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Transformations of practices and perceptions of graffiti in cities: From urban transgression to commercialized art

Authors:

Abstract and Figures

The COVID-19 pandemic has changed the teaching-learning process at all different levels of education, as well as it has changed people's lives around the world. Introduction: We have carried out this research with students of Information and Security, a subject taught in two university degrees at Extremadura University. For that purpose, we have used and analysed the data collected from the academic year 2012-13 to the current year 2021-22. Purposes: By using the validated SEEQ survey, our goal will be to prove whether there has been a significant change in the teaching-learning process since the COVID-19 pandemic in higher education, in particular in the field of Computer and Telematics Engineering. Methodology: A statistical analysis of the results of the SEEQ survey was carried out employing the SPSS programme. For this, all the data collected have been divided into two large groups, one called pre-pandemic (with the data related to the year 2019-20) and the other one called post-pandemic (with the data corresponding to the two subsequent years). Results: The statistical analysis of the data requires the usage of non-parametric tests since the conditions of normality are not met in the Kolmogorov-Smirnov and Shapiro-Wilks tests. Consequently, we have applied the Mann-Whitney U methodology, wherein in all cases, the result obtained retains the null hypothesis, which indicates that the changes are not significant. Conclusions: The general conclusion of this research is that, if the average of all categories of the SEEQ survey continues to increase, this change is not statistically significant. It is also very important to underline that the mean of all categories is above the mean on the Likert scale; in fact, the vast majority are around 4 points out of 5, which is a very positive result.
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Transformações das práticas e
percepções do graffiti nas cidades:
de transgressão urbana a arte
comercializada. 1
Raquel da Silva Bastos, Sávio Tadeu Guimarães,
Manuel Garcia Docampo
Resumo: O presente estudo tem como foco de análise a expressão artístico-cultural do
graffiti abordado a partir de uma pesquisa iniciada na cidade de Brasília. Entre os
objetivos se destaca a busca por assimilações dessa modalidade de expressão nas
cidades, nos espaços públicos de suas paisagens urbanas e, mais recentemente, em
ambiências privadas. Como método da abordagem qualitativa adotada na condução
do estudo, foi sistematizada uma diretriz investigativa que, inicialmente, perpassou ao
referencial teórico utilizado sobre o objeto temático uma identificação e categorização
de três grupos sociais distintos no que se refere à sua relação com as intervenções
realizadas no espaço público e privado por meio das expressões em graffiti; em
seguida, foi elaborado um instrumento misto, voltado às assimilações do graffiti por
parte dos três grupos de atores sociais em questão e, por fim, a aplicação dessa
ferramenta e a posterior análise de seus dados amparada no aporte teórico
inicialmente utilizado permitiram o alcance de resultados esperados, como a
identificação de similaridades e distinções no que diz respeito à assimilação do graffiti
pelos sujeitos participantes da pesquisa. Além das reflexões vinculadas tanto à
literatura especializada sobre a temática do graffiti quanto à sua normativa em nossa
localidade de estudo, consideramos ter sido também substancial para o
direcionamento da investigação as reflexões complementares que pudemos acrescer
ao estudo por meio das respostas do público participante. Estas nos permitiram
ultrapassar a objetividade de um estudo sobre o tema na atualidade ou em uma
localidade e percebê-lo a partir das nuances subjetivas dos grupos de atores que, de
algum modo, transformam e são transformados por esse campo e que foram sensíveis
à atenção a eles solicitada sob circunstâncias tão específicas e difíceis como as
vivenciadas por todos desde 2020.
Palabras clave: Graffiti; arte urbana; investigação qualitativa; atores sociais.
Transformations of practices and perceptions of graffiti in cities: from urban
transgression to commercialized art.
Abstract: The present study focuses on the a rtistic-cultural expression of graffiti
approached from a research initiated in the city of Brasília. Among the objectives,
these archfor assimilation of this modality of expression in cities, in the public spaces
of their urban landscapes and, more recently, in prívate environments stands out. As a
method of qualitative approach adopted in conducting the study, an investigative
guide line was systematized that, initially, permeated the theoretical framework used
on the thematic object with an identification and categorization of three distinct social
groups with regard to their relationship with the interventions carried out in the public
and prívate space through graffiti expressions; then, a mixed questionnaire aimed at
the assimilation of graffiti by the three groups of social actors in question was
elaborated and, finally, the application of this tool and the subsequent analysis of its
data supported by the theoretical contribution initially used allowed the reach of
expected results, such as the identification of similarities and distinctions regarding the
assimilation of graffiti by the groups of actors participating in the research. In addition
to the reflections linked to both the specialized literatura on the subject of graffiti and
its regulations in our study location, we consider that the complementary reflections
that we were able to add to the study through the responses of the participating public
were also substantial for directing the investigation. Allowed us to go beyond the
objectivity of a study on the subject at present or in a locality and perceive it from the
subjective nuances of the groups of actors that, in someway, transform and are
transformed by this field and that were sensitive to the attention to them requested
under circumstances as specific and difficult as those experienced by every one since
2020.
Keywords: Graffiti; urban art; qualitative research; social actors.
ISSN: 2184-7770
Volume 14
Investigação Qualitativa em Ciências Sociais: Avanços
e Desafios// Investigación Cualitativa en Ciencias
Sociales: Avances y Desafíos
DOI: https://doi.org/10.36367/ntqr.14.2022.e623
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1.Introdução
Buscar assimilações da cidade, seja de seu espaço público ou privado, vai de encontro a interpretações
que, em maior ou menor grau, perpassam as paisagens onde se fazem presentes as mais variadas
expressões culturais e artísticas, sejam elas constituintes da caracterização de uma cidade, sejam elas a
própria cidade vista como um produto sociocultural, conforme muito vem sendo considerado
(Argan, 2005; Manguel, 2001; Wisnik, 2018). Entre tantos focos de análise possível, na atualidade, não
há como não nos atentarmos, por exemplo, à manifestação artístico-cultural do graffiti, expressão que,
em sua origem, constituiu o Movimento Hip-Hop, iniciado nos anos 1960, em Nova Iorque, por grupos
periféricos da cidade que utilizavam as artes envolvidas (DJ, RAP, Break Dance, Graffiti) como agente
político e social.
Por consequência de seu surgimento suburbano, o movimento foi marginalizado e até criminalizado; no
Brasil, em 1998, houve sanção do graffiti pelo Art. 65 da Lei 9.605, de 12 de fevereiro, que
criminalizava graffiti e pichação, podendo sua produção resultar em uma multa e detenção de 3 a 12
meses de prisão. Todavia, em 25 de maio de 2011 foi instituída a Lei n°12.408, que alterou o Art. 65 da
Lei n° 9.605 descriminalizando o graffiti, uma vez que este fosse realizado com intuito de “revitalizar” e
“valorizar” o patrimônio público.
