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O CUIDADO DE ENFERMAGEM À MULHER GESTANTE EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA:: UMA REVISÃO

Authors:

Abstract and Figures

Objetivo: Esse trabalho tem como objetivo compreender a atuação do enfermeiro diante de casos de violência doméstica em gestantes. Metodologia: Essa pesquisa ocorreu por meio de uma revisão de literatura do tipo integrativa realizada em diferentes bases de dados indexadas: BVS e PUBMED. No total, cinco artigos atenderam aos critérios de inclusão. Conclusão: Portanto, o enfermeiro tem fundamental importância na assistência a gestantes em situação de violência doméstica, pois, é o profissional de maior conexão com as pacientes e isso facilita tomar conhecimento do contexto em que a mulher está inserida e dos problemas enfrentados. Além disso, algumas atividades podem ser destinadas às mulheres para que possam saber identificar quando sofrem algum tipo de violência.
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v. 3 n. 3 (2022)
ISSN: 2675 -8008
Revista Multidisciplinar em Saúde
O CUIDADO DE ENFERMAGEM À MULHER
GESTANTE EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA: UMA REVISÃO
Elayne Cristina Pereira de Souza Leal1, Tuanny Beatriz dos Santos Lima1
Sâmara Kardênia Duque Bispo1, Poliana Bezerra de Souza Sckelemberg1,
Samara Gomes Matos Girão2, Caroline Silva Araujo3, Clênia de Jesus
Aguiar Fonseca4, Gabriela Cantero Benites5, Francisco Antonio da Cruz dos
Santos6, Iglesia Tolentino Bezerra7
1 Enfermagem, Faculdade Unibras de Juazeiro Bahia. R. do Paraiso, 800 - Santo Antonio,
Juazeiro - BA.
2 Enfermagem, Universidade Estadual de Feira de Santana. Av. Transnordestina, s/n - Feira
de Santana – BA.
3 Enfermagem, Faculdade Santo Antônio. S/N, R. Conselheiro Junqueira, Alagoinhas – BA.
4 Enfermagem, Centro Universitário Estácio São Luís. Rua Grande, 1455 - Centro, São
Luís – MA.
5 Enfermagem, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Cidade Universitária, Av.
Costa e Silva – Pioneiros - MS.
6 Enfermagem, Centro Universitário Planalto do Distrito Federal-UNIPLAN. Rua Santos
Dumont, N° 1300, Centro - Piripiri - PI
7 Enfermagem, Universidade Estadual do Piauí - UESPI . Rua João Cabral, Nº 2231 - Pirajá
Teresina -PI.
RESUMORESUMO
Objetivo: Este estudo tem como objetivo compreender o papel dos
enfermeiros nos casos de violência doméstica em gestantes. Metodologia:
Esta pesquisa consistiu em uma revisão bibliográca da literatura realizada em
diferentes bases de dados indexadas: BVS e PUBMED. No total, treze artigos
atenderam aos critérios de inclusão. Conclusão: Portanto, os enfermeiros têm
fundamental importância no cuidado das gestantes em situação de violência
doméstica, pois são prossionais com maior conexão com os pacientes e isso
facilita a conscientização do contexto em que a mulher está inserida e dos
problemas enfrentados. Além disso, algumas atividades podem ser voltadas
para as mulheres para que elas possam saber quando sofrem algum tipo de
violência.
Palavras-chave: Cuidados de Enfermagem; Gestantes; Violência doméstica.
ACESSO ABERTO
Data de Recebimento:
29/06/2022
Data de Aceite:
05/09/2022
Data de Publicação:
15/09/2022
Revisador por:
Marcelo Lima,
Edelino Alves dos Santos
*Autor correspondente:
Elayne Cristina Pereira de Souza Leal,
elayne_cristina81@hotmail.com
Citação:
LEAL, E. C. P. S. et al. O
cuidado de enfermagem à
mulher gestante em situação
de violência doméstica: uma
revisão integrativa. Revista
Multidisciplinar em Saúde,
v. 3, n. 3, 2022. https://doi.
org/10.51161/rems/3484
DOI: 10.51161/rems/3484
Editora IME© 2022. Todos
os direitos reservados.
