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Abstract

Durante a pandemia, adotou-se aquilo que, apesar de algumas variações terminológicas, se convencionou chamar de Ensino Remoto (ER), opondo-o à Educação a Distância (EaD). Neste ensaio, temos como objetivo avaliar as aparentes distinções, problematizando-as. Concluímos que os esforços voltados a separar diametralmente as duas realidades são, em muitos sentidos, equivocados. Defendemos, sob esse prisma, que o ER, se se quer preservar sua dimensão emergencial, nada mais é do que uma configuração possível para tudo aquilo que chamamos de EaD, pois compreende, fundamentalmente, a separação no espaço e/ou no tempo entre os sujeitos, bem como o uso de tecnologias que viabilizam a mediação pedagógica.
Estado da publicação: Não informado pelo autor submissor
Educação a Distância e Ensino Remoto: oposição pelo vértice
Braian Veloso, Daniel Mill
https://doi.org/10.1590/SciELOPreprints.3506
Submetido em: 2022-01-17
Postado em: 2022-01-20 (versão 1)
(AAAA-MM-DD)
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Educação a Distância e Ensino Remoto: oposição pelo vértice1
Braian Veloso
1
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9459-5740
Daniel Mill
2
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8336-3645
Resumo: Durante a pandemia, adotou-se aquilo que, apesar de algumas variações
terminológicas, se convencionou chamar de Ensino Remoto (ER), opondo-o à Educação
a Distância (EaD). Neste ensaio, temos como objetivo avaliar as aparentes distinções,
problematizando-as. Concluímos que os esforços voltados a separar diametralmente as
duas realidades são, em muitos sentidos, equivocados. Defendemos, sob esse prisma, que
o ER, se se quer preservar sua dimensão emergencial, nada mais é do que uma
configuração possível para tudo aquilo que chamamos de EaD, pois compreende,
fundamentalmente, a separação no espaço e/ou no tempo entre os sujeitos, bem como o
uso de tecnologias que viabilizam a mediação pedagógica.
Palavras-chave: Educação a Distância. Ensino Remoto. Pandemia.
Distance Education and Remote Teaching: opposition by the
vertex
Abstract: During the pandemic, was adopted, despite some terminological differences,
the Remote Learning (RL), opposing it to Distance Education (DE). Thus, in this essay,
we aim to evaluate the apparent distinctions, problematizing them. We conclude that the
efforts aimed at diametrically separating the two realities are, in many ways, mistaken.
We defend, in this light, that RL, if one wants to preserve its emergency dimension, is a
variation of DE, as it comprises, as a foundation, the separation in space and/or time
between the subjects, as well the use of technologies that enable pedagogical mediation.
Keywords: Distance Education. Remote Teaching. Pandemic.
Educación a distancia y Enseñanza Remota: ¿oposición por el
vértice
1
Mestre e doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de
São Carlos (PPGE-UFSCar). Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia pela mesma
universidade (PPGS-UFSCar) Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Inovação em
Educação, Tecnologias e Linguagens (Grupo Horizonte-UFSCar). E-mail:
<braiangarritoveloso@gmail.com>.
2
Professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Doutor em Educação pela Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), com pós-doutorado pela Universidade de Coimbra e pela Universidade
Aberta de Portugal. É Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Inovação em Educação, Tecnologias e
Linguagens (Grupo Horizonte-UFSCar). E-mail: <mill@ead.ufscar.br>.
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Resumen: Durante la pandemia, se adoptó, a pesar de algunas diferencias terminológicas,
el Enseñanza Remota (ER), oponiéndolo a la Educación a Distancia (ED). Así, en este
ensayo pretendemos evaluar las aparentes distinciones, problematizándolas. Concluimos
que los esfuerzos encaminados a separar diametralmente las dos realidades están, en
muchos sentidos, equivocados. Defendemos, en este sentido, que el ER, si se quiere
conservar su dimensión de emergência, es una variación de la ED, ya que comprende,
como fundamento, la separación en el espacio y/o tiempo entre los sujetos, así como el
uso de tecnologías que posibiliten la mediación pedagógica.
Palabras clave: Educación a distancia. Enseñanza Remota. Pandemia.
Introdução
A suspensão das aulas presenciais durante o período pandêmico colocou-nos perante a
necessidade de retomar as atividades escolares e acadêmicas com a mediação de
tecnologias digitais e utilizando-se de estratégias e ferramentas típicas da Educação a
Distância (EaD). Nesse ínterim, tornou-se comum a distinção entre a experiência
vivenciada em meio à pandemia e outras tantas anteriores à eclosão da crise mundial.
Apesar de legítima a demarcação das circunstâncias que particularizam as práticas
adotadas emergencialmente, vê-se, de modo recorrente, esforços inclusive teóricos para
estabelecer uma cisão entre aquilo que se convencionou chamar de Ensino Remoto (ER)2
e a EaD. Mesmo que entendamos as intenções que subjazem a essa separação,
questionamos o rigor teórico e conceitual que subsidia algumas das proposições de
estudiosos da área educacional. Mais do que isso, indagamos se a distinção que tem sido
feita não traz, na verdade, problemas num cenário em que a EaD e, de maneira mais
abrangente, a educação mediada por tecnologias digitais – se coloca no cerne dos debates
e demanda reflexões importantes a respeito das consequências que serão percebidas para
além da pandemia.
Posicionando-nos na contramão de alguns dos principais embates, neste artigo temos
como objetivo avaliar as aparentes distinções entre ER e EaD, problematizando-as. A
análise tem, como pano de fundo, a pesquisa de doutorado do primeiro autor, que versa
sobre o processo de institucionalização da EaD nas universidades públicas (estaduais e
federais). Tendo isso em vista, afirmamos que o esclarecimento sobre as aproximações e
distanciamentos, mais do que simples proposição teórica, contribui para sobrepujar visões
equivocadas que, mesmo depois da pandemia, tendem a se manter se não nos
debruçarmos sobre reflexões importantes e necessárias no que concerne ao futuro da
educação e às avaliações que podemos fazer a partir das experiências vivenciadas em
meio à pandemia. O texto está dividido de modo a melhor articular os esforços analíticos
que fazemos no ensaio. Começamos, assim, com a apresentação resumida de alguns dos
principais motivos que levaram à separação entre as coisas. Em seguida, definimos a EaD,
chegando a uma perspectiva conceitual mais pura com aqueles predicados que
consideramos universais e realmente necessários. Depois, definimos também o ER ao
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mesmo tempo em que problematizamos essa definição que tenta separá-lo da EaD. Mais
à frente, retomamos alguns dos principais argumentos recentes, desconstruindo-os para
propor a nossa visão. Para finalizar o texto, demonstramos como a inversão entre meios
e fins pode ser contraproducente, culminando em inquietações e proposição de nortes
para outros estudos na seção dedicada às considerações finais.
Por que se criou uma separação entre Educação a Distância e Ensino
Remoto?
Longe de querer esgotar as querelas atinentes às distinções estabelecidas entre ER e EaD,
resumimos algumas delas que são importantes para entendermos os argumentos
subsequentes. De um lado, profissionais que tinham preconceito com relação à qualidade
dos cursos a distância recusaram-se a ceder a essa modalidade. Também houve aqueles
que, por desconhecimento ou despreparo, reconheceram que não seria possível lançar
mão da EaD a contento, dada a urgência que o cenário imprimia. Por outro lado,
profissionais que trabalhavam e atuavam em prol da modalidade há anos logo perceberam
que as medidas aligeiradas tenderiam a experiências malsucedidas. Isso poderia, por si
só, intensificar o preconceito, fazendo com que muitos sujeitos, com visões equivocadas,
assumissem que, de fato, a EaD possuísse uma espécie de pecha intrínseca. Seja qual for
a justificativa, optou-se por estabelecer uma cisão entre o que foi e está sendo vivenciado
em meio à pandemia e tudo aquilo que a antecede. Isto é, o Ensino Remoto passou a ser
visto como uma experiência emergencial que, devido às suas características e
circunstâncias, deveria ser distinguido da EaD e de outras práticas anteriores.
O problema, acreditamos, é que as tentativas de separar a realidade, chegando também ao
debate acadêmico, acabaram por extrapolar as justificativas iniciais. Começou-se, dentre
outras coisas, a criar uma visão idealizada, de modo que os conceitos, em sua abstração,
carregaram-se de um conteúdo valorativo que se pretende apriorístico, mas que, a bem
dizer, só pode se dar a posteriori. Confundiu-se, talvez em termos kantianos, juízo
analítico e juízo sintético. Quer dizer que os predicados que não estão contidos no objeto,
mas são a ele relacionados, passaram a ser vistos como universais e necessários, criando
um caráter indissociável entre objeto e predicado quando, na verdade, essa associação só
pode se dar pela empiria como diremos mais à frente. Ao fim e ao cabo, EaD e ER
tornaram-se inerentemente bons ou ruins, pelo simples nome que carregam, sendo que,
ao retomar fundamentos conceituais, verificamos que os principais argumentos que
justificam a cisão mostram-se insustentáveis ou em demasia fragilizados. A rigor,
defendemos que o ER, se se quer manter a demarcação das práticas aligeiradas e
emergenciais recentes, é uma das configurações possíveis para tudo aquilo que chamamos
de EaD. O fato de ser bom ou ruim não tem relação necessária com o conceito em sua
abstração, mas sim com as formas em que ele é materializado em casos particulares.
