BookPDF Available

Aves do Brasil, vol I: Rheiformes a Psittaciformes

Authors:

Abstract

O Brasil atualmente está bem provido de guias de identificações de aves e também já possui páginas de ciência cidadã na internet que são de grande valia para a identificação de espécies. Porém, livros que tentem agrupar toda a massa de informações sobre biologia das espécies de aves que ocorrem no Brasil são difíceis de encontrar, diante dessa percepção este livro tem por objetivo tentar suprir essa necessidade. Esse livro está organizado em uma série de capítulos iniciais sobre biologia geral das aves como um todo, iniciando com um breve capítulo sobre as regras de nomenclatura científica para familiarizar o leitor leigo, passando para alguns capítulos sobre origem das aves, biologia geral desses animais e sobre como o processo evolutivo permite o surgimento de suas espécies. Segue-se então para a segunda parte desse livro, composta pelas informações sobre biologia e ecologia das ordens Rheiformes a Psittaciformes, das emas aos papagaios, araras e afins. Ficando apenas uma ordem de fora, a dos Passeriformes. Essa ordem terá um ou dois volumes próprios, a depender da quantidade de informações biológicas que for possível reunir, pois sua quantidade de espécies é enorme, extrapolando os limites de tamanhos possíveis para esse volume. O presente livro apresenta informações ao nível de família e ao nível de espécie, tais como comprimento e peso das aves, seu habitat, alimentação, reprodução, distribuição geográfica e altitudinal, predadores, comportamentos e sinonímias recentes.
2
Mario Arthur Favretto
AVES DO BRASIL
VOLUME I
RHEIFORMES A PSITTACIFORMES
Florianópolis
Edição do Autor
2021
3
4
Aves do Brasil Volume I: Rheiformes a Psittaciformes
1ª edição
Copyright © 2021 Mario Arthur Favretto
Favretto, Mario Arthur
Aves do Brasil, vol I: Rheiformes a Psittaciformes / Mario
Arthur Favretto. Florianópolis : Mario Arthur Favretto, 2021.
596 p. : il.
ISBN 978-65-00-28315-0
1. Aves - Brasil. 2. Ornitologia - Brasil. I. Título.
CDU 598.2(81)
5
Para todos aqueles que se preocupam com o meio ambiente
e com a biodiversidade.
6
AGRADECIMENTOS
Devo meus mais sinceros agradecimentos à minha esposa Emili Bortolon dos Santos, pelas muitas revisões,
críticas, sugestões, pela compreensão das inúmeras horas e dias passados em função deste livro nos
últimos quatro anos e pelo apoio e incentivo nos momentos de cansaço quando eu não aguentava mais
compilar tantas informações por horas a fio.
Também devo agradecer a Elton Orlandin e Monica Piovesan, pela revisão do texto, críticas e sugestão que
o melhoraram muito.
7
Sumário
Sumário ............................................................................................................................................................ 7
Introdução ...................................................................................................................................................... 11
Breve introdução à taxonomia zoológica ....................................................................................................... 12
Origem das Aves ............................................................................................................................................. 15
Origens ....................................................................................................................................................... 15
Origem do voo ............................................................................................................................................ 16
Diversificação ............................................................................................................................................. 17
Forma e Função .............................................................................................................................................. 20
Esqueleto.................................................................................................................................................... 20
Musculatura ............................................................................................................................................... 20
Sistema respiratório ................................................................................................................................... 21
Sistema circulatório e termorregulação ..................................................................................................... 22
Sistema digestório ...................................................................................................................................... 23
Excreção ..................................................................................................................................................... 23
Sistema nervoso e sentidos ........................................................................................................................ 23
Vocalização ................................................................................................................................................. 26
Reprodução ................................................................................................................................................ 27
Penas .......................................................................................................................................................... 29
Adaptações..................................................................................................................................................... 32
Asas ............................................................................................................................................................ 32
Caudas ........................................................................................................................................................ 32
Bicos e línguas ............................................................................................................................................ 32
Pés, pernas e garras ................................................................................................................................... 33
Migração ........................................................................................................................................................ 34
Como as aves evoluem? ................................................................................................................................. 37
A dinâmica da crosta terrestre ................................................................................................................... 37
Seleção natural ........................................................................................................................................... 38
Seleção sexual ............................................................................................................................................ 40
Seleção de grupo ........................................................................................................................................ 41
Seleção de parentesco ............................................................................................................................... 42
Processos de especiação ............................................................................................................................ 44
Ordem Rheiformes ......................................................................................................................................... 49
Família Rheidae .......................................................................................................................................... 49
Ordem Tinamiformes ..................................................................................................................................... 51
Família Tinamidae ...................................................................................................................................... 51
Ordem Anseriformes ...................................................................................................................................... 62
Família Anhimidae ...................................................................................................................................... 63
Família Anatidae ......................................................................................................................................... 66
Ordem Galliformes ......................................................................................................................................... 83
Família Cracidae ......................................................................................................................................... 84
Família Odontophoridae ............................................................................................................................ 96
Ordem Phoenicopteriformes........................................................................................................................ 100
Família Phoenicopteridae ......................................................................................................................... 100
Ordem Podicipediformes ............................................................................................................................. 104
8
Família Podicipedidae ............................................................................................................................... 104
Ordem Columbiformes ............................................................................................................................. 110
Família Columbidae .................................................................................................................................. 110
Ordem Cuculiformes .................................................................................................................................... 121
Família Cuculidae...................................................................................................................................... 122
Ordem Steatornithiformes ........................................................................................................................... 133
Família Steatornithidae ............................................................................................................................ 134
Ordem Nyctibiiformes .................................................................................................................................. 136
Família Nyctibiidae ................................................................................................................................... 136
Ordem Caprimulgiformes ............................................................................................................................. 139
Família Caprimulgidae .............................................................................................................................. 139
Ordem Apodiformes ..................................................................................................................................... 149
Família Apodidae ...................................................................................................................................... 149
Família Trochilidae ................................................................................................................................... 157
Ordem Opisthocomiformes .......................................................................................................................... 192
Família Opisthocomidae ........................................................................................................................... 192
Ordem Gruiformes ....................................................................................................................................... 194
Família Aramidae ...................................................................................................................................... 194
Família Psophiidae .................................................................................................................................... 195
Família Rallidae ........................................................................................................................................ 199
Família Heliornithidae .............................................................................................................................. 213
Ordem Charadriiformes................................................................................................................................ 214
Família Charadriidae ................................................................................................................................. 214
Família Haematopodidae ......................................................................................................................... 220
Família Recurvirostridae ........................................................................................................................... 222
Família Burhinidae .................................................................................................................................... 224
Família Chionidae ..................................................................................................................................... 226
Família Scolopacidae ................................................................................................................................ 227
Família Thinocoridae ................................................................................................................................ 239
Família Jacanidae...................................................................................................................................... 241
Família Rostratulidae ................................................................................................................................ 243
Família Glareolidae ................................................................................................................................... 244
Família Stercorariidae ............................................................................................................................... 247
Família Laridae ......................................................................................................................................... 251
Ordem Eurypygiformes ................................................................................................................................ 262
Família Eurypygidae ................................................................................................................................. 263
Ordem Phaethontiformes ............................................................................................................................ 264
Família Phaethontidae.............................................................................................................................. 265
Ordem Sphenisciformes ............................................................................................................................... 268
Família Spheniscidae ................................................................................................................................ 268
Ordem Procellariiformes .............................................................................................................................. 271
Família Diomedeidae ................................................................................................................................ 271
Família Oceanitidae .................................................................................................................................. 277
Família Hydrobatidae ............................................................................................................................... 280
Família Procellariidae ............................................................................................................................... 281
Ordem Ciconiiformes................................................................................................................................ 295
9
Família Ciconiidae..................................................................................................................................... 295
Ordem Suliformes ........................................................................................................................................ 299
Família Fregatidae .................................................................................................................................... 299
Família Sulidae ......................................................................................................................................... 302
Família Anhingidae ................................................................................................................................... 308
Família Phalacrocoracidae ........................................................................................................................ 310
Ordem Pelecaniformes ............................................................................................................................. 313
Família Pelecanidae .................................................................................................................................. 313
Família Ardeidae....................................................................................................................................... 315
Família Threskiornithidae ......................................................................................................................... 328
Ordem Cathartiformes ................................................................................................................................. 334
Família Cathartidae .................................................................................................................................. 335
Ordem Accipitriformes ................................................................................................................................. 339
Família Pandionidae ................................................................................................................................. 339
Família Accipitridae .................................................................................................................................. 340
Ordem Strigiformes ...................................................................................................................................... 365
Família Tytonidae ..................................................................................................................................... 365
Família Strigidae ....................................................................................................................................... 367
Ordem Trogoniformes .................................................................................................................................. 380
Família Trogonidae ................................................................................................................................... 380
Ordem Coraciiformes ................................................................................................................................... 385
Família Momotidae .................................................................................................................................. 385
Família Alcedinidae .................................................................................................................................. 388
Ordem Galbuliformes ................................................................................................................................... 392
Família Galbulidae .................................................................................................................................... 392
Família Bucconidae................................................................................................................................... 397
Ordem Piciformes ........................................................................................................................................ 406
Família Capitonidae .................................................................................................................................. 406
Família Ramphastidae .............................................................................................................................. 409
Família Picidae .......................................................................................................................................... 417
Ordem Cariamiformes .................................................................................................................................. 435
Família Cariamidae ................................................................................................................................... 435
Ordem Falconiformes ................................................................................................................................... 437
Família Falconidae .................................................................................................................................... 437
Ordem Psittaciformes .................................................................................................................................. 450
Família Psittacidae .................................................................................................................................... 450
Referências ................................................................................................................................................... 484
Índice ............................................................................................................................................................ 590
10
11
Introdução
As aves encantam os seres humanos há
muitos milênios, seja pela beleza de suas
plumagens, pelo seu canto ou pela capacidade de
voar. No entanto, não são apenas esses aspectos
das aves que são encantadores, sua biologia, seu
comportamento, sua anatomia e fisiologia
também o são.
São esses aspectos que serão o foco deste
livro. O Brasil atualmente está bem provido de
diversos guias de identificações de aves e
também já possui páginas de ciência cidadã na
internet que são de grande valia para a
identificação de espécies. Porém, livros que
tentem agrupar toda a massa de informações
sobre biologia das espécies que ocorrem no Brasil
são difíceis de encontrar.
Diante dessa percepção que tive o objetivo
de iniciar esse livro, especialmente considerando
que a maior parte das informações sobre
espécies de aves que ocorrem no Brasil estão em
língua estrangeira e assim inacessíveis para a
maior parte da população de nossa pátria.
Esse livro está organizado em uma série de
capítulos iniciais sobre biologia geral das aves
como um todo, iniciando com um breve capítulo
sobre as regras de nomenclatura científica para
familiarizar o leitor leigo, passando para alguns
capítulos sobre origem das aves, biologia geral
desses animais e sobre como o processo
evolutivo permite o surgimento de suas espécies.
Segue-se então para a segunda parte desse
livro, composta pelas informações sobre biologia
e ecologia das ordens Rheiformes a
Psittaciformes, das emas aos papagaios, araras e
afins. Ficando apenas uma ordem de fora, a dos
Passeriformes. Essa ordem terá um ou dois
volumes próprios, a depender da quantidade de
informações biológicas que for possível reunir,
pois sua quantidade de espécies é enorme,
extrapolando os limites de tamanhos possíveis
para esse volume.
O presente volume apresenta informações
ao nível de família e ao nível de espécie, tais
como comprimento e peso das aves, seus
habitat, alimentação, reprodução, distribuição
geográfica e altitudinal, predadores,
comportamentos e sinonímias recentes. Para o
livro não ficar acadêmico demais, como o assunto
pode atrair diversas pessoas do público leigo, ao
final de cada parte sobre uma família ou uma
espécie, há um tópico com as citações, ou seja, as
fontes de onde eu obtive as informações
mencionadas.
Assim, aquele que tiver interesse pode
procurar as fontes originais em busca de uma
dada informação. Eu não segui apenas artigos e
livros para obter as informações desse livro,
atualmente com a internet diversos sites com
fotos e vídeos de aves que nos fornecem
informações preciosas sobre sua biologia, essas
fontes também foram consultadas e
devidamente referenciadas. Ao todo foram
consultadas mais de 2.900 referências para
compor esse livro.
Como mencionei antes, já alerto o leitor
que esse livro não tem pretensão de ser um guia
de identificação de aves, materiais como esses já
existem vários no Brasil e de excelente qualidade.
Meu objetivo principal aqui é reunir informações
sobre a biologia das famílias e espécies de aves
que ocorrem no Brasil, nem sempre essas
informações são originárias de pesquisas
realizadas nesse país em si. Muitas vezes, dado o
grande desconhecimento sobre nossa fauna, tive
de recorrer a pesquisas realizadas em outros
países da América Latina ou outras regiões. Se
todo esse esforço valeu a pena, cabe ao leitor
julgar.
Mario Arthur Favretto
12
Breve introdução à taxonomia zoológica
Esse trecho do livro serve para facilitar a
compreensão para aquele leitor que não é da
área da biologia ou que não está acostumado
com a forma como as espécies são organizadas
pelos biólogos. O ser humano costuma
categorizar todo o mundo ao seu redor, cria
conceitos para enquadrar e definir os seres
animados e inanimados. Popularmente, as
pessoas já costumam denominar as aves e outros
seres por diferentes nomes, como, chamar um
sabiá de sabiá ou um tico-tico de tico-tico.
Porém, os nomes populares variam de região
para região de um país e também conforme a
língua. Por exemplo, Guira guira pode ser
chamada popularmente de anu-branco ou de
gralha e um Tangara sayaca pode ser chamado
popularmente de sanhaço-cinzento, moreta,
papa-fruta ou papa-figo.
Por isso os biólogos adotam a chamada
nomenclatura binomial, desenvolvida por Carolus
Linnaeus, com a publicação de seu livro Systema
Naturae, em 1735. Tratou-se de um trabalho que
tentava organizar a vida animal em hierarquias,
em grupos cada vez maiores baseados em suas
similaridades, Espécie, Gênero, Família, Ordem e
Reino, por exemplo. Ao longo dos anos o trabalho
de Linnaeus foi aperfeiçoado por outros
pesquisadores.
Assim todos os organismos devem ser
colocados em pelo menos sete táxons (Reino,
Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie),
um em cada uma das categorias obrigatórias. Os
taxonomistas têm a opção de subdividir ainda
mais essas sete categorias para definir mais do
que sete táxons (superfamília, subfamília,
subordem, superordem etc.) para qualquer grupo
específico de organismos.
O sistema de Linnaeus para nomear
espécies é denominado de nomenclatura
binomial. Cada espécie recebe um nome em
latim, composto de duas palavras (daí, binomial),
por exemplo, Pitangus sulphuratus, este nome
deve ser escrito em itálico (ou sublinhado, no
caso de ser escrito a mão ou datilografado). A
primeira palavra é o nome do gênero, que deve
ser escrito com a primeira letra maiúscula; a
segunda palavra é denominada epíteto da
espécie (ou epíteto específico) identifica a
espécie dentro do gênero e é escrita em letras
minúsculas. A importância desses nomes em
latim é que podem ser de forma comum por
pessoas de todos os países, assim se alguém fala
em Pitangus sulphuratus, uma pessoa no Brasil
vai saber que se trata do popular bem-te-vi e
uma pessoa nos Estados Unidos saberá que se
trata do Great kiskadee.
Dando continuidade, o nome do gênero é
quase sempre um substantivo, e o epíteto
específico é em geral um adjetivo que deverá
concordar em gênero (masculino, feminino e
neutro) com o nome do gênero da espécie. Por
exemplo: o nome científico do sabiá-laranjeira é
Turdus rufiventris (do latim: turdus, tordo;
rufiventris, de ventre vermelho). O epíteto
específico nunca deve aparecer sozinho, caso
contrário não como saber a qual espécie se
refere, por isso o nome científico deve ser usado
completo.
Já os gêneros podem eventualmente ser
escritos sozinhos, pois então saberemos que se
refere ao conjunto de espécies contidas nele, por
exemplo, se eu escrever apenas Turdus, o leitor
saberá que estou falando de todas as espécies
desse gênero, a todos os sabiás, Turdus
rufiventris, Turdus amaurochalinus, Turdus
leucomelas, etc.
O epíteto específico não pode ser utilizado
sozinho, pois pode ser encontrado em diferentes
espécies, ao contrário do gênero que tem
exclusividade. Assim, diferentes gêneros podem
ter espécies com o mesmo epíteto. Por exemplo,
o nome científico do gaturamo-do-norte é
Euphonia rufiventris. O epíteto rufiventris é
utilizado em outros gêneros como para o Turdus
acima citado.
Quando estamos lidando com várias
espécies também pode ser realizada a
abreviatura do nome científico para facilitar o
entendimento do texto e o processo de escrita,
neste caso abrevia-se o gênero, deixando apenas
a letra inicial, para Turdus rufiventris e Euphonia
rufiventris teríamos T. rufiventris e E. rufiventris.
Algumas outras regras de nomenclatura
são usadas por taxonomistas e sistematas, por
exemplo, quando não sabemos a espécie em si
com a qual estamos lidando, apenas seu gênero
ou se eu quero me referir apenas ao gênero em
si, inserimos um “sp.” após ele, que é a
abreviatura de espécie (e.g. Turdus sp.). Se
quisermos abranger várias espécies de um
13
gênero usamos “spp.”, abreviatura de espécies,
por exemplo, Turdus spp. que abrange todas as
espécies de sabiás. Já “ssp.” é abreviatura para
subespécie, que ocorre em algumas espécies,
como Trogon surrucura surrucura e Trogon
surrucura aurantius, duas subespécies da espécie
Trogon surrucura.
Outra sigla que pode ser encontrada é
“aff.” inserida entre o gênero e o epíteto
específico, exemplo, como Sicalis aff. flaveola,
essa sigla significa “afim” (do latim affinis), ou
seja, que neste caso identificamos uma ave como
sendo do gênero Sicalis e que é similar ou
próxima da espécie S. flaveola, porém podendo
se tratar de uma espécie nova. Também é
possível encontrar a sigla “cf.” (abreviatura de
conferatum) entre o gênero e o epíteto
específico, é utilizado para indicar que a espécie
provavelmente é a indicada pelo pesquisador,
mas que precisa de confirmação. Por exemplo,
Spizaetus cf. ornatus, neste caso a espécie
provavelmente é um gavião-de-penacho, mas
precisaria ser confirmado.
As famílias e subfamílias dentro das quais
as espécies de animais estão inseridas também
possuem regras próprias de nomenclatura,
famílias sempre são finalizadas com -dae e
subfamílias -nae. Desta forma, exemplificando, a
família dos beija-flores é denominada Trochilidae
é composta por duas subfamílias, Phaethorninae
e Trochilinae. Já as ordens de aves terminam com
-formes, como a ordem em que os beija-flores
estão inseridos, Apodiformes; ou a ordem dos
falcões, Falconiformes.
Ao longo do livro também são
apresentadas famílias de plantas, estas terminam
em ceae, exemplo, a família das bromélias é
Bromeliaceae. No caso de outros grupos animais
que também são citados ao longo do livro, como
insetos, as ordens não terminam em formes,
mas possuem denominações próprias, como, por
exemplo, a ordem dos besouros Coleoptera ou a
ordem dos louva-a-deus Mantodea.
Ao longo do livro, você verá que quando há
um nome científico este virá acompanhado do
sobrenome do autor-descritor da espécie, ou
seja, da pessoa que descobriu e descreveu a
espécie, e do ano em que a publicação da
descrição ocorreu. Nesse caso também existem
regras para como esses nomes são dispostos. O
sobrenome do autor que descreveu o sabiá-
laranjeira Turdus rufiventris foi Vieillot em uma
publicação no ano de 1818, assim seria citado
Turdus rufiventris Vieillot, 1818.
Se o nome do autor-descritor estiver entre
parênteses, significa que a espécie foi descrita
inicialmente com outro nome ou inserida em
outro gênero, mas que depois de sua descrição,
alguém fez alguma pesquisa sobre a classificação
e filogenia da espécie e ela acabou sendo
colocada em outro gênero ou teve seu nome
científico alterado, como no caso do pintassilgo
Spinus magellanicus (Vieillot, 1805).
Tudo isso para tentar por alguma ordem
em toda a grande diversidade de espécies que
existem no mundo. Existem várias outras regras
de classificação e taxonomia, mas para a
compreensão do livro não vem ao caso.
Atualmente a classificação das espécies segue a
sistemática filogenética, esse agrupamento
categórico das espécies dentro de gêneros,
gêneros dentro de famílias, famílias dentro de
ordens, ordens dentro de classes, etc. Não é mais
algo apenas baseado em similaridades
morfológicas, ou seja, na forma do corpo, mas
segue também princípios de relações evolutivas.
Claro que a morfologia por consequência
demonstrava certas similaridades, mas
atualmente com estudos genéticos isso foi muito
mais aperfeiçoado.
É por esse motivo que acabam ocorrendo
mudanças nos nomes científicos das espécies ou
até mesmo em alguns casos mudanças de
gêneros e famílias. Conforme estudos mais
aprofundados envolvendo maior detalhamento
morfológico, genético e, no caso das aves, até de
seus cantos, vão sendo realizados, maior se torna
a compreensão das relações evolutivas entre as
espécies. Ou seja, quais compartilham ancestrais
evolutivos em comum e assim podem ser
agrupados, por exemplo, dentro de um mesmo
gênero ou de uma mesma família.
Quando uma espécie tem seu nome
modificado, os diferentes nomes científicos são
denominados de sinônimos ou sinonímias. Dessa
forma, Carduelis magellanicus, Sporagra
magellanica e Spinus magellanicus, são todos
sinonímias do nome científico para o pintassilgo.
Quando uma subespécie é elevada ao nível de
espécie, como Stephanoxis lalandi loddigesii, que
passou a ser S. loddigesii, o nome antigo, pode
ser considerado como “combinação antiga” e o
atual como combinação nova ou status novo.
Estas variações também são apresentadas no
presente livro, porém para facilitar o
14
entendimento do leitor não acadêmico,
apresento todas elas sob o item “Sinonímias
recentes”, nas espécies que há essa necessidade.
Por fim, nesse aspecto de taxomonia e
classificação, o presente livro utiliza como base a
Lista de Aves do Brasil do Comitê Brasileiro de
Registros Ornitológicos.
Fontes: Amorim, 2002; Hickman et al., 2016; Ride
et al., 2020; Pacheco et al., 2021.
15
Origem das Aves
Origens
As aves são animais bípedes, quando em
solo andam sobre os dois membros posteriores;
são homeotérmicas e endotérmicas, ou seja, sua
temperatura corporal é mantida constante e seu
calor é produzido pelo seu próprio metabolismo; e
como características mais peculiares, possuem o
corpo revestido por penas, membros anteriores
modificados em asas, bicos, possuem ossos
pneumáticos (ocos) e um sistema respiratório que
além de pulmões (faveolares) também possuem
sacos aéreos. Mas onde surgiu um grupo animal
com tantas características peculiares?
Até o presente momento, com base em
todas as evidências que continuam a se acumular,
é consenso que as aves tiveram sua origem nos
dinossauros, mais especificamente elas são
dinossauros vivos. Tiveram sua origem evolutiva a
partir de uma subordem de Saurischia,
denominada Theropoda, na qual estão inclusos
diversos dinossauros carnívoros muito famosos
como Velociraptor e Tyranosaurus. Uma origem
no mínimo fascinante para todos os admiradores
destes animais.
A origem das aves a partir de dinossauros
terópodes esligada com praticamente todos os
aspectos biológicos das aves e influencia
diretamente na forma como pensamos a respeito
delas, na maneira como estudamos e ensinamos a
anatomia das aves. Assim como, seu
comportamento, fisiologia, ecologia e evolução.
Da mesma forma que cabelos, unhas e
escamas, as penas são apêndices tegumentários
da pele, formados por células da epiderme que
produzem queratina. Em seu desenvolvimento,
tanto penas como escamas são formadas pela
interação entre epiderme e mesênquima
(diferentes camadas da pele), sendo
caracterizadas por um complexo de inovações
morfológicas e bioquímicas.
Atualmente sabe-se que as penas, que
seriam uma característica tão peculiar das aves
também estavam presentes em outros
dinossauros. As constantes descobertas de fósseis
de dinossauros emplumados (com penas ou
plumas) demonstram que estes animais tinham
uma diversidade de penas primitivas diferente das
penas das aves modernas ou do Archaeopteryx
(um dinossauro terópode, considerado por vezes
como a primeira ave). Entretanto, essas penas
primitivas fornecem informações importantes
sobre a estrutura, função e evolução das penas
presentes nas aves modernas. Além de reforçar a
origem das aves atuais a partir desse antigo grupo
taxonômico.
Entre alguns dinossauros com penas, ou
estruturas similares a estas em algum de seus
níveis de desenvolvimento, indo desde um simples
filamento até uma pluma ou pena em si, pode-se
citar, dos mais populares, Sinosauropteryx,
Sinornithosaurus, Protoarchaeopteryx,
Caudipteryx, Ubirajara jubatus, entre outros.
O aparecimento de plumas e penas ainda
no clado Avemetatarsalia, que agrupa os
Archosauria, como dinossauros, pterossauros e
aves, pode estar ligado à evolução de uma alta
taxa metabólica e manutenção de sua
temperatura corporal, ainda no começo do
Período Triássico (252 a 201 milhões de anos
atrás). Essas características fisiológicas
proporcionam uma melhora nas habilidades
locomotoras, assim como no comportamento
distinto e na comunicação visual. Posteriormente,
o desenvolvimento de plumas e penas também
pode ter tido um importante papel no que diz
respeito à competição e ao sucesso na
diversificação dos dinossauros terópodes e seus
descendentes de voo ativo no período Jurássico
(201 a 143 milhões de anos atrás - Era Mesozoica).
No que se refere à comunicação visual ou
camuflagem, tanto a seleção natural como a
seleção sexual podem ter auxiliado no
desenvolvimento das penas. Especialmente
considerando que a queratina das primeiras
protopenas era pigmentada com melanina ou
carotenoides, como nas penas modernas, assim as
penas poderiam ser coloridas, tendo diferentes
padrões de cores, até mesmo com colorações
avermelhadas e chamativas. Características que
foram encontradas em estudos que permitem
determinar a coloração das penas de dinossauros,
como registrado para Anchiornis e Microraptor,
analisando a forma dos melanossomos presentes
nas penas fossilizadas. Esses melanossomos são
organelas que produzem e armazenam melanina
que dá cor à pele, aos pelos e penas.
A similaridade entre dinossauros Theropoda
e aves não se encontra somente na presença de
penas. também a relação do sistema
16
respiratório, tendo em vista que os sacos aéreos
presentes nas aves não são uma característica
exclusiva deste grupo em si. Análises de ossos
pneumáticos de dinossauros indicaram a presença
deste sistema de respiração também nesse grupo
taxonômico, incluindo no famoso Archaeopteryx.
Semelhanças entre esses dois grupos
também ocorrem devido à presença dos
processos uncinares e da gastrália (costelas
abdominais), que em conjunto com o osso esterno
(localizado meio do peito) e a cintura pélvica
tornam similares a respiração de aves e
terópodes. Estudos realizados nos crânios de aves
e dinossauros por meio de tomografias
computadorizadas encontraram possíveis
similaridades cerebrais entre os grupos Theropoda
e Aves, incluindo Archaeopteryx.
Diversos dinossauros bípedes como os
terópodes apresentavam endotermia assim como
as aves, conforme indicaram estudos da histologia
óssea e biomecânica dos movimentos desses
dinossauros.
Vale ressaltar que muitas inovações
esqueléticas de importância crítica para o voo
surgiram para outros fins nos primeiros
terópodes, como por exemplo:
a) ossos longos ocos (e.g. Theropoda),
tornando-os mais leves e sem perder resistência;
b) remoção do dígito 1 nos pés, perdendo
seu papel no apoio de peso (e.g. Ceratosaurus
Neotheropoda);
c) evolução de uma junta rotativa no punho,
possibilitando movimentar melhor as mãos para
apreensão eficiente nos dinossauros (e.g.
Allosaurus Neotetanurae) e nas aves maior
maneabilidade das asas;
d) expansão do osso coracoide e do esterno
permitindo um aumento da musculatura peitoral
essencial para mover os braços no voo e presença
de plumas para regular a temperatura corporal
(e.g. Sinosauropteryx, Pelecanimimus
Coelurosauria);
e) presença de penas com raque, dispostas
como primárias e secundárias nas asas ou
membros anteriores, necessárias para possibilitar
um voo propulsionado ou obter impulso adicional
movendo as protoasas; e como retrizes na cauda
para exibições ou para chocar ovos, ou ambos
(e.g. Caudipteryx Maniraptora);
f) encurtamento do tronco e aumento da
rigidez na extremidade da cauda, bem como, seu
encurtamento distal, isso permitiu um aumento
do equilíbrio e maior capacidade de manobras em
deslocamentos rápidos (e.g. Velociraptor Paraves);
g) aquisição de um voo básico e capacidade
de empoleirar-se em galhos (função obtida antes
do término do Jurássico); alterações na
articulação do ombro, permitindo realizar os
amplos movimentos do bater de asas; propulsão
de voo com penas assimétricas e hálux invertido
nos pés, chaves para o refinamento de um voo
propulsionado (e.g. Archaeopteryx Aves);
h) desenvolvimento do canal triósseo para o
principal tendão rotor das asas, penas na álula
para controle do fluxo de ar na asa durante
velocidades lentas, retrizes em leque permitindo
maneabilidade durante o voo e frenagem durante
o pouso e hálux completamente invertido nos pés,
permitindo empoleirar-se (e.g. Sinornis
Ornithothoraces);
i) fúrcula elástica e um esterno grande em
quilha para uma musculatura peitoral maciça (e.g.
Columba Euornithes).
Fontes: Sereno, 1999; Prum, 2002; Prum & Brush,
2004; Kundrát, 2004; Prum, 2005; O’Connor &
Claessens, 2005; Kundrát, 2007; Codd et al., 2008;
Pontzer et al., 2009; Favretto, 2010; Watanabe et al.,
2015; Vinther, 2015; Dance, 2016; Gaetano et al., 2017;
Benton, 2020.
Origem do voo
Existem duas hipóteses que discutem a
origem do voo nas aves, uma conhecida como
chão-ar, ou seja, animais correndo começaram a
voar e outra árvore-ar, quando um animal
arborícola, pulando de uma árvore e usando suas
penas como um pára-quedas, alçaria voo. A
segunda teoria poderia ser mais fácil, ao contrário
do surgimento do voo no chão, que supostamente
iria contra a força da gravidade.
Apesar de a teoria árvore-ar ser
aparentemente mais simples, em especial com a
descoberta de fósseis de dinossauros que
possuem os quatro membros sendo utilizados
como asas (e.g. Microraptor gui), a origem das
penas em si, deriva de dinossauros cursoriais
(corredores).
Analisando um dos fósseis intermediários
mais famosos, o Archaeopteryx, este animal
possuía penas assimétricas nos membros
anteriores e na cauda, protopenas e plumagem
em diversas partes do corpo, o que são apenas
algumas das características que o aproxima das
17
aves. As penas assimétricas possuem barbas com
tamanhos desiguais de cada lado da raque,
característica de penas que atualmente estão
presentes nas asas de aves com capacidade de
voo.
Estudos de análise da anatomia do
Archaeopteryx e modelos para análise de seu voo
indicaram que quando ele começava a correr, as
pernas poderiam funcionar como uma força de
impulso para o voo. A batida de asas poderia
suplementar a força produzida na corrida e,
quando ambas as forças se unissem, as duas
produziriam uma força única que seria suficiente
para erguer o animal do solo. Dessa forma,
passando apenas a utilizar as asas (e sua
respectiva força) fazendo o Archaeopteryx
sustentar-se no ar.
Então qual das hipóteses da origem do voo
está correta? Chão-ar ou árvore-ar?
Possivelmente algo entre os dois ou algo
completamente diferente. Muitas aves, como
alguns Tinamiformes e Galliformes, quando
buscam abrigo para dormir, recorrem às árvores,
ou seja, mesmo com seu hábito terrestre,
procuram por locais elevados para se abrigar.
Penas nos membros anteriores, mesmo
quando não muito desenvolvidas, podem auxiliar
no aumento da velocidade em uma corrida, isso
nas aves modernas (ex. Galliformes), assim como,
possivelmente, em protoaves também. Da mesma
forma que a tendência das aves terrestres de
refugiarem-se em locais elevados, pode ser uma
tendência que ocorreu durante o período
evolutivo de protoaves. Levantar voo para se
abrigar em um local elevado pode ser mais
vantajoso do que ter que ficar correndo e fugindo.
Estudos com a ontogenia pós-natal em
uma análise do desenvolvimento dos movimentos
nas aves até que estas cheguem à idade adulta
demonstraram que, desde filhotes até a
maturidade, as aves apresentam uma forma de
movimento para bater as asas que é
estereotipada e envolve, ainda nos filhotes, a
função aerodinâmica de suas protoasas (tendo em
vista que nos filhotes as asas não estão
completamente desenvolvidas), incorpora
movimentos simultâneos e independentes das
asas e das pernas. Desta forma, estabelece que o
bater de asas foi estabelecido para funções
aerodinâmicas nos ancestrais bípedes das aves.
Estes estudos sugerem que penas nos
membros anteriores de pequenas protoaves
bípedes podem ter fornecido vantagens
locomotoras em corridas da mesma forma que
nas aves atuais. Correndo em locais acidentados,
com obstáculos para cima e para baixo, e em
superfícies eventualmente quase verticais, como
em meio a uma floresta. Sendo perseguido ou
perseguindo, um dinossauro com protoasas
emplumadas poderia se beneficiar com um auxílio
de tração extra fornecida pelos membros
anteriores, tanto para correr quanto para
encontrar abrigo em locais elevados.
Um dinossauro terópode com protoasas
representa um estágio intermediário no
desenvolvimento da capacidade de voar e das
asas aerodinâmicas. Forças aerodinâmicas das
protoasas inicialmente poderiam ter sido
direcionadas para aumentar a tração dos
membros posteriores (como acima mencionado),
e, subsequentemente, teriam permitido
ascensões aéreas rudimentares. Bem como,
descidas controladas de refúgios elevados, tal qual
observado atualmente em certos Galliformes.
Esse cenário é um caminho
comportamental e morfológico compatível com os
estágios adaptativos que estiveram presentes nos
dinossauros terópodes para atingirem o voo
aviano. Especialmente considerando o encontro
de asas parcialmente desenvolvidas (protoasas)
em dinossauros terópodes (e.g. Caudipteryx,
Sinosauropteryx, Protarchaeopteryx, Rahonavis,
Unenlagia e outros).
Fontes: Burgers & Chiappe, 1999; Hedeström, 2002;
Dial, 2003; Christiansen & Bonde, 2004; Dial et al.,
2006; Dial et al., 2008; Heers et al., 2016.
Diversificação
As aves, ao que os dados paleontológicos
indicam, surgiram no período Jurássico (201 a 143
milhões de anos atrás). Porém, no Cretáceo (144 a
65 milhões de anos atrás) houve uma
diversificação significativa das aves, com diversos
grupos que atualmente estão extintos.
Archaeopteryx é uma das aves basais (ou
terópode protoaviano) que mais se tem
conhecimento, seguida de Rahonavis e Jeholornis,
datados do período Cretáceo. Após essas
espécies, dentre os grupos do Cretáceo, têm-se
Confusiusornithidae e Enantiornithes, este último
sendo o principal deste período.
Confusiusornithidae é uma família
representada por dois gêneros Confuciusornis e
Changchengornis, estes dois caracterizam-se por
18
não possuírem dentes e apresentarem um bico
córneo, ambos datam do período Jurássico
Superior-Cretáceo Inferior (fim do Jurássico e
começo do Cretáceo). A perda de dentes não foi
um caso único de Confuciusornithidae, além
destes, ocorreu outras duas vezes de forma
independente dentro de Aves. Outra característica
desses gêneros é a presença de duas longas penas
na cauda, que provavelmente teriam uma função
de atração sexual, tendo em vista que alguns
indivíduos possuíam e outros não.
O grupo mais diversificado de aves durante
o período Cretáceo foram os Enantiornithes, essas
aves ainda possuíam dentes e suas asas, mesmo
tendo proporções de aves modernas, ainda tinha
garras. Em seus pés o hálux era invertido,
permitindo que ficassem empoleiradas. São
conhecidas cerca de 60 espécies deste clado. Por
exemplo, no Cretáceo Inferior são conhecidos os
gêneros: Concornis, Cathayornis, Cratoavis,
Boluochia, Nanatius e Eoalulavis; no Cretáceo
Superior são conhecidos os seguintes gêneros:
Enantiornis, Lectavis, Yungavolucris,
Soroavisaurus, Neuquenornis, Gobipteryx,
Alexornis e Avisaurus. Outros gêneros que
provavelmente podem ser considerados
Enantiornithes são Otogornis e Sinornis. Os
tamanhos das espécies deste clado refletem sua
diversificação, aves como Chathayornis e Sinornis
eram pequenas, tendo o tamanho aproximado de
um pardal. Outras, como Enantiornis leali, podiam
atingir até 1,20 m de envergadura.
Dois clados de aves também características
do Cretáceo são as ordens Hesperornithes e
Ichthyornithes. As aves do primeiro possuíam
dentes, apresentavam um esterno sem quilha,
asas rudimentares quase atrofiadas e suas pernas
se assemelhavam com as de muitas aves
mergulhadoras modernas. Habitavam os
ambientes aquáticos, locais em que
provavelmente se alimentavam de peixes que
capturavam em seus mergulhos.
As espécies de Ichthyornithes, também
possuíam dentes, se alimentavam de peixes, seus
hábitos são comparados com as aves atuais do
gênero Sterna. Eram aves pequenas com asas
apropriadas para o voo, pés e pernas pequenas,
esterno em quilha bem desenvolvido, cauda curta
e cabeça grande com forte maxilar e mandíbula.
Muitos destes antigos táxons de aves da Era
Mesozoica foram extintos junto com os demais
dinossauros 65 milhões de anos atrás. Porém,
aves modernas (Neornithes) já estavam presentes
antes da grande extinção do Cretáceo, caso, por
exemplo, do Vegavis, uma ave aquática que viveu
entre 68 e 66 milhões de anos atrás,
filogeneticamente relacionado aos Anatidae; e do
Asteriornis, de 66 milhões de anos atrás,
filogeneticamente relacionado à superordem
Galloanserae, que inclui o Galliformes e
Anseriformes.
Estudos com relógios moleculares também
demonstram que várias linhagens das aves
modernas (Neornithes) estavam presentes
durante o período Cretáceo, por volta de 100
milhões de anos atrás, corroborando o registro
fóssil acima citado. Tendo, desta forma,
conseguido sobreviver à extinção que ocorreu no
final da referida Era Mesozoica.
A maior diversificação dos atuais táxons de
aves ocorreu na Era Cenozoica, após a grande
extinção de 65 milhões de anos atrás. Essa
irradiação provavelmente ocorreu durante os
períodos Paleoceno e Eoceno (65 a 33 milhões de
anos atrás), quando já são encontrados registros
fósseis dos principais táxons atuais. Durante o
Eoceno (56 a 33 milhões d anos atrás) muitas
famílias de aves tinham uma distribuição mais
ampla do que a atual e acabaram reduzindo essa
distribuição. Caso por exemplo, de Trochilidae e
Cathartidae, que ocorriam até na Europa, e
atualmente estão restritos ao continente
americano. os gêneros atuais da maioria das
aves surgiram entre 25 e 2 milhões de anos atrás.
Por fim, entre 45 e 36 milhões de anos, que
surgiu a principal ordem atual das Aves,
Passeriformes, que reúne mais da metade das
atuais espécies, ou seja, mais de 5.700 espécies de
um total de quase 11.000 espécies de aves.
Porém, é apenas no Mioceno (23 a 5 milhões de
anos atrás) que esta ordem se torna comum no
mundo todo.
Fontes: Chiappe et al., 1999; Olsen, 2002a; Penteleyev
et al., 2004; Clarke, 2004; Clarke et al., 2005; Benton,
2008; O’Connor, 2009; Apetesguía & Ares, 2010; Ares,
2013; Carvalho et al., 2015; Lovette, 2016a; Yonezawa
et al., 2017; Gill et al., 2020; Field et al., 2020.
19
C
A
B
D
Legenda
A Archaeopteryx sp.
B Microraptor gui
C Rahonavis sp.
D - Confuciusornis sp.
20
Forma e Função
Esqueleto
O esqueleto das aves, além da mesma
função que desempenha em todos os demais
vertebrados, de dar suporte ao corpo e proteção
aos órgãos, também está adaptado a permitir seu
voo. Seus ossos são leves, o que facilita sua
capacidade de voar, com diversas cavidades ocas
(pneumáticos), mas ainda assim são muito
resistentes. Pois seus ligamentos e sua estrutura
geral devem ter força suficiente para suportar
músculos fortes que permitam à ave voar. O
exemplo mais claro da adaptação do esqueleto
para o voo é o osso esterno (no peito das aves)
em forma de quilha que serve para dar suporte
aos potentes músculos que movimentam as asas.
No esqueleto das aves, o seu tórax possui
diversos ossos fundidos (como pelve, costelas e
cauda), o que o torna mais rígido e resistente.
Essa adaptação se faz necessária devido a toda a
movimentação que ocorre no voo diante das
diversas forças exercidas pela musculatura. As
vértebras do que antes era a cauda nos
dinossauros, sofreram uma redução progressiva
ao longo da evolução. Destas modificações
resultaram fusões de diversas vértebras caudais,
resultando em uma estrutura denominada de
pigóstilo nas aves atuais, que sustenta as penas
da cauda (retrizes). Muitas vértebras do tronco
também se fundiram formando o sinsacro.
Outras adaptações muito características
das aves estão em seus membros, além é claro da
óbvia perda dos dentes que tornam seu crânio
mais leve, aves Enantiornithes do Cretáceo ainda
possuíam dentes e dedos não fundidos nos
membros anteriores, ambas as características
ausentes em Neornithes (aves modernas).
Com as pressões evolutivas que resultaram
na origem das aves a partir de terópodes, os
membros anteriores dos terópodes foram
adquirindo uma nova função motora e
abandonando sua função predatória. Enquanto
em terópodes de grande porte, como
Carnotaurus e Tyranosaurus, os membros
posteriores eram robustos e os membros
anteriores extremamente reduzidos, em
terópodes como o Deinonychus havia um
aumento do tamanho dos membros anteriores,
tornando-os semelhantes aos dos membros
posteriores (pernas).
Essas adaptações tornam os corpos das
aves compactos, com as pernas localizadas quase
na porção central do corpo, originando um centro
de gravidade baixo. Característica que as auxilia a
manter o equilíbrio enquanto se deslocam ou
ficam empoleiradas. Em aves como mergulhões
(Podicipedidae) as pernas ficam posteriormente
ao corpo para que consigam nadar com mais
facilidade, entretanto, em terra essas aves tem
certa dificuldade em andar.
Por fim, como mencionado, destes rumos
evolutivos, resultou que diversos ossos nos
membros anteriores das aves sofreram fusão,
adquirindo suas funções atuais como asas. Todas
essas adaptações resultaram em um esqueleto
extremamente leve nas aves; Helmut Sick, nos
informava em sua obra “Ornitologia Brasileira”
que em uma águia com 4.082 g, seu esqueleto
pesaria apenas 272 g.
Fontes: Gatesy & Dial, 1996; Sick, 1997; Middleton &
Gatesy, 2000; Cech et al., 2001a; Gatesy, 2002; Gill,
2007; Ares, 2013; Hickman et al., 2016.
Musculatura
A musculatura das aves também está
fortemente relacionada com sua capacidade de
voar. Sua maior massa está concentrada no
centro do corpo e em posição abaixo das asas,
tendo as extremidades dos membros controladas
principalmente por meio dos tendões. Assim
auxiliando a manter o centro gravitacional do
corpo em uma posição adequada ao voo.
Seus maiores músculos estão em seu peito,
são denominados, peitoral e supracoracoides
(podendo equivaler a 35% do peso da ave), o
primeiro movimenta as asas para baixo e o
segundo para cima. Porém, diferente do que se
poderia pensar, o supracoracoide não está
localizado na região dorsal (nas costas) da ave e
sim também está no peito e também preso ao
esterno. Os músculos dorsais das aves são pouco
desenvolvidos, devido à fusão de quase todas
suas vertebradas torácicas e lombares. Aves que
não voam também possuem grandes músculos
peitorais, mas são mais enfraquecidos.
Nas pernas das aves, a maior massa
muscular está ao redor do fêmur (que seria sua
coxa, mas que no caso de aves consumidas por
humanos é denominada de sobrecoxa). Os pés
21
possuem praticamente apenas tendões, em
algumas espécies estes tendões possuem um
mecanismo que ao dobrarem a perna, faz com
que os dedos se fechem. Isso facilita o ato de
empoleirar-se das aves, reduzindo os gastos
energéticos para se segurarem ao local desejado.
Fontes: Gill, 2007; Ares, 2013; Hickman et al., 2016;
Sibley, 2020.
Falanges fundidas
Fúrcula
Sinsacro formado
por vértebras
fundidas
Pigóstilo formado
por vértebras
fundidas
Osso esterno
que sustenta os
músculos de voo
Algumas das principais características esqueléticas das aves
Corte transversal do osso de
uma ave, mostrando sua
estrutura pneumatizada.
Corte transversal do tórax de uma ave
Músculo peitoral contraindo
com a asa abaixando.
Músculo supracoracoide
contraindo com a asa levantando.
Cavidade
torácica
Osso
esterno
22
Sistema respiratório
O sistema respiratório de aves possui
várias diferenças do sistema de répteis e
mamíferos. Os pulmões de uma ave possuem o
mesmo peso que os de um mamífero de mesmo
tamanho, mas ocupam apenas metade do
volume. Porém, quando se consideram os sacos
aéreos que também compõe o sistema
respiratório das aves, o volume é muito maior,
chegando a ocupar 20% do volume do corpo e
deste valor apenas 2% seriam dos pulmões.
Nos pulmões dos mamíferos (denominados
alveolares) sempre há algum ar residual em seu
interior, pois os alvéolos terminam em um fundo
cego. Enquanto que nos pulmões das aves
(denominados faveolares), parabrônquios
tubulares que permitem que o ar flua
continuamente, essa característica melhora
enormemente a capacidade respiratória do
organismo. A movimentação do ar é realizada
pela contração dos sacos aéreos, assim o ar segue
um único fluxo pelos pulmões. O ar inspirado vai
inicialmente, em sua maioria, para os sacos
aéreos posteriores, dali passa pelos pulmões para
troca gasosa com o organismo (absorção de
oxigênio e liberação de dióxido de carbono), de
onde vai para os sacos aéreos anteriores, para
então ser expelido do corpo.
Os sacos aéreos também se estendem para
dentro das cavidades de ossos das asas e das
pernas. Característica que também foi registrada
na estrutura óssea de dinossauros terópodes,
reforçando o parentesco evolutivo destes grupos
taxonômicos. Além de também estarem
presentes em outros grupos de dinossauros como
os saurópodes (grandes dinossauros de pescoço
longo).
Fontes: Gill, 2007; Favretto, 2010; Ares, 2013;
Hickman et al., 2016; Lambertz et al., 2018.
Sistema circulatório e
termorregulação
Devido às elevadas taxas metabólicas as
demandas do sistema circulatório das aves
excedem em muito as capacidades do sistema
circulatório dos répteis e também dos mamíferos,
apesar de ser estruturado de forma similar a este
último grupo taxonômico. Afinal é por meio deste
sistema que ocorre a troca gasosa das células do
organismo e também com esse sistema que elas
recebem os nutrientes que precisam para se
manterem em atividade e liberarem suas
excretas metabólicas.
As aves possuem um coração com quatro
câmaras, assim como mamíferos, e uma
circulação dupla, em que o sangue passa duas
vezes pelo coração. Na etapa pulmonar o sangue
venoso que chega do corpo ao coração é
direcionado aos pulmões para liberar o dióxido
de carbono e absorver oxigênio. Retorna então
ao coração para ser impulsionado às demais
partes do corpo (etapa sistêmica) e distribuir o
oxigênio e “recolher” o dióxido de carbono, então
retornando ao coração.
As demandas do organismo da ave sobre o
sistema circulatório também se refletem em sua
própria estrutura, o coração de uma ave é em
média 41% maior do que o de um mamífero com
mesmo tamanho corporal. Em um beija-flor
(família Trochilidae), por exemplo, o seu coração
pode representar até 30% de seu peso.
Referente ao metabolismo das aves, estas
são homeotérmicas, ou seja, sua temperatura
corporal permanece constante. E endotérmicas
(têm sangue quente), sua temperatura corporal é
mantida pela própria atividade metabólica (em
média 43°C) e não depende das oscilações de
temperaturas do ambiente, como ocorre nos
répteis, por exemplo. O seu calor corporal é um
resultado inevitável das reações bioquímicas do
metabolismo.
Devido a seu rápido metabolismo as aves
podem perder até 10% seu peso a cada noite,
metade desse valor equivalendo a fezes e outra
metade em queima de calorias e perda de água
na respiração. Mesmo podendo perder esse alto
valor de peso diariamente, ainda podem suportar
perder um total de 30% de seu peso, antes de
suas funcionalidades vitais serem criticamente
afetadas. Para evitar perdas drásticas de energia,
durante o inverno há espécies que entram em
torpor por toda a noite, reduzindo sua
temperatura corporal e reduzindo seu gasto
energético.
Quando exercem diversas atividades, como
voar, ou quando estão em um local muito
quente, as aves precisam termorregular, nestas
situações, liberar o excesso de calor do corpo.
Elas não possuem glândulas sudoríparas como os
mamíferos, para liberar água na superfície do
corpo e diminuir sua temperatura por meio de
sua evaporação. Dessa forma, podem
termorregular mudando a posição de suas penas
23
para manter ou liberar calor, similar ao que
mamíferos fazem em dias frios arrepiando os
pelos. Podem manter o calor que seria perdido
através do bico e das patas ocultando-as em meio
às penas ou liberar calor erguendo as asas. Além
dessas maneiras, o ritmo da respiração também
pode ser usado para liberar calor do corpo,
abrindo o bico e dilatando a garganta, e podem
tremer para se aquecer.
Algumas aves, família Ciconiidae e
Cathartidae, por exemplo, também podem fazer
sua termorregulação por meio de um processo
denominado urohidrose, no qual a ave libera
urina sobre as próprias pernas e com a
evaporação desta as aves conseguem reduzir sua
temperatura. Devido a isso que muitas vezes aves
dessas famílias possuem as pernas sujas de
branco.
Fontes: Sick, 1997; Gill, 2007; Ares, 2013; Hickman et
al., 2016; Sibley, 2020.
Sistema digestório
Em sua origem evolutiva as aves eram
carnívoras, provavelmente se alimentando de
invertebrados. Atualmente suas fontes
alimentares são bastante variadas, há espécies
que são carnívoras, frugívoras, nectarívoras ou
onívoras, a depender da classificação trófica
adotada. O sucesso deste grande espectro
adaptativo de recursos alimentares explorados
pelas aves está em parte relacionado com seu
bico, fortemente associado com seus hábitos
alimentares.
Os bicos variam em forma e tamanho,
desde o bico enorme de um tucano (família
Ramphastidae), talvez mais com fins de seleção
sexual e termorregulação, até o bico de um pica-
pau (família Picidae) que consegue furar a
madeira de árvores para capturar insetos ali
escondidos ou o bico de flamingos (família
Phoenicopteridae) que filtra pequenos
invertebrados da água.
O bico/boca da ave conduz o alimento ao
esôfago, um tubo muscular, na parte inferior do
esôfago muitas aves possuem o papo, com
grande capacidade de armazenamento de
alimentos, a exemplo das garças que conseguem
engolir peixes que equivalem a 15% de seu peso.
Nas pombas (família Columbidae) o papo
também é responsável por produzir uma
secreção rica em diversos nutrientes usada para
alimentar os filhotes, essa substância também é
chamada de leite-de-pombo.
O estômago das aves tem dois
compartimentos, o proventrículo, onde ocorre a
digestão química com secreção do suco gástrico,
e a moela, que, por ser revestida com uma
secreção queratinizada, realiza a digestão
mecânica macerando o alimento, já que as aves
não conseguem mastigar. Muitas aves regurgitam
partes não digeríveis ou de difícil digestão de seu
alimento, isso pode reduzir as chances de danos
aos intestinos e também pode resultar na
eliminação do peso extra antecipadamente.
Nos intestinos as aves também possuem
cecos, que em aves herbívoras são mais
desenvolvidos para realizar fermentação. Por fim,
esse sistema termina na cloaca, local para onde
também são direcionados os ductos genitais e os
ureteres.
Fontes: Sick, 1997; Gill, 2007; Tattersall et al., 2009;
Ares, 2013; Hickman et al., 2016; Sibley, 2020.
Excreção
Assim como em mamíferos a urina das
aves é formada em seus rins, dali sendo
conduzida pelos ureteres a a cloaca, não
havendo uma bexiga urinária. A urina das aves é
formada por ácido úrico, sendo pastosa, assim
como nos répteis. Nos mamíferos é formada por
ureia. Como o ácido úrico tem baixa solubilidade
em água, o volume de urina de uma ave é bem
menor do que a de um mamífero.
No entanto, em termos de eliminação de
sais, muitas aves marinhas (e.g. Diomedeidae e
Laridae) possuem uma glândula especializada
para essa função, devido ao excesso de sais que
ingerem na água marinha. Essa glândula expele
um líquido com alta concentração de sal através
das narinas dessas aves ou por dutos presentes
na maxila, sendo tão ou mais eficiente do que os
rins para essa função.
Fontes: Sigrist, 2006; Ares, 2013; Hickman et al., 2016;
Sibley, 2020.
Sistema nervoso e sentidos
As aves possuem um sistema nervoso bem
desenvolvido, fato que lhes permite ser tão ou
mais inteligente do que muitos mamíferos,
possuindo características como linguagem,
24
cultura e habilidades para usar ferramentas.
Diversas espécies de aves também possuem
senso de individualidade e de empatia para com
outros indivíduos. Como, por exemplo, quando
emitem vocalizações de alerta para avisar outras
aves sobre a proximidade de um predador, mas
por consequência acabam atraindo a atenção do
predador para si.
De fato, existem muitos estudos que
demonstram a capacidade de aprendizagem e
inteligência das aves. Por exemplo, pombos
possuem uma elevada capacidade de
diferenciação visual, possuem uma ótima
memória, podendo se lembrar de centenas de
objetos diferentes por longos períodos. Diversos
estudos com Corvidae demonstraram capacidade
de essas aves desenvolverem e usar ferramentas
para resolver problemas, como obtenção de
alimento. As aves possuem capacidade de
aprender com situações adversas e aplicar esse
aprendizado em situações futuras. Além disso,
também possuem capacidade de tomar decisões
mais rápido do que mamíferos.
Alguns pesquisadores consideram até
mesmo que as famílias Psittacidae e Corvidae
possuem cérebros proporcionais aos de
chimpanzés, gorilas e orangotangos, sugerindo
uma possível convergência evolutiva mental, com
processos de aprendizagem semelhantes, mas
com cérebros divergentes.
Algumas aves são capazes de grandes
proezas cognitivas. Os corvos-da-nova-caledônia
(Corvus moneduloides) usam uma série de
ferramentas diferentes para ter acesso às larvas
encontradas nas fendas das árvores. Estas
ferramentas são criadas a partir de matérias-
primas vegetais (galhos e folhas, e no caso de
estudos laboratoriais usando até mesmo arame).
uma possibilidade de que, como nos
chimpanzés, as ferramentas dos corvos possam
ser passadas para seus descendentes como uma
forma de cultura. No laboratório, C.
moneduloides são igualmente impressionantes,
supostamente demonstrando alguma
compreensão de como o mundo funciona, algo
semelhante a um senso comum.
Capacidades de resolução de problemas e
criação de conceitos numéricos foram
observados em estudos com Corvus corax, Corvus
monedula e Psittacus erithacus. As aves também
possuem a capacidade de criar “previsões para o
futuro” em que a ave cria simulações para o
possível comportamento de algum outro
organismo, como por exemplo: o indivíduo A cria
uma simulação mental de que o indivíduo B irá
roubar seu alimento e assim leva-o para outro
lugar ou cria uma atitude defensiva antecipada.
Tal simulação muito provavelmente é baseada
em experiências anteriores, pois algumas aves
usam uma memória episódica para recordar fatos
passados antecipando assim suas necessidades
futuras.
Há registros de aves que demonstraram
alteração comportamental, por até duas
semanas, associada ao luto, devido à perda de
um ninho, de filhotes ou companheiros. Essas
características indicam um forte senso de
autoconsciência. Além disso, algumas espécies de
aves conseguem distinguir também outros
indivíduos, reconhecendo aqueles que são
integrantes de sua família ou de um bando de
outros indivíduos da mesma espécie.
Ainda em relação ao seu cérebro, consta
que espécies que podem dormir um
hemisfério do cérebro de cada vez ou ao menos
deixar um deles parcialmente desperto para
poder monitorar os arredores de onde ela está.
Essa característica explica a possibilidade de
algumas aves poderem dormir em voo, como, por
exemplo, o caso do andorinhão-real
Tachymarptis melba [não ocorrente no Brasil],
que foi registrado tendo permanecido em voo
durante 200 dias sem interrupções ou Fregata
minor já registrada sobrevoando o oceano por 10
dias ininterruptos.
O olfato e o paladar das aves variam suas
características de acordo com o grupo
taxonômico. aves em que estes sentidos são
pouco desenvolvidos e outras em que eles são
bem desenvolvidos. As aves em geral possuem
cerca de 300 papilas gustativas, essas papilas não
ficam na língua das aves. Elas estão localizadas
próximas a ponta do bico no palato e abaixo da
língua, também próximo da entrada para o
esôfago. Assim como ocorre em outros animais o
paladar também é usado nas aves para evitar a
ingestão de alimentos que possam ter gosto
ruim, o que poderia ser um indicativo de
toxicidade.
No que se refere ao olfato, este é usado
pela maioria das aves. Em aves em que o olfato é
bem desenvolvido este é comparável ao de
mamíferos, sendo usado para selecionar
alimentos, para localização ou para escolha de
materiais para o ninho. Podem ainda detectar por
meio do olfato, machos ou fêmeas, indivíduos
25
conhecidos ou estranhos e também predadores.
As aves que provavelmente possuem o olfato
mais desenvolvido são os Procellariiformes, cujas
narinas tubulares possivelmente auxiliam a
detectar a direção de odores e assim encontrar
alimento e também auxiliar no retorno até suas
ilhas de nidificação. Aves dessa ordem podem
rastrear odores a quase 20 km de distância. Há
ainda aves que podem usar o olfato para localizar
mariposas, quando estas liberam feromônios
para atrair seus parceiros, ou odores de plantas
que estão sendo atacadas por insetos.
As aves são animais guiados fortemente
pela visão, seus olhos são bem desenvolvidos, em
algumas aves equivalem a 15% da massa do
crânio, enquanto em humanos equivalem a 2%.
Porém, a anatomia de seus olhos é bastante
similar à de outros vertebrados, tendo uma retina
fotossensível; o pécten, que nutre e oxigena o
olho; um anel esclerótico, um osso, que,
considerando serem os olhos das aves
proporcionalmente grandes, auxilia a dar suporte
aos mesmos.
A percepção de cores na visão das aves é
bem desenvolvida, provavelmente mais do que
nos mamíferos. algumas aves que podem
enxergar luz ultravioleta, como Trochilidae, e
também em algumas aves insetívoras, auxiliando-
as a localizar insetos em meio à vegetação. Há
ainda algumas espécies que possuem células
cone com organelas especializadas em detectar
movimentos e também possuem um
processamento de imagem mais rápido do que os
mamíferos, o que pode explicar a alta capacidade
de espécies de Tyrannidae, por exemplo, em
capturar insetos em pleno voo.
Algumas aves possuem os olhos localizados
nas laterais do crânio, assim possuem um campo
de visão mais amplo, possibilitando, por exemplo,
detectar algum predador mais facilmente. Em
algumas espécies de Scolopacidae e Anatidae o
campo de visão proporcionado pelos olhos
voltados para as laterais chega a quase 360°.
Essas aves, quando querem analisar
melhor um objeto devem focalizá-lo com um olho
de cada vez, por isso que algumas aves ficam
virando a cabeça para o lado quando querem
analisar atentamente um objeto. Outras aves,
como gaviões e corujas, possuem visão binocular,
com os dois olhos voltados para frente, isso
diminui seu campo de visão, tal qual nos
humanos, mas permite ter uma visão com
percepção de profundidade, característica
essencial para um predador.
As aves conseguem manter sua visão e sua
cabeça focalizada em um único ponto, por isso
que ao pegar uma galinha e movê-la no ar, ela
consegue manter a cabeça apontada para o
mesmo local. Por esse motivo as aves que
caminham ao invés de pular (e.g. Furnarius),
movem a cabeça para frente e para trás quando
andam, ou seja, para manter a visão fixa nos seus
arredores.
Os olhos de aves também possuem a
membrana nictitante desenvolvida, algo como
uma terceira pálpebra, que auxilia na limpeza e
proteção dos olhos. Em aves mergulhadoras essa
membrana é transparente e recobre o olho
protegendo-o na hora do mergulho e permitindo
que a ave ainda assim enxergue sua presa. Aves
noturnas e crepusculares, como corujas e
bacuraus, possuem uma camada de células em
seu olho chamada tapetum lucidum que
concentra a luz em seu olho, facilitando a caça
em ambientes pouco luminosos. Certas aves
insetívoras que capturam insetos em voo (e.g.
Apodidae) e martins-pescadores (Alcedinidae)
possuem duas fóveas em seus olhos (área que
concentra as células que transmitem sinais para o
cérebro formar a imagem). Assim essas aves
conseguem ter visão monocular e binocular e no
caso dos martins-pescadores evita o efeito na
refração da água para mirar o mergulho em suas
presas.
Referente à audição das aves, sua
estrutura auditiva é formada pelo ouvido
externo, médio e interno. O ouvido é uma
estrutura pouco visível localizada atrás e pouco
abaixo dos olhos, oculta por penas especializadas
que protegem o aparelho auditivo das
turbulências do ar durante o voo. O ouvido
externo é um canal condutor que termina no
tímpano; o ouvido médio tem apenas um osso, a
columela, que transmite vibrações geradas pelo
som do tímpano ao ouvido interno; e neste
último a cóclea, responsável pela audição em
si.
Muitas espécies de aves ouvem
frequências de som similares aos humanos,
porém espécies que podem escutar uma
frequência maior de sons, além de ter um
processamento do som mais rápido no cérebro.
As corujas, por exemplo, possuem uma
capacidade auditiva maior do que os humanos,
tanto que estas aves podem localizar suas presas
26
pelo som na completa escuridão. Tanto que seus
ouvidos são dispostos de forma assimétrica em
seu crânio (um mais para cima e outro mais para
baixo), isso permite que cada ouvido tenha uma
percepção diferenciada do som, permitindo
localizar com maior precisão a sua origem.
Não menos importante é o tato, bem
desenvolvido, por exemplo, no bico de espécies
da família Threskiornithidae e Scolopacidae ao
procurarem invertebrados em meio ao lodo. O
tato também está relacionado com funções
sensoriais na detecção de movimento e vibração
pelas penas, auxiliando na regulação de
manobras em voo, por exemplo.
As aves também podem detectar
alterações na pressão barométrica que precede a
chegada de tempestades. No caso de
tempestades de neve, por exemplo, uma
redução da pressão barométrica 12 a 24 horas
antes de seu início, há espécies que detectam
essa alteração e isso resulta em um aumento de
seu consumo de alimentos. Provavelmente
prevendo que durante algum tempo ficarão com
dificuldades em realizar suas atividades de
forrageio.
Fontes: Sick, 1997; Weir et al., 2002; Emry & Clayton,
2005; Emery, 2006; Sigrist, 2006; Gill, 2007; Martin,
2007; Kirsch et al., 2008; Skelhorn & Rowe, 2010; Amo
et al., 2012; Ares, 2013; Breuner et al., 2013; Liechti et
al., 2013; Hickman et al., 2016; Emery, 2016;
Rattenborg et al., 2016; Herrmann, 2016; Tyrrell et al.,
2019; Sibley, 2020.
Vocalização
As vocalizações das aves são seus cantos e
chamados, são em geral inatas, mas também
podem ser em parte alteradas por meio do
aprendizado. A vocalização das aves é produzida,
em sua maior parte, pela siringe, localizada na
divisão da traqueia em dois brônquios (nos
humanos a voz é produzida na laringe, na parte
superior da traqueia). Porém, em Psittacidae, os
movimentos da língua, da traqueia e de abertura
do bico também desempenham um importante
papel na modulação de suas vocalizações.
A estrutura da siringe varia muito entre as
aves, desde algumas famílias ou espécies com
essa estrutura pouco desenvolvida até muito
desenvolvida, caso de aves da subordem de
Passeriformes denominada Passeri (Oscines).
Porém, há aves que não possuem siringe como
urubus (família Cathartidae) e ainda assim
produzem certos sons.
Os dois lados da siringe (cada um ligado a
um brônquio) funcionam de forma independente,
isso permite que algumas aves produzam dois
tipos de sons diferentes ao mesmo tempo. Toda
essa complexidade é utilizada principalmente
para permitir a comunicação entre as aves,
existem desde vocalizações simples como um
chamado, um pio ou um grito, até vocalizações
longas e altamente elaboradas.
Como o som produzido pela vocalização de
algumas aves é muito alto, isso poderia resultar
em danos aos seus ouvidos. Assim quando abrem
o bico para vocalizar pode ocorrer o fechamento
do canal auditivo, isso também resulta em ar
preso sob pressão dentro do ouvido, o que
permite a absorção do som muito alto. As aves
também possuem capacidade de regenerar suas
células ciliares do ouvido, característica que não
ocorre nos humanos.
As vocalizações são usadas pelas aves para
demonstrar suas características e capacidades
individuais, para atrair um parceiro, para atos de
agressão/defesa do território, entre outras.
Quase todas as aves possuem um repertório
(diferentes tipos de vocalizações) bastante
amplo, geralmente possuem de cinco a 14 tipos
de vocalizações diferentes para as mais variadas
situações.
Cada espécie de ave tem seu próprio
padrão de vocalização, por isso é possível
identificar uma espécie baseado em seu canto ou
seus chamados. No entanto, sempre existem
variações individuais nas vocalizações, parte
delas é inata (transmitida geneticamente),
enquanto outras características são aprendidas
pela ave, ouvindo seus progenitores; também
alteradas ao longo do tempo por improvisações
próprias. Destas características resulta que toda
espécie pode ter pequenas variações na
vocalização que formam diferentes dialetos que
podem ser aprendidos regionalmente pelas aves.
Eventualmente tais dialetos também
podem contribuir no processo evolutivo, fazendo
com que aves procurem por parceiros com
dialetos similares para se reproduzir. Dessa
forma, contribuindo para a redução do fluxo
gênico entre essas populações e aumentando seu
isolamento, que como será tratado mais adiante,
é fator necessário para a formação de novas
espécies.
27
As aves também podem produzir sons
instrumentais, originados, por exemplo, do bater
de bico, de penas modificadas nas asas (e.g.
Cracidae) ou nas caudas (e.g. Gallinago
paraguaiae). Os pés também podem ser usados
para produzir sons com seus impactos em galhos
(e.g. Pipridae) e o bico também, como no neinei
(Megarynchus pitangua) que pode bater seu bico
lateralmente em um galho, produzindo um
pequeno estalo, e em seguida rapidamente emitir
sua vocalização. Esses sons instrumentais são
usados tanto em comportamentos reprodutivos,
quanto para alertar outras aves em caso de
algum perigo eminente.
Fontes: Sick, 1997; Gill, 2007; Ohms et al., 2012; Ares,
2013; Päckert, 2018; Sibley, 2020.
Reprodução
Como as aves se reproduzem apenas em
períodos específicos, manter os órgãos do
sistema reprodutor ativo fora destes períodos
representa um peso extra durante o voo, por isto
seus órgãos reprodutivos são funcionais apenas
durante o período de reprodução.
As fêmeas possuem apenas um ovário e
oviduto funcional (geralmente o esquerdo) e os
testículos dos machos chegam a aumentar até
300 vezes durante o período de reprodução (e
estão sempre localizados dentro da cavidade
abdominal, diferente dos mamíferos).
Na maioria das espécies o macho não
possui uma estrutura como um pênis para
realizar a cópula, em geral a cópula ocorre por
meio do contato das cloacas. Exceto por algumas
aves que dispõe de um falo cloacal, similar a um
pênis, mas não equivalente a esse, pois o men
é transportado externamente a ele, já que não há
uma uretra interna para conduzi-lo. Tal situação
ocorre, por exemplo, em algumas aves que
possuem pequenas protuberâncias de aspecto
fálico na cloaca que auxiliam na condução do
sêmen, ou, na marreca-rabo-de-espinho (Oxyura
vittata), onde esse órgão pode atingir mais de 40
cm de comprimento.
