morre se
molhar
por muito
tempo
Morre se
afundar a
planta
Resiste
à água
Jambú Acmella oleracea x
Jenipapo Genipa americana x
Jerimum Cucurbita cf.
maxima x
Laranja Citrus spp. x x
Lima Citrus spp. x x
Limão Citrus spp. x x
Macaxeira Manihot esculenta x
Mamão Carica papaya x
Mandioca Manihot esculenta x
Manga Mangifera indica x
Maracjuá
Passiora edulis,
Passiora nitida,
Passifora coccinea
x
Mari Poraqueiba sericea x
Mari-mari Cassia leiandra x
32
Nome popular Nome cientíco
Morre
só de
molhar
Morre se
mexer
raíz
Morre se
esquentar
raíz
Morre se
molhar
muito
Morre se
molhar
por muito
tempo
Morre se
afundar a
planta
Resiste
à água
Marirana Couepia aff. subcordata, Couepia aff. spicata x x
Maxixe Cucumis anguria x
Melancia Citrullus lanatus x
Melão Cucumis melo x
Milho Zea mays x
Nones Morinda citrifolia x
Patauá Oenocarpus bataua x
Pepino Cucumis sativus x
Pimenta Capsicum spp. x
Pimentão Capsicum annuum x
Piquiá Caryocar villosum x
Pupunha Bactris gasipaes x x
Puruí Alibertia stipularis x
Quiabo Abelmoschus
esculentus x
33
Nome popular Nome cientíco
Morre
só de
molhar
Morre se
mexer
raíz
Morre se
esquentar
raíz
Morre se
molhar
muito
Morre se
molhar
por muito
tempo
Morre se
afundar a
planta
Resiste
à água
Rambutamo Nephelium
lappaceum x
Salsinha Petroselinum
crispum x
Sorva Couma utilis x
Taioba Xanthosoma sp. x
Tangerina Citrus spp. x x
Taperebá Spondias mombin x
Tomate Solanum
lycopersicon x
Tucumã Astrocaryum aculeatum x
Uixi Endopleura uchi x
Uixirana Vantanea parviora x
Urucu Bixa orellana x
34
Sementes
Anualmente guardam sementes e mudas. Porém, em alaga-
ções extremas algumas plantas morrem antes de produzi-las.
Pesquisadores e jovens do Centro Vocacional Tecnológico do
Instituto Mamirauá iniciaram a mobilização de feiras anuais de tro-
cas de ramas e sementes. Já foram realizadas três edições, nos
anos de 2018, 2019 e 2020, antes da pandemia COVID-19.
35
Fogo
Cauixi é uma esponja (cf. Tubella reticulata e cf. Parnula betesil)
que cresce no tronco das árvores e é altamente combustível,
ou seja, ela pega fogo facilmente. Com a subida do nível das
águas, o cauixi se espalha na água e na vazante ca depositado/
pendurado na vegetação. Após grandes enchentes, produtores
experientes são mais cautelosos com o uso do fogo para abertura
de áreas agrícolas.
36
Pesca
No início da alagação anual peixes se espalham no vasto volume
de água. Quando a água atinge os quintais, as frutas atraem alguns
peixes, minimizando a diculdade na pesca.
Quando há níveis extremos de água, cardumes saem dos lagos
(inclusive de lagos de preservação de estoque do manejo pesqueiro).
Nas secas extremas a pesca ca mais fácil, mas os peixes po-
dem morrer devido ao baixo nível do rio, onde a temperatura da
água ca mais alta e a água ca com menos oxigênio.
37
Criação animal
Em alagações extremas animais de criação apresentam mais
doenças, se afogam, atolam ou são atacados por animais silves-
tres. Alguns ribeirinhos colocam os animais em marombas (janga-
das), outros vendem ou se alimentam das criações. Nas marombas
o ataque de animais como cobras ou jacarés aumenta.
Os ribeirinhos também recorrem a áreas de terra rme para criar
os animais ou alteram temporariamente sua fonte de renda, aumen-
tando a pesca.
Na seca extrema alguns animais atolam em busca de água
e nem sempre conseguem ser removidos.
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Alimentação
Durante cheias extremas a alimentação dos ribeirinhos ca mui-
to mais vulnerável. Como falamos, diversas plantas são perdidas
na enchente, peixes se espalham e animais de criação adoecem.
Os animais de caça cam presos em ilhas, mas de nada adian-
ta caçar muito, pois se caçar demais nos próximos anos vai faltar
animal para comer! Relatam que a situação ca apertada e a ajuda
dos parentes e amigos tanto no interior como na cidade é muito
importante para que não passem maiores necessidades.