Artigo de Revisão
ID: 3484
Leal et al., 2022 Rev. Multi. Saúde, v3. n.3
02
ABSTRACT
Objective: This study aims to understand the role of nurses in cases of domestic violence in pregnant
women. Methodology: This research consisted of a literature review conducted in dierent indexed
databases: BVS and PUBMED. In total, thirteen articles met the inclusion criteria. Conclusion: Therefore,
nurses have fundamental importance in the care of pregnant women in situations of domestic violence,
because they are professionals with greater connection with patients and this facilitates awareness of the
context in which the woman is inserted and the problems faced. Moreover, some activities can be turned to
women so that they can know when they suer some kind of violence.
Keywords: Nursing Care; Pregnant Women; Domestic Violence.
1 INTRODUÇÃO
A violência doméstica às mulheres pode acontecer em qualquer período de suas vidas, inclusive,
no gestacional, podendo acontecer de forma física, psicológica, moral, patrimonial e sexual (CAMPO et
al., 2019), esta expõe a gestante a infecções sexualmente transmissíveis (SOUSA et al., 2020). A violência
física é a que mais acomete as gestantes, entre as noticações estão agressões como espancamento e força
corporal (SILVA et al., 2021). Segundo Souza et al., (2020), a mulher passa por mudanças emocional,
afetiva, sociocultural e biológica na gestação, o que a torna mais sensível, além de iniciar a formação de
vínculo mãe-feto, fortalecido durante a amamentação.
No âmbito da saúde, por diversas vezes, o enfermeiro é o primeiro contato que a vítima tem (SOUSA
et al., 2020), porém, os prossionais de saúde desconhecem a realidade sobre a violência doméstica às
mulheres, e as formas mais percebidas por eles são a psicológica e a física (OLIVEIRA et al., 2020).
Para Lafaurie et al., (2017), o atendimento inicial a gestantes que sofrem violência doméstica deve ser
interdisciplinar, com uma abordagem biopsicossocial, proporcionando-lhe um ambiente confortável e
tranquilo. Além disso, quando a mulher realiza consultas de pré-natal com médico e enfermeiro, recebe
orientações mais adequadas, pois, interligam-se conhecimentos distintos que se complementam e beneciam
a saúde da mãe e do feto (MARQUES, et al., 2020).
Os enfermeiros enfrentam diversas diculdades ao atender grávidas com histórico de violência pelo
seu companheiro, pois, muitas vezes se sentem ameaçados por ambos, além disso, há outros impasses como
o medo que a gestante sente em admitir a ocorrência e o preparo dos prossionais para lidar com tais situações
(LAFAURIE et al., 2017). Além disso, a falta de conhecimento sobre a realidade da violência doméstica
diculta a noticação dos casos e a implantação de estratégias para redução dos casos (OLIVEIRA et al.,
2020).
Os danos à saúde de uma gestante, decorrentes da violência doméstica, devem ser identicados,
precocemente, pelos prossionais de saúde, principalmente, as que realizam pré-natal, porém, essas mulheres
podem não aparecer à unidade para a realização das consultas, dessa forma, evidencia-se a necessidade de
busca ativa, pois, essas pacientes são mais vulneráveis a complicações obstétricas (CAMPO et al., 2019).
Para Marques, et al., (2020), o acolhimento, por meio de uma escuta e sensível ao sofrimento, é a principal
estratégia para identicar as necessidades sociais e de saúde, além disso, o enfermeiro precisa encaminhar
essas mulheres a serviços especializados.
Os enfermeiros devem entender que realizar atendimentos a gestantes que são vítimas de violência
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doméstica está dentro das suas responsabilidades, portanto, devem estar preparados para assisti-la de forma
integral e procurar soluções efetivas, além de realizar o registro da situação, trabalhar em equipe e acionar
a rede intersetorial, a m de garantir seus direitos legais, humanos, sexuais e reprodutivos (SOUSA et al.,
2020). Sendo assim, esse trabalho tem como objetivo compreender a atuação do enfermeiro diante de casos
de violência doméstica em gestantes.
2 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa consistiu em uma revisão bibliográca da literatura. O levantamento bibliográco foi
realizado no mês de Julho de 2022, já a análise dos artigos ocorreu no mês de Agosto de 2022. O presente
estudo se deu em diferentes bases de dados indexadas: BVS e PUBMED seguindo etapas de seleção e análise
crítica dos periódicos publicados nos últimos cinco anos, de 2017 a 2022, escritos em língua portuguesa,
inglesa e em espanhol.