No caso dessa espécie e em outros
Anatidae, o falo cloacal dos machos possui esse
tamanho, pois a vagina e o oviduto das fêmeas
(localizados também com sua terminação voltada
para dentro da cloaca) são espiralados, algumas
vezes com diversos fundos falsos. a
possibilidade de que isso tenha surgido
evolutivamente como uma forma de a fêmea
dificultar cópulas indesejadas, pois em Anatidae
esse ato ocorre na água e não é raro machos que
não conseguiram formar um par tentarem
estuprar as fêmeas, algumas vezes até afogando-
as durante esse ato.
A fertilização do óvulo pelo
espermatozóide ocorre na porção final do
oviduto, glândulas específicas então realizam a
formação do ovo ao redor do óvulo, depositando,
por exemplo, a albumina e posteriormente a
casca e seus pigmentos. Devido à alta quantidade
de nutrientes usados pelas fêmeas na produção
do ovo, muitas podem consumir as cascas dos
ovos após a eclosão dos filhotes para recuperar o
cálcio perdido. Há estudos que indicam que os
pontos pretos na coloração dos ovos de muitas
aves poderiam ser uma forma de economizar na
utilização de cálcio da fêmea, pois tais pontos são
produzidos por melanina ajudando a tornar a
casca mais resistente.
O ovo pode equivaler a até 12% do peso da
fêmea. Na maioria das espécies a fêmea põe mais
de um ovo, nesses casos a incubação pode iniciar
apenas após a postura do último ovo, para que
todos os filhotes eclodam aproximadamente no
mesmo período; ou, pode começar a ocorrer a
partir da postura do primeiro ovo, quando então
os filhotes podem eclodir em dias diferentes.
A maioria das aves é socialmente
monogâmica, ou seja, se mantém junto de um
mesmo parceiro para construir o ninho, incubar e
cuidar dos filhotes. Sendo este o sistema
reprodutivo adotado por mais de 90% das
espécies de aves. Esta monogamia geralmente
ocorre no período reprodutivo, pois poucas aves
permanecem com seus parceiros durante longos
períodos ou ao longo de todo o ano. Porém, em
muitas espécies ocorrem cópulas com outros
parceiros, sem necessariamente abandonar o
parceiro principal do período reprodutivo. Devido
a isso, a monogamia é separada em social e
genética, a primeira consistindo nos casais que
criam juntos os filhotes e a segunda quando os
indivíduos do casal são os pais genéticos dos
filhotes presentes no ninho.
Esse assunto ainda é bastante controverso,
com taxas de cópula extrapar (com outros
indivíduos além do parceiro fixo), ocorrendo
entre 9% a 23% dos indivíduos de aves
Passeriformes estudados, variando conforme o
continente, a espécie, a família e/ou a população
estudada. Ressaltando-se que menos de 4% das
28
espécies de aves e menos de 44% das famílias
possuem estudos sobre cópulas extrapares.
Então, generalizações requerem cautela.
Também existem espécies de aves que são
poligâmicas, ou seja, possuem mais de um
parceiro reprodutivo. Este sistema reprodutivo
pode ser a poliginia, em que um macho tem
acesso ou controle de várias fêmeas. A
poliandria, em que uma fêmea tem acesso ou
controle de vários machos. Ou a poliginandria,
em que vários machos e várias fêmeas se
reproduzem de forma comunal, esse sistema
reprodutivo é registrado em algumas espécies
das ordens Tinamiformes e Struthioniformes.
espécies de aves, como Taniopygia
guttata, em que a fêmea possui estruturas
especializadas em seu oviduto para poder
armazenar o esperma dos machos durante
algumas semanas, isso pode resultar em
competição entre as células do esperma de
diferentes machos. Mas se a fêmea de T. guttata
quer filhotes de um macho específico, ela
procura copular com ele uma hora antes do ovo
se formar no oviduto. Caso não consiga copular
com o macho de sua escolha, pode acabar
usando o esperma armazenado.
Outro famoso sistema reprodutivo de aves
é o parasitismo de ninhos, em que as fêmeas
colocam ovos no ninho de outras aves para que
estas criem seus filhotes. O caso mais famoso é o
chopim (Molothrus bonariensis), mas ocorrendo
também em outras espécies como no cuco
conhecido como saci (Tapera naevia) e na
marreca-de-cabeça-preta (Heteronetta
atricapilla).
Muitas aves que praticam a poliginia
realizam o lekking, em que os machos se reúnem
em uma arena para realizarem exibições para a
fêmea. A fêmea visita essa arena de exibição
apenas para escolher o macho e copular, após
todo o processo de construção do ninho e
cuidados com a prole, estes são desempenhados
por ela. Comportamento muito comum em beija-
flores (e.g. Stephanoxis).
As aves também podem se reproduzir de
forma cooperativa, quando o casal recebe auxílio
de ajudantes para criar seus filhotes, em muitas
espécies essa função é desempenhada por
filhotes de alguma ninhada anterior que
permanecem no território dos pais auxiliando-os
na reprodução da prole subsequente. Porém,
também podem ser indivíduos jovens ou
imaturos que se dispersam de seu bando original
e ao ingressarem em um novo bando realizam
essa atividade.
O casal de aves pode nidificar sozinho,
defendendo um território próximo ao ninho (com
algumas aves defendendo territórios específicos
para fins de alimentação); ou de forma colonial,
que podem ser agregações com até alguns
milhões de indivíduos. Algumas aves podem
nidificar de forma que seria quase colonial, com
ninhos relativamente próximos, porém a
possibilidade de que essas situações sejam fruto
de seleção de habitat para nidificação, assim
nidificando próximas, por serem aquelas áreas
que tem as melhores características para o
processo de nidificação.
O ciclo reprodutivo das aves varia
conforme as necessidades da espécie, a região ou
latitude onde vivem. Pode ser influenciado por
condições climáticas, como em áreas subtropicais
e temperadas, onde a maioria das aves se
reproduz durante as estações mais quentes do
ano (verão e primavera). Enquanto em áreas
tropicais, com dois períodos climáticos distintos,
o ciclo reprodutivo pode ser fortemente
influenciado pelos ciclos de chuvas, estação seca
ou chuvosa.
O principal fator que parece influenciar
nesses ciclos é a abundância de alimentos, dessa
forma, em áreas subtropicais e temperadas
maior abundância de alimentos durante
primavera e verão, com maior abundância,
consequentemente, de insetos, de frutas e de
flores. Enquanto em regiões tropicais um
grande aumento de insetos na estação chuvosa,
favorecendo aves insetívoras; e na época seca, há
a maturação e abundância de frutas, favorecendo
aves frugívoras. No Brasil, várias espécies podem
se reproduzir duas ou três vezes seguidas no
mesmo ciclo reprodutivo, para após descansarem
e realizarem a muda de suas penas.
Por fim, outra característica muito
distintiva no processo reprodutivo das aves são
as formas de eclosão de seus filhotes. Ao saírem
dos ovos os filhotes podem ser altriciais, ou seja,
eclodem com os olhos fechados, em geral sem
penas ou plumas e não conseguem se locomover,
como ocorre, por exemplo, em Passeriformes,
Accipitridae e Psittacidae. Ou podem ser
precociais ou nidífugos, quando já eclodem dos
ovos cobertos de plumas e conseguem andar e se
alimentar sozinhos, como em Anatidae, por
exemplo. Antes mesmo da eclosão dos filhotes os
pais já começam a vocalizar para se comunicar
29
com o filhote, havendo, por exemplo, em
Anatidae, também um período crítico de 13 a 16
horas após a eclosão para que ocorra o
imprinting, reconhecimento dos pais pelos
filhotes, quando então passam a seguí-los.
Importante ressaltar também que existem
registros de partenogênese em aves, ou seja, a
fêmea produz um ovo fecundado sem a
participação do macho. Nas abelhas os zangões
são produzidos dessa forma, originados de ovos
que não foram fecundados por outros zangões, o
embrião é gerado apenas com a participação da
fêmea. Nas aves foi registrada apenas em
situações de cativeiro, em galinhas, perus,
mandarins (Taeniopygia guttata) e Agapornis.
Nas aves esses filhotes nascem sendo machos,
mas raramente sobrevivem e herdam apenas
parte dos genes da mãe.
Fontes: McCracken et al., 2001; Cech et al., 2001b;
Gill, 2007; Birkhead & Brennan, 2009; Ares, 2013;
Hickman et al., 2016; Lovette, 2016b; Evans, 2016;
Brouwer & Griffith, 2019; Sibley, 2020; Ding et al.,
2021.
Penas
A característica talvez mais distinta de uma
ave seja a presença de penas. Suas quantidades
nas aves variam de 1.000 penas em um beija-flor
a mais de 25.000 em um cisne. As penas possuem
diversas funções, fornecem isolamento térmico e
permitem o voo, mas também auxiliam na
comunicação visual ou camuflagem das aves,
também na comunicação sonora (sons
instrumentais) e na proteção física (cerdas e
vibrissas).
A pele das aves nas partes que são
revestidas pelas penas é em geral fina, que em
alguns casos se rasga facilmente (e.g.
Trogonidae), sem glândulas, com pouca
quantidade de nervos e vasos sanguíneos. A
ancestralidade das aves fica bem clara nas partes
de seu corpo que não possuem penas, como suas
patas e partes de suas pernas, situação em que
são revestidas por escamas.
As aves possuem apenas uma glândula em
sua pele, a glândula uropigial, localizada acima de
sua cauda. Essa glândula libera uma secreção
oleosa que as aves, usando o bico ou o pescoço,
espalham sobre as penas que ajuda a torná-las
impermeáveis. Essa glândula é mais desenvolvida
em aves aquáticas e existem espécies de aves
que não a possuem. Algumas aves possuem
penas modificadas (pulviplumas) que se
fragmentam formando um que reveste as
demais penas, assim auxiliando também a torná-
las impermeáveis (e.g. Ardeidae e Accipitridae).
Atualmente sabe-se que a impermeabilização das
penas das aves se deve principalmente ao
formato e espaçamento entre as barbas e
bárbulas que impedem que a água se mantenha
fixada a elas. De forma que a secreção uropigiana
auxilia principalmente no condicionamento da
estrutura das penas.
As penas são formadas por beta-queratina,
um polímero protéico fibroso, esse material
também forma o bico, garras e escamas. A pena é
formada por um eixo oco que emerge de um
folículo da pele, o cálamo, contínuo a este há a
raque (ou haste), que sustenta as barbas. Estas se
originam diagonalmente a partir da raque,
dispondo-se paralelamente umas às outras, em
conjunto as barbas formam o vexilo. Cada barba
possui estruturas microscópicas denominadas
bárbulas, em grande quantidade, que mantêm a
coesão estrutural do vexilo, unindo as barbas
umas às outras.
As aves possuem diferentes tipos de penas,
para as mais variadas funções, como penas de
contorno que dão forma e proteção ao corpo da
ave e mantém seu isolamento térmico, algumas
destas são denominadas de coberteiras, outras
penas são as plumas, que formam tufos macios
ocultos sobre as penas de contorno.
Outras são as penas de voo, localizadas nas
bordas das asas, denominadas miges,
primárias, quando localizadas na mão das aves
(os ossos dos dedos dos membros anteriores que
se encontram fundidos) e, secundárias, quando
localizadas na ulna (osso do que seria o
“antebraço”). Alguns autores podem considerar
ainda as rêmiges terciárias ou secundárias
internas, localizadas na região do úmero
(“braço”). As penas de voo que formam a cauda
se originam no pigóstilo (vértebras caudais
fusionadas), são denominadas de retrizes.
Outra forma de pena são as filoplumas,
que lembram pelos ou cabelos, também
cerdas, sendo estas rígidas. No caso das
filoplumas, muitas dessas estão inseridas no
mesmo folículo das penas e plumas, ligadas a
uma terminação nervosa que permite a ave
detectar se suas penas estão arrumadas no lugar
certo ou desarrumadas, também sentir a
turbulência, arrasto e outras forças geradas no
30
voo e usadas para ajustá-lo a diferentes
situações. Esse senso da arrumação das penas é
tão importante, que as aves podem ficar 10 a
20% do dia cuidando delas.
As penas não se distribuem
uniformemente sobre toda a pele das aves
(exceto em alguns grupos específicos como
pinguins Sphenisciformes), apesar de ao
observarmos uma ave elas cobrirem quase todo
seu corpo, na verdade de originam de partes
específicas. As áreas ou fileiras de onde as penas
se originam são denominadas de pterilas e as
áreas sem penas de aptérias.
Quando a pena atingiu seu
desenvolvimento ela é uma estrutura morta,
estando sujeita ao ataque de bactérias que
podem degradá-las. Para evitar isso, muitas aves
procuram tomar banho de sol que inibem o
desenvolvimento dessas bactérias. Outra forma
de as aves possivelmente cuidarem de suas penas
é deitando-se no solo, próximo de formigueiros
para que as formigas ataquem suas penas
liberando ácido fórmico sobre elas, ato conhecido
como “formicação” ou “formicar-se”. Porém a
real função desse comportamento ainda não foi
completamente esclarecida, hipóteses postulam
a possibilidade de eliminação de parasitas das
penas, redução da irritação da pele durante a
muda ou uma forma de forçar as formigas a
excretarem seu ácido antes de consumi-las.
Apesar desses cuidados rotineiros, as
penas são substituídas periodicamente. Os
processos de muda variam entre as espécies de
aves, em geral é um processo ordenado, ocorre a
substituição gradual e lenta de algumas penas ou
grupos de penas, para não deixar nenhuma parte
da ave nua ou para não reduzir suas capacidades
de voo.
Porém, diversas espécies de Anseriformes
(patos, marrecos) podem perder tantas penas em
uma muda que ficam impossibilitadas de voar por
períodos de até 40 dias. Podem ocorrer duas
mudas de penas por ano uma parcial, antes do
período reprodutivo, alterando apenas algumas
penas do corpo e seu colorido. E outra muda
completa depois do período reprodutivo (muda
de descanso ou repouso), que substitui penas do
corpo, rêmiges e retrizes. Porém, a maioria das
aves tem apenas uma muda por ano, após o
período reprodutivo.
A cor das penas das aves tem diferentes
origens, algumas cores são formadas pelos
pigmentos presentes na pena, como melaninas e
carotenoides. Outras cores são denominadas de
cores estruturais, que se formam pela refração
do espectro de luz na estrutura física da penas.
Muitas aves possuem coloração vermelha, rosa
ou laranjada devido à ingestão de carotenoides
em sua alimentação (e.g. Eudocimus ruber e
Phoenicopteridae). Mas uma exceção a essa
regra são os Psittacidae, que possuem um
pigmento próprio responsável por esses tons de
cores, tratando-se da psittacofulvina. Quando
mais vermelha a pena de um Psittacidae, mais
desse pigmento ela conterá, importante ressaltar
que ele não é absorvido da alimentação, mas
produzido pela própria ave.
A cor azul, por exemplo, não é um
pigmento em si, mas sim uma cor estrutural
produzida pela refração do espectro azul da luz
na estrutura sica de pequenas bolsas de ar na
queratina da pena. Abaixo dessa camada, há uma
outra camada, esta com melanina preta ou
marrom que absorvem os demais comprimentos
de onda da luz que não foram refratados na
estrutura das bolsas de ar.
O verde de Trochilidae e Psittacidae é uma
combinação entre essa cor estrutural azul com
pigmento de cor amarela. Ocorrendo uma
camada de pigmento amarelo, seguida das bolsas
de ar e uma camada basal de melanina para
absorver os comprimentos de onda não
desejáveis. Assim, padrões de cores fora do
normal para a espécie podem resultar de
mutações ou falhas no desenvolvimento da pena,
ausência de algum aspecto estrutural, deixando
amarela uma pena que deveria ser verde, por
exemplo.
A diferença em geral mais perceptível na
plumagem de muitas aves é oriunda do
dimorfismo sexual, ou seja, machos e fêmeas
terem plumagens diferentes um do outro. Porém,
a coloração geral da plumagem de uma ave
também pode mudar ao longo de sua vida.
aves que possuem um padrão de cores
quando são imaturos e outro quando atingem a
maturidade. Podem ter um padrão de cores
durante o período reprodutivo ou fora dele (e.g.
Sternidae e Bubulcus ibis) e ainda passar por
diferentes fases, ficando vários anos com
diferentes padrões de cores, conforme mudam
sua idade até chegarem à plumagem definitiva da
espécie, como ocorre com muitas espécies
gaviões (e.g. Buteo) e corujas (e.g. Megascops).
estudos que indicam que essas diferentes
fases de coloração de plumagem podem ter
31
diferentes sucessos de forrageio a depender do
tipo do ambiente, com aves na fase escura tendo
mais sucesso em ambientes florestais e aves na
fase clara em ambientes abertos.
Fontes: Sick, 1997; Cech et al., 2001a; McGraw &
Nogare, 2005; Gill, 2007; Bormashenko et al., 2007;
Saranathan & Burtt, 2007; Rijke & Jesser, 2011; Ares,
2013; Morozov, 2015; Bostwick, 2016; Hickman et al.,
2016; Sibley, 2020.
Retrizes
Uropígio
Região
auricular
Tarso
Coberteiras
Cálamo
Raque
Vexilos
A
B
C
D
E
F
G
A rêmige
B retriz
C semipluma
D coberteira ou
pena de contorno
E filopluma
F cerda
G pluma
Barbas e
bárbulas
Rêmiges
primárias
Rêmiges
secundárias
Álula
Principais estruturas da
morfologia externa das aves
citadas no texto
32
Adaptações
Asas
As asas das aves são seus membros
anteriores, equivalentes aos nossos braços,
porém possuem os dedos fusionados. O que seria
o “dedão”, hálux, ainda não é separado do resto
da asa e mantém as penas que formam a álula.
Muitas aves perderam a capacidade de voar e
possuem asas reduzidas, neste caso, essas aves
ainda podem bater as asas para auxiliar a ganhar
impulso, mas também podem ter funções de
comunicação visual (e.g. avestruzes). Em outras
aves, como pinguins, as asas funcionam como
leme e remos auxiliando a ave no nado e na
estabilização do mesmo.
A forma das asas está relacionada com o
estilo de voo que a ave realiza, asas com ponta
fina em geral estão associadas com voos velozes,
como em falcões. As com ponta mais larga
podem estar associadas com maior necessidade
de realizar manobras em ambiente florestal (e.g.
Micrastur). Beija-flores possuem asas bastante
rígidas e estreitas, com as penas primárias mais
longas, que auxiliam em seus voos rápidos. Com
alguns beija-flores podendo bater as asas até 70
vezes por segundo.
Enquanto certas aves marinhas (albatrozes
Diomedeidae) possuem asas longas e estreitas,
com grande número de penas secundárias,
característica que os auxiliam a aproveitarem
ventos para planar, tendo em vista que pouco
batem as asas. Além disso, muitas aves (e.g.
Cathartidae) quando estão realizando um voo
planado deixam as asas erguidas levemente,
lembrando um V, tal posição auxilia esse voo a
ter maior estabilidade.
Em aves como o quero-quero (Vanellus
chilensis) há um esporão usado em exibições para
defenderem seus territórios. Em aves da família
Anhimidae esses esporões são usados em lutas
entre os indivíduos, havendo registro de
encontro destas estruturas presos nos músculos
do peito de algumas aves, resultado dessas lutas.
Caudas
A cauda das aves funciona como leme e
estabilizador durante o voo, auxiliando em suas
manobras aéreas. Caudas longas também podem
auxiliar aves corredoras a terem certa
estabilidade em sua locomoção (e.g. Cuculidae).
As caudas também podem ser usadas com
finalidade de comunicação visual e como
ornamento sexual (e.g. Discosura longicaudis).
Em aves como pica-paus (Picidae) e arapaçus
(Dendrocolaptidae) as penas da cauda são rígidas
auxiliando a ave a se apoiar no tronco de árvores
verticalmente.
Também é comum observar que muitas
aves pousadas realizam movimentos rápidos com
a cauda para frente e para trás, eventualmente
acompanhado ou não de um rápido levantar e
abaixar da cabeça ou abrir e fechar de asas. Tais
movimentos funcionam com um alerta, tanto
para outras aves, quanto para o próprio possível
predador, indicando que ele foi visto ou
detectado pela ave.
Bicos e línguas
Os bicos das aves possuem formas muito
variadas, sendo fortemente associados com as
suas formas de alimentação. Pequenas projeções
pontiagudas na ponta do bico (como em vários
Tyrannidae) ou bordas serrilhadas similares a
dentes auxiliam diversas espécies de aves a
segurar seu alimento (e.g. Anhinga e Mergus).
a borda serrilhada em bicos de tucanos e araçaris
podem possivelmente estar relacionadas com
comunicação visual e talvez para afastar
predadores ou competidores.
Aves com bicos longos e curvos os usam
para capturar alimentos em locais de difícil
acesso, como o fazem, por exemplo, certos
Threskiornithidae procurando alimento em
ambientes de água rasa ou lodosos. Ou arapaçus
do gênero Campyloramphus procurando insetos
em frestas e buracos em troncos de árvores. Aves
como flamingos e procelárias (e.g. Pachyptila)
possuem lamelas dentro do bico que usam para
filtrar o plâncton na água.
O bico das aves pode ainda ter
ornamentações que desempenham funções de
comunicação social e reprodutiva, como as cristas
presentes em bicos de anu-preto (Crotophaga
ani) ou em bicos do pato-de-crista (Sarkidiornis
sylvicola).
33
Outra estrutura ligada ao bico das aves é a
presença de uma bolsa gular ligada a ele.
Tratando-se de uma estrutura elástica usada para
armazenar alimento e pode ser encontrada em
aves piscívoras, como a clássica presente em
pelicanos, e em menor tamanho em certas aves
como a biguatinga (Anhinga anhinga). Também
em aves insetívoras como andorinhões
(Apodidae) e urutaus (Nyctibiidae) que podem
formar uma massa acumulada de insetos antes
de ingeri-los definitivamente.
A língua das aves pode ter características
diferenciadas como em pica-paus (Picidae), que é
uma língua longa e com a presença de “espinhos”
em sua ponta, usada para arpoar larvas que
insetos que encontram quando fazem buracos
em troncos de árvores.
Pés, pernas e garras
A estrutura e forma das patas (pés), pernas
e garras das aves também estão associadas com
seus hábitos e comportamentos. Aves que
caminham por ambientes aquáticos, ou que são
corredoras, podem ter pernas longas (e.g. garças
Ardeidae e seriemas Cariamidae). Aves que usam
esses membros apenas para se empoleirar
podem tê-los muito reduzidos, como em beija-
flores, por exemplo. Enquanto o jaçanã (Jacana
jacana) possui dedos longos para facilitar seu
deslocamento sobre a vegetação aquática.
A posição dos dedos das aves é variável, a
maioria tem pés anisodáctilos, ou seja, três dedos
voltados para frente e um para trás. Algumas
aves possuem pés sindáctilos, em que ocorreu a
fusão parcial do e dedos, como em
Dendrocolaptidae, Pipridae e Alcedinidae, por
exemplo. Há também pés com dois dedos para
frente e dois para trás, que podem ser
zigodáctilos, como em Psittacidae, com o 1º e o
4º dedos para trás; ou heterodáctilo, como em
Trogonidae, com o 1º e o 2º dedos para trás.
Algumas aves, porém conseguem mover
um de seus dedos alternando entre uma
disposição anisodáctila e zigodáctila, como em
Apodidae, Pandionidae, Strigidae e certos
Picidae. Fazendo esse movimento ora para se
segurarem melhor ao substrato (e.g. Apodidae)
ou para auxiliar na captura de presas (e.g.
Pandionidae).
Aves aquáticas em geral podem ter os
dedos unidos por uma membrana interdigital,
criando uma superfície ampla que as auxilia a
nadar (e.g. Anatidae). Porém, os mergulhões
(Podicipedidae), não possuem essa membrana,
em seu caso os dedos e unhas são alargados,
lembrando remos.
Outra adaptação presente em algumas
aves é uma garra pectinada, possuindo uma
estrutura serrilhada, que é usada para arrumar as
penas e retirar parasitas (e.g. piolhos) de suas
penas. Essa estrutura é encontrada na suindara
(Tyto furcata), também em Ardeidae, Fregatidae
e Caprimulgidae, por exemplo.
Fontes: Cech et al., 2001a; Cech et al., 2001b; Sigrist,
2006; Sibley, 2020.
1
2
3
4
1
3
4
1
2
3
4
2
Ordenação dos dedos nos pés das aves
Anisodáctilo
Zigodáctilo
Heterodáctilo
34
Exemplos de adaptações dos bicos de aves
Bico para filtração de plâncton,
e.g. Phoenicopteridae.
Bico para captura de peixes,
e.g. Anhingidae.
Bico para consumo de frutas,
ornamentação sexual e
termorregulação, e.g.
Ramphastidae.
Bico para sugar néctar, e.g.
Trochilidae.
Bico para forrageio especializado
de insetos, e.g.
Dendrocolaptidae.
Bico para forrageio generalista de
insetos, e.g. Tyrannidae.
Bico para consumo de frutas
e sementes, e.g. Psittacidae.
35
Migração
A migração em si é considerada o
deslocamento sazonal ou regular de partida e
retorno dos indivíduos de uma população de aves
entre diferentes locais, a maioria das espécies
possui uma rota migratória bem estabelecida,
com cerca de 80 a 98% dos migrantes retornando
sempre ao mesmo local ou região, até para o
mesmo território que utilizam, fenômeno
denominado de filopatria. Estima-se que 19% das
aves realizem migrações e muitas o fazem
durante a noite.
Entretanto, existem vários tipos de
movimentos e deslocamentos de indivíduos ou
populações de aves que não são necessariamente
migrações. Dentre estas movimentações, existem
aves que possuem deslocamentos diários, como
espécies que se deslocam de seus sítios
reprodutivos ou colônias para locais de
alimentação, muito comum em diversos
Psittacidae.
Há movimentos de dispersão, por exemplo,
quando indivíduos jovens se deslocam para longe
de seus locais de nascimento. Nomadismo
(espécies nômades), em que os indivíduos vão se
deslocando por diferentes áreas, permanecendo
mais tempo naquelas em que haja alimentos ou
possibilidade de reprodução.
Migrações dispersivas em que os
indivíduos se deslocam para qualquer área
afastada de seu local de nascimento, como a
dispersão, com um retorno posterior ao local de
onde a ave saiu. E irrupções ou migrações de
invasão em que a quantidade de indivíduos que
deixa o local de reprodução e a distância pela
qual eles se deslocam varia de um ano para
outro, dependendo de onde os recursos estão
disponíveis.
Além disso, a migração também pode ser
parcial separada por sexo, por exemplo, quando
machos e fêmeas deixam o local reprodutivo e
vão para áreas diferentes após esse período. Ou
machos retornam antes do que as fêmeas das
áreas para onde migraram, com o objetivo de
definirem e defenderem seus territórios
reprodutivos.
Ou migração parcial separada por idade,
em que adultos e jovens deslocam-se para
diferentes locais, ou em alguns casos alguns
indivíduos emigram do local reprodutivo e outros
permanecem na área de reprodução durante
certo tempo. Também pode ocorrer migração
altitudinal, quando durante o inverno aves
podem deixar regiões de maior altitude devido ao
frio excessivo, deslocando-se para regiões de
altitude mais baixa e maior temperatura. Há até
espécies que são migrantes facultativos, que,
dependendo das condições ambientais favoráveis
ou não, podem migrar ou não.
Em geral considera-se que a origem da
migração de aves foi uma forma destas
populações evitarem a competição
intraespecífica (com outros indivíduos da mesma
espécie) devido à escassez de recursos periódica
em certos locais. Porém, o motivo de não
permanecerem no local que não sofre oscilação
de recursos ainda não é bem compreendido.
Considera-se que praticamente todas as
espécies de aves possuem capacidade de se
tornarem migratórias e as migratórias de se
tornarem residentes, a depender das condições
ambientais nas quais elas permaneçam. Para que
ocorra uma dessas situações deve haver algum
ganho evolutivo que mantenha estas
características nas populações.
Muitas aves são consideradas como
migradores de curta distância, deslocando-se
dentro de um mesmo continente e poucas são
migradores de longa distância, deslocando entre
diferentes continentes e cruzando áreas
oceânicas, como Sterna paradisaea, cujas rotas
migratórias atingem quase 100.000 km. Essa
divisão não é clara ou específica, existe toda uma
grande variedade de distâncias de migrações.
As aves que realizam migrações de curta
distância podem realizar essa movimentação
apenas com as reservas de energia que
armazenaram no corpo, enquanto as aves que
migram longa distância precisam fazer diversas
paradas (stopovers) ao longo da rota migratória
para se alimentar e recuperar suas reservas.
O comportamento migratório nas aves é
um instinto genético e hereditário, os ciclos
circanuais (variações ao longo de um ano), como
mudanças de estações, e circadianos, variações
ao longo de um dia, como o comprimento do dia,
geram estímulos bioquímicos nas aves que
determinam seus períodos de migração. Por
exemplo, o comprimento do dia estimula a
hipófise das aves, liberando hormônio
gonadotrófico, que resulta em alterações
36
fisiológicas, que se refletem em seu
comportamento. Com isto alteram-se os
funcionamentos das gônadas das aves, a
absorção de gordura, o processo de muda, e, por
consequência, gera o estímulo para que as aves
migrem.
Ao longo de suas rotas migratórias as aves
se orientam principalmente pela visão, usando
aspectos da topografia do terreno para se
localizar, assim elas devem aprender com outras
aves a rota que seguirão. Como ferramentas para
conseguirem realizar suas migrações as aves
podem se localizar por meio do campo magnético
da Terra, a posição do sol e de estrelas, a luz
polarizada do sol e até o olfato. Devido à forma
como se guiam em suas migrações, o período que
realizam esses deslocamentos também é variável,
podendo se deslocar de dia, em períodos
crepusculares ou à noite.
No Brasil pouco mais de 10% das espécies
de aves são migratórias, em sua maioria realizam
migração total de suas populações de um local
para outro. Mas muitas também realizam
migração parcial e um menor número vagantes,
que possuem ocorrência irregular no país,
registros acidentais que ocorrem por desvios em
suas rotas migratórias.
Em nosso país aves migratórias que
realizam deslocamentos durante o inverno
austral, deslocam-se do sul do continente para o
Brasil ou do sul do Brasil para regiões mais
equatoriais. Há espécies migratórias que chegam
ao país para escapar do inverno boreal (no
hemisfério norte), do qual fazem parte muitas
espécies da família Scolopacidae.
também no Brasil migrações ou
deslocamentos para acompanhar florações e
amadurecimentos de frutos e sementes, como
ocorre com Amazona vinacea, Amazona pretrei e
espécies do gênero Sporophila, aves frugívoras
(e.g. tucanos Ramphastidae) e nectarívoras em
geral (e.g. beija-flores Trochilidae). Além de
migrações altitudinais, motivadas também pelo
inverno (e.g. Stephanoxis loddigesii).
Fontes: Sick, 1983; Sick, 1997; Cech et al., 2001b;
Salewiski & Bruderer, 2007; Newton, 2008; Ares, 2013;
Hickman et al., 2016; Lovette, 2016b; Winkler et al.,
2016; Somenzari et al., 2018.
37
Como as aves evoluem?
A dinâmica da crosta terrestre
Atualmente a evolução é um fato bem
estabelecido e estudado por diversos
pesquisadores de diferentes instituições e países.
Entender a evolução é ter o deslumbre de
compreender como a natureza funciona. Quando
obtemos essa compreensão, toda observação que
é realizada passa a ter um aspecto diferente,
passamos a ter indagações, questionamentos e
até nos arriscamos a lançar hipóteses sobre o que
estamos observando.
Para entender a evolução é preciso
considerar que a superfície do planeta Terra não é
estável e sempre estão ocorrendo mudanças.
Todo ano é possível observar notícias sobre
terremotos, maremotos e vulcões que entram em
erupção. Há também eventos atmosféricos que
provocam alterações na superfície, como furacões
e enchentes. Estes eventos são um reflexo e um
lembrete constante de que nosso planeta não é
estável; a natureza é extremamente dinâmica. O
planeta é inconstante e essa característica reflete-
se nas espécies que o habitam.
Algumas dessas mudanças influenciam
continentes inteiros, como é o caso da deriva
continental. Questionamentos acerca da
estabilidade e imutabilidade dos continentes
foram feitos ao longo dos séculos por diversos
geógrafos que notaram que as costas de diversos
continentes poderiam encaixar-se umas nas
outras, conforme se pode notar em um mapa.
Porém, quem primeiro realizou estudos
aprofundados para demonstrar estes fatos foi
Alfred Wegener, com sua obra publicada em 1912,
A Origem dos Continentes e Oceanos, que
demonstrou que os continentes deveriam ser
separados em placas tectônicas. Apesar disso, ele
não demonstrou o que exatamente impulsionava
a movimentação dos continentes.
Em 1944, o geólogo Arthur Holmes com a
obra Principles of physical geology, demonstrou
que o aquecimento radioativo gerado pelo núcleo
da Terra, poderia gerar correntes de convecção
nas camadas do manto, influenciando a crosta
terrestre e fazendo-a se mover. Como a superfície
terrestre é repartida em placas, nos pontos de
encontro dessas placas pode ocorrer intensa
atividade sísmica e vulcânica, devido à sua
fragilidade.
Desta forma, as correntes de convecção que
se formam devido ao calor no manto externo
(camada localizada abaixo da crosta) podem
acabar por movimentar as placas continentais que
possuem diferente densidade, de certa forma,
lentamente deslizando sobre o manto. Aliado a
isso, no encontro de algumas placas, pode ocorrer
um constante derramamento de magma, que ao
se solidificar, auxilia a criar mais pressão acabando
por empurrar as placas tectônicas, fazendo-as se
afastarem. Em outros pontos, uma placa tectônica
pode estar sendo empurrada para cima de outra,
com a de baixo sendo direcionada de volta para o
manto.
Esses movimentos podem ser lentos e
constantes ou a pressão pode se acumular
provocando um grande deslocamento da placa
tectônica, semelhante ao observado no Japão com
o maremoto de 2011, onde a principal ilha do país
foi deslocada em 2,4 m para o leste e o eixo da
Terra foi alterado em 10 cm. O maremoto e sismo
que ocorreram no Oceano Índico em 2004,
causaram uma movimentação na placa tectônica
da Índia de até 20 m em alguns pontos, além de
ter alterado a posição do Polo Norte em 2,5 cm e
também a rotação da Terra.
A placa que é empurrada para cima pode
acabar gerando grandes cadeias de montanhas,
com eventuais deslocamentos que podem chegar
a alguns metros durante eventos sísmicos, como
Charles Darwin observou em sua viagem a bordo
do Beagle quando visitava o Chile em 1835. Na
ocasião ocorreu um grande terremoto, seguido de
um maremoto, e que ocasionou a elevação de
alguns pontos da costa. E na ilha de Santa Maria,
localizada ao sul de Concepción (no Chile),
conforme medições realizadas pelo capitão do
Beagle, FitzRoy, a elevação da superfície chegou a
3 m em um único terremoto.
Graças a essas alterações graduais que
fósseis de moluscos marinhos podem ser
encontrados no alto de montanhas, e conforme
Darwin observou, em alguns locais os fósseis
indicam que a crosta estava acima do nível do
mar, tendo sido posteriormente submersa e
novamente soerguida, havendo fósseis de
38
moluscos marinhos e de árvores intercalados em
diferentes camadas das rochas.
Em alguns casos, a partir do encontro de
duas placas tectônicas, como ocorre no fundo do
Oceano Atlântico em que se encontra uma
cordilheira submersa, de norte a sul,
eventualmente os picos desta cordilheira
emergem, caso dos Açores e ilhas Canárias. No
meio desta cadeia de montanhas localizada
submersa no Oceano Atlântico há uma fenda, com
até 20 km de largura e extensão de 19.000 km. Em
algumas partes desta fenda o magma emerge e
vai pressionando as camadas já solidificadas para
as laterais e como indicam as datações realizadas,
quanto mais próximas da fenda, mais recente é a
rocha que emergiu do manto, e quanto mais
distante, mais antiga.
A questão é que a superfície da Terra está
sempre se modificando, o próprio planeta pode
passar por diferentes ciclos em sua translação ao
redor do Sol, como os Ciclos de Milankovitch, em
que ocorrem oscilações cíclicas na inclinação do
eixo de rotação da Terra a cada 41.000 anos; na
orientação de sua órbita em relação aos sistemas
solares próximos, ora voltada para a Estrela Polar,
ora para a Estrela Vega, a cada 22.000 anos; e na
sua distância em relação ao Sol, com a orbita
oscilando entre mais circular ou mais elíptica a
cada 96.000 anos.
Multipliquem-se estas alterações por
bilhões e milhões de anos, e o que temos são
mudanças constantes na superfície terrestre,
sempre modificando, por consequência, os seus
ambientes. Ciclos de chuva e deslocamentos de
massas de ar podem ser alterados, ciclos de
glaciação (eras do gelo) podem ocorrer, alterar os
níveis de oceanos, gradualmente as áreas
florestais podem se expandir ou se retrair diante
de áreas de campos e desertos, o planeta pode se
tornar mais seco ou quente, entre outras
alterações ocasionadas por tais ciclos.
Todas essas alterações que ocorrem na
Terra acabam por exercer efeitos sobre as
populações de seres vivos. Selecionando
indivíduos com diferentes características e
aptidões a sobreviverem e se reproduzirem diante
dessas alterações ambientais. Dessa forma,
acabam por culminar nos diferentes processos
evolutivos que exercem seus efeitos sobre os
seres vivos.
Fontes: Sagan, 1996; Keynes, 2004; Bryson, 2005;
Darwin, 2008; Darwin, 2009; Mayr, 2009; Favretto,
2014; Lomolino, 2020.
Seleção natural
A seleção natural é um processo simples e
pode ser exemplificado da seguinte forma: na
primeira fase se produz variação (variabilidade)
entre os indivíduos de uma espécie por meio de
mutações, crossing-over, meiose nas células
reprodutivas, recombinações genéticas e
reprodução sexuada.
Após, na segunda fase, os fenótipos
(manifestação física de um genótipo, que é a
composição genética de um indivíduo) produzidos
destas variações genéticas são selecionados pelo
ambiente, aqueles indivíduos com os melhores
genótipos-fenótipos para o ambiente onde estão
inseridos que conseguirem produzir o maior
número de descendentes, ou descendentes
viáveis, passarão essas características adiante na
população. Logo aumentando a frequência dessas
características positivas nas populações da
espécie.
O aumento da frequência dessas
características na população pode começar a gerar
alterações no fenótipo geral dela, reduzindo a
frequência de reproduções com outras
populações da mesma espécie que vivam em
outros ambientes e, em longo prazo, modificando-
a tanto que não conseguirá mais cruzar com
outras populações, estando plenamente formada
uma nova espécie.
As espécies geralmente se distribuem em
populações e estas não possuem uma distribuição
homogênea. Em todo o território que ocupam
existem barreiras geográficas como montanhas,
rios, lagos e oceanos, além de restrições
ecológicas, que se não impedem totalmente o
fluxo de indivíduos entre elas, podem ao menos
dificultá-lo. Por exemplo, os grandes rios da bacia
amazônica que muitas aves não possuem
capacidade de cruzá-los. Além disso, geralmente
indivíduos que habitam os extremos da
distribuição de uma espécie também podem estar
isolados ao menos parcialmente, uma população
de sabiás no Rio Grande do Sul, pode demorar
muitos anos para trocar genes com uma
população no Rio Grande do Norte.
Ao longo de sua distribuição os indivíduos
estão expostos às mais variadas condições do
ambiente e, apesar de cada um ser geneticamente
39
único, todos, sem exceção, estão sujeitos às
mesmas pressões seletivas. Portanto, a evolução
age sobre esta variação das espécies ao longo de
sua distribuição através das diferentes pressões
exercidas pelo meio ambiente.
A grande maioria dos indivíduos de uma
população morre antes de ter sucesso
reprodutivo, devido aos perigos encontrados,
sejam doenças ou predações. Os que sobrevivem
e conseguem se reproduzir passam seus genes
para as próximas gerações e com eles suas
características, por exemplo, que podem ter feito
com que eles tivessem um sistema imunológico
que os tornaram mais resistentes a uma doença
ou alguns segundos mais rápidos a ponto de
escapar de um predador. Para a evolução ocorrer
é preciso que haja o sucesso reprodutivo, caso
contrário os genes que beneficiaram o indivíduo
serão eliminados com suas próprias mortes.
As pressões ambientais acabam por
“selecionar” alguns indivíduos que conseguem
sobreviver e se reproduzir, enquanto outros são
eventualmente eliminados. Digo eventualmente,
porque nem sempre esses indivíduos serão
eliminados, na maioria das vezes basta que ocorra
reprodução diferencial. Ou seja, um indivíduo
com melhor aptidão para sobreviver em um
ambiente consegue ter uma prole maior e assim,
ao longo do tempo, aumentar a frequência
(presença) de seus genes na população em que
está inserido.
Um exemplo clássico do efeito do ambiente
ocasionando a seleção natural sobre aves foi
obtido com os tentilhões de Darwin nas ilhas
Galápagos. Foi constatada uma correlação entre a
heterogeneidade ambiental (as diferentes
características do ambiente) e a variação
morfológica (na forma) dos bicos das aves. No
caso de Geospiza fortis (Thraupidae), a variação
fenotípica fazia com que os diferentes indivíduos
explorassem distintos recursos alimentares com
eficiências diferentes, demonstrando o controle
da seleção natural sobre as variações no fenótipo
de uma população. Indivíduo com bicos grandes
ou pequenos exploravam alimentos diferentes
encontrados no ambiente.
Ainda relacionado à seleção natural, é
possível citar os exemplos de aves noturnas, como
as famílias Caprimulgidae e Nyctibiidae. Estas aves
possuem uma plumagem de coloração que
camufla o indivíduo no ambiente, o que é
conhecido como cripsia; é simples imaginar as
pressões seletivas da predação que levam uma
população a gradualmente adquirir estas
colorações, quando os indivíduos que possuem
uma plumagem que os tornem um pouco mais
indistinguível em meio à vegetação têm suas
chances de sobrevivência e reprodução
aumentadas.
A cripsia gerada pela seleção natural
também pode ser observada no caso de fêmeas
de algumas espécies de Cotingidae e Pipridae que
em geral possuem tonalidades de cores que se
misturam à vegetação, servindo como uma
proteção para o período em que as fêmeas estão
chocando os ovos, dificultando a localização do
ninho por algum predador. Outros exemplos desta
forma de seleção natural ocasionada por pressões
de predação e sobrevivência podem ser
encontrados na família Tinamidae, por serem aves
que vivem a maior parte do tempo no solo. Em
geral, possuem coloração de tonalidades marrom
e bege com listras que servem para camuflar o
indivíduo em meio à vegetação.
Outra importante demonstração da seleção
natural e dos efeitos do ambiente sobre as aves
pode ser encontrada nos processos de
convergência evolutiva, o mesmo nicho ecológico
ou zona adaptativa é ocupado por organismos
semelhantes, mas sem parentesco, pois as
pressões e oportunidades ambientais similares
resultam na seleção de fenótipos (aspecto físico)
também similares. Neste caso é possível citar as
famílias Picidae (pica-paus) e Dendrocolaptidae
(arapaçus), pertencentes até mesmo a ordens
diferentes, mas que por explorarem nichos
similares, ambas as famílias de aves escaladoras
de troncos de árvores, apresentam fenótipos
similares devido às pressões seletivas
semelhantes.
Também as famílias Hirundinidae
(andorinhas) e Apodidae (andorinhões), apesar de
filogeneticamente distantes, são fenotipicamente
similares devido ao nicho que exploram,
realizando a captura de insetos em voo durante
longos períodos de tempo. Pode ser citada ainda
como possível convergência evolutiva, a
similaridade entre os bicos de Ramphastidae
(tucanos) e Bucerotidae (calaus), famílias de
ocorrência neotropical e paleotropical,
respectivamente, devido aos hábitos alimentares
similares destes dois grupos, consistindo de frutos
e pequenos animais.
Até mesmo as ações humanas estão
influenciando na evolução das espécies de aves,
estudos com Petrochelidon pyrrhonota por meio
40
de monitoramentos de algumas de suas
populações constataram uma correlação entre a
redução do tamanho das asas desta espécie e a
redução de sua mortalidade por atropelamento
em rodovias. Sendo este um forte indicativo da
ação da seleção natural nestas populações, pois os
indivíduos com asas menores possuem uma maior
facilidade para realizar manobras no ar o que
permite que eles escapem das colisões com
veículos e assim sobrevivam e passem seus genes
com as características de asas curtas para as
próximas gerações.
Exemplo similar foi observado em um
experimento com a resposta das aves ao tráfego
em rodovias, onde se verificou a ação da seleção
natural, pois as aves foram selecionadas para
responderem ao limite de velocidade das rodovias
e sua velocidade de fuga é baseada nesta
velocidade média e não na velocidade em que o
carro realmente está se locomovendo. Ou seja,
em estradas com velocidade média mais lenta, as
aves esperavam até que os carros estivessem mais
próximos para levantar voo e em estradas com
tráfego mais rápido, elas levantavam voo a uma
distância maior dos carros. Assim tem-se um
cenário onde as aves que buscavam alimento em
rodovias que respondiam aleatoriamente à
velocidade de cada carro podem ter sido
eliminadas e aquelas que fugiam baseadas em
uma velocidade média conseguiram sobreviver e
ter sucesso reprodutivo.
Fontes: Grant et al., 1976; Promislow et al., 1992;
Mayr, 2005; Mayr, 2009; Gluckman & Cardoso, 2010;
Brown & Brown, 2013; Legagneux & Ducatez, 2013;
Favretto, 2014.
Seleção sexual
O que poderia explicar a existência de aves
de cores vistosas como em muitas espécies da
família Pipridae, Trochilidae, Fringillidae,
Thraupidae e Cotingidae, se tais colorações
tornam tais aves mais visíveis para predadores? A
seleção sexual, ou resumindo em uma frase, a
seleção para sucesso reprodutivo em competição
com integrantes da mesma espécie.
Em diversas espécies destas famílias citadas
muitos machos possuem uma coloração vistosa,
enquanto as fêmeas possuem uma coloração que
as camufla melhor em meio ao ambiente. Estes
são os casos em que as chances de se obter um
parceiro para se reproduzir fornecem maior
vantagem para o sucesso reprodutivo do que a
simples sobrevivência do indivíduo em relação a
alguma predação potencial, apesar dos riscos que
surgem. Pois para a evolução não basta que o
indivíduo sobreviva, é necessário que passe seus
genes adiante e neste ponto é que a conquista de
um parceiro reprodutivo supera os riscos de ter
sua sobrevivência reduzida.
No entanto, a seleção do parceiro
reprodutivo não age de forma isolada, ela está
relacionada com a seleção do nicho da espécie,
sendo que em algumas ocasiões a
heterogeneidade de nichos pode ocasionar uma
diversificação na forma de seleção de parceiros.
Fêmeas com nichos diferentes podem ter
preferências diferentes no que se refere às
características dos machos contribuindo para a
divergência das populações de uma determinada
espécie.
Na ave norte-americana Haemorrhous
mexicanus (Fringillidae), as fêmeas são marrons e
os machos têm colorações da cabeça e do peito
que variam de amarelo pálido até alaranjado e
vermelho brilhante. Nesta espécie as fêmeas
preferem se reproduzir com os machos de cores
brilhantes. O motivo é que a coloração dos
machos varia, pois depende dos carotenoides
absorvidos em sua alimentação, pois quanto mais
bem alimentado o macho, mais vermelha e
brilhante é sua cor.
Assim, esta característica funciona como
uma sinalização para as fêmeas “olhe para mim,
sou um macho que consegue obter uma boa
quantidade comida e posso alimentar seus
filhotes”. Desta forma, os genes que fazem as
fêmeas escolherem machos mais vistosos são
beneficiados, ou seja, são passados para as
próximas gerações porque estes machos
conseguem auxiliar melhor no cuidado parental
devido à sua capacidade de obter mais alimento.
Os cantos das aves também servem para a
competição entre os machos, não apenas para
agradar as fêmeas, mas para alertar possíveis
competidores para que se afastem de seu
território. Em algumas espécies, por exemplo,
Agelaius phoeniceus (Icteridae), ave da América
do Norte e Central, um macho consegue
copular com a fêmea caso possua um território e
neste caso poderá obter várias fêmeas, tentando
manter afastados outros machos utilizando-se de
vocalizações e somente em último caso agressão
física, por ser uma ação que oferece grande risco e
maior gasto de energia.
41
Efeitos nítidos da seleção sexual são
observados na família Pipridae, na qual os machos
se reúnem em grupos para realizarem exibições
para as fêmeas que escolhem aquele que possui
características que mais lhes agradem. Assim, o
isolamento de espécies ancestrais em fragmentos
florestais gerados durantes os ciclos de glaciações,
bem como, entre rios de grande porte como na
Amazônia, pode ter separado populações e nestas
populações isoladas as preferências das fêmeas
podem ter divergido e em consequência, as
próprias espécies.
Apesar do risco que os machos correm por
ostentarem plumagens vistosas e cantarem para
as fêmeas, fatores que os deixam mais expostos a
predadores, em algumas espécies, como em
Chiroxiphia caudata (Pipridae), foi verificado que
os machos escolhem locais para realizar suas
exibições para as fêmeas que contribuem para sua
própria sobrevivência. No caso da referida
espécie, são escolhidos locais com diversos galhos
horizontais, que lhes proporcionam poleiros para
seus comportamentos de corte e que também
dificultam o ataque de um possível predador.
Desta forma, pode-se afirmar que os indivíduos de
C. caudata estão tentando reduzir os custos que a
seleção sexual impõe a eles.
Fontes: Mayr, 2005; Mayr, 2009; Coyne, 2009; Anciães
et al., 2009; Flora, 2010; Favretto, 2014.
Seleção de grupo
É difícil separar a seleção de grupo da
seleção de parentesco (tratada adiante), pois em
geral esta última se sobrepõe com a seleção de
grupo social. A seleção de parentesco é definida
como a seleção que busca favorecer a
sobrevivência de parentes próximos que possuam
genótipos semelhantes. Em ambas as formas os
indivíduos tentam, de certa forma, beneficiar ao
máximo a sobrevivência e replicação de seu
material genético ou similar. Na seleção de
parentesco pelos indivíduos serem parentes, logo
compartilhando genes, e no grupo, pela troca de
favores entre os indivíduos.
A seleção de grupo pode ser dividida em
tênue e sólida. No caso da tênue, o sucesso ou
fracasso evolutivo de um grupo é apenas
consequência das aptidões dos indivíduos que o
compõe, não havendo influência do fato de
estarem agrupados. Porém, quando se fala em
grupos sociais, atinge-se uma característica que
pode ser selecionada. Os membros desses grupos
cooperam entre si, por exemplo, advertindo
outros membros no caso da presença de
predadores, compartilhando fontes de alimentos
e enfrentando os inimigos juntos. Ou seja, estes
comportamentos aumentam as chances de
sobrevivência do grupo.
Ao ser considerado, por exemplo, o
comportamento do anu-branco Guira guira
(Cuculidae), quando o grupo está se alimentando
no chão, um ou mais indivíduos ficam vigiando a
aproximação de algum predador, fazendo um
papel de sentinela. Este comportamento que
favorece a sobrevivência do grupo pode ser
considerado como uma seleção de grupo, ou seja,
o comportamento está propiciando a
sobrevivência de todos os indivíduos. Diferente de
um comportamento em que todos os indivíduos
estivessem se alimentando no solo e aquele que
tivesse observado um predador por perto
simplesmente fugisse.
Há de se considerar que nem sempre os
bandos de Guira guira utilizam uma sentinela,
sendo que este aspecto parece estar associado
com o tipo de ambiente onde eles forrageiam. Se
forem áreas abertas, a detecção de predadores é
mais fácil, e assim não há uma sentinela, mas em
áreas com vegetação mais fechada, a detecção de
predadores pode ser prejudica por parte do grupo
e assim sentinelas presentes. Outros possíveis
fatores podem estar relacionados ao tamanho do
grupo, grupos menores, em geral, não possuem
sentinela e grupos maiores possuem,
possivelmente devido ao agrupamento de um
grande número de indivíduos poder ser mais
facilmente detectado por um predador.
O grupo bem sucedido acaba atuando como
uma unidade, sendo esta unidade favorecida pela
seleção. Deve-se considerar ainda, que muitas
vezes, os grupos são formados por parentes
próximos e tal seleção é feita por parentesco, que
é a seleção individual. Individual, pois como em
geral os indivíduos de um grupo possuem material
genético semelhante, ajudar tais indivíduos acaba
sendo um favorecimento próprio disfarçado de
altruísmo, ou seja, ajudar o próximo procurando
preservar o próprio material genético.
Outro aspecto da seleção de grupo visível
na defesa contra predadores foi observado no
papa-moscas-preto Ficedula hypoleuca
(Muscicapidae), uma ave da África e Europa.
Quando se quer afugentar um predador, agir
sozinho é perigoso, porém, em conjunto isto se
42
torna mais vantajoso. Em Ficedula hypoleuca fugir
sem avisar os demais ou sem ajudar a afugentar o
predador poderá implicar em punição por parte
do grupo. Se a ave não avisar a presença de um
predador, certamente ela corre menos risco de ser
predada, porém o predador tende a permanecer
mais tempo no local, aumentando as chances de
localizar os ninhos de diversos indivíduos inclusive
daquele que não alertou.
Desta forma, a presença do predador por
mais tempo também dificulta a alimentação da
prole, que pode por meio de suas vocalizações de
fome sinalizar ao predador a localização do ninho.
Então, atacar em grupo pode fazer o predador
desistir da área em questão para caça. Ressalta-se
ainda que os espécimes de Ficedula hypoleuca
conseguem identificar os vizinhos que ajudaram e
os que não ajudaram a espantar um predador, e
aqueles que auxiliaram receberam este mesmo
benefício posteriormente e os que não auxiliaram
não receberam. Percebe-se neste caso a pressão
do grupo para que o indivíduo tenha um
determinado comportamento para obter
benefícios e evitar a punição por seus similares.
Fontes: Dawkins, 1979; Sick, 1997; Mayr, 2005; Krams
et al., 2008; Mayr, 2009; Lima et al., 2011.
Seleção de parentesco
Referente à seleção de parentesco, é
possível afirmar que algumas aves ajudam seus
parentes a alimentar os filhotes, ao invés de
construírem seu próprio ninho, por não possuírem
um bom território. Assim sabendo que suas
chances de sucesso reprodutivo estão reduzidas,
agem de forma a beneficiar outros indivíduos com
genes similares e que terão maiores chances de
sucesso reprodutivo.
É possível exemplificar esta forma de
seleção com o estudo da ave australiana
Pomatostomus ruficeps (Pomatostomidae), que
cria seus filhotes obrigatoriamente de forma
cooperativa, sendo raros os grupos que não
contam com ajudantes na criação da prole. Por
meio da marcação dos espécimes, inclusive com
genotipagem, foi verificado que os indivíduos
ajudantes dedicaram até três vezes mais cuidados
para os filhotes com os quais possuíam algum
parentesco do que para outros sem esta
proximidade gênica. Na espécie brasileira joão-de-
pau Phacellodomus rufifrons (Furnariidae)
também foi observado o comportamento
cooperativo para criar a prole e os indivíduos que
receberam o auxílio tiveram maior sucesso
reprodutivo do que aqueles que não receberam.
O corvo Corvus corone (Corvidae),
encontrado na Europa e Ásia, demonstrou
preferência por receber auxílio de seus parentes,
provavelmente como uma forma de evitar a
disputa de interesses de outras aves que tentam
obter benefícios de um potencial parceiro
reprodutivo por meio de ajuda nos cuidados com
a prole. Em alguns casos, os próprios filhotes
desempenham o papel de auxiliar os progenitores
nos cuidados com a nova prole, nestes casos o
indivíduo não busca um novo território, seja por
não encontrar um disponível, pelo risco de
mortalidade associado à dispersão, ou pela baixa
probabilidade de conseguir um parceiro
reprodutivo e em consequência, uma baixa
probabilidade de sucesso reprodutivo.
Em algumas comunidades de aves a troca
de benefícios algumas vezes é retribuída da
mesma forma, porém em outras espécies, a fêmea
reprodutora é uma potencial parceira reprodutiva
futura para o macho que está agindo como
ajudante do casal. Assim, ajudá-la ou ajudar seus
filhotes pode aumentar as chances de reproduzir-
se com ela em uma ocasião futura.
No entanto, em outra espécie, a ave
australiana Malurus coronatus (Maluridae), foi
registrado que nem todos os indivíduos que
auxiliaram casais com seus filhotes eram parentes,
isto implica na troca de benefícios mesmo entre
indivíduos não aparentados. Ressalta-se ainda que
os maiores benefícios da seleção de parentesco
ocorrem entre as espécies que praticam a
monogamia, sendo reduzidos entre espécies
polígamas. No caso das espécies polígamas,
aparentemente a energia gasta com cuidados de
filhotes de parentes parece não compensar os
benefícios gastos na reprodução com diversos
parceiros.
Fontes: Clutton-Brock, 2002; Baglione et al., 2003;
McGowan et al., 2003; Brito et al., 2004; Rodrigues &
Carrara, 2004; Rice, 2007; Kingma et al., 2010;
Browning et al., 2012.
43
Como as aves evoluem?
Ao longo do tempo surgem variações
genotípicas e/ou fenotípicas nas
populações, por mutações não-
deletérias, reprodução sexuada,
meiose e outros fatores.
Alguns indivíduos conseguem sobreviver e
se reproduzir. Outros podem ser
eliminados por pressões seletivas
ambientais (seleção natural) e seus genes
são eliminados da população.
Nem todos os indivíduos que sobrevivem
possuem o mesmo sucesso reprodutivo, a
seleção sexual pode fazer com que aqueles
com certas características que agradem
seus parceiros possam produzir mais
descendentes (reprodução diferencial).
Somando-se as diferentes pressões seletivas, os
genótipos e/ou fenótipos que conseguiram
sobreviver e deixar maior número de
descendentes aumentam a frequência de seus
genes na população. Isso resulta em alterações
nas características da população que ao longo
do tempo podem resultar em uma modificação
completa da espécie.
44
Processos de especiação
O processo de evolução biológica gera
diferentes mudanças nos seres vivos ao longo do
tempo, inicialmente pequenas modificações
genotípicas e fenotípicas que ao se acumularem
ao longo do tempo, desde que favoreçam a
sobrevivência e reprodução de seus portadores,
resultam no processo de especiação, modificação
de uma espécie em outra ou sua separação em
mais de uma espécie. Essas modificações
evolutivas são os resultados de todo os processos
acima apresentados, como pressões do ambiente,
por meio de seleção natural, ou influências de
características comportamentais da própria
espécie, resultando na seleção sexual. Além de
outros processos evolutivos, como deriva gênica,
seleção de grupo e parentesco.
Para que ocorra um processo de especiação
é crucial que haja isolamento reprodutivo.
Característica ligada diretamente com o conceito
biológico de espécie, que considera uma espécie
como sendo agrupamentos de populações
naturais intercruzantes e reprodutivamente
isolados de outros grupos com mesmas
características. Este isolamento pode ser pré- ou
pós-zigótico, exemplificando, quando
diferenças nos comportamentos reprodutivos ou
quando a prole híbrida tem baixa viabilidade ou
fertilidade, respectivamente.
Teoricamente consideram-se a existência
de três processos principais de especiação,
alopátrica, parapátrica e simpátrica. Na
especiação alopátrica a população da nova
espécie surge isolada geograficamente da
população da espécie ancestral. Na especiação
parapátrica a espécie nova surge em uma
população contígua, ou seja, próxima à espécie
ancestral. Enquanto na especiação simpátrica a
espécie nova surge no mesmo espaço geográfico
da população ancestral.
Os processos de especiação alopátrica
ocorrem na natureza quando uma ou mais
populações de uma mesma espécie são
geograficamente isoladas umas das outras, esse
isolamento interrompe os processos reprodutivos
entre elas e, por consequência, seu fluxo gênico. O
isolamento pode ocorrer por meio de alterações
no curso de um rio, o soerguimento de uma
montanha, ou como ocorreu muito na América do
Sul, expansões e retrações de áreas de floresta e
cerrado/campos ao longo dos períodos de
glaciação (teoria dos refúgios), especialmente no
Período Pleistoceno (entre 2,5 milhões de anos
atrás até 11,7 mil anos atrás). Coincidindo com a
estimativa do período de surgimento estimado
para muitas espécies atuais de aves, entre 5 a 2
milhões de anos atrás.
Durante períodos de frio e seca, as áreas
florestais sofriam retrações e geravam diversos
fragmentos isolados, interrompendo o fluxo
gênico entre as aves destes habitat. Ou seja, as
aves florestais não conseguiam se deslocar entre
os fragmentos florestais, suas populações
permaneciam isoladas e distantes dos outros
fragmentos.
Por outro lado, durante os períodos de calor
as áreas florestais se expandiam e isolavam as
áreas de campo, isolando as espécies destes
habitat. Isolando ora fragmentos florestais, ora
áreas abertas. Cada período de isolamento
ocorreu durante vários milênios e separando as
espécies animais que ali viviam. Neste conceito é
importante definir que há muitas espécies que
possuem baixa capacidade de dispersão e assim
ficavam isoladas no fragmento florestal rodeado
por cerrado ou campos naturais e vice-versa. Caso
muito característico em uma situação dessas
atualmente é de Cinclodes pabsti e Cinclodes
espinhacensis, remanescentes relictuais com
populações restritas a campos de altitude de
Santa Catarina/Rio Grande do Sul e de Minas
Gerais, respectivamente.
Com a separação dessas populações nos
diferentes fragmentos de ambientes, podem ter
ocorrido alterações ambientais em cada área
isolada, por exemplo, uma área de Mata Atlântica
isolada no nordeste do Brasil poderia estar
exposta a diferentes condições climáticas de uma
área na região sul. Assim criando diferentes
pressões seletivas que produziriam a divergência
da espécie ancestral em novas espécies.
Essa divergência também pode ocorrer por
deriva gênica, caso as pressões sejam similares.
Ou, caso a nova população seja formada por uns
poucos indivíduos que chegam a um local novo
com baixo fluxo gênico com a população
ancestral, pode ocorrer o chamado efeito
fundador, em que a nova população possuirá
apenas uma pequena percentagem da
variabilidade gênica ancestral, facilitando esse
processo de deriva gênica e especiação. Essas
45
alterações nas diferentes populações que foram
separadas podem ocorrer gradualmente ou em
períodos de estabilidade entremeados por
períodos de rápidas mudanças evolutivas, como
pulsos evolucionários.
Esses processos evolutivos que explicam,
por exemplo, porque existem três centros de
endemismo de espécies na Mata Atlântica, ou
seja, áreas com grande quantidade de espécies
endêmicas, que ocorrem exclusivamente em certa
região. O centro de endemismo da Bahia, centro
de endemismo de Pernambuco e o centro de
endemismo da Serra do Mar, que foram
possivelmente regiões que tiveram áreas
florestais que permaneceram isoladas durante
períodos de eras glaciais, quando houve retração
das florestas e avanço das áreas de Cerrado e
Campos Naturais. As populações de espécies
ancestrais isoladas nessas áreas florestais
acabaram por se modificar ao longo do tempo,
dando origem às espécies endêmicas que
caracterizam essas regiões.
O processo de migração também pode
contribuir para a especiação alopátrica,
populações de aves que por algum motivo acabam
usando rotas migratórias diferentes e migram
para regiões reprodutivas diferentes, podem ficar
com o fluxo gênico entre elas interrompido. Com
esse isolamento favorecendo o processo de
especiação, mesmo que eventualmente possa
ocorrer alguma hibridização entre essas
populações.
Na especiação parapátrica uma nova
espécie evolui de populações contíguas, ou seja,
próximas umas das outras e não afastadas como
na especiação alopátrica. Essa forma de
especiação, por exemplo, ocorre quando duas
populações de animais ocorrem em dois
ambientes diferentes, mas ainda comunicantes.
Dessa forma, as pressões seletivas que existem
em cada um desses ambientes são diferentes e
vão conduzindo uma divergência a ponto de
surgirem duas novas espécies. Como os dois
ambientes são contíguos, ainda pode haver
processos reprodutivos entre as duas espécies
separadas nesses pontos de encontros. Mas
provavelmente os híbridos que surgem não são
aptos a manterem populações viáveis nesta área
de transição entre os dois ambientes, mantendo
assim o isolamento reprodutivo entre as
populações. Porém considera-se que as evidências
desta forma de especiação são fracas, já que as
zonas híbridas podem ser resultado de uma
aproximação populacional após um período de
especiação alopátrica.
Na especiação simpátrica ocorre
divergência nas populações de uma espécie sem
haver qualquer forma de isolamento geográfico.
Ou seja, o processo de vicariância, separação de
uma espécie em duas ou mais, ocorreria em um
mesmo ambiente. Ela pode ter início com um
polimorfismo intrapopulacional, em que dentro da
população de uma dada espécie existem variações
morfológicas, que podem, por exemplo, resultar
em diferenças da fonte alimentar usada por estes
indivíduos. Essa forma de especiação é
provavelmente mais comum em insetos e peixes,
no caso das aves, a especiação que mais ocorre é
alopátrica, alguns dados indicam que a especiação
simpátrica ocorreu em apenas 5% das espécies de
aves.
Em resumo, o planeta Terra está em
constante transformação, sua superfície é
continuamente alterada por diferentes
intempéries e essas alterações se refletem
também nas formas de vida que o habitam. Os
seres vivos são moldados e modificados ao longo
do tempo pelas diferentes pressões seletivas do
ambiente, estas pressões levam ao surgimento de
novas espécies por processos de especiação.
Porém, o surgimento de novas espécies pode
resultar no desaparecimento de outras e
eventualmente toda a vida que surgiu ao longo de
milhões de anos é repentinamente extinta, sem
tempo para se adaptar às bruscas alterações
ambientais. A vida é resiliente e mutável, mas
apenas até certo limite.
Fontes: Haffer, 1969; Cracraft & Prum, 1988; Cech &
Rubega, 2001; Rice, 2007; Ridley, 2007; Phillimore et
al., 2008; Ribeiro et al., 2009; Batalha-Filho & Miyaki,
2011; Silva et al., 2012; Lovette, 2016b; McEntee et al.,
2018; Rodrigues, 2020.
46
Populações originais
da espécie
Surge uma barreira separando suas
populações, como alterações climáticas que
resultam em fragmentação do habitat original
da espécie
As diferentes pressões seletivas que podem se
formar em cada ambiente isolado resultam em
alterações nas populações, estas se modificam
tanto que surge o isolamento reprodutivo entre
elas
Com o isolamento reprodutivo gerado nas populações
essas não podem mais se entrecruzar, caso o
ambiente se altere novamente e elas voltem a entrar
em contato serão espécies diferentes
Especiação alopátrica
Passagem do tempo
Especiação simpátrica
Passagem do tempo
População original da espécie gera
variabilidade que resulta em
polimorfismo genotípico ou fenotípico
Por características próprias os
indivíduos da população reproduzem-
se apenas com aqueles que possuem
características similares a eles
Este comportamento resulta em uma
separação dos indivíduos com
diferentes características reforçando-
as em seus descentes
A diferenciação pode ser tão grande
que o isolamento reprodutivo surge
sem separação geográfica, resultando
em espécies diferentes
47
AS AVES
48
49
Ordem Rheiformes
Família Rheidae
Família composta por aves conhecidas
popularmente como emas. Esta ordem surgiu
possivelmente no período Paleogeno, com fósseis
que datam de 40 milhões de anos atrás na época
Eoceno (e.g. Diogenornis). Mas representantes
definitivos da família (e.g. Heterorhea e Hinasuri)
são registrados no Plioceno (5 a 2 milhões de anos
atrás).
Rhea americana (Linnaeus, 1758)
Nome popular: ema
Comprimento: 180 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas de campos e
pastagem, também próximas de fazendas,
eventualmente podem ser observadas se
deslocando em plantações de soja. Fora do
período reprodutivo usam locais com vegetação
mais esparsa, que facilitam sua movimentação.
Alimentação: Alimentam-se de folhas (e.g.
Brachiaria), frutos, sementes, insetos, pequenos
vertebrados como lagartixas, serpentes,
mamíferos e anfíbios, eventualmente peixes.
Ingerem pedras para auxiliar na digestão. Podem
pular para tentar pegar frutos em galhos de
árvores.
Consomem frutas das seguintes famílias e
gêneros: Anacardiaceae: Anacardium; Arecaceae:
Copernicia, Syagrus; Solanaceae: Solanum;
Rubiaceae: Genipa.
