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Slow Fashion, Economia Circular e Criativa para a Sustentabilidade Ambiental na Moda: O papel dos Serviços de Redes Sociais Online

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RESUMO O protagonismo que as Tecnologias de Informação e Comunicação ganharam na atualidade fez com que espaços virtuais de inter-relacionamento, como os Serviços de Redes Sociais Online, expandissem as possibilidades de comunicação dos mais diversos grupos sociais. Do ponto de vista ambiental, movimentos de caráter sustentável que visam fomentar um padrão de consumo mais consciente têm oportunidades de visibilidade e disseminação de seus princípios nestes espaços virtuais. O objetivo deste artigo é identificar e analisar a propagação dos princípios do movimento Slow Fashion num Serviço de Rede Social Online, o Instagram, como alternativa de consumo consciente de vestuário e que transita entre os conceitos de Economia Circular e Economia Criativa. Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, com abordagem qualitativa, que verifica a presença do Slow Fashion no Instagram a partir de uma estratégia de recuperação de informação a partir do uso de palavras-chave, que configura a parte exploratória desta pesquisa. Os resultados apontam que o Slow Fashion é um movimento com aderência no Brasil e tem presença na plataforma Instagram. Conclui-se que, diante da crise ecológica, o Instagram pode contribuir para a mudança de hábitos individuais em direção a um consumo mais sustentável.
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ARTIGOS
http://dx.doi.org/10.29183/2447-3073.MIX2022.v8.n.4, 39-48
ISSN: 2447-0899 (IMPRESSA) | 2447-3073 (ONLINE)
SLOW FASHION, ECONOMIA CIRCULAR E CRIATIVA
PARA A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA MODA:
O PAPEL DOS SERVIÇOS DE REDES SOCIAIS ONLINE
SLOW FASHION, CIRCULAR AND CREATIVE ECONOMY FOR ENVIRONMENTAL SUSTAINABILITY
IN FASHION: THE ROLE OF ONLINE SOCIAL NETWORK SERVICE
LARISSA LIMA DA SILVA | UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
LIZREJANE ISSBERNER, DRa. | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
FERNANDO DE ASSIS RODRIGUES, DR. | UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
RESUMO
O protagonismo que as Tecnologias de Informação e Comunicação ganharam na atualidade fez com que espa-
ços virtuais de inter-relacionamento, como os Serviços de Redes Sociais Online, expandissem as possibilidades
de comunicação dos mais diversos grupos sociais. Do ponto de vista ambiental, movimentos de caráter susten-
tável que visam fomentar um padrão de consumo mais consciente têm oportunidades de visibilidade e disse-
minação de seus princípios nestes espaços virtuais. O objetivo deste artigo é identicar e analisar a propagação
dos princípios do movimento Slow Fashion num Serviço de Rede Social Online, o Instagram, como alternativa
de consumo consciente de vestuário e que transita entre os conceitos de Economia Circular e Economia Criativa.
Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, com abordagem qualitativa, que verica a presença do Slow
Fashion no Instagram a partir de uma estratégia de recuperação de informação a partir do uso de palavras-chave,
que congura a parte exploratória desta pesquisa. Os resultados apontam que o Slow Fashion é um movimento
com aderência no Brasil e tem presença na plataforma Instagram. Conclui-se que, diante da crise ecológica, o
Instagram pode contribuir para a mudança de hábitos individuais em direção a um consumo mais sustentável.
PAL AVRAS- CHAV E
Sustentabilidade ambiental; Moda Sustentável; Slow Fashion; Serviços de Rede Social Online
ABSTRACT
The protagonism that Information and Communication Technologies have gained nowadays has led to virtual spaces
of interrelationship, such as Online Social Network Services, expanding the possibilities of communication of the most
diverse social groups. From the environmental point of view, sustainable movements that aim to promote a more
conscious consumption pattern have opportunities for visibility and dissemination of their principles in these virtual
spaces. The objective of this article is to identif y and analyze the spread of the principles of the Slow Fashion movement
in an Online Social Network Service, Instagram, as an alternative of conscious consumption of clothing and that tran-
sits between the concepts of Circular Economy and Creative Economy. This is an exploratory and descriptive research,
with a qualitative approach, which veries the presence of Slow Fashion on Instagram from a strategy of information
retrieval from the use of keywords, which congures the exploratory part of this research. The results indicate that Slow
Fashion is a movement with adherence in Brazil and has a presence on the Instagram platform. It is concluded that,
facing the ecological crisis, Instagram can contribute to the change of individual habits towards a more sustainable
consumption.
KEYWORDS
Environmental sustainability; Sustainable Fashion; Slow Fashion; Online Social Network Service
Economia Circula r e Criativa para Sustenta bilidade Ambiental na Moda: o Papel d os Serviços de Redes So ciais Online |L. L. da Silva & L.R. Is sberner & F. de A. Rodrigues
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1. INTRODUÇÃO
Antes do surgimento da sociedade contemporânea já
haviam ocorrido transformações nos mecanismos regu-
ladores da biosfera, provocadas pela evolução da técnica
pré-industrial, mas não com a magnitude capaz de deses-
tabilizar o Sistema Terra (STEFFEN et al., 2011).
Desde os primórdios da sua existência na Terra, o ser
humano foi responsável por muitas transformações no
planeta, como na extinção da megafauna. Mas com a
emergência da sociedade industrial em meados do sécu-
lo XVIII, inicia-se um período onde os impactos das ações
humanas adquirem uma magnitude que extrapola a ca-
pacidade do planeta de reagir e se recuperar.
Com a Revolução Industrial, no século XVIII, novas di-
nâmicas de produção e uso dos recursos naturais se es-
tabelecem, desencadeando um processo de mudanças
biofísicas no planeta que para Eugene Stoermer e Paul
Crutzen pode ser considerado como marco simbólico do
Antropoceno, era geológica que demarca o período em
que as ações humanas passam a alterar o sistema terrestre
de forma signicativa (ISSBERNER; LÉNA, 2018).
As implicações do processo industrial de produção
em larga escala, sustentado pela extração de grandes
quantidades de matérias-primas e pela utilização maciça
de combustíveis fósseis, se estendem à emissão de gases
de efeito estufa e à produção de resíduos que degradam
a biosfera terrestre. O avanço desse processo resulta em
danos para saúde coletiva e para o meio ambiente, além
de alimentar uma sociedade marcada pelo desperdício,
que produz e consome mais que o necessário (SILVA;
ISSBERNER; PRADO, 2018).
Por mais de dois séculos, as sociedades mais avança-
das se baseiam num modelo de desenvolvimento econô-
mico que se mostra insustentável do ponto de vista socio-
ambiental e que, dados os recursos limitados do planeta,
não poderia ser replicado por outras sociedades em ter-
mos globais.
