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RELIGIÃO E NEGACIONISMO NO CENÁRIO DA PANDEMIA DA COVID-19

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Com a pandemia de Covid-19 e a onda negacionista no país em relação ao tema, o artigo aborda a religião midiatizada e a relação de pentecostais e neopentecostais em assuntos de cunho político e social, neste caso, questões sobre saúde pública. A partir da fundamentação teórica bibliográfica, intenta-se discutir religião e mídia no contexto atual, tendo como base Martino (2012), Cunha (2015) e Sodré (2006); em seguida, amparou-se as teorias por meio de uma análise conteudística do pronunciamento do Pastor Silas Malafaia no vídeo intitulado “O ódio a Bolsonaro e às religiões em tempo de pandemia”, a fim de evidenciar a importância de se considerar discursos de figuras religiosas que possuem grande visibilidade pública na produção de sentidos e na criação de modelos de comportamento.

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... Podendo ser vista como uma determinante social da saúde (Idler, 2014), ela pode ter mais influência sobre seus públicos do que cientistas e agentes governamentais (Igreja […], 2019; Quadri, 2020), sendo também uma mediação fundamental em processos de confiança (Sacramento;Paiva, 2020), decisões e condutas (Botelho, 2018), pois, em geral, seu discurso se apoia na autoridade divina (Franco;Vicente, 2021). Deve-se considerar que, ainda que as religiões possam atuar "como uma plataforma importante para a colaboração intersetorial com a ciência e o governo" (Lee et al., 2022, tradução de Deus e tome sua fé na palavra de Deus, porque essa, sim, faz você ficar imune a qualquer praga e a qualquer vírus, inclusive o coronavírus" (p. ...
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Neste artigo, revisamos partes da literatura acadêmica sobre a infodemia buscando preencher uma lacuna de estudos que descrevam a sua existência político-econômica, científica, sociotécnica e psicossocial em geral, ao mesmo tempo em que verifiquem como essa imbricação se encontra com a realidade brasileira. Nesse enquadramento, a infodemia emergiu como uma superabundância problemática de informações sobre saúde, capaz de comprometer seus cuidados individuais e coletivos e que integra conflitos sócio-econômicos e culturais relacionados ao capitalismo neoliberal e periférico. Por isso, encontramos distintas e até antagônicas formas de caracterizar e enfrentar a infodemia. Algumas delas contrastam com os princípios do SUS e da reforma sanitária, especialmente com relação à participação política dos sujeitos atingidos pela infodemia enquanto uma forma de enfrentar o fenômeno e os conflitos de que ela faz parte. Concluímos que, enquanto um fenômeno multideterminado, a infodemia deve continuar sendo pesquisada interdisciplinarmente de modo a contribuir com tal participação política.
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Este trabalho parte do pressuposto de que os discursos negacionistas, por parte de líderes religiosos, vão ao encontro das posturas da gestão Bolsonaro. Em meio ao conservadorismo político, esses atos de fala representam um fator relevante no movimento antivacina e na hesitação vacinal no Brasil. Dessa forma, trata-se de um estudo de caso, com o objetivo de analisar criticamente os discursos de Silas Malafaia e sua concordância narrativa com Bolsonaro. Para tal, foram utilizadas a Análise Crítica de Discurso (ACD) tridimensional e Análise De Discurso Textualmente Orientada (ADTO), teorizadas por Fairclough. Os eventos discursivos analisados são do ano de 2021. Não obstante, é contextualizado a formação histórica do conceito “religião” e sua relação com o Estado moderno. Ainda, explica-se o contexto pandêmico brasileiro e o negacionismo. Conclui-se que houve um alinhamento entre as falas de Malafaia e Bolsonaro em direção oposta às orientações da comunidade científica internacional. Ademais, as narrativas apontam para a construção de uma identidade coletiva baseada no nacionalismo religioso. Além disso, as reflexões e ferramentas de Fairclough se mostram relevantes para uma compreensão menos difusa dos fenômenos sociais, além de evidenciar relações de poder que podem estar presentes de maneira subliminar nos discursos hegemônicos.
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Resumo: O objetivo deste trabalho foi esclarecer os movimentos e desdobramentos sobre a política terapêutica da cloroquina, no Parlamento brasileiro, a fim de identificar os fatores que a situaram no contexto da ação pública contra a COVID-19. Os artefatos etnográficos utilizados para essa análise incluíram as videoconferências das reuniões e audiências públicas e as notas taquigráficas disponíveis publicamente no site da Câmara dos Deputados. Como resultado, observou-se que o debate da cloroquina foi forjado entre as evidências científicas utilizadas a partir de uma perspectiva negacionista, que privilegiou a busca pela incerteza como forma de produzir dissenso e assim sustentar convicções pessoais e ideologias. Ao rejeitarem proposições empiricamente sustentadas e o próprio consenso científico, buscou-se criar uma falsa aparência de debate. O objetivo era criar o convencimento de que não há motivos suficientes para rejeitar o uso da cloroquina como terapêutica para a COVID-19. Desse modo, o êxito logrado pelo governo não ocorreu a partir da verificação de verdades, mas foi o resultado de uma acomodação contingencial que estabilizou esse fato não em meio a certezas, mas pelo medo da dúvida.