Comportamento e observações: Aves
terrícolas, sem capacidade de voar, possuem 134
a 170 cm de altura, dependendo da postura, o
macho pesa até 34,4 kg e a fêmea 32 kg. Ao correr
pode alcançar mais de 60 km/h.
Descansam sentadas sobre os tarsos, às
vezes em decúbito ventral com as pernas
esticadas para trás. Dormem com o pescoço
esticado horizontalmente no chão ou dobrado
sobre as costas. Não possuem glândula
uropigiana. Em suas excretas separação de
fezes e urina, diferentemente das outras aves.
Adentram em brejos e conseguem
atravessar rios a nado, eventualmente entram no
mar em praias para realizar algum deslocamento.
Vivem em bandos, que podem abrigar machos,
fêmeas e juvenis (até oito machos). Fora do
período reprodutivo os bandos podem ter de três
a 30 indivíduos, com registros de até 100
indivíduos.
Predadores: De adultos: puma (Puma
concolor) e raposas (Lycalopex culpaeus). De seus
filhotes e/ou ovos são falcão-peregrino (Falco
peregrinus), zorrilho-da-patagonia (Conepatus
humboldti), raposa-cinzenta-argentina
(Pseudalopex griseus), gato-do-mato-grande
(Leopardus geoffroyi), furão (Galictis cuja), tatu-
peludo (Chaetophractus villosus) e teiú (Salvator
merianae).
Reprodução: Reprodução registrada entre
julho e março, variando conforme a região. O
macho adulto expulsa os rivais e reúne em um
grupo três a seis fêmeas. Estas permanecem
juntas, mas o macho costuma andar sozinho.
Praticam poligamia e poliginia, mas apesar
disso os machos lutam com bicadas e
entrelaçando os pescoços. Fazem corte para as
fêmeas esticando as asas horizontalmente,
correndo em círculos, abrindo e chacoalhando as
asas. O comportamento de levantar a parte
posterior do corpo serve para atração das fêmeas
e também para expulsão de possíveis rivais.
Durante o período reprodutivo, ambos os
sexos passam mais tempo em vigilância contra
predadores do que se alimentando, e fora do
período reprodutivo os indivíduos passam menos
tempo em vigilância, exceto quando não estão em
um bando.
O macho prepara um buraco no solo como
ninho, podendo para tal, se aproveitar de
concavidades existentes. Os locais de
reprodução geralmente são próximos de áreas
úmidas e em locais com vegetação densa.
O ninho é preenchido com matéria vegetal,
como folhas, tanto amassadas das proximidades
do mesmo, quando cortadas com o bico e
dispostas dentro do ninho.
A incubação é realizada pelo macho, o
número de ovos varia conforme o número de
fêmeas e também número de machos. Cada ninho
pode ter a 10 ou 30 ovos dependendo do número
de fêmeas que usam o mesmo ninho, e podem ter
em média 605 g cada. A incubação dura 27 a 41
dias. Os filhotes são precociais.
O macho cuida dos filhotes, que se
alimentam sozinhos e permanecem com o macho
50
adulto por até seis meses, após ainda
permanecem em grupo até os dois ou três anos de
idade, quando atingem a maturidade. Há registros
de machos acompanhados por até 22 filhotes.
Consta que alguns machos podem adotar filhotes
estranhos, tais machos possuem comportamentos
mais vigilantes e protetores do que os demais.
Todo esse cuidado dos machos para com os
filhotes demanda uma grande quantidade de
energia e provavelmente devido a isto só 20%
destes tentam nidificar anualmente durante o
período reprodutivo.
Distribuição: Ocorrem na Bolívia, Paraguai,
Argentina, Uruguai e Brasil, onde ocorrem ao
longo de áreas do Cerrado no Brasil Central,
também Caatinga; no sul do Brasil no Rio Grande
do Sul e alguns pontos de Santa Catarina.
Altitude: Até 1.200 m.
Fontes: Belton, 1984; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Reboreda & Fernandez, 1997; Codenotti &
Alvarez, 1998; Mercolli & Yanoski, 2001 in de la Peña,
2016; Fernandez & Reboreda, 2003; Di Giacomo, 2005;
Sigrist, 2006; Likoff, 2007; Abreu, 2008; Sarasola et al.,
2010 in de la Peña, 2016; Dalessandro, 2013; Folch et
al., 2013; de la Peña, 2016; Picasso & Mosto, 2016;
Erize & Villafañe, 2016; Wikiaves, 2019.
Rhea americana
51
Ordem Tinamiformes
Família Tinamidae
A família Tinamidae faz parte de um grupo
de aves conhecidas como ratitas, composto pelas
emas, avestruzes, casuares, kiwis e aves-elefante
(estas já extintas). Estas aves possuem o osso
esterno plano e não em forma de quilha como nas
demais aves. registros de fósseis dessa família
datados do Mioceno (17,5 a 16,3 milhões de anos
atrás), da espécie Crypturellus reai na Argentina.
Os tinamídeos possivelmente possuem sua origem
relacionada com aves morfologicamente similares
a eles, mas com maior capacidade de voo, os
Lithornithidae, datados de fins do Cretáceo ao
Eoceno (entre 67 a 40 milhões de anos atrás).
Os Tinamidae são popularmente conhecidos
como inambu, inhambu, nambu, perdigão, perdiz
e codorna. Mas não incluem a codorna doméstica
(Coturnix spp.) comumente criada por humanos
para fins alimentícios, que pertence à família
Phasianidae.
Características
As aves desta família têm um corpo que
lembra a forma de galinhas e são muito
perseguidas para fins de caça. São aves terrestres,
com pouca capacidade de voo, devido às suas asas
curtas e ao peito com esterno sem formato de
quilha para fixação de maiores músculos peitorais
que auxiliam no voo. Suas retrizes (penas da
cauda) são bastante curtas, em algumas espécies
estão ocultas em meio às penas de contorno do
corpo. A coloração dos machos e fêmeas é similar,
inconspícua. As fêmeas geralmente são maiores
do que os machos.
Comportamento
Muitas espécies vivem em áreas florestais
ou associadas a esses ambientes, como os gêneros
Crypturellus e Tinamus. Outras espécies vivem em
áreas abertas como Rhynchotus e Nothura.
Essas aves procuram se deslocar mantedo-
se ocultas em meio à vegetação, quando
detectam alguma ameaça ficam imobilizadas com
pescoço ereto, ou com a parte posterior do corpo
levantada, ou, ainda, deitam-se para passarem
despercebidas. Em situações de perigo, quando
não foram detectados pelo predador, evitam
escapar voando e procuram se deslocar
caminhando para longe da possível ameaça. Assim
só usam o voo para escape como último recurso e
quando o fazem voam por apenas algumas
dezenas de metros.
As espécies do gênero Tinamus se
empoleiram para dormir, em geral em galhos
horizontais localizados de 2 a 5 m do solo. No
galho apoiam-se com seus tarsos, que são ásperos
e escamosos, e assim auxiliam a manter a ave
imóvel. Enquanto as espécies do gênero
Crypturellus e também as de áreas abertas
descansam sobre o solo. Algumas espécies podem
sempre dormir nos mesmos locais.
Algumas espécies são solitárias e outras
formam bandos, geralmente as espécies florestais
são solitárias e algumas se encontram com outros
indivíduos apenas durante o período reprodutivo.
Alimentação
A alimentação de Tinamidae é composta
principalmente de sementes, também por frutas
caídas encontradas no chão, folhas, moluscos,
artrópodes, anfíbios, répteis e pequenos
mamíferos. Consta que até 2/3 do conteúdo do
papo e do estômago são sementes, que serão
digeridas, e não dispersas pelas fezes.
Capturam pequenos artrópodes e moluscos
revirando a serrapilheira, inclusive lagartas
urticantes de mariposas. No caso de Rhynchotus
rufescens esse também pode usar seu bico longo,
curvo e forte para arrancar tubérculos e raízes do
solo, principalmente durante o inverno quando
diminui a abundância de insetos. Esta espécie
também procura cupins, e pode, eventualmente,
caçar pequenos lagartos, pequenos roedores e
serpentes. Nothura maculosa pode predar
carrapatos e utilizam a movimentação do gado em
meio ao pasto para apanhar insetos afugentados
por eles, também podem escavar o solo com o
bico para obter raízes e tubérculos. Os filhotes de
Tinamidae dependem mais de alimentos de
origem animal do que os adultos.
As espécies florestais, como Crypturellus e
Tinamus, reviram a serrapilheira com o bico para
encontrar seu alimento, diferentemente de
galinhas que usam os pés para esta finalidade. Tais
espécies podem ainda procurar seu alimento
próximo de áreas úmidas para capturar minhocas
e moluscos. Também podem se aproveitar dos
52
deslocamentos de formigas-de-correição para
capturar insetos espantados pelo deslocamento
delas. As espécies de Tinamidae bebem água
regularmente sempre que ela está disponível e
também engolem pequenas pedras para auxiliar
na digestão dos alimentos.
Reprodução
Machos e fêmeas acasalam-se com
diferentes parceiros, um macho pode vocalizar em
seu território para atrair diversas fêmeas e estas
colocam seus ovos no mesmo ninho que será
cuidado pelo macho, que são responsáveis pela
incubação e pelos cuidados com os filhotes. Após,
as fêmeas podem acasalar com outros machos em
outros territórios.
Nas espécies florestais o ninho consiste em
uma depressão natural no chão coberta com
folhas, geralmente próximo de troncos,
espécies campestres usam cavidades no solo
perto de moitas de vegetação. Rhynchotus
rufescens cava o ninho no solo e preenche-o com
folhas secas.
A incubação pode durar entre 16 e 34 dias.
Em algumas espécies quando os machos vão se
afastar de seus ninhos cobrem os ovos com folhas
ou penas para camuflá-los. Durante a incubação
deixam o ninho apenas uma vez ao dia para se
alimentar. Além disso, quando algum predador se
aproxima do ninho o macho abre asas, emite um
trinado e finge estar ferido para afastar o
predador do local do ninho. Os filhotes são
precociais e ao eclodirem os machos os chamam
para fora do ninho.
Referente aos cuidados com os filhotes, no
caso de Tinamus solitarius, durante os primeiros
dias de eclosão dos filhotes o macho protege-os
no solo, até durante a noite, não se empoleirando
em árvores para dormir como de costume. Só
volta a dormir sobre árvores quando os filhotes
conseguem também se empoleirar, mesmo que
em altura menor. A mortalidade dos filhotes é
elevada e por isso eles crescem rapidamente,
atingem a maturidade com um ano de idade,
apesar de algumas espécies estarem
fisiologicamente aptas à reprodução 57 dias após
a eclosão.
Fontes: Cabot, 1992; Sick, 1997; Davies, 2002; Likoff,
2007; Mayr, 2009; Chandler, 2012; Nesbitt & Clarke,
2016.
Tinamus tao Temminck, 1815
Nome popular: azulona
Comprimento: 42-49 cm.
Peso do macho: 1,32-1,86 kg.
Peso da fêmea: 1,43-2,08 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
principalmente em terrenos acidentados e com
sub-bosque aberto, florestas de terra firme,
florestas de galeria e cerradão.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes e invertebrados.
Comportamento e observações: Durante a
noite se empoleiram em galhos para dormir.
Forrageiam e se deslocam no solo.
Reprodução: Reprodução registrada entre
fevereiro e dezembro. Colocam de dois a nove
ovos. O ninho é uma depressão no solo perto da
base de árvores, forrado com folhas e plumas.
A corte reprodutiva envolve
comportamentos de perseguição entre macho e
fêmea, movimentos coordenados, vocalizações
suaves e, por fim, a cópula. Pode ocorrer o
encontro do casal, quando a fêmea se abaixa no
solo e logo se levanta, ambos se movimentam em
círculos, abaixando e erguendo a cabeça; a fêmea
pode se abaixar e levantar ainda mais uma vez
antes de deixar o macho subir nela. Quando ela
permite, ele sobe nela e tentam possivelmente
encostar as cloacas, quando o macho então
mantém as asas abertas ao redor da fêmea, a
cabeça abaixada sobre suas costas e parte das
penas do dorso meio eriçadas.
A incubação dura 18 dias e é realizada pelo
macho. Após os filhotes eclodirem dos ovos, estes
e o adulto deixam o ninho após um dia.
Distribuição: Ocorrem na Guiana,
Venezuela e Colômbia até Bolívia e Brasil, onde
possuem registros no Acre, Rondônia, Amazonas,
Pará, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão.
Altitude: Até 1.900 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Oren &
Parker III, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003;
Sigrist, 2006; Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr.,
2008; Araújo, 2012; Freile, 2016; Martins, 2016;
Solano-Ugalde et al., 2018; Lima, 2021.
Tinamus solitarius (Vieillot, 1819)
Nome popular: macuco
Comprimento: 42-52 cm.
Peso do macho: 1,01-1,47 kg.
Peso da fêmea: 1,30-1,71 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
preferencialmente em floresta primária, podem
53
ser encontrados em áreas de floresta secundária,
mas com o aumento da degradação florestal
deixar de usar o ambiente. Preferem ambientes
com o dossel arbóreo mais fechado e sub-bosque
mais aberto, evitam borda de mata.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes (e.g. Guadua), invertebrados e anfíbios
(e.g. Brachycephalus).
Comportamento e observações:
Forrageiam e se movem no solo. Deslocam-se
sozinhos ou em casais. Vivem em territórios de
aproximadamente 30 hectares. Empoleiram em
galhos das árvores para dormir, para isso apoiam-
se sobre os tarsos que possuem escamas
salientes, dando aspecto serrilhado ao tarso,
possivelmente auxiliando-os a se manterem em
seu poleiro.
Em algumas interações entre indivíduos
(corte reprodutiva?), podem levantar a parte
posterior do corpo e eriçar as penas da região do
uropígio ou as coberteiras supracaudais.
São mais detectados durante o começo da
manhã e também durante o crepúsculo.
Raramente durante a noite.
Predadores: jaguatirica (Leopardus
pardalis).
Reprodução: Reprodução registrada entre
agosto e fevereiro. Colocam dois a quatro ovos, às
vezes até 14 ovos. A incubação dura 19 a 20 dias.
O ninho fica no solo, sobre um amontoado de
folhas, eventualmente próximo da base de
árvores. A incubação e os cuidados com os filhotes
são realizados pelo macho.
Distribuição: Ocorrem no Paraguai,
Argentina e Brasil, onde possuem registros do Rio
Grande do Sul ao Pernambuco, Minas Gerais, sul
do Goiás e sudeste do Mato Grosso.
Altitude: Até 1.200 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Silveira,
2006; Sigrist, 2006; Toledo et al., 2007; Dunning Jr.,
2008; Kuhnen et al., 2013; Hayes, 2014; de la Peña,
2016; Dias et al., 2016; Ferreguetti et al., 2018;
Boufleur, 2018; Estringer Júnior et al., 2019; Wikiaves,
2019.
Tinamus major (Gmelin, 1789)
Nome popular: inhambu-serra
Comprimento: 40-46 cm.
Peso do macho: 885-1142 g.
Peso da fêmea: 945-1249 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais
primárias e secundárias, tanto floresta de terra
firme quanto áreas de várzea. Preferencialmente
com a copa das árvores mais abertas.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
frutos, artrópodes e pequenos vertebrados.
Consomem frutas das seguintes famílias e
gêneros: Annonaceae: Duguetia, Guatteria;
Arecaceae: Bactris, Geonoma, Oenocarpus,
Mauritia; Bombacaceae: Quararibea;
Boraginaceae: Cordia; Burseraceae: Protium;
Chrysobalanaceae: Licania; Cucurbitaceae:
Cayaponia; Euphorbiaceae: Hyeronima; Fabaceae:
Abarema, Balizia; Humiriaceae: Humiria;
Lauraceae: Nectandra; Meliaceae: Guarea;
Myristicaceae: Virola; Myrtaceae: Eugenia;
Polygonaceae: Coccoloba; Rubiaceae: Faramea,
Psychotria; Urticaceae: Coussapoa.
Comportamento e observações: Deslocam-
se e forrageiam sozinhos no solo, exceto se for um
grupo familiar. Dormem em locais elevados
(galhos) e não diretamente sobre o solo.
Predadores: De adultos: gavião-de-penacho
(Spizaetus ornatus); De seus ovos: jiboia (Boa sp.).
Reprodução: Reprodução registrada entre
dezembro e agosto. Os ninhos ficam no solo,
sobre amontoados de folhas, perto da base de
árvores ou entre suas raízes expostas. O casal é
temporário. Realizam comportamento de corte
antes da cópula, em algumas situações
aparentemente consiste em esticar o pescoço
para frente e abaixar a cabeça várias vezes, com
as asas levemente abertas e as penas da região do
uropígio e coberteiras supracaudais eriçadas.
Cada fêmea põe até três ovos, mais de uma
fêmea pode ovipor em um ninho; há registro de
até sete ovos em um ninho. A incubação é
realizada pelos machos, que permanecem
incubando também durante a noite. O período de
incubação dura 17 dias.
Distribuição: Ocorrem do México à Bolívia,
norte de Mato Grosso, Amazonas, Acre, Rondônia,
Roraima, Amapá e Pará.
Altitude: Até 1.000 m, eventualmente 1.500
m.
Fontes: Erard et al., 1991; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Baker, 2001; Hilty, 2001; Sigrist, 2006;
Schulenberg et al., 2007; Erard et al., 2007; Sánchez,
2008; Dunning Jr., 2008; Sánchez, 2008; Brennan, 2009;
Brennan, 2010; Michalski et al., 2015; García, 2016;
Teixeira et al., 2019; Wikiaves, 2019.
Tinamus guttatus Pelzeln, 1863
Nome popular: inhambu-galinha
Comprimento: 32-36 cm.
54
Peso do macho: 623-652 g.
Peso da fêmea: 680-800 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais com
bambuzais, florestas de terra firme e florestas
úmidas. São pouco numerosos em bordas de
floresta de várzeas.
Alimentação: Alimentam-se de frutas (e.g.
Oenocarpus), sementes e invertebrados.
Comportamento e observações:
Empoleiram-se para dormir. Forrageiam e se
deslocam no solo.
Reprodução: Reprodução registrada entre
março e abril. Colocam cinco a seis ovos.
Distribuição: Ocorrem da Colômbia e
Venezuela à Bolívia e Brasil, onde registros no
Mato Grosso, Amazonas, Acre, Rondônia, Pará e
Maranhão.
Altitude: Até 850 m, eventualmente até
1.100 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Schelsky,
2004; Sigrist, 2006; Schulenberg et al., 2007; Dunning
Jr., 2008; Cirino, 2015; García, 2016; Wikiaves, 2019.
Crypturellus cinereus (Gmelin, 1789)
Nome popular: inhambu-pixuna
Comprimento: 29-32 cm.
Peso do macho: 355-427 g.
Peso da fêmea: 512-615 g.
Habitat: Ocorrem em florestas de várzea,
florestas paludosas, capoeiras e plantações
adjacentes, também encontrados em ilhas fluviais.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes e invertebrados.
Consomem frutas de: Arecaceae: Euterpe,
Oenocarpus, Mauritia.
Comportamento e observações:
Forrageiam e se deslocam no solo.
Reprodução: Reprodução registrada em
janeiro, fevereiro, agosto e setembro. Colocam
dois ovos, diretamente sobre as folhas caídas no
solo.
Distribuição: Ocorrem das Guianas e
Colômbia à Bolívia e Amazonas, Roraima, Amapá,
Acre, Rondônia, Pará, Mato Grosso, Tocantins e
Maranhão.
Altitude: Até 700 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Sigrist, 2006; Schulenberg et
al., 2007; Dunning Jr., 2008; Fernandes, 2014;
Fernandes, 2015; Junqueira, 2014; Spaans et al., 2015;
García, 2016; Pinto, 2018; Wikiaves, 2019; Ocampo et
al., 2019.
Crypturellus soui (Hermann, 1783)
Nome popular: turumirim
Comprimento: 21-24 cm.
Peso do macho: 165-204 g.
Peso da fêmea: 213-268 g.
Habitat: Ocorrem à beira de florestas
fechadas, florestas de terra firme, florestas de
várzea, florestas ripárias, capoeira densa, mata
seca de restinga e plantações.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes (e.g. Erythrina) e insetos (e.g. besouros
Coleoptera: Curculionidae).
Comportamento e observações:
Forrageiam e se deslocam no solo. Às vezes
empoleiram em trançados de cipó, em grupos de
três a cinco indivíduos. Como as outras espécies
do gênero são ariscos e difíceis de observar.
Predadores: gavião-de-penacho (Spizaetus
ornatus).
Reprodução: Reprodução registrada entre
fevereiro e agosto. A corte pré-cópula é realizada
pela fêmea, andando em círculos vagarosamente,
erguendo a cauda, mantendo a parte anterior do
corpo parada enquanto a parte posterior
movimenta-se lentamente de um lado para outro.
O ninho é uma depressão no chão. Colocam um a
quatro ovos, os machos realizam a incubação e
cuidam dos filhotes.
Distribuição: Ocorrem do México à Bolívia e
Brasil, onde possuem registros no estados da
região Norte, também Goiás, Mato Grosso,
Maranhão e Piauí, do Rio de Janeiro e Minas
Gerais à Paraíba.
Altitude: Até 1.500 m.
Fontes: Moojen et al., 1941; Stotz et al., 1996;
Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Sigrist,
2006; Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008;
Brooks, 2015; Kaseker, 2018; Teixeira et al., 2019;
Wikiaves, 2019.
Crypturellus obsoletus (Temminck, 1815)
Nome popular: inhambuguaçu
Comprimento: 25-30 cm.
Peso do macho: 358-482 g.
Peso da fêmea: 395-548 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
geralmente com sub-bosque denso, como
florestas mesófilas, florestas de araucária e
florestas de terra firme.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes e invertebrados.
55
Dentre os insetos consomem: besouros
(Coleoptera: Curculionidae); gafanhotos
(Orthoptera) e larvas de borboletas (Lepidoptera).
Consomem vegetais das seguintes famílias e
gêneros: Euphorbiaceae: Sapium; Heliconiaceae:
Heliconia; Marantaceae; Myrsinaceae: Rapanea;
Poaceae: Guadua (sementes); Rubiaceae.
Comportamento e observações: Deslocam-
se e forrageiam quase sempre sozinhos ao nível
do solo, sendo difícil de observá-los.
Ocasionalmente em casais. Podem seguir
formigas-de-correição.
Estudos indicam que as subespécies
atribuídas a C. obsoletus e que ocorrem na Bolívia,
Peru, Colômbia e Venezuela são espécies
separadas. Como ocorreu com a recente
separação de Crypturellus griseiventris. No caso do
Brasil, restando ainda ser esclerecido à qual
espécie pertenceriam às populações ocorrentes
no Acre e hoje atribuídas à C. obsoletus.
Predadores: lobo-guará (Chrysocyon
brachyurus), gavião-de-penacho (Spizaetus
ornatus); falcão-caburé (Micrastur ruficollis);
graxaim (Cerdocyon thous); de seus ovos: gralha-
picaça (Cyanocorax chrysops).
Reprodução: Reprodução registrada entre
agosto e novembro. Durante a cópula a fêmea
abaixa-se, encostando o peito no solo e o macho
sobe nela, em pé e após abaixa-se para completar
a cópula. O ninho fica no solo entre a vegetação
ou na base de árvores. Colocam quatro a sete
ovos, a incubação dura até 19 dias, provavelmente
realizada pelo macho.
Distribuição: Ocorrem do sul da Bahia,
Espírito Santo e Minas Gerais até o Rio Grande do
Sul, também no sul do Mato Grosso e no Mato
Grosso do Sul. Também no Paraguai e Argentina.
Fontes: Moojen et al., 1941; Belton, 1984;
Pineschi, 1990; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Sigrist,
2006; Dunning Jr., 2008; Röhe & Antunes, 2008; Joenck
et al., 2011; Laverde-R. & Cadena, 2014; Rosa et al.,
2015; de la Peña, 2016; Freitas, 2016; Stupka, 2017;
Salvador, 2017; Bodratti, 2019 in de la Peña, 2019;
Teixeira et al., 2019; de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019;
Gomes & Silveira, 2021.
Crypturellus griseiventris (Salvadori, 1895)
Nome popular: inhambu-poca-taquara
Sinonímia recente: Crypturellus obsoletus
griseiventris
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes e invertebrados.
Reprodução: Reprodução registrada em
janeiro. Colocam dois ovos. O ninho fica no solo,
consistindo em um aglomerado de folhas e
pedaços de folhas secas.
Distribuição: Ocorrem em Rondônia, Mato
Grosso e Pará.
Fontes: Filho, 2015; Gomes & Silveira, 2021.
Crypturellus undulatus (Temminck, 1815)
Nome popular: jaó
Comprimento: 28-32 cm.
Peso: 460-620 g.
Habitat: Ocorrem em floresta de várzea e
de galeria, capoeirão, florestas secas e cerrado.
Podem ocorrer em ilhas fluviais na região
amazônica, mas não é muito comum.
Alimentação: Alimentam-se de frutos,
sementes e invertebrados.
Comportamentos e observações:
Forrageiam e se deslocam no solo. Deslocam-se
sozinhos ou em pequenos bandos. No período de
cheia na região amazônica podem atravessar
alguns rios nadando. Vocalizam tanto durante o
dia, quanto durante a noite, mas principalmente
no começo da manhã e final da tarde. Também
vocalizam ao longo de todo o ano, mas o pico de
suas atividades de vocalização são em setembro,
outubro e março, período em que devem ter
maior atividade reprodutiva. As vocalizações
noturnas ocorrem principalmente em noites de
lua cheia, devido à maior luminosidade, e são
usadas principalmente para atração de parceiros.
Quando vocalizam esticam o pescoço para
cima, parecem inflar o pescoço, eriçando as penas
principalmente de sua região posterior e gular.
Abrem o bico e emitem a vocalização, lançando
um pouco a cabeça para trás durante cada som
que emitem; momento em que o bico fica quase
totalmente na vertical, apontando para o alto.
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e maio. O ninho é uma depressão no
chão, onde colocam três a cinco ovos, o período
de incubação dura 17 a 19 dias.
Distribuição: Ocorrem da Colômbia e
Venezuela à Argentina e Brasil, onde possuem
registros na região centro-oeste, norte e sudeste
do Brasil, também em parte do nordeste, ao sul
até o Paraná.
Altitude: Até 900 m.
Fontes: Moojen et al., 1941; Ayres & Marigo,
1995; Stotz et al., 2008; Sick, 1997; Hilty & Brown,
2001; Hilty, 2003; Aguiar, 2003; Schelsky, 2004; Sigrist,
2006; Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008;
56
Girardi, 2011; Ballarini et al., 2013; de la Peña, 2016;
Wijpkema, 2017; Moura, 2018; Wikiaves, 2019; Pérez-
Granados et al., 2020; Pérez-Granados & Schuchmann,
2021.
Crypturellus strigulosus (Temminck, 1815)
Nome popular: inhambu-relógio
Comprimento: 29-30 cm.
Peso do macho: 332-464 g.
Peso da fêmea: 388-500 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de floresta de
terra firme, especialmente áreas de solo arenoso
e pobre em nutrientes. Também em florestas de
várzea, florestas ripárias e florestas secas.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes e invertebrados.
Comportamentos e observações:
Forrageiam e se deslocam no solo. Deslocam-se
sozinhos ou em casais. Alguns autores informam
que vocalizam “quando o sol aquece as matas”,
outros que vocalizam geralmente durante o
crepúsculo.
Reprodução: Reprodução registrada em
junho e dezembro. Os ovos são colocados
diretamente sobre a serrapilheira no solo.
Distribuição: Ocorrem na Bolívia, Peru e
Brasil, onde possuem registros no Acre,
Amazonas, Rondônia, Pará, Tocantins e
Maranhão, também Alagoas e Pernambuco.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Pereira et
al., 2005; Sigrist, 2006; Schulenberg et al., 2007;
Dunning Jr., 2008; Curcino, 2009; Filho, 2019;
Wikiaves, 2019.
Crypturellus duidae Zimmer, 1938
Nome popular: inhambu-de--cinza
Comprimento: 28-31 cm.
Peso: 370-489 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais
úmidas e também bordas de florestas.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes e invertebrados.
Comportamentos e observações: Espécie
difícil de observar, localizada principalmente por
suas vocalizações, que ocorrem de dezembro a
março. Forrageiam e se deslocam no solo.
Reprodução: Reprodução possivelmente de
dezembro a março (período de vocalização).
Distribuição: No Brasil, Helmut Sick
informava que haviam registros apenas para a
região da Cabeça do Cachorro, rio Papuri, afluente
do Uaupés (Amazonas). Atualmente há registros
no norte do Amazonas e em Roraima.
Altitude: Até 500 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Schulenberg et al., 2007;
Sigrist, 2006; Shany et al., 2007; Dunning Jr., 2008;
Wikiaves, 2019.
Crypturellus erythropus (Pelzeln, 1863)
Nome popular: inhambu-de-perna-
vermelha
Comprimento: 28-32 cm.
Peso: 485-490 g.
Habitat: Ocorrem em florestas secas
decíduas de solo arenoso e áreas de savana.
Alimentação: Alimentam-se de frutos,
sementes e invertebrados.
Comportamento e observações:
Forrageiam e se deslocam no solo. Registrados
principalmente durante a estação seca na região
amazônica (novembro a março).
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e julho. Colocam até sete ovos.
Distribuição: Ocorrem da Colômbia até as
Guianas, Venezuela e Brasil, onde possuem
registros no Amapá, Roraima, norte do Amazonas
e do Pará.
Altitude: Até 1300 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Sigrist, 2006; Dunning Jr.,
2008; Holderbaum, 2010; Spaans et al., 2015; Michalski
et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Crypturellus zabele (Spix, 1825)
Nome popular: zabelê
Sinonímia recente: Crypturellus noctivagus
zabele
Habitat: Ocorrem em áreas de caatinga e
cerrado.
Alimentação: Possivelmente frutas,
sementes e insetos.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil.
Reprodução: Reprodução possivelmente
em fevereiro. Os ovos são colocados no solo,
sobre a serrapilheira, que pode formar uma leve
depressão.
Distribuição: Ocorrem do norte de Minas
Gerais ao Piauí, principalmente em áreas de
cerrado e caatinga.
Fontes: Almeida, 2011; Tomotani & Silveira,
2016.
57
Crypturellus noctivagus (Wied, 1820)
Nome popular: jaó-do-sul
Comprimento: 29-35 cm.
Peso: 533-800 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
florestas de encosta e baixa litorânea, também em
florestas de tabuleiro.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
frutas e insetos. Agem como dispersores de
sementes.
Consomem vegetais das seguintes famílias e
gêneros: Lauraceae: Nectandra; Myrtaceae:
Myrcianthes.
Dentre os insetos consomem: besouros
(Coleoptera: Curculionidae); larvas de mariposas
urticantes (Lepidoptera: Saturniidae: Dirphia).
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Forrageiam e se deslocam no
solo. Quando vão vocalizar erguem o corpo,
esticam o pescoço para cima, deixam o bico
parcialmente levantado e eriçam as penas do
pescoço. Vocalizam ao longo de todo o dia,
principalmente no período crepuscular.
Reprodução: Reprodução registrada entre
agosto e fevereiro. Colocam quatro ovos. Os ovos
são colocados no solo, sobre a serrapilheira, que
pode formar uma leve depressão.
Distribuição: Ocorrem do Rio Grande do Sul
ao sul da Bahia, principalmente ao longo da
vertente atlântica.
Altitude: Até 700 m.
Fontes: Belton, 1984; Straube, 1991; Stotz et al.,
1996; Sick, 1997; Sigrist, 2006; Dunning Jr., 2008;
Magnago, 2012; Piacentini et al., 2015; Rodrigues,
2016; Tomotani & Silveira, 2016; Florencio, 2018;
Wikiaves, 2019; Correa & Petry, 2019; Correa et al.,
2020.
Crypturellus atrocapillus (Tschudi, 1844)
Nome popular: inhambu-de-coroa-preta
Comprimento: 28-31 cm.
Peso: 450-455 g.
Habitat: Ocorrem em florestas secundárias
densas e florestas ripárias, em fitofisionomias
associadas a bambus.
Alimentação: Alimentam-se de frutos,
sementes e invertebrados.
Comportamento e observações:
Forrageiam e se deslocam no solo. Vocalizações
registradas entre julho e janeiro.
Reprodução: Possivelmente entre julho e
janeiro.
Distribuição: Ocorrem no sudoeste do
Amazonas e no Acre, também Bolívia e Peru.
Altitude: Até 900 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Pacheco,
1997; Minns, 1999; Schelsky, 2004; Sigrist, 2006;
Persio, 2006; Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr.,
2008; Guilherme & Santos, 2009; Leite, 2013; Melo,
2013; Wikiaves, 2019; Lima, 2020.
Crypturellus variegatus (Gmelin, 1789)
Nome popular: inhambu-anhangá
Comprimento: 28-31 cm.
Peso: 350-425 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais de
diversos tipos. Porém é mais frequente em
ambientes florestais com dossel mais aberto, com
troncos caídos e serrapilheira não muito profunda.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes e invertebrados.
Consomem frutas das seguintes famílias e
gêneros: Arecaceae: Oenocarpus, Mauritia.
Comportamentos e observações:
Forrageiam e se deslocam no solo.
Reprodução: Reprodução registrada entre
março e dezembro. O ninho é uma depressão com
folhas no solo. Colocam um ovo. Espécie
poliândrica (fêmea se reproduz com mais de um
macho). O macho é responsável pela incubação e
cuidados com o filhote.
Distribuição: Ocorrem na Colômbia,
Venezuela, Suriname, Guianas, Equador, Bolívia,
Peru e Brasil, onde possuem registros no
Amazonas, Mato Grosso, Pará, Amapá, Rondônia e
Maranhão; também no litoral da Bahia, Espírito
Santo, Rio de Janeiro e partes de Minas Gerais.
Altitude: Até 900 m, ocasionalmente até
1300 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Schelsky, 2004; Sigrist, 2006;
Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008; Guerta &
Cintra, 2014; Spaans et al., 2015; García, 2016;
Wikiaves, 2019.
Crypturellus brevirostris (Pelzeln, 1863)
Nome popular: inhambu-carijó
Comprimento: 24-28 cm.
Peso:
Habitat: Ocorrem em florestas de várzea e
encostas florestadas de terras altas.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes e invertebrados.
Comportamento e observações:
Forrageiam e se deslocam no solo.
58
Reprodução: Vocalizações registradas em
março e julho.
Distribuição: Ocorrem dos rios Negro e
Madeira (Amazonas), Pará e Amapá, também
Guiana Francesa, Suriname e Colômbia.
Altitude: Até 500 m.
Fontes: Pacheco, 1993; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Sigrist, 2006; Costa, 2007; Newman, 2008;
Dunning Jr., 2008; Aleixo et al., 2011; Spaans et al.,
2015.
Crypturellus bartletti (Sclater & Salvin, 1873)
Nome popular: inhambu-anhangaí
Comprimento: 23-28 cm.
Peso: 241 g.
Habitat: Ocorrem na região amazônica em
floresta de várzea, é menos comum ao longo de
rios em floresta de terra firme.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes e invertebrados.
Comportamento e observações: As fêmeas
são maiores do que os machos. Forrageiam e se
deslocam no solo.
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano. Colocam um ovo, a postura
ocorre diretamente sobre a serrapilheira,
geralmente perto da base de arbustos ou embaixo
de samambaias. Os filhotes são precociais e após a
eclosão deixam o local do ninho junto com o
macho em 24 horas. Podem voar
aproximadamente 10 dias após a eclosão.
Dormem e se alimentam junto com o macho. A
incubação dura 27 a 34 dias, realizada pelo
macho.
As fêmeas podem ser tanto monogâmicas
quanto poliândricas, sendo estas um pouco
maiores do que as demais.
Distribuição: Ocorrem no Peru, Equador,
Bolívia e Brasil, onde possuem registros no
Amazonas, Acre e Rondônia.
Altitude: Até 500 m.
Fontes: Schelsky, 1995; Stotz et al., 1996;
Schelsky, 2004; Sigrist, 2006; Schulenberg et al., 2007;
Dunning Jr., 2008; Aleixo & Guilherme, 2010; Wikiaves,
2019.
Crypturellus parvirostris (Wagler, 1927)
Nome popular: inhambu-chororó
Comprimento: 20-25 cm.
Peso do macho: 141-205 g.
Peso da fêmea: 176-250 g.
Habitat: Ocorrem em campos sujos
primários e secundários, borda de florestas,
florestas de galeria, cerrado e plantações.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes e invertebrados (moluscos, besouros
[adultos e larvas], cupins e formigas).
Comportamento e observações:
Forrageiam e se deslocam no solo. Vocalizam
principalmente no começo da manhã e final da
tarde. Quando detectam a presença de algum
predador, abaixam-se no solo, ficando imóvel e
levantam a cauda.
Predadores: gavião-de-cauda-curta (Buteo
brachyurus), gavião-de-penacho (Spizaetus
ornatus). De seus ovos e/ou filhotes: carcará
(Caracara plancus), lagarto-teiú (Salvator
merianae), graxaim (Cerdocyon thous).
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e maio. Colocam quatro a cinco ovos. O
ninho é uma depressão no solo, podem organizar
folhas de gramíneas ou pequenos gravetos para
formar um ninho raso e não colocar os ovos
diretamente no solo. A incubação dura 19 dias,
em cativeiro.
Distribuição: Ocorrem ao sul do Amazonas,
Amapá e em todas as regiões do Brasil. Também
no Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina.
Altitude: Até 1.200 m.
Fontes: Moojen et al., 1941; Belton, 1984; Stotz
et al., 1996; Sick, 1997; Cazetta et al., 2002;
Christianini, 2005; Lima, 2006; Sigrist, 2006;
Schulenberg et al., 2007; Cunha, 2008; Dunning Jr.,
2008; Dambroz, 2009; Lima et al., 2010; Marini et al.,
2012; Ballarini et al., 2013; Lebowski, 2014; Bodrati &
Salvador, 2015; Almeida, 2017; Bodrati, 2019 in de la
Peña, 2019; Teixeira et al., 2019; Wikiaves, 2019.
Crypturellus tataupa (Temminck, 1815)
Nome popular: inhambu-chintã
Comprimento: 24-26 cm.
Peso do macho: 169-229 g.
Peso da fêmea: 189-281 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de floresta
secundária, capoeirões, caatinga, canaviais, borda
de floresta e florestas ripárias.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes, folhas e invertebrados (gafanhotos
Orthoptera, besouros Coleoptera, Hymenoptera,
cupins Isoptera, milípedes Diplopoda).
Consomem frutas, sementes ou folhas de
plantas das seguintes famílias e gêneros:
Amaranthaceae; Annonaceae; Cannabaceae:
Celtis; Caricaceae: Jacaratia; Cyperaceae;
59
Euphorbiaceae: Croton, Dallechampia, Sapium;
Hypocrateaceae: Hypocratea; Liliaceae: Smilax;
Meliaceae: Trichilia; Moraceae: Morus;
Myrtaceae: Hexachlamys, Myrcianthes, Myrciaria;
Passifloraceae: Passiflora; Poaceae: Brachiaria,
Olyra, Paspalum; Rubiaceae; Sapindaceae:
Allophyllus.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em casais. Forrageiam e se
deslocam no solo. Durante a vocalização, em sua
primeira parte, esticam o pescoço para cima,
erguem o corpo na vertical, abrem bem o bico
apontando-o para cima; no término de sua
vocalização, produzindo um som de notas
descendentes, mantêm o bico mais abaixado,
quase na horizontal, e vão abaixando o corpo para
sua posição de costume a cada nota descendente.
Predadores: De seus ovos: graxaim
(Cercodyon thous).
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e abril. O ninho é uma depressão no
solo, forrado com folhas e escondido em meio à
vegetação. Colocam de três a seis ovos, a
incubação dura 19 a 21 dias.
Distribuição: Ocorrem no Nordeste, Leste,
Sul, Centro-Oeste e partes da região Norte do
Brasil; também Peru, Bolívia, Paraguai e
Argentina.
Altitude: Até 1.400 m.
Fontes: Dinelli, 1929; Moojen et al., 1941; Stotz
et al., 1996; Sick, 1997; Sferco & Nores, 2003; Di
Giacomo, 2005; Sigrist, 2006; Dunning Jr., 2008; Garcia,
2010; de la Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2016;
Hayes, 2014; Smith, 2014; Bodrati & Salvador, 2015; de
la Peña, 2016; Abreu, 2016; Reis, 2016; Silva et al.,
2017; Salvador, 2017; Bodrati, 2019 in de la Peña, 2019;
Wikiaves, 2019.
Rhynchotus rufescens (Temminck, 1815)
Nome popular: perdiz
Comprimento: 37-43 cm.
Peso do macho: 700-920 g.
Peso da fêmea: 580-1040 g.
Habitat: Ocorrem em regiões campestres,
cerrados, buritizais e planaltos descampados.
Alimentação: Alimentam-se de roedores
(e.g. Mus musculus e Cricetidae), répteis (e.g.
Amphisbaena), sementes, frutos, raízes, rizomas,
tubérculos, bulbos e invertebrados (Myriapoda,
Orthoptera, Mantodea, Isoptera, Lepidoptera
[larva], Hymenoptera [Formicidae]).
Os itens de origem vegetal formam a maior
parte de sua alimentação. Podem ingerir
pequenas rochas, possivelmente para auxiliar na
digestão. Podem usar o bico para cavar o solo e
procurar raízes ou tubérculos. Também podem
perfurar cupinzeiros para capturar esses insetos.
Consomem vegetais dos seguintes gêneros:
Bidens, Hordeum, Sorghum, Triticum, Zea.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em casais, raramente em bandos.
Forrageiam e se deslocam no solo. Vocalizam
principalmente de manhã e no entardecer. A
vocalização serve para delimitar seu território;
quando um indivíduo vocaliza, outro pode fazer o
mesmo na sequência. Quando necessário podem
nadar.
Predadores: carcará (Caracara plancus),
jacurutu (Bubo virginianus), águia-cinzenta
(Urubitinga coronata), gavião-cinzento (Circus
cinereus), graxaim (Cerdocyon thous), raposa-do-
campo (Lycalopex gymnocercus); de seus ovos:
tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla).
Reprodução: Reprodução registrada entre
agosto e abril. O ninho é uma depressão no solo,
forrada com folhas e às vezes algumas penas.
Colocam até 11 ovos e incubação dura 19 a 21
dias.
Distribuição: Ocorrem no Peru, Bolívia,
Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil, onde
possuem registros nas regiões Sul, Sudeste,
Nordeste, Centro-Oeste e também Amazonas e
Tocantins.
Altitude: Até 2.500 m.
Fontes: Renard, 1924 in de la Peña, 2016;
Aravena, 1927; Moojen et al., 1941; Belton, 1984;
Penha, 1995; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Di Giacomo,
2005; Bodrati, 2005 in de la Peña, 2019; Lima, 2006;
Sigrist, 2006; Schulenberg et al., 2007; Vargas et al.,
2007; Dunning Jr., 2008; de la Peña & Salvador, 2010 in
de la Peña, 2016; Salvador, 2016; Ramos et al., 2011;
Gualhanone, 2013; de la Peña, 2016; Loreto, 2016;
Salvador, 2017; Oliveira, 2018; Santana, 2019;
Wikiaves, 2019.
Nothura boraquira (Spix, 1825)
Nome popular: codorna-do-nordeste
Comprimento: 25-29 cm.
Peso: 239-337 g.
Habitat: Ocorrem na caatinga, campo sujo e
cerrado.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados e sementes (e.g. Jatropha).
Comportamento e observações:
Forrageiam e se deslocam no solo. Deslocam-se
sozinhos ou em pequenos bandos.
60
Reprodução: Reprodução registrada entre
dezembro e junho. O ninho é uma pequena
depressão no solo forrado com folhas secas de
gramíneas. Colocam quatro a cinco ovos.
Distribuição: Ocorrem de Minas Gerais e
Espírito Santo por todo o Nordeste até o
Maranhão, também no Paraguai e Bolívia.
Altitude: Até 500 m, possivelmente mais.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Sigrist,
2006; Lima, 2006; Lima, 2007; Dunnin Jr., 2008;
Nascimento, 2008; Neves & Viana, 2008; Las-Casas et
al., 2012; Marcos, 2013; Machado, 2017; Wikiaves,
2019.
Nothura minor (Spix, 1825)
Nome popular: codorna-mineira
Comprimento: 18-20 cm.
Peso: 158-175 g.
Habitat: Espécie endêmica do Cerrado,
habitando preferencialmente campo sujo.
Também em campo cerrado, campo limpo e
cerrados.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes e invertebrados.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Forrageiam e se deslocam no
solo. Vocalizam principalmente nas primeira horas
da manhã e no começo da noite, a depender do
período do ano, quando até cinco indivíduos
podem responder às vocalizações uns dos outros.
Podem procurar abrigo em tocas de tatu
(Cabassous e Euphractus).
Distribuição: Ocorrem de Minas Gerais a
São Paulo, Goiás e Mato Grosso.
Altitude: 700 a 100 m.
Fontes: Stotz et al., 1997; Sick, 1997; Barnett et
al., 2004; Smith et al., 2005; Sigrist, 2006; Dunning Jr.,
2008; Braz, 2008; Piacentini et al., 2015.
Nothura maculosa (Temminck, 1815)
Nome popular: codorna-amarela
Comprimento: 20-27 cm.
Peso do macho: 152-292 g.
Peso da fêmea: 164-316 g.
Habitat: Ocorrem os campos ralos e baixos,
campos de cultivo. Nestes últimos preferem áreas
de pousio e com vegetação herbácea curta.
Também em cerrado, caatingas, pampas e
capoeiras.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes, folhas, flores e invertebrados.
Consomem vegetais dos seguintes gêneros:
Avena, Baccharis, Brassica, Carduus, Carex,
Curcubita, Cynara, Helianthus, Hordeum,
Medicago, Oxalis, Panicum, Paspalum,
Polygonum, Setaria, Trifolium, Triticum, entre
outros.
Consomem insetos das seguintes ordens e
famílias: Coleoptera (besouros): Carabidae,
Coccinellidae, Staphylinidae, Tenebrionidae,
Curculionidae, Scarabaeidae, Lampyridae;
Hemiptera (percevejos e cigarras): Delphacidae,
Pentatomidae, Jassidae, Giponidae; Orthoptera
(grilos e gafanhotos): Acrididae, Tettigoniidae; de
Lepidoptera (borboletas e mariposas): Pieridae,
Noctuidae; Diptera (moscas): Tabanidae; de
Hymenoptera: Formicidae (formigas); Mantodea:
Mantidae (louva-a-deus); Blattodea (baratas);
Isoptera (cupins).
Além de outros invertebrados como
milipedes (Diplopoda), aranhas e moluscos
(Gastropoda).
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em casais. Quando andam ou estão
em alerta, mantêm o pescoço ereto. Defendem
territórios, ao menos durante o período
reprodutivo, realizando deslocamentos e retornos
ao local de origem.
Predadores: gavião-do-banhado (Circus
buffoni), gavião-carijó (Rupornis magnirostris),
águia-serrana (Geranoaetus melanoleucus),
gavião-asa-de-telha (Parabuteo unicinctus),
jacurutu (Bubo virginianus), mocho-dos-banhados
(Asio flammeus), suindara (Tyto furcata), carcará
(Caracara plancus), quiriquiri (Falco sparverius),
falcão-de-coleira (Falco femoralis), gavião-pinhé
(Milvago chimango), garça-vaqueira (Bubulcus
ibis), maguari (Ciconia maguari), raposa-do-campo
(Lycalopex gymnocercus), lobo-guará (Chrysocyon
brachyurus), puma (Puma concolor), raposa-do-
campo (Lycalopex gymnocercus).
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e maio. São poliândricos e o macho
realiza a incubação. O ninho fica na vegetação
rasteira, sendo uma depressão no solo, forrado
com folhas e algumas penas. Colocam quatro a 10
ovos e a incubação dura 16 a 18 dias. Os filhotes
são precociais e após a eclosão m certa
capacidade de procurar alimento.
Distribuição: Ocorrem na Argentina,
Uruguai, Paraguai e Brasil, onde possuem registros
do Rio Grande do Sul ao Mato Grosso, Tocantins e
Maranhão.
Altitude: Até 1.200 m.
Fontes: Salvador & Salvador in de la Peña, 2016;
Salvador in de la Peña, 2016; Série, 1921; Aravena,
61
1927; Zotta, 1934; Gavio, 1944 in de la Peña, 2016;
Bump & Bump, 1969 in de la Peña, 2016; Evangelista et
al., 1974 in de la Peña, 2016; Belton, 1984; Menegheti,
1988; Klimaitis, 1993 in de la Peña, 2016; Stotz et al.,
1996; Diéguez, 1996 in de la Peña, 2019; Bó et al., 1996
in de la Peña, 2016; Sick, 1997; Silveria et al., 1997; Bó,
1999; de la Peña, 2001 in de la Peña, 2016; Di Giacomo,
2005; Lima, 2006; Sigrist, 2006; Dunning Jr., 2008;
Thompson & Carroll, 2009; Ribenboim, 2009; de la
Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; Morici, 2010
in de la Peña, 2016; Salvador, 2010; Fonseca, 2010;
Ramos et al., 2011; Salvador, 2012; Salvador, 2013;
Chimento & De Lucca, 2014; Bodrati & Salvador, 2015;
Canel et al., 2016; de la Peña, 2016; Salvador, 2017; de
la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Taoniscus nanus (Temminck, 1815)
Nome popular: codorna-carapé
Comprimento: 13-16 cm.
Peso: 43 g.
Habitat: Ocorrem no cerrado, campo sujo e
campo limpo.
Alimentação: Alimentam-se de sementes e
invertebrados. Podem ingerir pequenas rochas
para auxiliar na digestão. Quando encontram um
cupinzeiro parcialmente destruído podem
capturar esses insetos.
Comportamento e observações: Quase não
voam, escondem-se em buracos. Parecem ser
mais ativos no começo da manhã ou durante a
tarde. Para vocalizar esticam o pescoço e abre o
bico.
Predadores: lobo-guará (Chrysocyon
brachyurus).
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e outubro. Constroem um ninho
esférico no solo, com capins e folhas e com uma
abertura lateral. Colocam três ovos.
Distribuição: Ocorrem no Mato Grosso do
Sul, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São
Paulo e Paraná. Atualmente extinta em algumas
dessas localidades.
Altitude: 700 a 1.000 m.
Fontes: Teixeira & Negret, 1984; Stotz et al.,
1996; Sick, 1997; Silveira & Silveira, 1998; Sigrist, 2006;
Uejima & Bornschein, 2007; Dunning Jr., 2008; Braz,
2008; Moura et al., 2011; Amend, 2014.
62
Tinamus solitarius
Crypturellus obsoletus
63
Ordem Anseriformes
Família Anhimidae
Esta família é endêmica da América do Sul,
está inclusa na mesma ordem dos marrecos e
patos. Há registro de fósseis dessa família datados
do fim do Oligoceno e começo do Mioceno (c. de
28 a 13 milhões de anos atrás), Chaunoides
antiquus, registrados no Brasil e também Loxornis
clivus do Oligoceno (33,9 a 23 milhões de anos
atrás) na Argentina.
Características
As espécies dessa família são aves semi-
aquáticas que podem ter até 95 cm de
comprimento e pesar mais de 4 kg. A pele delas
tem um aspecto esponjoso conectada com os
sacos aéreos, similar aos pelicanos. Os sexos são
morfologicamente parecidos, a fêmea é menor e o
macho não possui um órgão copulador.
No encontro das asas possuem dois
esporões. Durante o período reprodutivo podem
ocorrer lutas entre os indivíduos dessa espécie,
em que usam esses esporões nos conflitos. Há
registro de encontro desses esporões (compostos
de queratina, mesmo material das unhas
humanas) cravados nos músculos do peito dessas
aves, resultado dessas disputas. Também podem
usar esses esporões para defesa contra
predadores.
Comportamento
Ocorrem em lagos, lagoas, brejos e rios.
Nadam apenas ocasionalmente e devagar, os
filhotes nadam com mais facilidade. Podem planar
a grandes alturas aproveitando correntes termais
de ar, como os urubus.
Empoleiram-se nas copas das árvores.
Possuem o hábito de tomar banho e após se
secam com as asas esticadas. Reúnem-se
periodicamente em bandos para migrarem
localmente, Anhima cornuta pode formar bandos
de cinco a 10 indivíduos fora do período
reprodutivo. Enquanto Chauna torquata pode
formar bandos ainda maiores.
Alimentação
Alimentam-se de folhas de plantas
aquáticas, sementes e gramíneas. Invertebrados e
outros pequenos animais mortos.
Reprodução
Os casais costumam se acariciar
mutuamente na cabeça usando o bico. Os ninhos
são grandes e feitos de matéria vegetal,
construídos próximos ou em vegetação de brejos.
Colocam dois a sete ovos. Ambos os sexos
auxiliam na incubação e nos cuidados com os
filhotes, ao saírem do ninho cobrem os ovos.
Fontes: Sick, 1997; Freedman, 2002; Sigrist, 2006;
Mayr, 2009; de la Peña, 2016.
Anhima cornuta (Linnaeus, 1766)
Nome popular: anhuma
Comprimento: 80-94 cm.
Peso: 3,15-3,20 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas de banhados,
pequenos brejos e lagoinhas dentro da mata.
Alimentação: Alimentam-se de vegetação
aquática (folhas, brotos e flores) e, em menor
quantidade, de invertebrados aquáticos.
Consomem vegetais das seguintes famílias e
gêneros: Araceae: Pistia; Asteraceae: Artemisia;
Hydrangeaceae: Hydrangea; Fabaceae:
Aeschynomene; Polygonaceae: Polygonum;
Pontederidaceae: Eichornia; Poaceae: Paspalum;
Sapindaceae: Cardiospermum.
Comportamento e observações: Vivem em
casais ou bandos. Forrageiam ao nível do solo.
Emigram de algumas áreas de ocorrência quando
secam os braços de rios e lagos que habitam
durante a estação chuvosa. Apesar de sua
variação de abundância não estar
necessariamente ligada às estações secas ou
chuvosas, mas sim com a cobertura vegetal.
Quando estão com os casais formados,
estes ocupam diferentes territórios na área usada
pela população. Quase toda vez que os indivíduos
de um casal se aproximam movem a cabeça para
cima, uma a três vezes. Quando pousados juntos
podem limpar as penas do pescoço e da cabeça
um do outro.
No caso de lagos, seus territórios podem
consistir em grandes tapetes de vegetação
flutuante e árvores em área ripária. Estes
territórios são usados para alimentação e
nidificação, tendo seus limites defendidos por
meio de vocalizações, emitidas principalmente do
64
meio da manhã ao final da tarde. Quando realizam
essas vocalizações erguem a cabeça voltando o
bico para o alto.
Também podem realizar agressões físicas e
perseguições aéreas a indivíduos intrusos, em
geral precedidas de comportamentos que
envolvem expor os esporões que possuem em
suas asas, seja com elas levemente expostas ou
abertas. Descansam empoleiradas no alto de
arbustos e árvores.
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de quase todo o ano, variando conforme a
região. O ninho, construído em águas rasas,
consiste em uma grande pilha de vegetação
aquática flutuante ancorado na vegetação.
Colocam dois a cinco ovos. Ambos os adultos
realizam a incubação, que dura 40 a 47 dias.
Realizam comportamento de corte,
envolvendo a troca de carícias no pescoço e na
cabeça um do outro usando o bico. O macho pode
circular ao redor da fêmea, com o bico apontado
para baixo e o pescoço retraído e as penas dorsais
parcialmente eriçadas e as asas parcialmente
abertas. Após circular a fêmea o macho se curva
na frente dela uma a três vezes. Em algumas
ocasiões antes desse comportamento o macho
pode realizar movimentos circulares com a
cabeça, então voar em círculo e retornar para a
frente da fêmea, para então cortejá-la.
Distribuição: registros dessa espécie em
quase todos os estados do Brasil. Também na
Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Suriname,
Venezuela e Guianas.
Altitude: Até 800 m.
Fontes: Barrow-Jr. et al., 1986; Naranjo, 1986;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001;
Freedman, 2002; Hilty, 2003; Sigrist, 2006; Dunning Jr.,
2008; Alava et al., 2009; Filho, 2010; Gomes et al.,
2012; Spaans et al., 2015; Almeida, 2016; Wikiaves,
2019; Tubelis, 2020.
Chauna torquata (Oken, 1816)
Nome popular: tachã
Comprimento: 80-95 cm.
Peso: 3,98-4,40 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas de banhados,
lagos e brejos.
Alimentação: Alimentam-se de flores,
folhas e sementes, também de invertebrados.
Possuem uma escolha generalista quanto
ao tipo de vegetal que ingerem, mas com
predomínio de gramíneas, tanto aquáticas quanto
terrestres. Estudos com isótopos radioativos
demonstram que sua alimentação não sofre
variações sazonais.
Consomem vegetais das seguintes famílias e
neros: Amaranthaceae: Alternathera;
Asteraceae: Ambrosia, Conyza; Cyperaceae:
Eleocharis; Fabaceae: Trifolium; Poaceae: Agrostis,
Axonopus, Baccharis, Cynodon, Echinochloa,
Panicum, Setaria; Oxalidaceae: Oxalis;
Salviniaceae: Salvinia; Verbenaceae: Phyla.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais ou em bandos. Esses bandos podem
ser numerosos para pernoitar nos banhados,
ficando em pé na água rasa. Forrageiam ao nível
do solo. Aproveitam correntes termais de ar para
voar, como os urubus. Quando estão no chão e
vocalizam, podem mover a cabeça levemente para
trás e para cima, ou apenas vocalizar. Localmente
migratórios em algumas regiões.
Predadores: muçurana (Boiruna maculata),
sucuri-amarela (Eunectes notaeus), raposa-do-
campo (Lycalopex gymnocercus).
Reprodução: Reprodução registrada em
todos os meses do ano, variando conforme a
região. O ninho fica sobre o solo ou algum arbusto
próximo da água. O ninho é construído com
vegetais aquáticos, juncos e taboas.
Algumas observações relatam que não há
um comportamento de corte entre macho e
fêmea, apenas uma troca de carícias com o bico
na cabeça um do outro. Colocam cinco a sete
ovos, a postura ocorre em dias alternados. A
incubação dura de 40 a 45 dias. Ambos os pais
participam da incubação, com a fêmea,
aparentemente, realizando a incubação durante a
noite e começo da manhã.
Distribuição: Ocorrem da Argentina e
Bolívia, sul do Brasil, São Paulo até Mato Grosso e
Rondônia.
Altitude: Em geral baixas altitudes, mas
podendo chegar a 900 m.
Fontes: Aravena, 1928; Stonor, 1939; Belton,
1984; Veiga & Oliveira, 1995; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Di Giacomo, 2005; Sigrist, 2006; Gallardo et al.,
2006; Waller et al., 2007 in de la Peña, 2019; Dunning
Jr., 2008; Garcia, 2015; Wijpkema, 2015; Jacob, 2016;
Argerich, 2017 in de la Peña, 2019; de la Peña, 2016; de
la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
65
Chauna torquata
Detalhe dos esporões
das asas de Chauna
torquata.
66
Família Anatidae
Esta família é composta por aves aquáticas
conhecidas popularmente como marrecos,
gansos, patos e cisnes. Ao longo de milhares de
anos muitas espécies dessa família foram
domesticadas pelos seres humanos e também
muito perseguidas para fins de caça.
O fóssil mais antigo que se assemelham a
um Anseriformes é da espécie Anatalavis rex
(Família Anseranatidae), datado do final do
Período Cretáceo ou começo do Paleoceno, entre
80 e 50 milhões de anos atrás. Mas o fóssil mais
comum de Anseriformes é o Presbyornis do
Paleoceno e começo do Eoceno, datados de 65 a
50 milhões de anos atrás.
Características
A característica mais distintiva das aves
dessa família é seu bico achatado. Esse bico possui
em seu interior lamelas transversais, usadas para
filtrar a água ou a lama e obter o principal
alimento de muitas de suas espécies, o plâncton.
Em espécies que usam alimentos maiores, como
Cairina moschata, as lamelas são pouco
desenvolvidas.
As pernas são curtas com os dedos unidos
por membranas natatórias que formam fortes
remos usados para o nado. Na base da mão de
Neochen e Cairina há a presença de um calo usado
em golpes dados com as asas durante as brigas.
Machos possuem um órgão copulador que
é evaginado da cloaca, o esperma não é conduzido
como nos mamíferos por um canal central, mas
por sulcos na parte externa.
A glândula uropigiana é grande, sua
secreção é um óleo usado para auxiliar na
impermeabilização e condicionamento das penas.
O padrão de plumagem e dimorfismo sexual é
bastante variado em Anatidae, com espécies que
não possuem distinção de cor entre macho e
fêmea aespécies que possuem ambos os sexos
com cores ou tamanhos diferentes.
Algumas espécies possuem plumagem
nupcial, alterações nas cores das penas em
períodos reprodutivos. Outras partes do corpo
também podem ter alterações em suas colorações
durante esse período, como protuberâncias
cárneas que algumas espécies possuem na base
do bico (e.g. cisnes).
Além disso, muitas espécies realizam a
muda das penas após o período reprodutivo,
quando podem perder todas as penas das asas,
ficando impossibilitadas de voar.
Comportamento
As espécies dessa família podem ser
encontradas em quase todos os locais em que
existam áreas úmidas, como lagos, lagoas,
banhados, brejos e similares ou corpos-d’água.
Algumas são territorialistas e outras vivem de
forma colonial ou ao menos costumam ser
bastante sociáveis com outros indivíduos.
Os Anatidae possuem diversos
comportamentos ritualizados. Estes servem para
manter a coesão dos bandos, transmitir
informações sobre estado reprodutivo,
estabelecer laços entre os casais, defender um
parceiro ou território.
Em relação ao voo, nas espécies pequenas é
bastante rápido, há registros de que uma marreca
de 300 g pode atingir 118 km/h. Os Anatidae
voam por meio de rápidas batidas de asa, planam
apenas quando vão aterrissar, mantendo o
pescoço horizontalmente esticado. Algumas
espécies possuem rêmiges sonoras que
aumentam o sibilo produzido pelas batidas de asa.
Ao nível mundial, quase metade das
espécies dessa família realiza migração completa
ou parcial. As demais podem realizar
deslocamentos por alterações na oferta de
alimento ou nível da água (falta ou excesso). Além
da busca de locais seguros durante a muda das
penas.
No Brasil, grandes concentrações de
Anatidae migrantes ocorrem no Rio Grande do
Sul, Pantanal mato-grossense, Nordeste e Amapá.
Na Amazônia migrações decorrentes das
enchentes ou da pororoca, que afetam as aves
que dependem de água clara ou rasa para obter
seu alimento.
Foram encontrados durante o inverno no
Rio Grande do Sul exemplares de Netta peposaca,
Anas georgica, Anas versicolor e Heteronetta
atricapilla anilhados na Argentina.
Alimentação
Alimentam-se de pequenas sementes e
folhas (e.g. plantas aquáticas como Lemna, Azolla
67
e Salvinia), vermes, larvas de insetos, moluscos,
pequenos crustáceos e pequenos peixes. Podem
auxiliar na dispersão de plantas aquáticas, devido
à capacidade de algumas sementes presentes em
suas fezes de ainda germinarem. Além disso,
também podem auxiliar na dispersão de espécies
de peixes para diferentes corpos de água,
havendo estudos que demonstraram que
indivíduos de Anatidae podem consumir ovos de
peixes e estes serem eliminados ainda viáveis em
suas fezes.
Os métodos de obtenção dos alimentos são
variados, as espécies com alimentação mais
herbívora, podem forragear fora da água (e.g.
Coscoroba coscoroba, Anas flavirostris e Anas
versicolor). No entanto, a maioria das espécies
forrageia mergulhando a cabeça ou metade de
seu corpo na água. Oxyura e Heteronetta realizam
mergulhos para procurar alimento, técnica que
eventualmente também pode ser usada por
espécies de outros gêneros (e.g. Dendrocygna).
Enquanto que Mergus octosetaceus, que se
alimenta de peixes, captura todo seu alimento por
meio de mergulhos.
Apesar da alimentação principal de muitas
espécies de Anatidae poder ser de origem vegetal,
durante o período reprodutivo devido à maior
necessidade de proteínas para o desenvolvimento
dos ovos e filhotes mudam a composição de sua
dieta para incluir maior quantidade de
invertebrados aquáticos.
Reprodução
A maioria das espécies dessa família é
monógama, podem manter o mesmo parceiro
durante toda a vida ou apenas durante a estação
reprodutiva. Porém, algumas espécies podem ser
polígamas (e.g. Cairina moschata) e há registros
de cópulas extrapar em algumas espécies,
inclusive cópulas forçadas que eventualmente
podem resultar no afogamento da fêmea, devido
a este ato ser realizado na água.
diversas formas de cerimônias pré-
nupciais, que incluem repertórios de vocalizações
e movimentos ritualizados em voo, na água ou até
embaixo da água.
Nas espécies sem dimorfismo sexual o
macho participa na criação dos filhotes. Mas na
maioria as atividades de nidificação como a
incubação e cuidados com os filhotes são
realizados pelas fêmeas.
O ninho é geralmente feito no solo com
material da vegetação circundante, mas também
há espécies que os fazem em cavidades (e.g. Anas
flavirostris), ou eventualmente sobre árvores (e.g.
Cairina e Sarkidiornis), ocos de árvores (e.g.
Dendrocygna autumnalis, Mergus e Neochen).
Pode ser bem elaborado ou rústico, quase sempre
forrado de plumas que a fêmea arranca do
próprio peito.
Colocam até 19 ovos. O período de
incubação dura de 21 a 41 dias, dependendo da
espécie. O adulto cobre os ovos com plumas
quando este sai do ninho. Os filhotes são
precociais, eclodindo com o corpo coberto de
plumas. Geralmente se reproduzem apenas uma
vez por ano.
A maturidade sexual é atingida entre um a
cinco anos de vida, a depender da espécie e
podem viver mais de 20 anos. Porém, alguns
estudos indicam que 65% a 80% dos indivíduos
morrem no primeiro ano de vida. Cygnus
carregam os filhotes sobre as costas enquanto
nadam. Para proteger seus filhotes de predadores,
adultos de algumas espécies de Anatidae que
estejam perto do ninho ou guiando filhotes se
fingem de feridos para atrair a atenção do
predador e proteger a prole.
Os Anatidae ainda possuem alguns
comportamentos diferenciados relacionados à sua
reprodução. Diferentes fêmeas de Dendrocygna
autumnalis podem colocar seus ovos em um
mesmo ninho. Dendrocygna viduata pode colocar
ovos em ninhos de outras marrecas, como
Dendrocygna bicolor. Dendrocygna autumnalis
pode colocar ovos em ninho de Cairina moschata.
Além de adoção de filhotes de outras fêmeas da
própria espécie. Heteronetta atricapilla é
parasita de outros ninhos, colocando seus ovos
em ninhos alheios, até de espécies de outras
famílias.
Fontes: Sick, 1997; Weller, 2001; Tellkamp, 2002;
Sigrist, 2006; Beletsky, 2006; Mayr, 2009; Birkhead &
Brennan, 2009; Lovas-Kiss et al., 2020.
Dendrocygna bicolor (Vieillot, 1816)
Nome popular: marreca-caneleira
Comprimento: 42-53 cm.
Peso do macho: 545-958 g.
Peso da fêmea: 595-964 g.
Habitat: Ocorrem em banhados, lagoas,
estuários, manguezais e arrozais.
Alimentação: Alimentam-se de vegetação
aquática, como certas gramíneas. Também se
alimentam de invertebrados, como insetos,
crustáceos e moluscos.
68
Consomem sementes de vegetais das
seguinte famílias e gêneros: Brassicaceae:
Brassica; Cyperaceae: Cyperus, Fimbristylis,
Scleria; Euphorbiaceae: Caperonia; Poaceae:
Echinochloa, Hymenachne, Leersia, Paspalum,
Oryza, Sorghum, Sporobolus; Poligonaceae:
Muehlenbeckia, Polygonum; Solanaceae: Solanum.
Dentre os moluscos consomem:
Ampullariidae: Pomacea; Hydrobiidae: Littoridina;
Planorbidae: Biomphalaria.
Dentre os crustáceos consomem:
Gammaridae: Gammarus; Palaemonidae:
Macrocrachium.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais ou em bandos, fora do período
reprodutivo também em bandos mistos com
outras espécies. Ativos durante o dia e à noite.
Realizam voos noturnos. Raramente pousam em
árvores. Mergulham bem, conseguem permanecer
embaixo da água até 15 segundos. Podem
procurar alimento submergindo apenas a parte
frontal do corpo e mantendo a parte posterior
acima da água.