A indústria da moda é uma parte central do modelo
econômico capitalista, onde a busca pelo lucro se sobre-
põe à busca pela sustentabilidade (ZANZI et al., 2022). Os
processos produtivos da indústria têxtil enfrentam de-
saos para se tornarem sustentáveis (AVILA et al., 2018),
estando entre os que mais poluem o meio ambiente
(BREWER, 2019).
No entanto, para além das respostas industriais às
questões ambientais, movimentos como Slow Food e Slow
Fashion, que se contrapõem aos modelos de consumo
predominantes no século XXI, surgem como iniciativas
que buscam contribuir para uma transição ecológica, por
meio da conscientização individual sobre questões de or-
dem ética e socioambiental.
À medida em que as tecnologias de informação e co-
municação (TIC) se tornaram mais presentes na sociedade,
sobretudo por meio dos Serviços de Redes Sociais Online
(SRSO), movimentos sociais voltados para a sustentabili-
dade, como os que visam fomentar um padrão de con-
sumo mais consciente, contam com novas ferramentas e
aplicativos para ganhar visibilidade, bem como para dis-
seminar informações sobre os seus conceitos e princípios
nestes espaços virtuais.
Neste contexto, o objetivo deste artigo é reetir so-
bre a propagação dos princípios do movimento Slow
Fashion nos espaços virtuais dos SRSO. Sendo uma opção
de consumo consciente de vestuário, o movimento Slow
Fashion transita entre os conceitos de Economia Circular
e Economia Criativa, que serão aqui mobilizados visando
caracterizar esses movimentos alternativos ao chamado
“business as usual”.
Do ponto de vista de sua natureza, se trata de uma
pesquisa exploratória e descritiva, com abordagem qua-
litativa, que verica a presença do Slow Fashion no SRSO
Instagram, a partir de uma estratégia de recuperação de
informação baseada em palavras-chave, selecionadas a
partir da revisão de literatura, congurando a parte ex-
ploratória desta pesquisa.
Um panorama geral sobre a indústria global da moda
e seu impacto ambiental no contexto da sociedade pro-
dutivista/consumista contemporânea é apresentado na
segunda seção. Na terceira seção, os conceitos de econo-
mia criativa e economia circular são relacionados ao Slow
Fashion como um caminho que contribui para o equilíbrio
entre os aspectos econômicos, sociais e ecológicos no
contexto do vestuário.
Os resultados e as análises sobre o Slow Fashion no
SRSO Instagram, obtidos por meio da coleta de dados,
são apresentados na quarta seção. Na última seção, são
apresentadas as considerações nais da discussão sobre
os princípios propostos pela economia circular e a econo-
mia criativa, bem como pelo movimento Slow Fashion no
Instagram.
2. A INDÚSTRIA GLOBAL DA MODA E SEU IMPACTO
AMBIENTAL
De acordo com o relatório especial do Intergovernmental
Panel on Climate Change (IPCC), as atividades humanas
causaram aumento de um grau Celsius (ºC) na tempera-
tura do planeta, se comparado aos níveis pré-industriais.
Arma ainda que é provável que o aquecimento global
atinja cerca de 1,5 ºC, entre 2030 e 2052, se o ritmo de
emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) permanecerem
nos padrões atuais (MASSON-DELMOTTE et al., 2018).
A Indústria da moda, neste contexto, gura como uma
das mais poluidoras, ao requerer quantidades signica-
tivas de matérias-primas e gerar níveis consideráveis de
resíduos, o que deixa sua pegada de carbono em níveis
alarmantes (BREWER, 2019).
De acordo com Berg et al. (2020), a quantidade anual
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de emissão de GEE, produzida pela indústria global da
moda, equivale à poluição anual das economias de países
como a França, Alemanha e o Reino Unido. Essa indústria
foi responsável em 2018, por cerca de 2,1 bilhões de to-
neladas métricas de GEE, correspondendo a 4% do total
global.
Mais de 70% dessas emissões vêm de atividades a
montante (upstream), principalmente, relacionadas aos
processos de produção, preparação e processamento das
matérias-primas, que requerem alto consumo de energia.
Os 30% restantes são gerados a jusante (downstream),
referente a atividades de transporte, embalagem, varejo,
operações, uso, e m de uso (BERG et al., 2020).
Além disso, a quantidade de água necessária para a
produção de tecidos – cerca de 1.892 litros, apenas para
a produção de um sofá – e os resíduos químicos gerados
em seu processo de tingimento de peças – cerca de 72
substâncias tóxicas – fazem da indústria têxtil uma das
maiores poluidoras de água limpa do planeta, cando
atrás apenas do agronegócio (KANT, 2012).
No entanto, o impacto do segmento da moda trans-
passa seus processos industriais de fabricação e transpor-
te de produtos. O lixo formado por meio do descarte de
roupas em desuso ou indesejadas torna-se exponencial,
à medida que a sociedade passa a consumir e se desfa-
zer de peças de roupas, de forma cada vez mais rápida
(BREWER, 2019).
O custo ambiental do modelo produtivista/consumis-
ta é visível, tornando o enfrentamento da crise ambiental
cada vez mais urgente. O lixão têxtil formado no deserto
do Atacama no Chile, como amplamente noticiado em
2021, é um dos exemplos deste custo ambiental gerado
pelo modelo de produção e consumo contemporâneo.
Além disso, de acordo com Berg et al. (2020), o aumen-
to nos volumes de consumo do setor da moda, poderiam
empurrar as emissões de carbono do segmento para cer-
ca de 2,7 bilhões de toneladas métricas por ano até 2030,
o que representa um aumento em relação aos 2,1 bilhões
de toneladas de GEE, já lançados na atmosfera em 2018.
Neste sentido, é necessário que a indústria da moda
intensique suas ações de descarbonização e alcance
a marca de 1,1 bilhão de toneladas métricas até 2030, o
que corresponde aproximadamente à metade do valor da
emissão aferida até 2018. Tal medida faz parte da agenda
de compromissos apresentados ao IPCC, pelos agentes
econômicos, para limitar o aquecimento em cerca de 1,5
ºC, para a próxima década (MASSON-DELMOTTE, 2018).
Estes dados permitem colocar em foco que o modelo
contemporâneo produtivista/consumista não se susten-
tará a longo prazo e, diferentemente, do que imagina o
senso comum, o controle da situação não está apenas nas
mãos de governos e indústrias, mas passa também pela
sociedade civil. De acordo com Berg et al. (2020), 20% da
mudança do setor da moda passa pelo consumidor, ou
seja, todos os participantes da cadeia de valor têm uma
responsabilidade na descarbonização e na criação de mu-
danças reais e perenes na indústria da moda.