Já na seca extrema, conseguir o peixe é mais fácil, enquanto os
animais de caça caminham para longe. Para algumas famílias as
frutas dos sítios e muitas mandiocas não são colhidas, devido aos
caminhos que comumente seriam feitos de canoa precisarem ser
feitos à pé, e com isso a distância da comunidade até as áreas de
cultivo pode triplicar. Como resultado, há uma redução na diversi-
dade de alimentos consumidos por algumas famílias.
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Obtenção de água
Na cheia extrema a caixa de água, onde armazenam a água da
chuva, pode cair ou alagar. Assim, mais famílias precisam recorrer
a água dos rios para beber. Isso aumenta muito contaminação com
coliforme fecais, havendo mais diarreia causadas por parasitoses
e febre.
Na seca extrema muitas vezes a água da chuva que coletam
acaba. O jeito, novamente, é recorrer à água do rio para beber.
Algumas famílias fazem cacimbas, pois sabem reconhecer locais
onde a água que ca armazenada no solo e está mais perto de
aorar. Mas, muito poucas famílias possuem poços.
Os ribeirinhos ltram a água da chuva e do rio com tecidos,
retirando as partículas maiores. Alguns também usam o cloro li-
quido, mas o gosto da água ca muito ruim e preferem o cloro em
pastilha ou em pó, não tão comuns na região.
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Transporte
Nos períodos de seca extrema o nível do rio ca muito baixo.
Com isso o transporte das pessoas, da produção dos cultivos, dos
peixes e de animais de criação precisam ser feitos em embarca-
ções menores. Algumas vezes, exclusivamente de canoa.
Em anos de seca muito grande escoar a produção se torna in-
viável, pois desaparecem diversos igarapés (auentes), que tornam
o caminho mais curto até as cidades. Além disso, poucos produtos
podem ser levados na canoa, para que essa não atole no caminho.
Algumas vezes, nem mesmo colher os produtos dos sítios e roças
é possível, pois algumas famílias passam a só acessar essas áreas à
pé e a distância às plantações ca muito maior. Como a produção
é carregada nas costas (em paneiros), devido à grande diculdade
de retirar os produtos das áreas de cultivo, diversos produtores
não colhem grandes quantidades e não vendem suas produções
nas cidades em anos de secas extremas.
Ir até a cidade na seca extrema é sinônimo de gastar o dobro de
gasolina. Devido a isso, muitas vezes os ribeirinhos do interior vi-
vem apenas do que produzem nas comunidades nesses períodos.
Como consequência, o preço dos produtos agrícolas nas feiras
e mercados dos centros urbanos aumenta e a alimentação tam-
bém ca menos acessível e diversicada nas cidades.
Foto: Thiago Figueiredo.
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Impactos das mudanças climáticas
na saúde dos ribeirinhos
Durante enchentes extremas os maiores problemas de saú-
de estão relacionados à água contaminada, problemas respirató-
rios e doenças transmitidas por insetos, como a malária e dengue.
Segundo os ribeirinhos e os agentes de saúde comunitária o núme-
ro de pessoas com febre, gripes e resfriados aumenta. Além disso,
o número de pessoas que ingere água contaminada com colifor-
mes fecais cresce e doenças que causam diarreia (como giardía-
se, amebíase, dentre outros) é maior. Para os moradores das áreas
de águas pretas, uma outra questão muito preocupante durante
cheias intensas é que o número de pessoas com malária aumenta.
Nas enchentes extremas diversos animais peçonhentos (cobras, es-
corpiões, aranhas, formigas) invadem as casas em busca de abrigo.
Além disso, nas cheias grandes jacarés açú e jacaré tinga cam
as espreitas nos girais (varandas), portas e janelas das casas, haven-
do maiores relatos de ataques fatais em cachorros (muito importan-
tes para caça de subsistência). Os jacarés também representam um
risco à saúde e vida dos comunitários, que se banham nessas águas,
e principalmente as crianças, que brincam diariamente nesses am-
bientes, sem espaço nem mesmo para caminhar em suas moradias.
Nas secas extremas, quando há períodos mais longos sem chu-
vas, problemas respiratórios e febres são mais comuns. Bem como
as doenças do sistema digestório, causadas pela ingestão de água
do rio contaminada.
MALÁRIA DIARRÉIA DOENÇAS
RESPIRATÓRIAS
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Saneamento básico
Nas comunidades do estudo a maioria das famílias não possui
banheiro e algumas localidades possuem latrina comunitária.
Durante as cheias anuais da várzea e nas cheias extremas da
paleovárzea, latrinas comunitárias e áreas utilizadas são atingidas
pela água. O banheiro passa a ser o próprio giral das casas.
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Educação formal
Durante enchentes extremas as escolas comunitárias param de
funcionar, bem como algumas escolas municipais e estaduais que
cam localizadas em regiões atingidas pelas cheias.