A sua busca bibliográca foi norteada com base na temática abordada, onde foram triados conforme
título, resumo e objetivo. Foram selecionados artigos cientícos que respondessem à questão que norteia
esta pesquisa: “Quais são as evidências cientícas sobre a assistência de enfermagem à gestante que sofre
violência doméstica?”. Sendo organizados em ordem crescente de acordo com o ano de publicação, título,
autor, periódico e objetivo.
O levantamento bibliográco foi efetivado por meio de palavras-chaves consultado nos Descritores
em Ciências da Saúde (DeCS) e denidas conforme o tema proposto: “Violência Doméstica”, “Gestantes”
e “Cuidados de Enfermagem”, utilizando os operadores booleanos AND e OR. A partir disso foi então
realizada a identicação e seleção dos artigos a serem analisados, com a seguinte combinação: (nursing
care) AND (pregnant women) AND (violence against women).
Os critérios de seleção foram disponibilidade integral dos estudos relacionados à violência doméstica
a gestantes e assistência de enfermagem, publicados nos últimos cinco anos. A busca foi realizada por dois
pesquisadores independentes, que após a seleção dos estudos, seguindo a etapa pela leitura dos títulos,
resumos e leitura integral, confrontaram os resultados dos artigos selecionados, removendo as duplicatas e
determinando quais artigos entrariam para a análise.
O desenvolvimento da metodologia ocorreu em 6 (seis) etapas. Constituiu-se na descrição
da questão norteadora, fase mais importante da revisão, estabelecendo quais as pesquisas incluídas, as
formas adotadas para a identicação e as informações coletadas de cada pesquisa selecionada. Com uma
abordagem estruturada a ponderar o rigor e as características da pesquisa. Mostrando a experiência clínica
do pesquisador, a m de auxiliar na apuração da validade das técnicas e dos resultados, contribuindo no
propósito de sua utilidade na prática.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a denição da questão norteadora, localização e seleção dos artigos, foram identicadas 38
publicações potencialmente elegíveis para serem incluídas nessa revisão. Posteriormente a leitura dos
resumos e a vericação dos critérios de elegibilidade foram excluídos 25 artigos, sendo realizada a leitura
na íntegra de 13 artigos. No total, treze artigos atenderam aos critérios de inclusão conforme detalhado na
gura 1. A análise das informações foi realizada por meio de leitura exploratória do material encontrado,
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em uma abordagem qualitativa.
Figura 1:Fluxograma de seleção das publicações.
Fonte: Autores, 2022.
A sistematização dos treze estudos inclusos nessa revisão está descrita na tabela 1. A Tabela 1
apresenta uma síntese das principais características e resultados reportados pelos artigos revisados.
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Tabela 1: Ano de publicação, título, autor, periódico e objetivo. (n=13).
ANO TÍTULO AUTOR PERIÓDICO OBJETIVO
2017 Talking about intimate
partner violence in
multicultural antenatal
care: a qualitative study of
pregnant women’s advice
for better communication in
South East Norway
GARNWEIDNER-
HOLME et al.
BMC
Pregnancy and
Childbirth
Explorar como mulheres de diferentes
origens étnicas experimentaram o VI e
quais eram suas recomendações sobre
como as parteiras deveriam se comunicar
na assistência pré-natal.
2017 Percepciones de profesionales
en enfermería sobre la
violencia de pareja íntima
contra la adolescente gestante
LAFAURIE et al. Revista
Colombiana de
Enfermería
Descrever a percepção de um grupo
de enfermeiras sobre a violência
por parceiro íntimo na gestação que
afeta adolescentes gestantes atendidas
no Hospital de Usaquén (Bogotá,
Colômbia).
2018 Opportunistic domestic
violence screening for
pregnant and postpartum
women by community-
based health service
providers
O’RELLY et al. BMC
Women’s
Health
Apresentar achados de inquérito que
identicaram práticas de rastreamento
de violência doméstica de prestadores de
serviços de saúde de base comunitária em
gestantes e mulheres pós-parto.
2019 A violência conjugal
expressa durante a gestação
e puerpério: o discurso de
mulheres
CAMPO et al. Revista Mineira
de Enfermagem
- REME
Conhecer as expressões da violência
conjugal vivenciada durante a gestação e
puerpério.
2019 Domestic violence and
perinatal outcomes - a
prospective cohort study
from Nepal.
PUN et al. BMC Public
Health
Avaliar se a violência doméstica estava
associada ao modo de parto, baixo peso ao
nascer e nascimento prematuro no Nepal.