Este panorama inicial revela quanto o padrão de vida
do segmento mais inuente da sociedade vem contri-
buindo com a degradação do planeta, a partir da revolu-
ção industrial. Esta contribuição tem relação direta com
um repensar sobre alternativas criativas de produção e
consumo, não só em escalas globais de industrialização,
mas também em âmbito pessoal.
Todo o modo de vida tem potencial para modicar o
meio ambiente, (STEFFEN et al., 2011). No entanto, o mo-
delo de consumo da elite econômica, incentivado pelo
capitalismo, se mostra cada vez mais insustentável.
Os modelos de negócios baseados na circularidade
e na criatividade se mostram cada vez mais apropriados
quando se pensa em sustentabilidade, como por exemplo
o Slow Fashion.
3. ECONOMIA CIRCULAR, SLOW FASHION E A ECONOMIA
CRIATIVA
A discussão sobre desenvolvimento se tornou mais com-
plexa, ao passo que o modelo produtivista/consumista,
mesmo gerando elevado ganho econômico, fomenta o
uso indiscriminado de recursos naturais e tecnologias po-
luentes nas estruturas produtivas, almejando obter lucros
e vantagens competitivas a curto prazo, o que acaba ge-
rando desequilíbrios ambientais (BRASIL, 2011).
Os resultados do modelo produtivista/ consumista
gera consequências socioculturais e ecológicas. São pon-
tos de reexão sobre o modus operandi do setor da moda,
bem como o desao que é transformar esta indústria, de
modo que exista um melhor equilíbrio entre os aspectos
econômicos, sociais e ecológicos (FLETCHER, 2010).
Do ponto de vista ambiental, os movimentos de cons-
cientização impulsionaram organizações e entidades a
buscarem soluções mais sustentáveis para os processos
de produção e o desenvolvimento econômico (ÁVILA et
al., 2018; SILVA; ISSBERNER; PRADO, 2018).
Como alternativa, a economia circular benecia ne-
gócios, sociedade e meio ambiente, tendo como objeti-
vo desvincular o crescimento econômico de práticas de
consumo predatórias dos recursos naturais. A economia
circular busca uma economia mais natural e social, por
meio do uso de fontes de energia e materiais renováveis,
se preocupando com a eciência em todas as escalas do
processo de produção, o que evidencia a necessidade
de participação ativa de pequenos e grandes negócios,
bem como das comunidades locais (ELLEN MACARTHUR
FOUNDATION, 2019).
O reúso de materiais – segundo princípio da econo-
mia circular – se converte em economia de matéria-prima,
de mão de obra, de energia e de capital, bem como na
diminuição da emissão de GEE. Os modelos de negócios
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baseados em reúso serão aqueles que exigirão o menor
suprimento de material e emissão de GEE para atingir
o mesmo benefício à sociedade (ELLEN MACARTHUR
FOUNDATION, 2019). Portanto, a economia circular é
um modelo econômico alternativo que busca mudan-
ças sistêmicas, capazes de gerar benefícios ambientais
e sociais, e oportunidades para novos tipos de negócios
(NAVARRETE, 2018).
A adoção de modelos comerciais circulares dentro do
setor do vestuário, que incluem aluguéis de roupas, repa-
ros, reformas, e re-commerce, tem um potencial de redu-
ção de 143 milhões de toneladas de produção de GEE até
2030 (PNUMA, 2021).
Paralelamente, o movimento Slow Fashion tem como
objetivo promover uma cultura de consumo mais cons-
ciente. Inspirado no movimento Slow Food, que visa mais
responsabilidade na produção e consumo de alimentos, o
Slow Fashion atua na contramão do modelo Fast Fashion,
que produz em larga escala uma ampla gama de produ-
tos (BREWER, 2019).
São relacionadas ao Slow Fashion, empresas que pro-
movem práticas mais sustentáveis, boa gestão, comércio
justo e produtos de qualidade. Essas empresas buscam
conectar matérias-primas, designers, artesãos, varejistas
e consumidores e alavancar a sustentabilidade no forne-
cimento, produção e consumo, tendo como característica
modelos mais éticos e justos de fabricação, uso de ma-
téria-prima orgânica, reciclada e mais duráveis (BREWER,
2019).
Assim como o Fast Food, o Fast Fashion é produzido
em massa e de forma padronizada (FLETCHER, 2010). O
vestuário é comercializado em grande escala e projeta-
do para ser barato e rápido de produzir. É um modelo
de produção que explora mão de obra barata e o desejo
pelo consumo. Além disso, é um modelo de negócios fo-
cado no crescimento econômico contínuo, sem necessa-
riamente levar em conta questões socioambientais e de
qualidade de vida.
O Slow Fashion representa uma visão de sustentabili-
dade e descontinuidade das práticas atuais, e adota três
princípios: desacelerar, fazer melhor e com justiça social.
Em outras palavras, uma moda lenta, justa e sustentável
que signica usar, principalmente, o que tem, comprar
de segunda mão, pedir emprestado, trocar, criar e, quan-
do necessário, comprar novos itens sustentáveis (SLOW
FASHION MOVEMENT, 2021).
A economia circular visa eliminar resíduos e manter
produtos em uso, enquanto o Slow Fashion se coloca
como um movimento cultural, que se contrapõe à cultu-
ra consumista, fomenta a criatividade e reúso de peças.
O Slow Fashion é um modelo de negócio que promove
a comercialização de roupas e acessórios com ideais de
sustentabilidade, relacionando moda, criatividade, sus-
tentabilidade e tecnologia e dessa forma, se enquadra
também nos parâmetros da economia criativa.
A economia criativa é o modelo econômico que
todas as marcas de moda sustentável, perten-
centes ao movimento de Slow Fashion, deveriam
de adaptar, simplesmente porque a losoa do
conceito propõe cinco características que se ali-
nham com a losoa da moda sustentável: Valor
agregado da intangibilidade da produção em
redes de valor e não numa cadeia setorial, novos
modelos de consumo, a participação ativa da
micro e pequena empresa e as novas tecnolo-
gias (NAVARRETE, 2018, p. 53).
De acordo com Reis (2006), a economia criativa é, es-
sencialmente, ligada à cultura e se apoia na tecnologia e
na sustentabilidade. Envolve o setor público e privado, e a
sociedade civil, em prol do desenvolvimento sustentável.
Tem um caráter inovativo e se inspira em valores culturais
intangíveis. Produz de forma local, mas pode distribuir
globalmente bens e serviços de valor econômico.