Este artigo resulta de uma pesquisa idealizada a partir da soma das experiências vivenciadas pela
coautora no âmbito das práticas de graffiti aos interesses investigativos dos demais coautores,
provenientes de campos profissionais distintos, mas vinculados a este universo que vem se
configurando como um dos segmentos artístico-culturais contemporâneos de grande expressão e
múltiplos significados.
Para proceder tal exercício investigativo, a partir de uma ampliação do referencial teórico inicialmente
utilizado como fonte de aprofundamento das considerações sobre o objeto temático, foi pensado como
um procedimento de conhecimento complementar a identificação de sujeitos participantes de grupos
sociais distintos no que se refere à sua relação com as intervenções realizadas, seja no espaço público
ou privado, por meio das expressões em graffiti. Posteriormente, a realização de uma pesquisa sobre as
percepções dessa modalidade de expressão artística partindo desses distintos grupos permitiu ampliar
as reflexões sobre o objeto, seu campo e sujeitos correlacionados ao tema.
Ao evidenciar e correlacionar pontos de vista de vários atores ou agentes de algum modo envolvidos no
âmbito desta expressão artístico-cultural (grafiteiros, patrocinadores de graffiti e o público receptor) foi
possível, de fato, ampliar a reflexão sobre como as noções sobre esta expressão artístico-cultural se
vincula a imaginários e expectativas por vezes distintas no que se refere ao graffiti expresso no espaço
público e aquele expresso no espaço privado; nos aproximamos, assim do alcance do objetivo lançado,
identificar assimilações do graffiti por tais grupos nestas duas categorias espaciais. Numa linha de mão-
dupla também foi possível perceber como artistas vinculados a essa modalidade de expressão
inicialmente contestatória mantêm sua visão artística mesmo nos casos de expressões no espaço
privado mediante trabalhos encomendados ou patrocinados, ao passo que a percepção da opinião
pública (sejam patrocinadores ou espectadores) vem sendo alterada gradativamente no sentido de uma
assimilação mais favorável à expressão do graffiti como arte.
De certo modo, permeou a condução de nosso caminho de pesquisa aquela consideração feita por
Arendt (2007), em seu célebre A Condição Humana, de que o ambiente público é incapaz de abrigar o
irrelevante. Partilhando dessa consideração, podemos conjecturar que uma intervenção urbana como a
do graffiti pode até passar despercebida no dia-a-dia da maioria das pessoas, entretanto, a
subjetividade inerente aos afetos e à memória sempre permitirá o acionamento de gatilhos pessoais ou
coletivos em diversas escalas; e quando consideramos as obras de graffiti monumentais e/ou
impactantes e/ou elaborados por nomes céleres, estes podem vir a serem assimilados até mesmo
como pontos de referência de uma localidade, como tem acontecido mundo afora.
no meio privado, o graffiti tem sido levado para tal ambiente geralmente sendo associado às artes
plásticas e sob temáticas serenas, o que permite uma valorização de sua dimensão estética ao passo que
contribui para o esvaziamento das tantas intenções trazidas por tal expressão em sua origem como arte
urbana, provocativa/transgressora e gratuita/acessível. Sob esse contexto, no presente estudo,
pautando-nos nessas e outras dimensões do graffiti, assimilado como uma expressão artístico-cultural,
podemos nos aproximar de opiniões sobre tal expressão que se divergem no que tange à sua
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intencionalidade, à sua realização, seja na esfera pública ou privada, assim como aos seus
desdobramentos no contexto espacial onde é realizado.
2.De Nova York a Brasília algumas considerações sobre o Graffiti
Uma das questões que se colocam com mais frequência e cuja resposta não é
evidente, é a seguinte: «quem é o público das mensagens que encontramos nos
muros da cidade?» Aparentemente, o público do graffiti não é muito diferente
daquele a que se dirigem as mensagens publicitárias. Ou seja, pretende chegar a
todos, embora alguns se sintam verdadeiramente inspirados ou tocados por
aquilo que vêem e lêem (Campos, 2007, p. 256).
As opiniões sobre a origem do graffiti são divergentes. Para entender essa divergência pode ser
coerente identificá-lo de duas maneiras, a primeira como ato de “se comunicar” e a segunda como ato
de “transgredir”; essas duas definições se fazem mais pertinentes, obviamente, se consideradas como
complementares. Se pensarmos em sua dimensão de comunicação, o graffiti teria seus primeiros
registros na Pré-história. Contudo, se considerarmos o graffiti sobretudo pela ação de transgressão que
o caracteriza, tal expressão talvez tenha mesmo seus primeiros registros em 1942, com o artista KILROY,
que participou da Segunda Guerra Mundial e se tornou célebre após escrever em suas bombas a
expressão “KILROY WAS HERE”. Mas foi nos anos 1970 que o graffiti ganhou força na cena norte-
americana, especialmente em Nova Iorque, onde crescentemente vários jovens passaram a “marcar” tal
cidade com graffitis, personagens ou letras. E, a partir de então, esse fenômeno de ocupar o espaço
urbano foi se popularizando tanto pelo sentido comunicacional como pelo ato de transgredir, passando
a ocupar não apenas o espaço público como o privado e ganhando, cada vez mais, relevância cultural,
assim como, gerando situações e registros diversos (Silver, 1983; Tomaz, 2010; Mesquitae Valiengo,
2011; Silva, 2014; Queiroz, 2018). Cabe ressaltar, no âmbito dessas transformações, que os impasses em
tentativas de conceituação de caráter universalizante sobre o graffiti também se justificam por suas
reassimilações crescentes (Blanco e Souza 2020; Goulart, 2017; Fontes, 2012), seja pela dimensão
educativa assumida pelos mesmos, seja pela dimensão de efemeridade a ele vinculada sobretudo em
suas origens e que vem assumindo um caráter de permanência no espaço sobre o qual foram criados
em razão de muitas de suas representações mais emblemáticas se consolidarem como marcos ou
marcas, sejam essas obras de graffiti insurgentes ou patrocinadas.