2020 Orientações às gestantes no
pré-natal: a importância do
cuidado compartilhado na
atenção primária em saúde
MARQUES, B. L.
et al.
Escola Anna
Nery Revista de
Enfermagem
Analisar a associação entre a adequação das
orientações recebidas durante o pré-natal e
o prossional que atendeu a gestante na
maioria das consultas na Atenção Primária
à Saúde.
2020 Estratégias para
identicação e
enfrentamento de situação
de violência por parceiro
íntimo em mulheres
gestantes
MARQUES, S. S.
et al.
Revista Gaúcha
de Enfermagem
Conhecer as estratégias utilizadas por
enfermeiros de Unidades de Estratégias
de Saúde da Família para identicação e
enfrentamento de situação de violência por
parceiro íntimo em mulheres gestantes.
2020 Prática Baseada em
Evidências e a análise
sociocultural na Atenção
Primária
SCHNEIDER et al. Physis:
Revista De
Saúde Coletiva
Conhecer como se desenvolve a Prática
Baseada em Evidências na Atenção
Primária à Saúde, especicamente, na
Estratégia Saúde da Família, bem como
propor a inclusão do elemento “análise
sociocultural” para a tomada de decisão.
2020 Sistematização da
assistência de enfermagem
a uma mulher vítima de
violência doméstica: relato
de experiência
EUGÊNIO et al. Revista Renome aplicar a Sistematização da Assistência de
Enfermagem (SAE) a uma mulher vítima
de violência doméstica.
2020 A equipe da família na
implementação de ações
para a prevenção da
violência conjugal contra a
gestante
SOUSA et al. Acervo de
Recursos
Educacionais -
ARES
Discutir a atuação da equipe básica de saúde
do município de União-Pi, na prevenção da
violência contra a gestante
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2020 Violência doméstica contra
a mulher na percepção das
equipes da estratégia saúde
da família
OLIVEIRA et al. Revista de
Pesquisa
Compreender a violência doméstica contra
a mulher na percepção das equipes de
Saúde da Família.
2021 Violência por parceiro
íntimo à gestante: perl
sociodemográco e
características das agressões
SILVA et al. Revista Gaúcha
de Enfermagem
Identicar o perl sociodemográco e as
principais características da violência por
parceiros íntimos em gestantes de São
Paulo, Brasil.
2021 Dispositivos de poder
utilizados por enfermeiros
para o enfrentamento da
violência doméstica contra
a mulher
AMARIJO et al. Texto &
Contexto
Enfermagem
Identicar os dispositivos utilizados pelos
enfermeiros contra a violência doméstica
contra a mulher
Fonte: Autores, 2022.
Com base nos estudos analisados, foi possível apontar questões importantes a serem discutidas com
relação à assistência do enfermeiro a gestantes vítimas de violência doméstica, pois, em um atendimento
a gestante, esse prossional pode identicar diversos tipos de violência, além da sua importância para a
noticação, encaminhamento para outros serviços, superação de barreiras, conversas sobre a temática e, a
importância de identicar o caso relacionado à redução de riscos para mãe e bebê.
No estudo de Garnweidner-Holme et al., (2017), detectou-se a falha das parteiras em questionar
sobre violência doméstica e que o pré-natal era uma ótima oportunidade para que gestantes revelassem
as agressões sofridas, porém, não sentiam abertura para falar sobre a violência, além de que as parteiras
não percebiam que o parceiro era violento quando as acompanhavam nas consultas, portanto, as gestantes
sugeriram que as parteiras introduzissem sobre o assunto fornecendo material educativo. Logo, com os
interesses da gestante e falta de preparo de parteiras, mostra-se a importância do enfermeiro em indagar,
perceber sinais de violência, criar vínculo e conquistar a conança das gestantes, para que se sintam à
vontade para falar sobre as agressões durante os atendimentos (SCHNEIDER et al., 2020).
No artigo “Estratégias para identicação e enfrentamento de situação de violência por parceiro
íntimo em mulheres gestantes”, a violência doméstica é mais difícil de ser descoberta durante a gravidez,
devido às diversas alterações que ocorrem no corpo da paciente, pois os enfermeiros observarem apenas
sinais e sintomas objetivos, focando na cura, e carece da resolutividade social e de saúde das gestantes,
sendo assim, exprime-se com exatidão car atento aos variados e pequenos sinais que a gestante pode dar
(MARQUES et al., 2020). No artigo “Sistematização da assistência de enfermagem a uma mulher vítima de
violência doméstica: relato de experiência”, de forma integral e holística, é possível permitir que a mulher
se recupere nos âmbitos físico, emocional e psicológica (EUGÊNIO et al., 2020).