A economia criativa usa canais de comunicação con-
solidados e alternativos para disseminar seus bens sim-
bólicos e materiais. Messias, Nascimento e Silva (2020)
armam que a economia criativa, o desenvolvimento
sustentável, a cultura, a criatividade e a tecnologia andam
juntas e são fontes de inovação. Diante da crise ambien-
tal, cada esforço que impulsione a indústria e a forma de
consumo da sociedade na direção de um modelo contra
hegemônico é válido para atenuar os impactos negativos
sobre o clima, a biodiversidade e o excesso de lixo. Além
disso, sociedade, governo e empresas precisam caminhar
juntos neste processo (SILVA; ISSBERNER; PRADO, 2018).
4. O MOVIMENTO SLOW FASHION E OS SERVIÇOS DE REDES
SOCIAIS ONLINE
A partir das TIC e, particularmente, dos SRSO, diferentes
modos de gerar e disseminar informação ganham for-
ma (RECUERO, 2020), ocupando posição de destaque
no contexto das mudanças sociais e culturais em curso
(FRAGOSO, 2020).
Os SRSO têm por objetivo proporcionar comunica-
ção e inter-relacionamento entre pessoas, grupos e ins-
tituições. Estes serviços web permitem a articulação so-
cial, entre indivíduos que compartilham interesses, por
meio de seus pers públicos, semipúblicos ou privados
(RODRIGUES; SANT’ANA, 2019; BOYD; ELLISON, 2007).
Os usuários dos SRSO usufruem de maiores possibili-
dades de comunicação e visibilidade, que permitem o de-
senvolvimento mais acelerado de seu capital social, quan-
do comparado às limitações geográcas e temporais de
outros tipos de interação (RECUERO, 2020).
Neste sentido, as possibilidades de comunicação que
os SRSO trazem consigo são atributos fundamentais para
alavancar iniciativas como Slow Fashion, tendo em vista
que o uso das redes sociais online já é estratégico para as
grandes marcas de Fast Fashion.
Assim como outros movimentos culturais, o Slow
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Fashion tem se apropriado das TIC e das formas inova-
doras de inter-relacionamento virtual para difundir seus
princípios. Os SRSO são importantes ferramentas para
divulgação de pequenos negócios de Slow Fashion, bem
como os ideais do movimento. Navarrete (2018) arma
que muitas marcas de moda sustentável nasceram no
meio virtual. Neste contexto, as marcas de moda susten-
tável que possuem lojas físicas utilizam os SRSO como
uma forma de comercializar seus produtos, especialmen-
te os negócios com pouco capital, pouca equipe e uma
pequena produção de peças.
É importante ressaltar que o avanço comercial das TIC
também proporciona impactos ambientais. Não importa
o quão avançadas, ecazes e ecientes sejam as TIC, o lado
material delas representa uma ameaça em termos socio-
ambientais, particularmente no que se refere ao uso de
recursos naturais para energia (CONCEIÇÃO; ISSBERNER;
RODRIGUES, 2022) e a extração de minérios (VOLKER et
al., 2012). Esse é o caso do tântalo, onde a atividade mine-
radora é predatória em termos sociais e ambientais, como
se verica em países como a República Democrática do
Congo (VOLKER et al., 2012).
A indústria da tecnologia, assim como a da moda, é
movida pelo capitalismo e sua cultura de consumo. Esse é
outro ponto de reexão pertinente, mas que não é o foco
desta pesquisa. Apenas consideramos que, mesmo den-
tro de um paradoxo de custo-benefício, as TIC ainda se
mostram como ferramentas viáveis para propagação de
ideias sustentáveis.
As TIC tendem a reproduzir as características do sis-
tema econômico em que estão inseridas, incluindo, por
exemplo, a exclusão digital. Mesmo assim, as TIC ofere-
cem um potencial para o crescimento econômico e redu-
ção da pobreza (REIS, 2008).
4.1. Movimento Slow Fashion no Instagram
A partir dos conceitos de Slow Fashion, Economia Circular e
Economia Criativa, buscou-se no SRSO Instagram por per-
s brasileiros relacionados ao movimento Slow Fashion. A
escolha do Instagram se deve ao fato deste SRSO ser uma
das plataformas mais utilizadas para ns comerciais. De
acordo com Rodríguez Aboytes et al. (2022),
90% das pessoas no Instagram seguem um ne-
gócio; duas em cada três pessoas pesquisadas
dizem que o Instagram permite a interação
com marcas; e 50% [dos usuários] estão mais
interessados em uma marca quando visualizam
anúncios para ela no Instagram. (RODRIGUEZ
ABOYTES et al., 2022, p. 2).
Além disso, é um SRSO que possui cerca de 1,8 bilhões
de usuários em todo o mundo (STATISTA, 2022), o que cor-
robora a escolha do Instagram como um espaço virtual
pertinente aos objetivos da pesquisa.
A coleta foi realizada no dia 19 de dezembro de 2021,
por meio das palavras-chave: Slow Fashion, Moda lenta,
Moda sustentável, e da composição dos ternos Moda e
Sustentabilidade.
Optou-se por não utilizar ferramentas automatizadas
para a coleta, sendo que os dados e os pers foram identi-
cados da mesma forma que um usuário comum do SRSO
executa sua busca na interface de pesquisa. Os resultados
obtidos para cada palavra-chave foram organizados em
planilha eletrônica para a análise.
Tendo em vista os objetivos e a delimitação da pesqui-
sa, quatro critérios foram denidos para a elegibilidade
da amostra analisada: a) apenas pers de origem brasilei-
ra (os demais foram descartados); b) presença ativa (per-
s sem postagem foram descartados); c) pers comerciais
que se declaram adeptos da moda lenta e sustentável; d)
pers públicos.
A pesquisa obteve um total de 131 pers, onde as pa-
lavras-chave recuperaram, em sequência decrescente de
quantidade de pers, 32,10% a partir de Moda Sustentável,
31,30% a partir de Slow Fashion, 25,20% a partir de Moda
Lenta e 11,50% a partir de Moda e Sustentabilidade (ver
Gráco 01).
Gráco 01 – Quantidade de Pers R ecuperados por cada pa lavra-chave
Fonte: Autores
Os dados apresentados no Gráco 01 correspondem a
divisão do corpus da pesquisa, ainda sem a aplicação dos
critérios de elegibilidade da amostra. Os termos de busca
possuem palavras em português e inglês, incluindo resul-
tados estrangeiros na pesquisa.
O Gráco 02 apresenta a origem geográca dos pers
coletados, dividindo-os em pers brasileiros (96 pers) e
estrangeiros (35 pers), agrupados pelas palavras-chave
que os recuperaram. Para os pers brasileiros, nota-se
que os termos Moda Sustentável e Slow Fashion possuem
mais aderência na recuperação destes pers.