Reprodução: O comportamento de corte
não é comumente observado, pois são aves
monogâmicas. Ele é realizado na água, macho e
fêmea ficam de frente um para o outro,
mergulhando a cabeça na água. Similar aos
movimentos que fazem para tomar banho. O
macho então sobe na fêmea por um curto período
para a cópula. Após, os dois se levantam na água,
pisando vigorosamente e vocalizando; podendo
encostar o bico contra o peito estufado e
levantam ou batem a asa no lado oposto ao
parceiro. Ao término do ritual, tomam banho,
jogando água para cima do corpo e vão para a
terra onde ficam limpando as penas.
Reprodução registrada entre setembro e
abril. O ninho é uma plataforma pouco elaborada,
fica oculto na vegetação ao nível do solo ou acima
deste em montes de sedimentos ou tufos de
vegetação. Colocam 16 ovos ou mais. A incubação
dura 24 a 28 dias. Ambos os adultos participam da
incubação, mas o macho a realiza por mais tempo.
Os filhotes são cuidados pelos pais por mais de 60
dias.
Distribuição: Ocorrem da Califórnia à
Argentina e todo o Brasil, com maior raridade em
alguns estados. Ocorrem também na África e na
Índia.
Altitude: Até 1.000 m.
Fontes: Bryant, 1914; Bruzual & Bruzual, 1983;
Belton, 1984; Mosso & Beltzer, 1991; Stotz et al., 1996;
Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Rylander, 2002; Hilty,
2003; Sigrist, 2006; Dunning Jr., 2008; Cabral, 2009;
Johnsgard, 2010; de la Peña & Salvador, 2010 in de la
Peña, 2019; Spaans et al., 2015; de la Peña, 2016;
Salvador et al., 2017 in de la Peña, 2019; Mohr, 2019;
Wikiaves, 2019.
Dendrocygna viduata (Linnaeus, 1766)
Nome popular: irerê
Comprimento: 41-48 cm.
Peso: 635-760 g.
Habitat: Ocorrem em banhados, lagoas,
praias marítimas, estuários e arrozais.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
tubérculos e invertebrados, tais como insetos
(Hemiptera, Coleoptera e Hymenoptera),
crustáceos, moluscos e anelídeos (Oligochaeta).
Nas estações secas se alimentam mais de
sementes de gramíneas e nas estações chuvosas
de invertebrados e tubérculos. Quando ocupam
áreas perto de campos agrícolas, devido à maior
quantidade de recursos alimentares, usam menos
de 10% de seu dia para alimentação.
Consomem vegetais das seguintes famílias e
gêneros: Alismataceae: Sagittaria;
Amaranthaceae: Pfaffia, Kochia; Brassicaceae:
Brassica; Cyperaceae: Cyperus, Eleocharis,
Fimbristylis, Rhynchospora, Scleria;
Euphorbiaceae: Caperonia; Fabaceae: Glycine;
Iridaceae: Sisyrinchium; Polygonaceae:
Polygonum; Poaceae: Brachiaria, Echinochloa,
Leersia, Oryza, Panicum, Paspalum, Sorghum,
Sporobolus, Triticum, Urochloa, Zea.
Comportamento e observações: São mais
ativos no crepúsculo e à noite. É possível registrá-
los sobrevoando áreas urbanas durante a noite,
principalmente quando há chuva, nessas situações
são detectados por meio de suas vocalizações.
Forrageiam em pequenos bandos em águas
pouco profundas e também em bandos mistos
com outras espécies de Anatidae; podem formar
bandos de centenas de indivíduos. Descansam em
pé e sempre alertas próximos da água ou em
áreas pantanosas, raramente pousam em árvores.
Realizam a muda das penas entre novembro e
janeiro.
Em caso de ataque por predadores, os
adultos reúnem os filhotes em um grupo coeso,
possivelmente para que pareçam ser uma presa
maior ou para dificultar que o predador escolha
qual indivíduo vai atacar e assim reduzir as
chances de algum filhote ser predado. No caso de
predadores aquáticos, os adultos podem guiar o
bando de filhotes para que fiquem sobre a
69
vegetação aquática. Além de os próprios adultos
tentarem atacar o predador.
Predadores: carcará (Caracara plancus),
gavião-preto (Urubitinga urubitinga); raposa-do-
campo (Lycalopex gymnocercus), gavião-pato
(Spizaetus melanoleucus), traíra (Hoplias
malabaricus).
Reprodução: O casal costuma ficar
limpando as penas um do outro. Na corte o macho
realiza movimentos de mergulhar o bico e realiza
movimentos com ele, a fêmea eventualmente
mergulha o bico. Após a cópula o casal ainda pode
realizar movimentos ritualizados levantando as
asas.
Reprodução registrada ao longo de todo o
ano, variando conforme a latitude ou região.
Colocam até 16 ovos. A incubação dura de 26 a 31
dias e é realizada por ambos os adultos. O ninho
fica no solo entre a vegetação, os ovos são
colocados sobre o solo, às vezes o fundo é coberto
com folhas.
Distribuição: Ocorrem da Costa Rica à
Argentina e Uruguai, também na África, e em todo
o Brasil.
Altitude: Até 1.000 m, eventualmente mais.
Fontes: Bruzual & Bruzual, 1983; Belton, 1984;
Rozzatti et al., 1995a; Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Petrie, 1998; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Santos &
Lima, 2004; Petrie, 2005; Di Giacomo, 2005; Lima,
2006; Sigrist, 2006; Vargas et al., 2007; Dunning Jr.,
2008; de la Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2016;
Johnsgard, 2010; Spaans et al., 2015; Messas et al.,
2015; de la Peña, 2016; Canel et al., 2016; Salvador et
al., 2017 in de la Peña, 2019; Salvador, 2017; Borges,
2018; Wikiaves, 2019.
Dendrocygna autumnalis (Linnaeus, 1758)
Nome popular: marreca-cabocla
Comprimento: 48-56 cm.
Peso: 530-1020 g.
Habitat: Ocorrem em banhados, lagoas,
estuários, manguezais e arrozais.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
folhas, insetos e moluscos.
Consomem vegetais das seguintes famílias e
gêneros: Cyperaceae: Cyperus, Fimbristylis,
Scleria; Euphorbiaceae: Caperonia; Poaceae:
Leersia, Oryza, Paspalum, Sporobolus.
Comportamentos e observações: Possuem
hábitos crepusculares, mas são ativos durante o
dia e à noite. Forrageiam principalmente à noite,
em casais ou bandos de até 30 indivíduos, no
capim baixo alagado ou em águas pouco
profundas, às vezes nos manguezais. Em alguns
locais podem formar bandos de milhares de
indivíduos.
Podem se empoleirar em árvores altas e
mortas para pernoitar ou para dormir de dia,
deitados sobre os tarsos. Fora do período
reprodutivo dormem em bandos. Não formam
bandos mistos com outras espécies de marrecas.
Os adultos não voam durante a muda das penas.
Reprodução: São monogâmicos.
Reprodução registrada ao longo de quase todo o
ano, variando conforme a latitude ou região.
Nidificam em ocos de árvores, brejos ou campos
inundados, ocasionalmente longe da água.
Colocam até 18 ovos. A incubação dura 26 a 31
dias e é realizada por ambos os adultos, caso um
desses por ventura morra o ninho é abandonado.
Os rituais de reprodução envolvem
movimentos alongando o pescoço e submergir a
cabeça, por ambos ou por um dos membros.
Distribuição: Ocorrem do Texas à Bolívia e
Argentina. Em quase todo o Brasil.
Altitude: Até 1.500 m, eventualmente mais.
Fontes: Bolen et al., 1964; Bruzual & Bruzual,
1983; López, 1992; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Santos & Lima, 2004; Sigrist,
2006; Schulenberg et al., 2007; Queiroz, 2007; Dunning
Jr., 2008; Johnsgard, 2010; Camacho & Pimental, 2012;
Oliveira, 2013; Rennó, 2013; Quintino, 2014; Spaans et
al., 2015; de la Peña, 2016; Zechin, 2018; Wikiaves,
2019.
Cygnus melancoryphus (Molina, 1782)
Nome popular: cisne-de-pescoço-preto
Comprimento: 115-124 cm.
Peso do macho: 4,50-6,75 kg.
Peso da fêmea: 3,50-4,40 kg.
Habitat: Ocorrem em banhados extensos,
inclusive os salobros, lagoas e estuários.
Alimentação: Alimentam-se principalmente
de vegetais aquáticos e algas, ingerindo folhas,
caules e raízes. Eventualmente moluscos
(Gastropoda).
Consomem vegetais das seguintes famílias e
gêneros: Amaranthaceae: Sarcocornia; Araliaceae:
Hydrocotyle; Hydrocharitaceae: Egeria,
Limnobium; Onagraceae: Ludwigia; Poaceae:
Puccinellia; Potamogetonaceae: Potamogeton,
Stuckenia; Rupiaceae: Ruppia; Zannichelliaceae:
Zannichellia.
Comportamento e observações: Possuem o
voo pesado e barulhento, decolam com
dificuldade e voam com o pescoço esticado.
Nadam com o pescoço levemente curvado.
Andam muito pouco.
70
Forrageiam boiando na água, podem pegar
alimentos na superfície da água ou mergulhar a
cabeça o suficiente para que alcancem o alimento.
Às vezes mergulham quase a metade do corpo,
mantendo apenas parte posterior ereta para fora
da água. Podem ser observados descansando
sobre o mar, boiando em longas filas indianas.
Formam bandos fora do período reprodutivo, que
na Argentina chegam a ter 5.000 a 30.000
indivíduos.
Possivelmente realizam deslocamentos
sazonais no seu limite sul de distribuição perto das
Malvinas (Falkland) e também em seu limite norte
de distribuição (norte da Argentina e Rio Grande
do Sul). A muda das penas ocorre após o período
reprodutivo.
Predadores: de seus ovos e/ou filhotes:
gaivotão (Larus dominicanus), carcará (Caracara
plancus); de adultos: puma (Puma concolor).
Reprodução: Reprodução registrada entre
julho e abril, variando conforme a região.
Realizam comportamento de corte, denominado
cerimônia do triunfo, assim como outros cisnes.
Essa cerimônia envolve uma série de
comportamentos ritualizados de nados,
movimentos com o pescoço e asas.
O ninho é exposto, consiste em uma grande
plataforma de juncos com uma depressão central,
que pode ser forrada com plumas. Colocam de
três a oito ovos. A incubação dura de 34 a 41 dias.
O macho normalmente não ajuda a incubar
os ovos, mas quando a fêmea sai para se
alimentar em geral fica próximo do ninho para
protegê-lo. Após a eclosão ambos os adultos
cuidam dos filhotes e podem carregá-los em suas
costas, comportamento realizado na maior parte
do tempo pelo macho. Após a eclosão dos ovos,
os filhotes ficam com os adultos por
aproximadamente 100 dias.
Muitos filhotes são mortos por agressão
originada de adultos, provavelmente relacionado
à territorialidade da espécie, cujos indivíduos são
bastante agressivos. Podem construir seus ninhos
agregados, porém não certeza se isso é fruto
de um sistema colonial de nidificação ou falta de
habitat adequado para os ninhos nas áreas onde
vivem.
Distribuição: Ocorrem do Chile e Argentina
até o litoral do Brasil no Rio Grande do Sul,
havendo registros até o litoral sul de São Paulo.
Altitude: Até 1.200 m.
Fontes: Casares, 1944; Schlatter et al., 1991;
Vaz-Ferreira & Rilla, 1991; Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Bortolus et al., 1998; Corti & Schlatter, 2002; Rau &
Jiménez, 2002; del Hoyo, 2003; Sigrist, 2006; Calí et al.,
2008; Dunning Jr., 2008; Norumbuena & Bozinovic,
2009; Johnsgard, 2010; Silva et al., 2012; Meerhoff et
al., 2013; Cursach et al., 2015; de la Peña, 2016;
Johnsgard, 2016; Wikiaves, 2019.
Coscoroba coscoroba (Molina, 1782)
Nome popular: capororoca
Comprimento: 100-115 cm.
Peso do macho: 3,80-5,40 kg.
Peso da fêmea: 3,20-4,50 kg.
Habitat: Ocorrem em brejos nas
proximidades do mar, lagoas, estuários e às vezes
em áreas de pasto.
Alimentação: Alimentam-se de algas e
vegetais, suas sementes, caules e raízes em áreas
de água rasa. Como exemplo, Scirpus, Ruppia e
Medicago.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais ou bandos, às vezes de 60 a 100
indivíduos. Possuem uma rota migratória entre
Argentina e a depressão central do Rio Grande do
Sul até a Estação Ecológica do Taim, neste Estado.
Sendo área usada para muda de penas e
reprodução.
Forrageiam deslocando-se na água e às
vezes fora dela, quando podem submergir a
cabeça e todo o pescoço na água para procurar
alimento.
Predadores: de adultos: gato-do-mato-
grande (Leopardus geoffroyi); dos filhotes:
gaivotão (Larus dominicanus).
Reprodução: O comportamento de corte
envolve vocalizações e movimentos de mergulhar
a cabeça. Após algum tempo de ritual o macho
sobe na fêmea e segura sua nuca com o bico para
realizar a cópula em si. Esses comportamentos
ocorrem na água rasa. Em algumas ocasiões após
a cópula o casal vocaliza, esticam o pescoço
verticalmente e abrem as asas.
Reprodução registrada ao longo de todo o
ano, podendo variar conforme a região. Nidificam
sozinhos em lagoas com juncais. O ninho é
exposto, assentado ou não sobre o fundo da
lagoa, feito de plantas aquáticas e lodo.
Consistindo em uma plataforma alta, às vezes em
formato cônico, com uma depressão na parte
superior. Colocam cinco a oito ovos. A incubação
dura aproximadamente 37 dias e é realizada pela
fêmea e o macho cuida dela nesse período. A
fêmea sai do ninho por uma hora de manhã e à
tarde para se alimentar. Em geral não carregam os
filhotes nas costas, mas há fontes que afirmam
71
que o façam. Ambos os adultos cuidam dos
filhotes.
Eventualmente podem se reproduzir mais
de uma vez durante a estação reprodutiva.
Quando então a fêmea está incubando a segunda
ninhada, o macho cuida dos filhotes da primeira.
Em alguns casos, após a eclosão dos filhotes da
segunda ninhada, os adultos podem se tornar
agressivos com os filhotes da primeira. Em outros
casos, ambas as ninhadas são cuidadas juntas
pelos adultos.
Durante a estação reprodutiva defendem
territórios em suas áreas de nidificação, que
possuem 0,25 a 7 ha. Os filhotes permanecem
com os pais por até um ano. Alguns indivíduos
podem defender seu território por todo o ano,
enquanto outros apenas o fazem durante o
período reprodutivo.
Distribuição: Ocorrem da Patagônia e Chile
ao Paraguai e Brasil, do Rio Grande do Sul até São
Paulo, também Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul.
Altitude: Baixas altitudes, sazonalmente até
1.000 m.
Fontes: Salvador & Salvador in de la Peña, 2016;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Bortolus et al., 1998; Vaz-
Ferreira & Rilla, 2001; Brewer & Vilina, 2002; Rodrigues
et al., 2004; Motis, 2004; Sigrist, 2006; Silva-García &
Brewer, 2007; Canepuccia et al., 2007; Dunning Jr.,
2008; Calí et al., 2008; Calabuig et al., 2010; Johnsgard,
2010; Echevarria et al., 2013; de la Peña, 2016;
Johnsgard, 2016; de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Neochen jubata (Spix, 1825)
Nome popular: pato-corredor
Sinonímia recente: Oressochen jubatus
Comprimento: 53-76 cm.
Peso: 1,25 kg
Habitat: Ocorrem em brejos de água doce,
lagos, bancos de areia (maior preferência) e
campos próximos de cursos-d’água.
Alimentação: Alimentam-se de vegetais e
invertebrados, como larvas de Lepidoptera
(borboletas e mariposas), insetos aquáticos,
moluscos e anelídeos (minhocas).
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em casais. Eventualmente formam
pequenos bandos de cinco a 20 indivíduos,
especialmente durante a muda após o período
reprodutivo, que podem ser grupos familiares.
Correm bem em terra. Voam pouco e
rapidamente adentram na água para segurança
em caso de ameaça. Pousam em troncos e galhos.
Há registro de que realizam migração intra-
amazônica longitudinal, entre Peru e Bolívia
(aproximadamente 655 km) e também registro
de populações migratórias na Amazônia brasileira.
Durante a estação seca na região
amazônica, possuem comportamentos territoriais
agressivos diante de algum invasor, os machos
emitem vocalizações com o pescoço esticado na
diagonal e com as penas do pescoço eriçadas. A
isso pode se seguir de os indivíduos que estão
brigando ficarem com o corpo ereto e pescoço
esticado levemente para trás ou corpo
parcialmente ereto e pescoço parcialmente
curvado para frente.
Ambas as posições com as penas do
pescoço eriçadas e asas meio abertas, emitindo
vocalizações e andando de um lado para outro ou
em círculos. Eventualmente ainda com o pescoço
esticado podem abaixar o bico algumas vezes até
ele estar rente ao pescoço. Caso a demonstração
não seja suficiente para afastar um dos
oponentes, podem se agarrar com os bicos e
tentar dar coices um no outro com as patas.
Predadores: piranhas, que podem mutilar
seu pés e tarsos.
Reprodução: Formam casais durante o
período reprodutivo. Reprodução registrada entre
julho e janeiro. O ninho em geral fica em ocos de
árvores. Colocam seis a dez ovos. A incubação
dura 30 dias e é realizada pela fêmea. Ambos os
adultos cuidam dos filhotes.
O macho pode realizar exibições para a
fêmea, ficando com o corpo completamente ereto
e pescoço dobrado com o bico encostando no
peito e asas parcialmente abertas, enquanto
emite vocalizações. Enquanto a fêmea pode segui-
lo com o corpo na horizontal e a cabeça e pescoço
abaixados, observando os movimentos do macho.
Distribuição: Ocorrem da Venezuela à
Bolívia, Paraguai, Argentina e Brasil, nas regiões
Norte e Centro-Oeste, também no Paraná.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Schulenberg et al., 2007;
Dunning Jr., 2008; Johnsgard, 2010; Daveport et al.,
2012; Rueda, 2012; Guerra, 2012; Endo et al., 2014; de
la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Chloephaga picta (Gmelin, 1789)
Nome popular: ganso-de-magalhães
Comprimento: 60-72 cm.
Peso do macho: 2,75-3,53 kg.
Peso da fêmea: 2,40-2,82 kg.
72
Habitat: Ocorrem em campos próximos de
cursos de água, banhados e lagos.
Alimentação: Alimentam-se de vegetais,
folhas, sementes e caules.
Consomem vegetais das seguintes famílias e
gêneros: Apiaceae: Oreomyrrhis; Asteraceae:
Bellis; Cyperaceae: Carex; Ericaceae: Empetrum;
Juncaceae: Rostkovia; Poaceae: Cortaderia,
Holcus, Poa.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie vagante, de ocorrência irregular,
originária do hemisfério sul. Aves do gênero
Chloephaga realizam migrações do sul da
Argentina e do Chile até a porção norte desses
países, quando acabam eventualmente chegando
ao Brasil. Deslocam-se em casais ou em bandos,
que em algumas regiões chegam a 100 indivíduos.
Podem demorar dois a três anos para atingir a
maturidade, nesse período formam bandos de
indivíduos imaturos.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus), carcará (Caracara plancus) e raposa-
andina (Lycalopex culpaeus) [que não ocorre no
Brasil].
Reprodução: Ao que consta não se
reproduzem no Brasil. Na Argentina e no Chile sua
reprodução é registrada entre agosto e dezembro.
O ninho é no solo entre gramíneas próximas da
água. Fica exposto, consiste em uma depressão
rasa no solo, forrada com gramíneas. Colocam até
10 ovos e a incubação dura 30 dias. Após a
eclosão os filhotes já deixam o ninho e começam a
seguir seus pais.
Distribuição: Ocorrem no Chile, Argentina e
Brasil. No Brasil foi registrado no Rio Grande do
Sul (Parque Nacional Lagoa do Peixe).
Altitude: Até 1.500 m.
Fontes: Weller, 1972; Summers & Grieve, 1982;
Sick, 1983; Stotz et al., 1996; de la Peña, 2001; Ellis et
al., 2002; Zapata et al., 2005; Calí et al., 2008; Dunning
Jr., 2008; Ibarra et al., 2010; Johnsgard, 2010; Bencke &
Souza, 2013; Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016;
Salvador, 2007; de la Peña, 2019.
Cairina moschata (Linnaeus, 1758)
Nome popular: pato-do-mato
Comprimento: 65-85 cm.
Peso: 1,10-4,40 kg.
Habitat: Ocorrem em rios, lagos, lagoas
costeiras, manguezais, açudes, rios de correnteza
lenta e riachos, preferencialmente próximo de
vegetação arbórea.
Alimentação: Alimentam-se de plantas
aquáticas, sementes, pequenos peixes,
crustáceos, moluscos, milípedes, insetos (e.g.
Isoptera) e pequenos répteis. Dentre as sementes
ingerem de Pontederiaceae e Cyperaceae
Fimbristylis. Também raízes de mandioca.
Comportamento e observações: Trata-se
da espécie que originou o pato doméstico sul-
americano. Sendo a única ave domesticada pelos
povos originários desse continente. Quando
domesticado apresenta várias partes de seu corpo
com cor branca e não mais de cor preta como no
estado selvagem.
Deslocam-se sozinhos, em casais ou bandos
de até 12 indivíduos. Há registros ocasionais de
encontro de grupos de até 100 indivíduos, na
Venezuela durante estações secas.
Pousam sobre árvores. Têm unhas
compridas e afiadas, com as quais se agarram aos
galhos e também as usam em brigas. Fazem o
mesmo com uma tuberosidade que possuem na
região do encontro em suas asas e que usam para
golpes violentos. Voando em bandos os sexos
costumam segregar-se. Em áreas com muita
variação sazonal de temperaturas podem realizar
migrações. A muda das penas ocorre após o
período reprodutivo.
Possuem alguns comportamentos de
agressão ritualizados, eriçam a crista, movem a
cauda de um lado para outro e a cabeça para
frente e para trás, enquanto sibilam.
Podem forragear pegando alimento na
superfície da água, ou submergindo apenas a
cabeça e o pescoço e também submergindo a
metade frontal do corpo, permanecendo com a
parte posterior erguida verticalmente.
Predadores: sucuri (Eunectes sp.).
Reprodução: Reprodução registrada entre
novembro e março, geralmente associada às
estações chuvosas. Nidificam em ocos de árvores
ou buracos em barrancos, usam cascas, folhas e
penas no ninho. Também cobrem os ovos com
esses materiais. Colocam até 20 ovos que podem
ter sido colocados por mais de uma fêmea no
mesmo ninho. Somente a fêmea incuba os ovos, a
incubação dura de 31 a 35 dias. Aparentemente o
macho não auxiliar no cuidado dos ovos e filhotes.
A cópula ocorre na água. Os sistemas de
reprodução parecem ter o domínio de machos,
tendo em vista que um macho adulto exige
algumas fêmeas. Em alguns casos o casal realiza
alguns rituais erguendo a cabeça e batendo os
maxilares ou o macho ergue a cabeça na vertical e
73
a move para sua posição normal, batendo os
maxilares.
Em outros o macho simplesmente sobe na
fêmea para realizar a cópula ou a fêmea pode se
estender horizontalmente na água em frente ao
macho.
Os machos podem ainda nadar próximo das
fêmeas, com a crista eriçada e a cauda aberta,
movendo fortemente a cabeça para frente e para
trás, enquanto vocaliza. Mas é incerto se seria
uma demonstração para a fêmea ou para afastar
outros machos de perto delas, tendo em vista que
se assemelha ao comportamento de agressão.
Distribuição: Ocorrem do México ao norte
da Argentina e em todo o Brasil.
Altitude: Até 1.000 m, eventualmente mais.
Fontes: Marelli, 1919; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Schulenberg et
al., 2007; Di Giacomo, 2005; Sigrist, 2006; Lima, 2006;
Johnsgard, 2010; Prado, 2010; Junqueira, 2011; del
Hoyo, 2011; Spaans et al., 2015; Baker, 2015;
Angseesing, 2017; Campos, 2018; Wikiaves, 2019; de la
Peña, 2019; Miranda, 2020.
Sarkidiornis sylvicola Ihering & Ihering, 1907
Nome popular: pato-de-crista
Sinonímia recente: Sarkidiornis melanotos
sylvicola
Comprimento: 56-82 cm.
Peso: 1,23-2,61 kg.
Habitat: Ocorrem em lagoas, lagos e rios
com vegetação arbórea nas margens. Áreas
inundadas e arrozais.
Alimentação: Alimentam-se de vegetais,
suas sementes e invertebrados aquáticos.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais ou em bandos do mesmo sexo,
eventualmente até 40 indivíduos. Os bandos voam
em fila indiana. Pousam sobre árvores. Podem
realizar migrações intracontinentais na América
do Sul, como populações do Rio Grande do Sul,
Argentina e Uruguai que migram para o Pantanal,
devido às secas ou alterações climáticas. Ocorrem
migrações também na Venezuela.
Podem forragear pegando alimento na
superfície da água, ou submergindo apenas a
cabeça e o pescoço e também submergindo a
metade frontal do corpo, permanecendo com a
parte posterior erguida verticalmente.
As brigas entre os machos são bastante
agressivas, no chão, ficam tentando se golpear
com as patas e ficam batendo as asas.
Aparentemente não tentam se golpear com o
bico.
Reprodução: A cópula ocorre na água rasa.
Reprodução registrada entre dezembro e março.
Os ninhos são construídos em ocos de árvores.
Colocam até 12 ovos. Os machos formam haréns
de duas ou mais fêmeas e são maiores do que
estas.
Distribuição: Ocorrem da América Central à
Argentina. No Brasil do Rio Grande do Sul ao Mato
Grosso, Tocantins, Piauí e Roraima.
Altitude: Até 1.200 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; del Hoyo, 2005; Sigrist, 2006;
Nunes & Tomas, 2008; Bessa, 2009; de la Peña, 2016;
Monteiro, 2016; Wikiaves, 2019; de la Peña, 2019;
Gomes, 2020.
Callonetta leucophrys (Vieillot, 1816)
Nome popular: marreca-de-coleira
Comprimento: 30-38 cm.
Peso do macho: 370-450 g.
Peso da fêmea: 285-340 g.
Habitat: Ocorrem em brejos e banhados
com vegetação arbórea nas margens ou tomados
de vegetação herbácea.
Alimentação: Alimentam-se de vegetais:
sementes, caules e raízes.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais ou pequenos grupos. Pousam em
árvores. Realizam migrações.
Reprodução: Realizam comportamento de
corte que envolve vocalizações, movimentos
ritualizados ou demonstrações das penas
iridescentes que os machos possuem. Na maioria
das vezes o macho apenas nada ao lado da fêmea
e tenta ir para diante dela para ficar frente a
frente sempre que possível. A cópula ocorre na
água, é precedida de movimentos de inclinação ou
submersão do bico pelo macho.
Reprodução registrada ao longo de quase
todo o ano. O ninho é feito em ocos de árvores ou
em barrancos na terra, também podem aproveitar
ninhos de caturrita (Myiopsitta monachus) ou
ninhos abandonados de outras aves. Podem usar
o mesmo ninho mais de uma vez.
Colocam até 18 ovos e a incubação dura 26
a 28 dias. A fêmea incuba os ovos, mas ambos os
pais são ativos na proteção dos filhotes,
realizando comportamentos ritualizados para
afastar predadores. Os machos ficam de vigia
enquanto as fêmeas alimentam os filhotes. Apesar
de as fêmeas conduzirem os filhotes em suas
incursões, geralmente os machos buscam os
filhotes perdidos.
74
Podem ter uma segunda ninhada quando os
filhotes ainda são novos (24 dias), nesse caso o
macho cuida desses filhotes, enquanto a fêmea
incuba a nova ninhada. Os machos defendem as
fêmeas durante o período reprodutivo, inclusive
contra cópulas extrapar forçadas (estupros) que
outros machos podem tentar realizar.
Distribuição: Ocorrem do norte da
Argentina à Bolívia, Paraguai e Brasil, do Rio
Grande do Sul ao Mato Grosso, Goiás e Minas
Gerais.
Altitude: Até 700 m.
Fontes: Brewer, 1989; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Brewer, 2001; Sigrist, 2006; Dunning Jr., 2008;
Angseesgin, 2008; Johnsgard, 2010; Souza, 2012;
Manassero, 2013; Salvador, 2014; de la Peña, 2016; de
la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789)
Nome popular: marreca-ananaí
Comprimento: 36-44 cm.
Peso: 500-623 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, lagoas, brejos e
remansos de rios, preferencialmente com
vegetação aquática.
Alimentação: Alimentam-se na superfície
da água de sementes de gramíneas e de plantas
aquáticas, também de invertebrados, como
insetos aquáticos (besouros Dytiscidae e
Curculionidae) e moluscos.
Consomem plantas das seguintes famílias e
gêneros: Convolvulaceae: Cuscuta; Malvaceae:
Malvastrum; Poaceae: Sporobolus, Oryza,
Paspalum, Panicum; Polygonaceae: Polygonum.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais ou pequenos bandos de seis a 20
indivíduos. Adultos com ninhos ou filhotes, ao
serem ameaçados, realizam comportamentos
para distrair o possível predador, fingem estar
feridos, andam caminhando e arrastando as asas
caídas.
Algumas populações possuem um
predomínio de machos, que representam mais de
60% dos indivíduos. As populações são
consideradas sedentárias, porém com boa
capacidade de dispersão. Tendo em vista que
indivíduos anilhados foram recuperados a mais
de 400 km de seu local de marcação.
Muitos rituais sociais dos indivíduos
envolvem o bater de asas, expondo as áreas
superior e inferior das asas aos demais.
Predação: de seus filhotes: a
Leptodactylus labyrinthicus; de ovos: gavião-
caboclo (Heterospizias meridionalis); de filhotes:
sucuri-amarela (Eunectes notaeus).
Reprodução: Possivelmente mantêm o
mesmo casal reprodutivo por toda a vida.
Reprodução registrada ao longo de todo o ano em
alguns estados e em outros apenas em períodos
específicos, como de agosto a fevereiro ou abril a
setembro.
Consta que a fêmea sinaliza ao macho sua
receptividade à cópula com movimentos
específicos do bico, elevando e movendo
lateralmente, enquanto emite vocalizações. Ao
que o macho responde também vocalizando e
nadando rapidamente a frente da fêmea. Antes da
cópula realizam movimentos de submergir o bico
ou a cabeça na água. Após esses movimentos o
macho nada ao redor da fêmea emitindo
vocalizações mantendo o pescoço e a cabeça
abaixados.
O ninho é feito no solo ou flutuando, em
meio à vegetação (pasto ou junco), construído
com folhas secas de gramíneas e forrado com
plumas. Colocam até 14 ovos, os ovos são
colocados em dias sucessivos e aparentemente
apenas a fêmea os incuba. A incubação dura 25 a
26 dias. Ao eclodirem os filhotes deixam o ninho e
já começam a seguir os pais.
Distribuição: Ocorrem das Guianas e
Venezuela até a Argentina e todo o Brasil.
Altitude: Até 1.200 m.
Fontes: Nascimento & Antas, 1990; Beltzer &
Mosso, 1992 in de la Peña, 2016; Stotz et al., 1996;
Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Santos &
Lima, 2004; Nascimento et al., 2005; Di Giacomo, 2005;
Weller et al., 2007 in de la Peña, 2019; Dunning Jr.,
2008; Rodrigues, 2009; Johnsgard, 2010; Ramos et al.,
2011; Don et al., 2012; Salvador & Di Giacomo, 2014 in
de la Peña, 2019; de la Peña, 2016; Marcon & Vieira,
2017; Bodrati, 2019 in de la Peña, 2019; Carvalho et al.,
2020.
Spatula versicolor (Vieillot, 1816)
Nome popular: marreca-cricri
Sinonímia recente: Anas versicolor
Comprimento: 38-43 cm.
Peso do macho: 409-624 g.
Peso da fêmea: 376-624 g.
Habitat: Ocorrem em lagos e brejos.
Alimentação: Alimentam-se de algas,
vegetais, suas sementes, folhas e caules, também
de invertebrados (insetos, crustáceos, moluscos).
Consomem vegetais das seguintes famílias e
gêneros: Alismataceae: Sagittaria;
Amaranthaceae: Pfaffia; Asteraceae: Aster,
Cichorium; Brassicaceae: Brassica;
75
Chenopodiaceae: Kochia; Malvaceae: Anoda;
Poaceae: Sporobolus, Echinochloa, Brachiaria,
Paspalum, Piptochaetum; Cyperaceae: Scirpus
(=Schoenoplectus), Cyperus, Rhynchospora;
Juncaceae: Juncus; Iridaceae: Sisyrinchium;
Polygonaceae: Polygonum; Rupiaceae: Ruppia.
Consomem insetos das seguintes ordens e
famílias: Hemiptera (percevejos): Corixidae,
Belostomatidae; Lepidoptera (borboletas e
mariposas): Pyralidae; Coleoptera (besouros):
Noteridae, Curculionidae, Dytiscidae,
Hydrophilidae; Diptera (moscas e mosquitos):
Ceratopogonidae, Chironomidae; Ephemeroptera
(efeméridas): Baetidae, Caenidae; Odonata
(libélulas).
Consomem crustáceos dos seguintes
táxons: Amphipoda: Hyallelidae; Ostracoda:
Chydoridae; Decapoda: Palaemonidae.
Consomem moluscos das seguintes famílias
e gêneros: Ampullariidae: Ampullaria;
Planorbidae: Biomphalaria; Hydrobiidae:
Littoridina.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais ou pequenos grupos. Forrageiam na
superfície da água enquanto nadam e também em
suas margens.
Predadores: carcará (Caracara plancus).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano, variando conforme a região.
O ninho fica no solo, oculto em meio à vegetação
e forrado com gramíneas e plumas. Colocam seis a
10 ovos e a incubação dura 25 a 26 dias.
O comportamento de corte é simples,
consistindo basicamente em levantar lentamente
a cabeça e a cauda e emitir uma vocalização. A
cópula é precedida de movimentos específicos
com a cabeça de ambos os sexos.
Distribuição: Ocorrem do Chile e Argentina
ao Paraguai, Bolívia e Brasil, no Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e
Mato Grosso do Sul.
Altitude: Até 1.000 m, eventualmente mais.
Fontes: Zotta, 1934; Rumboll, 1967; Belton,
1984; Beltzer & Mosso, 1992 in de la Peña, 2016;
Rozzatti et al., 1995; Bortolus et al., 1998; Stotz et al.,
1996; Sick, 1997; del Hoyo, 2005; Vargas et al., 2007;
Dunning Jr., 2008; Johnsgard, 2010; de la Peña &
Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; Silveira, 2012;
Salvador, 2014 in de la Peña, 2019; de la Peña, 2016;
Valentin, 2017; Salvador et al., 2017 in de la Peña,
2019; de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Spatula platalea (Vieillot, 1816)
Nome popular: marreca-colhereira
Sinonímia recente: Anas platalea
Comprimento: 45-56 cm.
Peso: 433-663 g.
Habitat: Ocorrem em lagoas, banhados e
estuários.
Alimentação: Alimentam-se de algas,
vegetais e suas sementes, também insetos,
crustáceos e moluscos.
Consomem vegetais das seguintes famílias e
gêneros: Amaranthaceae: Bassia, Chenopodium,
Kochia; Asteraceae: Centaurea; Brassicaceae:
Brassica; Cyperaceae: Scirpus; Malvaceae: Anoda;
Poaceae: Panicum, Paspalum, Sorghum;
Polygonaceae: Polygonum; Rupiaceae: Ruppia;
Solanaceae: Jaborosa.
Consomem insetos das seguintes ordens e
famílias: Coleoptera (besouros): Dytiscidae;
náiades de Ephemeroptera (efeméridas);
Hemiptera (percevejos): Corixidae; Diptera
(moscas e mosquitos).
Consomem moluscos (caramujos) das
seguintes famílias e gêneros: Ampullariidae:
Ampullaria; Hydrobiidae: Littoridina; Planorbidae:
Biomphalaria.
Consomem crustáceos (camarões) das
seguintes famílias e gêneros: Palaemonidae:
Macrocrachium, Palaemonetes; Gammaridae:
Gammarus.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do sul do
continente. Deslocam-se em grandes bandos.
Quando se alimentam podem submergir a cabeça
e parte do corpo. Porém em geral forrageiam
apenas mergulhando o bico e filtrando plâncton e
similares da água. Raramente mergulham para
capturar alimento.
Predadores: gato-do-mato-grande
(Leopardus geoffroyi), falcão-peregrino (Falco
peregrinus), gavião-cinza (Circus cinereus).
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Reprodução registrada entre agosto a março na
Argentina. Possuem comportamento de corte que
envolve movimentos de alongar o pescoço e
levantar o bico e emissão de vocalizações, por
parte da fêmea. Ao que o macho responde
vocalizando e após realizando movimento similar
ao de forrageio, mergulhando o bico na água e
permanecendo imóvel ao lado da fêmea. A cópula
é precedida de movimentos de erguer e abaixar a
cabeça por parte de ambos os sexos.
O ninho é construído no solo em áreas
secas, semioculto em meio à vegetação, tem a
borda forrada com plumas. Colocam de cinco a 10
ovos. A incubação em cativeiro dura 25 dias. Após
76
a eclosão os filhotes já seguem os pais para se
alimentar.
Distribuição: Ocorrem na Argentina, Peru,
Bolívia, Paraguai e Brasil, nos estados do Rio
Grande do Sul (onde em geral aparecem no
inverno), Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e
Rio de Janeiro
Altitude: Até 3.500 m.
Fonte: Zotta, 1934; McNutt, 1981 in de la Peña,
2019; Beltzer & Mosso, 1992 in de la Peña, 2019; Stotz
et al., 1996; Sick, 1997; Bortolus et al., 1998; Ellis et al.,
2002; Sigrist, 2006; Canepuccia et al., 2007; Calí et al.,
2008; Dunning Jr., 2008; Beltzer et al., 2010; Johnsgard,
2010; Quilodrán et al., 2013; Salvador & Di Giacomo,
2014 in de la Peña, 2019; Salvador, 2014 in de la Peña,
2014; Silva, 2015; Piacentini et al., 2015; de la Peña,
2016; Salvador, 2016; Salvador et al., 2017 in de la
Peña, 2019.
Spatula discors (Linnaeus, 1766)
Nome popular: marreca-de-asa-azul
Sinonímia recente: Anas discors
Comprimento: 35-41 cm.
Peso: 340-380 g.
Habitat: Ocorrem em lagoas e brejos de
água doce ou salobra, eventualmente em
plantações de arroz.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
também moluscos, crustáceos e insetos.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie vagante, originária da América do Norte,
de ocorrência irregular no país. Deslocam-se em
casais ou grupos, às vezes com algumas centenas
de indivíduos. Forrageiam principalmente na
superfície da água. Vivem até 17 anos.
Reprodução: Se reproduzem nos Estados
Unidos e Canadá. O ninho é uma depressão no
solo, forrado com gramíneas, próximo da água.
Colocam seis a 14 ovos.
Distribuição: No Brasil possuem registros
no Acre, Amazonas, Pará, Roraima, Maranhão,
Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Rio Grande do
Norte, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul.
Fontes: Swanson et al., 1974; Sick, 1997; Hilty,
2003; Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008;
Vuilleumier, 2009; Johnsgard, 2010; Mestre et al.,
2010; Piacentini et al., 2015; Spaans et al., 2015; de la
Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Spatula cyanoptera (Vieillot, 1816)
Nome popular: marreca-colorada
Sinonímia recente: Anas cyanoptera
Comprimento: 35-48 cm.
Peso do macho: 315-498 g.
Peso da fêmea: 265-453 g.
Habitat: Ocorre em lagos e brejos.
Alimentação: Alimentam-se de vegetais
(sementes, folhas e caules), crustáceos, moluscos,
insetos e sanguessugas (Clitellata: Hirudinea).
Consomem vegetais das seguintes famílias e
gêneros: Brassicaceae: Brassica; Cyperaceae:
Scirpus; Poaceae: Distichlis, Echinochloa,
Leptochloa, Sorghum; Polygonaceae: Polygonum;
Typhaceae: Typha.
Consomem insetos das seguintes ordens e
famílias: Hemiptera: Belostomatidae (baratas-
d’água); Coleoptera (besouros): Dytiscidae,
Hydrophilidae; Diptera (moscas e mosquitos):
Chironomidae; Odonata (libélulas):
Coenagrionidae.
Consomem crustáceos (camarões) das
seguintes famílias e gêneros: Gammaridae:
Gammarus; Palaemonidae: Macrocrachium.
Consomem moluscos (caramujos) das
seguintes famílias e gêneros: Hydrobiidae:
Littoridina; Planorbidae: Biomphalaria.
Comportamento e observações: No Brasil é
considerada espécie vagante, de ocorrência
irregular no país, originária do sul do continente.
Deslocam-se em casais ou em grupos, às vezes
mistos com outros Anatidae. Forrageiam próximo
à superfície da água, às vezes em bandos,
afundando completamente a cabeça na água para
pegar alimento.
Predadores: falcão-de-coleira (Falco
femoralis).
Reprodução: Reprodução ocorre na
Argentina entre setembro a dezembro. O ninho é
construído no solo, semioculto em meio à
vegetação, forrado com gramíneas e plumas.
Distribuição: Ocorrem em todas as
Américas, no inverno austral as populações
migratórias chegam até a América Central e
México. No Brasil registros no Rio Grande do
Sul, Mato Grosso do Sul e Roraima.
Altitude: Até 4.600 m.
Fontes: Zotta, 1934; Thorn & Zwank, 1993; Stotz
et al., 1996; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; DesJardin,
2004; Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008;
Nunes et al., 2008; Johnsgard, 2010; de la Peña &
Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; Salvador, 2014 in de
la Peña, 2019; Liébana, 2015 in de la Peña, 2019;
Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016; Salvador et al.,
2017 in de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Mareca sibilatrix (Poeppig, 1829)
Nome popular: marreca-oveira
Sinonímia recente: Anas sibilatrix
77
Comprimento: 43-54 cm.
Peso do macho: 1,04-1,11 kg.
Peso da fêmea: 624-965 g.
Habitat: Ocorrem em lagoas, lagos, rios e
brejos.
Alimentação: Alimentam-se de algas,
vegetais, suas sementes, folhas e caules, também
de invertebrados (e.g. besouros Coleoptera).
Consomem vegetais das seguintes famílias e
gêneros: Cyperaceae: Scirpus; Haloragaceae:
Myriophyllum; Ranunculaceae: Ranunculus.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do sul do
continente. No Rio Grande do Sul são registrados
entre julho e fevereiro. Deslocam-se em casais ou
pequenos bandos fora do período reprodutivo.
Forrageiam na superfície da água e mergulham
apenas se for necessário.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus), gato-do-mato-grande (Leopardus
geoffroyi).
Reprodução: Ao que consta não se
reproduzem no Brasil. Sua reprodução é
registrada na Argentina de setembro a maio; e
também no Chile.
Possuem comportamentos de corte, que
envolvem movimentos de erguer e abaixar o bico
rapidamente e emissão de vocalizações. Também
realizam trocas de carícias com os bicos. Os
machos também possuem um comportamento de
se chacoalhar, que provavelmente serve como
uma exibição para a fêmea.
O ninho fica no solo, em meio à vegetação
herbácea, o fundo é coberto com gramíneas e
plumas. Colocam até 13 ovos e a incubação dura
26 dias.
Ambos os pais cuidam dos filhotes. Os
machos possuem comportamentos agressivos
contra outros machos, especialmente quando
estes tentam realizar cópula extrapar forçada com
suas fêmeas. Os casais mantêm comportamentos
ritualizados entre si e com seus filhotes que
parecem reforçar seus laços familiares.
Distribuição: Ocorrem do Chile e Argentina
ao Paraguai e Brasil, onde possuem registros em
São Paulo e no Rio Grande do Sul.
Altitude: Até 1.200 m.
Fontes: McNutt, 1981 in de la Peña, 2019;
Brewer, 1996; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Sigrist,
2006; Canepuccia et al., 2007; Dunning Jr., 2008;
Johnsgard, 2010; de la Peña & Salvador, 2010 in de la
Peña, 2016; de la Peña, 2016; de la Peña, 2019;
Wikiaves, 2019.
Anas bahamensis Linnaeus, 1758
Nome popular: marreca-toicinho
Comprimento: 37-51 cm.
Peso: 402-693 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, lagoas e brejos
de água doce ou salobra, arrozais e manguezais.
Alimentação: Alimentam-se de algas,
sementes de vegetais e invertebrados.
Consomem vegetais das seguintes famílias e
gêneros: Characeae: Chara; Cyperaceae: Scirpus;
Fabaceae: Arachis, Glycine; Poaceae: Panicum,
Sorghum, Triticum, Zea; Rupiaceae: Ruppia.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos, em casais ou em grupos de até 12
indivíduos, às vezes em bandos de 2.000-3.000
indivíduos, conforme registros na Bahia. Às vezes
mistos com outros Anatidae. Em algumas regiões
realizam migrações sazonais. Forrageiam na
superfície da água nadando ou nas margens
dentro ou fora da água. Podem afundar tanto o
bico inteiro na água, quanto a parte frontal do
corpo, permanecendo com a parte posterior
erguida na vertical.
Predadores: de seus filhotes: rã-touro
(Lithobates catesbeianus); de adultos:
possivelmente pirarucus (Arapaima gigas).
Reprodução: A maioria dos indivíduos é
monogâmico, reproduzindo-se com o mesmo
parceiro durante alguns anos seguidos. Porém
podem mudar de parceiro após algum tempo.
Assim como há aqueles que mudam de parceiro a
cada estação reprodutiva e também alguns
indivíduos que praticam poliginia.
Reprodução registrada ao longo de quase
todo o ano, variando conforme a latitude e a
região. O ninho é feito com gramíneas e plumas,
fica no solo em meio à vegetação, às vezes longe
da água ou em manguezais. Colocam seis a 12
ovos, a incubação dura 25 dias. Apenas as fêmeas
cuidam dos filhotes, mas os machos podem ajudar
na proteção da fêmea ao menos em parte da
estação reprodutiva.
Os comportamentos de corte envolvem
movimentos com a cabeça e emissão de
vocalizações por ambos os sexos. A cópula ocorre
em terra ou na água, o macho sobe sobre a fêmea
segura as penas da nuca dela com o bico.
Eventualmente podem se reproduzir mais de uma
vez por estação reprodutiva, alterando o parceiro
entre uma ninhada e outra.
Há registros de cópulas extrapar forçadas
por parte do macho (estupro), onde alguns
machos detectam quais fêmeas estão férteis e
tentam forçá-las a copular. Podem se aproximar
78
delas nadando parcialmente submergidos na
água, apenas com os olhos e parte do dorso fora
da água para então segurá-las e forçar a cópula
embaixo da água. As fêmeas tentam escapar,
mergulhando, voando ou se escondendo. Porém,
às vezes são perseguidas por esses machos até
estarem exaustas.
Distribuição: Ocorrem da América Central
ao Chile e Argentina. No Brasil ocorrem pela
região costeira do Rio Grande do Sul ao Pará,
também em áreas interioranas das regiões Sul,
Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
Altitude: Até 900 m ou mais.
Fontes: Salvador in de la Peña, 2016; Sorenson
et al., 1992; Sorenson, 1992; Sorenson, 1994; Stotz et
al., 1996; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003;
López-Flores et al., 2003; Ascanio, 2003; Santos & Lima,
2004; Lima, 2006; Sigrist, 2006; Schulenberg et al.,
2007; Dunning Jr., 2008; Johnsgard, 2010; de la Peña &
Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; Costa, 2011;
González-Bruzual & Marín-Espinoza, 2013; Silveira,
2013; Salvador & Di Giacomo, 2014 in de la Peña, 2019;
Salvador et al., 2017 in de la Peña, 2019; Abril, 2018;
Wikiaves, 2019.
Anas acuta Linnaeus, 1758
Nome popular: arrabio
Comprimento: 56-66 cm.
Peso: 605-1245 g.
Habitat: Ocorrem em rios calmos, brejos e
lagos de águas rasas.
Alimentação: Alimentam-se de vegetais,
tanto sementes quanto folhas.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie vagante, originária do hemisfério norte e
de ocorrência irregular. A reprodução ocorre no
hemisfério norte.
Distribuição: A área de reprodução envolve
o norte da América do Norte, Europa e Ásia,
migrando durante o inverno boreal para o sul dos
Estados Unidos e América Central, sul da Europa,
da Ásia e para parte da África.
Fontes: Silva & Olmos, 2006; Dunning Jr., 2008;
Johnsgard, 2010; Piacentini et al., 2015
Anas georgica Gmelin, 1789
Nome popular: marreca-parda
Comprimento: 60-71 cm.
Peso: 603-803 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, lagoas,
banhados e brejos, de água doce e salobra.
Alimentação: Alimentam-se de algas,
vegetais, suas sementes (inclusive cultivos
agrícolas) e também crustáceos (Gammaridae e
Palaemonidae: Macrocrachium).
Consomem vegetais das seguintes famílias e
gêneros: Brassicaceae: Brassica; Cyperaceae:
Scirpus; Fabaceae: Arachis, Glycine; Poaceae:
Panicum, Sorghum, Triticum, Zea.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais ou em bandos. Atingem a
maturidade com um ano. Realizam a muda das
penas de voo entre dezembro e março, quando
ficam impossibilitadas de voar. Forrageiam na
superfície da água, às vezes em locais de água rasa
próximo à margem; também sobre rochas e no
solo próximo da água.
Um indivíduo anilhado no do Rio Grande do
Sul (Lagoa do Peixe) foi recapturado na costa
pacífica do Chile.
Reprodução: Praticam a poliginia.
Reprodução registrada ao longo de todo o ano,
variando conforme a região. O ninho é feito em
campos, perto ou longe da água. É forrado com
gramíneas e plumas. Colocam quatro a 13 ovos. A
incubação é realiza pela fêmea e dura 26 dias.
Após a eclosão os filhotes já deixam o ninho e
começam a seguir seus pais.
Eventualmente o macho auxilia nos cuidado
com o ninho. Mas em geral apenas a acompanha
quando esta sai do ninho por curtos períodos de
tempo ou ajuda na vigilância, porém a defesa da
prole é realizada pela fêmea.
O comportamento de corte mais comum
realizado pelo macho envolve esticar o pescoço e
emitir vocalizações.
Distribuição: Ocorrem da Terra do Fogo
pelos Andes até a Colômbia. No Brasil, ocorrem no
Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São
Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. registros
em Roraima e no Ceará.
Altitude: Até 4.600 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Martin, 2002; del Hoyo, 2005;
Nascimento et al., 2006; Schulenberg et al., 2007; Calí
et al., 2008; Demongin, 2008; Dunning Jr., 2008;
Johnsgard, 2010; Gouraud, 2010; de la Peña &
Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; de la Peña, 2016;
Salvador et al., 2017 in de la Peña, 2019.
Anas flavirostris Vieillot, 1816
Nome popular: marreca-pardinha
Comprimento: 35-45 cm.
Peso: 382-478 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, lagoas,
estuários brejos e rios, tanto em ambientes de
água doce, quanto salobra.
Alimentação: Alimentam-se de vegetais e
suas sementes, também de crustáceos e insetos.
79
Consomem crustáceos dos seguintes
táxons: Cladocera: Bosmina; Cyclopeida: Cyclops;
Amphipoda.
Consomem insetos das seguintes ordens e
famílias: Diptera: Chironomidae, Helcomyzidae;
Trichoptera.
Consomem vegetais das seguintes famílias e
gêneros: Cyperaceae: Scirpus; Ericaceae:
Empetrum; Gunneraceae: Gunnera; Rupiaceae:
Ruppia.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em bandos, exceto no período
reprodutivo. Os bandos possuem de 10 a 20
indivíduos, às vezes até 200. Suas populações
possuem um predomínio de indivíduos machos
em relação às fêmeas, a competição entre os
machos é intensa. Forrageiam principalmente
próximo à margem da água.
Consta que um indivíduo anilhado no
Banhado do Marmeleiro em Santa Vitória do
Palmar (RS) foi recuperado 12 anos depois no
Uruguai.
Predadores: de adultos: falcão-peregrino
(Falco peregrinus); gato-do-mato-grande
(Leopardus geoffroyi); de filhotes: gaivotão (Larus
dominicanus).
Reprodução: Reprodução registrada entre
agosto e abril. São monogâmicos durante o
período reprodutivo, com os casais
permanecendo juntos durante ao menos duas
estações reprodutivas, alguns até durante seis
anos. O ninho fica no solo entre a vegetação
herbácea, a base é forrada com gramíneas e
plumas. Também podem usar ninhos de caturrita
(Myiopsitta monachus) e eventualmente em ocos
de árvores. Colocam cinco a nove ovos. A
incubação dura 24 a 28 dias.
Os machos permanecem com as fêmeas
durante todo o período reprodutivo e de criação
dos filhotes, protegem as ninhadas, buscam os
filhotes que se perdem e dividem o tempo de
vigilância com as fêmeas.
Porém, há registros de que o macho pode
não ficar junto da fêmea durante a incubação,
mas mesmo assim a fêmea volta a copular com
esse mesmo macho em anos seguintes. Também
há registros de machos protegendo filhotes que
não fariam parte de sua prole.
Possuem comportamento de corte, que
envolve vocalizações e movimentos com a cabeça.
Também um comportamento de demonstração
que consiste em limpar as penas atrás da asa.
Distribuição: Ocorrem da Terra do Fogo ao
Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São
Paulo e Rio de Janeiro. Através dos Andes até a
Venezuela.
Altitude: Até 4.400 m.
Fontes: Weller, 1972; Vides Almonacid, 1990;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Port, 1998; Bortolus et al.,
1998; Port, 2000; Hilty & Brown, 2001; Ellis et al., 2002;
Port & Brewer, 2004; Notarnicola & Seipke, 2004 in de
la Peña, 2016; Nascimento et al., 2005; Sigrist, 2006;
Canepuccia et al., 2007; Dunning Jr., 2008; Johnsgard,
2010; Jiménez & White, 2011; Silva, 2013; Salvador,
2014 in de la Peña, 2019; de la Peña, 2016; Salvador,
2016; Wikiaves, 2019.
Netta erythrophthalma (Wied, 1833)
Nome popular: paturi-preta
Comprimento: 43-51 cm.
Peso: 533-1000 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, brejos e rios.
Alimentação: Alimentam-se de vegetais,
sementes e invertebrados.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais ou pequenos grupos de sete a 10
indivíduos. Há registro de um bando com 5.000
indivíduos, situação que pode ocorrer fora do
período reprodutivo ou em épocas de seca.
Forrageiam principalmente mergulhando, mas
também em águas rasas e às vezes permanecem
na margem da água se alimentando em meio à
vegetação.
A muda pós-nupcial dura aproximadamente
31 dias, período em que ficam incapacitados de
voar.
Reprodução: Possivelmente monogâmicos
temporários. Os comportamentos de corte
envolvem vocalizações e movimentos com a
cabeça. A cópula é precedida por um movimento
de erguer e abaixar a cabeça pela fêmea e de
mergulhar o bico pelo macho, seguido de um
display de limpar as penas das costas.
O ninho é construído em meio à vegetação
herbácea, colocam cinco a 15 ovos. A incubação é
realizada pela fêmea e dura de 20 a 26 dias. Não
há certeza se o macho auxilia nos cuidados com os
filhotes, apesar de haver alguns registros nesse
sentido, aparentemente não seria comum.
Distribuição: Ocorrem no Suriname,
Venezuela e Colômbia à Argentina e Chile,
também na África. No Brasil ocorrem do Paraná,
São Paulo e Goiás, demais estados da região
Sudeste até a região Nordeste.
Altitude: Até 3.700 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Schulenberg et al., 2007;
Dunning Jr., 2008; Johnsgard, 2010; de la Peña, 2016;
Wikiaves, 2019; de la Peña, 2019.
80
Netta peposaca (Vieillot, 1816)
Nome popular: marrecão
Comprimento: 53-57 cm.
Peso: 986-1236 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, brejos,
banhados e arrozais.
Alimentação: Alimentam-se de vegetais e
suas sementes, também de insetos, moluscos,
crustáceos, aranhas (Lycosidae) e peixes (e.g.
Cnesterodon).
Consomem vegetais das seguintes famílias e
gêneros: Nymphaeaceae: Victoria; Poaceae:
Echinochloa, Oryza, Panicum, Paspalum, Setaria,
Sporobolus; Polygonaceae: Muehlenbeckia,
Polygonum; Solanaceae: Solanum.
Consomem insetos das seguintes ordens e
famílias: Coleoptera (besouros): Curculionidae,
Dytiscidae, Hydrophilidae; Hymenoptera:
Formicidae (formigas); Hemiptera:
Belostomatidae (baratas-d’água); larvas de
Diptera (moscas e mosquitos); náiades de
Odonata (libélulas).
Consomem crustáceos (camarões) das
seguintes famílias e gêneros: Gammaridae:
Gammarus; Palaemonidae: Macrocrachium,
Palaemonetes.
Consomem moluscos (caramujos) das
seguintes famílias e gêneros: Ampullariidae:
Ampullaria, Pomacea; Planorbidae: Biomphalaria;
Hydrobiidae: Littoridina.
Comportamento e observações: É uma
espécie migratória do oeste do continente, mas
com registros de reprodução no Brasil. Deslocam-
se em casais ou bandos de até 60 indivíduos,
voam em formação cuneiforme. Passam bastante
tempo em terra e quase nunca mergulham.
Forrageiam na superfície da água, eventualmente
mergulhando completamente a cabeça ou
pegando insetos na vegetação localizada na
margem da água.
No Brasil se reproduzem no Rio Grande do
Sul e fora do período reprodutivo migram para
outros estados do país.
Predadores: lagarto-teiú (Salvator
merianae).
Reprodução: Os comportamentos de corte
envolvem esticar o pescoço e emitir vocalizações
ou realizar movimentos similares ao de beber
água ou de arrumar as penas atrás da asa. Antes
da cópula a fêmea realiza movimentos de erguer e
abaixar a cabeça, enquanto o macho realiza
movimentos de mergulhar o bico na água e a
arrumar as penas das costas.
A reprodução ocorre de junho a março, os
ninhos ficam em meio à vegetação herbácea,
como juncos. É exposto, construído com folhas de
junco e algumas vezes também com plumas.
Colocam nove a 19 ovos ou mais. A incubação é
realizada pela fêmea e dura aproximadamente 28
dias. Após a eclosão os filhotes deixam o ninho
para seguir seus pais.
Distribuição: Ocorrem no Chile, Bolívia,
Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil, onde
possuem registros Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e
Rio de Janeiro.
Altitude: Até 1.200 m.
Fontes: Beltzer & Mosso, 1992 in de la Peña,
2016; Rozzatti et al., 1994; Stotz et al., 1996; Dias,
1997; Sick, 1997; Di Giacomo, 2005; del Hoyo, 2005;
Sigrist, 2006; Ca et al., 2008; Dunning Jr., 2008;
Angseesing, 2008; Angseesing, 2008; Johnsgard, 2010;
Olguín et al., 2014; Salvador, 2014 in de la Peña, 2019;
Piacentini et al., 2016; de la Peña, 2016; Salvador et al.,
2017 in de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Mergus octosetaceus Vieillot, 1817
Nome popular: pato-mergulhão
Comprimento: 48-56 cm.
Peso do macho: 720-920 g.
Peso da fêmea: 690-860 g.
Habitat: Ocorrem em rios com corredeiras
de altitude em regiões montanhosas e com águas
claras e florestas ripárias preservadas.
Alimentação: Alimentam-se de peixes de 6
a 19 cm, como Characidae (Astyanax),
Cyprinodontidae (Phalloceros caudimaculatus),
Pimelodidae e Hemiodontidae; larvas de
Corydalus (Megaloptera) [consta como Corydalis,
na fonte original] e caramujos (Gastropoda).
Comportamento e observações: Deslocam-
se solitários ou em casais. Voam baixo vocalizando
ao longo do rio do qual não se afastam, pousam
em rochas e árvores caídas na água. Andam
rápido no solo. Forrageiam durante o dia,
mergulham para capturar peixes, ficam embaixo
da água por 15 a 20 segundos, eventualmente 30
segundos. Durante a noite permanecem em
rochas no meio do rio. Cada casal possui
territórios de 5 a 12 km ao longo dos rios onde
ocorrem.
Predadores: gavião-preto (Urubitinga
urubitinga), possivelmente o gavião-pato
(Spizaetus melanoleucus) e a ariranha (Pteronura
brasiliensis).
Reprodução: São monogâmicos. A corte
envolve perseguições da fêmea pelo macho e
81
movimentos circulares com a cauda e pescoço
levantado, movendo a cabeça para cima e para
baixo, também realizam remadas com as asas.
Quando um par do casal inicia esse
comportamento o outro logo o segue, após
pousam em alguma rocha para se secar e limpar
as penas. A fêmea indica sua receptividade
submergindo o corpo ao nível da água, o macho
então sobe na fêmea e segura as penas da crista
dela com o bico para realizar a cópula.
Reprodução registrada em julho e agosto. O
ninho fica em ocos de árvores ou barrancos na
beira de rios, eventualmente em encosta rochosa,
é forrado com plumas. Em geral os ninhos ficam
próximos de áreas de remansos de rios com
grandes poços. Colocam sete a oito ovos. A
incubação dura 32 a 34 dias e é realizada pela
fêmea, ela deixa o ninho uma ou duas vezes por
dia para se alimentar junto com o macho. Durante
a incubação o macho costuma pousar em rochas
no rio próximas do ninho.
Ambos os adultos cuidam dos filhotes. Ao
saírem do ninho os filhotes se deslocam na água
junto com os adultos, alguns podem ser
carregados nas costas pelos pais. Após crescerem
os filhotes podem se dispersar ao longo dos rios
onde vivem ou para outros rios diferentes do
nascimento a uma distância de quase 20 km.
Atingem a maturidade com 12 meses.
Distribuição: Há registros históricos dessa
espécie em Santa Catarina, Paraná e Rio de
Janeiro. Atualmente ocorrem em São Paulo, Minas
Gerais, Goiás e Tocantins. Há registros também na
Argentina e Paraguai.
Altitude: Até 1.300 m.
Fontes: Giai, 1951; Partridge, 1956; Stotz et al.,
1996; Sick, 1997; Silveira & Bartmann, 2001; Braz et al.,
2003; Lamas, 2006; Bruno, 2008; Bruno, 2008; De Paula
et al., 2008; Dunning Jr., 2008; Bruno et al., 2009;
Barbosa & Almeida, 2010; Johnsgard, 2010; Ribeiro et
al., 2011; Lins et al., 2011; de la Peña, 2016; Silva, 2016;
Ribeiro et al., 2018; Nema Neto et al., 2018; Wikiaves,
2019.
Heteronetta atricapilla (Merrem, 1841)
Nome popular: marreca-de-cabeça-preta
Comprimento: 35-40 cm.
Peso do macho: 434-589 g.
Peso da fêmea: 470-632 g.
Habitat: Ocorrem em lagos e brejos.
Alimentação: Alimentam-se de vegetais,
seus caules, folhas e sementes (e.g. Scirpus),
também insetos, crustáceos (e.g. Macrocrachium)
e moluscos (e.g. Biomphalaria).
Comportamento e observações: Deslocam-
se em bandos de 10 a 15 indivíduos, às vezes de
até 300 indivíduos, ou com outros Anatidae.
Forrageiam na superfície da água e filtrando lodo
em áreas de águas rasas. Ocasionalmente podem
mergulhar.
Podem realizar movimentos populacionais
em alguns locais da área de distribuição,
possivelmente devido a condições de pluviosidade
que influencia no nível de água de lagos e
banhados.
Predadores: de seus ovos: gavião-do-
banhado (Circus buffoni).
Reprodução: Os machos realizam exibições
de corte tanto para fêmeas sozinhas quanto para
aquelas que já possuem um par. Inflam o pescoço
e as bochechas, então subitamente levantam e
abrem o bico emitindo uma vocalização
característica, levantando as asas duas vezes e
levantando a cauda e chacoalhando-a.
Reprodução registrada entre setembro e
março. É uma espécie parasita de ninhos. Colocam
seus ovos em qualquer ninho acessível próximo da
água, de aves de seu porte, principalmente
aquáticas. Colocam um a oito ovos por ninho
parasitado. O período de incubação é de
aproximadamente 21 dias. Porém a taxa de
sucesso reprodutivo é baixa, consta de 20% em
alguns estudos. Os filhotes são precociais e podem
forragear sozinhos pouco tempo após a eclosão.
Parasita ninhos de Fulica armillata, Fulica
leucoptera, Fulica rufifrons, Netta peposaca,
Chauna torquata, Milvago chimango, Aramus
guarauna, Coscoroba coscoroba, Plegadis chihi,
Pardirallus sanguinolentus, Pardirallus maculatus,
Dendrocygna bicolor, Anas georgica, Anas
bahamensis, Oxyura vittata, Cygnus
melancoryphus, Callonetta leucophrys, Podiceps
major, Ciconia maguari, Circus buffoni, Platalea
ajaja, Phimosus infuscatus, Nycticorax nycticorax,
Rostrhamus sociabilis, Himantopus mexicanus e
Chroicocephalus maculipennis.
Distribuição: Ocorrem do Paraguai, Bolívia
Chile, Argentina e Brasil, no Rio Grande do Sul e
Santa Catarina.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Holland, 1980, 1982 in de la Peña, 2016;
Daguerre, 1920; Daguerre, 1923; Daguerre, 1921, 1922
in de la Peña, 2016; Zotta, 1934; Pereyra, 1937, 1938 in
de la Peña, 2016; Weller, 1967; Höhn, 1975; de la Peña,
1983; Belton, 1984; Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Sigrist, 2006; Dunning Jr., 2008; de la Peña & Salvador,
2010 in de la Peña, 2016; Johnsgard, 2010; Salvador,
2012 in de la Peña, 2016; Lyon & Eadie, 2013 in de la
Peña, 2016; Salvador, 2013; de la Peña, 2013 in de la
82
Peña, 2016; Salvador, 2014 in de la Peña, 2019; de la
Peña, 2016; Salvador et al., 2017 in de la Peña, 2019;
Cabrera et al., 2017; de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Nomonyx dominicus (Linnaeus, 1766)
Nome popular: marreca-caucau
Sinonímia recente: Oxyura dominica
Comprimento: 30-46 cm.
Peso: 346-425 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, rios e brejos
com vegetação densa, campos de arroz.
Alimentação: Alimentam-se de vegetais e
principalmente suas sementes (e.g. Polygonum e
Echinochloa).
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais ou em grupos com até 20 ou mais
indivíduos. Nadam semiafundadas, bastante
discretas. Forrageiam principalmente
mergulhando, mas às vezes também se alimentam
em terra.
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e maio. Nidificam em meio à vegetação
de lagos e brejos (juncais, pirizais). Constroem o
ninho usando fibras vegetais, gramíneas, juncos e
penas. Colocam quatro a seis ovos.
Durante cerimônia de corte, o macho incha
o pescoço e a garganta mantendo o bico um
pouco levantado, também levanta e abre a cauda
e boia sobre a água, sem se movimentar.
Distribuição: Ocorrem do Texas à Argentina
e em quase todos os estados do Brasil.
Altitude: Até 800 m.
Fontes: Beltzer & Mosso, 1992 in de la Peña,
2016; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty & Brown,
2001; Hilty, 2003; Sigrist, 2006; Schulenberg et al.,
2007; Dunning Jr., 2008; Johnsgard, 2010; Spaans et al.,
2015; de la Peña, 2016; Pagano & Salvador, 2017 in de
la Peña, 2019; de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Oxyura vittata (Philippi, 1860)
Nome popular: marreca-rabo-de-espinho
Comprimento: 36-46 cm.
Peso: 442-850 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, brejos,
banhados e estuários.
Alimentação: Alimentam-se de algas,
plantas (e.g. Scirpus), suas sementes, caules e
folhas. Também invertebrados como insetos (e.g.
besouros Dytiscidae), moluscos e crustáceos (e.g.
Macrocrachium).
Consomem moluscos (caramujos) das
seguintes famílias e gêneros: Ampullariidae:
Pomacea; Hydrobiidae: Littoridina; Planorbidae:
Biomphalaria.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória originária do sul do continente.
Nadam com a cauda erguida e aberta. Deslocam-
se em bandos, eventualmente de até 400
indivíduos.
Realizam comportamentos de exibição
envolvendo erguer e abaixar a cabeça, tanto para
fêmeas quanto para outros machos. Outra
exibição envolve manter a cabeça e pescoço
esticados a frente do corpo chacoalhando-os
convulsivamente. Também realizam exibições em
voo.