Nas secas extremas, como o transporte para cidade ca mais
custoso (demandando mais tempo e dinheiro), chegar até as es-
colas do ensino médio ou superior na cidade nem sempre é uma
opção viável.
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COVID 19 e enchente extrema na Amazônia:
agravando o grave
Diante de tantas problemáticas vivenciadas nas alagações ex-
tremas muitos ribeirinhos migram para casa de parentes, amigos
e conhecidos que moram em comunidades de terra rme, ou, prin-
cipalmente, nas cidades de Tefé, Alvarães, Uarini e Maraã. Esse apoio
é considerado fundamental para lidarem com um período tão crítico.
Em 2021, além de ser um ano de enchente extrema, onde o nível
da água no Médio Solimões cou próximo ao da maior enchente já
registrada na região (2015), estávamos vivenciando o segundo ano
da pandemia COVID-19.
Nesse contexto, comunitários serem acolhidos pela família na ci-
dade, representou um risco à mais de contaminação pela COVID-19.
Além disso, como vimos, as trocas de sementes, mudas e ramas
são muito importantes após cheias extremas, devido a muitos pro-
dutores perderem seus cultivos. No contexto da pandemia, com uma
menor interação entre os comunitários, as trocas que são funda-
mentais para manutenção da agrobiodiversidade, foram reduzidas.
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Ações necessárias
Vimos que as problemáticas vivenciadas pelos ribeirinhos
com as mudanças climáticas são muito complicadas e intensas.
Para algumas delas há estratégias de adaptação, mas para outras
não há... Além disso, sabemos que cada situação familiar apresenta
sua complexidade e nem todos conseguem realizar as estratégias
que falamos.
Devido a isso, a necessidade de um plano emergencial municipal
e estadual para lidar com eventos climáticos é uma necessidade
urgente. Os estudos já comprovam que esses eventos serão cada
vez mais recorrentes e intensos, nesse sentido muito importante
um maior preparo, também do poder público.
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Glossário
• Comunidades ribeirinhas
Segundo a Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável
de Povos e Comunidades Tradicionais, Ribeirinhos são comunidades
situadas ao longo dos rios e lagos da Amazônia, e que, organizam
suas vidas e rotinas de trabalho de acordo com a variação sazonal
dos níveis dos rios (CNPCT 2016).
• Paleovárzeas
São bem mais antigas que as várzeas, elas foram formadas no
último período interglacial a cerca de 125-75 mil anos atrás, quan-
do o nível do mar era cerca de 15 a 20 metros mais alto do que
hoje. Portanto as paleovárzeas possuem maior elevação do que
as várzeas. As áreas de paleovárzea mais baixas, estão apenas
1 a 3 metros acima das várzeas mais altas atuais. Consequentemente,
essas áreas alagam com cheias extremas, mas não em cheias anuais
comuns, como as várzeas.
• Clima
É o conjunto de condições meteorológicas que repetem-se cicli-
camente ao longo de alguns meses ou anos.
• Tempo
Condições atmosféricas registradas em um período de tempo curto.
• Precipitação
Chuva.
• Radiação solar
Energia emitiada pelo Sol.
• Revolução industrial
Iniciada no nal do século XVIII, marcada pela grande utiliza-
ção da máquina à vapor na indústria têxtil e a locomotiva. A partir
desse período a produção de muitos produtos deixa de artesanal
e passa a ser manufaturada em larga escala.
• Combustíveis fósseis
Fontes de energia que utilizamos atualmente e são formadas pela
decomposição de animais e vegetais que viveram na Terra bem antes
da existência dos humanos. Exemplos: gás de cozinha, diesel, gasolina.
47
Referências
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Sustentável Mamirauá.
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SIMDE. 2018. Sistema de Monitoramento Demográco e Econômico/IDSM.
Sites consultados
https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/
clima/mudancas_climaticas2
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Agradecimentos
Agradecemos muito aos ribeirinhos das comunidades das
Reservas Mamirauá e Amanã, que compartilharam conosco seus
imensos saberes, nos acolheram algumas vezes em suas casas, nos
permitiram realizar essa pesquisa, bem como nos autorizaram ti-
rar as fotos aqui impressas. Obrigada também aos barqueiros, que
foram importantes ajudantes de campo e cujo trabalho foi essen-
cial para a realização das nossas atividades. Agradecemos ainda
ao Dr. Charles Roland Clement, pesquisador do Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia (INPA), pelas essenciais orientações na
pesquisa e revisão cuidadosa desse livreto.
Muito obrigada!
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Mudanças
climáticas na
Amazônia:
Impactos e estratégias
de ribeirinhos de várzea
e paleovárzea