Nesse contexto, a gestante pode ter diculdade em expor a violência, e estar dependente
emocionalmente e/ou nanceiramente, esta, na perspectiva da equipe de enfermagem, impede o
rompimento da violência, diminuindo sua autoestima e impacta sua saúde mental. Além disso, a paciente
pode se afastar da unidade, prejudicando a continuidade do cuidado e o enfrentamento da violência, que
precisa ser noticada pelo enfermeiro, seja caso suspeito ou conrmado, pois, além de permitir visibilidade
do problema, respalda o prossional como medida tomada diante da situação (MARQUES et al., 2020).
Assim, nota-se a importância da humanização e sistematização da assistência às vítimas, atendendo às suas
necessidades com um plano de cuidado especíco e alcançando os resultados esperados (EUGÊNIO et al.,
Continuando quadro 1
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2020).
Possivelmente, as mulheres que realizam o parto em outro lugar foram devido aos resultados
perinatais ruins pela violência sofrida e até mesmo serem impedidas pelo companheiro para retornar à
instituição, além de que, a violência doméstica pode provocar o parto pré-termo, o que signica que um
aumento dos índices de morbidade e mortalidade nos fetos. Por isso, é importante a atuação do enfermeiro
na identicação de agressões para impedir graves consequências e as intervenções necessárias sejam
implementadas (PUN et al., 2019), principalmente, por esse prossional ser o primeiro contato da gestante
(LAFAURIE et al., 2017), logo, o enfermeiro é o principal criador de vínculo com a paciente, em maior
evidência, na atenção primária.
Durante uma triagem para identicar possíveis violências domésticas, os prossionais de saúde
encontram diversas barreiras, sendo assim, eles precisam ser incentivados e capacitados, garantindo,
assim, cuidados e encaminhamentos adequados de gestantes a serviços necessários (O’RELLY et al.,
2018). Paralelamente, no estudo de Marques et al., (2020), foi identicada a carência de capacitação dos
enfermeiros sobre o tema para a implementação de suas ações, isso evidência a necessidade de um protocolo
de assistência ao pré-natal de mulheres que sofrem violência.
O estudo de Lafaurie et al., (2017), traz a triagem de violência doméstica como estratégia de detecção
efetiva, além disso, os enfermeiros acreditam ser válido alargar o tempo de consulta, realizando rastreio de
forma permanente e avaliação psicológica inicial. Além disso, a escuta e o acolhimento pelo enfermeiro
são passos iniciais para identicar a violência doméstica em mulheres gestantes, quando reconhecida ou
revelada é realizado o encaminhamento a serviços terciários e de saúde mental, porém, ao ser encaminhado
para redes de pouca comunicação, o problema pode não ser resolvido, pois, é preciso a criação de vínculo e
valorização da fala da mulher, o que é criado principalmente na atenção primária (MARQUES et al., 2020).
Por m, no artigo “Dispositivos de poder utilizados por enfermeiros para o enfrentamento da
violência doméstica contra a mulher” os enfermeiros das unidades básicas de saúde utilizavam, para o
enfrentamento da violência doméstica, dispositivos de saber/conhecimento, que estão relacionados às
formas que os enfermeiros partilham informações às vítimas e, dispositivos administrativos e institucionais,
que se relacionam aos programas das unidades e atividades de enfrentamentos à violência doméstica e
encaminhamentos a outros serviços, portanto, o enfermeiro atua no acolhimento, orientação, assistência e
incentivo a mudança de realidade da vítima (AMARIJO et al., 2021).
4 CONCLUSÃO
Ao término desta revisão, observou-se que o enfermeiro tem fundamental importância na assistência
a gestantes em situação de violência doméstica, pois, é o prossional de maior conexão com as pacientes e
isso facilita tomar conhecimento do contexto em que a mulher está inserida e dos problemas enfrentados,
pois, essa classe acompanha a mulher antes, durante e após a gravidez. Além desta, dentre suas atribuições
estão questões assistenciais, administrativas e institucionais.