Reprodução: Reprodução registrada na
Argentina entre outubro e julho. O ninho fica em
meio à vegetação herbácea ripária de
seus habitat, é construído com fibras vegetais,
folhas, caules e juncos. Colocam seis a 15 ovos.
Após a eclosão os filhotes deixam o ninho e
começam a seguir os pais.
Os machos possuem um falo cloacal
intumescente e coberto de pequenos espinhos
que pode medir de 19 a 42,5 cm, permanece
oculto retraído dentro da cloaca quando a ave não
está realizando a cópula.
Distribuição: Ocorrem da Terra do Fogo ao
Paraguai e Brasil, onde possuem registros no Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e
Mato Grosso do Sul.
Altitude: Até 800 m.
Fontes: Contreras, 1975 in de la Peña, 2019;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; McCracken, 2000;
McCracken et al., 2001; Sigrist, 2006; Caet al., 2008;
Dunning Jr., 2008; de la Peña & Salvador, 2010 in de la
Peña, 2019; Johnsgard, 2010; de la Peña, 2016; Severo-
Neto et al., 2017; Salvador et al., 2017 in de la Peña,
2019; de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
83
Amazonetta brasiliensis
Sarkidiornis sylvicola
Mergus octosetaceus
84
Ordem Galliformes
Família Cracidae
Esta família é composta por aves
popularmente conhecidas como jacus, jacutingas,
mutuns e aracuãs. Muitas espécies são
características por uma projeção cutânea
vermelha localizada na parte frontal de seu
pescoço, à semelhança de galos e galinhas.
Estudos moleculares indicam que essa
família pode ter se originado em fins do Cretáceo
(entre 90 e 64 milhões de anos atrás), com uma
grande diversificação de gêneros tendo ocorrido
entre 41 e 1,6 milhões de anos atrás, ao longo da
Era Cenozoica.
Fósseis, ainda de classificação incerta, mas
relacionados à Cracidae por alguns autores datam
do Eoceno (56 a 34 milhões de anos atrás),
pertencentes ao gênero Procrax, ou do Oligoceno
(36 a 23 milhões de anos atrás), pertencentes ao
gênero Palaeonassax. Do Brasil fósseis de
Minas Gerais datados do Pleistoceno (20.000
atrás).
Características
Únicos Galliformes arborícolas, possuem
um corpo esguio, com pernas e cauda longas, asas
curtas e arredondadas. Possuem uma musculatura
peitoral bem desenvolvida, mas com capacidade
de voo reduzida. Seu voo é em geral mais utilizado
para a fuga e deslocamento entre as árvores.
A morfologia externa dos sexos é
semelhante, com exceção do gênero Crax
(excluindo-se Crax alector). Os machos possuem
falo cloacal (pseudopênis) para a cópula. Em
algumas espécies existe dimorfismo sexual na cor
da íris, como em Penelope obscura, P. jacucaca e
P. pileata, em que a íris do macho é vermelha e da
fêmea acastanhada (exceto em P. superciliaris).
Em Crax blumenbachii a íris do macho é castanha,
da fêmea adulta vermelha e da fêmea jovem
pardo-amarelada. Há também dimorfismo sexual
na cor do tarso em Crax.
As penas das asas de Penelope e Aburria
possuem estruturas modificadas que produzem
sons/ruídos, que também podem ter funções em
voos ritualísticos durante períodos reprodutivos.
Comportamento
A maioria das espécies dessa família ocorre
em áreas florestais, algumas são dependentes de
florestas primárias. Enquanto outras podem ser
observadas em florestas secundárias e inclusive
em fragmentos florestais em áreas urbanas ou em
proximidade de áreas agropecuárias.
Podem andar em bandos e também
construir seus ninhos próximos uns dos outros.
Algumas espécies tomam banho de poeira e de
sol. Pousam sempre no mesmo local para dormir,
muitas vezes esse pode ser localizado pelo
acúmulo de fezes (e.g. Crax fasciolata).
Fora da época de reprodução os mutuns
podem formar pequenos bandos só de machos ou
de fêmeas. Os Aburria cujubi no Mato Grosso
efetuam migrações locais ao longo de florestas
ripárias. No Rio Grande do Sul, as jacutingas
(Aburria jacutinga) já foram registradas como aves
migratórias, imigravam entre maio e junho
(inverno) em bando de quatro a dezesseis
indivíduos, nidificavam e emigravam em
dezembro (verão). Em Santa Catarina foram
registradas deslocamentos de jacutingas (A.
jacutinga), em invernos muito frios ou durante
frutificação de certas árvores, realizando então
migrações altitudinais.
Alimentação
Alimentam-se de frutas, flores, folhas e
brotos. Acompanham a frutificação de certas
palmeiras como o palmito-juçara (Euterpe edulis)
e o licuri (Syagrus coronata). Engolem os frutos
inteiros, a polpa é retirada no processo de
digestão e após regurgitam as sementes,
auxiliando na dispersão das mesmas. Em geral se
alimentam sobre as árvores, mas eventualmente
podem descer ao solo para comer frutas caídas.
Também podem se alimentar de pequenos
vertebrados, como anfíbios, e invertebrados
(moluscos, insetos, aranhas, centopeias). Em seus
estômagos podem ser encontradas pequenas
pedras, provavelmente para auxiliar na digestão
mecânica.
Não ciscam o solo como outros Galliformes
para obter seu alimento. Bebem água na beira dos
rios consistindo em um processo de sugar, com o
bico mantido dentro da água.
Reprodução
A maioria das espécies é monógama, porém
consta que Crax daubentoni (que não ocorre no
Brasil) são polígamos. Enquanto algumas espécies
85
podem nidificar em proximidade (e.g. Ortalis),
mutuns em casal mantêm territórios que
defendem contra invasores. Reproduzem-se pela
primeira vez com um a três anos.
Os machos de alguns mutuns, por exemplo,
Crax rubra (que não ocorre no Brasil), realizam
comportamentos ritualizados para atração das
fêmeas. Fazem o ninho em cipoais, no alto das
árvores, ramificações de troncos, em ramos sobre
a água, arbustos, sobre rochas, sobre bromélias
ou ainda em troncos caídos.
Na maioria das espécies as fêmeas realizam
a incubação, período em que os machos
alimentam as fêmeas. Colocam ovos brancos que
ficam manchados de outras cores (encardidos)
devido ao material sobre o qual ficam assentados.
A incubação dura 22 a 36 dias. Os filhotes são
precociais, eclodem dos ovos bem
desenvolvidos e em pouco tempo conseguem voar
e planar. Após a eclosão quase não comem, vivem
à custa de suas reservas de energia. Ambos os
adultos cuidam dos filhotes. Em cativeiro algumas
fêmeas de Cracidae continuaram se reproduzindo
até os 23 anos de idade.
Os filhotes dormem sob as asas da fêmea
(mutum) ou de ambos os pais (Ortalis)
empoleirados. Mesmo quando já estão crescidos
dormem encostados nos adultos. Acompanham os
pais por alguns meses (e.g. Crax blumenbachii,
Pauxi tuberosa). Os imaturos independentes se
unem em bandos separados dos adultos (e.g.
Penelope).
Fontes: Sick, 1997; Delehanty, 2001a; Brooks, 2002;
Pereira et al., 2002; Pereira & Baker, 2004; Beletsky,
2006; Sigrist, 2006; Likoff, 2007; Mayr, 2009.
Penelope marail (Statius Muller, 1776)
Nome popular: jacumirim
Comprimento: 55-73 cm.
Peso: 770-1015 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
preferencialmente floresta primária, e próximas
da água.
Alimentação: Alimentam-se principalmente
de frutas, também flores e, eventualmente,
insetos e cogumelos.
Consomem frutas de plantas das seguintes
famílias e gêneros: Annonaceae: Guatteria;
Arecaceae: Bactris, Euterpe, Geonoma;
Burseraceae: Tetragastris; Chrysobalanaceae: Cf.
Licania; Connaraceae: Connarus; Fabaceae: Inga;
Goupiaceae: Goupia; Hippocrateaceae:
Cheiloclignum; Humiriaceae: Sacoglottia;
Lauraceae: Cf. Aniba; Menispermaceae:
Orthomene; Moraceae: Brosimum; Myrtaceae:
Eugenia; Olacaceae: Minquartia; Polygonaceae:
Coccoloba; Rhamnaceae: Ziziphus; Rubiaceae:
Guettarda, Psychotria; Sapindaceae: Talisia;
Solanaceae: Solanum; Urticaceae: Coussapoa;
Vitaceae: Cissus.
Comportamento e observações: Espécie
altamente arboreal, raramente descem ao solo, se
deslocam pelo subdossel. Forrageiam durante o
dia e à noite. No período reprodutivo deslocam-se
em casais, em outros períodos do ano andam em
bandos de cerca de seis indivíduos.
Reprodução: Reprodução registrada em
outubro e novembro. Os ninhos ficam em árvores,
colocam dois a três ovos e a incubação dura 29
dias (em cativeiro).
Distribuição: Ocorrem nas Guianas,
Suriname, Venezuela e Brasil, onde possuem
registros no Amapá, Roraima, norte do Amazonas
e Pará.
Altitude: Até 700 m, possivelmente mais.
Fontes: Théry et al., 1992; Stotz et al., 1996;
Held & Werkhoven, 1997; Sick, 1997; Hilty, 2003;
Rodríguez-Mahecha et al., 2005; Sigrist, 2006; Muñoz &
Kattan, 2007; Dunning Jr., 2008; Spaans et al., 2015;
Thel et al., 2015; Melo, 2019; Wikiaves, 2019.
Penelope superciliaris Temminck, 1815
Nome popular: jacupemba
Comprimento: 55-73 cm.
Peso: 750-1150 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais, borda
de florestas, cerrado, caatinga, capoeira e
florestas ripárias. Preferem áreas com vegetação
densa próximo da água (córregos, rios, etc).
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
folhas, flores, frutos, invertebrados (insetos,
aracnídeos, crustáceos e miriápodes) e anfíbios
(e.g. Brachycephalus).
Consomem frutas de plantas das seguintes
famílias e gêneros: Anacardiaceae: Anacardium,
Schinus; Annonaceae: Annona; Apocynaceae:
Tabernaemontana; Aquifoliaceae: Ilex; Araliaceae:
Dendropanax, Didymopanax; Arecaceae: Euterpe,
Syagrus; Boraginaceae: Cordia; Burseraceae:
Protium; Cactaceae: Pereskia; Cariocaraceae:
Caryocar; Combretaceae: Buchenavia; Ebenaceae:
Diospyros; Dilleniaceae: Davilla; Euphorbiaceae:
Alchornea, Sapium, Margaritaria; Fabaceae:
Copaifera, Holocalyx, Senna; Flacourtiaceae:
86
Casearia; Lauraceae: Endlicheria, Nectandra,
Ocotea, Persea; Liliaceae: Smilax; Loganiaceae:
Strychnos; Malpighiaceae: Byrsonima;
Melastomataceae: Miconia; Meliaceae: Cabralea,
Guarea, Trichilia; Moraceae: Ficus, Maclura,
Sorocea; Myrsinaceae: Myrsine; Myrtaceae:
Calyptranthes, Campomanesia, Eugenia,
Gomidesia, Myrcia, Plinia, Psidium;
Nyctaginaceae: Guapira; Rosaceae: Prunus, Rubus;
Rubiaceae: Amaioua, Coccocypselum, Coffea,
Geophila, Guettarda, Palicourea, Psychotria,
Rudgea; Rutaceae: Zanthoxylum; Sapindaceae:
Allophylus, Cupania, Matayba; Sapotaceae:
Chrysophyllus, Pouteria; Solanaceae: Cestrum,
Solanum; Styracaceae: Styrax; Symplocaceae:
Symplocos; Thymeliaceae: Daphnopsis; Ulmaceae:
Trema; Urticaceae: Cecropia; Verbenaceae:
Aegiphila, Citharexylum, Vitex.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais ou em bandos, às vezes com mais de
10 indivíduos. Forrageiam nas árvores e no solo.
Agem como dispersores de sementes. São mais
ativos durante a manhã e no final da tarde.
Reprodução: Reprodução registrada em
outubro e novembro. O ninho fica em galhos de
árvores, sendo uma pequena plataforma de
gravetos e folhas, às vezes coberto com
trepadeiras. Podendo ser construído em meio a
bromélias, consistindo então em uma plataforma
pequena de folhas, liquens e pteridófitas
trepadeiras (Polipodiaceae: Microgramma sp.).
Colocam dois a três ovos, a postura ocorre em
dias alternados e a incubação dura até 28 dias
Distribuição: Ocorrem ao sul dos rios
Amazonas e Madeira, em todas as demais regiões
do Brasil até o Rio Grande do Sul. Aparentam não
ter uma distribuição muito ampla nas áreas de
Floresta de Araucária dos estados do sul do Brasil.
Ocorrem também na Argentina e Paraguai.
Altitude: Até 1.100 m.
Fontes: Moojen et al., 1941; Chebez, 1990 in de
la Peña, 2016; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Mikich,
2002; Manhães et al., 2003; Rodríguez-Mahecha et al.,
2005; Staggemeier & Galetti, 2005; Bodrati, 2006 in de
la Peña, 2016; Zaca et al., 2006; Sigrist, 2006; Toledo et
al., 2007; Carrano & Marins, 2008; Dunning Jr., 2008;
Bodrati & Haene, 2008 in de la Peña, 2016; Girotto,
2008; Cazetta et al., 2008; Toledo-Lima et al., 2013; de
la Peña, 2016; Pereira-Ribeiro et al., 2018; Moreira,
2018; Silva & Reis, 2019; Wikiaves, 2019.
Penelope jacquacu Spix, 1825
Nome popular: jacu-de-spix
Comprimento: 66-89 cm.
Peso: 1,25-1,80 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
florestas de galeria, borda de mata ou árvores
esparsas em campos.
Alimentação: Alimentam-se de frutas.
Consomem frutas de plantas das seguintes
famílias e gêneros: Annonaceae; Arecaceae:
Bactris, Euterpe, Geonoma, Iriartea, Jassenia,
Socratea, Oenocarpus, Mauritia; Cannabaceae:
Trema; Clusiaceae: Chrysoclamys; Fabaceae:
Hymenaea, Inga; Lauraceae: Aniba; Malvaceae:
Quararibeae; Meliaceae: Trichilia; Moraceae:
Batocarpus, Brosimum, Clarisia, Ficus, Pourouma,
Pseudolmedia, Sorocea; Myristicaceae: Iryanthera;
Nyctaginaceae: Neea; Sapotaceae: Pouteria;
Tiliaceae: Apeiba.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos, em casais ou em bandos. Forrageiam
nas árvores e ocasionalmente descem ao solo.
Vocalizam principalmente no começo da manhã e
ao final da tarde.
Predadores: falcão-relógio (Micrastur
semitorquatus).
Reprodução: Aparentemente podem
praticar monogamia e poliginia. Reprodução
registrada entre agosto e abril, variando conforme
a região. O ninho é construído com folhas e
poucos gravetos, sobre árvores ou em meio a
cipós e capim, também na copa de palmeiras ou
em galhos horizontais. Colocam um a três ovos. A
primeira reprodução ocorre com três anos de
idade.
Distribuição: Ocorrem no Amazonas, Acre,
sudoeste do Pará, Rondônia e Mato Grosso.
Também Bolívia, Colômbia, Peru, Venezuela e
Suriname.
Altitude: Até 1.400 m, eventualmente mais.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Zent, 1997;
Tejada & O’Neill, 1997; Begazo & Bodmer, 1998; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Rodríguez-Mahecha et al.,
2005; Sigrist, 2006; Martínez & Ayala, 2006; Spaans et
al., 2015; Leite, 2015; García, 2016; Mogollón, 2016;
Rocha et al., 2017.
Penelope obscura Temminck, 1815
Nome popular: jacuguaçu
Comprimento: 68-75 cm.
Peso: 1,00-2,10 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
mesmo em áreas urbanas e agropecuárias.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
flores, folhas, sementes e invertebrados.
87
Consomem frutas de plantas das seguintes
famílias e gêneros: Aquifoliaceae; Ilex;
Anacardiaceae: Mangifera, Schinus; Annonaceae:
Rollinia; Araliaceae: Hydrocotile; Arecaceae:
Archontophoenix, Euterpe, Livistona, Syagrus;
Bignoniaceae: Tecoma; Cannabaceae: Celtis;
Caprifoliaceae: Lonicera; Caricaceae: Carica;
Cucurbitaceae: Citrullus; Cupressaceae: Taxodium;
Euphorbiaceae; Fabaceae: Acacea , Desmodium;
Hypoxidaceae: Hypoxis; Lauraceae: Nectandra ,
Persea; Liliaceae: Smilax; Melastomataceae:
Miconia; Moraceae: Ficus, Morus; Myrtaceae:
Eugenia, Myrcia, Myrcyanthes, Psidium;
Myrsinaceae: Myrsine, Rapanea; Oleaceae:
Ligustrum; Phytolaccaceae: Phytolacca; Poaceae:
Zea mays; Podocarpaceae: Podocarpus;
Rhamnaceae: Condalia; Rosaceae: Duchesnea,
Prunus, Pyrus, Rubus; Rutacae: Citrus; Salicaceae:
Salix; Sapindaceae: Allophylus, Cupania;
Sapotaceae: Pouteria; Solanaceae: Solanum,
Vassobia; Styracaceae: Styrax; Urticaceae:
Cecropia; Verbenaceae: Citharexylum.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais ou em bandos. Vocalizam mais no
começo da manhã e final da tarde. Forrageiam em
árvores e no solo. Eventualmente pousam e se
deslocam caminhando em beiras de rodovias a
procura de alimentos. Atuam como dispersores de
sementes. O macho pode auxiliar a fêmea a
encontrar alimento e às vezes alimentá-la.
Predadores; gavião-relógio (Micrastur
semitorquatus), gavião-de-penacho (Spizaetus
ornatus), gavião-pega-macaco (Spizaetus
tyrannus).
Reprodução: Reprodução registrada entre
outubro e dezembro. A cópula pode ocorrer no
solo, com o macho subindo sobre a fêmea e
abrindo parcialmente as asas, possivelmente para
se equilibrar; enquanto ela permanece abaixada
no solo. registros de exibição, talvez
relacionada à corte, mas incerto se seria por parte
do macho ou da fêmea, em que o indivíduo
pousado em um galho, abaixa a parte frontal do
corpo e levanta e abre completamente a cauda.
O ninho é construído em árvores,
parcialmente escondido em meio a cipós e
trepadeiras, consiste em uma plataforma de
pequenos galhos e gravetos, forrado com folhas.
Colocam até três ovos, a postura ocorre em dias
alternados e a incubação dura 26 a 28 dias.
Distribuição: Ocorrem nas regiões sudeste e
sul do Brasil, também Uruguai, Paraguai,
Argentina e Bolívia.
Altitude: Até 2.200 m.
Fontes: Césari & Alonso, 1975 in de la Peña,
2016; Belton, 1984; Pineschi, 1990; Silveira, 1993;
Chalukian, 1997; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Merler et
al., 2001; Fadini & De Marco Jr., 2004; Rocha et al.,
2004; Rodríguez-Mahecha et al., 2005; Malzof et al.,
2005, 2006 in de la Peña, 2016; Vasconcelos et al.,
2006; Krügel et al., 2006; Sigrist, 2006; Sazima, 2007;
Vallejos et al., 2008; Dunning Jr., 2008; Roman et al.,
2010; de la Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2016;
Mazlof et al. 2010 in de la Peña, 2016; Joenck et al.,
2011; Parrini & Pacheco, 2011; Malzof et al., 2013;
Ikuta & Martins, 2013; Parrini, 2015; L.A. Ribeiro in
Parrini, 2015; Sazima, 2015; Vasconcellos-Neto et al.,
2015; de la Peña, 2016; Cazassa et al., 2016; Silva &
Reis, 2019; Wikiaves, 2019.
Penelope pileata Wagler, 1830
Nome popular: jacupiranga
Comprimento: 75-82 cm.
Peso: 1,10-1,60 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
preferencialmente sem impactos antrópicos.
Alimentação: Alimentam-se de frutas de
plantas das seguintes famílias e gêneros:
Arecaceae; Araliaceae: Schefflera; Malpighiaceae:
Byrsonima.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Deslocam-se sozinhos, em
casais ou bandos. Forrageiam no solo e nas copas
das árvores, por onde costumam se deslocar.
Também podem ser observados em áreas abertas
e estradas rurais próximas de florestas.
Reprodução: Colocam três a quatro ovos.
Filhotes de diferentes idades registrados entre
julho e fevereiro.
Distribuição: Ocorrem no Pará, leste do
Amazonas, oeste do Maranhão e noroeste do
Tocantins.
Altitude: Até cerca de 400 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Rodríguez-
Mahecha et al., 2005; Sigrist, 2006; Dario, 2008;
Dunning Jr., 2008; del Hoyo, 2010; Lima et al., 2014;
Leite & Barreiros, 2014; Yosheno, 2014; Martins, 2015;
Tavora, 2015; Brito, 2016; Gomes, 2016; Silva, 2017;
Lima, 2017; Wenoli, 2019; Wikiaves, 2019.
Penelope ochrogaster Pelzeln, 1870
Nome popular: jacu-de-barriga-castanha
Comprimento: 68-77 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas de floresta
entremeadas com campos, florestas ripárias e
florestas de áreas sazonalmente inundáveis.
88
Alimentação: Alimentam-se de frutas e
flores. Consomem frutas de plantas das seguintes
famílias e gêneros: Clusiaceae: Vismia; Urticaceae:
Cecropia.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Deslocam-se sozinhos, em
casais ou bandos. Forrageiam em árvores e no
solo. Descem ao solo para tomar água.
Reprodução: Colocam dois ovos. Filhotes
registrados entre outubro e dezembro. Há
registros de alguns com aproximadamente
metade do tamanho dos adultos em novembro e
outros menores em dezembro.
Distribuição: Ocorrem no oeste de Minas
Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Tocantins e sudoeste do Maranhão.
Altitude: Até cerca de 600 m.
Fontes: Sick, 1997; Olmos, 2003; Rodríguez-
Mahecha et al., 2005; Gussoni, 2008; Rodello, 2014;
Pinho et al., 2016; Garrigues, 2017; Correa, 2018;
Bittencourt, 2019; Wikiaves, 2019.
Penelope jacucaca Spix, 1825
Nome popular: jacucaca
Comprimento: 65-73 cm.
Habitat: Ocorrem na Caatinga, em áreas
florestais, florestas secundárias. Eventualmente
em áreas agrícolas.
Alimentação: Alimentam-se de frutos,
flores (e.g. Diodella) e folhas (e.g. Phaseolus).
Eventualmente insetos.
Consomem frutas de plantas das seguintes
famílias e gêneros: Arecaceae: Syagrus;
Capparaceae: Cynophalla; Erythroxylaceae:
Erythroxilum; Euphorbiaceae: Croton; Fabaceae:
Chloroleucon; Malpighiaceae: Byrsonima;
Malvaceae: Guazuma; Moraceae: Brosimum;
Myrtaceae: Eugenia; Olacaceae: Ximenia;
Rhamnaceae: Ziziphus; Verbenaceae: Lantana,
Vitex.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Deslocam-se sozinhos, em
casais ou em bandos. Em geral forrageiam durante
a manhã e final da tarde, no solo. Realizam
deslocamentos populacionais sazonais em suas
áreas de ocorrência em busca de alimentos.
Eventualmente nos locais onde se alimentam
ocorrem pequenas disputas entre as aves, com
bicadas, pulos e perseguições de um indivíduo por
outro. Dormem em árvores e costumam mudar os
locais de repouso noturno. Descem ao solo para
tomar água.
Reprodução: Filhotes registrados em agosto
e janeiro.
Distribuição: Ocorrem na região nordeste
do Brasil e norte de Minas Gerais.
Altitude: Até 500 m ou mais.
Fontes: Sick, 1997; Rodríguez-Mahecha et al.,
2005; Sigrist, 2006; Redies, 2013; Albano, 2015; Castro,
2016; Valtuille, 2017; Ubaid, 2017; Mendonça, 2018;
Wikiaves, 2019.
Aburria cumanensis (Jacquin, 1784)
Nome popular: jacutinga-de-garganta-azul
Sinonímia recente: Pipile cumanensis
Comprimento: 60-73,5 cm.
Peso do macho: 1300-1350 g.
Peso da fêmea: 970-1270 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de floresta
primária, florestas ripárias, florestas de terra
firme, florestas de galeria, florestas secas,
cerrados e várzeas.
Alimentação: Alimentam-se de frutas de
plantas das seguintes famílias e gêneros:
Arecaceae: Euterpe; Fabaceae: Inga; Lauraceae:
Aniba; Malvaceae: Quararibeae; Meliaceae:
Trichilia; Moraceae: Pseudolmedia, Ficus,
Brosimum; Urticaceae: Coussapoa.
Comportamento e observações: Deslocam-
se por galhos horizontais no subdossel e dossel
das árvores. Não costumam descer ao solo, mas
eventualmente o fazem para tomar água,
forragear e consumir argila. Deslocam-se em
casais ou bandos de até 15 indivíduos. Apesar de
sua dependência do ambiente florestal podem
cruzar grandes áreas abertas como rios. Realizam
deslocamentos altitudinais em busca de
alimentos.
Reprodução: Aparentemente
monogâmicos. Reprodução registrada em agosto
e setembro. Constroem o ninho sobre árvores, em
partes densas da vegetação. Colocam um a quatro
ovos. Primeira reprodução ocorre com três anos
de idade. Filhotes registrados em outubro.
Distribuição: Ocorrem no Peru, Paraguai,
Bolívia, Suriname e Brasil, onde possuem registros
no Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia,
Acre, Amazonas, Roraima e noroeste do Pará.
Altitude: Até 700 m, eventualmente mais.
Fontes: Sick, 1997; Tejada & O’Neill, 1997; Zent,
1997; Begazo & Bodmer, 1998; Rodríguez-Mahecha et
al., 2005; Sigrist, 2006; Schulenberg et al., 2007;
Dunning Jr., 2008; Patrial, 2012; Julio, 2013; Spaans et
al., 2015; Mogollón, 2016; Wikiaves, 2019.
89
Aburria cujubi (Pelzeln, 1858)
Nome popular: cujubi
Sinonímia recente: Pipile cujubi
Comprimento: 69-76 cm.
Peso: 1,10-1,30 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
florestas ripárias, florestas de terra firme e
campos.
Alimentação: Alimentam-se de frutas e
flores (e.g. Bignoniaceae). Consomem frutas de
plantas das seguintes famílias e gêneros:
Araliaceae: Schefflera; Arecaceae; Urticaceae:
Cecropia.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em bandos, alguns com até 30 indivíduos.
Forrageiam sobre árvores e no solo, inclusive nas
margens de rios.
Distribuição: Ocorrem no Mato Grosso do
Sul, Mato Grosso, Pará, leste de Rondônia, oeste
de Goiás e do Tocantins. Também na Bolívia.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Rodríguez-
Mahecha et al., 2005; Dunning Jr., 2008; Clarke, 2008;
Ramirez, 2011; Franco, 2015; Purificação et al., 2015;
Aurora, 2017; Corrêa, 2019; Wikiaves, 2019.
Aburria jacutinga (Spix, 1825)
Nome popular: jacutinga
Sinonímia recente: Pipile jacutinga
Comprimento: 63-75 cm.
Peso: 1,10-1,40 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas de florestas
montanhosas subtropicais, florestas de encosta,
florestas de baixa litorânea.
Alimentação: Alimentam-se de frutos,
sementes, brotos e invertebrados (moluscos e
insetos). Os frutos que ingerem possuem um
diâmetro que varia 0,4 mm a 25 mm.
Consomem frutas de plantas das seguintes
famílias e gêneros: Annonaceae: Xylopia;
Anacardiaceae: Tapirira; Arecaceae: Euterpe,
Syagrus; Boraginaceae: Cordia; Burseraceae:
Protium; Clusiaceae: Rheedia; Euphorbiaceae:
Hyeronima; Lauraceae: Cryptocarya, Endlisheria,
Ocotea, Persea, Nectandra; Malpighiaceae:
Byrsonima; Melastomataceae: Miconia;
Meliaceae: Guarea; Moraceae: Ficus, Sorocea;
Myrtaceae: Campomanesia, Eugenia, Myrcia;
Myristicaceae: Virola; Myrsinaceae: Rapanea;
Phytolaccaceae: Phytolacca; Podocarpaceae:
Podocarpus; Quiinaceae: Quiina; Rubiaceae:
Chomelia; Sabiaceae: Meliosma; Sapotaceae:
Chrysophyllum; Sapindaceae: Allophylus, Cupania,
Matayba; Urticaceae: Cecropia, Pouroma;
Verbenaceae: Citharexylum.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos, em casais ou em bandos. Pousam
sobre rochas em áreas ripárias para tomar água.
Forrageiam em árvores e no solo. Há registro de
um indivíduo procurando alimento dentro da água
rasa de um córrego. Podem produzir sons
instrumentais com as penas de suas asas.
Entre os frutos dos quais se alimentam os
de palmito-juçara (Euterpe edulis) estão entre os
principais. Aburria jacutinga realiza migrações
altitudinais na Serra do Mar seguindo a
frutificação de E. edulis, cujos frutos amadurecem
mais cedo em altitudes inferiores.
Originalmente ocorriam na região da Serra
do Mar em qualquer altitude, em locais
acidentados e cobertos com florestas densas,
onde nidificavam. Atualmente seus números
populacionais encontram-se bastante reduzidos.
Reprodução: Reprodução registrada entre
agosto e novembro. O ninho é construído sobre
árvores, consiste em uma tigela de galhos,
internamente preenchido com trepadeiras e
folhas. Colocam dois a quatro ovos e a incubação
dura aproximadamente 28 dias.
Durante a corte realizam um display, uma
exibição em voo, com o som produzido pelas
penas modificadas das asas.
Distribuição: Originalmente ocorriam desde
o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul, norte da
Argentina e Paraguai. Atualmente possuem
registros em Santa Catarina, Paraná, São Paulo,
Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Altitude: Até 900 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Galetti et
al., 1997; Rodríguez-Mahecha et al., 2005; Sigrist, 2006;
Bodrati & Haene, 2008 in de la Peña, 2016; Dunning Jr.,
2008; de la Peña, 2016; Kindel & Kohler, 2017;
Humphries & Robinson, 2018; Wikiaves, 2019.
Ortalis canicollis (Wagler, 1830)
Nome popular: aracuã-do-pantanal
Comprimento: 50-56 cm.
Peso: 480-600 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de floresta,
florestas ripárias e florestas secundárias.
Alimentação: Alimentam-se de flores,
néctar, brotos, sementes, frutos e invertebrados
(insetos).
Consomem brotos ou flores de plantas das
seguintes famílias e gêneros: Apocynaceae:
Aspidosperma; Bignoniaceae: Tabebuia;
90
Boraginaceae: Patagonula; Capparidaceae:
Crataeva; Fabaceae: Cassia, Enterolobium, Inga;
Prosopis; Meliaceae: Melia; Rubiaceae: Genipa;
Salicaceae: Banara; Verbenaceae: Vitex.
Consomem frutas de plantas das seguintes
famílias e gêneros: Achatocarpaceae:
Achatocarpus; Anacardiaceae: Schinus; Arecaceae:
Copernicia; Syagrus; Cactaceae: Opuntia
(filoclado); Cannabaceae: Celtis; Capparidaceae:
Crataeva; Convolvulaceae: Ipomoea;
Cucurbitaceae: Cayaponia; Erythroxilaceae:
Erythroxilum; Euphorbiaceae: Sapium; Fabaceae:
Andira; Lauraceae: Ocotea; Liliaceae: Smilax;
Malpighiaceae: Byrsonima; Meliaceae: Melia;
Menispermaceae: Cissampelos; Moraceae: Ficus,
Maclura; Myrtaceae: Eugenia, Myrcia, Psidium;
Myrsinaceae: Myrsine; Phytolaccaceae: Rivina;
Polygonaceae: Coccoloba; Rhamnaceae: Zizyphus;
Rubiaceae: Genipa; Rutaceae: Citrus; Salicaceae:
Banara; Santalaceae: Phoradendron; Sapindaceae:
Allophylus, Paullinia; Sapotaceae: Chrysophyllum;
Simaroubaceae: Castela; Solanaceae: Lycium,
Solanum, Vassobia; Urticaceae: Cecropia, Urera.
Comportamento e observação: Deslocam-
se em casais ou bandos de até 30 indivíduos.
Forrageiam no solo, em arbustos e em árvores.
Durante a noite descansam em bandos,
empoleirados lado a lado. Ao vocalizar podem
esticar o pescoço para cima e jogar um pouco a
cabeça para trás. Agem como dispersores de
sementes.
Predadores: falcão-relógio (Micrastur
semitorquatus), águia-cinzenta (Urubitinga
coronata), jacurutu (Bubo virginianus), de seus
ovos: carcará (Caracara plancus).
Reprodução: Reprodução registrada entre
outubro e fevereiro, o ninho consiste em uma
plataforma construída com talos de vegetais,
trepadeiras e galhos, forrado com folhas e
gravetos finos. Fica assentado em árvores ou
arbustos, às vezes coberto com trepadeiras.
Colocam dois a quatro ovos, a postura ocorre em
dias alternados e a incubação dura 27 a 28 dias.
Os indivíduos realizam uma exibição,
mantendo o corpo na horizontal ou com a parte
frontal um pouco abaixada e levantando a cauda
completamente aberta na vertical.
Distribuição: Ocorrem da Bolívia à
Argentina e no Brasil apenas no sudoeste do Mato
Grosso e oeste de Mato Grosso do Sul.
Altitude: Até 1.200 m, eventualmente mais.
Fontes: Bucher, 1980 in de la Peña, 2016; Stotz
et al., 1996; Sick, 1997; Rodríguez-Mahecha et al.,
2005; Di Giacomo, 2005; Zaparoli, 2005; Sigrist, 2006;
Carrara et al., 2007; Dunning Jr., 2008; de la Peña &
Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; Castro, 2012;
Luccia, 2012; Paludetto et al., 2012; Paiva et al., 2013;
Schaaf et al., 2014; Ragusa-Netto, 2015; Olmos, 2016;
de la Peña, 2016; Mendes et al., 2017; Wikiaves, 2019.
Ortalis guttata (Spix, 1825)
Nome popular: aracuã-pintado
Comprimento: 43-52 cm.
Peso: 620 g.
Habitat: Ocorrem em florestas ripárias,
borda de florestas e florestas secundárias, mesmo
próximos de ocupações humanas.
Alimentação: Alimentam-se de frutas.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em pequenos bandos. Forrageiam em árvores e
no solo. Os indivíduos realizam exibições
levantando a cauda na vertical e abrindo
completamente as penas com o corpo inclinado
para a frente. Quando vocalizam esticam o
pescoço para cima.
Predadores: de seus ovos: serpente
Phrynonax polylepis.
Reprodução: Reprodução registrada entre
outubro e novembro. Os ninhos ficam em árvores.
Mesmo após os filhotes já terem quase o tamanho
dos pais, estes ainda podem alimentá-los no bico.
Distribuição: Ocorrem na Colômbia,
Equador, Peru, Bolívia e Brasil, onde possuem
registros no oeste do Mato Grosso, oeste do Pará,
Rondônia, Amazonas e Acre.
Altitude: Até 1.800 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Rodríguez-
Mahecha et al., 2005; del Hoyo, 2005; Sigrist, 2006;
Schulenberg et al., 2007; Allen, 2014; Rueda, 2014;
Ângulo & Chavez, 2017; Wikiaves, 2019; Bossi, 2020.
Ortalis remota Pinto, 1960
Nome popular: aracuã-guarda-faca
Sinonímia recente: Ortalis guttata remota
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
florestas ripárias.
Alimentação: Alimentam-se de frutas, e.g.
Urticaceae: Cecropia.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Até recentemente essa
espécie havia sido considerada como subespécie
de Ortalis guttata. Deslocam-se sozinhos, em
casais ou em bandos, em meio às árvores. Ao
vocalizar esticam o pescoço e podem eriçar as
penas acima da cabeça ou levantar o bico.
91
Distribuição: Ocorriam no Mato Grosso do
Sul e São Paulo, estado ao qual atualmente está
restrita.
Altitude: Aproximadamente 500 m.
Fontes: Silveira et al., 2017; Briso, 2017; Silva,
2018; Brito, 2018.
Ortalis araucuan (Spix, 1825)
Nome popular: aracuã-de-barriga-branca
Sinonímia recente: Ortalis guttata
araucuan
Comprimento: 40-47 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas de cerrado,
floresta e restinga.
Alimentação: Alimentam-se de frutas e
flores.
Consomem frutas de plantas das seguintes
famílias e gêneros: Myrtaceae: Eugenia;
Arecaceae; Musaceae: Musa.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil, foi considerada como
subespécie de Ortalis guttata. Vocalizam em geral
no começo da manhã, vários indivíduos vocalizam
juntos. Podem dormir em bandos, às vezes com os
indivíduos pousados no mesmo galho. Forrageiam
em árvores e no solo. Ao vocalizar esticam o
pescoço para cima e podem levantar o bico.
Reprodução: Reprodução registrada entre
janeiro e março. A cópula ocorre no solo. O ninho
fica sobre árvores, tem forma de tigela, construído
com folhas secas e gravetos. Colocam três ovos. A
incubação dura 29 a 30 dias.
Distribuição: Ocorrem de Minas Gerais e
Espírito Santo rumo ao norte até o Rio Grande do
Norte.
Altitude: Até 700 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Lima,
2005; Guaitolini, 2011; Toledo-Lima et al., 2013;
Henriques, 2014; Messias, 2015; Piacentini et al., 2015;
Lahr, 2015; Souza, 2016; Oliveira, 2018; Rumão, 2018;
Wikiaves, 2019; Tonini et al., 2020.
Ortalis squamata (Lesson, 1829)
Nome popular: aracuã-escamoso
Sinonímia recente: Ortalis guttata
squamata
Comprimento: 50 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais da
encosta atlântica e também em fragmentos
florestais próximo da área urbana.
Alimentação: Consomem frutas de plantas
das seguintes famílias e gêneros: Arecaceae:
Butia, Euterpe; Ebenaceae: Diospyros;
Erythroxylaceae: Erythroxylum; Musaceae: Musa;
Rosaceae: Eriobotrya.
Comportamento e observações: Essa
espécie já foi considerada como subespécie de
Ortalis guttata. Espécie endêmica do Brasil.
Deslocam-se em bandos. Os indivíduos de um
bando podem vocalizar em conjunto. Costumam
vocalizar no começo da manhã. Forrageiam no
solo e em árvores. Ao vocalizarem esticam o
pescoço e erguem a cabeça.
Reprodução: Reprodução registrada em
novembro. Filhotes registrados de dezembro a
março. O ninho é uma plataforma pequena de
folhas secas e gravetos, sobre árvores. Colocam
dois a quatro ovos. A incubação dura
aproximadamente 27 dias. Ambos os adultos
cuidam dos filhotes.
Distribuição: Ocorrem no Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Belton, 1984; Okita, 2011; Riedtmann,
2013; Ramos, 2013; Couto, 2013; Janke, 2016; Farias,
2016; Santos, 2016; Santos, 2017; Marcon & Vieira,
2017; Silveira et al., 2017; Silva & Reis, 2019; Wikiaves,
2019.
Ortalis motmot (Linnaeus, 1766)
Nome popular: aracuã-pequeno
Comprimento: 46-53 cm.
Peso: 385-620 g.
Habitat: Ocorrem em florestas úmidas,
florestas ripárias, borda de floresta, também em
áreas de floresta secundária.
Alimentação: Alimentam-se de frutas (e.g.
Arecaceae; Meliaceae: Guarea) e de folhas
(Caricaceae: Carica).
Comportamento e observações: Deslocam-
se em bandos. Ao vocalizarem esticam o pescoço
e levantam um pouco o bico, às vezes também
eriçam as penas do topo da cabeça. Vocalizam
principalmente no começo da manhã e final da
tarde. Forrageiam no solo e em árvores. Tomam
banho de sol em áreas abertas.
Reprodução: Reprodução registrada em
outubro e novembro. Filhotes registrados entre
novembro e maio. O ninho é pequeno e fica em
árvores, construído com gravetos.
Distribuição: Ocorrem na Venezuela,
Guianas, Colômbia, Suriname e no Brasil, onde
possuem registros no Pará, Roraima, Amapá e
Amazonas, ao norte do Rio Amazonas.
Altitude: Até 2.000 m, eventualmente 2.500
m.
92
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty, 2003;
Rodríguez-Mahecha et al., 2005; Sigrist, 2006; Dunning
Jr., 2008; Carvalho, 2009; Valencia & Cruz-Trujillo,
2009; Czaban, 2010; Caputo, 2014; Fernandes, 2014;
Czaban, 2015; Guimarães, 2016; Martins, 2017;
Wikiaves, 2019; Tomotani et al., 2020.
Ortalis ruficeps (Wagler, 1830)
Nome popular: aracuãzinho
Sinonímia recente: Ortalis motmot ruficeps
Alimentação: Alimentam-se de frutas.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Até recentemente
considerada como subespécie de Ortalis motmot.
Distribuição: Ocorrem ao sul do Rio
Amazonas, no Pará e Mato Grosso.
Fontes: Tomotani et al., 2020.
Ortalis superciliaris (Gray, 1867)
Nome popular: aracuã-de-sombrancelhas
Comprimento: 42-46 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de frutas (e.g.
Arecaceae: Euterpe).
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Deslocam-se em bandos.
Forrageiam no solo e em árvores.
Reprodução: Reprodução registrada entre
dezembro e fevereiro. O ninho é uma plataforma
rudimentar feita com gravetos secos. Colocam
dois a três ovos.
Distribuição: Ocorrem de Belém até o
Maranhão, Piauí e Tocantins.
Altitude: Até 1.000 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Rodríguez-
Mahecha et al., 2005; Sigrist, 2006; Timm, 2011;
Piacentini et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Nothocrax urumutum (Spix, 1825)
Nome popular: urumutum
Comprimento: 50-58 cm.
Peso: 1,25-1,70 kg.
Habitat: Ocorrem em florestas úmidas da
Amazônia, em regiões de solo branco arenoso e
águas escuras, florestas de terra firme e florestas
de várzea, nestas nos meses de seca.
Alimentação: Alimentam-se de frutas, e.g.
Arecaceae: Oenocarpus, Mauritia.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos, em casais ou em bandos de três a
quatro indivíduos no solo embaixo das árvores.
São ativos durante o dia e podem se alimentar
também durante a noite. Forrageiam no solo.
Vocalizam principalmente no começo da noite e
no final da madrugada, às vezes durante quase
toda a noite. Não vocalizam na chuva. Dormem
empoleirados no dossel, quase sempre nas
mesmas árvores. O casal pode dormir próximo um
do outro, mas nunca na mesma árvore. Podem
seguir bandos de macacos para aproveitar os
frutos derrubados por estes no solo.
Reprodução: Os ninhos podem ser
construídos no topo de troncos em decomposição
ou em troncos caídos. Do que consta de
exemplares em cativeiro, colocam dois ovos. A
incubação é realizada pela fêmea, porém os
machos mantêm-se em vigilância para proteger o
ninho. A maturidade sexual é atingida com dois a
três anos de meio de vida.
Distribuição: Ocorrem na Venezuela,
Colômbia, Equador, Peru e Brasil, onde possuem
registros no Amazonas, Rondônia e Mato Grosso.
Altitude: Até 800 m.
Fontes: Sick, 1970; Stotz et al., 1996; Defler &
Defler, 1997; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Parker III,
2002; Hilty, 2003; Rodríguez-Mahecha et al., 2005;
Sigrist, 2006; Muñoz & Kattan, 2007; Dunning Jr., 2008;
Piffer et al., 2012; García, 2016; Vizcaíno & Rueda,
2018; Wikiaves, 2019.
Crax alector Linnaeus, 1766
Nome popular: mutum-poranga
Comprimento: 85-97 cm.
Peso do macho: 2,85-3,75 kg.
Peso da fêmea: 2,40-3,42 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
principalmente não impactadas. Podem se
deslocar em áreas abertas, mas sempre próximo
da borda de florestas.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
flores, folhas, cogumelos, invertebrados e
vertebrados. Dentre os invertebrados consomem
insetos, aracnídeos e crustáceos; e dentre os
vertebrados anfíbios, lagartos, serpentes e
pequenos roedores.
Consomem frutas de plantas das seguintes
famílias e gêneros: Annonaceae: Duguettia,
Ephedranthus, Guatteria, Xylopia; Arecaceae:
Bactris, Euterpe, Geonoma; Bombaceae: Bombax;
Burseraceae: Protium, Tetragastris; Celastraceae:
Goupia; Chrysobalanaceae: Licania;
Cucurbitaceae: Cayaponia; Euphorbiaceae:
Drypetes, Hyeronima; Fabaceae: Inga, Eperua,
Parkia, Swartzia; Humiriaceae: Sacoglottia;
Icacinaceae: Leretia, Paraqueiba; Lauraceae:
93
Ocotea; Liliaceae: Smilax; Marantaceae: Galathea;
Meliaceae: Guarea, Trichilia; Menispermaceae:
Abuta, Orthomene; Moraceae: Brosimum,
Naucleopsis; Myristicaceae: Iryanthera, Virola;
Myrtaceae: Eugenia; Olacaceae: Minquarta;
Papilionaceae: Dussia; Passifloraceae: Passiflora;
Polygonaceae: Coccoloba; Rhamnaceae: Ziziphus;
Rubiaceae: Duroia, Posogueria, Psychotria;
Sapindaceae: Cupania, Talisia; Sapotaceae:
Eccinusa, Pouteria; Solanaceae: Solanum;
Urticaceae: Cecropia, Pourouma.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos, em casais ou pequenos bandos de até
oito indivíduos. Forrageiam preferencialmente no
solo. Empoleiram-se em galhos altos para dormir,
usam quase sempre o mesmo local para dormir. O
casal pode dormir na mesma árvore. Podem
seguir bandos de macacos para comer os frutos
derrubados por estes no solo.
Reprodução: Aparentemente
monogâmicos. Reprodução registrada entre
janeiro e abril. Filhotes registrados em junho. O
ninho é uma plataforma simples feita com
gravetos ou os ovos podem ser colocados
diretamente sobre folhas que estão sobre o
substrato ou em copas de palmeiras. Podem
produzir duas crias por estação reprodutiva.
Atingem a maturidade com dois anos.
Distribuição: Ocorrem na Colômbia,
Venezuela, Suriname, Guianas e Brasil, onde
possuem registros no Amapá, Roraima, nordeste
do Amazonas e norte do Pará.
Altitude: Até 1.400 m.
Fontes: Erard et al., 1991; Stotz et al., 1996;
Defler & Defler, 1997; Held & Werkhoven, 1997; Sick,
1997; Zent, 1997; Vié, 1999; Hilty & Brown, 2001; Hilty,
2003; Sigrist, 2006; Rodríguez-Mahecha et al., 2005;
Erard et al., 2007; Muñoz & Kattan, 2007; Dunning Jr.,
2008; Holderbaum, 2010; Spaans et al., 2015; Wikiaves,
2019.
Crax globulosa Spix, 1825
Nome popular: mutum-de-fava
Comprimento: 82-89 cm.
Peso: 2,50 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas de floresta
úmida, floresta de terra firme, floresta de várzea e
grandes ilhas fluviais com florestas,
preferencialmente ambientes que alagam em
algum período do ano.
Alimentação: Alimentam-se de frutas e
invertebrados. Dentre os invertebrados
consomem insetos (Coleoptera e Hymenoptera),
crustáceos (Decapoda), moluscos (Bivalvia) e
aracnídeos. Eventualmente restos de peixes.
Consomem frutas de plantas das seguintes
famílias e gêneros: Annonaceae: Annona,
Malmea; Apocynaceae; Arecaceae: Euterpe,
Oenocarpus; Celatraceae: Maytenus; Clusiaceae:
Calophyllum; Eleocarpaceae: Sloanea;
Euphorbiaceae: Hevea, Mabea, Piranhea;
Fabaceae: Abarema, Campsiandra, Dialium, Inga,
Macrolobium, Vatairea; Huminaceae: Vantanea;
Lauraceae: Ocotea; Lecythidaceae: Eschweilera,
Lecythis; Malpighiaceae: Byrsonima; Malvaceae:
Pseudobombax; Melastomataceae: Bellucia,
Miconia; Meliaceae: Trichilia; Moraceae: Ficus,
Sorocea; Myristicaceae: Virola; Myrtaceae:
Eugenia; Putranjivaceae: Drypetes; Rubiaceae:
Calycophyllum, Duroia; Salicaceae: Banara;
Sapindaceae: Matayba; Sapotaceae: Manilkara;
Urticaceae: Cecropia, Coussapoa, Pourouma;
Verbenaceae: Vitex; Vochysiaceae: Vochysia.
Comportamento e observações: De hábito
mais arborícola do que as demais espécies desse
gênero. Deslocam-se sozinhos ou em bandos de
até nove indivíduos. Os bandos em geral possuem
uma maior quantidade de fêmeas.
Predadores: gavião-carijó (Rupornis
magnirostris).
Reprodução: Reprodução registrada entre
julho e setembro. O ninho é construído próximo
da água, construído em árvores, feito com
gravetos, folhas secas e trepadeiras ou em
bromélias, usando sua base como o ninho.
Colocam dois ovos. Após saírem do ninho os
filhotes ainda permanecem com os pais por mais
de 10 meses.
Realizam comportamento de corte, o
macho joga o pescoço para trás colocando a
cabeça nas costas, também levanta a cauda,
dando voltas rápidas ao redor da fêmea.
Distribuição: Ocorrem na Colômbia, Peru,
Bolívia e Brasil, do alto rio Amazonas e do rio
Solimões até Manaus (Amazonas) e rios Madeira e
Guaporé.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Rodríguez-Mahecha et al., 2005; Sigrist,
2006; Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008; Luna-
Maira et al., 2013; Leite et al., 2016; Leite, 2017; Leite
et al., 2017; Wikiaves, 2019.
Crax fasciolata Spix, 1825
Nome popular: mutum-de-penacho
Comprimento: 75-85 cm.
94
Peso: 2,28-2,80 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
florestas ripárias, florestas de galeria, cerrados,
áreas abertas, campos sujos e plantações.
Alimentação: Alimentam-se de brotos,
folhas, sementes, flores e invertebrados
(crustáceos, insetos, moluscos, miriápodes).
Comportamento e observações: Dentre as
três sub-espécies que ocorrem no Brasil, C. f.
pinima é tratada como espécie separada por
alguns autores. Deslocam-se sozinhos, em casais
ou bandos de até cinco indivíduos, às vezes até 12
indivíduos. Forrageiam no solo.
Reprodução: Reprodução registrada entre
outubro e dezembro. Filhotes registrados entre
outubro e fevereiro. O ninho é construído sobre
árvores, consiste em uma plataforma de galhos e
gravetos, forrado com folhas no interior. Colocam
dois ovos. O período de incubação dura 30 a 32
dias. É possível que realizem algum
comportamento de corte, similar a um lek, em
que vários machos se exibem para uma fêmea.
Distribuição: Ocorrem na Bolívia, Paraguai,
Argentina e Brasil, do sul do Amazonas, do
Tapajós ao Maranhão, Tocantins, Mato Grosso,
Goiás, Mato Grosso do Sul, oeste de Minas Gerais,
São Paulo e Paraná.
Altitude: Até 900 m, eventualmente mais.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Rodríguez-
Mahecha et al., 2005; Straube & Urben-Filho, 2005;
Sigrist, 2006; Muñoz & Kattan, 2007; Dunning Jr., 2008;
Desbiez & Bernardo, 2011; Fernández-Duque et al.,
2013; Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016;
Rodrigues, 2018; Mendo, 2018; Wikiaves, 2019.
Crax blumenbachii Spix, 1825
Nome popular: mutum-de-bico-vermelho
Comprimento: 84 cm.
Peso: 3,50 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas de floresta
primária alta, em regiões quentes e úmidas. Às
vezes floresta secundária.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes, folhas e às vezes invertebrados, como
centopeias (Chilopoda) e aranhas (e.g. Lycosa).
Consomem frutas de plantas das seguintes
famílias e gêneros: Arecaceae: Geonoma;
Lecythidaceae: Lecythis; Myristicaceae: Virola.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Deslocam-se sozinhos ou em
bandos de dois a quatro indivíduos. São mais
ativos durante o começo da manhã e menos ao
longo do dia. Forrageiam no solo.
Predadores: macaco-prego-de-peito-
amarelo (Sapajus xanthosternos).
Reprodução: É possível que pratiquem a
poliginia, um macho se reproduza com mais de
uma fêmea. Reprodução registrada em dezembro.
Filhotes registrados em outubro, dezembro a
fevereiro. O ninho fica sobre árvores, feito com
gravetos. Colocam dois ovos. A incubação dura
aproximadamente 28 dias. Os filhotes dormem
empoleirados com a fêmea e esta pode protegê-
los cobrindo-os com suas asas.
Distribuição: Ocorrem no sul da Bahia,
Espírito Santo, Rio de Janeiro e leste de Minas
Gerais.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Rodríguez-
Mahecha et al., 2005; Sigrist, 2006; Dunning Jr., 2008;
Lima et al., 2008; Carvalho, 2012; Srbek-Araujo et al.,
2012; Piacentini et al., 2015; Albano, 2015; Canale &
Bernardo, 2015; Alves et al., 2017; Santos et al., 2019;
Wikiaves, 2019.
Pauxi tomentosa (Spix, 1825)
Nome popular: mutum-do-norte
Sinonímias recentes: Mitu tomentosum;
Crax tomentosa
Comprimento: 75-85 cm.
Peso do macho: 2,30-2,60 kg.
Peso da fêmea: 1,30-2,42 kg.
Habitat: Ocorrem em florestas de galeria,
florestas ripárias e florestas de terra firme. Podem
entrar em floresta secundária para procurar
alimento.
Alimentação: Alimentam-se de frutas.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos, em casais ou pequenos bandos.
Forrageiam principalmente sobre árvores,
também no solo.
Reprodução: Aparentemente
monogâmicos. Reprodução registrada em junho.
O ninho fica sobre árvores, podem também
colocar os ovos em locais planos em galhos.
Podem produzir duas crias por estação
reprodutiva. Atingem a maturidade com
aproximadamente dois anos e meio.
Distribuição: Ocorrem na Guiana,
Venezuela, Colômbia e Brasil, no nordeste do
Amazonas e Roraima.
Altitude: Até 600 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Zent, 1997;
Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Rodríguez-Mahecha
et al., 2005; Sigrist, 2006; Muñoz & Kattan, 2007;
Dunning Jr., 2008; Wikiaves, 2019.
95
Pauxi tuberosa (Spix, 1825)
Nome popular: mutum-cavalo
Sinonímias recentes: Mitu tuberosum; Crax
tuberosa
Comprimento: 83-89 cm.
Peso do macho: 2,50-3,86 kg.
Peso da fêmea: 2,32 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas de florestas
úmidas, florestas de terra firme, floresta de
várzea, florestas de galeria e florestas ripárias.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
folhas e sementes. Também invertebrados
(Lepidoptera, Coleoptera e Orthoptera) e
vertebrados, como anfíbios (Anura: Edalorhina
perezi) e restos de peixes (Pterygoplichthys
multiradiatus).
Consomem frutas de plantas das seguintes
famílias e gêneros: Annonaceae: Malmea;
Arecaceae; Geonoma; Cannabaceae: Celtis;
Clusiaceae: Chrysochlamys; Ebenaceae: Dyospiros;
Fabaceae: Inga, Leicointea, Pithecellobium;
Gentianaceae: Potalia; Lauraceae: Aniba,
Nectandra; Malvaceae: Quararibeae;
Melastomataceae: Miconia; Meliaceae: Trichilia;
Moraceae: Clarissia, Pouroma, Pseudolmedia,
Ficus, Brosimum, Clarisia; Sapindaceae: Allophylus;
Urticaceae: Coussapoa.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos, em casais ou bandos de três a quatro
indivíduos. Forrageiam no solo e sobre árvores.
Voam para galhos quando assustados. Em alguns
períodos do ano começam a vocalizar ainda de
madrugada. Podem seguir bandos de macacos
(e.g. Sapajus e Saimiri).
Reprodução: Reprodução registrada em
julho, setembro e novembro. O ninho é uma
plataforma pequena de gravetos e folhas secas,
feito sobre árvores. Colocam dois a três ovos. A
incubação dura até 32 dias.
Distribuição: Ocorrem na Bolívia, Peru e
Brasil, onde possuem registros no sul do
Amazonas, oeste do Maranhão ao sul até o Mato
Grosso.
Altitude: Até 900 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Gutiérrez,
1997; Rodríguez-Mahecha et al., 2005; Sigrist, 2006;
Schulenberg et al., 2007; Muñoz & Kattan, 2007;
Dunning Jr., 2008; Piacentini et al., 2015; Mogollón,
2016; Leite, 2016.
Pauxi mitu (Linnaeus, 1766)
Nome popular: mutum-do-nordeste
Sinonímias recentes: Mitu mitu; Crax mitu.
Comprimento: 83 cm.
Peso do macho: 2,96 kg.
Peso da fêmea: 2,74 kg.
Habitat: Ocorriam em matas de tabuleiro
no Nordeste do Brasil.
Alimentação: Alimentam-se de frutas e
sementes, e.g. Myrtaceae: Eugenia.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Extinto na natureza, devido a
perda de habitat para plantações de cana-de-
açúcar e à caça. Os indivíduos vivos atualmente
são mantidos em cativeiro. Em cativeiro podem
viver mais de 20 anos.
Reprodução: Na natureza o ninho era
construído sobre árvores. Colocam dois ovos e a
fêmea atinge a maturidade com dois anos.
Distribuição: Ocorriam no Alagoas.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Silveira et
al., 2004; Rodríguez-Mahecha et al., 2005; Sigrist, 2006;
Dunning Jr., 2008; Piacentini et al., 2015.
96
Aburria jacutinga
Pauxi tuberosa
97
Família Odontophoridae
As aves dessa família são similares aos
faisões da Europa e Ásia. Fósseis de aves similares
às associadas a Odontophoridae, Nanortyx
inexpectatus, foram encontrados no Canadá,
datando de 37 milhões de anos atrás (Eoceno
tardio e começo do Oligoceno). No Brasil
fósseis de 22.000 anos atrás.
Características
Aves terrestres de bico alto e duro, bordas
da mandíbula serrilhadas, pernas curtas e
robustas, dedos fortes, cauda e asas curtas. O
dimorfismo sexual é pouco aparente.
Comportamento
Ocorrem em diversos tipos de ambientes,
tanto áreas florestais quanto áreas abertas.
Em algumas aves do gênero Odontophorus
há indícios de que os bandos que formam são
grupos familiares, formados pelos casais e filhotes
de ninhadas anteriores que auxiliam nos cuidados
de seus irmãos mais novos. A maioria das
espécies é diurna. Em geral dormem em árvores,
pousados lado a lado, algumas espécies no solo.
Possuem uma elevada taxa de mortalidade,
no hemisfério norte apenas 20% a 40% dos
adultos sobrevivem anualmente. Muitos vivem
menos de um ano, mas registros de indivíduos
com quase sete anos de vida.
Alimentação
Alimentam-se de sementes, muitas
espécies se deslocam para áreas agrícolas para
obter restos de sementes no solo (como milho,
trigo, feijão, sorgo e amendoim). Também de
folhas, frutos e de forma oportuna invertebrados,
especialmente durante o período reprodutivo.
espécies florestais que foram registrados
cavando para se alimentar de raízes.
Reprodução
Muitas espécies são monogâmicas e
nestes casos ambos os sexos incubam os ovos.
Porém, algumas com comportamento
reprodutivo flexível, incluindo poliginia e
poliandria. Reproduzem-se pela primeira vez com
um ano de idade. Espécies de áreas temperadas e
campestres possuem a maior postura de ovos,
algumas espécies colocando até 17 ovos. Podem
se reproduzir duas ou três vezes por ano.
O ninho é construído no chão, formando
uma pequena tigela, eventualmente dentro de
tocas de tatus, pacas e cutias ou em meio a
touceiras de gramíneas. Algumas espécies cobrem
o ninho com vegetação, deixando uma abertura
na lateral. A incubação pode durar de 16 a 30 dias.
Os filhotes são precociais e podem deixar o ninho
em algumas horas após a eclosão.
Fontes: Sick, 1997; Delehanty, 2001b; Carroll, 2002;
Sigrist, 2006; Beletsky, 2006; Mayr, 2009.
Colinus cristatus (Linnaeus, 1766)
Nome popular: uru-do-campo
Comprimento: 20,3-23 cm.
Peso do macho: 117-153 g.
Peso da fêmea: 113-147 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de savanas
arenosas, com gramíneas altas e arbustos
dispersos. Também em áreas agrícolas e próximo
de habitações humanas.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
frutos, folhas e invertebrados que encontram no
solo, também restos de alimentos humanos.
Consomem vegetais das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Blechum; Amaranthaceae:
Amaranthus; Achyranthes, Chamissoa;
Amaryllidaceae: Curculigo; Asteraceae: Bidens,
Eleutheranthera, Baltimora, Parthenium;
Bignoniaceae: Godmania; Capparidaceae:
Capparis; Commelinaceae: Callisia, Commelina,
Murdania; Convolvulaceae: Evolvulus, Ipomoea;
Cyperaceae: Abilgaardia, Cyperus, Kilinga,
Rhynchospora, Scleria; Euphorbiaceae: Bernardia,
Croton, Ditaxis, Euphorbia, Sebastiania; Fabaceae:
Aeschynomene, Calopogonium, Cassia,
Centrosema, Dalea, Desmodium, Galactia,
Indigofera, Phaseolus, Rhyncosia, Tephrosia,
Zornia; Flacourtiaceae: Casearia; Lamiaceae:
Hyptis; Loganiaceae: Spigelia; Lythraceae: Cuphea;
Malvaceae: Cienfuegosia, Malachra, Malvastrum,
Sida, Wissadula; Mimosaceae: Mimosa,
Schrarckia; Moraceae: Ficus; Passifloraceae:
Passiflora; Poaceae: Axonopus, Brachiaria,
Digitaria, Echinochloa, Eleusine, Lasiacis,
Oplismenus, Panicum, Sorghum, Zea mays;
Polygalaceae: Polygala; Rubiaceae: Diodia;
Rutaceae: Fagara; Solanaceae: Physalis, Solanum;
98
Sterculiaceae: Melochia, Waltheria; Turneraceae:
Piriqueta, Turnera; Verbenaceae: Lantana, Priva,
Stachytarphaeta; Violaceae: Hybanthus;
Zygophyllaceae: Kallstroemia.
Dentre os invertebrados consomem:
besouros Coleoptera (Carabidae, Chrysomelidae,
Coccinellidae, Curculionidae, Elateridae, Elmidae,
Endomychidae, Georyssidae, Histeridae,
Scarabaeidae, Staphylinidae, Silphidae); moscas
Diptera; louva-deus Mantodea; percevejos e
cigarras Hemiptera (Aradidae, Largidae,
Pentatomidae, Pyrrhocoridae, Reduviidae,
Scutelleridae, Cicadellidae, Membracidae);
formigas (Hymenoptera: Formicidae); cupins
Isoptera; larvas de borboletas e mariposas
Lepidoptera (Geometridae, Gracillariidae,
Hesperiidae, Lyonetiidae, Noctuidae, Pieridae,
Pyralidae, Sphingidae); grilos e gafanhotos
Orthoptera (Acrididae, Gryllidae); aranhas e
carrapatos (Araneae e Acarina); centopéias
Chilopoda; milípedes Diplopoda; vermes
Nematoda e caracóis e caramujos Mollusca.
Comportamento e observações: Deslocam-
se pelo solo, mas também podem se empoleirar.
Deslocam-se em bandos familiares de cinco a 20
ou mais indivíduos, muitas vezes ocultos em meio
à gramíneas altas. No período reprodutivo andam
em casais. Dormem no solo sob gramíneas
dobradas. Os indivíduos usam áreas de
aproximadamente 16 ha, que podem ser
sobrepostas umas as outras.
Reprodução: Possivelmente monogâmicos.
Período reprodutivo começa no meio ou final da
estação seca. O ninho fica no solo, feito com
folhas secas de gramíneas. Às vezes oculto em
meio a moitas de gramíneas altas. Colocam oito a
16 ovos. A incubação dura 22 a 23 dias.
Distribuição: Ocorrem da América Central
às Guianas, Suriname, Venezuela e Brasil, Amapá
até a margem norte do rio Amazonas e Roraima.
Altitude: Até 1.500 m, localmente até 3.100
m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Pérez,
2000; Madge & McGowan, 2002; Hilty, 2003; Sigrist,
2006; Dunning Jr., 2008; Trejo et al., 2008; Spaans et
al., 2015; Sandoval, 2017; Wikiaves, 2019.
Odontophorus gujanensis (Gmelin, 1789)
Nome popular: uru-corcovado
Comprimento: 23-29 cm.
Peso do macho: 313-380 g.
Peso da fêmea: 298 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais
sombreadas, eventualmente também em áreas de
borda de floresta, floresta de terra firme e floresta
secundária alta.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
frutos (e.g. Oenocarpus) e invertebrados.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais ou bandos familiares de cinco a dez
indivíduos. Deslocam-se em fila indiana pelo
solo. Forrageiam no solo. Permanecem ocultos em
meio à vegetação. Vocalizam principalmente nos
períodos crepusculares, às vezes durante o dia e
geralmente também em noites com luar. Durante
a manhã podem visitar beiras de rios para tomar
água. Empoleiram-se para dormir.
Reprodução: Possivelmente monogâmicos.
Reprodução registrada de dezembro a agosto. O
ninho é uma estrutura coberta com folhas e
galhos e uma entrada lateral ou uma depressão
funda entre as folhas caídas no solo ou ainda na
base de raízes de árvores. Colocam quatro a cinco
ovos, a incubação dura 26 dias. A incubação é
realizada pela fêmea.
Distribuição: Ocorrem da Costa Rica e
Panamá até a Bolívia e Brasil, onde possuem
registros em Roraima, Amapá, Amazonas, Pará,
Maranhão, Mato Grosso e norte do Tocantins.
Altitude: Até 900 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Madge &
McGowan, 2002; Hilty, 2003; Greeney et al., 2004;
Sigrist, 2006; Dunning Jr., 2008; Spaans et al., 2015;
García, 2016; Bertagnolli, 2017; Wikiaves, 2019.
Odontophorus capueira (Spix, 1825)
Nome popular: uru
Comprimento: 24-30 cm.
Peso do macho: 457 g.
Peso da fêmea: 396 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
capoeiras, florestas de tabuleiro, florestas de
araucária e florestas secas.
Alimentação: Alimentam-se de frutas (e.g.
Phytolacca, Rapanea, Euterpe, Symplocos),
sementes (e.g. Araucaria) e insetos, como
tesourinhas (Dermaptera) e larvas de moscas
(Diptera: Bibionidae).
Comportamento e observações: Deslocam-
se em bandos formado por casais ou famílias,
adultos e filhotes da última ninhada. Os bandos
podem ter de seis a 15 indivíduos ou mais.
Deslocam-se pelo solo. Os grupos defendem seus
territórios de outros vizinhos, permanecem unidos
mesmo no período de nidificação. Ao serem
ameaçados preferem escapar correndo, ao invés
de voando, eventualmente podem se deitar no
99
Odontophorus capueira
solo para se esconder. Empoleiram-se para
dormir. O casal pode vocalizar em dueto.
Predadores: gavião-relógio (Micrastur
semitorquatus), gavião-de-penacho (Spizaetus
ornatus).
Reprodução: Aparentemente são
monogâmicos. Reprodução registrada entre
agosto e fevereiro. O ninho fica no solo, às vezes
dentro de buracos no solo (e.g. toca de tatu); é
construído com uma cobertura de folhas secas
com uma entrada lateral.
É possível que mais de uma fêmea coloque
os ovos no mesmo ninho. Colocam até mais de 12
ovos. A incubação dura entre 18 e 19 dias. Os
filhotes são precociais, escondem-se em cavidades
e buracos no solo. A fêmea cuida dos filhotes.
Distribuição: Ocorrem no Paraguai,
Argentina e Brasil, onde possuem registros do
Ceará ao Rio Grande do Sul, principalmente em
áreas da Mata Atlântica, também sudeste do
Mato Grosso do Sul e sul do Goiás.
Altitude: Até 1.600 m.
Fontes: Moojen et al., 1941; Pineschi, 1990;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Madge & McGowan,
2002; Sigrist, 2006; Dunning Jr., 2008; Vallejos et al.,
2008; Carrano & Marins, 2008; Sanches, 2010; Joenck
et al., 2011; de la Peña, 2016; Silva & Reis, 2019;
Wikiaves, 2019.
Odontophorus stellatus (Gould, 1843)
Nome popular: uru-de-topete
Comprimento: 24-28 cm.
Peso do macho: 358 g.
Peso da fêmea: 315 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de frutas e
insetos.