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Logo, a qualidade deve ser analisada a posteriori, e não nas terminologias adotadas.
Aprofundaremos isso nas próximas páginas.
Definições conceituais sobre Educação a Distância
Avaliamos como legítima a tentativa de separação feita por diversos profissionais e
pesquisadores que atuam na EaD ou estudam a modalidade, colimando evidenciar que as
ações emergenciais, sem o devido preparo e infraestrutura, devem ser separadas daquilo
que, há décadas, defende-se como cursos a distância de qualidade. No entanto, a discussão
tem tomado grandes proporções e gerado muitos equívocos. Para aclarar as coisas e
delinear nosso argumento, comecemos com definições conceituais que, ao longo destas
páginas, serão sempre acompanhadas de comentários e problematizações. Vejamos que,
na legislação mais atual (BRASIL, 2017), a EaD é definida como:
[...] modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos
processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com
políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre
outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da
educação que estejam em lugares e tempos diversos.
Desde logo é preciso deslindar que, para nós, o fato de ser concebida, na legislação
brasileira, como modalidade regulamentada já circunscreve a EaD dentro de uma
concepção mais específica. A exigência de pessoal qualificado e políticas de acesso, além
de acompanhamento e avaliação compatíveis, determina uma configuração de cursos a
distância que, como a história nos mostra, desenvolveu-se sobretudo pelas experiências
que foram acontecendo nas últimas décadas no Brasil. O Decreto 5.622 (BRASIL,
2005), por exemplo, prepara a legislação para o que viriam a ser, posteriormente, os
editais de financiamento no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB).
Mas como podemos observar em Moore e Kearsley (2007), as primeiras propostas
educacionais mais robustas na história da EaD surgem por correspondência e se
direcionam, dentre outras coisas, a cursos profissionalizantes. Isso significa que a
definição enquanto modalidade na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)
(BRASIL, 1996) é, no caso brasileiro, uma construção histórica e tem que ver com o
desejo de organizar uma universidade aberta nos moldes daquelas europeias para oferecer
acesso a grupos socialmente excluídos da educação presencial (COSTA; PIMENTEL,
2009; COSTA, 2012). Diante disso, é inegável que a EaD mostra-se, em seu
desenvolvimento, propícia a ideais como a democratização. Até porque a flexibilidade
quanto ao tempo e ao espaço, especificidades intrínsecas, propiciam formação a estratos
historicamente marginalizados. No entanto, tem-se, aí, um juízo de valor que
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conceitualmente obnubila as características realmente universais e necessárias de cursos
e experiências educacionais a distância.
Na tentativa de retomar aquilo que pode definir a EaD, sem desvios valorativos e
enquanto conceito, ou seja, a priori, reconhecemos que a literatura nos apresenta
multifacetadas acepções que dão maior ou menor importância a alguma característica.
Porém, subtraindo as interferências decorrentes da materialização do uso à delimitação
teórica o mais universal e necessária possível, chegamos, sobretudo com base em Moore
e Kearlsey (2007), àquelas especificidades que definem a EaD, independentemente de
sua aplicação ou da experiência em que é adotada: docentes e discentes distantes no tempo
e/ou no espaço, dependendo de tecnologias que viabilizem a interação pedagógica. Vê-
se, nesse sentido, a importância do aparato tecnológico como mediador do processo.
Sabemos que o ensino-aprendizagem, em qualquer modalidade, conta, historicamente,
com mediação de tecnologias, se entendemos estas num sentido amplo, o que inclui, por
exemplo, o quadro negro, o livro, o caderno, a escrita e outros. Assim, para que exista
educação e, aqui, limitamo-nos à análise daquela formal –, pressupõe-se, por praxe,
recursos tecnológicos – analógicos e/ou digitais – que medeiam o processo. Por dedução,
resta à EaD, como característica sui generis, a separação no tempo e/ou no espaço entre
os sujeitos envolvidos na interação pedagógica.
Na medida em que estamos tratando, mais precisamente, do processo educacional com
organização e intencionalidade – educação formal3 ou não-formal –, excluir-se-ia dessa
definição aquela educação que, apesar de realizada a distância, prescinde de objetivos
pedagógicos e de um agente (que ensina e/ou media) que, em sua ação, intenciona incidir
sobre outro agente4 (que aprende). Ser democrática, possuir qualidade, contar com
infraestrutura adequada, ter profissionais devidamente preparados, resultar de
planejamento com equipe multidisciplinar etc. são características cientificamente
mensuráveis a posteriori, isto é, depois da materialização da prática. Assumir que a EaD,
a título de exemplo, necessariamente democratiza o acesso, significa defendê-la numa
perspectiva já delimitada e, por isso mesmo, esquecer-se das variações que ocorrem
quando da experiência empiricamente observável.
A definição supradita é, em certo sentido, polêmica, porque retoma a centralidade naquilo
que, como Saldanha (2020) destaca, seria o problema e não a solução; quer dizer, a
distância geográfica – mas também temporal. Hoje, por exemplo, existem possibilidades
tecnológicas que permitem superar muitas das limitações que a EaD possuía há décadas
ou séculos. Autores como Tori (2017) problematizam, inclusive, o termo “a distância”,
demonstrando as imprecisões e os enfoques equivocados que ele supõe. Moore e Kearsley
(2007), por seu turno, demonstram, por meio da teoria da distância transacional, que
cursos a distância envolvem preocupação com a estrutura, a autonomia e o diálogo do
processo educacional, colimando mitigar os ruídos que eventualmente existem entre
emissão e recepção no contexto da EaD. Isso significa que enfatizar, no conceito, a
separação espacial e temporal parece retroceder e se olvidar de muitos dos debates
estabelecidos até então – de certa forma, nosso ensaio se interessa por isso mesmo.
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Defendemos nosso argumento ao evocar a distinção que, para nós, deve ser feita entre
“presençae proximidade”. O fato de estarem geográfica e temporalmente dispersos
nada tem que ver com ausência no ensino-aprendizagem. Da mesma forma que
compartilhar um mesmo espaço físico na sala de aula tradicional não garante, per se,
proximidade entre os envolvidos5.
Especialmente hoje, devido aos avanços tecnológicos, a distância espacial e temporal não
é, necessariamente, um problema para a aprendizagem6. Ela apenas demarca uma
característica sui generis que individualiza a EaD em comparação com a educação
presencial sem determinar os elementos a posteriori, como a qualidade. A objeção a essa
ideia pode estar na contribuição que esses comparativos trazem às dicotomias. Nós
defendemos que as discussões devem caminhar rumo à superação entre as dualidades,
sobretudo num contexto em que o online e o off-line se apresentam, cada vez mais,
imbricados. Porém, tais degraus ainda não foram galgados e EaD e educação presencial
não dissolveram completamente suas barreiras. As distinções persistem, e reafirmar isso
é indicar que os debates não devem se arrefecer. Mesmo que a separação no tempo e/ou
no espaço não seja, atualmente, um necessário problema para a aprendizagem, ela ainda
marca a EaD em suas características universais e necessárias que a distam da educação
presencial. Esquecer-se disso é pressupor que a realidade concreta atingiu o que, no
momento, constitui-se mais como vislumbre – e aqui estamos nos referindo à orientação
para um processo educacional cada vez mais híbrido.
Definições conceituais sobre Ensino Remoto
Seguindo na discussão conceitual, Moreira e Schlemmer (2020) desenvolvem uma
reflexão teórica que distingue algumas das principais terminologias usadas
hodiernamente. Os autores separam Ensino a Distância de Educação a Distância. A
diferença precípua estaria no caráter conteudista do primeiro, centrado na transmissão e
na comunicação unidirecional; enquanto a segunda, com proeminência no fim da década
de 1990 e apoiando-se especialmente nas tecnologias digitais, orienta-se pela
centralização na aprendizagem, proporcionando autonomia aos estudantes e lançando
mão de recursos tecnológicos de comunicação e interação em rede que viabilizam o
trabalho colaborativo e a interatividade. Com efeito, os termos “ensino” e “educação”
denotam enfoques dessemelhantes, que têm implicações significativas. que o
problema dessa análise diz respeito a atribuir toda a crítica ao processo educacional
conteudista e unidirecional às limitações sobretudo tecnológicas das primeiras
experiências de EaD que inviabilizavam uma aprendizagem em rede. Se assim o fosse, a
educação, independentemente da modalidade, ainda não estaria enredada em diatribes
voltados precisamente a sobrepujar seu caráter tradicionalista, que persiste malgrado as
concepções filosóficas e epistemológicas, além das tecnologias e metodologias que
instrumentalizam a prática docente e vislumbram caminhos possíveis para um ensino-
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aprendizagem mais alinhado às práticas humanistas, construtivistas, interacionistas,
ativas etc. Os desenvolvimentos tecnológico e filosófico se apresentam como
possibilidade, e nunca como determinação. Moreira e Schlemmer (2021) reconhecem
que, ainda hoje, existem práticas de instituições que reproduzem o que chamam de Ensino
a Distância, no qual recursos como os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) se
tornam repositórios, e o processo educacional se assenta na transmissão e na comunicação
unidirecional.