Sob esse contexto, o que se pode afirmar é que o graffiti vem, de fato, se difundindo globalmente,
desde a internacionalização de nomes como os de Jean-Michel Basquiat e Keith Haring até à recente
midiatização de obras como as dos brasileiros Kobra e Nina Pandolfo, da equatoriana Lady Pink, do
português Vhils, dos espanhóis Arys e La Tonta del Bote, dos iranianos Know Hope e Shamsia entre
tantos outros, além, evidentemente, dos ingleses tão célebres quanto anônimos em sua identidade,
Bambi e Banksy. Ressaltemos ainda as espacialidades urbanas crescentemente ressignificadas pela
presença massiva de graffiti elaborados por autores diversos como, por exemplo, o chamado “Beco do
Batman”, na cidade de São Paulo, ou os mirantes demarcados pelo Circuito Urbano de Arte (CURA) em
Belo Horizonte para a visualização de obras de graffiti expressas nas medianeiras dos edificios do centro
da cidade, além de casos internacionais, como o museu a céu aberto criado pela Oficina Municipal del
Grafiti ao promover mais de quarenta obras na cidade espanhola de Múrcia, ou a própria cidade chilena
de Val Paraíso, onde o graffiti agregou novos interesses à característica arquitetura vernacular da
localidade. Decerto, desde as primeiras experiências nova-iorquinas, o grafitti deixou de ser apenas um
fenômeno local tornando-se uma das mais fortes expressões da arte contemporânea mundial, que
agora faz o caminho inverso da arte institucionalizada dos museus que, no século XX, buscava o espaço
público a partir de seus porta-vozes mais inquietos que geraram linhas como a da Land Art por exemplo.
Sob tais transformações na esfera do fenômeno investigado, cabe ressaltar, ainda, que pelo advento das
redes sociais, exponencia-se a possibilidade de nos aproximarmos ou “enxergarmos” mais conteúdos
mesmo não estando presente, por exemplo, no local onde se encontra a obra original, ainda que se pese a
já tão debatida questão da originalidade e sua cópia (Benjamin, 1987).
O fato é que, também por essa razão, o graffiti vem se popularizando e alcançando diversos grupos sociais
que não só passaram a naturalizar a obra, como também o estilo de vida do artista urbano e seu caráter
transgressor em suas origens que, como tantas expressões, vem sendo integrado dinâmicas do sistema de
produção capitalista.
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Tratando aqui do graffiti a partir de obras diversas executadas numa localidade específica, a cidade de
Brasília, local de origem da pesquisa que ensejou este artigo e que tem sido o espaço de expressão
artística de um de seus autores (Figuras 1 e 2), assim como de muitos outros artistas locais (Figuras 3 e
4), de artistas célebres mundialmente (Figura 5), uma cidade que promove até mesmo exposições
sobre graffiti (Figura 6), se faz pertinente ressaltar algumas considerações após esse breve panorama
visual do graffiti em Brasília.
Figuras 1 e 2. Produção do graffiti ‘Não’, de Raquel Bastos (Dama), no Beco do Rato, em Brasília.
Fonte. Rede social da autora do graffiti.
Figura 3. Graffiti de Bass, no Beco do Rato em Brasília.
Fonte. Rede social do autor do graffiti.
Figura 4. Graffiti de Toys, em área urbana de Brasília.
Fonte. Rede social do autor do graffiti.
Figura 5. Graffiti de Os Gêmeos, em viaduto de Brasília.
Fonte. <https://www.google.com/search?q=grafite+os+
gemeos+em+bras%C3%ADlia&sxsrf=APq-WBuwliY->
Figura 6. Exposição Graffiti no Museu da República, Brasília.
Fonte. <http://www.olharbrasilia.com/2017/06/16/
mundez/>
De início, devido à configuração urbana desta cidade, o graffiti dialoga com o espaço urbano de modo
às vezes distinto de outras cidades. Uma característica urbana de Brasília que, por exemplo, influencia
a cultura do graffiti é a presença de grandes espaços vazios.
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A horizontalidade da cidade “sem muros”, pontuada por elementos monumentais marcados por uma
forte dimensão artística patrimonializada e por fortes forças de poder e, vigilância ali onipresente,
dificulta, decerto, intervenções de graffiti ou de tantas outras expressões artístico-culturais não
autorizadas por um poder institucionalizado. Contudo, nos tantos interstícios da cidade, entre seus
muitos vazios urbanos, difundem-se expressões de graffiti, assim como em espaços de seu subsolo
menos vigiado ou menos (re)conhecido por tantos (Lannes, 2017; Zarur, 2017; Magon, 2019).
Sob o contexto particular de Brasília, também se faz pertinente pontuar que a Secretaria da Cultura do
Distrito Federal promove editais que apóiam os artistas urbanos. Entre esses incentivos estão o projeto
Obra a Frente, que formulou uma plataforma que conecta, de um lado, habitantes que querem ter o
exterior de suas propriedades pintados e, de outro lado, artistas que estão à procura de espaços
urbanos para intervir com seu trabalho. Esses editais surgiram após a movimentação dos artistas contra
a Lei Distrital n° 6.094/2018, que punia grafiteiros e pixadores em valores a pagar caso pintassem
espaços públicos sem autorização. Especificamente, foram cerca de 50 grafiteiros e grafiteiras que se
reuniram e apresentaram contra-propostas em relação a tal lei e, a partir daí, foi elaborado um decreto
de valorização do graffiti no Distrito Federal o Decreto n° 39.174/2018 que prevê um encontro de
graffiti por ano e, desde então, ocorreram três encontros, o primeiro nas entradas do Parque da Cidade,
o segundo na Comunidade do Sol Nascente e o terceiro no Setor Comercial Sul.
Ao considerarmos as cidades como uma resposta a práticas e representações culturais específicas
(Chartier, 1988; Arantes, 2000), ressaltam-se as peculiaridades de cada cidade. Nesse sentido, tendo
como foco os espaços grafitados de uma cidade tão específica como Brasília, ainda que seja pertinente
evidenciar as particularidades brasilienses vinculadas ao âmbito do graffiti ressaltadas acima, questões
gerais vinculadas ao universo do graffiti também são ali percebidas. Considerações e constatações como
essas, vinculadas à expressão artístico-cultural do graffiti e a sua presença na cidade de Brasília, nos
instigaram, sobremodo, a reflexão acerca de que fatores influenciam “a viabilização, a produção e a
fruição das obras de graffiti, assim como, evidentemente, que atores sociais podem ser considerados
mais diretamente envolvidos a essas vertentes de consideração do graffiti e, ainda, como as obras de
graffiti tem sido por eles assimiladas em espaços públicos e privados.
3.A construção de um caminho metodológico
O objetivo é uma compreensão detalhada das crenças, atitudes, valores e
motivações, em relação aos comportamentos das pessoas em contextos sociais
específicos (Gaskell e Bauer, 2003, p.65).