Comportamento e observações:
Permanecem ocultos em meio à vegetação.
Deslocam-se em bandos de cinco a oito indivíduos
pelo solo. Cruzam áreas abertas apenas voando.
Empoleiram-se para dormir.
Reprodução: O ninho fica próximo a base
de plantas, é totalmente coberto com folhas e
galhos, possui um pequeno túnel de entrada com
até 12 cm. Filhotes registrados em maio.
Distribuição: Ocorrem no Equador, Peru,
Bolívia e Brasil, onde possuem registros no
Amazonas, Acre e Mato Grosso.
Altitude: Até 1.050 m.
Fontes: Koepcke, 1972; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Madge & McGowan, 2002; Sigrist, 2006;
Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008; Matsushita,
2017; Plácido, 2019; Wikiaves, 2019.
100
Ordem Phoenicopteriformes
Família Phoenicopteridae
Essa família é formada por aves
popularmente conhecidas como flamingos.
registros fósseis de aves de classificação duvidosa
e que poderiam estar relacionados aos flamingos
datados de fins do Cretáceo (entre 145 e 66
milhões de anos atrás). Porém no Eoceno (50
milhões de anos atrás) que há registros de fósseis
que podem ser inclusos em Phoenicopteriformes,
tendo aspecto de flamingos menos derivados,
como Juncitarsus, que possuía pernas longas
como flamingos, mas bico reto e não curvo.
Porém, Juncitarsus tem muitas
características tanto de Phoenicopteriformes
quanto de Podicipediformes, o que algumas
vezes o faz ser classificado como grupo irmão
dessas ordens e as reúne em um clado
denominado Mirandornithes. No Oligoceno (30
milhões de anos atrás), que são registrados
fósseis de flamingos com aspecto para serem
inclusos definitivamente em Phoenicopteridae.
Características
O corpo dessas aves tem formato oval,
com pernas e pescoço bastante longos e com a
cabeça pequena. Possuem um bico alto e curvado
para baixo abruptamente provido de lamelas
transversais de queratina similares às barbatanas
de baleias, uma adaptação para a ingestão de
plâncton. Não dimorfismo sexual na
plumagem, mas o macho é um pouco maior do
que a fêmea.
Comportamento
Possuem habitat bastante específico
devido à sua alimentação, ocorrem em lagos e
lagoas pouco profundos, interiores ou costeiros,
mesmo sob efeito de marés, e que variam entre
fortemente salinos a fortemente alcalinos.
Pequenos corpos de água podem ser usados para
alimentação, mas a reprodução normalmente
ocorre em áreas de lagos e lagoas bastante
extensos. Os corpos-d’água usados pelos
flamingos estão localizados desde o nível do mar
até 3.500 m de altitude no Andes, podem
frequentar águas de até 68oC e também
contendo cloretos e sulfatos em altas
concentrações.
É muito característico dos flamingos
permanecerem pousados por longos períodos e
até dormirem apoiados apenas sobre um perna.
Essas aves, assim como possivelmente outras que
utilizam essa posição, o fazem devido a forma
como a perna fica posicionada, seu ângulo em
relação ao centro gravitacional do corpo, que
resulta em pouco esforço para a ave, até mesmo
tendo menos gasto energético nos músculos do
que permanecendo sobre as duas pernas.
Antes do período reprodutivo realizam
uma série de comportamentos ritualizados,
como, por exemplo, limpando e arrumando as
penas, movimentações com a cabeça e abertura
das asas para expor suas cores. E deslocamentos
de grupos (marchas de corte) de aves
caminhando rapidamente em uma direção,
virando-se e voltando novamente no sentido de
origem.
Durante esses rituais também emitem
vocalizações, que no caso dos deslocamentos em
grupo são importantes para manter a coesão do
mesmo. As vocalizações também são importantes
para a comunicação entre o casal e com seus
filhotes.
As alterações sazonais que ocorrem nos
ambientes em que os flamingos vivem fazem com
que suas populações realizem deslocamentos
sazonais para locais com condições mais
favoráveis. Durante essas movimentações podem
voar às vezes a grandes alturas. Eventualmente
pousam em praias isoladas, longe das regiões
habitadas. Na natureza vivem até 33 anos e em
cativeiro há indivíduos que viveram até 44 anos.
Alimentação
Capturam seu alimento filtrando a água
salgada nas lamelas que possuem no interior de
bico, realizam esta atividade em água salgada
rasa de pescoço curvado para baixo dispondo a
cabeça de tal modo que a maxila (mais fina do
que a mandíbula) fica voltada para o fundo
lodoso.
Ingerem principalmente algas, diatomáceas
e pequenos invertebrados aquáticos (larvas de
insetos, moluscos e pequenos crustáceos). Nesse
aspecto consta que Phoenicopterus ruber e
Phoenicopterus chilensis são espécies mais
generalistas, capturando vários tipos de
invertebrados, sementes, algas e diatomáceas.
Enquanto Phoenicoparrus andinus e
101
Phoenicoparrus jamesi se alimentam
principalmente de diatomáceas.
De sua alimentação é que se origina a
coloração vermelha da plumagem dessas aves,
pois alguns crustáceos que ingerem são ricos em
carotenoides que dão à plumagem a cor
vermelha intensa, mesma situação do guará
(Eudocimus ruber) e do colhereiro (Platalea
ajaja).
Reprodução
Os flamingos são aves gregárias, vivem em
colônias que podem reunir milhões de indivíduos.
Porém, ainda assim são monogâmicos, se
reproduzindo com o mesmo parceiro por várias
estações reprodutivas. Constroem os ninhos com
lama e também com pedras e matéria vegetal,
tem forma de um pequeno cone com a parte
apical formando uma tigela rasa, o que reduz o
perigo de um alagamento. Ocasionalmente
colocam os ovos diretamente no solo.
Colocam apenas um ovo, de cor branca,
grande e com casca grossa. A gema do ovo é
vermelha, devido à presença de astaxantina, um
carotenoide. A incubação é realizada por ambos
os adultos e dura entre 27 e 31 dias. O filhote é
semiprecocial, eclode coberto de plumagem,
deixa o ninho entre quatro e sete dias de vida,
inicialmente acompanhado pelos pais que o
defendem de outras aves que se aproximam.
Após esse período os pais começam a deixar o
filhote sozinho por períodos cada vez mais
longos, quando os jovens começam a se reunir
uns aos outros formando pequenos grupos.
Os filhotes são alimentados por meio de
uma secreção vermelha (devido à presença de
carotenoides e sangue) que é produzida no
esôfago e proventrículo dos adultos, análoga ao
"leite de pombo" e tem valor nutricional similar
ao leite de mamíferos. Os filhotes de dois meses
são ainda alimentados pelos pais, uma vez que
seu bico é ainda mole, não tendo lamelas
funcionais.
Devido à dependência de condições
ambientais específicas que propiciem seu
alimento (secas podem eliminar seus locais de
nidificação), os flamingos são muito irregulares
em sua nidificação e desapareceram de
diversos locais do Brasil. Reproduzem-se pela
primeira vez com três a seis anos.
Fontes: Sick, 1997; Seng, 2001b; Ogilvie, 2002;
Sangster, 2005; Beletsky, 2006; Mayr, 2009; Mayr,
2014; de la Peña, 2016; Chang & Ting, 2017.
Phoenicopterus chilensis Molina, 1782
Nome popular: flamingo-chileno
Comprimento: 95-105 cm.
Peso: 1,79-3,20 kg.
Habitat: Ocorrem em lagoas e estuários
marinhos, com águas rasas, tanto salobra quanto
alcalina. Também podem ser encontrados em
lagos de água doce.
Alimentação: Alimentam-se de moluscos,
crustáceos (Gammaridae; Daphnidae;
Harpacticidae: Harpacticus), foraminífera
(Ammonia beccarii), anelídeos (Polychaeta),
matéria vegetal, sementes, insetos aquáticos.
Junto com o alimento também acabam
ingerindo barro, areia e pequenas pedras. A
informação de que ingeririam diatomáceas é
controversa, alguns estudos informam que elas
não são capturadas nas lamelas do bico de P.
chilensis.
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie migratória, originária do sul do
continente, não havendo registros de sua
reprodução no país. Deslocam-se em bandos,
alguns com aproximadamente 500 indivíduos. Os
casais e grupos sociais são agressivos com outros
indivíduos para defender seus territórios e
ninhos, especialmente no período reprodutivo.
Consta que em cativeiro a maior parte das
atividades que os indivíduos realizam ao longo do
dia é de manutenção, como limpeza das penas
por exemplo. Seguida de atividades de forrageio
e de interação social, como, interações
agonísticas (bicadas e fugas) e vocalizações.
Enquanto um menor tempo é dispensado para
deslocamentos e vigilância.
Predadores: de seus ovos: carcará
(Caracara plancus), gaivotão (Larus dominicanus),
gaivota-andina (Larus serranus) [não ocorrente
no Brasil], urubu-de-cabeça-vermelha (Cathartes
aura), urubu (Coragyps atratus); de imaturos:
puma (Puma concolor).
Reprodução: Na Argentina sua reprodução
foi registrada de janeiro a abril. Porém, sua
reprodução é mais influenciada pela quantidade
de chuvas do que pela sazonalidade. Nidificam
em colônias, os ninhos são construídos em áreas
alagadas ou próximo delas. Os ninhos são
pequenos montes cônicos de lama com uma
102
concavidade rasa no topo. Colocam um ovo,
raramente dois. A incubação dura 27 a 31 dias.
Os filhotes deixam os pais com 70 a 80 dias.
Ambos os adultos incubam os ovos e cuidam dos
filhotes.
Realizam os comportamentos de corte
característicos da família, com marchas de corte,
movimentos de exibição com as asas e com a
cabeça.
Distribuição: Ocorrem no Peru, Bolívia,
Chile, Paraguai, Argentina e Brasil, onde possuem
registros nos estados do Rio de Janeiro, São
Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, e registros
ocasionais em Santa Catarina.
Altitude: Até 4.400 m, às vezes mais.
Fontes: Aravena, 1928; Zotta, 1932; Belton,
1984; Mascitti & Nicolossi, 1992; Stotz et al., 1996;
Sosa, 1999; Ogilvie, 2002; Schulenberg et al., 2007;
Calí et al., 2008; Dunning Jr., 2008; Salvador & de la
Peña, 2010 in de la Peña, 2016; Perdue et al., 2011;
Herculano et al., 2013; Tobar et al., 2014; de la Peña,
2016; Salvador, 2017; de la Peña, 2019; Wikiaves,
2019.
Phoenicopterus ruber Linnaeus, 1758
Nome popular: flamingo
Comprimento: 102-122 cm.
Altura: 90 cm.
Peso: 3,00 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas de brejos
estuarinos e lagoas costeiras, com águas rasas
salinas ou alcalinas.
Alimentação: Alimentam-se de matéria
filtrada da água, principalmente invertebrados,
sementes, algas e diatomáceas.
Comportamento e observações:
Reproduzem-se, alimentam-se e descansam em
bandos de tamanhos variados, às vezes com
milhares de indivíduos. Também podem se
deslocar solitariamente. Para se alimentar se
deslocam ativamente pela água, filtrando-a com
seu bico para capturar o alimento com suas
lamelas. Forrageiam principalmente no começo
da manhã e final da tarde, descansando no resto
do dia.
Dentro dos bandos há uma hierarquia de
dominância, exercida pelos machos e pelos casais
unidos mais tempo. Agressões entre os
indivíduos parecem ocorrer principalmente por
locais mais propícios ao forrageio. Há também
agressividade entre os indivíduos na disputa de
locais para nidificação do que por parceiros
reprodutivos.
Reprodução: Na Venezuela a reprodução
foi registrada de fevereiro a julho.
Aparentemente são monogâmicos, formando
casais que se mantêm unidos mesmo fora do
período reprodutivo. Os ninhos são pequenos
montes cônicos de lama em áreas alagáveis com
uma concavidade rasa no topo. Colocam um ovo.
Distribuição: Ocorrem do norte da América
do Sul e Antilhas rumo ao norte até Flórida (EUA).
Presume-se que se reproduza no Brasil, onde
possuem registros no estado do Amapá.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Bildstein et al., 1991; Casler et al.,
1994; Stotz et al., 1996; Hilty & Brown, 2001; Ogilvie,
2002; Hilty, 2003; Garrido et al., 2010; Hinton et al.,
2013; Spaans et al., 2015; Hugues, 2015; Piacentini et
al., 2015; Wikiaves, 2019.
Phoenicoparrus andinus (Philippi, 1854)
Nome popular: flamingo-dos-andes
Sinonímia recente: Phoenicopterus andinus
Comprimento: 102-115 cm.
Peso: 4,90 kg.
Habitat: Ocorrem em lagoas e brejos de
águas rasas, salobras ou alcalinas.
Alimentação: Alimentam-se de algas
diatomáceas filtradas da água e do lodo,
pertencentes aos gêneros: Achnanthidium,
Amphora, Anomoeoneis, Brachysira, Denticula,
Diploneis, Pinnicularia, Planothidium,
Haloroundia, Mastogloia, Navicula, Nitzschia,
Proschkinia, Rhopalodia, Sellaphora e Surirella.
Comportamento e observações: No Brasil
é considerada uma espécie vagante, de
ocorrência irregular no país e originária do sul do
continente, porém alguns dados indicam que
poderia ser um migrante sazonal. Deslocam-se
em bandos de algumas centenas até milhares de
indivíduos. Realizam várias exibições entre os
indivíduos que envolvem movimentos com as
asas, pescoço e vocalizações. A fêmea é
aproximadamente 10% menor do que o macho.
A depender das condições do ambiente
onde estão podem passar de 60% a 95% de seu
tempo forrageando. Possuem mais de 14 formas
de exibições sociais ritualizadas, usadas tanto
durante o deslocamento quanto em interações
agressivas. A exibição que mais realizam consiste
em esticar o pescoço na vertical e deixar o bico
levemente erguido, enquanto mantém as asas
abertas por uns poucos segundos, então as
movem para frente e para trás, aumentando a
velocidade a cada bater de asas.
103
Reprodução: Na Argentina a nidificação foi
registrada entre dezembro e fevereiro. Possuem
comportamentos ritualizados de corte, que
envolvem uma marcha nupcial, com movimentos
específicos das asas, pescoço cabeça e
deslocamentos. Os ninhos são construídos em
colônias com milhares de casais. Ficam próximos
ou na água rasa. Colocam um ovo e a incubação
dura 28 dias. Os filhotes deixam os pais 70 a 80
dias após a eclosão. Ambos os adultos incubam e
cuidam dos filhotes. A maturidade é atingida com
quatro ou cinco anos.
Distribuição: Ocorrem no Peru, Bolívia,
Chile e Argentina. No Brasil possuem registros
nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.
Altitude: Até 4.700 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Lindgren & Pickering,
1997; Ogilvie, 2002; Dunning Jr., 2008; Ghizoni-Jr. &
Piacentini, 2010; Tobar et al., 2012; Derlindati et al.,
2014; Bernaron & Valsecchi, 2014; Castro, 2014;
Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016; de la Peña,
2019; Wikiaves, 2019.
Phoenicoparrus jamesi (Sclater, 1886)
Nome popular: flamingo-de-puna
Sinonímia recente: Phoenicopterus jamesi
Comprimento: 90-92 cm.
Peso: 2,00 kg.
Habitat: Ocorrem em lagoas salobras e
alcalinas.
Alimentação: Alimentam-se de
diatomáceas filtradas da água e do lodo.
Comportamento e observações: No Brasil
é uma espécie considerada vagante, de
ocorrência irregular no país, originária do oeste
do continente. Deslocam-se em bandos de
centenas a milhares de indivíduos. Realizam
diversos comportamentos ritualizados
envolvendo movimentos com as asas, cabeça,
pescoço e vocalizações.
Reprodução: Na Argentina a reprodução
foi registrada em fevereiro, porém o período
reprodutivo é definido mais pela quantidade de
chuvas do que pela sazonalidade. Nidificam em
colônias e cada casal coloca um ovo. O ninho é
construído próximo da água ou na água rasa,
feito com lama em forma de um cone com uma
depressão côncava no topo. A incubação
possivelmente dura 28 dias e os filhotes deixam
os pais 70 a 80 dias após a eclosão. Há anos em
que podem não se reproduzir. Ambos os adultos
incubam e cuidam dos filhotes. A maturidade é
atingida com quatro ou cinco anos.
Distribuição: Ocorrem no Peru, Bolívia,
Chile e Argentina. No Brasil há registros no Acre.
Altitude: Até 4.700 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Ogilvie, 2002;
Guilherme et al., 2005; Dunning Jr., 2008; Piacentini et
al., 2015; de la Peña, 2016; de la Peña, 2019;
Wikiaves, 2019.
Phoenicopterus chilensis
104
Ordem Podicipediformes
Família Podicipedidae
Essa família é formada por aves aquáticas
chamadas popularmente de mergulhões.
sseis desta família datados da época Mioceno
(20 milhões de anos atrás), pertencentes ao
gênero Miobaptus. Porém autores que
informam que há fósseis ainda não descritos dessa
ordem um pouco mais antigos, datando do
Oligoceno (entre 36 e 23 milhões de anos atrás).
Características
As aves dessa família possuem um pescoço
longo, bicos pontiagudos e achatados
lateralmente, e cauda vestigial. Os pés são
achatados, os dedos não possuem membrana
interdigital igual aos Anatidae, porém são
margeados de lóbulos que servem de remos. Ao
nadar, os pés são colocados bem para trás do
corpo, próximo à superfície e usados também
como leme. A forma como as penas se dispõe em
seu ventre formam um colchão de ar que os
auxilia a flutuar.
Os pés estão tão adaptados ao nado que
estas aves não conseguem andar direito no solo.
Ao saírem da água em geral ficam parados eretos
na margem da água. Quando nadam em descanso
usam apenas um uma perna por vez para nadar,
mas durante o mergulho usam as duas ao mesmo
tempo. Algumas espécies possuem diferentes
plumagens com variações de coloração durante os
períodos reprodutivos e não-reprodutivos.
Durante o período de muda ficam impossibilitados
de voar por várias semanas, trocando todas as
rêmiges ao mesmo tempo. Durante a muda,
podem permanecer em lagos maiores, salinos ou
supersalinos. Algumas espécies podem invernar
ao longo de áreas costeiras.
Comportamento e alimentação
As espécies dessa família são aves
aquáticas, encontradas em rios, riachos, lagos,
brejos, banhados, estuários e reservatórios de
água (represas e açudes). Estas aves passam boa
parte de seu tempo se limpando e tomando
banho de sol. Costumam ser agressivos durante o
período reprodutivo, principalmente durante o
período de formação dos casais. Apesar de
algumas espécies nidificarem de forma colonial,
são territorialistas quanto à sua área de
alimentação. Mas exceções de espécies que se
alimentam em conjunto, formando grupos
alinhados e mergulhando de forma sincronizada
(e.g. Podiceps taczanowskii [não ocorrente no
Brasil]). Em algumas regiões também podem
realizar migrações.
Alimentam-se de peixes que capturam
realizando mergulhos, também anfíbios,
serpentes e invertebrados, como insetos
aquáticos, crustáceos, moluscos e anelídeos. Há
registros de que espécies grandes podem
consumir até 500 g de peixes por dia. Também
engolem grande quantidade de penas e plumas.
Os adultos também fornecem as penas para os
filhotes ingerirem.
As partes não digeridas dos alimentos e as
penas/plumas são regurgitados após um certo
tempo. Esse comportamento ocorre devido a não
realizarem uma digestão mecânica, sua digestão é
principalmente química. Diferentemente de
outras aves que além da digestão química
também possuem a mecânica, por exemplo, na
qual usam a moela para triturar o alimento. Assim
em Podicipedidae, as penas ajudam a reter a
comida na moela até que estejam completamente
digeridas quimicamente e na bolsa pilórica as
penas impedem partes indigeríveis (e.g.
exoesqueleto de invertebrados) ou não digeridas
de entrar no intestino.
espécies que quando os adultos são
ameaçados por algum possível predador, realizam
mergulhos afundando verticalmente,
possivelmente eliminando o bolsão de ar que
mantêm no ventre, mas principalmente exalando
parte do ar dos sacos aéreos.
Reprodução
São monogâmicos, alguns mantém o
mesmo parceiro reprodutivo ao longo de toda a
vida. Reproduzem-se em locais de água doce ou
salobra e pouco profundas, em locais ricos em
plantas submersas. Reproduzem-se pela primeira
vez com um ou dois anos de vida. Geralmente os
casais nidificam de forma solitária. Durante o
período reprodutivo realizam comportamentos de
corte bastante complexos e ritualizados,
acompanhados de vocalizações e também de
duetos sincronizados. Consistem em
105
comportamentos agressivos com o corpo
encurvado, virando a cabeça, correr lado a lado na
água, mergulhos sincronizados seguido de deslizar
na água com plantas no bico e levantar o peito
sacudindo a cabeça, entre outros.
O ninho é flutuante, mas preso à vegetação,
construído de matéria vegetal em decomposição;
eventualmente podem usar o mesmo ninho em
mais de um ciclo reprodutivo. Ambos os sexos
participam da construção do ninho. Próximo ao
ninho outras plataformas flutuantes são
construídas, estas são usadas para reprodução,
descanso e banhos de sol.
Podem se reproduzir uma ou duas vezes por
ano, às vezes mais. A depender da espécie
colocam um a 10 ovos. A incubação é realizada
por ambos os sexos e pode durar de 20 a 30 dias,
devido à postura assíncrona alguns ninhos podem
ter ovos por até 35 dias. Os filhotes são precociais,
quando eclodem podem nadar, mas são
carregados pelos adultos durante várias semanas,
exceto durante os mergulhos. Após a eclosão os
filhotes podem permanecer com os pais por mais
de 40 dias.
Fontes: Sick, 1997; Brinkley & Humann, 2001a; Krabbe,
2002; Belestky, 2006; Mayr, 2009; Jehl, 2017.
Rollandia rolland (Quoy & Gaimard, 1824)
Nome popular: mergulhão-de-orelha-
branca
Comprimento: 26-30,5 cm.
Peso: 195-271 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, brejos,
banhados, riachos e açudes, preferencialmente
com vegetação aquática.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados aquáticos, peixes (e.g. Poecillidae:
Cnesterodon) e seus alevinos. Foram encontrados
restos de vegetais em seus estômagos. Também
ingerem plumas.
Dentre os invertebrados consomem:
besouros (Coleoptera: Hydrophilidae, Dytiscidae),
percevejos e baratas-d’água (Hemiptera:
Corixidae, Belastomatidae, Notonectidae), náiades
de libélulas (Odonata), náiades de efemérides
(Ephemeroptera), crustáceos (Hyallelidae,
Gammaridae e Palaemonidae) e moluscos
gastrópodes (Ampullariidae: Pomacea;
Planorbidae: Planorbis, Biomphalaria).
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos, em casais ou formando bandos de
três a nove exemplares. Podem forragear em
bandos. Comportamentos agressivos entre os
indivíduos são demonstrados mantendo o corpo
abaixado, com o pescoço e a cabeça rente à água.
Também podem nadar em direção ao oponente e
quando estão próximos mergulhar, para emergir a
certa distância. Às vezes, ambos os oponentes
podem mergulhar e emergir quase se encostando,
com o pescoço esticado e o bico aberto. Durante
as disputas também podem realizar exibições
abrindo bem as asas.
Como comportamento para escapar de
predadores em seus ninhos, ao detectá-los, se
afastam do ninho, mergulhando e emergindo a
uns 15 m de distância do ninho, para então reunir-
se em um bando com os indivíduos bem próximos
uns dos outros e muitos geralmente mergulhando.
Predadores: gavião-pinhé (Milvago
chimango), falcão-peregrino (Falco peregrinus),
carcará (Caracara plancus), socó-boi (Tigrisoma
lineatum), garça-moura (Ardea cocoi),
Leptodactylus latrans.
Reprodução: A formação do casal ocorre
muitos dias antes de escolherem o local do ninho,
mas a cópula só ocorre depois da construção do
mesmo. O comportamento de corte envolve
vocalizações, movimentos com a cabeça e com as
asas.
Também realizam uma cerimônia na qual
inicialmente ambos os indivíduos ficam frente a
frente na água, com os pescoços esticados e bem
próximos, olhando um para o outro. Então um dos
indivíduos mergulha, o que ficou na superfície
permanece olhando para o local do mergulho.
Após, o que mergulhou emerge, por baixo
do que estava na superfície, emerge quase de
ponta cabeça, de forma a ambos encostarem seus
peitos; erguendo um pouco o outro indivíduo para
fora da água. Esse comportamento então pode ser
repetido pela mesma ave ou pelo outro indivíduo.
Essa cerimônia pode terminar com a fêmea
mergulhando e emergindo com alguma planta no
bico, ou com movimentos de cabeça, ou com uma
ou ambas as aves simplesmente nadando em
outra direção.
Antes da cópula em si ainda realizam outros
rituais, que envolvem a ave manter o corpo quase
na vertical, com o pescoço fortemente arqueado
para baixo.
Reprodução registrada ao longo de todo o
ano, variando conforme a região. Nidificam em
colônias, porém costumam defender uma área ao
redor do ninho. O ninho é uma plataforma
106
flutuante feita de matéria vegetal. Colocam
quatro a seis ovos. A incubação dura 24 dias.
Quando saem do ninho cobrem os ovos. Após
eclodirem os filhotes já nadam e seguem seus
pais.
Distribuição: Ocorrem do Peru ao Uruguai,
Argentina, Chile. No Brasil possui registros no
Pantanal e nos estados de São Paulo, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Altitude: Até 4.500 m.
Fontes: Wilson, 1923 in de la Peña, 2019;
Aravena, 1927; Zotta, 1934; Storer, 1967; Burger, 1974;
Belton, 1984; Bregante, 1985 in de la Peña, 2016; Bó &
Darrieu, 1993 in de la Peña, 2019; Stotz et al., 1996;
Notarnicola & Seipke, 2004 in de la Peña, 2019; Di
Giacomo, 2005; Silva Rodriguez et al., 2005; Sigrist,
2006; Schulenberg et al., 2007; Calí et al., 2008;
Dunning Jr., 2008; de la Peña & Salvador in de la Peña,
2016; Cusano, 2015 in de la Peña, 2019; de la Peña,
2016; Wikiaves, 2019; de la Peña, 2019.
Tachybaptus dominicus (Linnaeus, 1766)
Nome popular: mergulhão-pequeno
Comprimento: 20-26 cm.
Peso: 81-182 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, brejos,
banhados e açudes com vegetação aquática.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados aquáticos, como insetos e
crustáceos, também anfíbios, tanto adultos
quanto girinos (e.g. Lithobates) e peixes (Cf.
Characidae).
Comportamento: Deslocam-se sozinhos,
em casais ou em bandos de três a quatro
exemplares. Eventualmente se reúnem em grupos
de até 20 indivíduos fora do período reprodutivo.
Forrageiam mergulhando a cabeça e o
pescoço próximo à superfície da água para
capturar algum invertebrado ou também podem
capturar insetos voadores. Quando em casal
podem realizar mergulhos para capturar suas
presas, em que um indivíduo do casal fica de
vigilância, enquanto o outro mergulha e assim vão
se revezando. Seus mergulhos podem durar 8,7 a
13,7 segundos e podem se deslocar de 3 m a 8 m
durante eles.
Comportamentos agressivos entre
oponentes territoriais envolvem posturas com o
pescoço retraído e a cabeça abaixada e levemente
para frente, algumas vezes com as asas levantadas
e mantidas um pouco para frente atrás da cabeça.
Agressões físicas também podem ocorrer e
envolvem golpes com as patas e com o bico.
Predadores: cauré (Falco rufigularis).
Reprodução: Possuem comportamentos de
corte, envolvem nadarem juntos com o pescoço
em uma posição com forma de Z, nados com o
casal paralelo um ao outro, vocalizações em
duetos e mergulhos.
Reprodução registrada entre setembro e
maio. O ninho consiste em uma plataforma
flutuante de matéria vegetal. Colocam um a oito
ovos, a postura ocorre em dias sucessivos. A
incubação dura 21 a 22 dias. Cobrem os ovos ao
sair do ninho ou a detectar a presença de algum
predador. Porém, registros de que eles
mantêm os ovos cobertos ao longo de todo o dia,
para evitar insolação ou um superaquecimento e a
realizam a incubação durante a noite, por ambos
os adultos.
Quando os filhotes ainda são pequenos
podem carregá-los nas costas durante o nado. Os
adultos tomam o cuidado de alimentar ambos os
filhotes igualmente e se um filhote tenta roubar a
comida do outro é empurrado para o lado pelos
pais.
Quando os filhotes já estão acompanhando
os pais em deslocamentos na água, os adultos
procuram flanqueá-los, mantendo-os agrupados,
enquanto os filhotes tentam procurar sua própria
comida mergulhando. Quando os pais o se
alimentar conduzem os filhotes até um local com
vegetação densa para ficarem protegidos.
Distribuição: Ocorrem do sul dos Estados
Unidos ao norte da Argentina, e em todo o Brasil.
Altitude: Até 2.600 m.
Fontes: Belton, 1984; Seijas, 1996; Stotz et al.,
1996; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Di
Giacomo, 2005; Lima, 2006; Sigrist, 2006; Schulenberg
et al., 2007; Dunning Jr., 2008; Olmos, 2013; Timm,
2014; Konter, 2014; Lorenzón et al., 2015; González &
Espinoza, 2015; Pistone, 2015; Spaans et al., 2015;
Ottema et al., 2015; de la Peña, 2016; Acosta-Chavez &
Jiménez, 2016; Wikiaves, 2019.
Podilymbus podiceps (Linnaeus, 1758)
Nome popular: mergulhão-caçador
Comprimento: 28-38 cm.
Peso do macho: 321-568 g.
Peso da fêmea: 253-479 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, lagoas, rios,
riachos, banhados e brejos com vegetação
aquática.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
anfíbios, serpentes (e.g. Erythrolamprus sp.) e
invertebrados aquáticos. Ingerem plumas e as
107
fornecem aos filhotes também. Eventualmente
podem sair para fora da água e, se arrastando
sobre a barriga, capturar alguma presa (e.g.
anelídeos).
Dentre os invertebrados consomem:
besouros (Coleoptera: Hydrophilidae, Dytiscidae),
baratas-d’água (Hemiptera: Belostomatidae),
libélulas (Odonata), formigas (Hymenoptera:
Formicidae) crustáceos (Gammaridae,
Palaemonidae, Decapoda), moluscos (Planorbidae,
Ampullariidae) e aracnídeos.
Dentre os peixes consomem: Anablepidae:
Jenynsia; Characidae: Astyanax; Poecillidae:
Cnesterodon; Synbranchidae: Synbranchus.
Comportamento: Deslocam-se sozinhos,
em casais ou em bandos de cinco a 25 indivíduos.
Quando os adultos são ameaçados por algum
possível predador, mergulham afundando
verticalmente, possivelmente eliminando o bolsão
de ar que mantêm no ventre, mas principalmente
exalando parte do ar dos sacos aéreos. Nadam
então por baixo da água e reaparecem a certa
distância. Esse tipo de mergulho é usado para fuga
e não para pesca. Seus mergulhos podem durar 34
a 43 segundos.
Podem forragear com a cabeça e pescoço
esticados para frente, mantidos imediatamente
abaixo da água. Há registros de que quebra peixes
batendo-os na superfície da água para facilitar a
alimentação dos filhotes.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus).
Reprodução: São monogâmicos. A
formação dos casais se com os machos
emitindo vocalizações para atrair as fêmeas e
formando um território reprodutivo. Durante a
corte macho e fêmea emitem vocalizações em
dueto frente a frente, após essa fase em caso de
sucesso no cortejo, algum deles mergulha e
emerge com um vegetal na boca que coloca em
uma área simulando estar construindo um ninho.
Também podem realizar cerimônias envolvendo
uma série de movimentos em água.
Reprodução registrada entre agosto e maio.
Ambos os adultos participam de todas as fases da
reprodução, construção do ninho, incubação e
cuidado com os filhotes. Toda vez que o casal se
encontra e vai se revezar nas atividades emite
vocalização em dueto.
O ninho é uma plataforma flutuante feita de
matéria vegetal (viva ou em decomposição) e
lodo. Colocam um a oito ovos, o período de
incubação dura de 20 a 27 dias. Os filhotes são
nidífugos e durante os primeiros 15 dias após a
eclosão são carregados nas costas dos adultos
quando estes nadam. Os filhotes deixam os pais
após 80 a 110 dias. Para alimentar os filhotes os
adultos podem despedaçar peixes batendo-os
contra a superfície da água.
Distribuição: Ocorrem da América do Norte
ao Chile, Argentina e Brasil, onde ocorrem em
quase todos os estados.
Altitude: Até 3.100 m.
Fontes: Zotta, 1934; Borrero, 1972; Bucher &
Herrera, 1981 in de la Peña, 2016; Belton, 1984; Beltzer
& Oliveros, 1988 in de la Peña, 2016; Klimaitis, 1993 in
de la Peña, 2016; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Benítez et al., 2004;
Notarnicola & Seipke, 2004 in de la Peña, 2019; Di
Giacomo, 2005; Silva Rodríguez et al., 2005;
Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008; de la Peña
& Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; Macana-García,
2010; Spaans et al., 2015; de la Peña, 2016; Merrill,
2017; Wikiaves, 2019.
Podicephorus major (Boddaert, 1783)
Nome popular: mergulhão-grande
Sinonímia recente: Podiceps major
Comprimento: 61-77 cm.
Peso: 720-1646 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, lagoas,
estuários, rios e áreas costeiras, neste último
habitat durante períodos de migrações.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
anfíbios (girinos) e invertebrados aquáticos
(insetos, crustáceos, moluscos).
Dentre os peixes consomem das seguintes
famílias e gêneros: Anablepidae: Jenynsia;
Anostomidae: Schizodon; Atherinidae;
Atherinopsidae: Odonthestes, Sorgentinia;
Callichthyidae: Corydoras; Characidae:
Aphyocharax, Astyanax; Holoshestes,
Hyphessobrycon, Oligosarcus, Prionobrama,
Roeboides; Clupeidae: Brevoortia; Engraulidae:
Lycengraulis; Erythrinidae: Hoplias; Mugilidae:
Mugil; Paralichthyidae: Paralichthys; Pimelodidae:
Pimelodus; Poecillidae: Cnesterodon; Sciaenidae:
Micropogonia; Sternopygidae: Eigenmannia;
Synbranchidae: Synbranchus; Triportheidae:
Triportheus.
Dentre os invertebrados consomem:
caranguejos Grapsidae: Cyrtograpsus; Varunidae:
Neohelice; Trichodactylidae; caramões
Palaemonidae; Gammaridae; moluscos
Ampullariidae: Pomacea; insetos como besouros
(Coleoptera), libélulas (Odonata), percevejos
108
(Hemiptera) e baratas-d’água (Hemiptera:
Belostomatidae).
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos, em casais ou em grupos. Dormem na
água colocando a cabeça sobre o dorso. O tempo
de mergulho para captura das presas varia de 19 a
20 segundos. Comportamentos agressivos são
indicados com o pescoço esticado para frente ou
levemente curvado e com a cabeça paralela à
água. Suas populações que vivem mais ao sul do
continente podem realizar migração parcial ao
norte durante o inverno austral.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus), gato-do-mato-grande (Leopardus
geoffroyi).
Reprodução: Possuem elaborados
comportamentos de corte, que envolvem danças,
posturas e movimentos realizados pelo casal.
Como, por exemplo, manter o corpo na vertical na
água com o pescoço levemente curvado para
baixo com as penas da crista eriçadas ou nados
mantendo o pescoço em Z ou completamente
esticado para cima, realizados tanto de forma
individual, quanto com o casal lado a lado.
Na Argentina a nidificação é registrada
durante todo o ano, mas principalmente entre
outubro e janeiro. No Brasil consta que se
reproduz no Rio Grande do Sul em outubro e
novembro. O ninho consiste em uma plataforma
flutuante de matéria vegetal. Colocam até quatro
ovos. Ambos os adultos participam da incubação e
cuidado dos filhotes. Podem carregar os filhotes
nas costas enquanto nadam.
Distribuição: Ocorrem na Argentina,
Uruguai, Paraguai e Brasil, onde possuem registros
no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São
Paulo e Rio de Janeiro.
Altura: Até 1.200 m.
Fontes: Storer, 1963; Escalante, 1980;
Greenquist, 1982; Beltzer & Oliveros, 1982 in de la
Peña, 2016; SIck, 1983; Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Hilty & Brown, 2001; Roth, 2001; Ellis et al., 2002; Hilty,
2003; Sigrist, 2006; Schulenberg et al., 2007;
Canepuccia et al., 2007; Dunning Jr., 2008; Calí et al.,
2008; Gomes et al., 2009; Josens et al., 2010; de la
Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; Piacentini et
al., 2015; de la Peña, 2016; de la Peña, 2019; Wikiaves,
2019.
Podiceps occipitalis Garnot, 1826
Nome popular: mergulhão-de-orelha-
amarela
Comprimento: 28 cm.
Peso do macho: 220-392 g.
Peso da fêmea: 214-348 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, banhados e
áreas costeiras (estuários).
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados aquáticos, como insetos,
crustáceos, moluscos e anelídeos. Ingerem
também vegetais, sementes e penas.
Dentre os invertebrados consomem:
sanguessugas Hirudinea; crustáceos Gammaridae:
Gammarus; Daphnidae; Palaemonidae:
Palaemonetes; e insetos aquáticos, como
Hemiptera: Corixidae, Belostomatidae;
Coleoptera: Dytiscidae; Odonata: Aeshna.
Comportamento e observações: No Brasil
Esta é considerada como espécie vagante
originária do sul do continente, tendo uma
ocorrência irregular no país. Deslocam-se em
casais ou bandos, às vezes em bandos mistos com
outras espécies.
Reprodução: Reprodução registrada de
setembro a abril na Argentina. Como as demais
espécies da família também possuem rituais de
corte, que envolvem, por exemplo, os indivíduos
ficarem com o corpo na vertical na água,
encostando os peitos e os pescoços esticados para
cima e realizando movimentos com a cabeça. A
cópula pode ocorrer no local do futuro ninho, a
fêmea indica sua receptividade deixando o corpo
na vertical e abaixando o pescoço esticado para
frente. O macho então se aproxima e sobe na
fêmea para realizar a cópula.
O ninho é uma plataforma flutuante de
matéria vegetal, coloca dois a seis ovos. A
incubação dura aproximadamente 18 dias. Ambos
os adultos participam da incubação e cuidados
com os filhotes.
Distribuição: Ocorrem da Colômbia através
do Andes a o Chile e Argentina. No Brasil
possuem registros nos estados do Rio Grande do
Sul, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.
Altitude: Até 5.000 m.
Fontes: Fiora, 1939 in de la Peña, 2016;
Humphrey et al., 1970 in de la Peña, 2016; Nores &
Yzurieta, 1977; Hilsenbeck, 1979; Llimona & del Hoyo,
1992 in de la Peña, 2019; Stotz et al., 1996; Dunning Jr.,
2008; de la Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2019;
Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016; de la Peña,
2019; Wikiaves, 2019.
109
Podilymbus podiceps
Rollandia rolland
Detalhe do pé de
Podicipedidae, com dedos
largos adaptados para nadar.
110
Ordem Columbiformes
Família Columbidae
Família composta por aves conhecidas
como pombas e rolinhas. Os fósseis mais antigos
que podem ser de Columbiformes, datam do
Oligoceno (entre 34 e 23 milhões de anos atrás),
porém são bastante fragmentados e de
classificação incerta. Fósseis definitivos dessa
ordem aparecem no Mioceno (entre 23 e 20
milhões de anos atrás). Estudos moleculares
indicam que essa ordem pode ter surgido em fins
do período Cretáceo (entre 87 e 110 milhões de
anos atrás), passando por uma maior
diversificação após a extinção dos dinossauros
não avianos.
Comportamento e alimentação
Ocorrem em variados ambientes, tanto
áreas florestais quanto áreas abertas.
Muitas espécies possuem comportamento
social, andando em bandos, colônias ou
agregações. O bando é uma unidade pequena,
geralmente com alguma finalidade, como
procurar alimentos, pernoitar em algum local ou
se proteger contra predadores. A colônia é uma
unidade social maior, com coesão espacial,
associada com comportamento de nidificação ou
repouso de inverno. A agregação é uma unidade
social grande composta por vários bandos,
ocorrem, por exemplo, em períodos de grande
abundância de alimentos.
Competem entre si por locais de
nidificação, territórios ou áreas de descanso. A
muda das penas é lenta, em algumas espécies
ocorre antes da reprodução e pode levar até 10
meses.
Possuem vocalizações variadas, usadas
para fins de alerta, defesa territorial e
reprodução. Podem fingir estar feridos para
despistar predadores das áreas de ninhos.
São frugívoros e granívoros,
eventualmente ingerem pequenos invertebrados.
Bebem imergindo o bico inteiro na água.
Espécies como Patagioenas picazuro e P.
maculosa podem realizar migrações após a
reprodução, quando então se reúnem em
bandos. No sul do Brasil essas migrações são
durante o outono e inverno e podem ser
migrações altitudinais.
Reprodução
São monogâmicos, ao menos por uma
estação reprodutiva, mas podem se reproduzir
com o mesmo parceiro em diferentes estações
reprodutivas. Há espécies que se reproduzem em
períodos específicos e outras durante todo o ano.
Realizam comportamentos ritualizados de corte
durante o voo. Também de alerta e defesa do
território, que em geral são defendidos durante o
período reprodutivo.
Constroem ninhos frágeis com gravetos e
matéria vegetal. Há espécies que nidificam em
buracos ou no chão. A maioria coloca dois ovos,
espécies que se alimentam apenas de frutos em
geral colocam um ovo. A incubação dura 11 a 30
dias. Os machos preferencialmente incubam os
ovos do amanhecer até a tarde e as fêmeas da
tarde até o amanhecer. Geotrygon mantém o
ninho limpo, ingerindo as cascas de ovos e as
fezes dos filhotes.
Os filhotes são semialtriciais e são
alimentados com uma secreção do esôfago de
ambos os pais, denominada “leite-de-pombo” ou
“leite-de-papo”, rico em gorduras (25- 30%),
proteínas (10-15%) e lecitina (5%). Nos primeiros
dias da eclosão os filhotes são alimentados
apenas com esse leite e vão gradualmente sendo
alimentados com alimentos sólidos. Deixam o
ninho 11 a 30 dias após a eclosão. Reproduzem-
se pela primeira vez com seis meses a um ano de
idade, algumas espécies podem se reproduzir
mais de cinco vezes por ano. Podem viver mais de
19 anos, porém 35 a 65% dos adultos podem
morrer anualmente.
Fontes: Sick, 1997; Wells & Wells, 2001; Abs, 2002;
Pereira et al., 2007; Mayr, 2009.
Columba livia Gmelin, 1789
Nome popular: pombo-doméstico
Comprimento: 31-38 cm.
Peso: 340-369 g.
Habitat: Ocorrem em áreas rurais e
urbanas.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
pão, frutas e restos alimentares variados
(incluindo pedaços de salsicha).
111
Comportamento e observações:
Deslocam-se em bandos. É espécie exótica,
introduzida no Brasil no século XVI como ave
doméstica. Essa espécie era criada pelos
humanos há 5.000 anos na Ásia, originária da
região do Mediterrâneo europeu.
Predadores: gavião-asa-de-telha
(Parabuteo unicinctus), suindara (Tyto furcata),
carcará (Caracara plancus), falcão-de-coleira
(Falco femoralis), falcão-peregrino (Falco
peregrinus), chimango (Milvago chimango),
carrapateiro (Milvago chimachima), gavião-carijó
(Rupornis magnirostris), sagui-de-tufos-brancos
(Callithrix jacchus).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano. Colocam dois ovos, a
postura ocorre em dias alternados. Os ninhos
ficam em paredões rochosos ou edificações
humanas. Consiste em uma plataforma de galhos,
gravetos e palha. Demora oito a dez dias para
construir o ninho, o período de incubação é de 16
a 19 dias. Após a eclosão os filhotes permanecem
no ninho por 30 a 37 dias.
Distribuição: Atualmente ocorrem em
todos os continentes, exceto Antártida, e em
todo o Brasil.
Altitude: Até 4.500 m.
Fontes: Morici, 1990; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Bó, 1999; Gibbs et al., 2001; Pontes & Soares,
2005; Vargas et al., 2007; Dunning Jr., 2008; Santillán
et al., 2010; Santos, 2011; Gelain & Pereyra Lobos,
2011 in de la Peña, 2019; Gonçalves, 2014; de la Peña,
2016; Salvador, 2016; de la Peña, 2019; Wikiaves,
2019.
Patagioenas speciosa (Gmelin, 1789)
Nome científico: pomba-trocal
Sinonímia recente: Columba speciosa
Comprimento: 28-34 cm.
Peso: 255-262 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
áreas abertas próximas de florestas.
Alimentação: Alimentam-se de pequenos
frutos.
Dentre as frutas consomem espécies dos
seguintes gêneros: Acnistus, Allophylum, Ficus,
Myrica, Psidium, Schefflera, Vismia.
Comportamento e observações:
Geralmente solitários, podem ser observados
pousados sozinhos ou em casais na copa de
árvores, eventualmente reúnem-se em bandos
de quatro indivíduos a (muito raramente) 100
indivíduos. Em geral forrageiam na copa das
árvores, mas podem descer ao solo em clareiras
em áreas florestais, também para tomar água e
em bancos de argila para consumirem esse
material e absorverem sais minerais.
Predadores: gaviãozinho (Gampsonyx
swainsoni), gavião-de-penacho (Spizaetus
ornatus), falcão-de-peito-laranja (Falco
deiroleucus).
Reprodução: Reprodução registrada de
janeiro a agosto, variando conforme a região. O
ninho consiste em uma plataforma de gravetos
sobre árvores. Colocam um a dois ovos e a
incubação dura 15 a 17 dias.
Realizam voos de exibição e durante a
corte os machos podem permanecem em um
galho horizontal diante ou próximo da fêmea,
inflam o pescoço, abaixam ligeiramente as asas e
a cauda.
Distribuição: Ocorrem do México à
Argentina e possuem registros em quase todos os
estados do Brasil.
Altitude: Até 1.400 m.
Fontes: Skutch, 1964; Jenny & Cade, 1986;
Aguilar, 1996; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Gibbs et al., 2001; Hilty, 2003; Sigrist,
2006; Dunning Jr., 2008; Ballarini et al., 2013; Spaans
et al., 2015; Purificação et al., 2015; de la Peña, 2016;
Teixeira et al., 2019; Wikiaves, 2019.
Patagioenas picazuro (Temminck, 1813)
Nome popular: pomba-asa-branca
Sinonímia recente: Columba picazuro
Comprimento: 34-36 cm.
Peso: 212-402 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de mata e áreas agropecuárias.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes, brotos (e.g. Medicago), folhas (e.g.
Callitriche) e invertebrados.
Dentre os frutos consomem de plantas dos
seguintes gêneros: Blepharocalyx, Celtis,
Chrysophyllum, Citharexyllum, Cordia, Curatella,
Ficus, Ligustrum, Maclura, Melia, Michelia,
Miconia, Morus, Myrsine, Pyracantha, Rapanea,
Sapium, Solanum, Zanthoxylum.
Dentre as sementes consomem de plantas
dos seguintes gêneros: Glycine, Helianthus,
Jatropha, Panicum, Sorghum, Triticum, Zea.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhas, em casais ou em bandos
durante o outono, alguns com mais de 200
indivíduos. Em algumas regiões também podem
realizar deslocamentos populacionais devido a
variação na disponibilidade de alimento.
Forrageiam em árvores e no solo.
112
Predadores: gavião-carijó (Rupornis
magnirostris), falcão-de-coleira (Falco femoralis),
jacurutu (Bubo virginianus), carcará (Caracara
plancus), coruja-buraqueira (Athene cunicularia),
gavião-bombachinha-grande (Accipiter bicolor),
gavião-do-banhado (Circus buffoni), chimango
(Milvago chimango), gralha-do-pantanal
(Cyanocorax cyanomelas), gavião-asa-de-telha
(Parabuteo unicinctus), suindara (Tyto furcata),
coruja-orelhuda (Asio clamator), raposa-do-
campo (Lycalopex gymnocercus), gato-do-mato-
grande (Leopardus geoffroyi), falcão-peregrino
(Falco peregrinus), gavião-de-penacho (Spizaetus
ornatus), jiboia (Boa constrictor), mico-estrela
(Callithrix penicillata).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano, variando conforme a região.
O ninho é construído em árvores, consistindo em
uma plataforma rasa de galhos. Demoram seis a
oito dias para construir o ninho. Há registro de
que o macho coleta o material para o ninho e
entrega para a fêmea adicionar a ele.
Colocam um a dois ovos, o período de
incubação dura 16 a 19 dias e após a eclosão os
filhotes permanecem no ninho por 18 a 22 dias.
Ambos os adultos participam da incubação e dos
cuidados com os filhotes. Macho e fêmea se
revezam na incubação durante o dia e a fêmea
permanece no ninho durante a noite.
No comportamento de corte o macho
realiza movimentos com a cabeça, abaixando-a
como em reverência, eriçando a plumagem do
seu pescoço e das asas.
Distribuição: Ocorrem em quase todo o
Brasil, também Bolívia e Argentina.
Altitude: Até 1.100 m.
Fontes: Goodwin, 1964; Belton, 1984; Pineschi,
1990; Bó et al., 1996; Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Diéguez & Corbella in de la Peña, 2019; Oniki & Willis,
2000; Montaldo, 2000; Gibbs et al., 2001; Tomazzoni
et al., 2004; Di Giacomo, 2005; Montaldo, 2005;
Campos & Toledo Filho, 2007; Dunning Jr., 2008;
Neves & Viana, 2008; Athiê, 2009; Oliveira, 2009; de la
Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2019; Bucci,
2011; Pascotto et al., 2012; Casoni, 2012; Allenspach &
Dias, 2012; Athiê & Dias, 2012; Vitorino & Souza, 2013;
Amaral et al., 2013; Gomes, 2013; Oliveira et al., 2015;
de la Peña, 2016; Canel et al., 2016; Salvador, 2016;
Silva & Pesquero, 2016; Salvador, 2017; Hipolito, 2017;
Sazima & Hipolito, 2017; Gomides, 2017; Baladrón &
Bó, 2017; Marcon & Vieira, 2017; de la Peña, 2019;
Costa et al., 2019; Teixeira et al., 2019; Wikiaves,
2019.
Patagioenas maculosa (Temminck, 1813)
Nome popular: pomba-do-orvalho
Sinonímia recente: Columba maculosa
Comprimento: 33-38 cm.
Peso: 308-345 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas
entremeadas por árvores e áreas urbanas.
Alimentação: Alimentam-se de frutos,
sementes, brotos, folhas novas, insetos,
aracnídeos e moluscos.
Dentre as sementes consomem de plantas
dos seguintes gêneros: Arachis, Avena,
Chenopodium, Erodium, Fraxinus, Glycine,
Helianthus, Ligustrum, Panicum, Sorghum,
Triticum, Urochloa, Zea.
Dentre as frutas consomem de plantas dos
seguintes gêneros: Celtis, Melia, Morus,
Pyracantha, Sapium.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera; percevejos Hemiptera:
Pentatomidae; Hymenoptera.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos, em casais ou em bandos
de até 30 ou 40 indivíduos. Forrageiam no solo e
em árvores.
Predadores: gavião-carijó (Rupornis
magnirostris), carcará (Caracara plancus),
chimango (Milvago chimango), gavião-asa-de-
telha (Parabuteo unicinctus), águia-serrana
(Geranoaetus melanoleucus), falcão-peregrino
(Falco peregrinus); de seus ovos ou filhotes:
coperete (Pseudoseisura lophotes), calhandra-de-
três-rabos (Mimus triurus).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano. O ninho é construído sobre
árvores ou arbustos, consistindo em uma
plataforma de gravetos. Colocam um ovo.
No comportamento de corte o macho
realiza movimentos com as asas em frente da
fêmea, também pode levantar e abanar a cauda
com as asas um pouco abertas. Em outro
comportamento o macho se desloca em direção à
fêmea com as penas eriçadas, a cabeça abaixada
e a cauda um pouco inclinada.
Distribuição: Ocorrem do sul do Peru à
Argentina e Uruguai. No Brasil ocorre no Rio
Grande do Sul e um registro no Paraná.
Altitude: Até 3.800 m.
Fontes: Zotta, 1940; Barlow, 1968; Martinez et
al., 1975 in de la Peña, 2019; Belton, 1984; Stotz et al.,
1996; Sick, 1997; Gibbs et al., 2001; Di Giacomo, 2005;
Dunning Jr., 2008; de la Peña & Salvador, 2010 in de la
Peña, 2019; Salvador, 2012; de la Peña, 2016;
113
Salvador, 2016; Salvador, 2017; Salvador, 2017; de la
Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Patagioenas fasciata (Say, 1823)
Nome popular: pomba-de-coleira
Sinonímia recente: Columba fasciata
Comprimento: 33-40 cm.
Peso: 226-510 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais de
altitude.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
flores, folhas jovens e frutas.
Dentre as frutas consomem de plantas dos
seguintes gêneros: Acnistum, Clusia, Dunalia,
Duranta, Ficus, Inga, Macleania, Myrica,
Phytolacca, Psidium, Sapium, Trichilia, Vismia.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em casais ou em bandos de até 30
indivíduos. Forrageiam principalmente em
árvores e arbustos.
Reprodução: Reprodução registrada de
dezembro a julho. O ninho consiste em uma
plataforma de gravetos sobre árvores. Colocam
um a dois ovos e a incubação dura 18 a 20 dias.
No comportamento de corte os machos realizam
voos de exibição para as fêmeas, emitindo
vocalizações e podendo envolver voo planados
ou não.
Distribuição: Ocorrem da região dos Andes
até a Argentina. No Brasil ocorre em Roraima.
Altitude: 900 a 3.600 m, ocasionalmente
em altitudes menores.
Fontes: Borrero H., 1953; Stotz et al., 1996;
Sick, 1997; Aguilar, 2000; Hilty & Brown, 2001; Gibbs
et al., 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Spaans et
al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Patagioenas cayennensis (Bonnaterre, 1792)
Nome popular: pomba-galega
Sinonímia recente: Columba cayennensis
Comprimento: 25-32 cm.
Peso: 197-254 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de mata e clareiras.
Alimentação: Alimentam-se de frutas e
sementes.
Dentre as frutas consomem de plantas dos
seguintes gêneros: Alchornea, Citharexylum,
Cordia, Lantana, Musa, Oryctanthus, Rapanea,
Rubus, Sapium, Solanum, Trichilia.
Comportamento e observações: Em geral
deslocam-se sozinhos ou em casais, mas podem
se reunir em bandos fora do período reprodutivo,
ou próximo de áreas de alimentação, de água ou
para descansar. Forrageiam principalmente em
árvores, mas também podem descer ao solo.
Podem ingerir argila para absorção de sais
minerais ou neutralização de toxinas de
alimentos.
Predadores: carrapateiro (Milvago
chimachima); de seus ovos e filhotes araçari-
castanho (Pteroglossus castanotis).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano, variando conforme a região.
O ninho consiste em uma plataforma de gravetos.
Colocam um a dois ovos. A incubação dura
aproximadamente 20 dias.
Os machos podem se exibir para as fêmeas
realizando voos em semicírculos com as asas
erguidas em V. Durante o período reprodutivo
emitem vocalizações a partir de poleiros em
árvores. Na corte, o macho se abaixa diante da
fêmea com a cauda abaixada, vibrando as asas e
movendo a cabeça para frente e para trás.
Distribuição: Ocorrem do México à
Argentina e Uruguai; e em todo o Brasil.
Altitude: Até 800, ocasionalmente até
2.100 m.
Fontes: Borrero H., 1953; Belton, 1984;
Pineschi, 1990; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Gondim, 2001; Gibbs et al., 2001; Hilty,
2003; Dunning Jr., 2008; Parrini & Raposo, 2010;
Ballarini et al., 2013; Amaral et al., 2013; Spaans et al.,
2015; de la Peña, 2016; Marcon & Vieira, 2017;
Wikiaves, 2019; Costa & Ferreira, 2020; Lima, 2020.
Patagioenas plumbea (Vieillot, 1818)
Nome popular: pomba-amargosa
Sinonímia recente: Columba plumbea
Comprimento: 33-34 cm.
Peso: 155-206 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de frutos de
plantas dos seguintes gêneros: Cecropia,
Citharexyllum, Coussapoa, Ficus, Gomidesia,
Goupia, Marcgravia, Miconia, Psychotria,
Rapanea, Struthanthus.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em casais, podem se
reunir em bandos sobre árvores frutíferas das
quais se alimentam. Forrageiam sobre árvores.
Realizam migrações altitudinais, emigrando de
regiões de maior altitude para áreas mais baixas
durante o inverno.
Predadores: falcão-caburé (Micrastur
ruficollis), falcão-relógio (Micrastur
semitorquatus).
114
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de quase todo o ano, variando conforme a
região. O ninho é uma plataforma de gravetos,
construído sobre árvores.
Durante o período reprodutivo realizam
voos de corte acima de áreas florestais, sobe a
prumo e desce em espirais antes de empoleirar-
se novamente. Também realizam exibições
diante das fêmeas, movendo a cabeça para cima
e para baixo.
Distribuição: Ocorrem do Rio Grande do
Sul à Bahia e regiões Centro-Oeste e Norte do
Brasil.
Altitude: Até 2.100 m, ocasionalmente até
2.550 m.
Fontes: Moojen et al., 1941; Pineschi, 1990;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001;
Gibbs et al., 2001; Galetti, 2001; Hilty, 2003;
Staggemeier & Galetti, 2005; Dunning Jr., 2008; Röhe
& Antunes, 2008; Parrini & Pacheco, 2011; Ikuta &
Martins, 2013; Spaans et al., 2015; Parrini, 2015; de la
Peña, 2016; Rocha et al., 2017; Melo, 2019; Wikiaves,
2019.
Patagioenas subvinacea (Lawrence, 1868)
Nome popular: pomba-botafogo
Sinonímia recente: Columba subvinacea
Comprimento: 23-32 cm.
Peso: 150-176 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de frutas (e.g.
Cecropia, Ficus).
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos, em casais ou pequenos
bandos. Geralmente são territoriais. Forrageiam
sobre árvores.
Reprodução: Reprodução registrada de
abril a setembro. O ninho consiste em uma
plataforma de gravetos sobre árvores. Colocam
um ovo.
Distribuição: Ocorrem do Panamá à Bolívia
e região amazônica do Brasil, inclusive Mato
Grosso, Tocantins e Maranhão.
Altitude: Até 1.800 m, ocasionalmente até
3.300 m.
Fontes: Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Gibbs
et al., 2001; Hilty, 2003; Venderhoff & Grafton, 2009;
Spaans et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Geotrygon saphirina Bonaparte, 1855
Nome popular: juriti-safira
Comprimento: 22-26 cm.
Peso: 203 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais
úmidas.
Alimentação: Possivelmente frutas e
sementes.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhas e em casais. Preferem se
deslocar no solo, onde também forrageiam.
Empoleiram-se quando assustadas e para
vocalizar.
Reprodução: Sem informações.
Distribuição: Ocorrem no Peru, Equador e
Colômbia. No Brasil registrado em Benjamin
Constant e São Paulo de Olivença, no Amazonas.
Altitude: 600 a 1.100 m.
Fontes: Willis, 1987 in Sick, 1997; Stotz et al.,
1996; Hilty & Brown, 2001; Gibbs et al., 2001;
Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008; Kirwan et
al., 2014.
Geotrygon violacea (Temminck, 1809)
Nome popular: juriti-vermelha
Comprimento: 21-24 cm.
Peso: 90-102 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes e insetos.
Dentre as frutas consomem: Citharexylum,
Myrsine, Rapanea.
Comportamento e observações:
Deslocam-sozinhos ou em casais, pelo solo, onde
forrageiam. Empoleiram-se para fugir de
predadores e para vocalizar.
Reprodução: Reprodução registrada entre
março e julho ou entre setembro e dezembro,
variando conforme a região. O ninho é construído
com gravetos, colocam um a dois ovos.
Distribuição: Ocorrem da América Central
à Bolívia e Argentina. No Brasil, ocorrem do
Paraná ao Alagoas, também Pará e Mato Grosso.
Altitude: Até 1.600 m.
Fontes: Pineschi, 1990; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Hilty & Brown, 2001; Gibbs et al., 2001; Hilty,
2003; Dunning Jr., 2008; Amaral et al., 2013; Spaans et
al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Geotrygon montana (Linnaeus, 1758)
Nome popular: pariri
Comprimento: 19-28 cm.
Peso: 115 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de frutas,
sementes e invertebrados.
Dentre as frutas consomem de plantas dos
seguintes gêneros: Euterpe, Margaritaria,
Mauritia, Myrsine, Oenocarpus, Rapanea.
115
Dentre as sementes consomem: Borreria,
Styrax, Zea.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em casais, raramente
em bando. Forrageiam no solo. Realizam
deslocamentos populacionais sazonais e
migrações parciais em algumas regiões.
Empoleiram-se para fugir de predadores e para
vocalizar. Podem ingerir sementes regurgitadas
por Pipra sp. quando estas aves se reúnem em
arenas de exibição.
Predadores: gavião-de-penacho (Spizaetus
ornatus), falcão-relógio (Micrastur
semitorquatus).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano, variando conforme a região.
O ninho é uma plataforma irregular, construído
com gravetos e folhas secas ou verdes; próximo
ao solo ou sobre árvores.
Colocam dois ovos e a incubação dura 10 a
12 dias. Os filhotes deixam o ninho 10 dias após
eclosão, com oito a nove dias já conseguem
escalar a vegetação ao redor do ninho. Ambos os
adultos cuidam dos filhotes e também comem
suas fezes e as cascas dos ovos para limpar o
ninho.
Durante o período reprodutivo o macho
vocaliza ao longo de todo o dia a partir de um
poleiro próximo ao solo ou do próprio solo.
Durante a corte o macho se inclina diante da
fêmea, balançando a cabeça e levantando a
cauda, após perseguindo a fêmea em voo. Antes
da cópula podem realizar troca de carícias com o
bico.
Distribuição: Ocorrem do México à Bolívia,
Argentina e Paraguai; e em quase todo o Brasil.
Altitude: Até 1.400 m, ocasionalmente até
2.600 m.
Fontes: Skutch, 1949; Lill, 1969; Belton, 1984;
Pineschi, 1990; Stoufeer & Bierregaard, 1993; Stotz et
al., 1996; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Gibbs et al.,
2001; Hilty, 2003; Cazetta et al., 2008; Dunning Jr.,
2008; Kindel, 2010; Bodrati & Salvador, 2013; Spaans
et al., 2015; Cena, 2015; de la Peña, 2016; Lima, 2017;
Rocha et al., 2017; Silva & Reis, 2019; Teixeira et al.,
2019; Wikiaves, 2019.
Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855
Nome popular: juriti-pupu
Comprimento: 26-30 cm.
Peso: 114-276 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
bordas de mata, capoeiras e cerrado.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
frutas e insetos.
Dentre as frutas consomem de plantas dos
seguintes gêneros: Alchornea, Allophylus,
Blepharocalyx, Cereus, Cestrum, Condalia,
Didymopanax, Doliocarpus, Lantana, Ligustrum,
Mauritia, Melia, Morus, Peperomia, Rapanea,
Sapium, Siparuna, Stenocereus, Trichilia.
Dentre as sementes consomem:
Amaranthus, Chenopodium, Jatropha, Zea.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em casais. Forrageiam
no solo.
Predadores: irara (Eira barbara), macaco-
de-cheiro (Saimiri sciureus), macaco-prego
(Sapajus apella), jiboia (Boa sp.), tauató-pintado
(Accipiter poliogaster), coruja-do-mato (Strix
virgata), gavião-bombachinha-grande (Accipiter
bicolor), gavião-miúdo (Accipiter striatus), falcão-
de-peito-laranja (Falco deiroleucus), gato-do-
mato-grande (Leopardus geoffroyi), bem-te-vi
(Pitangus sulphuratus), gavião-de-penacho
(Spizaetus ornatus), gralha-picaça (Cyanocorax
chrysops).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano, variando conforme a região.
O ninho é uma plataforma de gravetos, folhas e
palhas; construído sobre árvores ou arbustos.
Colocam dois ovos, a incubação dura 14 dias,
após a eclosão os filhotes permanecem no ninho
por 13 a 17 dias e após deixarem o ninho ainda
permanecem junto com os adultos por mais oito
a 10 dias.
Os machos podem realizar exibições para a
fêmea, pousados em um galho inflando o
pescoço, com a face voltada para baixo e a cauda
abaixada.
Distribuição: Ocorrem do sul dos Estados
Unidos até a Bolívia e Argentina; e em quase todo
o Brasil.
Altitude: Até 2.800 m, ocasionalmente até
3.200 m.
Fontes: Moojen et al., 1941; Fraga, 1983;
Belton, 1984; Pineschi, 1990; Souza et al., 1992; Stotz
et al., 1996; Sick, 1997; Soriano et al., 1999; Montaldo,
2000; Gibbs et al., 2001; Hilty & Brown, 2001; Hilty,
2003; Di Giacomo, 2005; Montaldo, 2005; Teixeira,
2006; Neves & Viana, 2008; Dunning Jr., 2008; Seipke
& Cabanne, 2008; de la Peña & Salvador, 2010 in de la
Peña, 2019; Cortés & Etchebarne, 2012; Ballarini et al.,
2013; Salvador & Bodrati, 2013; Cena, 2014; Spaans et
al., 2015; Acosta-Chaves, 2015; de la Peña, 2016; Silva,
2016; Cuñado, 2016 in de la Peña, 2019; Marín-
Espinoza & Durán-Maita, 2016; Salvador, 2017; de la
Peña & Pensiero, 2017; Lima, 2017; Mesquita, 2017;
116
Wikiaves, 2019; Bodrati, 2019 in de la Peña, 2019;
Teixeira et al., 2019; de la Peña, 2019.
Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792)
Nome popular: juriti-de-testa-branca
Comprimento: 25-28 cm.
Peso: 131-183 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
frutas e invertebrados.
Dentre as sementes consomem: Brachiaria,
Paspalum, Phaseolus, Ricinus, Zea.
Dentre os frutos consomem: Alchornea,
Myrcia, Rapanea, Trichilia.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhas ou em casais. Forrageiam
no solo.
Predadores: murucututu-de-barriga-
amarela (Pulsatrix koeniswaldiana), falcão-caburé
(Micrastur ruficollis), gavião-de-penacho
(Spizaetus ornatus).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano, variando conforme a região.
O ninho é uma plataforma de gravetos, palha e
gramíneas, construído sobre árvores ou arbustos.
Colocam dois ovos. A incubação dura 12 dias e os
filhotes deixam o ninho 12 a 13 dias após a
eclosão. Mas com 10 dias já conseguem escalar a
vegetação ao redor do ninho.
Distribuição: Ocorrem da Venezuela à
Bolívia, Argentina e Uruguai; e em quase todo o
Brasil.
Altitude: Até 1.900 m, ocasionalmente até
mais de 2.200 m.
Fontes: Moojen et al., 1941; Pineschi, 1990;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hasui & Höfling, 1998;
Thorstrom, 2000; Hilty & Brown, 2001; Valente, 2001;
Gibbs et al., 2001; Gondim, 2001; Dunning Jr., 2008;
Joenck et al., 2011; Ballarini et al., 2013; Spaans et al.,
2015; de la Peña, 2016; Bodrati, 2019 in de la Peña,
2019; Wikiaves, 2019.
Zenaida auriculata (Des Murs, 1847)
Nome popular: avoante
Comprimento: 21-28 cm.
Peso: 116-155 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas,
campos, cerrado, catinga, pastos e áreas urbanas.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
frutos, folhas, insetos (e.g. Anticarsia), moluscos
e crustáceos.
Dentre as sementes consomem de plantas
dos seguintes gêneros: Amaranthus, Ambrosia,
Arachis, Arenaria, Argemone, Avena, Blainvillea,
Brachiaria, Brassica, Carduus, Centaurea,
Cerastium, Certhamus, Chamaesyce,
Chenopodium, Cirsium, Cirsium, Commelina,
Cuscuta, Cynara, Cynodon, Cyperus, Dalechampia,
Descurainia, Dichondra, Digitaria, Digittaria,
Echinochloa, Echinum, Eleocharis, Eleusine,
Eleusine, Eragrostis, Erodium, Euphorbia, Galium,
Geranium, Glycine, Helianthus, Heliotropium,
Hordeum, Hypoxis, Ipomea, Kochium,
Lampranthus, Lathyrus, Linum, Macroptilum,
Margyricapus, Medicago, Oryza, Oryzopis, Oxalis,
Panicum, Paspalum, Passiflora, Phytolacca,
Pisum, Poa, Polygonum, Portulaca,
Potamogetom, Rannunculus, Raphanus, Ricinus,
Rumex, Secale, Setaria, Sida, Silene, Solanum,
Sorghum, Spergula, Stipa, Trifolium, Triticum,
Urochloa, Urtica, Vaccaria, Vicia, Vigna, Viola,
Waltheria, Zea.