Gráco 02 – Origem dos per s analisados
Fonte: Autores
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No caso dos pers estrangeiros, a Tabela 01 apresenta
o país de origem de cada perl recuperado.
Tabela 01 - Origem dos per s estrangeiros
Fonte: Autores
Do total de pers coletados, observa-se uma maior
dispersão, porém com maior intensidade de pers argen-
tinos (5 ocorrências), chilenos e colombianos (4 ocorrên-
cias, respectivamente); seguido de pers ingleses, mexi-
canos, espanhóis e turcos (2 ocorrências para cada país).
Não foi possível identicar a origem em 6 pers.
Cruzando os dados do Gráco 02 e da Tabela 01, é pos-
sível vericar que os resultados estrangeiros, em sua gran-
de maioria, foram recuperados a partir do termo moda
lenta, mais comum em descrições e nomes de usuários de
pers latino-americanos de países como: Argentina, Chile
e Colômbia. O termo Slow Fashion, também recuperou
pers estrangeiros, incluindo contas europeias, america-
nas, asiáticas e sul-americanas de países como: Argentina,
Canadá, Inglaterra, Índia e Austrália.
A amostra de pers brasileiros também é compos-
ta, em grande parte, por resultados oriundos dos ter-
mos: Moda Sustentável e Slow Fashion, sendo responsá-
veis por 44% e 35% da amostra pertinente à pesquisa,
respectivamente.
Dos 96 pers brasileiros recuperados, 5 foram descar-
tados por não cumprirem todos os critérios de elegibilida-
de estabelecidos para a pesquisa. 4 deles foram descarta-
dos por não serem pers públicos e não terem presença
ativa (sem postagens) e 1 perl por não tratar do tema
Slow Fashion. Assim, dos 91 pers que atendem aos crité-
rios de elegibilidade, 12 têm por objetivo a disseminação
de conteúdo informativo sobre moda sustentável e 79 fo-
cam na comercialização de peças.
Entre os 12 pers de conteúdo informativo,
País de Origem Quantidade de
Pers
Representação
do Total de Per s
Estrangeiros
(em %)
Argentina 5 14,29%
Chile 4 11,43%
Colômbia 4 11,43%
Inglaterra 3 8,57%
México 3 8,57%
Espanha 2 5,71%
Turquia 2 5,71%
Austrália 1 2,86%
Canadá 1 2,86%
Filipinas 1 2,86%
Guatemala 1 2,86%
India 1 2,86%
Rússia 1 2,86%
Não identicado 6 17,14%
Total 35 100,00%
destacamos dois pers da amostra que, do ponto de vista
de alcance e postagens, são os mais expressivos, são eles:
@365e.co, com 16,7 mil seguidores e 2.482 postagens, e
@slowfashion.brazil, com 1.479 seguidores e 266 publica-
ções, até a data da coleta.
Foi possível vericar que os pers cujo objetivo é di-
fundir e informar sobre moda sustentável, disponibilizam
conteúdos que promovem uma reexão sobre questões
ambientais. Tais pers se constituem em espaços online
que colaboram, do ponto de vista informacional, para a
popularização da consciência ambiental, servindo de vi-
trine para eventos, leituras e matérias jornalísticas ligadas
ao tema da sustentabilidade e da moda.
As propostas dos pers destinados à comercialização
de roupas – que estão sob a temática Slow – são variadas.
A grande maioria dos pers se conguram como “bre-
chós”, que fomentam o reúso vendendo peças semino-
vas, o que é coerente com os princípios do Slow Fashion
e da Economia Circular. Tais abordagens, entre outras coi-
sas, promovem o reúso como ferramenta para diminuir o
impacto causado pelo excesso de produção e consumo.
A pesquisa também revelou pers que oferecem pe-
ças novas e autorais, produzidas em ateliês particulares
que anunciam adotar processos de tingimento natural e o
reaproveitamento têxtil. Destaca-se o perl @vegallisho-
es (Figura 01), com 61,5 mil seguidores e 2.413 publicações
(até a data da coleta), o mais seguido entre os pers da
amostra.
Figura 01: Botas veganas ecológic as
Fonte: Vegali Mo da Sustentável (2022)
A Vegalli Moda Sustentável (@vegallishoes), comercia-
liza calçado, roupas, e acessórios produzidos a partir da
reciclagem de garrafas pet, borracha natural, e aparas têx-
teis, além disso, os produtos não utilizam matérias-primas
de origem animal. Trata-se de um e-commerce brasilei-
ro, com número signicativo de seguidores e postagens,
que utiliza o Instagram como recurso de visibilidade para
sua marca e adota princípios de sustentabilidade em seus
produtos.
Canal de
Atendi-
mento
Loja
Física Instagram Site Whats
App Total
Loja Física 37 6 18 17 78
Instagram 6 15 0 4 25
Site 18 0 44 16 78
WhatsApp 17 4 16 41 78
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Economia Circula r e Criativa para Sustenta bilidade Ambiental na Moda: o Papel d os Serviços de Redes So ciais Online |L. L. da Silva & L.R. Is sberner & F. de A. Rodrigues
http://dx.doi.org/10.29183/2447-3073.MIX2022.v8.n4.39-48
destacamos dois pers da amostra que, do ponto de vista
de alcance e postagens, são os mais expressivos, são eles:
@365e.co, com 16,7 mil seguidores e 2.482 postagens, e
@slowfashion.brazil, com 1.479 seguidores e 266 publica-
ções, até a data da coleta.
Foi possível vericar que os pers cujo objetivo é di-
fundir e informar sobre moda sustentável, disponibilizam
conteúdos que promovem uma reexão sobre questões
ambientais. Tais pers se constituem em espaços online
que colaboram, do ponto de vista informacional, para a
popularização da consciência ambiental, servindo de vi-
trine para eventos, leituras e matérias jornalísticas ligadas
ao tema da sustentabilidade e da moda.
As propostas dos pers destinados à comercialização
de roupas – que estão sob a temática Slow – são variadas.
A grande maioria dos pers se conguram como “bre-
chós”, que fomentam o reúso vendendo peças semino-
vas, o que é coerente com os princípios do Slow Fashion
e da Economia Circular. Tais abordagens, entre outras coi-
sas, promovem o reúso como ferramenta para diminuir o
impacto causado pelo excesso de produção e consumo.
A pesquisa também revelou pers que oferecem pe-
ças novas e autorais, produzidas em ateliês particulares
que anunciam adotar processos de tingimento natural e o
reaproveitamento têxtil. Destaca-se o perl @vegallisho-
es (Figura 01), com 61,5 mil seguidores e 2.413 publicações
(até a data da coleta), o mais seguido entre os pers da
amostra.