3.1 Sobre os sujeitos acionados na investigação do fenômeno
Se partirmos de uma abordagem qualitativa de investigação, tanto o pensamento condutor do estudo
quanto sua estruturação ou sistematização podem se configurar sob essa base de raciocínio e ação
atentas a realidades múltiplas, ao empírico, às diferenças. No presente estudo, ancorado na temática do
graffiti, podemos evidenciar que são muitos os modos possíveis de se aproximar da cultura que envolve
uma expressão de caráter artístico manifesta em um determinado lugar, desde os crescentes estudos
produzidos sobre o tema (Quemin, Fialho e Moraes, 2014; Coelho, 2009), a roteiros ou derivas (Debord,
1997) pela cidade que nos permitam perceber como tal expressão artístico-cultural ocupa uma cidade e
interage com seu meio urbano específico. Obviamente, se a subjetividade inerente a uma obra do gênio
criativo humano legitima nossa liberdade interpretativa, no caso da arte urbana, tão vinculada à
efemeridade de um meio em constante mudanças e atualizações, essa possibilidade é potencializada
sobremodo e multiplicam-se as interpretações, “não somos espectadores urbanos, mas sim atores que
continuamente dialogamos com seus muros” (Canevacci, 1993, p.22).
E em meio a esse diálogo, ou possíveis diálogos, ao nos aproximarmos do campo do graffiti, foi que
consideramos pertinente uma atenção a atores sociais ou agentes comunicadores, participantes diretos
desse processo.
Ainda que vários outros grupos interventores ou críticos da espacialidade urbana pudessem ter sido
considerados como os sujeitos a serem inquiridos nesta pesquisa, tal como arquitetos e urbanistas,
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geógrafos, sociólogos e críticos de arte, por exemplo, optou-se por dar voz a outros grupos que não
tendem a ter suas vozes ouvidas em muitas investigações sobre o tema e que consistem em grupos de
participantes representativos de três universos de narrativas fundamentais para a exploração ampliada
do objeto: atores executores do processo; autores do objeto e atores receptores do objeto. Mas
cabe ressaltar que as vozes de atores dos campos profissionais acima elencados também se encontram
aqui presentes em razão de boa parte das referências bibliográficas utilizadas nesta pesquisa como
auxílio na compreensão da temática vir, justamente, de autores desses referidos campos.
Assim, entre outras possibilidades de categorização, consideramos profícua aos objetivos da
investigação considerar três grandes grupos de atores passíveis de auxílio na reflexão sobre a esfera do
graffiti, ainda que tais atores possam figurar em mais de grupo ao assumir mais de um papel no campo.
Dessa maneira, inicialmente, consideramos como pertinente para o melhor entendimento do campo,
uma atenção ao “artista”, criador da arte, que a idealiza por intenções diversas, em seguida,
consideramos o “público” em geral que visualiza o graffiti em algum lugar, aquele espectador que pode
se tornar um fruidor de uma obra ou que simplesmente se depara com uma obra pela cidade em seu
percurso casual ou cotidiano e, consideramos também, como um grupo de atores eventual, o
“patrocinador” dessa arte, que hoje se faz presente em muitos casos na figura, por exemplo, de um
comerciante ou instituição de fomento à arte e cultura. Além do referencial bibliográfico de aporte, a
prática e experiência prévias da primeira coautora deste artigo, como artista grafiteira, auxiliou,
substancialmente, nas percepções iniciais dos meandros do campo até que a participação mais direta
deste grupo de atores foi trazida ao estudo por meio do instrumento de participação adotado, base para
uma abordagem de base qualitativa passível de expressões pessoais dos inquiridos sobre o fenômeno
investigado.
Tendo considerado este grupo de atores sociais para direcionar suas falas aos objetivos traçados pela
pesquisa identificar a assimilação desses sujeitos sobre o graffiti em espaços públicos e privados o
caminho metodológico seguiu em direção à escolha dos procedimentos possíveis para acioná-los ou
“trazê-los” à participação na pesquisa. É fato que campos de conhecimento, como o da própria
investigação científica, estão cada vez mais abertos a experimentações voltadas a ampliar ou a se
aproximar da realidade específica sobre a qual se concentram seus esforços de pesquisa. Partindo de
um instrumental tradicional ou não, utilizando-os presencialmente ou de modo remoto pelas
possibilidades tecnológico-informacionais e pelas necessidades em um momento pandêmico, o
procedimento de investigação gerador do estudo aqui apresentado, ainda que tenha permeado dados
quantitativos e qualitativos em um dos momentos da análise, se constituiu sob uma base qualitativa
tanto em sua estrutura configuradora quanto em suas várias fases de condução ou de direcionamento.
Sabemos que questionários e entrevistas, como outras ferramentas acionadas em uma investigação
possuem papel de relevância na elaboração de uma pesquisa de base qualitativa, atenta a realidades
particulares, “a entrevista qualitativa, pois, fornece os dados básicos para o desenvolvimento e
compreensão das relações entre os atores sociais e sua situação” (Gaskell e Bauer, 2003, p.65).
Ainda que de uma entrevista presencial, como inicialmente idealizado, tenha sido considerada
problemática por ocasião da pandemia de COVID-19 e cronograma a seguir em 2020 sob um edital de
pesquisa, foi buscada uma opção metodológica considerada pertinente para minimizar as alterações e
se direcionar ao alcance dos objetivos propostos na pesquisa geradora deste artigo. Nesse contexto,
dentro do universo amostral alcançado, de 86 sujeitos participantes da pesquisa mediante plataformas
online que responderam ao questionário misto, idealizado sob uma configuração de perguntas fechadas
e abertas. A partir dessas respostas que complementaram a base de conhecimento e dados conformada
inicialmente por referências bibliográficas, pudemos analisar, de modo geral, em que pontos as opiniões
dos três grupos de atores sociais distintos entram em concordância ou não e, particularmente, nos foi
possível analisar como essas opiniões influenciam na formação de um senso comum sobre graffiti e sua
presença no espaço público e privado, entre outras questões abordadas pela crítica especializada e
literatura sobre o tema ou que emergiram entre as respostas dos próprios inquiridos.
Quanto às questões eventualmente trazidas pelos participantes, sua possibilidade se fez presente a
partir da estrutura semi-aberta adotada no instrumento de participação social configurado na pesquisa
por meio do questionário misto tanto no ‘formato das questões lançadas’ quanto na ‘tipologia de
respostas possíveis’: fechadas em sua primeira parte, mas abertas em sua parte final.
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Este questionário misto, adotado como instrumento de coleta de dados, possibilita diminuir-se a rigidez
da estrutura de um questionário com questões fechadas, uma vez que perguntas abertas permitem
maior flexibilidade nas respostas do público inquirido, o qual, dessa maneira, pode fornecer dados para
uma investigação qualitativa considerando a possibilidade de expressão de valores, sentimentos,
percepções e expectativas em relação ao fenômeno investigado (Creswell, 2021; Minayo, 2011; Guerra,
2006; Mello, 2004).