Nesse sentido, o ER estaria mais próximo dessas práticas conteudistas, porque uma
transposição do ensino presencial físico para os meios digitais. Isso incluiria, portanto, o
foco nas informações e nas formas de transmissão dessas informações. “O processo é
centrado no conteúdo, que é ministrado pelo mesmo professor da aula presencial física”
(MOREIRA; SCHLEMMER, 2021, p. 9). Para os autores, diferentemente da EaD, o ER
não criaria um ecossistema educacional online robusto, mas sim um acesso emergencial
e circunstancial com vistas a atender às exigências do período de crise. Essa definição,
porém, imputa à educação presencial uma orientação invariavelmente conteudista, porque
o seu foco no conteúdo seria transposto para os meios digitais.
Como se discute em âmbito educacional, o problema do conteudismo não tem que ver
tão somente com o emprego de alguma tecnologia ou com o uso – ou não – da internet.
A educação bancária, tão criticada por Freire (1994), relaciona-se, para além doutras
coisas, à estrutura social opressora que visa à manutenção do status quo. O desafio de
superação de uma prática centrada nos conteúdos, com foco nas informações,
unidirecional e transmissiva é algo que tanto concerne à EaD como à educação presencial.
A transposição daquilo que, filosoficamente, é considerado equivocado na sala de aula
física para outro modelo mediado pelas tecnologias não é exclusividade do que se chama
de ER. Da mesma forma que o rompimento de uma educação conteudista não é
possibilidade somente de um ensino-aprendizagem a distância. As práticas podem ser
opressoras ou emancipatórias; arcaicas ou inovadoras, independentemente do espaço em
que se realizem.
Para aprofundar na acepção do que, neste ensaio, estamos entendendo como aquilo que
se convencionou chamar ER, recorremos ao texto de Hodges et al. (2020, online) tido
como um dos expoentes na definição largamente empregada nos dois últimos anos.
In contrast to experiences that are planned from the beginning and designed to
be online, emergency remote teaching (ERT) is a temporary shift of
instructional delivery to an alternate delivery mode due to crisis circumstances.
It involves the use of fully remote teaching solutions for instruction or
education that would otherwise be delivered face-to-face or as blended or
hybrid courses and that will return to that format once the crisis or emergency
has abated. The primary objective in these circumstances is not to re-create a
robust educational ecosystem but rather to provide temporary access to
instruction and instructional supports in a manner that is quick to set up and is
reliably available during an emergency or crisis. When we understand ERT in
this manner, we can start to divorce it from "online learning”.
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Apesar de “Ensino Remoto” não ser a única expressão usada para definir as respostas
educacionais ao período de crise, ela tem sido muito recorrente (SALDANHA, 2020),
com especial atenção na literatura brasileira. Para Moreira e Schlemmer (2020), o termo
“remoto” representa distanciamento geográfico. O ER constitui-se, então, como ensino
ou aula em que há distância no espaço entre professores e alunos. Ele tem sido adotado
“nos diferentes níveis de ensino, por instituições educacionais no mundo todo, em função
das restrições impostas pela Covid-19, que impossibilita a presença física de estudantes
e professores nos espaços geográficos das instituições educacionais” (MOREIRA;
SCHLEMMER, 2020, p. 8-9). No entendimento de Saviani (2020, p. 5), o ER é posto
como “substituto do ensino presencial excepcionalmente nesse período da pandemia em
que a educação presencial se encontra interditada”. Basicamente, a ideia defendida é a de
que, durante um período de crise, faz-se a transposição de processos educacionais não
concebidos para serem integralmente a distância para o formato remoto, mediado por
tecnologias. Não o mesmo preparo ou planejamento que haveria na EaD ou na
aprendizagem online (MOREIRA; SCLEMMER, 2020; HODGES et al., 2020;
BUNIOTTI; GOMES, 2021; CASTRO; QUEIROZ, 2020; SALDANHA, 2020; ALVES,
2020). Como citam Hodges et al. (2020), existem outras experiências em países cujas
situações políticas, sanitárias ou outras compeliram à interrupção das aulas presenciais
que foram retomadas emergencialmente de maneira remota. Trata-se, pois, de um formato
assumidamente temporário, uma vez que o processo educacional voltaria, em tese, às suas
condições anteriores assim que terminada a crise.
Não obstante, numa perspectiva antropológica e sociológica, será mesmo que podemos
falar em volta à “normalidade”? As experiências humanas, principalmente em períodos
de crise, ressignificam práticas, visões de mundo, preconceitos, valores, símbolos etc. E
nossa crítica ao texto de Hodges et al. (2020) atinge precisamente a cisão que os autores
fazem ao definirem que as vivências durante o ER, supostamente distintas da EaD ou da
aprendizagem online, devem servir especialmente ao preparo para as instituições
reagirem de forma adequada a outras crises que porventura podem e muito
provavelmente devem – acontecer nas próximas décadas. Se tudo o que nós, educadores,
pesquisadores, alunos e profissionais da educação no geral aprendermos durante o
período pandêmico se resumir ao preparo para a espera de novas crises, muito
provavelmente será porque não nos debruçamos de forma crítica perante problemas
sobretudo estruturais da sociedade. Devemos, para além disso, refletir sobre nossas
práticas do cotidiano; sobre o nosso fazer pedagógico. Ora, preocupa-nos, nessa tentativa
de diferenciar ER e EaD, como se fossem coisas diametralmente distintas, o fato de que
as experiências podem não promover reflexões, fazendo com que, quando do retorno à
“normalidade”, voltemos aos mesmos equívocos, circunscritos pelos mesmos problemas
sociais de outrora. Não é possível, em face de uma crise tão grave e profunda, que saiamos
incólumes.
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Em todo o caso e sem perder de vista a proposta de definição conceitual desta parte do
texto, concordamos que o teor emergencial das atividades exercidas durante a pandemia
é importante. Como Moreira e Schlemmer (2020) evidenciam, a educação em tempos de
crise inclui outros exemplos apoiados em tecnologias diversas, como o rádio, a TV e a
correspondência. Ora, o que é fundamental, na forma como analisamos, é que a
observação atenta do que se tem chamado de ER constata que há distanciamento
geográfico e uso de recursos tecnológicos que medeiam a interação pedagógica. Com a
internet, a distância no tempo também acontece, porque, ao menos no Brasil, várias
instituições têm adotado plataformas como Moodle e Classroom para interação
assíncrona.
Evidentemente, o que se chama de ER fez com que profissionais, talvez sem experiência,
preparo e infraestrutura, adequassem emergencialmente suas atividades presenciais ao
modelo virtual. Tem-se, portanto, uma série de consequências que podem ser prejudiciais,
uma vez que não há, muitas vezes, a criação de todo um ecossistema pensado e
desenvolvido especificamente para explorar as potencialidades da EaD. Mas isso é algo
que pode ser observado cientificamente após a materialização do uso em cada
experiência. Nada impede que um professor, ante as exigências impostas pela pandemia,
recorra à formação, utilize recursos mais acessíveis e procure alinhar suas atividades às
características de uma educação mais ativa, online, participativa etc. Da mesma forma
que um docente da EaD, atuando num curso reconhecido legalmente como modalidade,
pode repetir o que se considera como problemas da sala de aula presencial. Uma
educação, repetimos, pode ser boa ou ruim, opressora ou libertadora, conteudista ou
interacionista. Os ideais que conduzem as práticas não modificam o fato de que estamos
sempre falando de educação. Até porque a orientação que define o processo educacional,
levando-nos à reflexão filosófica, incorre em antinomias. Quer dizer, a ciência pode
demonstrar as consequências, mas avaliar se estas estão ou não adequadas àquilo tido
como bom ou ruim é processo de atribuição de juízo de valor, inextrincável se nos atermos
unicamente ao debate científico. Portanto, entendemos que, partindo daquilo que é
realmente universal e necessário na definição do conceito, o ER nada mais é do que uma
das configurações possíveis para tudo aquilo que chamamos de EaD, com o qualificativo
“emergencial” que, quiçá, justificaria sua peculiaridade em razão de circunstâncias
histórico-sociais bem específicas.
Problematizando a distinção entre Educação a Distância e Ensino
Remoto
Partindo-nos do que precede, problematizamos a distinção que tem sido feita em tempos
de pandemia. Nesta seção, recorremos a algumas das principais teses defendidas com
vistas a apresentar antíteses que perfazem nosso ponto de vista, qual seja, que o ER nada
mais é do que uma das configurações possíveis para tudo aquilo que chamamos de EaD.
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Bozkurt e Sharma (2020 apud SCHWETZ et al. 2021) afirmam que uma das diferenças
fundamentais refere-se ao envolvimento dos alunos. No caso da EaD, os estudantes optam
por essa modalidade, considerando-a como alternativa flexível para a educação
presencial, enquanto no ER tem-se uma imposição devido às circunstâncias emergenciais.