Figura 01: Botas veganas ecológic as
Fonte: Vegali Mo da Sustentável (2022)
A Vegalli Moda Sustentável (@vegallishoes), comercia-
liza calçado, roupas, e acessórios produzidos a partir da
reciclagem de garrafas pet, borracha natural, e aparas têx-
teis, além disso, os produtos não utilizam matérias-primas
de origem animal. Trata-se de um e-commerce brasilei-
ro, com número signicativo de seguidores e postagens,
que utiliza o Instagram como recurso de visibilidade para
sua marca e adota princípios de sustentabilidade em seus
produtos.
Canal de
Atendi-
mento
Loja
Física Instagram Site Whats
App Total
Loja Física 37 6 18 17 78
Instagram 6 15 0 4 25
Site 18 0 44 16 78
WhatsApp 17 4 16 41 78
Brewer (2019) destaca que nem sempre o interesse
dos consumidores por moda sustentável resulta em mu-
danças de comportamento na hora da compra e cita a
pesquisa de Sudbury e Boltner realizada em 2011. A pes-
quisa demonstra que muitas vezes as pessoas optam por
adquirir produtos a preços mais baixos, mesmo que sejam
consumidores conscientes.
O autor ressalta a importância da transmissão mais
ecaz à sociedade do custo ambiental da moda bara-
ta, enfatizando as contribuições do Slow Fashion, para a
sustentabilidade, em contraposição aos excessos do Fast
Fashion. Nesse sentido, a disseminação de informação é
ponto-chave para uma mudança positiva, sendo os SRSO
uma ferramenta decisiva para uma mudança de padrão.
Entre os pers brasileiros destinados ao comércio de
peças, sejam elas novas, seminovas ou de aluguel, dife-
rentes canais de atendimento foram encontrados (Tabela
02).
Tabela 02 - Matriz dos c anais de atendimento disponíve is
Fonte: Autores
Sobre a relação entre os canais de atendimento (físi-
co e virtual), a pesquisa revela que entre os 37 pers que
possuem lojas físicas, os canais virtuais de atendimen-
to mais encontrados têm links para sites de venda (18
ocorrências), seguido dos que têm link direcionando ao
mensageiro instantâneo WhatsApp (17 ocorrências). O
Instagram (6 ocorrências), neste caso, é o menos utilizado
para vendas por pers que possuem lojas físicas.
Essa mesma dinâmica é observada no panorama ge-
ral dos canais de atendimento, onde os sites são os mais
utilizados entre os pers da amostra (44 ocorrências) e
o mensageiro instantâneo WhatsApp (41 ocorrências) é
o segundo canal de vendas mais utilizado. O Instagram,
quando observado como um canal de atendimento, apre-
senta menor aderência entre os pers pesquisados (15
ocorrências).
No entanto, dentre os 15 pers que utilizam o SRSO
como principal canal de atendimento, menos da metade
possuem lojas físicas (6 ocorrências), poucos disponibili-
zam links para o WhatsApp (4 ocorrências) e nenhum pos-
sui site. Podemos inferir, portanto, que dentre os pers
cujo Instagram é o canal principal de atendimentos, pou-
cos sentem necessidade de um segundo canal de venda
e grande parte são negócios puramente digitais. Vale res-
saltar que os pers que se caracterizavam como lojas, ou
seja, apresentavam peças de vestuário para a venda, mas
não disponibilizavam links externos ou indicação de lojas
físicas foram categorizados como pers que se relacio-
nam com o público pelo Instagram.
A apropriação de ferramentas de comunicação, por
parte dos que defendem a sustentabilidade e os novos
meios de consumo, como forma de resistência ao pa-
drão antiecológico que sustenta o Fast Fashion, se revela
apropriada.
A pesquisa mostrou que o movimento Slow Fashion
tem adeptos no Brasil e que está presente na plataforma
Instagram. Esse movimento incorpora também os prin-
cípios da economia circular e criativa, que tem nas TIC a
base para uma estratégia de disseminação de um modelo
de sustentabilidade na moda, bem como de visibilidade
estratégica para e-commercer comprometidos com a pre-
servação ambiental.
Diante dos desaos da crise ambiental, a mudança de
hábitos individuais pode contribuir para um modelo de
consumo mais sustentável. Cada um dos pers, à sua pró-
pria maneira, contribui para este objetivo, seja comparti-
lhando informações sobre eventos de moda sustentável,
ou mesmo difundindo os princípios e o diferencial da
moda lenta, ou ainda se posicionando como canais alter-
nativos de consumo, a partir da comercialização de peças
sustentáveis e peças para reúso.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A questão ambiental é um tema amplo e que requer cada
vez mais ações responsáveis e conscientes de governos,
indústrias e sociedade civil. Pequenos passos dados na
direção de ações mais sustentáveis são essenciais, dian-
te dos índices crescentes de desmatamento, poluição e,
principalmente da emergência climática, difundidos pe-
los meios de comunicação, mas que, rapidamente, pare-
cem ser esquecidas com a próxima notícia, conforme as
reexões de Jacobi e Maia (2016).
A mudança de hábitos individuais não é suciente, mas
é necessária para o enfrentamento da crise ambiental. A
mudança dos padrões ligados à moda, não só de vestuá-
rio, mas de outros itens de consumo, são parte importante
de uma pauta de mudanças necessárias e as SRSO, como
discutido nesse artigo, tem o seu lugar de destaque nesse
processo.
Num planeta marcado por profundas desigualdades,
o acesso ao consumo da moda é restrito a uma pequena
elite, enquanto grande parte da população vive em esta-
do de carência e privação, onde a sustentabilidade não
pode ser um critério de consumo. Um movimento como
o Slow Fashion, tem o mérito de minimizar os impactos
dessa elite que se apropria dos recursos naturais cada vez
mais escassos, propondo novos valores como consumir
menos e de forma sustentável (LATOUCHE, 2012). O movi-
mento Slow Fashion se vale da disseminação, via SRSO, de
informações que se contrapõem à ideia de que consumir
é sinônimo de felicidade (LATOUCHE, 2012) e de inclusão
Economia Circula r e Criativa para Sustenta bilidade Ambiental na Moda: o Papel d os Serviços de Redes So ciais Online |L. L. da Silva & L.R. Is sberner & F. de A. Rodrigues
http://dx.doi.org/10.29183/2447-3073.MIX2022.v8.n4.39-48
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social (SOARES; LEAL, 2020).
Os SRSO, como já mencionado nesta pesquisa, são
ferramentas de comunicação consolidadas no cotidiano
da sociedade contemporânea, sendo indispensáveis para
uma transição civilizacional, onde a sustentabilidade am-
biental e a justiça social sejam a norma.