Nesse sentido, espera-se que esse estudo contribua com novas investigações sobre o papel do
enfermeiro frente às mulheres que sofrem violência doméstica, como também colabore para elaboração
de estratégias de prevenção e enfrentamento, auxiliando na implementação de protocolos e de capacitação
para os enfermeiros. Além disso, algumas atividades devem ser destinadas às mulheres com histórico de
violência doméstica para desenvolverem a habilidade de identicar sinais de violência. Por m, durante a
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análise dos estudos selecionados foram encontradas algumas limitações acerca da assistência do enfermeiro
frente a mulheres vitimas de violência doméstica, evidenciando a necessidade de novos estudos sobre o
tema.
REFERÊNCIAS
AMARIJO, C. L. et al. Dispositivos de poder utilizados por enfermeiros para o enfrentamento da
violência doméstica contra a mulher. Texto & Contexto Enfermagem, Santa Catarina, v.30: e20190389,
Mar. 2021.
CAMPO, L. M. et al. A violência conjugal expressa durante a gestação e puerpério: o discurso de
mulheres. Revista Mineira de Enfermagem. Belo Horizonte, n. 23, e-1230, Set. 2019.
EUGÊNIO, M. M. C. et al. Sistematização da assistência de enfermagem a uma mulher vítima de
violência doméstica: relato de experiência. Revista Renome, [S. l.], v. 7, n. 2, p. 12–23, 2020.
GARNWEIDNER-HOLME, L. M. et al. Talking about intimate partner violence in multicultural
antenatal care: a qualitative study of pregnant women’s advice for better communication in South East
Norway. BMC Pregnancy and Childbirth, [S. l.], n. 123, v. 17, Abr. 2017.
LAFAURIE, M. M. et al. Percepciones de profesionales en enfermería sobre la violencia de pareja íntima
contra la adolescente gestante. Revista Colombiana de Enfermería, [S. l.], v. 14, p. 13–22, 2017.
MARQUES, B. L. et al. Orientações às gestantes no pré-natal: a importância do cuidado compartilhado
na atenção primária em saúde. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, Rio de Janeiro, n. 25, v. 1,
Set. 2020.
MARQUES, S. S. et al. Estratégias para identicação e enfrentamento de situação de violência por
parceiro íntimo em mulheres gestantes. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, n. 38, v. 3,
e67593, 2017.
OLIVEIRA, G. L. et al. Violência doméstica contra a mulher na percepção das equipes da estratégia
saúde da família. Rev. Pesqui., Univ. Fed. Estado Rio J., Rio de Janeiro, v. 12, p. 850-855, Dez. 2020.
O’RELLY, R. et al. Opportunistic domestic violence screening for pregnant and postpartum women by
community-based health service providers. BMC Women’s Health. [S. l.], n. 128, v.18, 2018.
SCHNEIDER, L. R. et al. Prática Baseada em Evidências e a análise sociocultural na Atenção Primária.
Physis: revista de saúde coletiva, Rio de Janeiro, n. 30, v. 02, Out. 2020.
SILVA, N. B. et al. Violência por parceiro íntimo à gestante: perl sociodemográco e características das
agressões. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 42, 2021.
SOUSA, K. G. et al. A equipe da família na implementação de ações para a prevenção da violência
conjugal contra a gestante. ARES. [S. l.], Jun. 2020.
PUN, K, D, et al. Domestic violence and perinatal outcomes - a prospective cohort study from Nepal.
BMC Public Health. [S. l.], n. 671, Maio, 2019.
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Evidence-Based Practice is an approach that has been renowned for improving clinical effectiveness and supporting health professional in their attitudes, by using three elements: scientific evidence, clinical experience and patients’ preferences. This study aimed at understanding how Evidence-Based Practice in Primary Health Care is developed, specifically, referring to Family Health Strategy, as well as proposing the inclusion of the "socio-cultural analysis" element for decision making. It was a qualitative study, preceded by two focus groups, having the participation of 14 health professionals. The thematic content analysis technique was used to evaluate, handle and understand information. Family Health Strategy professionals have difficulties in developing health practice focused on scientific evidence, showing their lack of knowledge and skills for research and also heavy workload. Moreover, results showed that Evidence-Based Practice should be differentiated according to the reality of the places where health professional teams work. It is the responsibility of health professionals to identify and to evaluate the sociocultural characteristics of the community for an Evidence-Based Practice that is more sensitive to the health needs of the population involved.