Essa característica como fator de distinção é, em nosso entendimento, bastante frágil, pois
desconsidera toda a contribuição crítica da sociologia bourdieusiana. De acordo com
Bourdieu (2014, p. 194):
[...] mecanismo de eliminação adiada, a composição das oportunidades
escolares de classe e das oportunidades de sucesso ulterior ligadas às diferentes
seções e aos diferentes estabelecimentos transmuda uma desigualdade social
numa desigualdade propriamente escolar; isto é, numa desigualdade de “nível”
ou de êxito que oculta e consagra escolarmente uma desigualdade das
oportunidades de acesso aos graus mais elevados do ensino.
Analisando o caso francês, Bourdieu (2014) mostra que a democratização da educação
básica não extingue a autoeliminação, haja vista a desigualdade de acesso ao ensino
superior a depender do estabelecimento escolar ou do estrato social de origem. Isso quer
dizer que a ampliação do acesso à escola apenas adia aquele tipo de exclusão que se baseia
num fator também subjetivo, qual seja, a violência simbólica introjetada que se
transfigura numa sensação de incapacidade. O aluno oriundo de classes sociais mais
baixas, relegado a um tipo bem específico de instituição escolar no caso brasileiro, à
educação pública por vezes precária –, vê-se em face de opções socialmente
preestabelecidas que limitam suas escolhas, mas que ele interpreta como se fossem
possibilidades correlacionadas às suas capacidades individuais. Embora faltem, neste
ensaio, comprovações empíricas que sustentem nossas hipóteses, uma dedução lógica da
teoria bourdieusiana nos permite conjecturar que a conhecida disseminação de uma
EaD de qualidade duvidosa presta seu papel na ordem das coisas ao contribuir para
delimitar a distribuição dos estudantes que concluem o ensino médio a depender da
instituição e classe social de origem7. Isto é, assumir uma definição que, como um dos
predicados fundantes, afirma que a EaD representa oportunidade de escolha, ao contrário
do ER, é basear-se numa visão acrítica da realidade, em que os alunos teriam total
autonomia para escolherem seus cursos e suas universidades. Na prática, elementos como
prestígio da profissão escolhida, concorrência entre as vagas, valor da mensalidade,
tempo do curso, características do modelo educacional adotado etc. são os pilares que,
frequentemente, impõem as opções sempre limitadas que um candidato possui ao
cogitar o ingresso no ensino superior. Opções estas que, como dito, relacionam-se à classe
social e, por conseguinte, à instituição escolar de origem.
Além disso, as qualidades que são tidas como inerentes à EaD, motivo pelo qual ela se
distanciaria do que se chama de ER, têm forte relação com o modelo que o Sistema UAB
contribuiu para instaurar. Existem, é claro, outros tantos fatores que influem na
construção de uma visão bem específica de cursos a distância. Em todo o caso, afirmamos
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que isso gera uma interpretação equivocada que assume a modalidade, enquanto
organização do processo educacional e uso de tecnologias, como carregada de um
conteúdo valorativo intrínseco, como se fosse, por si mesma e sem a ação humana, boa
ou ruim. Queremos dizer com isso que a educação, presencial ou a distância, pode
envolver maior ou menor planejamento; contar com infraestrutura robusta ou precária;
orientar-se pelo rompimento ou pela manutenção do status quo; servir aos ideais dos
dominantes ou dos dominados; ser democrática ou excludente; contar com pessoal
qualificado ou sem formação adequada; etc. Tudo isso tem que ver com a sua
materialização, saindo-se do plano conceitual a fim de culminar numa proposta histórica
e socialmente circunscrita. Não estamos, obviamente, advogando uma neutralidade que
invalide a filosofia ou quaisquer que sejam as concepções que sustentam as práticas
educacionais. Todavia, o fato de possuir variadas intenções que entreveem e balizam
objetivos a serem atingidos não desfigura aquilo que, nestas páginas, estamos chamando
de educação ou, especificamente, de EaD. Esta apreendida como conceito, com as
especificidades sui generis que vinculam, necessária e universalmente, predicado e objeto
sem o que advém unicamente da empiria.
Que fique clara a nossa defesa, nestas páginas, de uma apreensão mais conceitual e em
oposição às finalidades últimas que se manifestam empiricamente. O que não quer dizer,
certamente, que estejamos desconsiderando a importância das intenções políticas, éticas,
filosóficas e outras que subjazem à prática educacional. Nosso argumento, a bem dizer,
direciona-se a demonstrar que assumir a EaD como intrinsecamente estruturada, com
pessoal capacitado, com infraestrutura adequada, com ideais democráticos, dentre outras
qualidades é pretender um juízo apriorístico que, em verdade, não concerne à definição
conceitual tomada isoladamente sem a ação ou a relação com o humano e com a
sociedade; ou seja, sem a materialização no processo de agência, posto que se trata de um
juízo que é possível a posteriori. Não ignoramos que, no desenvolvimento histórico,
há uma confluência entre meios e fins. Também o estamos afirmando que inexista, na
agência dos sujeitos, uma associação bastante estreita entre conceito de EaD e sua efetiva
materialização. Pois se não houvesse esse equívoco conceitual este ensaio seria
irrelevante.
Porém, acreditamos que é fundamental resgatar uma definição teórico-conceitual mais
rigorosa. Isso tende a evitar confusões recorrentes, como tomar a EaD como
inerentemente boa ou ruim, democrática ou opressora. Também pode auxiliar na reflexão
aprofundada e crítica entre os profissionais e sujeitos que vivenciaram experiências no
que se chama de ER, com vistas a romper paradigmas, diminuir preconceitos e refletir
sobre a importância, o papel, os limites e os desafios que perfilam as propostas de cursos
a distância no Brasil ao longo especialmente das últimas décadas. Essa visão mais
rigorosa e, em certo sentido, radical do conceito, pode ser justificada pela teoria da
curvatura da vara. Ao citar Lênin, Saviani (1989, p. 48-49) afirma que “quando a vara
está torta, ela fica curva de um lado e se você quiser endireitá-la, não basta colocá-la na
posição correta. É preciso curvá-la para o lado oposto”. Retomamos uma definição
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teórico-conceitual mais abstrata e “pura”, retirando, tanto quanto possível, as
interferências valorativas no sentido de evidenciar que as distinções entre as realidades
feitas durante o período pandêmico podem ser contraproducentes. Ensinar de maneira
remota é, em nossa percepção, uma forma de fazer EaD. O fundamento que define o
conceito é sempre o mesmo: sujeitos separados no tempo e/ou no espaço, conectados por
tecnologias que viabilizam a interação pedagógica.
O problema da inversão entre meios e fins
A partir da definição que, como compreendemos, contém o que é universal e necessário
na EaD, percebemos a modalidade, enquanto organização do processo educacional, muito
mais como meio do que como finalidade em si mesma o fim de um processo educacional
formal seria a concretização de objetivos pedagógicos, e o modo de se chegar a isso pode
variar. Decerto, as características inerentes tornam-na mais propícia a determinado uso –
o que não desconsideramos em nenhuma hipótese. Entretanto, nada é capaz de garantir,
a priori, que a EaD, como organização do processo e uso de técnica e tecnologia, leve a
resultados invariáveis e predefinidos, ou seja, leve necessariamente a uma educação boa
ou ruim, independentemente da conexão com a realidade histórico-social e do próprio
juízo de valor que submete a experiência à valoração. No intuito de sustentar essa
proposição, recorremos às discussões weberianas. De acordo com Sell (2011), toda ação
humana, na sociologia de Weber, pressupõe alguma técnica. Esta sendo entendida como
a soma dos meios empregados na consecução de uma atividade qualquer.
A técnica, em Weber, diz respeito aos meios empregados na ação socialmente orientada,
opondo-se às finalidades que determinam o seu uso. O que a define é, portanto, sua
especificidade enquanto “meio”. que o artefato deve ser cientificamente analisado
mediante o sentido que o agir proporciona à sua produção e utilização (WEBER, 1994).
Percebe-se, assim sendo, uma relação importante entre meio e fim. Porque este torna
aquele compreensível ao pesquisador, que busca, no sentido subjetivo da ação
socialmente orientada, apreender o próprio sentido da técnica para o agente. Entendemos,
com isso, que o artefato tecnológico, em si mesmo, não produz efeito empiricamente
observável quando tomado isoladamente sem qualquer relação com o ser humano numa
situação histórica e socialmente circunscrita. Logo, a técnica é também – mas não
somente isso a soma dos meios empregados para que se atinja uma determinada
finalidade. Mas ela não age sozinha, sem interferência ou relação com o humano. Essa
análise se estende à EaD. Enquanto organização do processo educacional ela pode atender
a múltiplos objetivos. Tomada única e exclusivamente sob um olhar conceitual, a EaD
não produz esses efeitos que viabilizam a compreensão científica maior capazes de gerar
elementos para atribuição de juízo de valor. Diferenciá-la do que se chama de ER
alicerçando-se na materialização do uso, a saber, na empiria, é, precisamente, ir além do
conceito em sua abstração e analisar casos particulares, que não o invariáveis. Como
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dissemos, se se deduz dessas manifestações empíricas aquilo que é necessário e universal
tanto ao ER quanto à EaD, enquanto conceitos puros, resta: separação no tempo e/ou no
espaço entre os sujeitos e uso de tecnologias que possibilitam a interação pedagógica.