Contribuímos para a pesquisa sobre a transição para a
sustentabilidade, explorando empiricamente a presença
do Slow Fashion nos pers brasileiros do SRSO Instagram.
Foi possível observar pers que se preocupam em pro-
duzir conteúdo de conscientização sobre consumo cons-
ciente de vestuário, e outros que se propõem comerciali-
zar produtos com ideais sustentáveis.
No entanto, é importante ressaltar que embora rele-
vante e necessária, a oferta de produtos com propostas
sustentáveis precisa ser analisada com atenção, pois dado
o forte apelo mercadológico que o tema carrega, muitas
vezes a questão da sustentabilidade é usada no mundo
empresarial, como mais uma estratégia de marketing, de-
nominada greenwashing.
Diante da discussão inicial, apresentada por esta pes-
quisa, conclui-se que os princípios propostos pela eco-
nomia circular e a economia criativa, bem como pelo
movimento Slow Fashion já estão em curso, reunindo,
portanto, as condições necessárias para serem ampliadas
mediante o reforço de iniciativas das indústrias, governo
e sociedade civil.
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - Brasil (CAPES) e do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Cientíco e Tecnológico – CNPq.
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ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0570-7289
LIZ-REJANE ISSBERNER, Dra. | Engenharia de Produção
pela COPPE/Universidade Federal do Rio de Janeiro –
Rio de Janeiro – RJ, Brasil | Correspondência para: Rua
Conselheiro Lafaiete, 61 apt. 201, Copacabana, Rio de
Janeiro, RJ CEP:20081-020 | e-mail: lirismail@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9634-1202
FERNANDO DE ASSIS RODRIGUES, Dr. | Universidade
Estadual Paulista – Marília – SP, Brasil |Correspondência
para: Rua Augusto Corrêa, 01, Instituto de Ciências Sociais
Aplicadas - Guamá. CEP 66075-110. Belém - Pará – Brasil |
e-mail: fernando@rodrigues.pro.br
COMO CITAR ESTE ARTIGO
DA SILVA, Larissa Lima; ISSBERNER, Liz Rejane; RODRIGUES,
Fernando de Assis. Slow Fashion, Economia Circular E
Criativa Para Sustentabilidade Ambiental Na Moda:
O Papel Dos Serviços De Redes Sociais Online . MIX
Sustentável, [S.l.], v. 8, n. 4, p. 37-44, ago. 2022. ISSN
24473073. Disponível em:<http://www.nexos.ufsc.br/in-
dex.php/mixsustentavel>. Acesso em: dia mês. ano. doi:ht-
tps://doi.org/10.29183/2447-3073.MIX2021.v8.n4.37-45.
DATA DE ENVIO: 03/01/2022
DATA DE ACEITE: 04/07/2022
PUBLICADO EM: 01/09/2022
EDITOR RESPONSÁVEL: Paulo Cesar Machado Ferroli
Registro da contribuição de autoria:
Taxonomia CRediT (http://credit.niso.org/)
LLS: Conceituação, Curadoria de dados, Análise formal,
Investigação, Metodologia, Validação, Visualização,
Escrita - rascunho original, Escrita - revisão e edição;
LI: Conceituação, Análise formal, Aquisição de nan-
ciamento, Metodologia, Administração de projetos,
Supervisão, Validação, Visualização, Escrita - rascunho ori-
ginal, Escrita - revisão e edição;
FAR: Curadoria, Análise formal, Aquisição de nanciamen-
to, Metodologia, Administração de projetos, Programas,
Supervisão, Validação, Visualização, Escrita - rascunho ori-
ginal, Escrita - revisão e edição.
Declaração de conito: nada foi declarado.
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O objetivo deste artigo é identificar se a pandemia causada pela Covid-19 impactou as ações relacionadas à sustentabilidade que já estavam sendo praticadas na indústria da moda, relacionando desenvolvimento sustentável, moda e consumo. Foi realizada uma pesquisa básica, descritiva e de natureza qualitativa, com coleta de dados realizada por meio de questionário aberto junto à duas empresas de grande porte e que possuem ações relativas à sustentabilidade incorporadas em suas operações, sendo fundamentada por revisão bibliográfica, por meio de consultas em livros e sites, análise de estudos de mercado e de matérias recentes veiculadas na imprensa. Por intermédio das respostas obtidas, pode-se observar que, mesmo em meio aos inúmeros desafios provocados pela pandemia, não houve mudanças ou interrupções no curso das ações com foco em sustentabilidade entre as empresas pesquisadas e, por se tratar de um contexto ainda em construção, o legado da Covid-19 para a moda permanece incerto.
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Data centres are a centralised hardware and software infrastructure with cost reduction as its main benefit. The relationship between sustainability and data centers has given ise to the movement called Green IT. Among the data centers, the institutions holding Online Social Network Services (OSNS) stand out. The objective of this article is to verify how the energy consumption of data centers is treated in the scientific literature and in technical documents, to identify the challenges of institutions that hold SRSO. The sample is restricted to information on SRSO data centres. An exploratory analysis of the available literature and technical documents made available by the institutions was conducted. All institutions present statistical reports on energy efficiency of their data centres. The analysis indicated ways to encourage greater equipment efficiency. The article concludes that the growth of these services places the topic of energy efficiency of SRSO data centers in the foreground, and the reports present initiatives to neutralize the carbon footprint of the holding institutions. The main forms of action of the institutions to reduce CO 2 emissions are the buying of carbon credits and investments in plants with clean matrixes.
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Este artigo tem como objetivo contribuir para o debate da economia criativa (EC) no contexto da sustentabilidade, uma associação pouco explícita que se encontra desde os primeiros escritos. O faz por meio da identificação de inter-relações entre termos utilizados na literatura para definir EC (classe criativa, cidade criativa, educação criativa, cultura, economia(s) e indústrias culturais e criativas) e oito dimensões da sustentabilidade (ambiental, social, econômica, cultural, tecnológica, ética, territorial e política), onde os termos encontram outro sentido. Conclui-se que a estreita relação entre o paradigma criativo e o sustentável é uma consequência, mais do que uma intenção primeira, da proclamada quebra de paradigma nos modelos de desenvolvimento moderno do século XX.