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Background Domestic violence is one of the most common forms of violence against women. Domestic violence during pregnancy is associated with adverse perinatal and maternal outcomes. We aimed to assess whether domestic violence was associated with mode of delivery, low birthweight and preterm birth in two sites in Nepal. Methods In this prospective cohort study we consecutively recruited 2004 pregnant women during antenatal care at two hospitals between June 2015 and September 2016. The Abuse Assessment Screen (modified) was used to assess fear and violence. Having ever experienced either fear or violence was defined as any domestic violence. Obstetric outcomes were obtained from hospital records for 1381 (69%) women, selecting singleton pregnancies only. Mode of delivery was assessed as birth by cesarean section or not. A birthweight of less than 2500 g was defined as low birthweight and preterm birth as birth before completion of 37 weeks gestation. Descriptive and multiple logistic regression analyses were performed to assess associations. Results Twenty percent of the women reported any domestic violence. Among all 1381 women, 37.6% gave birth by cesarean section. Of those women who delivered by cesarean section, 84.7% had an emergency cesarean section. Less than 10% of the babies were born prematurely and 13.5% were born with low birthweight. We found no significant association between exposure to any domestic violence during pregnancy and risk of a low birthweight baby or birth by cesarean section. However, having experienced both violence and fear was significantly associated with giving birth to a preterm infant [aOR 2.33 (95% CI;1.10–4.73)]. Conclusions Domestic violence is common in Nepal. This is a potential risk factor for severe morbidity and mortality in newborns. We found that the risk of having a preterm baby was higher for pregnant women who experienced both fear and violence. This should be recognized by the health sector. In this study, no significant differences were found in the rate of cesarean section nor low birthweight for women who had experienced any domestic violence compared to those who did not.
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Background: Domestic violence against women is a global endemic that can commence or escalate during pregnancy and continue postpartum. Pregnant and postpartum women generally access health care providers more at this time than at any other time in their lives. Despite this, little is known about primary health care providers' screening practices for domestic violence. The purpose of this paper is to present survey findings that identified domestic violence screening practices of community based health care providers in pregnant and postpartum women. Methods: This paper reports on the survey results of a larger sequential mixed methods study that involved a survey and semi-structured interviews, and used a pragmatic approach to the data collection and analysis. The survey sought information via both fixed choice and open responses. Quantitative data from the surveys were entered into the Statistical Package for Social Science (SPSS™ Version 22) and analysed using descriptive statistics. Open responses were collated and then integrated and presented with the quantitative data. Results: Results revealed that some health care providers did not screen for domestic violence. Factors contributing to this lack of screening included: a lack of recognition that this was part of their role; and a lack of domestic violence screening policies and/or reminder systems. Further barriers to domestic violence screening were identified as a lack of time, resources and confidence in undertaking the screening and referral of women when domestic violence was detected. Conclusions: The findings reported in this paper confirm that further insights into the domestic violence screening practices of community based health care providers is required. Findings also have the potential to inform interventions that can be implemented to increase domestic violence screening and promote appropriate referral practices.
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Objetivo Conhecer as estratégias utilizadas por enfermeiros de Unidades de Estratégias de Saúde da Família para identificação e enfrentamento de situação de violência por parceiro íntimo em mulheres gestantes. Método Estudo descritivo com abordagem qualitativa, com entrevista semiestruturada direcionada a 23 enfermeiros da atenção básica, no período de setembro de 2015 a abril de 2016. Utilizou-se a análise de conteúdo do tipo temática. Resultados Emergiu a categoria: “É bem complexo” - ações de identificação e enfrentamento da violência por parceiro íntimo em mulheres gestantes. As lesões físicas foram o principal indicativo de violência identificada na consulta pré-natal. As estratégias de enfrentamento foram os encaminhamentos a serviços especializados e discussão conjunta com a equipe de saúde. Conclusão Aponta-se a necessidade de organização de um protocolo de enfermagem que auxilie na identificação e classificação de risco à exposição à violência, educação permanente destes profissionais e fortalecimento das ações intersetoriais.