Em que pesem essas considerações, existe, nessa análise, um aspecto complexo que
precisa ser destacado. Se a técnica, para Weber (1994), concerne à soma dos meios usados
na ação humana, não quer dizer que meios e fins estejam invariavelmente separados na
materialização do agir. Sell (2011) afirma que, num sentido amplo, a racionalização
técnica também é compreendida por Weber como contínuo processo de tecnificação da
vida social. A modernidade é, então, marcada por um incessante processo de
racionalização das condutas, em que se exclui, por exemplo, o caráter mais humano e
imprevisível das relações em sociedade. Exemplo cabal disso é a organização técnica do
trabalho, que divide as atividades e determina as funções dos trabalhadores de maneira
bastante rígida e cientificamente orientada, visando à persecução de lucro e à diminuição
dos gastos. Essa constante tecnificação da vida subverte a ordem social e tem, com
corolário, uma espécie de inversão entre meios e fins. Na análise sobre a ética protestante
e o espírito do capitalismo, Weber (2013) nos mostra que, inicialmente, a conduta
religiosa determinava um modo de viver ascético, em que a busca pelo sucesso no
trabalho intramundano se alinhava à teologia da predestinação. O protestante, implicado
na empresa capitalista moderna, via em seu sucesso a maior prova de que era um
predestinado. Entretanto, “no processo de deslocamento das motivações religiosas, o
trabalho ordenado deixou de ser um instrumento a serviço de metas religiosas para
converter-se em fim imanente, que existe e subsiste por si mesmo” (SELL, 2011, p. 579).
Torna-se, portanto, uma gaiola ou jaula de ferro, que pesa sobre todos aqueles que nascem
dentro da ordem econômica capitalista orientada pela racionalização sobretudo técnica da
vida.
Tal fenômeno é, por excelência, social e histórico, estando fortemente presente no
contexto da EaD brasileira. Inicialmente vista como meio para atingir finalidades
diversas, ela vai se coagulando dentro de um modelo mais específico e passa a inverter a
ordem das coisas. Ao cristalizar-se devido, também, à interpretação que os sujeitos dela
fazem, a EaD ganha vida própria e um modo de funcionamento particular que coloca os
indivíduos a seu serviço, e não o contrário. São as pessoas que devem se ajustar às suas
especificidades a fim de satisfazê-las. Existem condições fixas e predeterminadas que
definem a modalidade dentro de um modo de organização que tem um invólucro
supostamente universal e necessário, uma vez que, se a experiência não se enquadra nessa
forma, torna-se uma variante como o que se tem chamado de ER. Se, em vez disso, os
sujeitos acomodam-se a tais exigências, então podemos falar, de fato, em EaD. O
principal problema, para nós, é a confusão que se estabelece na aparente vinculação a
priori de certos predicados ao objeto que, na realidade, somente se unem a ele a
posteriori. Noutros termos, a EaD, que está muito mais para meio que isoladamente e
como conceito não produz seus efeitos empiricamente observáveis, torna-se empedernida
dentro de um modelo que é histórica e socialmente delimitado, mas que se pretende
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universal e necessário, impondo-se aos sujeitos como fim em si mesmo. Um exemplo do
que estamos afirmando é o pressuposto democrático que perpassa cursos a distância e
que, em muitas experiências brasileiras, precisa ser criticamente analisado. É escusado
dizer que nem toda proposta nessa modalidade democratiza o acesso, posto que muitas
precarizam e fomentam a desigualdade. Afinal, a racionalização técnica da EaD, bem
como sua construção histórica, enquistando-a de valores que se fingem intrínsecos, faz
com que ela ganhe vida própria. E isso não apenas cria visões turvas da realidade, mas
também serve a interesses perversos, quando, para exemplificar, o capital usa da
modalidade e se apoia em sua concepção idealizada para dissimular a precarização.
Guiando-se pela produtividade e pela cristalização de valores tidos como imanentes,
introduz-se uma construção ideológica cujos processos invertem a relação entre meios e
fins.
Outrora, a prevalência de um agir racionalmente orientado sujeitava a técnica à
persecução de fins definidos pelo agente. Tendo em vista que a modernidade prima pela
“tecnificação”, em que a seleção dos meios mais adequados para atingir resultados
previamente definidos no menor prazo e com máxima eficiência torna-se um imperativo,
são os sujeitos que ficam à mercê da técnica. Como dissemos, a “tecnificação” da vida
social passa a definir a lógica de funcionamento do mundo moderno (SELL, 2011).
Noutras palavras, a tecnologia prevalece sobre o indivíduo, porque este se
condicionado à racionalização técnica da existência. Em Marx (2007), isso poderia ser
compreendido na relação entre humano-máquina. O capitalismo aliena o trabalhador, haja
vista a dependência da maquinaria que o subjuga. A própria condição humana e,
designadamente, o trabalho se tornam reificados. Tornam-se coisas, quer dizer, objetos
esvaziados de seu caráter histórico.
Compreendemos que superar o que chamamos de institucionalização da precariedade8
passa, sem possibilidade de desvios, por uma reflexão crítica acerca daquilo que está
imbuído na concepção idealizada da EaD, definindo-se os limites entre “o que é” e “o que
deve ser”. Isso não representa, de modo algum, abrir mão das intenções políticas, éticas
e filosóficas que orientam a materialização das práticas educacionais. Tampouco estamos
ignorando o fato de que os seres humanos, inseridos num ambiente histórico-social,
acabam por jungir meios e fins, além de considerarmos que a tecnologia não se reduz à
condição de mero instrumento à disposição da racionalidade humana, pois incide sobre
as relações sociais de variadas formas, transcendendo a intencionalidade. Em sua
trajetória, o desenvolvimento da educação, seja qual for a modalidade, acaba nela
introjetando valores que dificultam uma distinção clara e precisa entre o que foi
idealizado e o que se materializa na ação social. Porém, chega-se o momento em que a
análise sobretudo conceitual e abstrata é indispensável, para perscrutar os problemas reais
que decorrem dessa confusão interpretativa que assume certa universalidade de
características que são, na verdade, empíricas e, por isso mesmo, contingenciais.
Porquanto a cristalização de um modo específico de EaD, que se dissimula sob a égide
de um suposto caráter apriorístico, gera óbices até mesmo para pensarmos noutros
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formatos e modelos. Reduzindo o conceito àquilo que nele é, realmente, fundamental,
conseguimos identificar em que medida estamos à mercê de modelos que são histórica e
socialmente delimitados, mas que se coagulam como supostamente universais e
necessários, impondo-se a nós e invertendo a relação entre meios e fins o modelo do
Sistema UAB e a padronização que ele gera na EaD brasileira é exemplo significativo
disso.
Educação a Distância e Ensino Remoto: faces da mesma moeda
O apogeu do nosso argumento chega à clara visualização de que o ER e a EaD têm uma
oposição pelo vértice: são aparentemente opostos, mas unidos pelo mesmo fundamento;
ademais, numa análise pormenorizada constatamos que possuem as mesmas condições
universais e necessárias. Nas vivências durante o período pandêmico, como afirmam
Schwetz et al. (2021), convencionou-se propor diferenciações devido a aspectos como
planejamento, infraestrutura, capacitação de pessoal etc. No entanto, os autores,
discutindo sobre o caso da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
afirmam que, entre a paralisação das aulas presenciais e a retomada de forma remota teve-
se um hiato de 4 meses destinado especificamente ao preparo, que incluiu formação
docente, adequação de propostas pedagógicas, elaboração de materiais e conteúdos,
dentre outras coisas. Então, qual seria esse elemento que, detalhadamente, determina a
experiência como EaD ou ER? Poderíamos falar em algum número específico de horas
de formação, de recursos humanos, de financiamento disponível etc. para que as
mudanças quantitativas no ER alcancem um salto qualitativo para se tornarem EaD?
Parece-nos que essa distinção, nos moldes como tem sido feita, é em demasia imprecisa.
São, a bem da verdade, faces da mesma moeda. Ou, noutros termos, o ER nada mais é do
que uma forma de se fazer EaD. E o caráter emergencial, ainda que sirva como fator de
distinção para demarcar o período histórico-social da pandemia, não nos parece suficiente
para criar uma cisão, como tem sido feito, que rompa a conexão fundamental que existe
entre as coisas.