Dentre as frutas consomem: Celtis, Croton,
Morus, Rivina, Zanthoxylum.
Dentre os moluscos consomem:
Gastropoda: Biomphalaria, Drepanotrema,
Pisidium.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em casais, quando no período
reprodutivo, ou em bandos. Consta que a
intervalos de dois a três anos se torna muito
numerosa no Nordeste (Piauí, Ceará, Rio Grande
Norte), formando bandos de milhares de
indivíduos entre os meses de abril e junho.
Podendo estes deslocamentos atraídos por
frutificações de marmelo (Croton sp.), resultado
dos ciclo sazonais de chuvas nas áreas de
Caatinga. Em outras áreas da América do Sul
também realizam movimentos populacionais.
Predadores: ariranha (Pteronura
brasiliensis), raposa-do-campo (Lycalopex
gymnocercus), sagui-estrela (Callithrix
penicillata), cobra-cipó (Philodryas olfersii), sovi
(Ictinia plumbea), gavião-carijó (Rupornis
magnirostris), coruja-orelhuda (Asio clamator),
gavião-peneira (Elanus leucurus), gavião-de-
cauda-curta (Buteo brachyurus), gavião-cinza
(Circus cinereus), gavião-do-banhado (Circus
buffoni), gavião-asa-de-telha (Parabuteo
unicinctus), gavião-de-rabo-branco (Geranoaetus
albicaudatus), águia-serrana (Geranoaetus
melanoleucus), suindara (Tyto furcata), mocho-
dos-banhados (Asio flammeus), carcará (Caracara
plancus), falcão-de-coleira (Falco femoralis),
falcão-peregrino (Falco peregrinus), cauré (Falco
rufigularis), chimango (Milvago chimango),
coperete (Pseudoseisura lophotes), choró-boi
(Taraba major), sabiá-poca (Turdus
117
amaurochalinus), asa-de-telha (Agelaioides
badius), araçari-castanho (Pteroglossus
castanotis), coruja-buraqueira (Athene
cunicularia), gavião-miúdo (Accipiter striatus),
tacanuçu (Ramphastos toco), corujinha-do-mato
(Megascops choliba).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano, em geral nidifica de forma
solitária, mas podem formar colônias. O ninho é
uma plataforma rasa de gravetos, gramíneas e
palhas; construído sobre árvores, arbustos,
edificações ou no solo. Demora cinco a seis dias
para construir o ninho. Colocam dois a quatro
ovos, a postura ocorre em dias alternados, a
incubação dura 14 dias e após a eclosão os
filhotes permanecem no ninho por 12 a 15 dias.
Os machos realizam exibições, emitindo
vocalizações de poleiros, realizando voo curtos
até um local mais elevado e descendo em voo
circular mantendo as asas rígidas e o pescoço
levemente inflado. Durante a corte podem
perseguir a fêmea em voo, parando
ocasionalmente para vocalizar com o pescoço
inflado. Também realizam exibições no local do
ninho, inflando o pescoço e inclinando a cabeça
para frente, enquanto levanta a cauda; após
emite uma vocalização e abaixa a cauda.
Distribuição: Ocorrem da América Central
à Terra do Fogo; e em quase todo o Brasil.
Altitude: Até 3.400 m, ocasionalmente até
mais de 4.000 m.
Fontes: Aravena, 1927; Zotta, 1940; Moojen et
al., 1941; Borrero H., 1953; Bucher & Nores, 1973;
Murton et al., 1974; Bucher & Nores, 1976 in de la
Peña, 2019; Bucher & Orueta, 1977 in de la Peña,
2019; Pergolani de Costa & Zapata, 1980 in de la Peña,
2019; Bucher, 1982; Stotz et al., 1996; et al., 1996;
Diéguez, 1996 in de la Peña, 2019; Sick, 1997; Gómez-
Serrano, 1999 in Álvarez-León, 2009; Bó et al., 2000;
Hilty & Brown, 2001; Gibbs et al., 2001; Ranvaud et al.,
2001; Leveau et al., 2002; Ellis et al., 2002; Hilty, 2003;
Gómez-Serrano, 2004 in Álvarez-León, 2009; Di
Giacomo, 2005; Vargas et al., 2007; Campos & Toledo
Filho, 2007; Cândido-Jr. et al., 2008; Dunning Jr., 2008;
de la Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2019;
Gomes & Lima-Gomes, 2011; Mendes, 2011; Salvador,
2012; Monsalvo, 2012; Oliveira, 2012; Mergulhão,
2012; Carvalho, 2013; Just et al., 2015; Spaans et al.,
2015; de la Peña, 2016; Salvador, 2016; Wisnik, 2016;
Sazima & Hipolito, 2017; Baladrón & Bó, 2017;
Salvador et al., 2017 in de la Peña, 2019; de la Peña &
Pensiero, 2017; de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Claravis pretiosa (Ferrari-Perez, 1886)
Nome popular: pararu-azul
Comprimento: 18-23 cm.
Peso: 41-103 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
bordas de mata, também próximo de habitações
humanas.
Alimentação: Alimentam-se de sementes
(e.g. Oryza), pequenas frutas e insetos.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhas, em casais ou em pequenos
bandos de três a quatro indivíduos. Forrageiam
no solo em clareiras sombreadas. Em algumas
regiões podem realizar deslocamentos
populacionais em períodos de seca.
Reprodução: Reprodução registrada entre
fevereiro e novembro. O ninho é feito de
pequenos gravetos. Em geral o macho coleta o
material para o ninho e a fêmea o adiciona nele.
Algumas vezes o macho pode ajudá-la nessa
função. Demoram três dias para construir o
ninho.
Colocam dois ovos. A incubação dura 14 a
15 dias e é realizada por ambos os adultos. Os
filhotes deixam o ninho 13 a 14 dias após a
eclosão, mas após 10 dias podem estar
escalando a vegetação próxima ao ninho.
No período reprodutivo o macho vocaliza
em um galho a baixa altura no meio da vegetação
densa. Durante a corte o macho inclina-se diante
da fêmea, balançando a cabeça, levantando a
cauda e abaixando as asas. Também podem
trocar carícias com o bico e o macho pode ofertar
comida para a fêmea.
Distribuição: Ocorrem do México à
Argentina, e em quase todo o Brasil.
Altitude: Até 1.200 m, ocasionalmente até
1.800 m.
Fontes: Moojen et al., 1941; Skutch, 1959; Stotz
et al., 1996; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Gibbs et
al., 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Ballarini et al.,
2013; Spaans et al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves,
2019.
Uropelia campestris (Spix, 1825)
Nome popular: rolinha-vaqueira
Comprimento: 16-17 cm.
Peso: 35,2 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de campos,
úmidos a semi-áridos.
Alimentação: Alimentam-se de sementes.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em casais,
eventualmente em bandos. Forrageiam no solo.
Reprodução: Sem informações.
118
Distribuição: Ocorrem na Bolívia e Brasil,
onde possuem registros na região Centro-Oeste
do Brasil, também Minas Gerais, Bahia, Piauí,
Maranhão, Pernambuco, Pará e Amazonas.
Altitude: Até 1.100 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Gibbs et
al., 2001; Dunning Jr., 2008; Wikiaves, 2019.
Paraclaravis geoffroyi (Temminck, 1811)
Nome popular: pararu-espelho
Sinonímia recente: Claravis geoffroyi,
Claravis godefrida
Comprimento: 19-23 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
taquarais.
Alimentação: Alimentam-se de sementes e
frutas.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em casais ou em bandos.
Forrageiam no solo. Consta que esta espécie está
ligada à floração de taquaras e bambus, sendo
por isso parcialmente nômade em algumas
regiões.
Reprodução: Reprodução registrada em
novembro e dezembro. O ninho fica em árvores
ou arbustos. Colocam dois ovos.
Distribuição: Ocorrem do sul da Bahia a
Santa Catarina, Argentina (Misiones) e Paraguai.
Altitude: Até 1.400 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Gibbs et
al., 2001; de la Peña, 2016.
Columbina passerina (Linnaeus, 1758)
Nome popular: rolinha-cinzenta
Comprimento: 15-18 cm.
Peso: 27-48 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas,
campos, borda de florestas, áreas urbanas e
áreas áridas.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
pequenas frutas, insetos e moluscos (caracois).
Dentre os vegetais consomem: Bastardia,
Capsicum, Cereus, Digitaria, Euphorbia,
Melocactus, Panicum, Paspalum, Passiflora,
Portulaca, Sida, Stenocereus.
Comportamento e observações:
Deslocam- sozinhos, em casais ou bandos.
Forrageiam ao nível do solo. Descansam em
galhos de arbustos ou árvores. Vivem até sete
anos.
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano, variando conforme a região.
O ninho é construído com gramíneas e gravetos,
no solo ou em arbustos e árvores. Colocam um a
três ovos. A incubação dura 13 a 14 dias e os
filhotes deixam o ninho 11 a 12 dias após a
eclosão. Ambos os adultos participam da
incubação e cuidados com os filhotes. Começam
a se reproduzir com até três meses de idade.
Distribuição: Ocorrem do sul dos Estados
Unidos até as regiões norte e nordeste do Brasil,
também Mato Grosso e Espírito Santo.
Altitude: Até 2.300 m, ocasionalmente até
2.900 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Gibbs et al., 2001; Hilty, 2003; Lima,
2005; Muñoz G. et al., 2005; Lima, 2006; Dunning Jr.,
2008; Vuilleumier, 2009; Spaans et al., 2015; Marín-
Espinoza & Durán-Maita, 2016; Segovia-Yega et al.,
2019; Wikiaves, 2019.
Columbina minuta (Linnaeus, 1766)
Nome popular: rolinha-de-asa-canela
Comprimento: 14-16 cm.
Peso: 26-42,2 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas,
campos e borda de florestas, jardins, restingas,
caatingas e floresta.
Alimentação: Alimentam-se de sementes e
também podem ingerir insetos.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em casais ou em bandos.
Forrageiam no solo em áreas abertas ou em
borda de áreas arbustivas.
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano, variando conforme a região.
O comportamento de corte consiste em o macho
emitir vocalizações de um poleiro em galhos ou
do solo ao longo de todo o dia. Ele também pode
se inclinar diante da fêmea, balançando a cabeça
e abanando suas asas antes de persegui-la no
solo ou em voo.
O ninho é uma tigela rasa de gramíneas e
gravetos. Construído no solo ou em galhos de
plantas próximos ao solo. Colocam dois a três
ovos. A incubação dura 11 a 14 dias e os filhotes
deixam o ninho 10 a 14 dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem do México ao
Paraguai e em quase todo o Brasil, exceto região
sul.
Altitude: Até 1.400 m, ocasionalmente
2.100 m.
Fontes: Antas, 1987; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Hilty & Brown, 2001; Gibbs et al., 2001; Piratelli
& Pereira, 2002; Hilty, 2003; Lima, 2006; Dunning Jr.,
2008; Spaans et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Columbina talpacoti (Temminck, 1810)
119
Nome popular: rolinha-roxa
Comprimento: 14-18 cm.
Peso: 35,5-56,5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas,
campos, áreas urbanas e borda de mata.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
frutos (e.g. Ficus, Miconia), insetos e pequenos
moluscos.
Dentre as sementes consomem de
espécies dos seguintes gêneros: Amaranthus,
Brachiaria, Brassica, Eleosmia, Eleusine,
Euphorbia, Lepidium, Melinis, Oryza, Panicum,
Paspalum, Portulaca, Rapanea, Triticum.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em casais ou em bandos.
Forrageiam no solo. Podem agredir uns aos
outros para tentar roubar o alimento uma da
outra. Em algumas regiões suas populações
podem realizar deslocamentos após a reprodução
ou devido a variações na disponibilidade de
alimentos.
Predadores: garça-branca (Ardea alba),
gaviãozinho (Gampsonyx swainsonii), gavião-
miúdo (Accipiter striatus), gralha-do-campo
(Cyanocorax cristarellus), quiriquiri (Falco
sparverius), falcão-de-coleira (Falco femoralis),
gavião-carijó (Rupornis magnirostris), anu-branco
(Guira guira), caburé (Glaucidium brasilianum),
gavião-miudinho (Accipiter superciliosus), gavião-
miúdo (Accipiter striatus), mico-estrela (Callithrix
penicillata), teiú (Salvator merianae), jiboia (Boa
constrictor), gambá-de-orelha-branca (Didelphis
albiventris), morcego Chrotopterus auritus.
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano, variando a depender da
região. O comportamento de corte consiste em o
macho emitir vocalizações a partir de um poleiro
ou do solo, durante o dia. Também pode cortejar
a fêmea inclinando-se na frente dela, enquanto
balança a cabeça, agita as asas e levanta um
pouco a cauda.
O ninho é uma plataforma semiesférica de
gravetos, forrado com gramíneas e plumas,
construído sobre árvores ou arbustos. O macho
coleta o material para o ninho e a fêmea o
constrói.
Colocam dois ovos, eventualmente três, a
postura ocorre em dias alternados. A incubação
dura 12 a 14 dias. Durante o dia macho e fêmea
se revezam na incubação e durante a noite
apenas a fêmea fica incubando. Após a eclosão os
filhotes permanecem no ninho por nove a 14 dias
e após deixarem o ninho ficam com os adultos
por mais 25 dias. Podem reutilizar o ninho em
caso de sucesso reprodutivo e se reproduzir
várias vezes ao longo do ano. Se reproduzem pela
primeira vez com três meses.
Eventualmente algum macho pode desafiar
o macho que está em atividade reprodutiva, se
este perder, o macho desafiante pode cometer
infanticídio, eliminando os ovos ou os filhotes do
macho que estava em reprodução.
Distribuição: Ocorrem do México à Bolívia,
Paraguai e Argentina e em todo o Brasil.
Altitude: Até 1.200 m, ocasionalmente até
2.600 m.
Fontes: Moojen et al., 1941; Peracchi &
Albuquerque, 1976 in Sick, 1997; Belton, 1984; Cintra,
1988; Pineschi, 1990; Cintra et al., 1990 in de la Peña,
2019; Vanegas, 1996; Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Hilty & Brown, 2001; Gibbs et al., 2001; Piratelli &
Pereira, 2002; Hilty, 2003; Lima, 2006; Dunning Jr.,
2008; Seipke & Cabanne, 2008; de la Peña & Salvador,
2010 in de la Peña, 2019; Cândido, 2010; Andreatta,
2010; Ramos et al., 2011; Silva, 2012; Meneses, 2012;
Lopes, 2013; Carvalho, 2015; Oliveira et al., 2015; de la
Peña, 2016; Lima, 2017; Paiva, 2018; Veloso et al.,
2018; de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019; Marto-
Martins, 2020.
Columbina squammata (Lesson, 1831)
Nome popular: rolinha-fogo-apagou
Sinonímia recente: Scardafella squammata
Comprimento: 18-22 cm.
Peso:
Habitat: Ocorrem em áreas abertas, borda
de mata e próximo de áreas urbanas.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
pequenas frutas, insetos (e.g. Formicidae) e
moluscos (Gastropoda: Pupilla).
Dentre os vegetais consomem espécies dos
seguintes gêneros: Bastardia, Cereus, Croton,
Euphorbia, Melocactus, Panicum, Paspalum,
Passiflora, Portulaca, Pthirusa, Sida, Stenocereus.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em casais ou pequenos bandos.
Forrageiam no solo.
Predadores: cobra-bicuda (Oxybelis
fulgidus), caburé (Glaucidium brasilianum),
falcão-de-coleira (Falco femoralis).
Reprodução: Reprodução registrada quase
o ano inteiro, variando conforme a região. Podem
se reproduzir mais de uma vez por ano. O ninho é
construído pelo macho e consiste em uma tigela
feita de gravetos. Colocam dois ovos. A incubação
é realizada por ambos os adultos e dura 13 a 14
dias e os filhotes deixam o ninho 12 a 15 dias
após a incubação.
120
Durante o período reprodutivo o macho
emite vocalizações ao longo do dia a partir de um
poleiro. Durante a corte o macho mantém uma
posição horizontal diante da fêmea e sem mover
a cabeça levanta a cauda na vertical abrindo em
leque. Também podem trocar carícias com o bico.
Distribuição: Ocorrem da Venezuela ao
Paraguai, Argentina e em quase todo o Brasil.
Altitude: Até 1.200 m.
Fontes: Moojen et al., 1941; Lordello, 1954;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001;
Gibbs et al., 2001; Hilty, 2003; Muñoz G. et al., 2005;
Lima, 2006; Dunning Jr., 2008; Gallardo, 2012;
Miranda et al., 2013; de la Peña, 2016; Marín-Espinoza
& Durán-Maita, 2016; Alves, 2018; Wikiaves, 2019.
Columbina picui (Temminck, 1813)
Nome popular: rolinha-picuí
Comprimento: 16-18 cm.
Peso: 41-51 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas,
campos, áreas urbanas e borda de mata.
Alimentação: Alimentam-se de sementes e
pequenos frutos.
Dentre os vegetais consomem de espécies
dos seguintes gêneros: Amaranthus, Brassica,
Chenopodium, Dichondra, Erodium, Jatropha,
Morus, Panicum, Pilosocereus, Sorghum, Triticum,
Urochloa, Zea.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em casais ou em bandos que se
formam mais comumente no outono e inverno.
Forrageiam no solo.
Predadores: gavião-cinza (Circus cinereus),
gavião-miúdo (Accipiter striatus), gavião-asa-de-
telha (Parabuteo unicinctus), suindara (Tyto
furcata), corujinha-do-mato (Megaschops
choliba), caburé (Glaucidium brasilianum),
quiriquiri (Falco sparverius), falcão-de-coleira
(Falco femoralis), falcão-peregrino (Falco
peregrinus), gavião-carijó (Rupornis magnirostris),
chimango (Milvago chimango), falcão-relógio
(Micrastur semitorquatus); de seus ovos ou
filhotes: coperete (Pseudoseisura lophotes), bem-
te-vi (Pitangus sulphuratus).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano. O ninho é uma plataforma
semiesférica de gravetos forrado com plumas que
vão sendo adicionadas durante a postura e a
incubação. Demora quatro a seis dias para ser
construído. Colocam dois a três ovos, a incubação
dura 12 a 14 dias e após a eclosão os filhotes
permanecem no ninho por 10 a 14 dias.
Distribuição: Ocorrem da Colômbia à
Bolívia, Chile, Argentina e Uruguai, em quase
todo o Brasil, exceto alguns estados da região
norte.
Altitude: Até 1.250, ocasionalmente até
2.700 m.
Fontes: Aravena, 1927; Zotta, 1934; Martinez
et al., 1975 in de la Peña, 2019; Morici, 1990; Stotz et
al., 1996; Sick, 1997; Bó, 1999; Bó et al., 2000; Gibbs et
al., 2001; Di Giacomo, 2005; Carrara et al., 2007;
Seipke & Cabanne, 2008; Dunning Jr., 2008; Neves &
Viana, 2008; Carrera et al., 2008; Marín, 2009; de la
Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2019; Menezes,
2012; Salvador & Bodrati, 2013; de la Peña, 2016; de la
Peña & Pensiero, 2017; de la Peña, 2019; Santos et al.,
2019; Wikiaves, 2019.
Columbina cyanopis (Pelzeln, 1870)
Nome popular: rolinha-do-planalto
Comprimento: 15,5-16 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas de campo e
cerrado.
Alimentação: Alimentam-se de sementes e
possivelmente insetos.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Deslocam-se sozinhos ou em
casais. Forrageiam no solo.
Reprodução: Sem informações.
Distribuição: Possuem registros no Mato
Grosso, Goiás, São Paulo e Minas Gerais.
Altitude: Até 800 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Gibbs et
al., 2001; Wikiaves, 2019; Rego, 2020.
121
Columbina talpacoti
122
Ordem Cuculiformes
Família Cuculidae
Família composta por espécies
popularmente conhecidas como anu, alma-de-
gato e saci. Os fósseis mais antigos de
Cuculiformes datam do Paleoceno (entre 66 e 56
milhões de anos atrás). Porém estudos
filogenéticos indicam que essa ordem pode ter
surgido ainda no Cretáceo, antes da extinção dos
dinossauros não avianos.
Comportamento e alimentação
Ocorrem em áreas florestais e áreas
abertas, a maioria das espécies é arborícola,
porém espécies como Neomorphus são terrícolas.
A maioria é solitária ou andam em casais, porém
espécies que vivem em bandos (e.g. Guira e
Crotophaga). Usam vocalizações para defender
território e atrair parceiros. Os machos podem
realizar comportamento de corte, como em Guira
guira que exibem-se no chão com as asas semi-
abertas ao redor da fêmea.
A maioria é territorial durante o período
reprodutivo. Alimentam-se de invertebrados, há
espécies que podem ingerir também anfíbios,
répteis e aves. O que não é digerido é regurgitado
em pelotas por algumas espécies. Consomem
inclusive larvas de Lepidoptera (lagartas)
urticantes e podem expelir a derme interna do
estômago caso estejam impregnados com as
cerdas dessas lagartas.
Reprodução
Algumas espécies nidificam de forma
cooperativa em um ninho coletivo (e.g. Guira
guira e Crotophaga ani), mesmo nesses casos
mantém-se a monogamia entre os diferentes
casais. Mas há na família espécies poliândricas.
Há também espécies que são parasitas de ninhos,
colocando seus ovos nos ninhos de outras aves
(e.g. Tapera naevia).
Nas espécies cooperativas, muitos
indivíduos do bando auxiliam a construir o ninho
e cuidar dos filhotes. O casal dominante coloca
seus ovos por último no ninho, assim os dos
demais podem acabar ficando desfavorecidos no
processo de incubação. Consta que nesses ninhos
coletivos pode haver até 50 ovos, mas poucos
filhotes eclodem, pois muitos ovos não ficam em
temperatura adequada.
Colocam poucos ovos, exceto as espécies
parasitas que podem colocar até 12 ovos. Nas
primeiras, os ovos podem equivaler entre 14 e
25% do peso da fêmea, enquanto nas espécies
parasitas podem variar de 3 a 8% de seu peso. A
incubação é rápida, durando de 10 a 26 dias, a
depender da espécie.
Fontes: Sick, 1997; Baird & Vichers-Rich, 1997;
Martínez, 2002; Beletsky, 2006; Mayr, 2009; Posso &
Donatelli, 2012.
Guira guira (Gmelin, 1788)
Nome popular: anu-branco
Comprimento: 38-40 cm.
Peso: 113-169 g.
Habitat: Ocorrem em borda de mata, áreas
abertas e áreas agropecuárias.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
aracnídeos, crustáceos, anelídeos, anfíbios,
pequenos lagartos, serpentes, roedores (e.g.
Calomys), filhotes e ovos de aves.
Dentre os insetos consomem: percevejos,
cigarras e baratas-d’água Hemiptera: Cicadidae,
Pentatomidae, Reduviidae, Belastomatidae,
Coreidae, Cercopidae; vespas, abelhas e formigas
Hymenoptera: Vespidae, Apidae, Formicidae;
borboletas e mariposas Lepidoptera: Pieridae,
Saturniidae, Sphingidae, Noctuidae,
Nymphalidae; gafanhotos e grilos Orthoptera:
Acrididae, Paulinidae, Tettigoniidae,
Proscopiidae, Gryllidae, Romaleidae; besouros
Coleoptera: Carabidae, Scarabaeidae,
Cerambycidae, Chrysomelidae, Curculionidae,
Dytiscidae, Coccinellidae, Elateridae,
Hydrophilidae, Noteridae, Tenebrionidae,
Dermestidae; moscas Diptera: Tachinidae,
Muscidae; louva-a-deus Mantodea; baratas
Blattodea; Trichoptera; libélulas Odonata:
Aeshnidae; cupins Isoptera.
Dentre os filhotes de ave consomem: Cf.
Setophaga, Cf. Turdus, Fluvicola, Passer,
Tyrannus.
Dentre os anfíbios consomem espécies dos
seguintes gêneros: Boana, Dermatonotus,
Leptodactylus, Physalaemus, Pseudopaludicola,
Rhinella, Scinax.
123
Dentre os répteis consomem:
Amphisbaenidae: Amphisbaena; Anguidae:
Ophiodes; Dipsadidae: Erythrolamprus, Lygophis;
Gekkonidae: Hemidactylus; Gymnophthalmidae:
Pantodactylus; Iguanidae: Iguana; Liolaemidae:
Liolaemus; Mabuyidae: Cf. Brasiliscincus;
Phyllodactylidae: Homonota; Scincidae:
Copeoglossum; Teiidae: Ameivula,
Cnemidophorus, Pantodactylus, Teius;
Tropiduridae: Tropidurus.
Dentre os aracnídeos consomem: aranhas
Araneidae, Ctenidae, Lycosidae, Salticidae,
Tetragnathidae; opiliões Gonyleptidae;
escorpiões, carrapatos.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em bandos, alguns de até 25
indivíduos ou mais. Em dias frios podem dormir
empoleirados lado a lado; em geral dormem na
mesma árvore vários dias seguidos. Os bandos
mantêm um território, que defendem de outros
bandos. Dentro desses territórios também
podem se formar sub-territórios de diferentes
casais que são defendidos contra outros casais do
mesmo bando. O bando pode forragear no solo,
enquanto alguns indivíduos podem permanecer
em galhos observando os arredores.
Consta que mais de 100 anos ocorriam
apenas em áreas naturais campestres secas e
cerrado; e que talvez ainda a partir de 1870
passaram a expandir suas populações para áreas
desflorestadas de origem antrópica.
Predadores: gavião-miúdo (Accipiter
striatus), suindara (Tyto furcata), jacurutu (Bubo
virginianus), caburé (Glaucidium brasilianum),
carcará (Caracara plancus), falcão-de-coleira
(Falco femoralis), falcão-relógio (Micrastur
semitorquatus), gambá-de-orelha-branca
(Didelphis albiventris), jiboia (Boa constrictor).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de quase todo o ano, variando conforme a
região. O ninho é construído em árvores ou
arbustos; consiste em uma grande tigela feita de
gravetos, trepadeiras e raízes, forrado com
folhas, palha e flores. Nidificam de forma
comunitária e cada ninho pode conter de seis a
30 ovos, porém o casal também pode nidificar
sozinho. Podem usar o mesmo sítio reprodutivo
mais de um ano. Podem ser monogâmicos ou
praticar a poliginandria.
A incubação dura 10 a 15 dias e após a
eclosão os filhotes deixam o ninho com nove a 16
dias. Com seis a sete dias de idade os filhotes
conseguem escalar a vegetação ao redor do
ninho. Caso algum filhote caia do ninho, eles
conseguem escalar a árvore de volta até ele.
Eventualmente podem colocar seus ovos nos
ninhos de outras aves.
Consta que a partir do quinto dia de vida os
filhotes se tornam bastantes competitivos entre
si pelo alimento. Os maiores vão aos poucos
suplantando os menores, a partir do 10º dia de
vida os maiores começam a ficar em galhos acima
do ninho para pegarem os alimentos que os
adultos trazem antes que estes cheguem ao
ninho. Enquanto os menores aguardam no
interior do ninho pela chegada do alimento. Com
o passar dos dias o menores acabam por morrer,
possivelmente de desnutrição.
Os adultos também podem realizar
infanticídio nos ninhos coletivos, jogando para
fora do ninho ovos de outros indivíduos. Em geral
isso ocorre com os primeiros ovos a serem
colocados no ninho, estes também podem ser
enterrados com a adição de mais material ao
fundo do ninho. Eventualmente toda a ninhada é
perdida para o infanticídio, alguns indivíduos que
não conseguiram se reproduzir adotam essa
tática para tentar fazer o bando iniciar um novo
ciclo reprodutivo e assim conseguirem um
parceiro reprodutivo.
Quando os filhotes se dispersam do bando,
os machos em geral permanecem mais próximos
do seu território natal e as fêmeas se dispersam
para territórios mais distantes.
Distribuição: Ocorrem do sudeste do
Amapá e Pará à Bolívia, Argentina e Uruguai.
Altitude: Até 1.200 m, eventualmente
mais.
Fontes: Pereyra, 1927; Zotta, 1934; Davis,
1940; Zotta, 1940; Neunteufel, 1951; Belton, 1984;
Massoia, 1988; Macedo, 1992; Rocha, 1993; Beltzer,
1995 in de la Peña, 2019; Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Raw, 1997; Melo & Macedo, 1997; Macedo & Bianchi,
1997; Haro, 1998; de la Peña, 2001; Martins &
Donatelli, 2001; Macedo et al., 2001; Di Giacomo,
2005; Payne, 2005; Lima, 2006; Toledo et al., 2007;
Carrara et al., 2007; Vargas et al., 2007; Soave et al.,
2008; Carvalho-Filho, 2008 in Smaniotto et al., 2017;
Carrera et al., 2008; Seipke & Cabanne, 2008 in de la
Peña, 2019; Dunning Jr., 2008; Sazima, 2009;
Repenning et al., 2009; Leite, 2009; Mesquita, 2009;
Gomes, 2009b; Gogliath et al., 2010; de la Peña &
Salvador, 2010 in de la Peña, 2019; Degaspari, 2010;
Lima et al., 2011; Scalon, 2012; Farias, 2012; Salvador,
2012; Salvador, 2013; Morais et al., 2013; Corrêa et al.,
2013; Silva, 2014; Coutinho et al., 2014; Bodrati &
Salvador, 2015; Koski & Merçon, 2015; Andrade et al.,
2015; Smith, 2015; Abegg et al., 2015; de la Peña,
2016; Salvador, 2016; Bernarde et al., 2016; Smaniotto
124
et al., 2017; Caldas et al., 2017; Salvador et al., 2017 in
de la Peña, 2019; de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Crotophaga major Gmelin, 1788
Nome popular: anu-coroca
Comprimento: 45-48 cm.
Peso: 140-157 g.
Habitat: Ocorrem em florestas ripárias de
rios e lagos, também em manguezais.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
anfíbios (e.g. Hylidae), serpentes, pequenos
peixes, lagartos juvenis (e.g. Iguana), aracnídeos,
frutas e sementes. Eventualmente podem se
deslocar em áreas abertas próximas de florestas.
Dentre os insetos consomem: libélulas
Odonata; gafanhotos e grilos Orthoptera;
borboletas e mariposas Lepidoptera (larvas):
Nymphalidae (Brassolinae); besouros Coleoptera;
louva-a-deus Mantodea.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em casais ou em bandos de até 15
indivíduos, eventualmente de até 100 ou mais
indivíduos. Os bandos possuem um território
definido, mas não realizam lutas severas com
bandos vizinhos ou indivíduos que adentrem
nele. Os indivíduos de um bando podem vocalizar
em conjunto.
Podem seguir bandos de macacos ou
formigas-de-correição que vão espantando
insetos quando se deslocam pela vegetação
arbórea. Também podem aproveitar a
movimentação de peixes em meio à vegetação
aquática emergente, capturando insetos
espantados por estes.
Quando os adultos estão com ninho ativo
em período reprodutivo e algum possível
predador se aproxima do ninho, os adultos
podem fingir estar feridos, deixando a cauda
aberta e as asas caídas e emitindo fortes
vocalizações para distrair o predador e afastá-lo
do local do ninho.
Predadores: de seus ovos ou filhotes:
falcão-relógio (Micrastur semitorquatus), a
serpente Pseustes poecilionotus, jiboia (Boa
constrictor), caninana (Spilotes pullatus), macaco-
prego-de-cara-branca (Cebus capucinus), macaco-
prego-de-azara (Sapajus cay).
Reprodução: Reprodução registrada de
agosto a maio, variando conforme a região. O
ninho é construído em árvores, consistindo em
uma semi-esfera de gravetos finos, liquens e
folhas; o interior forrado com folhas que vão
sendo renovadas ao longo da incubação e podem
cobrir os ovos com essas folhas. Podem usar o
mesmo sítio reprodutivo por mais de um ano.
São monogâmicos e podem se reproduzir
de forma comunitária, com dois a cinco casais.
Eventualmente nesses bandos indivíduos sem
um parceiro reprodutivo, consistindo em filhotes
do período reprodutivo do ano anterior. Até oito
indivíduos podem participar da construção do
ninho. Assim colocam até 20 ovos por ninho, mas
também nidificam com ninhos individuais para o
casal, quando colocam dois a cinco ovos. Os
primeiros ovos colocados no ninho geralmente
são jogados para fora deste por outros membros
do bando. Nos ninhos comunais os adultos não
conseguem diferenciar a sua própria prole das
demais, dessa forma, tratam a todos igualmente.
Porém, mortes por fome ainda ocorrem nos
ninhos.
A incubação dura 11 a 14 dias e após a
eclosão os filhotes permanecem no ninho por
cinco a 13 dias, mas continuam a ser alimentados
pelos adultos por várias semanas.
Se o ninho for construído em uma árvore
sobre a água, quando assustados os filhotes
podem pular do ninho para dentro da água e
após nadar e escalar a árvore novamente ou
escalar a árvore onde o ninho está para tentar se
esconder. Os filhotes também podem expelir um
fluído denso de suas cloacas, com um forte
cheiro, que pode espantar predadores. Esse
fluído possivelmente é originário de uma
glândula anal que aves desse gênero possuem.
Durante a corte, ante da cópula, o macho
pode entregar para a fêmea algum alimento (e.g.
pedaços de lagartos juvenis como Iguana sp.).
Distribuição: Ocorrem do Panamá à
Argentina; e em todo o Brasil.
Altitude: Até 800 m, ocasionalmente até
2.600 m.
Fontes: Davis, 1941; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Lau et al., 1998; Hilty & Brown, 2001; Hilty,
2003; Di Giacomo, 2005; Payne, 2005; Logue, 2007;
Carrara et al., 2007; Dunning Jr., 2008; Riehl & Jara,
2009; Ubaid, 2011; Batista, 2013; Spaans et al., 2015;
Muzi, 2015; Riehl & Strong, 2015; de la Peña, 2016.
Crotophaga ani Linnaeus, 1758
Nome popular: anu-preto
Comprimento: 33-36 cm.
Peso: 71-119 g.
Habitat: Ocorrem em borda de mata,
capoeiras e áreas agropecuárias.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
pequenos lagartos (e.g. Anolis), serpentes,
125
moluscos, aranhas, carrapatos, crustáceos (e.g.
Trichodactyllus), anfíbios, roedores, filhotes e
ovos de aves, frutas e sementes.
Dentre os anfíbios consomem: Boana,
Leptodactylus.
Dentre as frutas consomem: Bursera,
Cissus, Citharexylum, Morus.
Dentre as sementes consomem: Paspalum,
Sesbania.
Dentre as aranhas consomem: Lycosidae,
Aranaeidae, Anyphaenidae.
Dentre os insetos consomem: cigarras e
percevejos Hemiptera: Cicadidae, Pentatomidae,
Belostomatidae, Corixidae, Pentatomidae,
Cercopidae; gafanhotos e grilos Orthoptera:
Tettigoniidae, Acrididae, Paulinidae, Gryllidae;
cupins Isoptera; louva-a-deus Mantodea;
besouros Coleoptera: Curculionidae, Elateridae,
Scarabaeidae, Carabidae, Coccinellidae,
Chrysomelidae, Hydrophilidae; abelhas, vespa e
formigas Hymenoptera: Formicidae, Apidae
(Euglossini), Vespidae; libélulas Odonata;
borboletas e mariposas Lepidoptera (adultos
e/ou larvas): Nymphalidae (Brassolinae),
Noctuidae, Geometridae, Papilionidae, Pieridae,
Sphingidae, Saturniidae (Eacles sp.); baratas
Blattodea; bichos-pau Phasmatodea.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em bandos de até 30 indivíduos ou
mais. Os bandos possuem território, com
registros de 26 hectares, definido que defendem
contra invasores. Os indivíduos podem tomar
banho de sol, abrindo as asas e a cauda, e
limpando uns aos outros.
Podem seguir o gado no pasto para
capturar insetos que são espantados por este
durante seus deslocamentos. Os bandos também
podem capturar suas presas espalhando-se no
chão, formando um semicírculo e aguardam
assim para capturar insetos que se desloquem
próximos.
Podem capturar pequenos animais
espantados pelo fogo em queimadas ou por
cortadores de grama. Podem pousar no dorso do
gado e também no dorso de capivaras
(Hydrochoerus hydrochaeris), nestas podem
capturar carrapatos e também bicar ferimentos
para ingerir pedaços de sangue coagulado e
tecido morto.
Quando vão predar borboletas, se estas
estão em bandos podem atacá-las de forma
rápida e frontal. Caso estejam sozinhas,
procuram se aproximar cautelosamente e
ocultando-se.
Predadores: lobo-guará (Chrysocyon
brachyurus), caburé (Glaucidium brasilianum),
murucututu (Pulsatrix perspicillata), falcão-
relógio (Micrastur semitorquatus), jiboia (Boa
sp.).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano, variando conforme a região.
O ninho consiste em uma taça de gravetos e
trepadeiras, forrado com folhas; feito sobre
árvores ou arbustos. Podem usar o mesmo local
de nidificação mais de uma vez. São
monogâmicos, mas pode ocorrer poliandria e
poliginia. Antes da cópula o macho oferta algum
alimento para a fêmea, ela pode aceitar, segurá-
lo no bico, copular e então ingerir o alimento. Ou
pode aceitar o alimento e não copular.
O ninho é comunitário e colocam de três a
18 ovos, com registros de até 36 ovos. A postura
de cada ovo ocorre em dias sucessivos ou com
intervalos de até três dias.
A incubação dura 13 a 15 dias e após a
eclosão os filhotes permanecem no ninho por 10
a 12 dias. Ambos os sexos participam da
incubação e dos cuidados com os filhotes. O
macho pode alimentar a fêmea quando ela está
incubando. Com seis ou sete dias os filhotes
conseguem escalar a vegetação onde está o
ninho caso seja necessário. Mas deixam o ninho
em definitivo 10 a 17 dias após a eclosão. Os
últimos filhotes a eclodirem podem morrer de
fome, devido à competição com os demais. A
maioria dos filhotes se dispersa do bando onde
nasceu com oito a 12 meses de idade.
Parece haver certas disputas e hierarquias
no ninho coletivo, os indivíduos podem tentar
atrapalhar e impedir os primeiros que tentam
iniciar a incubação. permitindo até que a
última fêmea tenha colocado seus ovos. Além
disso, algumas fêmeas podem tentar tirar os ovos
de outras do ninho. Consta também que se algum
adulto ingressar no bando após os indivíduos já
terem realizado a postura dos ovos, esse pode
tentar praticar infanticídio para tentar induzir o
bando a iniciar um novo ciclo reprodutivo.
Distribuição: Ocorrem da Flórida à
Argentina e em todo o Brasil.
Altitude: Até 2.000 m.
Fontes: Davis, 1940; Olivares & Munves, 1973;
Souza, 1995; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Raw, 1997;
Hilty & Brown, 2001; Burger & Cochfeld, 2001; Hilty,
2003; Di Giacomo, 2005; Payne, 2005; Lima, 2006;
Carrara et al., 2007; Sazima, 2008a; Sazima, 2008b;
Godoy, 2008; Dunning Jr., 2008; Repenning et al.,
2009; Sazima, 2009; Beltzer et al., 2009; Quinn et al.,
126
2010; Ruiz, 2010; de la Peña & Salvador, 2010 in de la
Peña, 2019; Emmert, 2012; Rodrigues, 2012; Raddatz,
2012; Ferreira, 2012; Moraes, 2012; Spaans et al.,
2015; Bodrati & Salvador, 2015; Pinheiro & Cintra,
2017; Salvador & Fariña, 2018; Restrepo-Cardona et
al., 2018; de la Peña, 2019; Apelfeler, 2019; Wikiaves,
2019; Dantas, 2020.
Tapera naevia (Linnaeus, 1766)
Nome popular: saci
Comprimento: 26-30 cm.
Peso: 40-54 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
campos com arbustos, brejos e borda de
florestas.
Alimentação: Os adultos se alimentam de
insetos, aracnídeos e moluscos.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Chrysomelidae, Curculionidae,
Elateridae; cigarras e percevejos Hemiptera:
Cicadidae, Pentatomidae; borboletas e mariposas
Lepidoptera (larvas); louva-a-deus Mantodea;
grilos e gafanhotos Orthoptera: Acrididae,
Gryllidae, Tettigoniidae.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos, ocultam-se em meio à
vegetação. Correm rapidamente pelo solo, onde
também forrageiam, podem mexer as álulas
enquanto estão procurando suas presas. Podem
descansar em no solo ou em galhos a baixa
altura. Movem a álula quando perturbados ou
assustados; também em interações sociais com
outros indivíduos, quando também movem suas
cristas. Nestas interações podem levantar a
cauda, abaixar a cabeça e abrir as asas e estender
as álulas.
Reprodução: Reprodução registrada de
setembro a junho, em algumas regiões tropicais
ao longo de quase todo o ano. Trata-se de
espécie parasita, que deposita seus ovos no
ninho de outras aves como: Arremonops
conirostris, Arundinicola leucocephala, Asthenes
baeri, Certhiaxis cinnamomeus, Cranioleuca
pyrrhophia, Leptasthenura platensis, Myiozetetes
spp., Phacellodomus erythrophthalmus,
Phacellodomus ruber, Phacellodomus rufifrons,
Phacellodomus sibilatrix, Phacellodomus
striaticollis, Philydor rufum, Poecilotriccus sylvia,
Schoeniophylax phryganophila, Synallaxis
albescens, Synallaxis azarae, Synallaxis
brachyura, Synallaxis erythrothorax, Synallaxis
frontalis, Synallaxis gujanensis, Synallaxis
ruficapilla, Synallaxis spixi, Thryothorus leucotis,
Thryothorus modestus, Thryothorus rufalbus,
Todirostrum sp., Tolmomyias sulphurescens.
Podem até mesmo colocar ovos em ninhos
fechados e globosos, abrindo a estrutura do
ninho quando os donos estão fora forrageando.
Ao retornarem os donos reparam o ninho. Os
filhotes se alimentam do que os hospedeiros lhes
ofertam.
Colocam um a dois ovos por ninho
parasitado. A incubação dura 15 a 16 dias, em
geral mais curta do que de seus hospedeiros, o
filhote possui um bico bastante afiado que pode
usar para eliminar os filhotes ou ovos do
hospedeiro que ainda estejam no ninho. Após os
hospedeiros removem o filhote morto do ninho.
Após a eclosão os filhotes deixam o ninho
com 16 a 18 dias. No ninho, os filhotes de T.
naevia se defendem sibilando como serpentes e
dando botes, estendendo as asas e mostrando as
álulas que são pretas. Após deixarem o ninho dos
hospedeiros os juvenis passam a interagir com
adultos de sua própria espécie, forrageando, se
deslocando e vocalizando juntos.
Distribuição: Ocorrem do México até
Bolívia e Argentina e em todo o Brasil.
Altitude: Até 1.500 m, ocasionalmente até
2.500 m.
Fontes: Kiff & Williams, 1978; Morton &
Farabaugh, 1979; Salvador, 1982; de la Peña, 1983;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001;
Ahumada, 2001; Hilty, 2003; Di Giacomo, 2005; Payne,
2005; Pulgarín-R. et al., 2007; Dunning Jr., 2008; de la
Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2019; Salvador,
2013; Spaans et al., 2015; Mark & Gamez-Rugama,
2015; Bodrati & Salvador, 2015; de la Peña, 2016; de la
Peña, 2019; Wikiaves, 2019; Lowther, 2019.
Dromococcyx phasianellus (Spix, 1824)
Nome popular: peixe-frito
Comprimento: 35-38 cm.
Peso: 84,5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e de
cerrado.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
pequenos répteis e filhotes de aves.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos pelo solo ou no sub-
bosque, mas pode subir para estratos superiores
da vegetação. Quando forrageiam produzem sons
aparentemente originados da vibração do bico e
das asas. Os indivíduos demarcam seus territórios
com vocalizações e respondem agressivamente a
invasões, inclusive com ataques físicos.
127
Reprodução: Reprodução registrada entre
abril e junho e entre setembro e dezembro,
variando conforme a região. Colocam um ovo.
São parasitas de ninhos, colocam seus ovos em
ninhos de outras aves, como: Fluvicola pica,
Leptopogon amaurocephalus, Myiozetetes spp.,
Rhynchocyclus brevirostris, Thamnophilus
doliatus, Tolmomyias sulphurescens.
Distribuição: Ocorrem do México à Bolívia
e Argentina. No Brasil possui uma distribuição
dispersa, com registros em alguns estados de
cada região, do Pará e Maranhão até Santa
Catarina.
Altitude: Até 1.600 m.
Fontes: Sieving, 1990; Wilson, 1992; Stotz et al.,
1996Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003;
Payne, 2005; Dunning Jr., 2008; Mazzoni et al., 2011;
Spaans et al., 2015; de la Peña, 2016; Lowther, 2019;
Wikiaves, 2019.
Dromococcyx pavoninus Pelzeln, 1870
Nome popular: peixe-frito-pavonino
Comprimento: 25-30 cm.
Peso: 40,5-50 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
borda de floresta, florestas inundadas, locais com
abundância de Heliconia e Ficus, geralmente
próximos da água.
Alimentação: Alimentam-se de insetos e
escorpiões.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos pelo solo ou no sub-
bosque, mas pode subir para estratos superiores
da vegetação. Forrageiam no solo, usam as asas e
a cauda, agitando-as contra o chão para espantar
insetos e poder capturá-los.
Reprodução: Reprodução registrada em
julho na Guiana. Parasitam ninhos de
Dysithamnus mentalis, Hemitriccus diops,
Leptopogon amaurocephalus, Leptopogon
superciliaris, Mionectes oleagineus, Myiornis
auricularis, Poecilotriccus plumbeiceps.
Colocam um ou dois ovos e aparentemente
seu filhote joga os ovos do hospedeiro para fora
do ninho. Colocam os ovos no ninho do
hospedeiro após estes já terem colocado todos os
ovos. Posterior a eclosão os filhotes ficam no
ninho do hospedeiro por aproximadamente 24
dias, os filhotes nesse período são quase 300%
maiores do que os adultos hospedeiros.
Distribuição: Ocorrem localmente da
Colômbia e Guianas até Bolívia, Paraguai e
Argentina. Possuem registros em quase todos os
estados do Brasil.
Altitude: Até 1.600 m, ocasionalmente até
mais de 1.900 m.
Fontes: Neunteufel, 1951; Polis et al., 1981;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty, 2003; Payne, 2005;
Dunning Jr., 2008; Spaans et al., 2015; de la Peña,
2016; Marcon et al., 2017; Sánchez-Martínez et al.,
2017; Lowther, 2019; Wikiaves, 2019.
Neomorphus geoffroyi (Temminck, 1820)
Nome popular: jacu-estalo
Comprimento: 46-51 cm.
Peso: 339-400 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
florestas inundáveis e caatinga.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
aracnídeos, quilópodes, diplópodes, anfíbios,
pequenos lagartos, pequenas aves, frutas e
sementes.
Dentre os insetos consomem: borboletas e
mariposas Lepidoptera (larva); besouros
Coleoptera; formigas Hymenoptera: Formicidae;
cupins Isoptera; gafanhotos e grilos Orthoptera;
percevejos Hemiptera.
Comportamento e observações:
Deslocam-se principalmente pelo solo, mas
podem pousar alto nas árvores. Empoleiram-se
para dormir. Seguem formigas-de-correição
(Eciton) e bandos de catetos (Pecari tajacu) para
capturar insetos espantados por seu
deslocamento. Produzem sons instrumentais com
seu bico.
Durante o forrageio também procuram
agloramerações de formigas-de-fogo (Solenopsis),
inspecionam montes de galhos, tocas de tatu e
cupinzeiros terrestres ocos.
Reprodução: Não são parasitas.
Reprodução registrada entre setembro e abril,
colocam um ovo. O ninho é construído com
galhos grossos e forrado com folhas verdes.
Distribuição: Ocorrem da América Central
à Bolívia, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão,
Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro
e Acre.
Altitude: Até 1.200 m, ocasionalmente até
1.650 m.
Fontes: Oniki & Willis, 1972; Roth, 1981; Stotz
et al., 1996; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Payne,
2005; Dunning Jr., 2008; Roos et al., 2012; Melo et al.,
2016; Gill et al., 2016; Buainain & Forcato, 2016;
Wikiaves, 2019.
Neomorphus squamiger Todd, 1925
Nome popular: jacu-estalo-esquamoso
128
Sinonímia recente: Neomorphus geoffroyi
squamiger
Comprimento: 43 cm.
Peso: 340 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de insetos e
outros invertebrados.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Podem seguir bandos de
queixadas (Tayassu pecari) para capturar insetos
espantados por seu deslocamento.
Reprodução: Sem informações.
Distribuição: Ocorrem no Pará e Mato
Grosso (Rios Xingu e Tapajós).
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Dunning
Jr., 2008; Firme et al., 2014; Gonçalves-Castro & Silva-
Castilho, 2015; Piacentini et al., 2015.
Neomorphus rufipennis (Gray, 1849)
Nome popular: jacu-estalo-de-asa-
vermelha
Comprimento: 43-51 cm.
Peso: 315-520 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de insetos e
frutas.
Comportamento e observações: Para
forragear deslocam-se sozinhos, mas vivem em
casais em grandes territórios. Correm
rapidamente pelo solo de áreas florestais,
quando assustados podem voar para se
empoleirar em galhos. Seguem formigas-de-
correição e bandos de queixadas (Tayassu pecari)
para capturar insetos espantados por esses
animais. Também podem seguir bandos de
macacos Saguinus, neste caso para também se
alimentar de pequenos frutos que caem das
árvores.
Reprodução: Registro de juvenis em
março.
Distribuição: Ocorrem na Venezuela,
Guiana e no Brasil, em Roraima.
Altitude: Possivelmente até 1.100 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty,
2003; Payne, 2005; Dunning Jr., 2008.
Neomorphus pucheranii (Deville, 1851)
Nome popular: jacu-estalo-de-bico-
vermelho
Comprimento: 43 cm.
Peso: 330 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de floresta de
terra firme.
Alimentação: Alimentam-se de insetos e
frutas.
Dentre as frutas consomem: Abutta, Inga,
Rheedia, Salacia, Sapotaceae, Flacourtaceae,
Leguminosae, Hyppocrataceae, Myrtaceae,
Menispermaceae.
Comportamento e observações:
Deslocam-se pelo solo. Seguem formigas-de-
correição e macacos Saguinus. Seguem estes
últimos para ingerir os frutos derrubados por
estes, também podem ingerir fezes desses
macacos quando contém sementes de frutas.
Reprodução: Juvenis registrados em
fevereiro. Colocam dois ovos.
Distribuição: Ocorrem no Equador, Peru e
Brasil, no Amazonas.
Altitude: Até 700 m.
Fontes: Siegel et al., 1989; Stotz et al., 1996;
Sick, 1997; Payne, 2005; Dunning Jr., 2008.
Coccycua minuta (Vieillot, 1817)
Nome popular: chincoã-pequeno
Sinonímia recente: Piaya minuta
Comprimento: 25-28 cm.
Peso: 26-49 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de mata e manguezais.
Alimentação: Alimentam-se de insetos e
aracnídeos.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em casais, os casais
podem forragear distantes um do outro.
Deslocam-se pelos estratos inferiores da
vegetação.
Reprodução: Reprodução registrada de
janeiro a julho. O ninho é uma tigela profunda
feito com gravetos. Colocam dois ovos.
Distribuição: Ocorrem do Panamá à
Bolívia, Paraguai e Brasil, onde possuem registros
nas regiões Norte e Centro-Oeste, também
Maranhão, Minas Gerais e São Paulo.
Altitude: Até 900 m, ocasionalmente até
1.600 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Payne, 2005; Dunning Jr.,
2008; Spaans et al., 2015; Mello et al., 2018; Wikiaves,
2019.
Micrococcyx cinereus (Vieillot, 1817)
Nome popular: papa-lagarta-cinzento
Sinonímia recente: Coccyzus cinereus,
Coccycua cinerea
Comprimento: 24 cm.
Peso: 35-57 g.
129
Habitat: Ocorrem em áreas de cerrado
entremeado de campos e capoeira, florestas e
florestas ripárias.
Alimentação: Alimentam-se de insetos e
aracnídeos.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Curculionidae; louva-a-deus
Mantodea: Mantidae; gafanhotos Orthoptera:
Acrididae; Tettigoniidae; mariposas Lepidoptera
(larvas): Saturniidae (Hylesia sp.); cupins Isoptera.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em casais, em geral
permanecem ocultos em meio à vegetação.
Realizam migrações e deslocamentos sazonais, as
populações localizadas mais ao sul de sua
distribuição emigram para áreas mais ao norte
durante o inverno austral.
Reprodução: Reprodução registrada de
outubro a março. O ninho é uma plataforma de
galhos e gravetos, construído em árvores ou
arbustos; demoram seis a oito dias para contruí-
lo. Colocam dois a quatro ovos. A incubação leva
12 a 14 dias e após a incubação os filhotes ficam
no ninho por 10 a 15 dias.
Distribuição: Ocorrem da Argentina até
Mato Grosso, Tocantins, Ceará e Rio Grande do
Norte. Também possuem registros em Rondônia
e Amazonas. Também no Peru, Colômbia, Bolívia
e Paraguai.
Fontes: Zotta, 1940; Belton, 1984; Stotz et al.,
1996; Sick, 1997; Di Giacomo, 2005; Payne, 2005;
Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008; de la Peña
& Salvador, 2010 in de la Peña, 2019; Bodrati &
Salvador, 2015; de la Peña, 2016; de la Peña, 2019;
Wikiaves, 2019.
Piaya cayana (Linnaeus, 1766)
Nome popular: alma-de-gato
Comprimento: 43-47 cm.
Peso: 73-137 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
manguezais e também em fragmentos florestais
próximos de habitações humanas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos
(incluindo lagartas urticantes), aracnídeos (e.g.
Araneidae), pequenas frutas, répteis, anfíbios
(e.g. Osteocephalus), filhotes ou ovos de aves
(e.g. Legatus).
Dentre as frutas consomem de espécies
dos seguintes gêneros: Allophyllus, Cecropia,
Miconia, Plinia.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Chrysomelidae; percevejos e cigarras
Hemiptera: Pentatomidae, Cicadidae, Fulgoridae;
abelhas e vespas Hymenoptera: Pergidae, Apidae
(Melipona), Vespidae; gafanhotos Orthoptera:
Acrididae; Tettigoniidae; bicho-pau
Phasmatodea; borboletas e mariposas
Lepidoptera: Saturniidae (larva), Sphingidae
(larva), Nymphalidae: Cf. Brassolis sp. (adulto).
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em casais. Também
podem se deslocar em bandos mistos com outras
espécies e seguir formigas-de-correição.
Costumam se mover pulando entre os galhos de
árvores, nos estratos médio e superior da
vegetação, nesses deslocamentos rápidos
também podem servir para localizar suas presas
ou espantar insetos e assim capturá-los mais
facilmente.
Predadores: de adultos: gavião-
bombachinha-grande (Accipiter bicolor), falcão-
relógio (Micrastur semitorquatus), jacurutu (Bubo
virginianus), sovi (Ictinia plumbea), gavião-de-
penacho (Spizaetus ornatus), gavião-pombo-
grande (Pseudastur polionotus); de filhotes:
tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus),
gralha-picaça (Cyanocorax chrysops).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo ano, variando conforme a região.
Durante a cópula, ao montar na fêmea, o macho
pode entregar para ela algum alimento, como um
inseto, por exemplo.
O ninho é construído sobre árvores ou em
arbustos, consistindo em uma semi-esfera com
gravetos finos e forrados com folhas; camuflado
com trepadeiras e galhos secos Colocam um a
três ovos. Duas fêmeas podem colocar os ovos no
mesmo ninho. A incubação dura 16 a 18 dias e é
realizada por ambos os adultos. Ambos também
cuidam dos filhotes após a eclosão. Os adultos
comem ou removem do ninho os sacos fecais
produzidos pelos filhotes.
Os filhotes nascem com o interior do bico
de cor vermelho intensa com três manchas
brancas. Os filhotes abandonam o ninho antes de
aprenderem a voar, em até oito dias após a
eclosão.
Distribuição: Ocorrem do México à
Argentina; e em todo o Brasil.
Altitude: Até 2.500 m.
Fontes: Martuscelli, 1996; Stotz et al., 1996;
Sick, 1997; Raw, 1997; Oniki & Willis, 1999; Hilty &
Brown, 2001; Schwartz Filho, 2002; Hilty, 2003; Komar
& Thurber, 2003; Payne, 2005; Bodrati, 2006 in de la
Peña, 2019; Lima, 2006; Toledo et al., 2007; Carrara et
al., 2007; Dunning Jr., 2008; Bodrati & Haene, 2008 in
de la Peña, 2019; Gomes et al., 2008; Repenning et al.,
130
2009; Ramos et al., 2011; Joenck et al., 2011;
Jacomassa, 2011; Prado, 2011; Pinto, 2011; Queiroz,
2011; Salvador & Bodrati, 2013; Boni, 2014; Gomes,
2014; Spaans et al., 2015; Parrini, 2015; de la Peña,
2016; Cockle et al., 2016; Fernandes, 2016; Pinheiro &
Cintra, 2017; Marcon & Vieira, 2017; Studer &
Barcena-Goyena, 2018; de la Peña, 2019.
Piaya melanogaster (Vieillot, 1817)
Nome popular: chincoã-de-bico-vermelho
Sinonímia recente: Coccycua melanogaster
Comprimento: 36-38 cm.
Peso: 85-118 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
aracnídeos (e.g. Phoneutria), quilópodes e
pequenos lagartos.
Dentre os insetos consomem: Lepidoptera
(larvas): Saturniidae (Automeris, Dirphia),
Sphingidae (Amphonyx); Orthoptera: Gryllidae,
Tettigoniidae; Hemiptera; Cicadidae.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em casais, também em
bandos mistos com outras espécies. Costumam
se deslocar pelos estratos superior das áreas
florestais.
Reprodução: Reprodução registrada em
abril e filhotes registrados em julho e agosto.
Durante a cópula, ao montar na fêmea, o macho
pode entregar para ela algum alimento, como um
inseto, por exemplo.
O ninho é uma semi-esfera, construído de
gravetos, pedaços de trepadeiras e folhas secas,
no meio de emaranhados de trepadeiras sobre
árvores. Colocam possivelmente dois ovos. Os
adultos removem do ninho os sacos fecais dos
filhotes.
Distribuição: Ocorrem no norte da América
do Sul, na Colômbia, Venezuela, Guianas,
Suriname, Equador, Peru e Bolívia. No Brasil
ocorrem no Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia
e Mato Grosso.
Altitude: Até 800 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Payne, 2005; Dunning Jr.,
2008; Joel, 2013; Ingels & Fernandez, 2014; Pagotto,
2014; Spaans et al., 2015; Miranda, 2017; Wikiaves,
2019.
Coccyzus melacoryphus Vieillot, 1817
Nome popular: papa-lagarta-acanelado
Comprimento: 25-28 cm.
Peso: 42-66,5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
matas ciliares e capoeiras.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
aracnídeos, frutas e sementes.
Dentre os insetos consomem: gafanhotos e
grilos Orthoptera: Acrididae, Paulinidae,
Gryllidae, Tettigoniidae, Romaleidae; percevejos
e cigarras Hemiptera: Cercopidae,
Belostomatidae, Pentatomidae, Cicadidae;
mariposas Lepidoptera: Saturniidae, Sphingidae;
besouros Coleoptera: Carabidae, Curculionidae,
Lampyridae, Coccinellidae, Elateridae,
Staphylinidae; libélulas Odonata.
Dentre as frutas consomem: Allophylus,
Morus.
Comportamento e observações:
Geralmente solitários. Realizam migrações ou
deslocamentos sazonais em algumas partes do
Brasil, como na Caatinga, devido às variações de
pluviosidade.
Predadores: falcão-caburé (Micrastur
ruficollis), caburé (Glaucidium brasilianum).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de quase todo o ano, variando conforme a
região. Durante a cópula, ao montar na fêmea, o
macho pode entregar para ela algum alimento,
como um inseto, por exemplo.
O ninho consiste em uma plataforma de
gravetos forrado com folhas, inflorescências e
liquens, demoram seis a oito dias para construir o
ninho. Colocam um a seis ovos, a incubação dura
11 a 14 dias e após a eclosão os filhotes
permanecem no ninho por sete a 15 dias, se
forem ameaçados podem sair antes do ninho.
Algumas vezes mais duas fêmeas podem colocar
os ovos no mesmo ninho.
Distribuição: Ocorrem no norte da América
do Sul até Bolívia, Paraguai e Argentina; e em
todo o Brasil.
Altitude: Até 1.200 m, ocasionalmente até
2.400 m.
Fontes: Zotta, 1934; Belton, 1984; Moschione,
1987 in de la Peña, 2019; Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Payne, 2005; Carrera
et al., 2008; Bodrati & Haene, 2008 in de la Peña,
2019; Dunning Jr., 2008; Beltzer & Quiroga, 2008;
Fortes, 2008; Repenning et al., 2009; de la Peña &
Salvador, 2010 in de la Peña, 2019; Pereira, 2012;
Spaans et al., 2015; de la Peña, 2016; Oliveira, 2018;
Bodratti, 2019 in de la Peña, 2019; Paixão, 2019;
Wikiaves, 2019.
Coccyzus americanus (Linnaeus, 1758)
Nome popular: papa-lagarta-de-asa-
vermelha
Comprimento: 25-30 cm.
Peso: 50-84,6 g.
131
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
florestas ripárias e áreas arbustivas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos
(Lepidoptera: Saturniidae), sementes, pequeno
anfíbios, pequenos lagartos (e.g. Anolis), frutas e
ovos de aves.
Dentre os insetos ingerem: Lepidoptera:
Saturniidae; Coleoptera; Hemiptera; Diptera;
Orthoptera; Odonata.
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie migratória, originária do hemisfério
norte. Vivem até quatro anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil,
a reprodução ocorre na América do Norte, entre
os meses de maio e agosto. A fêmea indica a
receptividade para o macho mantendo o corpo
abaixado próximo ao galho, apontando o bico
para cima e depois para baixo, ao mesmo tempo
que levanta e abaixa a cauda.
Quando então o macho se aproxima para
subir nela, abaixa a cauda dela, colocando-a para
o lado e expondo a cloaca e copular enquanto a
segura com o bico. Antes disso, ao montar na
fêmea, o macho entrega para ela algum alimento,
como um inseto, por exemplo. Ela pode segurá-lo
no bico para realizar mais de uma cópula.
Durante a corte o macho também pode trazer
pequenos gravetos para a fêmea, se ela estiver
no ninho, ela adiciona o graveto a ele.
O ninho é uma plataforma oval de
gravetos, forrada com folhas. Colocam um a cinco
ovos. Às vezes mais de uma fêmea pode colocar
ovos no mesmo ninho. Ambos os adultos
participam da incubação, que dura nove a 11
dias. Ambos os adultos também cuidam e
alimentam os filhotes, também removem os
sacos fecais do ninho.
Distribuição: Ocorrem do Canadá à
Argentina. No Brasil possuem registros em quase
todos os estados.
Altitude: Até 1.500 m.
Fontes: Zotta, 1934; Carnevalli et al., 1982;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001;
Hilty, 2003; Payne, 2005; Dunning Jr., 2008;
Vuilleumier, 2009; Piacentini et al., 2015; Spaans et al.,
2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2016.
Coccyzus euleri Cabanis, 1873
Nome popular: papa-lagarta-de-euler
Comprimento: 23-28 cm.
Peso: 45-63 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
pomares e capoeira.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
como: louva-a-deus Mantodea; mariposas
Lepidoptera (larvas): Saturniidae (e.g. Cf.
Rothschildia sp.); gafanhotos Orthoptera:
Tettigoniidae.
Comportamento e observações:
Forrageiam de forma solitária, mas podem se
deslocar em bandos mistos com outras espécies.
Permanecem mais próximos dos estratos
superiores da vegetação.
Predador: de seus ovos: tucano-de-bico-
verde (Ramphastos dicolorus).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de quase todo o ano, variando conforme a
região. Durante a cópula, ao montar na fêmea, o
macho pode entregar para ela algum alimento,
como um inseto, por exemplo.
A construção do ninho é realizada pela
fêmea e o macho coleta material para ela usar. O
ninho é construído com gravetos, pedaços de
trepadeiras, tiras de cascas de árvores, musgos e
folhas. Colocam dois ovos.
Distribuição: Ocorrem da Venezuela aa
Argentina, e em quase todo o Brasil.
Altitude: Até 900 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Payne, 2005; Dunning Jr.,
2008; Albano, 2009; Badio, 2013; Ramirez, 2013;
Spaans et al., 2015; de la Peña, 2016; Cockle et al.,
2016; Claessens et al., 2017; Dourado, 2017;
Fernandes, 2018; de la Peña, 2019; Alencar, 2019;
Wikiaves, 2019.
Coccyzus minor (Gmelin, 1788)
Nome popular: papa-lagarta-do-mangue
Comprimento: 28-34 cm.
Peso: 50-85,5 g.
Habitat: Ocorrem principalmente em áreas
de manguezais e estuários.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
aracnídeos, pequenos lagartos (e.g. Anolis),
moluscos, frutas e possivelmente ovos e filhotes
de aves.
Dentre os insetos consomem: borboletas e
mariposas Lepidoptera (larvas); louva-a-deus
Mantodea; Phasmatodea; gafanhotos
Orthoptera: Acrididae; cigarras Hemiptera:
Cicadidae.
Comportamento e observações: Vivem até
cinco anos.
Reprodução: Reprodução registrada de
março a outubro. Durante a cópula, ao montar na
fêmea, o macho pode entregar para ela algum
alimento, como um inseto, por exemplo. Mas
132
também pode realizar esse comportamento sem
a cópula e também pode copular sem a oferta de
alimento. A fêmea indica sua receptividade
empoleirando-se e elevando o bico, o tronco e a
cauda; para então levantar e abaixar a cauda
180º várias vezes, enquanto emite vocalizações.
O ninho é uma plataforma de galhos e
folhas, sobre mangues ou outras árvores.
Colocam dois a quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem nas áreas costeiras
do México e sul da Flórida ao Ceará.
Altitude: Até 1.250 m.
Fontes: Wunderle, 1981; Langridge, 1990;
McNair, 1991; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Payne, 2005; Dunning Jr.,
2008; Vuilleumier, 2009; Spaans et al., 2015; Wikiaves,
2019.
Coccyzus erythropthalmus (Wilson, 1811)
Nome popular: papa-lagarta-de-bico-preto
Comprimento: 25-30 cm.
Peso: 38,3-65,4 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
áreas abertas com arbustos.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
aracnídeos, pequenos anfíbios, pequenos peixes,
ovos de aves e frutas.
Dentre os insetos consomem: borboletas e
mariposas Lepidoptera (adultos e larvas); vespas
Hymenoptera: Symphyta; gafanhotos e grilos
Orthoptera; cigarras Hemiptera: Cicadidae;
besouros Coleoptera.
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie vagante, de ocorrência irregular,
originária do hemisfério norte. Vivem até cinco
anos. Para ingerir algumas larvas de Lepidoptera
(larvas) que são urticantes, esfregam-nas contra
um galho para remover as cerdas que recobrem o
corpo desse inseto. No período reprodutivo são
territoriais.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil,
a reprodução ocorre no Canadá e nos Estados
Unidos, entre maio e julho. Antes da cópula o
macho oferta um inseto para a fêmea e mais
cópulas podem ocorrer ao longo do período de
incubação.
O ninho é uma semi-esfera de gravetos,
forrado com musgos, folhas, gramíneas e penas.
Construído sobre árvores ou arbustos. Colocam
dois a quatro ovos. Ambos os adultos participam
da incubação que dura 10 a 11 dias. Ambos
também alimentam os filhotes e removem ou
consomem os sacos fecais deles. Os filhotes
deixam o ninho seis a nove dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem do Canadá e Estados
Unidos à Bolívia e Argentina. No Brasil possuem
registros no Acre.
Fontes: Spencer, 1943; Dawn, 1955; Sick, 1997;
Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Payne, 2005;
Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009; Piacentini et al.,
2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Cuculus canorus Linnaeus, 1758
Nome popular: cuco-canoro
Comprimento: 32-36 cm.
Peso: 106-117 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de florestas, áreas abertas, áreas
agropecuárias e brejos.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie vagante, de ocorrência irregular,
originária do hemisfério norte.
Reprodução: Não registro de
reprodução no Brasil. A reprodução ocorre na
Europa e Ásia. São aves parasitas, colocam seus
ovos no ninho de outras aves para que estas
incubem e criem seus filhotes.