Tendo sido a investigação qualitativa considerada pertinente para o alcance dos objetivos almejados, a
pesquisa que desenhamos segue uma estratégia híbrida, incorporando elementos quantificáveis a uma
abordagem básica puramente qualitativa, ou seja, elementos quantificáveis qualificados pela expressão
voluntária dos sujeitos participantes da pesquisa. A abordagem, como primeiro passo relevante que
define a metodologia a ser seguida (Taylor e Bogdan, 1992), é qualitativa. O procedimento de
amostragem é qualitativo, baseado na seleção de narrativas dos três tipos de atores presentes diante do
objeto estudado. Para tanto, segue-se o modelo ator-processo-objeto (Latour, 2005), distinguindo os
três papéis mencionados e diferenciados: o ator patrono que promove o processo; o ator executor do
processo e autor do objeto e, por fim, o ator receptor, que percebe, a partir de uma ampla gama de
posições, valorizando ou não o objeto grafitado. Assim, trata-se de criar uma caixa tipológica com base
nas variáveis independentes que estruturam a percepção desses participantes sobre a realidade/objeto
estudado.
Dessa maneira, a coleta de dados resulta da combinação de dados quantitativos e qualitativos
permitindo que a análise dos dados seja realizada à luz dos conteúdos dos discursos e dos dados
quantificáveis obtidos. Essa coleta de dados combina itens discretos com perguntas não estruturadas,
resposta livre e ampla. Dessa forma, é possível que, na fase analítica, algumas sínteses quantificadas
sejam adicionadas às informações fornecidas por cada narrativa, o que permite observar o peso de cada
discurso. O valor, porém, é qualitativo, pois não amostragem estatística; é de natureza
hermenêutica, algumas vezes sintetizada em gráficos claramente inteligíveis em uma leitura rápida
(Heller e Feher, 1989). o processo de codificação dos dados assim adquiridos, foi trabalhado pelos
três investigadores participantes da pesquisa segundo uma abordagem indutiva na busca de fatos
auxiliares na compreensão do objeto (Marconi e Lakatos, 2019).
Foi a partir dessas premissas da pesquisa de base qualitativa, que se procedeu a elaboração do
instrumento de indagação aos três grupos de participantes buscados, com trechos específicos para a
identificação e expressão de cada um dos três grandes grupos sociais categorizados no estudo como os
mais abrangentes no âmbito do objeto analisado e, também, passíveis de entregarem respostas aos
questionamentos idealizados inicialmente, que direcionaram as investigações. Esses três grandes grupos
de atores sociais, os artistas urbanos, os patrocinadores de suas obras e o público espectador-fruidor de
suas obras, foram acionados no ano de 2020 tendo como base questões passíveis de contribuírem na
construção do conhecimento do campo, que se configurou inicialmente por referências bibliográficas
afins.
Cabe especificar que um único questionário foi utilizado para os três grupos de sujeitos vinculados ao
fenômeno, tendo sido tal instrument configurado, de início, a interpretações gerais sobre a temática do
graffiti e, em seguida, por indagações específicas a grupos distintos que poderia trazer à luz
peculiaridades do grupo nesse último caso, deixando ao participante da pesquisa (identificado por
nome e e-mail, faixa etária e cidade) a possibilidade de responder, além das questões gerais, aquelas
específicas à categoria ou categorias em que se via inserido. Tal procedimento permitiu diferenciá-los e,
consequentemente, realizar uma triagem dos mesmos em relação aos três grupos categorizados e
buscados como fonte de informação e reflexão.
Também cabe ressaltar que esse instrumento utilizado para alcançar a desejada confiança e
participação de atores sociais evidenciou aos mesmos, em seu Termo de Consentimento inicial, que os
procedimentos adotados na pesquisa obedeceriam aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres
Humanos conforme Resolução n° 466/12 do Conselho Nacional de Saúde com aprovação do Comitê
de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de Brasília, instituição que a promoveu em seu
programa anual de Pesquisas, entre 2019 e 2020.
E quanto à confiança nos dados dos inquiridos, uma vez que o instrumento foi lançado online, sua
distribuição partiu, inicialmente, para grafiteiros de Brasília e promotores de graffiti locais buscando
garantir a presença/participação desses atores da localidade na pesquisa e, em seguida, a distribuição
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seguiu para um público indistinto, buscando o terceiro grupo de atores, por meio de seu
compartilhamento em redes sociais diversas durante um período de quatro meses.
Entre tantas informações almejadas foram indagadas aos participantes questões sobre sua eventual
percepção em relação às intervenções urbanas na cidade ao percorrer tal meio, quais tipologias de
intervenções de caráter artístico mais se lembra de ter visto, assim como as motivações que considera
como principais para um artista intervir em um espaço público e em um espaço privado por meio de
obra de grafitti. A partir dessa condução do participante ao tema da pesquisa então realizada, o graffiti,
as perguntas se concentraram em tal temática buscando saber do participante sua compreensão e
opinião em relação às intervenções realizadas por meio de graffiti, tendo como parâmetro de auxílio
opções fechadas (arte, atividade de caráter social, comunicação, publicidade, poluição visual, crime) e
abertas de modo a oferecer maior liberdade ao participante em sua resposta.
Buscando se aproximar, dentro do possível, do atual debate sobre o graffiti em seu tradicional espaço
urbano e suas crescentes expressões em espaços privados, foi solicitado ao público participante,
inicialmente, sua opinião sobre um eventual valor agregado a uma obra em relação ao local onde é
exposta e, em seguida, foram apresentadas ao público, neste instrumento acionado virtualmente,
algumas obras de graffiti realizadas em local público e em local privado, buscando, neste momento da
participação, sua opinião, inclusive, se tais obras seriam percebidas da mesma maneira no caso de
serem realizadas em um ambiente privado ou público, e vice-versa.
Por fim, foi perguntado ao participante a sua relação com graffiti permitindo a identificação do grupo de
atores sociais categorizados no estudo (alguém que pratica graffiti, alguém que já encomendou trabalho
de um grafiteiro para seu espaço ou financiou algum trabalho afim, alguém que tem observado obras de
graffiti em seu percurso pela cidade independente de seu interesse pelo tema). Foi a partir desse
momento que perguntas específicas buscaram ampliar a atenção dada a estes três grupos. Como
pergunta para o público receptor de uma obra de graffiti no espaço público ou privado (incluindo os
artistas e patrocinadores), foi solicitada, por exemplo, sua opinião sobre o potencial de uma obra de
graffiti em alterar a identidade visual do local onde é realizado. Como pergunta específica aos
patrocinadores de graffiti, foi solicitada, por exemplo, sua opinião sobre a eventual agregação de valor
(comercial, cultural, afetivo, etc) ao local. Como pergunta específica para artistas grafiteiros, foi
indagado, por exemplo, sua opinião sobre a intencionalidade de suas obras e seu conhecimento sobre
legislações e incentivos em relação às intervenções realizadas por meio de graffiti.