É claro que, por serem ações adotadas por vezes sem o devido preparo, tem-se
consequências diversas que podem destoar substancialmente doutras práticas de EaD
feitas com seriedade, preparo, pessoal capacitado e infraestrutura adequada. Isso, porém,
não altera a realidade de que sujeitos estão dispersos no tempo e/ou no espaço,
conectando-se por meio de tecnologias sobretudo digitais para garantir o trabalho
pedagógico. A qualidade das propostas, assim como as críticas que a elas se direcionam,
resultam de análises empíricas, posteriormente à materialização do uso – ora, não existem
propostas de EaD regulamentadas no Brasil que também possam ser consideradas
aligeiradas em comparação com outras tidas como de maior qualidade? Defendemos que
tudo o que os profissionais têm experienciado em tempos de pandemia é, na verdade, uma
forma de EaD mesmo que possamos falar de uma EaD emergencial. E é mister que não
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se perca isso de vista, tanto para superar preconceitos, como para melhor compreender a
possibilidade de uso de tecnologias e novas formas de organização do processo
educacional que podem emancipar, mas também oprimir e precarizar.
Aliás, reforçamos que, conquanto o que se chama de ER se constitua, de fato, como
configuração possível para a EaD, devido às características conceituais que o
determinam, ele não é, de acordo com a legislação pertinente, uma modalidade
regulamentada pela atual LDB, e nisso concordamos com Saviani (2020). Houve um
esforço, mais especificamente em normativas, de diferenciar, no ensino superior, as
atividades ditas não presenciais dos cursos a distância que compreendem especificidades
regulatórias e didático-pedagógicas (SALDANHA, 2020). Entra outro aspecto
fundamental na discussão: as tentativas de distinguir as coisas não apenas envolvem
preocupação com a qualidade, mas buscam contornar, por exemplo, questões trabalhistas
e legais. A EaD enquanto modalidade no Brasil, na forma como tem se estruturado
legalmente, compreende teletrabalho, processo avaliativo que mescla avaliações a
distância e presenciais, indicadores de qualidade, credenciamento institucional e outros
elementos. Quer dizer que, visando livrar-se do ônus, muitas instituições e os próprios
documentos oficiais definem as práticas como ER ou outras nomenclaturas como
“atividades não presenciais emergenciais” – para que não estejam sujeitas a implicações
especialmente legais. Enfim, concordamos que há uma diferença entre aquela EaD,
conceitualmente entendida, e outra enquanto modalidade regulamentada pela LDB.
Porque esta exige condições específicas para ser reconhecida perante o Ministério da
Educação (MEC). De qualquer modo, a educação não é apenas aquela que acontece no
ensino superior ou na instituição escolar amparados pela legislação brasileira vigente. O
mesmo diz respeito à EaD, que, se compreendida de forma abstrata e conceitual, não se
restringe ao papel de modalidade presente na LDB, porque isso, como dissemos, é uma
construção histórica. Seja como for, nada retira a necessidade de problematizar as
terminologias e, mais especificamente, as interpretações que os sujeitos m feito da
realidade em face do cenário pandêmico. É isso que defendemos.
Considerações finais
Em razão das acaloradas discussões sobre as experiências vividas durante a pandemia,
acreditamos ser de fundamental importância retomar o debate fundamentado teórica e
conceitualmente. Entendemos que a separação no tempo e/ou no espaço entre os sujeitos
do ensino-aprendizagem e o uso de tecnologias que viabilizam a mediação pedagógica
são as características basilares que fazem com que o ER seja uma configuração possível
para tudo aquilo que chamamos de EaD. O caráter emergencial tem sua importância,
porque ele precisa a situação histórico-social da pandemia. Mas apenas esse elemento não
é, para nós, suficiente para defender uma cisão entre EaD e ER, como tem sido feito
recentemente. Sob esse prisma, a materialização do uso é, acreditamos, o elemento central
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que não pode ser retirado do debate acadêmico. Deve-se evitar imbuir os conceitos de
predicados tidos como universais e necessários quando estes são, ao contrário, empíricos
e, por isso mesmo, contingenciais. Visões idealizadas tendem a ser contraproducentes,
gerando problemas como a inversão entre meios e fins que discutimos no texto.
Atualmente, estamos à mercê, por exemplo, de um modelo impingido por uma política
pública específica de fomento o Sistema UAB que dificulta o vislumbre de outras
formas possíveis de se fazer EaD.
Por fim, consideramos que, passada a pandemia e retomadas as aulas presenciais, será
necessária uma ampla e profunda reflexão sobre o que foi experienciado. Quais
problemas foram escancarados e precisam de atenção urgente? Que ferramentas tiveram
efeitos produtivos e podem ser adotadas nas escolas quando da volta à “normalidade”?
Quais mudanças a educação precisa considerar nos próximos anos, tendo em vista o
contexto social da contemporaneidade? Como a EaD pode contribuir para pensarmos
numa educação mais híbrida, que sobrepuja dualidades? Que limitações existem no uso
das tecnologias digitais e em que contextos elas devem ser rechaçadas? Que tipo de
educação queremos para o futuro? Que experiências vivenciadas por professores que
nunca haviam atuado na EaD servem, agora, para estabelecermos outros olhares para
aqueles sujeitos que já enfrentam tantas dificuldades nessa modalidade – incluindo
preconceito? Enfim, são questões complexas e que estão para além destas páginas.
Notas
1. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
2. A discussão, ainda que utilize de literatura internacional, centra-se nas terminologias e
suas consequentes implicações para a educação brasileira. Os termos, na ciência, são
sensíveis e sofrem variações noutros países.
3. Inclusive, conceituar a EaD pode ser um esforço que está para além da educação formal
ou não-formal. Embora consideremos essa discussão relevante, não a faremos nestas
páginas.
4. Sim, o estudante também é um agente, porque os indivíduos não são tábulas rasas, que
chegam à escola como recipientes vazios. Professores e alunos agem reciprocamente,
numa relação dialética, como Freire (1994) discute.
5. Para um debate mais aprofundado sobre “presença” e “proximidade”, recomendamos
o texto de Mill e Valle (2014).
6. Destaca-se a expressão “necessariamente”, porque outros tantos fatores, como aqueles
sociais e econômicos, podem gerar entraves que tornam a distância geográfica um
problema. Mas tal aspecto não é exclusividade da EaD, posto que a educação, de modo
geral, relaciona-se ao contexto social.
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7. A EaD não deve ser vista como mero receptáculo de “resíduos escolares”, para
falarmos em termos bourdieusianos. Contudo, as características de cada proposta de curso
a distância como em qualquer modalidade – contribuem para a imposição das opções
que o aluno têm a depender da classe e estrato social de origem.
8. Trata-se de conceito que trabalharemos melhor na tese de doutorado do primeiro autor.
Grosso modo, diz respeito à institucionalização das condições precárias instauradas pelo
Sistema UAB nas universidades públicas. Muitas instituições acomodaram-se às atuais
circunstância, o que dificulta possibilidades de enxergar a EaD para além do modelo que
é mantido atualmente.
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DECLARAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES
Os autores abaixo relacionados participaram efetivamente na elaboração do
artigo Educação a Distância e Ensino Remoto: oposição pelo vértice. Segue, abaixo, a
descrição sobre as especificidades em cada etapa.
1. Braian Veloso: definição da ideia e da proposta de ensaio; conceituação;
revisão bibliográfica; escrita primeira versão, revisão e edição; e
visualização.
2. Daniel Mill: administração do projeto do ensaio; escrita revisão e edição;
validação; e supervisão.
DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES
Braian Veloso e Daniel Mill, autores do artigo Educação a Distância e Ensino
Remoto: oposição pelo vértice, declaram não haver quaisquer conflitos de interesses
entre os próprios autores ou com relação a terceiros, quer de ordem pessoal,
comercial, acadêmica, politica ou financeira.
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preservação e disseminação.
Os autores declaram que os necessários Termos de Consentimento Livre e Esclarecido de participantes ou
pacientes na pesquisa foram obtidos e estão descritos no manuscrito, quando aplicável.
Os autores declaram que a elaboração do manuscrito seguiu as normas éticas de comunicação científica.
Os autores declaram que os dados, aplicativos e outros conteúdos subjacentes ao manuscrito estão
referenciados.
O manuscrito depositado está no formato PDF.
Os autores declaram que a pesquisa que deu origem ao manuscrito seguiu as boas práticas éticas e que as
necessárias aprovações de comitês de ética de pesquisa, quando aplicável, estão descritas no manuscrito.
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só poderá ser retirado mediante pedido à Secretaria Editorial do SciELO Preprints, que afixará um aviso de
retratação no seu lugar.
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BY.
O autor submissor declara que as contribuições de todos os autores e declaração de conflito de interesses
estão incluídas de maneira explícita e em seções específicas do manuscrito.
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servidor de preprints ou publicado em um periódico.
Caso o manuscrito esteja em processo de avaliação ou sendo preparado para publicação mas ainda não
publicado por um periódico, os autores declaram que receberam autorização do periódico para realizar
este depósito.
O autor submissor declara que todos os autores do manuscrito concordam com a submissão ao SciELO
Preprints.
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... No tocante aos procedimentos metodológicos, lançou-se mão de variados instrumentos de coleta e análise de dados a fim de perscrutar o fenômeno, considerando-se o seu caráter intrincado. Acredita-se que resgatar a discussão acerca das experiências vivenciadas durante o período pandêmico e suas implicações e transições induzidas para a institucionalização da EaD é fundamental para constituir propostas de formação superior pública que tenham perenidade, sustentabilidade e vínculo aos projetos de desenvolvimento -e, por consequência, inclusão, permanência e qualidade (Ferreira & Mill, 2014;Ferreira & Carneiro, 2015;Ferreira, Nascimento & Mill, 2018;Ferreira, Costa & Mill, 2021;Veloso, 2022;Veloso & Mill, 2022a;2022b). ...