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Through its rapid production methods that supply the latest catwalk styles almost instantaneously to the high street, the fast fashion model has revolutionized the fashion industry, while generating a significant carbon footprint and a host of social concerns. Yet, the law is either slow or ineffective in promoting sustainability in a world obsessed with image and social connectivity, while outdated notions of companies continue to dominate the legal academy. This chapter initially examines the fashion industry’s environmental footprint. Then, it examines the rise of the fast fashion model and law’s inadequacy to prevent the model from undermining intellectual property rights or effectively address the model’s detrimental impact on environmental and social sustainability. The chapter then challenges traditional notions of corporate personality, calling for more responsible corporate behavior and greater legal scrutiny. Finally, the chapter considers various issues to enhance ethical behavior in companies, arguing that the slow fashion movement provides an alternative paradigm to the fast fashion model, since the slow fashion movement connects suppliers and producers more closely with consumers, thereby enhancing sustainability and corporate responsibility.
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O objetivo dessa pesquisa é descrever atividades aplicadas no aproveitamento de resíduos têxteis que promovem a sustentabilidade. Abordam-se os conceitos: ciclo de vida, economia circular e upcycling, incluindo a reciclagem têxtil e a economia criativa nesses assuntos. Utilizou-se a pesquisa qualitativa e descritiva. Constatou-se que as práticas abordadas aliadas ao design contemplam a sustentabilidade.
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The socioenvironmental framework that characterizes contemporary societies shows that human impact on the environment is causing increasingly complex changes both in quantitative and qualitative terms. Therefore, while highlighting the complexity of the events and the need of dialogue among science, managers and society, it emphasizes the prevalence of an instrumental cognitive rationality, which generally disregards the interdisciplinary dimension of problems affecting and maintaining life in our planet. The main objective of this work is to analyze factors affecting the connection between science and politics and to overcome those obstacles, emphasizing triggering and mobilizing factors.
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Color is the main attraction of any fabric. No mat-ter how excellent its constitution, if unsuitably colored it is bound to be a failure as a commercial fabric. Manufacture and use of synthetic dyes for fabric dyeing has therefore become a massive industry today. In fact the art of applying color to fabric has been known to mankind since 3500 BC. WH Perkins in 1856 discovered the use of syn-thetic dyes. Synthetic dyes have provided a wide range of colorfast, bright hues. However their toxic nature has become a cause of grave con-cern to environmentalists. Use of synthetic dyes has an adverse effect on all forms of life. Pres-ence of sulphur, naphthol, vat dyes, nitrates, ac-etic acid, soaps, enzymes chromium compounds and heavy metals like copper, arsenic, lead, cad-mium, mercury, nickel, and cobalt and certain auxiliary chemicals all collectively make the te-xtile effluent highly toxic. Other harmful chem-icals present in the water may be formaldehyde based dye fixing agents, chlorinated stain remo-vers, hydro carbon based softeners, non bio deg-radable dyeing chemicals. These organic mate-rials react with many disinfectants especially chl-orine and form by products (DBP'S) that are often carcinogenic and therefore undesirable. Many of these show allergic reactions. The colloidal mat-ter present along with colors and oily scum in-creases the turbidity, gives the water a bad ap-pearance and foul smell and prevents the pene-tration of sunlight necessary for the process of photosynthesis. This in turn interferes with the Oxygen transfer mechanism at air water interface which in turn interferes with marine life and self purification process of water. This effluent if al-lowed to flow in the fields' clogs the pores of the soil resulting in loss of soil productivity. If allowed to flow in drains and rivers it effects the quality of drinking water in hand pumps making it unfit for human consumption. It is important to remove these pollutants from the waste waters before their final disposal.
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The purpose of this paper is to analyse two current trends in the fashion market: ethical issues and throwaway fashion, and probe the attitude-behaviour gap between them. Using depth interviews with 10 young urban consumers, findings reveal a clear and large gap between positive attitudes toward ethical fashion but no actual consumption of such fashion. Consumers blamed price, affordability, and a lack of ethical fashion in mainstream markets and media, whilst the rich data revealed a detachment phenomenon where consumers shifted responsibility to third parties. Implications for marketing and consumer behaviour are presented.
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In some circles, “fast” has become a proxy for a type of fashion that epitomizes ideas of unsustainability; yet high speed is not in itself a descriptor of unethical and/or environmentally damaging practices but a tool that is used to increase sales and deliver economic growth with attendant ecological and social effects. Questions about speed probe deeply into the economic systems, business models, and value sets that underpin the fashion sector today and which profoundly shape its sustainability potential. In this article, ideas and practices of the lexicographical opposite to “fast,” i.e. slow culture, are framed as an opportunity to begin to engage better with systems-level questions in the fashion sector in order to build deeper and longer-lasting change towards sustainability.
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A meeting dedicated to UK Sea Level Science was held on 16–17 February 2004 at the Royal Society. It was supported by the Proudman Oceanographic Laboratory (POL) and the Department for Environment, Food and Rural Affairs (Defra), and was attended by many of the UK's sea-level scientists, together with a number of invited experts from abroad. The first aim of the meeting was to launch the UK National Tidal and Sea Level Facility (NTSLF), the work of which at POL and at the British Oceanographic Data Centre is funded in large part by Defra. The NTSLF is responsible for the continuous monitoring of sea-levels around our coasts by the National Tide Gauge Network, for the efficient acquisition, quality control and distribution of data from the network, for the design and operation of a national network for land level monitoring in collaboration with the University of Nottingham, and for the development and maintenance of the storm surge and tide models which are used by the Storm Tide Forecasting Service at the Met Office. A second aim of the meeting was to enjoy a ‘Celebration of UK Sea Level Science’. The UK has a large, extended Sea Level Science community, with wide expertise encompassing themes such as climate change, oceanography, glaciology, geology, geodesy, coastal engineering and the socio-economics of coastal zones. As there had been no major UK meeting for some years which brought together scientists from the many different themes, we took the opportunity of holding one alongside the NTSLF launch. The lead speaker was Prof. John Lawton, Chief Executive of the Natural Environment Research Council, of which POL is a component, who presented an overview of Earth System Science, placing sea-level change in a wider environmental context. He was followed over the next two days by over 35 speakers and poster presenters (see www.pol.ac.uk/ntslf/news002.html for details). Most contributors agreed to provide papers for the present volume. An invited speaker was Dr Christian Le Provost, former Director of the Laboratoire d'Etudes en Géophysique et Océanographie Spatiale (LEGOS), Toulouse, who presented the topic of sea-level observations within operational oceanography. Christian died two weeks after the meeting. He was one of the world's foremost ocean tide modellers and a leader of a number of oceanographic and Earth observation programmes. He had recently become Chairman of the Global Sea Level Observing System (GLOSS). He was also a good friend to his many colleagues in the UK. I am delighted that a paper related to Christian's presentation has been written by his co-workers and is included in this volume. These papers cannot cover the full range of UK Sea Level Science but they do provide a good sampling. It is important to realize that the bulk of them present original research and are not review papers. No doubt their authors would be pleased to provide interested readers with additional references on their areas of work. • © 2006 The Royal Society