3.2 Sobre as análises e reflexões processadas
Como parâmetros gerais para a análise aqui sintetizada e apresentada com apoio das respostas dos
sujeitos participantes da pesquisa, explicitamos, de início, que foram preservados suas identidades. A
faixa etária predominante das respostas figurou entre 18 a 35 anos, seguida pela referência de 36 a 50
anos; sob esse parâmetro de análise, ainda que o graffiti seja uma expressão jovem tanto
historicamente quanto em relação à sua temática, favorecendo, a principio, uma compreensão imediata
desse perfil do público interessado em participar da pesquisa, há que se considerar, também, o meio
utilizado para o acesso ao instrumento de pesquisa, que em razão da pandemia se conformou
exclusivamente por plataformas digitais de redes sociais, meio que também apresenta um número de
jovens mais atuante. Brasília, cidade onde se desdobrou este estudo e de onde partiram os
questionários virtuais, concentrou o maior número de respostas, assim como outras Regiões
Administrativas do Distrito Federal e a grande cidade de São Paulo, que também apresentou um
percentual significativo de respostas Osasco, Resende e Fortaleza também figuraram entre as
respostas ampliando essa participação dos atores sociais que complementaram a pesquisa.
A pergunta mais genérica, referente ao espaço urbano e à percepção das intervenções pela cidade,
atingiu um percentual substancialmente afirmativo, reforçando as considerações gerais e os dados
específicos da literatura afim sobre o crescimento das obras de graffiti nas cidades.
De fato, a presença crescente do graffiti no espaço urbano, por características específicas como seu
número crescente, sua grande escala e sua influência cada vez maior, dificulta uma invisibilidade dos
mesmos por parte dos transeuntes da cidade contemporânea.
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Cabe ressaltar que, nesse crescimento de tal prática artístico-cultural, seus espaços de expressão
também se diversificam, daqueles deixados à margem do desenvolvimento citadino e ocupados pelo
graffiti inicialmente (como as superfícies de muros abandonados, empenas cegas de edifícios e as
estruturas de viadutos) àqueles hoje revitalizados a partir do graffiti ou revitalizados tendo essa
expressão como uma das intervenções ali implementadas como estratégia a uma ideia de requalificação
espacial. A fala de muitos dos inquiridos se vinculou a um caráter enobrecedor dado pelas obra de
graffiti aos locais onde os visualizaram: “(…) os que ficam ao longo da EPTG[Estrada Parque Taguatinga
Distrito Federal] sempre me chamam atenção, acho que de uma certa forma dão ‘vida’ ao camino”
(Inquirido 38, 2020); Muitas delas [obras de graffiti] me chamam atenção por gerarem destaque nos
locais onde estão inseridas(Inquirido 51, 2020); Os graffitis chamam atenção positivamente, acredito
que criam uma identidade pro local” (Inquirido 18, 2020).
Quando questionados sobre sua percepção das obras de graffiti (Figura 7), ainda que as respostas
tenham sido auxiliadas ou direcionadas por palavras e expressões (não casuais e aptas a escolhas
múltiplas), a abertura para respostas livres também conferiu o caráter de liberdade dado ao público
participante ao expressar sua opinião.
Figura 7. A assimilação do graffiti pelo público quanto aos seus eventuais significados.
Fonte. Autores.
Diante das respostas, pode-se perceber que quatro temas emblemáticos ao graffiti na atualidade
figuraram entre os mais optados pelo público como motivações significativas para uma obra de graffiti:
como seu caráter expressivo e social, sua comunicabilidade, e seu vínculo com a publicidade. a
intencionalidade de uma transgressão, motivadora das primeiras obras de graffiti, ainda que presente
em muitas obras na atualidade, no presente contexto de celebração mundial do graffiti, foi pouco
lembrada pelo público participante. Destacamos a seguir a fala de alguns participantes que evidenciam
essas específicas motivações mais encontradas no conjunto de respostas recebidas: “Trazer um pouco
mais de acolhimento ao transeunte, além de ser uma forma divertida e descontraída de levar arte às
pessoas de forma gratuita. É uma forma de divulgação de determinada expressão artística também
(Inquirido 2, 2020); “Acredito que é uma forma de expressar ideias, pensamentos, conflitos, ou as vezes
é um momento de lazer” (Inquirido 40, 2020); “Divulgar seu trabalho e tornar um espaço público
mais atraente visualmente” (Inquirido 22, 2020).
(...) existem artistas que apenas querem compartilhar seus sentimentos com a
sociedade, outros que vão além de compartilhar e querem provocar tais sentimentos
(felicidade, raiva, solidariedade, alegria, ansiedade...), outros querem criticar ou
satirizar um senso, e alguns apenas fazer arte pela arte sem definições, padrões, ou
motivos. O espaço, nada mais é, que uma plataforma. Uma tela em branco, cinza,
amarelo... tanto faz. (Inquirido 33, 2020).
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Outro questionamento lançado ao público e bastante pertinente à reflexão, referente ao espaço de
exposição de obras de graffiti poder influenciar em sua percepção, apresentou um resultado
substancialmente mais favorável a uma diferença entre espaços públicos e privados, não apenas em sua
propriedade e uso (características distintivas mais comumente consideradas), mas também na
vinculação desses dois universos a ideias ainda intangíveis.
Isto porque, além de a maioria do público participante da pesquisa ter considerado o lugar ou espaço de
expressão como um fator de agregação de valor ao graffiti, a maioria dos participantes também
considerou (a partir de obras de graffiti presentes no instrumento de coleta de dados) obras expressas
no espaço público como passíveis de serem consideradas sob outros olhares no caso de sua expressão
em espaços privados, ao passo que a maioria dos participantes não considerou uma alteração
significativa no caso de obras expressas em espaços privados serem consideradas em um espaço
público. O breve histórico do graffiti, como sua origem transgressiva também auxilia em nossa
compreensão de como as obras expressas no espaço público ainda hoje tendem a ser vinculadas a um
caráter de maior liberdade, de resistência e grito, algo que, de certo modo, ainda não tem sido
verificado na maioria das obras expressas em espaços privados, sob encomendas - sob interesses
temáticos e, consequentemente, sob maior controle e universos amenos assim geralmente expressos.