... São as contradições, especialmente aquelas engendradas e mantidas pelo Sistema UAB, que promovem visões antagônicas e, dentre outras coisas, levam aos choques entre EaD e educação presencial. Trata-se de diatribes intraorganizacionais que dão forma e movimento ao fenômeno, sendo que este tende a culminar numa síntese maior, isto é, na hibridização das práticas, em que modalidades deixam de ser vistas como contendoras e passam a coexistir em cenários de confluência profícua (Veloso & Mill, 2022a;2022b). Mais do que isso, supera-se o próprio modelo UAB como criador e mantenedor das contradições. ...
... A compreensão de que o modelo UAB precisa ser superado (Veloso, & Mill, 2022a; 2022b ) 1 é um produto, dentre outros aspectos, da experiência institucional. ...
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O objetivo precípuo deste artigo é analisar as implicações da Pandemia de COVID-19 para o processo de institucionalização dos cursos a distância nas universidades (estaduais e federais) públicas brasileiras, sem perder de vista a organização típica das experiências de ensino remoto emergencial. O estudo é um recorte da tese de doutorado de Veloso (2022), com contribuições dos demais autores na formulação e na avaliação da pesquisa, bem como na interpretação de seus resultados que enfocam o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), principal política de indução à Educação a Distância (EaD) no País. No tocante à metodologia, optou-se pela triangulação metodológica à luz das abordagens qualitativa e quantitativa. Os procedimentos metodológicos foram: análise documental, grupo focal virtual, entrevista semiestruturada, técnica Delphi e questionário virtual. Com a pesquisa, chegou-se à conclusão de que as experiências compelidas pela Pandemia de COVID-19 são motrizes para o processo de institucionalização da EaD. No entanto, a experiência, por si só, não conduz à incorporação orgânica. O formato de concepção, desenvolvimento, fomento e avaliação do Sistema UAB deve ser revisado a propósito de um outro, que na dialogia defendida no artigo não o invalide ou elimine, mas que nele reconheça as necessidades de reflexão e revisão de currículos - e, portanto, de projetos formativos em suas qualidades políticas e formal.
... Em todos os casos, a modalidade e as universidades que dela fazem uso certamente lidaram com as vicissitudes do cenário pandêmico de modo diverso, adaptando-se às exigências impostas pelo assim chamado Ensino Remoto Emergencial (ERE) -ou outras nomenclaturas similares. Ressalta-se que as discussões teórico-práticas da área sinalizaram uma distinção fundamental entre EaD e ERE, considerando-se o caráter emergencial deste, bem como a falta de planejamento, profissionais devidamente preparados e outros entraves vivenciados na pandemia que distam as experiências educacionais desse período de outras propostas de cursos à distância feitas com seriedade (Veloso;Mill, 2022a). Em que pesem as distinções, é mister considerar que, devido ao cenário pandêmico, o debate sobre a incorporação da EaD à rotina institucional voltou novamente à baila, como ponto fulcral para pensarmos o futuro da educação nas próximas décadas. ...
... Dito isso, nas próximas páginas, para além da descrição dos procedimentos metodológicos, iremos nos debruçar sobre uma análise da trajetória histórica de afirmação da Universidade Aberta de Portugal (UAb-Portugal), passando pelo atual formato de institucionalização da EaD portuguesa no ordenamento jurídico. Essa análise direcionada ao caso português se justifica, porque já fizemos outras pesquisas sobre a experiência brasileira (Veloso, 2022;Veloso;Mill, 2022aMill, , 2022b documentais. A revisão narrativa foi feita com base em buscas no Google Acadêmico, a partir de palavras-chave como "EaD", "UAb", "Universidade Aberta de Portugal" etc. Os textos encontrados foram selecionados com base no título, palavras-chave e resumo, a partir de critérios subjetivos -maior adequação e relevância para o estudo de acordo com a perspectiva do pesquisador. ...
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O objetivo deste artigo é analisar o processo de institucionalização da Educação a Distância (EaD) pública em Portugal e no Brasil. Foram realizadas análises documentais e sete entrevistas com docentes, discentes e uma designer instrucional, todos com experiência na Universidade Aberta de Portugal. Ao fazer um diálogo entre as realidades, observa-se que, no Brasil, a institucionalização tem um caráter especialmente endógeno, resultando de políticas públicas que influenciam diretamente as instituições que tradicionalmente oferecem cursos presenciais. Em Portugal, a institucionalização da modalidade tem uma característica fortemente exógena, baseada nos embates entre as instituições que compõem o ambiente organizacional.
... Human experiences, mainly in periods of crises like the one generated by the Covid-19 pandemic, have the potential to re-signify practices, worldviews, prejudices, values, symbols, and to produce educational reflections and changes in pedagogical actions 25 . Without the possibility of practical activities, the remote, 'emergency' teaching imposed on this context allowed the continuity of the health education process, instigating theoretical-conceptual discussions about the theme of distance education/remote teaching, and showing the need to analyze what was experienced 25,26 . ...
... Human experiences, mainly in periods of crises like the one generated by the Covid-19 pandemic, have the potential to re-signify practices, worldviews, prejudices, values, symbols, and to produce educational reflections and changes in pedagogical actions 25 . Without the possibility of practical activities, the remote, 'emergency' teaching imposed on this context allowed the continuity of the health education process, instigating theoretical-conceptual discussions about the theme of distance education/remote teaching, and showing the need to analyze what was experienced 25,26 . ...
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Este artigo tem por objetivo compreender a percepção dos estudantes de Odontologia sobre motivações e significados do aprendizado interprofissional no período pandêmico de ensino remoto, em universidade pública do Sul do Brasil. Trata-se de pesquisa qualitativa que utilizou a perspectiva teórico-metodológica da fenomenologia da percepção. Foram realizadas entrevistas e análise documental dos portfólios dos estudantes que vivenciaram a atividade de ensino com foco na educação interprofissional (EIP) remota, no período pandêmico. A experiência foi marcada por interações mediadas pelo uso de plataformas digitais entre estudantes, professores e profissionais, oportunizando o desenvolvimento de competências colaborativas. Desigualdades no acesso à internet/equipamentos adequados ao ensino remoto, situações pessoais familiares relacionadas ao viver uma pandemia e dificuldade de criação de vínculos foram barreiras relatadas. EIP vivenciada em cenários de prática do Sistema Único de Saúde (SUS) foi percebida pelos estudantes como essencial à formação dos profissionais da saúde.
... Human experiences, mainly in periods of crises like the one generated by the Covid-19 pandemic, have the potential to re-signify practices, worldviews, prejudices, values, symbols, and to produce educational reflections and changes in pedagogical actions 25 . Without the possibility of practical activities, the remote, 'emergency' teaching imposed on this context allowed the continuity of the health education process, instigating theoretical-conceptual discussions about the theme of distance education/remote teaching, and showing the need to analyze what was experienced 25,26 . ...
... Human experiences, mainly in periods of crises like the one generated by the Covid-19 pandemic, have the potential to re-signify practices, worldviews, prejudices, values, symbols, and to produce educational reflections and changes in pedagogical actions 25 . Without the possibility of practical activities, the remote, 'emergency' teaching imposed on this context allowed the continuity of the health education process, instigating theoretical-conceptual discussions about the theme of distance education/remote teaching, and showing the need to analyze what was experienced 25,26 . ...
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This article aims to understand undergraduate dental students’ perception of the motivations and meanings of interprofessional learning in the pandemic period of remote teaching at a public university in the South of Brazil. This qualitative research used the theoretical-methodological perspective of phenomenology of perception. The researchers conducted interviews and a documentary analysis of the portfolios of students who attended a teaching activity with a focus on remote interprofessional education (IPE) in the pandemic period. The experience was marked by interactions between students-teachers-professionals mediated by the use of digital platforms, and provided opportunities of development of collaborative skills. Inequalities in access to internet services and to devices suitable for remote teaching, personal-familial situations related to experiencing a pandemic, and difficulties in creating bonds were the reported barriers. IPE in settings of the Brazilian National Health System was perceived by students as essential for the training of health professionals.
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O artigo apresenta e discute desafios e impactos da experiência da educação mediada pelastecnologias durante o ERE na UFRGS. Com base em estatística descritiva e análise de conteúdo,constatou-se tanto a potência, expressa pela adoção de métodos e estratégias pedagógicas, criando ocontexto para novos modos de exercer a docência suportada pelas tecnologias digitais, quanto aslimitações da EaD, acentuadas pelo contexto emergencial, tais como o aumento da carga de estudos ea redução do engajamento dos estudantes.