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A presente resenha busca realizar uma reflexão crítica da obra "A cruel pedagogia do vírus, de Boaventura de Souza Santos (Portugal)". A referida obra discorre, brilhantemente, as consequências da pandemia sobre a vida em sociedade, principalmente das populações mais carentes e em situação de rua, das mulheres e outros indivíduos que sofrerão muito mais fortemente o que impõe a pandemia. Reiterando que tais consequências correlacionam-se ao aumento da pobresa, da violência doméstica, da fome, do desemprego entre outros agravantes provenientes da crise política mundial e do enfraquecimento do Estado e do aumento substancial das demandas econômicas capitalistas que contribuíram para isso. O autor ressalta porém, que a pandemia já existe há muitos anos mas foi evidenciada com a necessidade do desenfreamento da sociedade em geral.
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Resumo As expressões do negacionismo da pandemia da Covid-19 recorrentes no Brasil estão relacionadas ao crescimento da extrema-direita e produzem o aumento da necropolítica. Percebemos uma ‘crise de interpretação’ que aponta a ‘ignorância’ como causa única da popularização do negacionismo. Buscaremos problematizar tal fenômeno, indo além dessa interpretação comum. Ancorado em uma ausência de mundo compartilhado, o negacionismo cresce com o ‘déficit de prática comum’. É preciso, entretanto, diferenciar as posições envolvidas: há aqueles que negam visando ao lucro, baseado em um desejo de morte e extermínio, e os que entram em negação por conta de uma realidade tão dura de que são vítimas. Diante disso, as ações educativas que têm por referência a educação popular em saúde são estratégias importantes para se enfrentar tal fenômeno, mobilizando as noções freirianas de diálogo e conflito. Essas ações permitem não ‘desconstruir’ os cuidados em saúde, mas ‘acrescentam realidade’ a eles, trazendo a importância de se considerarem as condições de vida das classes populares. Por fim, compreendendo o vínculo indissociável entre educação popular e movimentos sociais, apresentamos como movimentos de favela têm enfrentado o negacionismo em defesa da vida.
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RESUMO Para tentar entender como foi possível ao Brasil chegar a uma situação que pode se caracterizar como de completo descontrole da pandemia de Covid-19, com milhares de mortes que aumentam a cada dia, proponho diferenciar pelo menos três grandes questões que antecedem à emergência da pandemia, mas que se agravaram no contexto da crise sanitária provocada pelo coronavírus. Elas são: questões epistemológicas vinculadas ao negacionismo científico; questões ético-políticas vinculadas aos direitos humanos; estratégias biopolíticas vinculadas à razão neoliberal.
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This paper aims to diagnose was constructed forms in which the relationship between religion and politics in Brazil. Thus, we seek to present the main dynamics in which both spheres dealt with and approached each other. From this, to establish reflections and comparisons between different historical periods, in order to realize that religious intervention in the political system is not a recent phenomenon in Brazil. For this, we examine the political strategies adopted at distinct times by different Christian strands in the country to intervene in the functioning of the State.
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O objetivo deste texto é pensar como o processo de midiatização vem permitindo à religião redefinir sua presença nas fronteiras entre o público e o privado. A partir de pesquisa bibliográfica e de campo, observa-se como algumas dimensões da midiatização da religião interferem nesse desdobramento de fronteiras. São destacados três principais aspectos: (1) a dimensão comunicacional da religião como prerrogativa de sua presença nesse espaço; (2) examina-se o trânsito da religião midiatizada entre o público e o privado, pensado a partir do conceito de secularização; (3) a visibilidade midiática da religião como forma de interferência nos assuntos públicos. Propõe-se, por fim, uma reflexão crítica sobre o espaço do religioso no debate dos temas públicos.
Políticos destruíram o mercado e ignoraram direitos humanos com um alarmante entusiasmo. Mises Brasil
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ANDREEN, F. Políticos destruíram o mercado e ignoraram direitos humanos com um alarmante entusiasmo. Mises Brasil, 2020. Disponível em:<https://www.mises.org.br/article/3247/politicos-destruiram-o-mercado-e-ignoraramdireitos-humanos-com-um-alarmante-entusiasmo>. Acesso em: 28 ago. 2021.
A pandemia reativou o futuro. Há condições para reformatar a mente social
  • F Berardi
BERARDI, F. "A pandemia reativou o futuro. Há condições para reformatar a mente social".
Kit covid é kit ilusão': os dados que apontam riscos e falta de eficácia do suposto tratamento. BBC Brasil
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  • Tratamento Precoce
BIERNAT, A. Tratamento precoce 'Kit covid é kit ilusão': os dados que apontam riscos e falta de eficácia do suposto tratamento. BBC Brasil, 2020. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-55775106>. Acesso em: 28 ago. 2021.