Destacamos abaixo a fala de um dos inquiridos que sintetiza percepções sobre a interferência de um
graffiti em espaços públicos ou privados:
Sim, [os graffitis] mudam completamente a percepção e relação com o espaço. A
presença de um grafite pode mudar também o valor agregado à esse espaço, seja
financeiro atraindo possíveis clientes para uma área comercial, seja artística
tornando o espaço visualmente agradável, seja afetivo caso o observador conheça
ou tenha relação com a história daquele grafiti (Inquirido 85, 2020).
Por fim, foram feitas perguntas ao público participante vinculadas à sua relação como o graffiti no
intuito de uma maior aproximação com os três perfis de grupos de atores sociais categorizados durante
a pesquisa. Pelas respostas obtidas (Figura 8), a grande maioria do público participante da pesquisa se
identificou como observadora dessa expressão artístico-cultural sem vínculos com a mesma; outra parte
considerável do público se identificou como artista praticante de graffiti; um pequeno percentual dos
participantes se identificou, entre as três opções dadas, como patrocinadora de trabalho/s de graffiti.
Figura 8. A relação percentual dos perfis do público participante da pesquisa (artista, patrocinador, espectador).
Fonte. Autores.
A partir desta busca por eventuais similaridades e distinções nas respostas por grupos, as respostas
dadas às perguntas específicas lançadas a cada um deles também contribuíram para as reflexões sobre a
temática.
No que se refere ao grupo social constituído pelo público observador ou receptor de uma obra de
graffiti no espaço público ou privado (incluindo os artistas e patrocinadores), a grande maioria dos
participantes respondeu afirmativamente sobre o potencial de uma obra de graffiti em alterar a
identidade visual do local onde é realizado, enfatizando, sobretudo, o caráter “artístico” e “social” em
meio a suas respostas sobre essa eventual influência do graffiti no espaço.
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Quanto ao grupo social constituído por pessoas que de algum modo patrocinaram obras de graffiti,
sua opinião sobre a eventual agregação de valor ao local a partir de uma intervenção de graffiti
evidenciou, sobremodo, o valor “artístico” e “publicitário” passível de agregação ao espaço em questão.
no caso das respostas do público que se identificou como artista grafiteiro, entre seus estímulos e
incentivos em relação às intervenções realizadas por meio de graffiti também se destacou a dimensão
expressiva ou “artística” da obra, assim como seu poder de “comunicabilidade” e, também, seu grau de
“transgressividade”.
Como exemplificadoras dessa linha de respostas mais identificadas entre as respostas recebidas
destacamos as seguintes relacionadas, cada uma, a um sujeito de um dos três grupos de atores sociais:
“(...) o grafite é uma arte e uma intervenção artística pode agregar valor comercial (Inquirido 25
Patrocinador de graffiti, 2020); Nunca encomendei, mas sendo da publicidade sei que ser for
encomendado de maneira que o graffiti comunique os valores da marca, com certeza, agregará valor
comercial ao local da marca. Isso vai depender do público (Inquirido 14 Espectador, 2020).
O que se apoia é a pintura artística, pois o graffiti é uma modalidade de transgressão
que não busca apoio, nem tudo que se pinta na rua é graffiti e nada que se pinte
dentro de casa ou numa iniciativa comercial é graffiti. Muralismo é uma coisa,
graffiti outra, pintura comercial e muralismo podem estar juntas, mas graffiti
sempre será uma coisa como arroz nunca será feijão (Inquirido 11 Grafiteiro, 2020).
De modo geral, podemos dizer que as lógicas discursivas variam de acordo com as variáveis estruturais
contempladas em nossa pesquisa; dependem da posição de cada ator em relação ao grafite, como
objeto, conforme representado graficamente abaixo (Figura 9). Na perspectiva dos artistas (a), o objeto
surge após um processo criativo; os patrocinadores têm uma relação, por um lado, de mecenato (b),
com os artistas e, por outro, um discurso que percebe o grafite como expressão artística (c); por fim,
entre o público (d), são marcadamente perceptíveis as narrativas de valorização do grafite como obra de
arte, ainda que, de acordo com as respostas da pesquisa, também haja uma pequena constatação de
indiferença e rejeição dos mesmos em relação ao grafite com o qual se depara em seu cotidiano.
Figura 9. A relação do público participante da pesquisa (artista, patrocinador, espectador) com o objeto de análise.
Fonte. Autores.
Compondo um projeto de pesquisa posteriormente continuado, as respostas aqui sintetizadas, apenas
uma parcela de um conjunto de dados significativos permissíveis a outras análises, auxiliaram, contudo,
na sistematização desse estudo sobre a temática do graffiti e na elaboração das considerações
supracitadas e abaixo recapituladas.
4.Considerações finais
Este estudo, pautado em uma abordagem qualitativa, também permite considerar a importância de
(re)conhecimento das parcelas sociais que produzem o espaço urbano ou são de algum modo e sob
algum grau transformadas por ele.
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A ainda curta trajetória histórica do graffiti como uma expressão artístico-cultural, repleta de
ressignificações bem conhecidas, permitiu em nosso mergulho em um tema tão envolvente e instigante
direcionar esforços de reflexão também sobre o campo dessa expressão em que o graffiti se manifesta.
Na busca por identificação dos participantes dessa expressão das maneiras mais gerais, a categorização
dos três grupos de atores sociais que pautaram, sobretudo, o direcionamento final da pesquisa, tal
escolha se mostrou uma decisão pertinente ao ampliar vozes nem sempre ouvidas como a dos
grafiteiros e grafiteiras, assim como o público observador e/ou fruidor de suas obras e, ainda, o
crescente número de indivíduos que têm patrocinado obras desse gênero por interesses estéticos,
comerciais ou mesmo por decisões culturais.
Quanto às considerações mais significativas em relação ao processo de pesquisa gerador deste estudo,
salientamos, primeiramente, aquelas relativas às leituras de referência iniciais que, em vários aspectos,
tiveram rebatimento e certa complementaridade nas respostas obtidas posteriormente pelo
questionário elaborado para os três grupos de agentes sociais aqui categorizados e considerados
participantes complementares da reflexão sobre a temática enfocada: os grafiteiros, o público receptor
e o eventual patrocinador de tais obras. Ainda que o questionário elaborado tenha sido aplicado em
meio online, em razão da pandemia, foi possível alcançar um universo amostral significativo e que,
inclusive, tendo sido inicialmente pensado para circular em Brasília, tendo ocorrido o recebimento de
algumas respostas provenientes de cidades de outros Estados brasileiros, tal ampliação do painel
amostral foi valorizado e considerado pertinente em meio às reflexões engendradas durante o processo
de análise dos dados.