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p>Se realizó un estudio cualitativo con el objetivo de describir las percepciones de profesionales en enfermería sobre la violencia de la pareja íntima contra adolescentes gestantes atendidas en el Hospital de Usaquén (Bogotá, Colombia). Este parte del papel que desempeña enfermería en la detección, prevención y atención de las gestantes víctimas de violencia de sus parejas y surge de una investigación anterior en ese centro de atención, que determinó que las gestantes más jóvenes son las más vulnerables. El estudio se desarrolló mediante dos grupos focales, con participación de 14 enfermeras que laboran en el hospital. El análisis, de tipo fenomenológico, se realizó con apoyo del software Atlas ti 7. Entre los principales resultados se establece que, según la percepción de las enfermeras, la forma más frecuente de violencia de la pareja íntima contra la adolescente gestante es la psicológica, seguida del abandono y la violencia económica. En cuanto a las necesidades de detección resulta importante ampliar los tiempos de consulta, generar un ambiente de confianza, implementar protocolos de detección inicial y realizar tamizajes. En lo relativo a la prevención, se recomienda iniciar desde la infancia la formación en género y derechos, además de trabajar conjuntamente con la escuela. Para la atención, se considera imperioso el trabajo interdisciplinario. Como barreras se mencionan la negación de las gestantes a denunciar y la amenaza de sus parejas al equipo de enfermería ante la notificación, así como la falta de capacitación del personal de salud.</p
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Background Intimate partner violence (IPV) against women constitutes a major public health problem. Antenatal care is considered a window of opportunity to disclose and to communicate about IPV. However, little is known about how women from different ethnic backgrounds wish to communicate about their experiences with IPV during pregnancy in antenatal care. The aim of the present study was to explore how women from different ethnic backgrounds experienced IPV and what their recommendations were about how midwives should communicate about IPV in antenatal care. Methods Qualitative individual interviews with eight women who had experienced IPV during pregnancy were conducted and analysed using thematic analysis. The participants were purposively recruited from three crisis shelters in South-East Norway. ResultsThe participants either had immigrant backgrounds (n = 5) or were ethnic Norwegians (n = 3). All participants received antenatal care by a midwife. Although none of the participants were asked about IPV during antenatal care, they wished to talk about their experiences. Most participants felt that it would be important for the midwife to make them aware that they were victims of violence. Participants offered different suggestions on how and when midwives should talk about IPV. Facilitators to talk about IPV with the midwife were a good relationship with and the trustworthiness of the midwife, information about possible negative health outcomes for the newborn owing to IPV and knowing that the midwife could help them. The main barriers to talk about IPV with the midwife were that the participants were accompanied by their husbands during antenatal care, fear that the Child Welfare Service would take away their children after disclosure and cultural acceptance of violence. Participants with immigrant backgrounds also experienced difficulties in talking about IPV owing to their limited language skills. They thought that professionally trained interpreters with experience of IPV could overcome this barrier. Conclusion Even though none of the participants were asked about IPV in antenatal care, they offered different suggestions on how and when midwives should talk about IPV. Participants irrespective of their ethnical backgrounds perceived antenatal care as a key area to facilitate disclosure of IPV. Midwives’ communication and strategic skills to address IPV are crucial for help-seeking women. Training midwives’ skills in culture-sensitive communication might help to overcome cultural barriers to talk about violence.
Dispositivos de poder utilizados por enfermeiros para o enfrentamento da violência doméstica contra a mulher. Texto & Contexto Enfermagem
  • C L Amarijo
AMARIJO, C. L. et al. Dispositivos de poder utilizados por enfermeiros para o enfrentamento da violência doméstica contra a mulher. Texto & Contexto Enfermagem, Santa Catarina, v.30: e20190389, Mar. 2021.
A violência conjugal expressa durante a gestação e puerpério: o discurso de mulheres. Revista Mineira de Enfermagem
  • L M Campo
CAMPO, L. M. et al. A violência conjugal expressa durante a gestação e puerpério: o discurso de mulheres. Revista Mineira de Enfermagem. Belo Horizonte, n. 23, e-1230, Set. 2019.
Sistematização da assistência de enfermagem a uma mulher vítima de violência doméstica: relato de experiência
  • M M C Eugênio
EUGÊNIO, M. M. C. et al. Sistematização da assistência de enfermagem a uma mulher vítima de violência doméstica: relato de experiência. Revista Renome, [S. l.], v. 7, n. 2, p. 12-23, 2020.
Orientações às gestantes no pré-natal: a importância do cuidado compartilhado na atenção primária em saúde. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem
  • B L Marques
MARQUES, B. L. et al. Orientações às gestantes no pré-natal: a importância do cuidado compartilhado na atenção primária em saúde. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, Rio de Janeiro, n. 25, v. 1, Set. 2020.