O problema do discurso religioso nas sociedades líquidas e a efetivação do direito fundamental à liberdade de crença
  • M Botelho
BOTELHO, M. O problema do discurso religioso nas sociedades líquidas e a efetivação do direito fundamental à liberdade de crença. Revista Direito e Liberdade, Natal, v. 20, n.1, p. 113 -140, 2018. Disponível em: <https://redib.org/Record/oai_articulo1505890-o-problemado-discurso-religioso-nas-sociedades-l%C3%ADquidas-e-a-efetiva%C3%A7%C3%A3o-dodireito-fundamental-%C3%A0-liberdade-de-cren%C3%A7a--problem-religious-discourseliquid-societies-enforcement-fundamental-right-freedom-belief >. Acesso em: 4 jun. 2021.
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BRATOSIN, S; PAES, P. Midiatização da Religião. Revista Pauta Geral -Estudos em Jornalismo, Ponta Grossa, v. 4, n.1, p.144-51, 2017. Disponível em: <https://revistas2.uepg.br/index.php/pauta/article/view/9830>. Acesso em: 3 jun. 2021.
PIB: Pandemia agrava o que já seria pior década de crescimento no Brasil em mais de um século
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CARRANÇA, T. PIB: Pandemia agrava o que já seria pior década de crescimento no Brasil em mais de um século. BBC Brasil, 2021. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-56257245>. Acesso em: 8 ago. 2021.
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Coronavírus: muitos erros
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GOTTSCHALL, C. Coronavírus: muitos erros, nenhum acerto, e o paroxismo da estupidez.
O ódio a Bolsonaro e às religiões em tempo de pandemia. Youtube, 27 ago
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MALAFAIA, Silas. O ódio a Bolsonaro e às religiões em tempo de pandemia. Youtube, 27 ago. 2020. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=u4xTMUB_als>. Acesso em: 5 jun. 2021.
Entidades científicas fazem carta crítica a protocolo de tratamento precoce da Covid-19 em SC. Abrasco
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MARTINS, P. Entidades científicas fazem carta crítica a protocolo de tratamento precoce da Covid-19 em SC. Abrasco, 2020. Disponível em: <https://www.abrasco.org.br/site/noticias/entidades-cientificas-e-da-area-da-saude-fazemcarta-critica-a-protocolo-de-tratamento-precoce-de-covid19-em-santa-catarina/50228/>. Acesso em: 28 ago. 2021. MINHA História. Silas Malafaia, 2020. Disponível em: <https://www.silasmalafaia.com/minha-historia/>. Acesso em 11 jun. 2021.
como a defesa de pautas morais indica uma compressão de gênero
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  • Uso Político Da Religião E O Uso Religioso Da Política
NETO, A. O uso político da religião e o uso religioso da política: como a defesa de pautas morais indica uma compressão de gênero. Revista INTERAÇÕES, Belo Horizonte, v. 12, n. 22, p. 323-342, 2017. Disponível em: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/interacoes/article/view/P.1983-2478.2017v12n22p323>. Acesso em: 10 jun. 2021.
Notas sobre ética, religião e mídia
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  • S M Krindges
NODARI, P. C.; KRINDGES, S. M. Notas sobre ética, religião e mídia. Revista INTERAÇÕES, Belo Horizonte, v. 9, n. 15, p. 144-167, 2014. Disponível em: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/interacoes/article/view/P.1983-2478.2014v9n15p144>. Acesso em: 8 jul. 2021.
cloroquina está no centro de uma disputa política. Carta Capital
  • T Oliveira
  • Droga Queridinha De Bolsonaro
OLIVEIRA, T. Droga queridinha de Bolsonaro, cloroquina está no centro de uma disputa política. Carta Capital, 2020. Disponível: <https://www.cartacapital.com.br/politica/drogaqueridinha-de-bolsonaro-cloroquina-esta-no-centro-de-uma-disputa-politica/>. Acesso em: 15 ago. 2021.
Tese (Doutorado em Linguística) apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco
  • A Penã-Alfaro
PENÃ-ALFARO, A. Estratégias discursivas de persuasão em um discurso religioso neopentecostal, 2005. 246 f. Tese (Doutorado em Linguística) apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco, Recife. Disponível em: <https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7707>. Acesso em: 8 jun. 2021.
Brasil termina agosto com 28.947 mortes pela Covid-19, apontam secretarias de Saúde
  • L Pinheiro
PINHEIRO, L. Brasil termina agosto com 28.947 mortes pela Covid-19, apontam secretarias de Saúde; especialistas alertam que a pandemia não acabou. G1, 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/09/03/brasil-termina-agosto-com-28947-mortes-pela-covid-19-apontam-secretarias-de-saude-especialistas-alertam-quepandemia-nao-acabou.ghtml>. Acesso em: 5 jun. 2021.
  • E Perini
  • Que
PERINI, E. O que move as fake news e o negacionismo científico? [Entrevista concedida a] Marco Weissheimer. Sul 21, 27 nov. 2019. Disponível em: <https://outraspalavras.net/outrasmidias/o-que-move-as-fake-news-e-negacionismocientifico/>. Acesso em: 2 set. 2021.