Sobre o objetivo lançado pela pesquisa a busca por assimilações do graffiti nas cidades, nos espaços
públicos de suas paisagens urbanas e, mais recentemente, em ambiências privadas seu alcance pode
ser percebido por este entrecruzar de referências, teóricas e empíricas, que nos permitem entender
essa modalidade de expressão artístico-cultural representada pelo graffiti e percepções por vezes
vinculadas a universos sociais específicos.
De início, quanto ao produtor da arte urbana, a partir deste conjunto de dados obtidos com foco em
Brasília, percebe-se que, ao seguir as “linhas guia” da cidade ou chamarizes para expressão, ainda que
estes sujeitos venham transitando de uma esfera alternativa para o comercialização de sua
expressividade, a intencionalidade que move tantos artistas se mantém presente em suas obras ou em
seu discurso na maioria dos casos e, mesmo essa transição, tem sido considerada por muitos deles
como uma outra forma de transgredir, ao romper uma barreira social.
No que se refere ao público da arte, seu fruidor, a partir do mesmo conjunto de dados aqui acionados,
podemos evidenciar que, este pode enxergar o diálogo entre o graffiti e o espaço urbano por sua
consideração como um elemento de embelezamento, (re)qualificação ou “gentileza urbana”, uma ação
voltada a contribuir com a melhora da cidade, apesar de, em muitos casos, as intenções transgressoras
de um graffiti criticarem a urbanidade e intervirem na espacialidade por procedimentos que
ultrapassam os ideais estéticos e até mesmo os questiona e os contrapõe.
Também a partir desses dados, no que diz respeito ao eventual patrocinador de uma obra artístico-
cultural como o graffiti, esteja representando a esfera pública ou privada, as expectativas de
estetização, revitalização e publicidade de um espaço de propriedade pública ou privada permeiam as
dimensões simbólicas da obra, sejam de ordem estética, econômica, etc. Se de fato o privado limita a
perspectiva do homem (Arendt, 2007), nessa transposição do graffiti, de expressão de um movimento
social através de uma intervenção urbana para um bem de consumo e fruição estetizado, vem sendo
geradas as mais diversas considerações, tanto pela crítica especializada quanto pelos próprios artistas.
Sob tal contexto, uma aproximação ao campo e a uma realidade específica se configura, como
consideramos e buscamos aqui, como um aporte para reflexões mais específicas no que se refere à
complexidade de um determinado lugar e a realidade ali manifesta, como no caso de Brasília, foco da
análise.
Mesmo que tenhamos apresentado aqui breves reflexões vinculadas tanto à literatura especializada
sobre a temática do graffiti (que também vem se enriquecendo continuamente por sucessivas
considerações) quanto à sua normativa em nossa localidade de estudo (Brasília e Distrito Federal),
consideramos ter sido também substancial para o direcionamento da investigação as reflexões
complementares que pudemos acrescer ao estudo por meio das respostas do público participante.
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Essas respostas, que foram aqui sintetizadas a partir de uma pesquisa que tem se desdobrado em outras
complementares, nos permitiu ultrapassar a objetividade de um estudo sobre o tema na atualidade ou
em uma localidade e percebê-lo a partir das nuances subjetivas dos grupos de atores que atuam neste
campo e de algum modo se vinculam a tal temática e foram sensíveis à atenção a eles solicitada sob
circunstâncias tão específicas e difíceis como as vivenciadas por todos desde 2020.
5.Notas Finais
O presente artigo, elaborado pela colaboração entre três pesquisadores, consiste em um desdobramento do
Projeto de Pesquisa desenvolvido no ano de 2020 pela arquiteta e artista grafiteira Raquel da Silva Bastos sob
orientação de Sávio Tadeu Guimarães, professor do Centro Universitário de Brasília (CEUB) e pós-doutorando em
Sociologia na Universidade da Coruña (UDC) sob supervisão do professor Manuel Garcia Docampo e apoio de bolsa
de estudos concedida pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF).
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Raquel da Silva Bastos
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raquelbastos@sempreceub.com
Sávio Tadeu Guimarães
Faculdade de Tecnologia e Ciências Sociais Aplicadas do Centro Universitário de Brasília, Brasil.
https://orcid.org/ 0000-0002-6604-2671
savio.guimaraes@ceub.edu.br
Manuel Garcia Docampo
Faculdade de Sociologia da Universidade da Coruña, Espanha.
https://orcid.org/ 0000-0001-8401-233X
manuel.garcia.docampo@udc.es
Data de submissão: 02/2022
Data de avaliação: 04/2022
Data de publicação: 07/2022
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Article
Full-text available
A arte grafiteira é uma das expressões estéticas mais acessíveis à sociedade. Exposta nas ruas das grandes metrópoles, ela transmite mensagens sobre o que é vivido na sociedade, consolidando-se como um meio de comunicação em que a arte está a serviço da fruição, da informação e da denúncia. Os objetivos deste trabalho são conhecer as origens e o desenvolvimento dessa arte urbana e compreender de que maneira o grafite pode ressignificar o espaço em que se inscreve. A metodologia usada foi o estudo exploratório por meio de revisão de literatura. Procurou-se analisar de que forma o grafite intervém na paisagem urbana, especificamente seu efeito na compreensão dos sentidos de cidade. Conclui que a arte grafiteira tem os muros e fachadas não só como suporte, mas como plataforma discursiva a expressar a polifonia da cena urbana.
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This research aims to investigate current temporary interventions as a positive way of transforming places. The starting point is the fact that contemporary society has been going through a specific moment of high modernity, a period that takes on characteristics of transience in various spheres of social and economic relations (ephemeral condition), which imprints some traits on collective life spaces, such as a sense of hostility, individualism and superficial relationships. Temporary interventions – intentional and contesting –, in this sense, function as catalysts of closeness and intimacy, not only in space itself, but also in relations among individuals in the urbs, acting reactively against this unfavorable state of pure alienation. My aim, therefore, is to check whether temporary interventions leave permanent marks in the city. To achieve that, I present the analysis of two temporary interventions in the form of public art interventions: Arte de Portas Abertas, in Rio de Janeiro, and Girona em Flor, in Girona, Spain. Key words: temporary interventions, public art, collective spaces, contemporary city.
Article
Obra teórica de una sociología de las asociaciones, el autor se cuestiona sobre lo que supone la palabra social que ha sido interpretada con diferentes presupuestos y se ha hecho del mismo vocablo un nombre impreciso e inadecuado, además se ha materializado el término como quien nombra algo concreto, de manera que lo social se convierte en un proceso de ensamblado y un tipo particular de material. Propone retomar el concepto original para hacer las debidas conexiones y descubrir el contenido estricto de las cuestiones que están conectadas bajo la sociedad.
Vainer, Carlos; Maricato, E. A cidade do pensamento único: desmanchando consensos
  • O B F Arantes
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