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As discussões apresentadas neste artigo originaram-se de uma pesquisa desenvolvida por integrantes de dois grupos de pesquisa de uma universidade pública do Brasil. Buscou-se investigar as apropriações críticas do uso das tecnologias digitais na prática docente no processo de retorno ao ensino presencial após o Ensino Remoto Emergencial. Utilizou-se como metodologia a análise de emergência de conceitos, para investigar a experiência docente do Ensino Remoto Emergencial ao presencial, vivenciada em uma instituição de ensino superior. Iniciou-se o registro ideográfico das fontes geradoras a partir da coleta de dados realizada com os sujeitos. As respostas obtidas foram traduzidas para a língua Inglesa, de modo a propiciar a interpretação por meio de um software específico de análise semântica - Tropes. Foi utilizado um tipo de representação - análise por meio de redes, desenvolvida por meio da plataforma de composição e análise de redes - Gephi. Posteriormente, verificou-se a emergência dos conceitos aferentes, eferentes e de transição, para compor a análise de conceitos originada no entorno do tema gerador. Os dados obtidos evidenciaram que os sujeitos investigados reconhecem que seu modo de ensinar mudou após a experiência com o Ensino Remoto Emergencial e retorno para o ensino presencial. Os sujeitos mantiveram as estratégias intermediadas via tecnologia digital, adaptaram sua prática de ensino, superaram dificuldades de apropriação quanto ao uso das tecnologias digitais da informação e comunicação, além de reconhecerem que ainda há desafios associados à prática de ensino, como: desinteresse dos alunos, inovação e atualização das práticas de ensino.
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A Sinopse Estatística do Censo da Educação Superior referente ao ano de 2020 (SECES), publicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) indica, no comparativo com 2019, o crescimento da educação a distância e a queda no número de matrícula em cursos presenciais. Neste sentido, realizamos uma análise documental da SECES, subsidiados pela análise de conteúdo, refletimos como nosso contexto social tornam o ambiente propício para esse crescimento. Apontamos que o Estado tem o dever de acompanhar a qualidade da EaD e que essa modalidade precisa prever mais momentos presenciais de interação entre os sujeitos do processo educativo.
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This work aimed to carry out a survey, based on internet sources related to education and psychology, in regard to distance learning, in schools, in the period between 03/11 and 05/11/2020, in the context of the COVID-19 pandemic. For this purpose, a qualitative, exploratory and documentary research was developed, in which 13 Brazilian entities' references were analyzed. In these, 86 productions were found (75 written and 11 audiovisual) and discussed according to the content analysis, which produced seven categories. The results point to a movement to speed up the implementation of distance learning, making pedagogical strategies at the mercy of improvisation, which can lead to harmful consequences for students, teachers, guardians and education in general. It was noticed the relevance of critical stances, committed to qualified education for all, since the adopted measures can imply the (re)production of social inequalities and make the singularities of teaching-learning processes invisible.
Preprint
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Capítulo de livro em preparação, resultado da edição pandemia da disciplina Tecnologia e Sociedade do PPG-Edumdatec-UFPE, 2021.2
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Desde meados do mês de março de 2020, inclusive adotando medidas para reduzir a contaminação pelo novo Coronavírus, os serviços ofertados pelas políticas sociais e os setores privados de todo o mundo sofreram inúmeras alterações. Como forma de adequação ao novo paradigma e, ao alto índice de contaminação e de letalidade do vírus Covid-19, medidas extremas deveriam ser tomadas em muitas instâncias da vida social. A suspensão por tempo indefinido das aulas das redes públicas e privadas de ensino regular em resposta à pandemia passou a vigorar em todo o Estado do Paraná no dia 16 de março de 2020. Num quadro comparativo, cresceu o índice de acesso à rede de internet em 80% da população brasileira, em especial entre 9 e 17 anos. Além disso, a quantidade de acessos diária subiu de 21%, no estudo referente a 2014, para 66% no atual, com dados coletados em 2015. Esse aumento vislumbrado em 2020 ainda é segregador. As estratégias de Ensino Remoto Emergencial (ERE) são importantes para a redução dos efeitos negativos do distanciamento temporário, mas quais seriam as evidências acerca dos efeitos das lacunas criadas sem a interação presencial? Diante disso, este ensaio se propõe a registrar os primeiros protocolos do Estado do Paraná, relacionadas à educação remota, equivalência das horas aplicadas nessa modalidade de ensino emergencial como cumprimento do ano letivo, conforme exigem os órgãos reguladores. Palavras-chave: Pandemia. Educação remota. Direção escolar. Protocolos.
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Este artigo discute a influência da institucionalização da Educação a Distância (EaD) na implementação do Ensino Remoto Emergencial (ERE) em instituições de ensino superior durante a pandemia de Covid-19 em 2020 no Brasil. O objetivo é compreender o impacto da experiência institucional em EaD no processo de implementação do ERE. O caso da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tomado como exemplo neste trabalho, sugere que o desenvolvimento prévio de tecnologias digitais voltadas à EaD pela instituição, bem como a existência de uma estrutura organizacional para a gestão acadêmica da EaD, foram fundamentais para um processo de implementação do ERE.
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O artigo percorre alguns elementos tradicionais e ordinários do trabalho docente em sala de aula, no ensino presencial, para pensar os efeitos da educação remota, proposta em tempos de pandemia pelo coronavírus (SARS-CoV-2), em que escolas no mundo todo foram fechadas devido às medidas sanitárias de distanciamento físico, como forma de não interromper o ano letivo. Objetiva-se analisar, à luz da interlocução entre Educação e Psicanálise, os limites e impasses provocados pela educação à distância emergencial, a partir da discussão de algumas nuances referentes ao corpo, à presença e à temporalidade, os quais dão sustentação ao trabalho docente. Alguns desdobramentos a respeito da erotização da educação, da função da escola, da tradição e da transmissão são apresentados e iluminam tempos tão extraordinários.
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A evolução das tecnologias digitais e das redes de comunicação também digitais propiciaram o surgimento de uma sociedade reticular marcada pela conectividade entre diferentes entidades, o que tem provocado mudanças acentuadas na economia e no mercado de trabalho, impulsionando o nascimento de novos paradigmas, modelos, processos de comunicação educacional e novos cenários de ensino e de aprendizagem. No entanto, não se imaginava, nem mesmo os professores que já adotavam ambientes online nas suas práticas, que seria necessária uma mudança tão rápida e emergencial, devido à expansão do coronavírus que inviabilizou a presença física de professores e estudantes no espaço geográfico das instituições educacionais, e obrigou os professores a transpor metodologias e práticas, adotadas em salas de aula presencial física, para os meios online, resultando em práticas de ensino remoto, de ensino a distância, distintas das práticas consolidadas neste domínio e sustentadas pela pesquisa na área. Tendo, pois, em consideração este contexto, o objetivo deste artigo, de natureza eminentemente teórica é, por um lado, contribuir para delimitação de conceitos fundamentais no domínio da Educação mediada pelo digital, como Ensino Remoto ou Ensino a Distância, Educação a Distância ou eLearning, dentre outros e que muitas vezes são usados de forma indiferenciada sem rigor conceitual, e por outro, apresentar a proposição de um novo conceito e paradigma que designámos de Educação Digital OnLife.
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Em meio a atual crise do sistema capitalista, agora agravada pela crise sanitária mundial trazida à tona pela pandemia do Covid-19, um dos impactos gerados no âmbito educacional é o aumento vertiginoso da pressão no setor público e privado pela implantação da EaD em praticamente todos os níveis da educação básica e superior. O objetivo deste texto é apresentar um quadro básico que articule três elementos fundamentais deste processo. A forma com que o Estado Brasileiro vem organizando seu Sistema Nacional de Educação, a articulação desse Estado com o setor empresarial da educação privada e, ao final, alguns elementos que permitam situar a crítica a esta modalidade da educação como ponto de partida para pensar uma educação realmente necessária.
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Este artigo tem como objeto de análise a história e as políticas públicas para o Ensino Superior a distância e a implementação do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), tomando-se como ponto de partida a oficialização dessa modalidade de ensino na atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei no 9.334/96). O foco central é a historicidade do processo de criação de cursos e programas ofertados em uma modalidade distinta do ensino presencial no âmbito do Sistema UAB. Neste sentido, o objetivo primeiro deste artigo é retomar o processo histórico de implementação do Sistema UAB, que se constitui, atualmente, como um programa vinculado à Diretoria de Educação a Distância (DED) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES) considerando as primeiras manifestações que expressam o desejo do Ministério da Educação (MEC) em criar, no início da década de 70 do século XX, uma instituição para a oferta de cursos superiores em uma modalidade distinta do ensino presencial.
elementos para uma teoria do sistema de ensino. Tradução de Reynaldo Bairão
  • P Bourdieu
  • Reprodução
BOURDIEU, P. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Tradução de Reynaldo Bairão. 7. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2014.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Lei n. 9.394/96
  • Brasil
  • Ministério Da Educação
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Lei n. 9.394/96. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acesso em: 03 dez. 2021.
Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional
  • Brasil
  • Decreto
BRASIL. Decreto Nº 9.057, de 25 de maio de 2017. Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/ _Ato2015-2018/2017/Decreto/D9057.htm>. Acesso em 24 set. 2021.