Distribuição: Ocorrem na Europa, Ásia e
norte da África. Como vagante possuem registros
na América do Norte e no Brasil (Fernando de
Noronha).
Fontes: Beaman & Madge, 1998; Dunning Jr.,
2008; Brazil, 2009; Vuilleumier, 2009; Schulze-Hagen
et al., 2009; Whittaker et al., 2019.
133
Guira guira
Piaya cayana
134
Ordem Steatornithiformes
Família Steatornithidae
Os fósseis mais antigos dessa família datam
do Eoceno, há 50 milhões de anos, da espécie
Prefica nivea. Atualmente essa família possui
apenas uma espécie, são aves noturnas, gregárias
e cavernícolas.
Steatornis caripensis Humboldt, 1817
Nome popular: guácharo
Comprimento: 43-46 cm.
Peso: 345-490 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais de
terras baixas e montanas.
Alimentação: Alimentam-se quase
exclusivamente de frutas das famílias Lauraceae,
Arecaceae e Burseraceae.
Dentre as frutas consomem de plantas das
seguintes famílias e gêneros: Araliaceae:
Dendropanax; Arecaceae: Aiphanes, Bactris,
Ceroxylum, Chamaedorea, Chamaedorea,
Dictyocaryum, Euterpe, Geonoma, Hyospathe,
Iriartea, Oenocarpus, Prestoea, Socratea;
Burseraceae: Dacryodes, Trattinnickia;
Chloranthaceae: Hedyosmum; Flaucortiaceae;
Humiriaceae: Humiria; Lauraceae: Aniba,
Beilschmiedia, Licaria, Nectandra, Ocotea, Persea,
Phoebe, Rhodostemonodaphne; Moraceae;
Myrtaceae: Myrcianthes.
Comportamento e observações: Podem
realizar migrações sazonais em busca de
alimentos. Dependem de áreas com muitas frutas
disponíveis ao longo de todo o ano e com
cavernas que são os locais onde nidificam e
descansam. Engolem o fruto inteiro e depois
regurgitam as sementes.
São as únicas aves noturnas frugívoras do
mundo. Vivem e nidificam em colônias com
milhares de indivíduos (algumas estimadas em
10.000 indivíduos) localizadas em cavernas, usam
ecolocalização para voar dentro delas.
Durante o dia ficam em seus ninhos ou
empoleirados em rochas nas cavernas. Suas
pernas são curtas e os pés pequenos. Pousam
sobre a barriga, tomando uma posição meio
caída para frente e não conseguem se segurar
nas rochas como Apodidae. Quando a noite se
aproxima iniciam suas atividades para saírem se
alimentar, atividade que provavelmente realizam
em bando. Podem realizar deslocamentos de até
112 km por noite para procurar alimento.
Os sons que usam para a ecolocalização
são produzidos por uma siringe bronquial (e não
traqueobronquial) bilateralmente assimétrica,
com frequência de 1 a 15 kHz, assim quase
inteiramente dentro do espectro de audição
humana. Porém, esse sistema de ecolocalização é
mais rudimentar do que aquele dos morcegos.
Não usam apenas ecolocalização para encontrar
alimento, mas também sua visão que é altamente
sensível, que, porém, não tem uma boa
resolução, e também o olfato.
Reprodução: Passam a maior parte do
tempo em casais, mesmo fora do período
reprodutivo. Defendem seus ninhos, mas toleram
a proximidade de outros indivíduos próximos
dele. O ninho é construído nas paredes de
cavernas, mas registros no chão delas, é
construído com fibras e matéria vegetal
regurgitada formando uma pasta resistente.
Colocam dois a quatro ovos. Ambos os
adultos participam da incubação e dos cuidados
com os filhotes. Incubação dura 32 a 35 dias. Os
filhotes crescem lentamente e deixam o ninho
com 110 a 120 dias, possivelmente devido à dieta
baseada em frutas e com baixa quantidade de
proteínas. Com aproximadamente 70 dias
possuem a aparência de um adulto, mas com
asas e cauda mais curtas. O período reprodutivo
em geral coincide com a estação chuvosa.
Distribuição: Ocorrem da Guiana e
Venezuela a Roraima e Amazonas (Brasil),
Equador, Colômbia, Peru, Bolívia e Panamá.
Altitude: Até 3.200 m.
Fontes: Sick, 1997; Herzog & Kessler, 1997;
Bosque, 2002; Hilty, 2003; Martín et al., 2004; Dunning
Jr., 2008; Mayr, 2009; Rojas-Lizarazo, 2016; Stevenson
et al., 2017; Wikiaves, 2019; Oehler et al., 2020;
Cárdenas et al., 2020.
135
Steatornis caripensis
136
Ordem Nyctibiiformes
Família Nyctibiidae
Família composta por aves conhecidas
popularmente como urutau ou mãe-de-lua. Os
fósseis mais antigos dessa família datam do
Eoceno (entre 56 e 34 milhões de anos atrás), da
espécie Paraprefica major.
Comportamento e alimentação
Ocorrem em áreas florestais, borda de
mata e áreas abertas com árvores esparsas.
Durante o dia ficam quase imóveis, eretos com o
bico apontado para cima, mimetizando um galho;
fato auxiliado por sua coloração. Mesmo com os
olhos fechados, possuem dois pontos em cada
pálpebra que lhes permite, uma visão parcial do
que se passa ao seu redor.
A pele da boca é ricamente vascularizada,
fato que auxilia na termorregulação quando em
algum poleiro exposto ao sol durante o dia.
Nessas situações a ave deixa o bico um pouco
aberto e ofega para eliminar o calor excessivo do
corpo. Fato que também pode ser observado em
outras aves em dias muito quentes.
Os tarsos são curtos e os dedos compridos,
largos e carnosos na base, assim formam uma
grande superfície plantar, similar a uma mão;
característica que possivelmente é uma
adaptação ao comportamento de permanecer
imóvel durante todo o dia. Para não indicar o seu
poleiro, lançam suas fezes para longe dele.
Alimentam-se de insetos capturados em
voo com a boca enorme que possuem, que
lembra a de um sapo. Ingerem insetos como
besouros, borboletas, mariposas, gafanhotos e
cupins. Há alguns registros de casos de terem
acidentalmente capturado e ingerido morcegos
ou aves. Também exploram árvores podres, pois
há registros de encontro de larvas de Coleoptera
em estômagos de Nyctibiidae.
Reprodução
Não possuem dimorfismo sexual aparente.
São monogâmicos, não constroem ninhos, os
ovos são depositados em alguma cavidade
natural na ponta de algum galho ou tronco.
Ambos os adultos participam da incubação e
cuidados com os filhotes. A incubação dura de 30
a 55 dias, a depender da espécie.
Fontes: Sick, 1997; Holyoak, 2002; Beletsky,
2006; Mayr, 2009.
Phyllaemulor bracteatus (Gould, 1846)
Nome popular: urutau-ferrugem
Sinonímia recente: Nyctibius bracteatus
Comprimento: 21-30 cm.
Peso: 46-58 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: São
solitários, com hábitos noturnos. Capturam suas
presas em voos a partir de seus poleiros.
Costumam ficar pousados mantendo o corpo na
vertical para se camuflarem, porém diferente das
outras espécies da família costumam ficar
pousados em galhos horizontais finos.
Consta que seu padrão de camuflagem é
mais similar ao de folhas secas do que com
troncos, como as demais espécies. Quando um
predador se aproxima deles, abrem os olhos e
oscilam o corpo de forma a lembrar uma folha
balançando com alguma corrente de ar.
Reprodução: Reprodução registrada em
agosto e setembro. O ninho fica em galhos ou
troncos quase verticais quebrados e mortos.
Colocam um ovo. Ambos os adultos cuidam dos
filhotes.
Os filhotes passam boa parte de seu tempo
parados, como os adultos, mas também
dispendem certo tempo exercitando suas asas.
Quando estão sozinhos e são ameaçados
investem contra o possível predador, com o bico
aberto e mostrando o seu interior cor de rosa,
algumas vezes se balançando exageradamente.
Distribuição: Ocorrem na Guiana,
Colômbia, Equador, Peru e Brasil, onde possui
registros nos estados do Amazonas, Pará e
Rondônia.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Holyoak, 2002; Dunning Jr., 2008;
Solano-Ugalde, 2011; Costa et al., 2018; Vinueza-
Hidalgo et al., 2019; Wikiaves, 2019.
Nyctibius grandis (Gmelin, 1789)
Nome popular: urutau-grande
137
Comprimento: 48-57 cm.
Peso: 450-624 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de mata e áreas arborizadas próximo de
ambiente urbano.
Alimentação: Alimentam-se de insetos e
eventualmente morcegos.
Comportamento e observações: São
solitários, com hábitos noturnos. Costumam ficar
pousados mantendo o corpo na vertical para se
camuflarem. Pousam em copas de árvores altas e
expostas, e de casca branca, similar à sua
coloração. Pode usar o mesmo poleiro de
repouso diurno por vários meses. Forrageiam
realizando voos rápidos a partir de seu poleiro.
Predadores: gavião-de-penacho (Spizaetus
ornatus).
Reprodução: Reprodução registrada de
março a novembro. Colocam um ovo. O ninho
pode ser uma depressão em um galho. A
incubação é realizada por ambos os adultos. Os
filhotes deixam o ninho 55 dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem do México e da
Guatemala ao Mato Grosso do Sul, São Paulo e
Rio de Janeiro; exceto alguns estados do
Nordeste e Sul do Brasil.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Haverschmidt, 1948; Vanderwerf,
1988; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty & Brown,
2001; Holyoak, 2002; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008;
Navarro R. et al., 2011; Spaans et al., 2015; Retana et
al., 2016; Wikiaves, 2019.
Nyctibius aethereus (Wied, 1820)
Nome popular: urutau-pardo
Comprimento: 46-58 cm.
Peso: 434-447 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
matas de galeria e borda de mata.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: São
solitários, com hábitos noturnos. Costumam ficar
pousados mantendo o corpo na vertical para se
camuflarem. Capturam suas presas em voos a
partir de seus poleiros.
Reprodução: Reprodução registrada em
agosto. Colocam um ovo. O ninho fica em
buracos rasos de galhos. Ambos os adultos
participam da incubação, um deles permanece no
ninho durante todo o dia e à noite alternam-se.
Após certa idade os filhotes permanecem no
ninho na mesma posição vertical assumida pelos
adultos. Os filhotes deixam o ninho 42 dias após a
eclosão. Após deixar o ninho o filhote ainda fica
em suas proximidades por mais de 40 dias, ainda
interagindo com os adultos.
Distribuição: Ocorrem do sul da Venezuela
ao Paraguai e Argentina. No Brasil ocorrem na
região Norte, também Mato Grosso, e da Bahia
ao Paraná.
Altitude: Até 1.200 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Pelletier et al., 2005; Simon
et al., 2007; Dunning Jr., 2008; Spaans et al., 2015;
Junqueira, 2017; de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Nyctibius griseus (Gmelin, 1789)
Nome comum: urutau
Comprimento: 33-41 cm.
Peso: 145-187 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
capoeiras, áreas abertas com árvores esparsas,
borda de floresta e florestas ciliares.
Alimentação: Alimentam-se de insetos:
Coleoptera: Elateridae, Cerambycidae, Carabidae;
Hemiptera; Lepidoptera: Pieridae.
Comportamento e observações: São
solitários, com hábitos noturnos. Costumam ficar
pousados mantendo o corpo na vertical para se
camuflarem. Capturam suas presas em voos a
partir de seus poleiros. No sul e parte do sudeste
do Brasil podem realizar migrações parciais
durante o inverno austral.
Reprodução: Reprodução registrada de
outubro a junho. O ninho fica em galhos
horizontais, forquilhas ou troncos verticais.
Colocam um ovo, a incubação é realizada por
ambos os adultos e dura 29 a 33 dias. Um dos
adultos sempre fica ao longo de todo o dia
incubando e durante a noite essa tarefa é
revezada. Após a eclosão os filhotes permanecem
no ninho por 40 a 52 dias.
Quando nascem os filhotes já conseguem
se segurar ao local onde está o ninho. Os adultos
cobrem os filhotes com o próprio corpo para
protegê-los de intempéries e de predadores.
Os filhotes defecam para fora do ninho.
Quando estão sozinhos no ninho também podem
realizar movimentos com as asas para exercitá-
las. Após certo tamanho o filhote passa a ficar
sozinho durante o dia no ninho e só é acomodado
abaixo do corpo de um adulto em situações
adversas, como temporais.
Distribuição: Ocorrem da Costa Rica à
Bolívia, Argentina e Uruguai; e em todo o Brasil.
Altitude: Até 1.800 m.
138
Fontes: Zotta, 1932; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Hilty & Brown, 2001; Holyoak, 2002; Hilty, 2003;
Lopes & Anjos, 2005; Lima, 2006; Dunning Jr., 2008;
Mendonça et al., 2009; Cestari et al., 2011; Sazima,
2011; Spaans et al., 2015; Sánchez-Martínez & Yusti-
Muñoz, 2016; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019;
Degroote et al., 2021.
Nyctibius leucopterus (Wied, 1821)
Nome popular: urutau-de-asa-branca
Comprimento: 26-38 cm.
Peso: 78,5-98 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: São
solitários, com hábitos noturnos. Costumam ficar
pousados mantendo o corpo na vertical para se
camuflarem. Capturam suas presas em voos a
partir de seus poleiros.
Distribuição: Ocorrem na Colômbia,
Bolívia, Peru, Suriname e no Brasil, nos estados
do Amazonas, Roraima, Pará, Mato Grosso, Bahia
e Espírito Santo.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Whitney et al., 2003; Dunning Jr., 2008;
Spaans et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Nyctibius griseus
139
Ordem Caprimulgiformes
Família Caprimulgidae
Família de aves em geral noturnas e
crepusculares conhecidas popularmente como
bacuraus e curiangos. Os fósseis mais antigos de
Caprimulgiformes datam do Eoceno (entre 56 e
34 milhões de anos atrás), pertencentes à espécie
Ventivorus rangei. Porém, alguns estudos com
relógios moleculares indicam uma possível
origem dessa ordem ainda no Cretáceo, antes da
extinção dos dinossauros não avianos.
Comportamento
Vivem em vários tipos de ambientes, tanto
florestas e áreas campestres, quanto
semidesérticas e eventualmente áreas urbanas.
São aves crepusculares e noturnas, porém
aparentemente não conseguem se alimentar
durante noites sem luar por não enxergarem em
uma escuridão mais forte. Enquanto em noites de
lua cheia se alimentam por mais tempo. Durante
o dia ficam pousadas, muitas vezes no solo.
Algumas espécies de áreas muito frias podem
entrar em torpor ou hibernar durante o inverno,
ocultando-se em cavidades em rochas. Podem
agir de forma territorialista. Podem viver mais de
14 anos.
espécies que podem realizar
deslocamentos populacionais dentro do
continente sul-americano ou migrações, seja
devido aos períodos de cheia na Amazônia ou
devido ao inverno austral. Por exemplo, Podager
nacunda, Chordeiles acutipennis,
Nannochordeiles pusillus e Hydropsalis parvula.
Alimentação
Alimentam-se de insetos, quase todos
capturados em voo. Os insetos são capturados de
duas formas, em voos longos e demorados, tanto
em grande altura quanto próximos ao solo ou da
água, capturando vários insetos. Ou voos curtos e
rápidos a partir de algum poleiro, capturando
algum inseto específico e voltando ao local de
pouso.
Costumam caçar suas presas voando em
áreas abertas, inclusive realizando voos baixos
sobre açudes. Também podem ser observados
pousados ao longo de estradas vicinais em áreas
rurais.
A informação muito divulgada de que eles
voam com a boca aberta, usando penas
modificadas ao redor do bico (cerdas ou vibrissas)
como uma forma de rede, capturando qualquer
inseto que caia nessa armadilha parece não ser o
real padrão de caça dessas aves. Isso é usado
quando há uma grande concentração de insetos
numa mesma área, como revoada de cupins e
formigas, caso contrário em geral o voo é
direcionado para capturar insetos específicos que
estejam voando.
Podem ingerir pequenas pedras e pedaços
de madeira carbonizada, talvez para suprir a
necessidade de ingestão de sais minerais.
Reprodução
São monogâmicos, formando o mesmo
casal ao longo de toda a vida ou ao longo da
estação reprodutiva. Eventualmente podem
mudar o parceiro entre uma postura de ovos e
outra de uma mesma estação reprodutiva. O
período reprodutivo parece estar sincronizado
com o período de maior abundância de insetos
voadores dos quais eles dependem.
Não constroem ninhos, colocam os ovos
em algum buraco raso no solo, alguns usam
depressões de galhos de árvores. Colocam um a
dois ovos. Se o ninho fica em algum local exposto
ao sol podem cobrir os ovos para protegê-los do
calor excessivo. O papel de macho ou fêmea
incubando os ovos é variável conforme a espécie.
A incubação leva de 16 a 22 dias. Em geral
fazem duas posturas de ovos durante a estação
reprodutiva, se a primeira é perdida, podem fazer
uma terceira. Os filhotes são semiprecociais e são
alimentados, por ambos os pais, com um
agregado de insetos grudados com saliva
regurgitado pelos adultos. Os filhotes deixam o
ninho 14 a 23 dias após a eclosão. Quando um
predador localiza seus ninhos possuem
comportamentos para tentar distraí-lo ou
intimidá-lo.
Fontes: Sick, 1997; Behrstock, 2001c; Holyoak, 2002;
Beletsky, 2006; Pereira et al., 2007; Mayr, 2009.
140
Nyctiphrynus ocellatus (Tschudi, 1844)
Nome popular: bacurau-ocelado
Comprimento: 20-22 cm.
Peso: 39,6 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: Podem
pousar em galhos altos. Não pousam em
estradas. Capturam insetos em voo.
Reprodução: Reprodução registrada entre
agosto e novembro. O ninho é no solo, sobre
folhas. Colocam um a dois ovos, a incubação dura
17 a 21 dias. Durante a incubação um indivíduo
permanece no ninho a maior parte do tempo.
Após três a sete dias da eclosão os filhotes
mudam de lugar todo dia, deslocam-se para
outros locais no solo.
Distribuição: Ocorrem da Colômbia e Peru
à Argentina, no Brasil ocorre do Paraná à Bahia,
também Goiás, Tocantins, Maranhão, Mato
Grosso, Pará, Rondônia e Acre.
Altitude: Até 1.350 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Silva et al., 2006b; Dunning Jr., 2008;
Bodrati & Baigorria, 2013; de la Peña, 2016; Lima et
al., 2019; Wikiaves, 2019.
Antrostomus rufus (Boddaert, 1783)
Nome popular: joão-corta-pau
Sinonímia recente: Caprimulgus rufus
Comprimento: 25-31 cm.
Peso: 89-99 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de floresta e áreas abertas entremeadas
por árvores.
Alimentação: Alimentam-se de insetos
(e.g. Isoptera).
Comportamento e observações: Pousam
tanto no solo quanto em galhos. Não pousam em
estradas à noite. Capturam suas presas a partir
de poleiros.
Reprodução: Reprodução registrada de
setembro a maio. O ninho é um buraco raso no
solo. Colocam dois ovos. Durante o dia a fêmea
realiza a incubação e é possível que o macho
realize a incubação durante certos períodos da
noite.
Distribuição: Ocorrem da Costa Rica até
Bolívia e Argentina, e em quase todo o Brasil.
Altitude: Até 800 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Salvador
et al., 2014; Spaans et al., 2015; Bodrati & Salvador,
2015; de la Peña, 2016; Santos, 2016; de la Peña,
2019; Wikiaves, 2019.
Antrostomus sericocaudatus Cassin, 1849
Nome popular: bacurau-rabo-de-seda
Sinonímia recente: Caprimulgus
sericocaudatus
Comprimento: 24-30 cm.
Peso: 83 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
capoeiras.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: Pousam
sobre galhos. São territorialistas e podem ser
ouvidos vocalizando a partir das mesmas áreas e
a partir das mesmas árvores durante cinco a 10
anos.
Reprodução: Durante a corte o macho
emite vocalizações em galhos acima do local a ser
usado como ninho. Reprodução registrada entre
setembro e novembro. O ninho é uma depressão
no solo coberta com folhas. Colocam dois ovos. A
incubação dura 19 dias. Durante o dia a
incubação é em geral realizada pela fêmea e
durante a noite pelo macho.
Durante os primeiros dias de incubação,
com a aproximação de algum possível predador
os adultos saem voando rapidamente do ninho.
Após alguns dias de incubação, com a
aproximação de um possível predador, os adultos
podem realizar um voo curto fingindo estar
feridos e pousar em algum galho próximo
realizando movimentos com as asas e a cauda
para tentar afastar o predador do ninho.
Distribuição: Ocorrem no Pará, Maranhão,
Mato Grosso, Acre e do Rio Grande do Sul ao
Espírito Santo. Também Peru, Paraguai e
Argentina.
Altitude: Até 600 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Dunning
Jr., 2008; Wilkinson, 2009; de la Peña, 2016; Bodrati &
Cockle, 2018; Wikiaves, 2019.
Lurocalis semitorquatus (Gmelin, 1789)
Nome popular: tuju
Comprimento: 19-29 cm.
Peso: 69,5-84 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
áreas abertas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em casais, possuem
hábitos mais crepusculares do que noturnos.
141
Pousam em galhos de árvores, deslocam-se
pulando de galho e galho com agilidade.
Preferencialmente forrageiam sobre o dossel de
áreas florestais.
Reprodução: Reprodução registrada de
dezembro a março. O ninho fica em galhos
grossos horizontais em locais altos ou em
forquilhas de galhos grossos. Colocam um ovo. A
incubação dura 24 a 26 dias. Um dos adultos
sempre fica no ninho incubando durante o dia e
durante a noite recebe alimento de seu
companheiro. Após a eclosão os filhotes
permanecem no ninho por 27 a 29 dias.
Com a aproximação de um possível
predador do ninho o adulto realiza movimentos
agressivos, abrindo e fechando as asas e
mantendo o bico aberto.
Já os filhotes desde a eclosão permanecem
com o corpo na horizontal, rente ao galho,
camuflando-se com a cor de sua plumagem.
Também podem manter sua cabeça na vertical,
expondo as manchas de sua garganta que
lembram a cabeça de uma serpente.
Distribuição: Ocorrem do Panamá à
Argentina e em quase todo o Brasil.
Altitude: Até 1.700 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Simon &
Bustamante, 1999; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003;
Lima, 2006; Dunning Jr., 2008; Spaans et al., 2015;
Parrini, 2015; de la Peña, 2016; de la Peña, 2019;
Wikiaves, 2019.
Nyctiprogne leucopyga (Spix, 1825)
Nome popular: bacurau-de-cauda-barrada
Comprimento: 16-18 cm.
Peso: 26,6-28,2 g.
Habitat: Ocorrem próximos de rios em
áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações:
Forrageiam em bandos de cinco a mais de 100
indivíduos sobre rios e lagos ou próximo destes.
Durante o dia descansam em bandos pousados
em galhos de arbustos próximo da margem de
rios ou lagos.
Reprodução: Reprodução registrada em
outubro e de janeiro a março. O ninho é uma
depressão rasa no solo, coberto com folhas secas.
Colocam um ovo.
Distribuição: Ocorrem no Amazonas,
Roraima, Pará, Mato Grosso, Maranhão, Piauí,
Tocantins, Goiás e Mato Grosso do Sul, também
Colômbia, Venezuela, Guiana e Guiana Francesa.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Pavani,
2019; Wikiaves, 2019.
Nyctiprogne vielliardi (Lencioni-Neto, 1994)
Nome popular: bacurau-do-são-francisco
Sinonímia recente: Chordeiles vieilliardi
Comprimento: 19 cm.
Habitat: Ocorrem em florestas ripárias e
caatingas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: É uma
espécie endêmica do Brasil. Podem ser
observados em bandos em certas áreas do Rio
São Francisco e seus afluentes, em bandos de até
200 indivíduos divididos em sub-bandos
menores. Forrageiam no ar sobre rios.
Reprodução: Reprodução registrada em
novembro. O ninho é uma depressão rasa no
solo.
Distribuição: Ocorrem em Minas Gerais e
na Bahia.
Fontes: Whitney et al., 2003; Kirwan et al.,
2004; Sigrist, 2006; Piacentini et al., 2015; Wikiaves,
2020.
Nyctidromus nigrescens (Cabanis, 1849)
Nome popular: bacurau-de-lajeado
Sinonímias recentes: Caprimulgus
nigrescens, Nyctipolus nigrescens
Comprimento: 19,5-21,5 cm.
Peso: 32-39 g.
Habitat: Ocorrem em borda de florestas,
áreas arbustivas e florestas ripárias.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações:
Forrageiam sozinhos. Para capturar seus
alimentos pousam em clareiras na floresta, em
lajes (como em beiras de rios e córregos), rochas,
estradas ou troncos que se projetam sobre a
vegetação. Realizam o voo para procurar ou
capturar sua presa e depois retornam ao mesmo
local onde estavam. Durante o dia descansam em
bandos de dois a três indivíduos, expostos ou
semi-expostos em lajes ou troncos na borda da
mata.
Reprodução: Reprodução registrada de
agosto a abril, com maior atividade em março e
setembro. Colocam um ovo, eventualmente dois
ovos. São colocados em pequenas depressões
diretamente no solo ou em áreas com rochas
expostas, como lajes, diretamente sobre estas. O
142
período de incubação é estimado em 16 a 18
dias.
Distribuição: Ocorrem das Guianas e
Venezuela à Bolívia, no Brasil ocorre na região
Norte, também Maranhão e Mato Grosso.
Altitude: Até 1.100 m.
Fontes: Ingels et al., 1984; Stotz et al., 1996;
Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning
Jr., 2008; Solano-Ugalde et al., 2012; Ingels et al.,
2017; Guilherme et al., 2018; Wikiaves, 2019.
Nyctidromus albicollis (Gmelin, 1789)
Nome popular: bacurau
Comprimento: 22-30 cm.
Peso: 53,2 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas, borda
de mata e capoeiras.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: Possuem
hábitos crepusculares e noturnos. Deslocam-se
sozinhos ou em casais. Pousam no solo, em meio
à vegetação ou em áreas abertas, como estradas.
Capturam insetos em voo e forrageiam mais
ativamente durante a noite em período de lua
cheia e crescente, em noites sem luar forrageiam
principalmente nos horários crepusculares.
Preferem forragear em áreas abertas,
possivelmente por nestes locais eles poderem
visualizar melhor a silhueta de insetos se
deslocando contra a claridade do luar.
Reprodução: Reprodução registrada de
setembro a maio. O ninho é um buraco raso no
solo, exposto, podendo ou não ser forrado com
folhas secas. Colocam dois ovos. A incubação
dura 17 a 22 dias e é realizada por ambos os
adultos que se revezam na quantidade de horas
que realizam a incubação. Os filhotes deixam a
área de nidificação 21 a 24 dias após a eclosão.
Em caso de aproximação de predador do
ninho os adultos podem fugir, podem fingir estar
feridos para distrair o possível predador ou
podem pousar em galhos próximos movendo
verticalmente a cabeça e realizando pequenos
pulos.
Distribuição: Ocorrem do sul dos Estados
Unidos e México até a Bolívia, Paraguai e
Misiones, e em todo o Brasil.
Altitude: Até 1.700 m, ocasionalmente até
2.300 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Alvarenga,
1999; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Luz & Ferreira,
2003; Thurber, 2003; Vasconcelos et al., 2003; Ubaid,
2007; Dunning Jr., 2008; Luz et al., 2011; Spaans et al.,
2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Nyctidromus hirundinaceus (Spix, 1825)
Nome popular: bacurauzinho-da-caatinga
Sinonímias recentes: Caprimulgus
hirundinaceus, Nyctipolus hirundinaceus
Comprimento: 16,5 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas de caatinga e
matas secas de encostas e tabuleiros.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
como moscas Diptera e formigas aladas
Hymenoptera: Formicidae.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Pousam na areia, terra fina,
pedras ou sobre lajes em áreas abertas. Possuem
hábitos noturnos e crepusculares. Capturam
insetos realizando voos a partir do chão.
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de quase todo o ano. Colocam um ovo,
diretamente sobre a areia ou sobre a rocha.
Durante o dia a incubação é realizada pela fêmea
e durante o crepúsculo pelo macho. Depois da
eclosão os filhotes ficam nas proximidades da
área do ninho por até quatro semanas.
Com a aproximação de um possível
predador dos ninhos os adultos podem realizar
comportamentos de distração, como voos curtos
e fingir estar feridos.
Distribuição: Ocorrem de Minas Gerais e
Espírito Santo ao Ceara e Piauí.
Fontes: RIbon, 1995; Vasconcelos & Figueiredo,
1996; Sick, 1997; Ingels et al., 2014; Barnett et al.,
2014; Wikiaves, 2019.
Hydropsalis heterura (Todd, 1915)
Nome popular: bacurau-chintã-do-norte
Sinonímia recente: Setopagis heterura,
Hydropsalis parvula heterura
Comprimento: 20,3 cm.
Peso: 38 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
arbustivas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: Durante o
dia costumam repousar sobre as folhas do solo.
Em geral forrageiam em áreas abertas próximo
da bordas da mata, após uma investida contra
alguma presa no ar quase sempre retornam ao
mesmo local de pouso.
Reprodução: Reprodução registrada em
outubro. O ninho fica no solo. Colocam dois ovos.
143
Distribuição: Ocorrem na Colômbia,
Venezuela e Brasil (Roraima).
Altitude: Até 1.000 m.
Fontes: Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Costa
et al., 2016.
Hydropsalis parvula (Gould, 1837)
Nome popular: bacurau-chintã
Sinonímias recentes: Caprimulgus
parvulus, Setopagis parvula
Comprimento: 19-21 cm.
Peso: 25-46,5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
agropecuárias e abertas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
como: besouros Coleoptera: Scarabaeidae,
Chrysomelidae, Carabidae, Coccinellidae,
Elateridae, Meloidae, Prionidae; gafanhotos
Orthoptera: Tettigoniidae; percevejos Hemiptera:
Cercopidae, Membracidae; cupins Isoptera;
libélulas Odonata; borboletas e mariposas
Lepidoptera.
Comportamento e observações: Pousam
no solo ou em galhos a baixa altura. Durante o
dia costumam repousar sobre as folhas do solo.
Em geral forrageiam em áreas abertas próximo
da bordas da mata, após uma investida contra
alguma presa no ar quase sempre retornam ao
mesmo local de pouso. Eventualmente podem
pegar alguma presa ao nível do solo ou em galhos
de arbustos. Em algumas regiões do Brasil as suas
populações realizam migrações.
Predadores: caburé (Glaucidium
brasilianum).
Reprodução: Reprodução registrada de
outubro a dezembro. Os ovos são colocados
diretamente sobre o solo ou com uma borda de
folhas e pequenos gravetos formando sua borda.
Colocam dois ovos e a incubação dura 17 a 18
dias. A incubação é realizada durante o dia pelo
macho e pela fêmea à noite. O período de
eclosão dos filhotes coincide com o período de
maior luminosidade da lua, característica que
pode favorecer a alimentação dos filhotes
durante seu desenvolvimento, devido à
dependência dessas aves em usar a visão para
capturar insetos à noite.
Distribuição: Ocorrem do Peru à Bolívia e
Argentina, e em todo o Brasil.
Altitude: Até 1.000 m.
Fontes: Zotta, 1934; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Melo et al., 2000; Di Giacomo, 2005; Dunning
Jr., 2008; Carrera et al., 2008; de la Peña & Salvador,
2010 in de la Peña, 2019; Ribeiro, 2014; de la Peña,
2016; de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Hydropsalis whitelyi (Salvin, 1885)
Nome popular: bacurau-dos-tepuis
Sinonímias recentes: Caprimulgus whitelyi,
Setopagis whitelyi
Comprimento: 20-22,4 cm.
Peso: 30-40 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas, como
savanas, e florestas montanas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica dos tepuis venezuelanos.
Reprodução: Não certeza se essa
espécie se reproduz no Brasil.
Distribuição: Ocorrem na Venezuela, Brasil
e Guiana. No Brasil registrada na fronteira com
Venezuela, no Cerro Urutani, em Roraima.
Altitude: 1.300 a 1.800 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty,
2003; Naka et al., 2006; O’Shear et al., 2007; Dunning
Jr., 2008.
Hydropsalis anomala (Gould, 1838)
Nome popular: curiango-do-banhado
Sinonímia recente: Eleothreptus anomalus
Comprimento: 18-20 cm.
Peso: 43,7 g.
Habitat: Ocorrem em margens de
banhados, estuários e lagoas, também campos
úmidos, áreas campestres e arbustivas, e
eventualmente florestas
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: Em
algumas regiões do Brasil provavelmente suas
populações realizam migrações. Possuem hábitos
noturnos e crepusculares.
Predadores: coruja-buraqueira (Athene
cunicularia).
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e novembro. Os ovos são colocados
diretamente no solo. Colocam um a dois ovos.
Distribuição: Ocorrem em Brasília, Goiás e
de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul, também
Uruguai e Argentina.
Altitude: Até 1.100 m.
Fontes: Pearman & Abadie, 1995; Stotz et al.,
1996; Sick, 1997; Lowen, 1999; Accordi, 2002; Dunning
Jr., 2008; de la Peña, 2016; de la Peña, 2019; Wikiaves,
2019; Bodrati et al., 2019.
144
Hydropsalis candicans (Pelzeln, 1867)
Nome popular: bacurau-de-rabo-branco
Sinonímias recentes: Eleothreptus
candicans, Caprimulgus candicans
Comprimento: 21-23 cm.
Peso: 46-52 g.
Habitat: Ocorrem em áreas campestres
úmidas ou secas e cerrados.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: Possuem
hábitos noturnos e crepusculares.
Reprodução: Possivelmente praticam
poliginia. Durante o período reprodutivo os
machos defendem pequenos territórios e se
reúnem em arenas para realizar exibições aéreas
para as fêmeas.
Reprodução ocorre entre agosto e janeiro.
Colocam dois ovos, diretamente sobre o solo, em
próximo de clareiras nos campos. A incubação
dura 19 dias e os filhotes deixam o ninho 19 a 20
dias após a eclosão. A fêmea realiza sozinha a
incubação e os cuidados com os filhotes.
Distribuição: Ocorrem no Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Minas
Gerais e também no Paraguai.
Altitude: Até 900 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Sigrist,
2006; Dunning Jr., 2008; Pople, 2014; Clay et al., 2014;
Wikiaves, 2019.
Hydropsalis roraimae (Chapman, 1929)
Nome popular: bacurau-de-roraima
Sinonímias recentes: Hydropsalis
longirostris roraimae, Systellura longirostris
roraimae, Caprimulgus longirostris roraimae
Comprimento: 24 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas,
campestres e arbustivas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: Espécie
considerada por alguns autores como subespécie
de Hydropsalis longirostris. Possuem bitos
noturnos, pousam em áreas de rochas e lajes
expostas.
Reprodução: Não há certeza quanto ao seu
status no Brasil.
Distribuição: Ocorrem na Venezuela e no
Brasil, em Roraima e Amazonas.
Fontes: Hilty, 2003; Piacentini et al., 2015;
Borges et al., 2017.
Hydropsalis longirostris (Bonaparte, 1825)
Nome popular: bacurau-da-telha
Sinonímias recentes: Caprimulgus
longirostris, Systellura longirostris
Comprimento: 20-27 cm.
Habitat: Ocorrem em borda de mata, áreas
abertas, campos e áreas agropecuárias.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: Pousam
no solo e em rochas ou lajes, podem pousar em
estradas durante a noite e em galhos a baixa
altura. Possuem hábitos noturnos, durante o dia
descansam ocultos embaixo de arbustos,
sozinhos ou em casais. Capturam suas presas
realizando voos a partir de seus locais de pouso,
quando estas se aproximam ou quando as
localizam no ar.
Predadores: jacurutu (Bubo virginianus),
falcão-peregrino (Falco peregrinus).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano, variando conforme a região.
Os ovos são colocados sobre o solo ou sobre
folhas. Colocam dois ovos. Os filhotes, quando
possuem certo tamanho, podem tentar
espantar predadores, pulando em sua direção
com asas e o bico aberto, mas sem emitir
vocalizações.
Distribuição: Ocorrem da Colômbia,
Venezuela e Guiana ao Chile, Argentina e
Uruguai. No Brasil ocorrem do Rio Grande do Sul
ao Ceará e Piauí, também Tocantins, Goiás e
Mato Grosso.
Fontes: Sick, 1997; Donázar et al., 1997;
Vasconcelos et al., 1999; Hilty & Brown, 2001; Ellis et
al., 2002; Hilty, 2003; Maciel & Oliveira, 2004;
Lorenzetto et al., 2004; Balderram et al., 2008; Dickens
et al., 2015; de la Peña, 2016; de la Peña, 2019;
Wikiaves, 2019.
Hydropsalis maculicaudus (Lawrence, 1862)
Nome popular: bacurau-de-rabo-maculado
Sinonímia recente: Caprimulgus
maculicaudus
Comprimento: 19,5-22 cm.
Peso: 26-39 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
áreas abertas, campos úmidos e borda de mata.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: Alguns
autores incluem essa espécie no gênero
Caprimulgus. Possuem hábitos noturnos,
deslocam-se sozinhos ou em casais fracamente
associados. Realizam voos curtos a partir de seus
poleiros para capturar suas presas. Pousam no
solo e em galhos a baixa altura.
145
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e março. Colocam dois ovos,
diretamente sobre o solo ou sobre gramíneas
secas.
Distribuição: Ocorrem do México à
Argentina. No Brasil possuem registros em todos
os estados das regiões Norte, Centro-Oeste e
Sudeste. Também na Bahia e Maranhão.
Altitude: Até 1.500 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Murilo,
2013; Spaans et al., 2015; de la Peña, 2016; Vieira,
2018; Oliveira, 2018; Wikiaves, 2019.
Hydropsalis cayennensis (Gmelin, 1789)
Nome popular: bacurau-de-cauda-branca
Sinonímia recente: Caprimulgus
cayennensis
Comprimento: 21-22 cm.
Peso: 32-40 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas e áreas
abertas com arbustos ou vegetação herbácea
alta, próximo de áreas úmidas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos. Possuem hábitos
noturnos, durante o dia descansam no solo em
meio a arbustos e vegetação herbácea. Capturam
suas presas realizando voos curtos a partir de seu
poleiro, mas também realizam voos longos sobre
áreas abertas e campos.
Reprodução: Reprodução registrada entre
fevereiro e julho. Colocam dois ovos, diretamente
no solo.
Distribuição: Ocorrem da Costa Rica ao
Brasil, onde possuem registros em Roraima e
Amapá.
Altitude: Até 1.000 m, ocasionalmente até
2.100 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty,
2003; Dunning Jr., 2008; Spaans et al., 2015; Wikiaves,
2019.
Hydropsalis climacocerca (Tschudi, 1844)
Nome popular: acurana
Comprimento: 20-28 cm.
Peso: 42-52 g.
Habitat: Ocorrem em bancos de areia ou
rochas ao longo de grandes rios e ilhas fluviais.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: Realizam
voos curtos sobre a água a partir de seu poleiro
para capturar suas presas. Durante o dia pousam
no solo ou sobre detritos vegetais que se
acumulam nas margens dos rios, também em
galhos a baixa altura.
Reprodução: Durante a corte o macho
persegue a fêmea em voo, seguindo-a de forma
errática, chacoalhando a cauda abaixada e com
asas erguidas batendo-as parcialmente
produzindo som instrumental e emissão de
vocalizações.
Reprodução registrada entre setembro e
julho, variando conforme a região. Colocam dois
ovos. O ninho é uma depressão rasa na areia, em
bancos de areia ou ilhas fluviais.
Distribuição: Ocorrem da Venezuela à
Bolívia; no Brasil ocorrem na região Norte e
também no Mato Grosso e Maranhão.
Altitude: Até 700 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Maccormick & MacLeod,
2004; Dunning Jr., 2008; Spaans et al., 2015; Wikiaves,
2019.
Hydropsalis torquata (Gmelin, 1789)
Nome popular: bacurau-tesoura
Sinonímia recente: Hydropsalis brasiliana
Comprimento macho: 50 cm.
Comprimento fêmea: 30 cm.
Peso do macho: 51-63 g.
Peso da fêmea: 57-60 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de florestas e áreas abertas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
como: besouros Coleoptera: Cerambycidae,
Elateridae, Scarabaeidae; Ephemeroptera;
baratas-d’água e percevejos Hemiptera:
Belostomatidae, Pentatomidae; moscas Diptera;
borboletas e mariposas Lepidoptera; grilos
Orthoptera: Gryllidae.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em casais. Possuem
hábitos noturnos e crepusculares. Pousam no
solo ou em galhos baixos. Consta que produz
vários tipos de sons com as asas, quando voa ou
pousa, pode produzir sons específicos com as
asas enquanto persegue outros indivíduos. O
macho parece produzir um som específico com o
bater das asas no chão.
Reprodução: Reprodução registrada de
agosto a fevereiro. Colocam dois ovos,
diretamente sobre o solo ou sobre folhas. A
incubação dura 18 a 19 dias, após a eclosão os
filhotes permanecem no ninho por 12 a 13 dias.
146
Ambos os adultos participam da incubação e dos
cuidados com os filhotes.
Quando a fêmea está no ninho, possui
comportamentos para distrair predadores,
fingindo estar ferida. Também pode se
demonstrar agressiva, emitindo vocalizações e
pousar em galhos próximos realizando
movimentos verticais com a cabeça e a cauda.
Distribuição: Ocorrem do Amapá e Pará,
sul do Amazonas até Bolívia, Paraguai, Argentina
e Uruguai; e Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e
Sul do Brasil.
Altitude: Até 1.100 m, ocasionalmente até
1.550 m.
Fontes: Belton, 1984; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Pautasso & Cazenave, 2002; Dunning Jr., 2008;
Freire, 2009; de la Peña & Salvador, 2010 in de la
Peña, 2019; de la Peña, 2016; Marcon & Vieira, 2017;
de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Hydropsalis forcipata (Nitzsch, 1840)
Nome popular: bacurau-tesourão
Sinonímias recentes: Macropsalis
forcipata, Macropsalis creagra
Comprimento macho: 76 cm (3/4 equivale
a cauda).
Comprimento fêmea: 32-34 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
borda de mata.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: Possuem
hábitos mais crepusculares, voam a baixa altura e
pousam em galhos de árvores. É possível que
realizem torpor de inverno em algumas regiões
frias do país, para armazenar energia, mas não
chegam a realizar hibernação.
Reprodução: Reprodução registrada em
novembro e dezembro. Colocam um a dois ovos,
colocados diretamente sobre a serrapilheira, em
meio à arbustos. A incubação dura 19 dias. Após
a eclosão os filhotes ficam nas proximidades do
ninho por 18 a 23 dias. O cuidado parental é
realizado pela fêmea.
Com a aproximação de possíveis
predadores do ninho, a fêmea quando está
incubando pode realizar comportamentos de
distração realizando voos a curta altura e
distância; para então fingir estar ferida,
deslocando-se no solo com as asas semi-abertas.
Distribuição: Ocorrem do nordeste da
Argentina ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina
até Minas Gerais e Espírito Santo.
Altitude: Até 2.000 m.
Fontes: Moraes & Krul, 1995; Stotz et al., 1996;
Sick, 1997; Pichorim, 2002; Dunning Jr., 2008; Santos,
2010; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Nannochordeiles pusillus (Gould, 1861)
Nome popular: bacurauzinho
Sinonímia recente: Chordeiles pusillus
Comprimento: 15-19 cm.
Peso: 27,8-33,4 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
áreas abertas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos, em casais ou em grupos
com indivíduos dispersos em áreas campestres.
Começam a caçar suas presas durante o
crepúsculo. Durante o dia repousam ocultos
embaixo de arbustos ou em galhos de árvores.
Podem ser observados pousados em áreas
abertas, sobre areia, terra ou cascalho.
Reprodução: Reprodução registrada entre
outubro e janeiro. O ninho é no solo, colocam um
ovo.
Distribuição: Ocorrem na Colômbia,
Venezuela, Guianas e Suriname até Bolívia e
Argentina. No Brasil tem registros em São Paulo,
Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Rio Grande
do Sul.
Altitude: Até 900 m, eventualmente mais.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Leite et
al., 1997; Krauczuk, 2000; Hilty & Brown, 2001; Hilty,
2003; Dunning Jr., 2008; Spaans et al., 2015; de la
Peña, 2016; de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Podager nacunda (Vieillot, 1817)
Nome popular: corucão
Sinonímia recente: Chordeiles nacunda
Comprimento: 27,5-33 cm.
Peso: 130-138 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas,
campos e áreas agropecuárias, também podem
voar sobre áreas urbanas caçando suas presas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
como: besouros Coleoptera: Scarabaeidae,
Carabidae, Elateridae, Dytiscidae, Lampyridae;
baratas-d’água, percevejos e cigarras Hemiptera:
Pentatomidae, Belostomatidae, Cicadidae;
tesourinhas Dermaptera: Forficulidae; mariposas
Lepidoptera: Noctuidae; gafanhotos e grilos
Orthoptera: Tettigoniidae, Acrididae, Gryllidae;
cupins Isoptera.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos, em casais ou em bandos;
147
grandes bandos de 100 ou mais indivíduos
podem se formar durante migrações. Possuem
hábitos noturnos e crepusculares, mas também
pode ser observados voando durante o dia.
Pousam no solo, durante o dia repousam em
áreas abertas. Podem beber água de riachos
enquanto voam pairando sobre a água.
Reprodução: Reprodução registrada de
outubro a junho, variando conforme a região. O
ninho é oculto entre gramíneas, consiste em uma
depressão rasa no solo ou sobre folhas secas de
gramíneas. Colocam dois ovos. A incubação dura
18 dias e é realizada pela fêmea.
Quando algum predador se aproxima do
ninho a fêmea pode realizar voos para distrair o
predador ou fingir estar ferida.
Distribuição: Ocorrem da Argentina à
Colômbia e Venezuela, e em todo o Brasil.
Altitude: Até 1.400 m.
Fontes: Zotta, 1932; Zotta, 1934; Belton, 1984;
Beltzer et al., 1988; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty
& Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Bodrati
& Salvador, 2015; de la Peña, 2016; Salvador &
Bodrati, 2017; Wikiaves, 2019.
Chordeiles minor (Forster, 1771)
Nome popular: bacurau-norte-americano
Comprimento: 22-25 cm.
Peso: 79,3 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
áreas abertas e agropecuárias.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie migratória, originária do hemisfério
norte, durante os deslocamentos migratórios
podem ser observado bandos de oito a 15
indivíduos. Possuem hábitos noturnos e
crepusculares, podem andar em bandos. Durante
o dia repousam no solo ou em galhos horizontais
de árvores; mas também podem ser observados
ativos durante o dia. Vivem até nove anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil,
a reprodução ocorre na América do Norte, entre
maio e julho. Colocam dois ovos, sobre rochas,
areia ou serrapilheira.
Distribuição: No Brasil possuem registros
em quase todos os estados.
Altitude: Até 2.500 m, eventualmente
mais.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008;
Vuilleumier, 2009; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Chordeiles gundlachii Lawrence, 1857
Nome popular: bacurau-das-antilhas
Comprimento: 20-25 cm.
Peso: 50 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas,
pastagens, campos e restingas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: Espécie
registrada no Brasil por meio de geolocalizadores
que demonstraram que realizam migração de sua
área reprodutiva, nas Pequenas Antilhas,
especificamente Guadalupe, até a região
amazônica no Brasil.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre entre maio e julho.
Distribuição: Ocorrem em Guadalupe
(Pequenas Antilhas), Ilhas de São Tomás, Virgens
Americanas, Bermudas, Bahamas, Caiman, Aruba,
Hispaniola, Jamaica, Cuba, La Tortuga na
Venezuela (área de stopover) e no Brasil
(Amazonas e Roraima).
Altitude: Até 600 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Raffaele et al., 2003;
Dunning Jr., 2008; Perut & Lavesque, 2020.
Chordeiles rupestris (Spix, 1825)
Nome popular: bacurau-da-praia
Comprimento: 19-20,3 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas em
margens de rios e ilhas fluviais, como praias e
lajes.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: Durante o
dia repousam em bancos de areia de rios e
praias, também sobre árvores. Durante a noite se
reúnem em bandos pequenos ou de 50 ou mais
indivíduos para forragearem insetos; ou para
migrarem durante períodos de cheia em áreas
amazônicas. O forrageio ocorre principalmente
durante 15 ou 30 minutos ao anoitecer, após
apenas periodicamente ao longo da noite.
Também podem capturar suas presas durante o
dia.
Reprodução: Reprodução registrada entre
julho e abril, variando conforme a região. Em
áreas amazônicas a nidificação ocorre nos
períodos de seca. O ninho é em bancos de areia,
junto de aves marinhas como Laridae (Sterninae).
Colocam dois a três ovos, diretamente sobre a
areia.
Realizam comportamento de corte, o
macho se exibe para a fêmea, estica o pescoço na
148
vertical e balançando de um lado para outro
enquanto anda. Após estica-se na horizontal,
inflando o saco gular e encostando-o no chão.
Distribuição: Ocorrem da Venezuela,
Colômbia e Bolívia, e no Brasil na região Norte e
também no Mato Grosso e Maranhão.
Altitude: Até 700 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Wikiaves, 2019.
Chordeiles acutipennis (Hermann, 1783)
Nome popular: bacurau-de-asa-fina
Comprimento: 19-23 cm.
Peso: 41-64 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas,
cerrado, campos e próximo de áreas urbanas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: Possuem
hábitos crepusculares, mas também podem
forragear durante o dia. Durante o dia repousam
em arbustos, árvores pequenas ou ocultos sobre
essa vegetação no solo. Também pousam em
estradas, geralmente após os períodos de
forrageio.
Reprodução: Reprodução provavelmente
entre fevereiro e agosto. Consta que
eventualmente podem nidificar em colônias de
casais dispersos. Colocam dois ovos, sobre rochas
planas, bancos de areia ou cascalho. Durante o
dia a incubação é realizada pela fêmea.
Quando algum predador se aproxima do
ninho o adulto pode voar para certa distância do
ninho e após retornar andando pelo chão,
possivelmente para não chamar atenção de
predadores.
Distribuição: Ocorrem da Califórnia (EUA) à
Bolívia e Argentina, no Brasil possuem registro
em quase todos os estados.
Altitude: Até 2.500 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Cestari &
Costa, 2010; Spaans et al., 2015; de la Peña, 2016;
Wikiaves, 2019.
Nyctidromus albicollis
149
Ordem Apodiformes
Família Apodidae
Família composta por aves popularmente
conhecidas como andorinhões. As espécies dessa
família são morfologicamente similares às
andorinhas, da ordem Passeriformes, família
Hirundinidae; resultado de um processo de
convergência evolutiva.
Os fósseis mais antigos de Apodiformes
datam do Eoceno (entre 56 e 34 milhões de anos
atrás), com estudos de relógios moleculares
indicando uma possível origem ainda no
Cretáceo, antes da extinção dos dinossauros não
avianos. Há fósseis de Apodidae datados também
do Eoceno, pertencentes a três espécies do
gênero Scaniacypselus.
Alguns dos fósseis mais antigos são
conhecidos do Mioceno, 20 milhões de anos
atrás.
Comportamento e alimentação
Ocorrem em vários tipos de ambientes,
desde áreas florestais até áreas urbanas e áreas
abertas com árvores esparsas. Deixam o ninho ou
o local de descanso ao amanhecer e retornam ao
final da tarde, podem ser considerados aerícolas,
suas asas são longas, estreitas e rígidas. Possuem
grande capacidade de voo, a área de forrageio de
algumas espécies pode atingir até 60 km do local
do ninho ou descanso. Podem ser encontrados
sozinhos, mas em geral são sociáveis formando
bandos. Quando assustados, permanecem
agarrados à rocha e batem as asas, produzindo
sons instrumentais.
Descansam em superfícies verticais,
usando suas garras e uma pequena protuberância
presente no tarso que as ajudam a se apoiar. As
penas da cauda também são modificadas com
pontas rígidas, similar aos pica-paus para auxiliar
a permanecerem fixos nessa posição. O voo
dessas aves pode atingir até 150 km/h. A muda
das penas é longa, com algumas penas de voo
sendo trocadas por vez.
Alimentam-se de insetos, capturados
principalmente em voo em grande altura. Se o
tempo está tomado por cerração (neblina) baixa,
podem voar acima das nuvens ou abaixo delas
mais próximos ao solo. O alimento para o filho é
acumulado na boca em um saco gular, formando
um bolo de insetos presos com saliva. Um desses
bolos alimentares pode ter até 1.500 insetos de
50-60 espécies diferentes. O
gênero Aerodromus realiza ecolocalização, usado
para auxiliar no deslocamento em si e dentro de
cavernas, mas não para localização de alimento.
Algumas espécies nidificam sozinhas em
fendas em rochas ou em colônias em cavernas
com mais de 100.000 indivíduos. Também podem
construir ninhos em chaminés, quando às vezes
podem ser confundidos com morcegos e algumas
pessoas podem tentar matá-los. Em dias frios
podem não sair de seus abrigos, apresentando
redução de sua respiração e temperatura do
corpo. Podem viver de 17 a 26 anos, porém
estima-se que 17 a 25% dos adultos possam
morrer anualmente.
Reprodução
Durante o período reprodutivo realizam
voos de corte, exibição entre os indivíduos.
Realizam voos circulares (volteios) com as asas
quase imóveis e arqueadas (e.g. Chaetura) ou
tentam exibir certas partes do corpo que
possuam coloração diferente (e.g.
Streptoprocne). Realizam a corte e
comportamentos sociais geralmente em voo. As
interações sociais incluem muitas perseguições
aéreas de alta velocidade, geralmente com
emissão de vocalizações, com voos planados
intermitentes e exibições com as asas levantadas.
Consta que há espécies que às vezes realizam
quedas de quase 60 m, presos um ao outro, o
que aparenta ser uma cópula aérea.
Apresentam fidelidade ao local de
nidificação, podendo usar o mesmo local durante
muitas décadas. Às vezes usam até o mesmo
ninho, adicionando material novo a ele a cada
estação reprodutiva. Enquanto outras espécies
precisam reconstruir o ninho em cada
reprodução. São monogâmicos e se reproduzem
pela primeira vez com um a dois anos.
A reprodução ocorre em estações mais
quentes, chuvosas e com maior abundância de
insetos. Os ninhos são variáveis, espécies que
não constroem ninhos e usam ocos de árvores,
há espécies que usam galhos e matéria vegetal
colada com sua saliva dentro de ocos de árvores,
chaminés ou fendas em rochas; e outros que
150
usam um amontoado de musgos em alguma área
rochosa, como atrás de cachoeiras, por exemplo.
Os gêneros Tachornis e Panyptila
confeccionam um ninho próprio altamente
elaborado. Tachornis pode usar penas na
construção do ninho, preso a uma folha de
palmeira pendente. Enquanto Panyptila constrói
o ninho usando paina ou fibras vegetais que se
assemelhem a algodão. Colocam de um a sete
ovos. A incubação varia de 19 a 28 dias. Os
filhotes são altriciais, eclodem cegos e indefesos,
permanecem no ninho por no mínimo 28 dias.
Fontes: Sick, 1997; Collins, 2001; Niemann, 2002;
Beletsky, 2006; Pereira et al., 2007; Mayr, 2009.
Cypseloides cryptus Zimmer, 1945
Nome popular: taperuçu-de-mento-branco
Comprimento: 14-15 cm.
Peso: 31,7-39,4 g.
Habitat: Sobrevoam em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
como formigas aladas Hymenoptera: Formicidae
e cigarrinhas Hemiptera: Psyllidae.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em pequenos bandos e em bandos
grandes de centenas de indivíduos. Capturam
insetos em voo, diretamente do ar e também
sobre folhas das copas de árvores, mas sem
pousar nelas.
Reprodução: Reprodução registrada entre
janeiro e agosto. Os casais nidificam sozinhos ou
em grupos de indivíduos dispersos atrás de
quedas-d’água. O ninho é construído de lama e
matéria vegetal, como pequenas raízes e musgos,
preso em superfícies rochosas úmidas verticais
ou em fendas horizontais; exposto à névoa das
quedas-d’água e ao próprio gotejamento da
água. Colocam um ovo.
Distribuição: Ocorrem de Belize até o Peru
e Suriname, no Brasil possui registros no
Amazonas e Acre.
Altitude: Até 3.000 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Hilty & Brown, 2001;
Hilty, 2003; Whittaker & Whittaker, 2008; Dunning Jr.,
2008; Brito et al., 2015; Biancalana & Magalhães,
2016; Wikiaves, 2019.
Cypseloides niger (Gmelin, 1789)
Nome popular: taperuçu-escuro-do-norte
Comprimento: 18 cm.
Peso: 32-51,5 g.
Habitat: Sobrevoam áreas florestais e
áreas abertas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie migratória, originária do hemisfério
norte, foi registrado na região amazônica por
meio de geolocalizadores. Vivem até 16 anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil,
a reprodução ocorre na América do Norte, entre
junho e setembro. O ninho fica atrás de
cachoeiras em áreas montanhosas, consistindo
em uma semi-esfera de musgos e barro. Colocam
um ovo.
Distribuição: Ocorrem do Canadá ao Brasil
(Amazonas).
Fontes: Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009;
Beason et al., 2012.
Cypseloides fumigatus (Streubel, 1848)
Nome popular: taperuçu-preto
Comprimento: 15 cm.
Habitat: Sobrevoam áreas florestais e
áreas abertas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
como cupins alados Isoptera.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em bandos pequenos de três a 15
indivíduos, eventualmente até 50 indivíduos.
Podem se reunir a bandos de Chaetura e
Streptoprocne. Ocorrem próximo de cascatas.
Reprodução: Reprodução registrada de
setembro a março. Constroem o ninho de
musgos, pteridófitas, barro, gravetos e raízes
finas, em encostas de rocha, inclinadas ou em
fendas horizontais. Os ninhos ficam em fendas
atrás de quedas-d’água e algumas vezes
protegidos dos respingos da água ou em
paredões rochosos úmidos.
Colocam um ovo. A incubação dura 27 a 29
dias. Após a eclosão os filhotes permanecem no
ninho por aproximadamente 56 dias. Ambos os
adultos participam da incubação. Os filhotes são
alimentados durante a noite, possivelmente
devido a maior captura de insetos no período
crepuscular.
Distribuição: Ocorrem na Bolívia, Paraguai,
Argentina e no Brasil, do Rio Grande do Sul ao
Ceará, também região Centro-Oeste e Tocantins.
Altitude: Até 2.100 m, possivelmente mais.
Fontes: Belton, 1984; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Pichorim et al., 2001; Vasconcelos et al., 2006;
Stopiglia & Raposo, 2007; Biancalana et al., 2012;
151
Caranha, 2015; Bodrati & Salvador, 2015; Biancalana,
2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Cypseloides senex (Temminck, 1826)
Nome popular: taperuçu-velho
Sinonímia recente: Aerornis senex
Comprimento: 18 cm.
Peso: 56-110 g.
Habitat: Sobrevoam áreas florestais e
áreas abertas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
e.g. cupins Isoptera: Termitidae; percevejos
Hemiptera: Pentatomidae; borboletas e
mariposas Lepidoptera; formigas Hymenoptera:
Formicidae.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em bandos grandes, centenas de
indivíduos, alguns com mais de 700 indivíduos.
Podem se reunir próximo de cachoeiras em
paredões rochosos. Realizam deslocamentos
diários para forragear.
Reprodução: Reprodução registrada entre
outubro e janeiro. Começam a construir os
ninhos ainda em agosto, este é construído em
encostas rochosas, próximo ou atrás de cascatas,
é feito com barro, musgos e matéria vegetal.
Colocam um a dois ovos.
Distribuição: Ocorrem na Bolívia, Paraguai,
Argentina e em quase todo o Brasil, exceto alguns
estados do Norte e Nordeste.
Altitude: Até 1.000 m, eventualmente
mais.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Stopiglia
& Raposo, 2007; Dunning Jr., 2008; Garcia et al., 2009;
Veronese, 2015; Souza, 2015; Melo, 2015; de la Peña,
2016; Wikiaves, 2019.
Streptoprocne phelpsi (Collins, 1972)
Nome popular: taperuçu-dos-tepuis
Comprimento: 14-16 cm.
Peso: 17,9-25 g.
Habitat: Sobrevoam áreas florestais e
áreas abertas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em bandos de 10 a 20 indivíduos, às
vezes em conjunto com Streptoprocne zonaris.
Forrageiam voando sobre copa de árvores ou
sobre gramíneas. Descansam próximo da água
em encostas rochosas.
Reprodução: Reprodução possivelmente
em janeiro e fevereiro. Nidificam em colônias, o
ninho é fixo em rochas quase verticais.
Distribuição: Ocorrem na Venezuela e no
Brasil, em Roraima.
Altitude: 400-1.400 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Hilty, 2003; Dunning
Jr., 2008; Souza, 2016; Wikiaves, 2019.
Streptoprocne zonaris (Shaw, 1796)
Nome popular: taperuçu-de-coleira-branca
Comprimento: 20,3-22 cm.
Peso: 65-107 g.
Habitat: Sobrevoam áreas campestres e
montanhosas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos e
aracnídeos.
Dentre os insetos consomem: percevejos
Hemiptera: Reduviidae, Lygaeidae,
Pentatomidae, Jassidae; besouros Coleoptera:
Curculionidae, Staphylinidae, Bruchidae;
Lepidoptera; moscas Diptera: Trypetidae,
Phoridae, Ortalidae; vespas e formigas
Hymenoptera: Ichneumonidae, Formicidae
Comportamento e observações:
Deslocam-se em bandos de 50 a 100 indivíduos,
às vezes até 1000 indivíduos. Pousam em
encostas rochosas próximo de cachoeiras.
Durante o período reprodutivo os casais mantêm
certo afastamento do bando.
Reprodução: Reprodução registrada de
outubro a janeiro ou entre abril e maio, variando
conforme a latitude. O ninho é colocado em
fendas em encostas rochosas, às vezes próximos
ou atrás de cachoeiras, construído com briófitas,
pteridófitas, folhas verdes, folhas secas, areia e
barro. Colocam dois a três ovos e a incubação
dura entre 20 e 27 dias. Os filhotes deixam o
ninho 41 a 51 dias após a eclosão. Ambos os
adultos participam da incubação e dos cuidados
com os filhotes.
É possível que ocorra fratricídio entre os
filhotes, tendo em vista registros de competição
entre irmãos e encontro de filhotes mortes no
solo em áreas de ninhos.
Distribuição: Ocorrem do México à Bolívia
e Argentina; ocorrem em quase todo o Brasil,
exceto certas regiões de planície, como algumas
áreas da Amazônia, pois precisam de encostas
rochosas para nidificar e repousar.
Altitude: Até 3.600 m.
Fontes: Rowley & Orr, 1965; Belton, 1984; Stotz
et al., 1996; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty,
2003; Dunning Jr., 2008; Biancalana, 2014; Spaans et
al., 2015; Biancalana et al., 2016; de la Peña, 2016;
Marín, 2016; Marcon & Vieira, 2017; Wikiaves, 2019.
152
Streptoprocne biscutata (Sclater, 1866)
Nome popular: taperuçu-de-coleira-falha
Comprimento: 20,5-20,8 cm.
Peso: 85-116 g.
Habitat: Sobrevoam áreas florestais de
montanhas, próximo de encostas rochosas e
cachoeiras.
Alimentação: Alimentam-se de insetos:
Hymenoptera; besouros Coleoptera; percevejos
Hemiptera; cupins Isoptera.
Comportamento e observações: Consta
que em algumas localidades (município de Acari,
Rio Grande do Norte) podem se formar bandos
migratórios de até 100.000 indivíduos.
Reprodução: Reprodução registrada entre
outubro e janeiro. São monogâmicos. O ninho é
feito com liquens, musgos, pteridófitas,
angiospermas e barro, construído em paredões
rochosos. Podem usar o mesmo local de
nidificação por mais de um ano seguido. Colocam
um a quatro ovos. A incubação dura
aproximadamente 24 dias e ambos os adultos
participam dela. Os filhotes deixam o ninho 33
dias após a eclosão, mas ainda permanecem
próximos dele por mais 10 dias.
Quando colocam muitos ovos os adultos
podem jogar algum ovo para fora do ninho
durante a incubação, caso não apresentem
condições físicas adequadas para criar todos os
filhotes.
Distribuição: No Brasil ocorrem do Rio
Grande do Sul ao Ceará, Mato Grosso, Goiás,
Tocantins e Piauí; ocorrem também na Argentina
e Paraguai.
Altitude: Até mais de 2.000 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Pichorim,
2002; Dal’Maso et al., 2003; Pichorim & Lorenzetto,
2004; Pichorim & Monteiro-Filho, 2008; Dunning Jr.,
2008; Bodrati & Salvador, 2015; de la Peña, 2016;
Wikiaves, 2019.
Chaetura cinereiventris Sclater, 1862
Nome popular: andorinhão-de-sobre-
cinzento
Comprimento: 10,5-11,7 cm.
Peso: 11,8-18 g.
Habitat: Sobrevoam áreas florestais, áreas
abertas e áreas urbanas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos:
percevejos Hemiptera: Miridae, Anthocoridae,
Tingidae, Thaumastocoridae, Mesoveliidae,
Delphacidae, Cicadellidae, Membracidae,
Cercopidae, Psyllidae, Aleyrodidae, Aphididae;
besouros Coleoptera: Staphylinidae, Phalacridae,
Mordellidae, Bostrichidae, Chrysomelidae,
Bruchidae, Curculionidae, Scolytidae; Psocoptera:
Caeciliidae; vespas, abelhas e formigas
Hymenoptera: Ichneumonidae, Braconidae,
Eulophidae, Encyrtidae, Eupelmidae, Chalcididae,
Torymidae, Agaonidae, Pteromalidae,
Eurytomidae, Perilampidae, Cynipidae,
Proctotrupidae, Platygasteridae, Formicidae
(aladas), Sphecidae, Apidae, Andrenidae,
Halictidae; moscas e mosquitos Diptera:
Chironomidae, Simuliidae, Anisopodidae,
Bibionidae, Mycetophilidae, Sciaridae,
Stratiomyidae, Rhagionidae, Scatopsidae,
Asilidae, Dolichopodidae, Phoridae, Pipunculidae,
Otitidae, Syrphidae, Tephritidae, Lauxaniidae,
Chamaemyiidae, Piophilidae, Heliomyzidae,
Chloropidae, Anthomyzidae, Agromyzidae,
Ephydridae, Milichiidae, Drosophilidae,
Anthomyiidae, Muscidae, Tachinidae,
Calliphoridae; mariposas Lepidoptera: Pyralidae,
Gelechiidae, Douglasiidae.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em bandos, às vezes com outras
espécies de Chaetura. Voam sobre áreas
florestais e sobre áreas abertas de rios. Em dias
ensolarados podem voar baixo e bater o corpo
contra a água para tomar banho ou beber água.
O fato de ingerirem alguns insetos da
ordem Hemiptera aquáticos ou que permanecem
sobre plantas, como Mesoveliidae e
Membracidae, respectivamente, pode ser um
indicativo de que voos rasantes sobre a água e
sobre a vegetação arbórea também possuem a
função de forrageio.
Reprodução: Reprodução registrada entre
dezembro e abril. O ninho é uma taça
semicircular, preso na parede de chaminés ou
encostas rochosas com saliva. Podem usar o
mesmo local de nidificação vários anos seguidos.
Colocam até quatro ovos. Às vezes durante a
noite os dois adultos podem ser observados no
ninho.
Distribuição: Ocorrem da América Central
à Argentina. No Brasil possuem registros no
Amazonas, Acre, Rondônia, Pará, Mato Grosso e
do Rio Grande do Sul ao Alagoas.
Altitude: Até 1.800 m.
Fontes: Sick, 1959; Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008;
Collins, 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
153
Chaetura spinicaudus (Temminck, 1839)
Nome popular: andorinhão-de-sobre-
branco
Comprimento: 10,7-11,5 cm.
Peso: 13-20 g.
Habitat: Sobrevoam áreas florestais e
áreas abertas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos, em casais ou em bandos,
às vezes com outras espécies de Apodidae.
Forrageiam em grandes alturas sobre áreas
florestais, mas ao final da tarde e após chuvas
voam baixo sobre clareiras e estradas. Em dias
ensolarados podem voar baixo e bater o corpo
contra a água para tomar banho ou beber água.
Reprodução: Reprodução registrada entre
fevereiro e julho.
Distribuição: Ocorrem da Costa Rica ao
norte da América do Sul; região Norte do Brasil,
também Maranhão, Ceará, Alagoas e Bahia.
Altitude: Até 1.000 m, ocasionalmente até
1.500 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Spaans et
al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Chaetura egregia Todd, 1916
Nome popular: taperá-de-garganta-branca
Comprimento: 11-13,5 cm.
Peso: 23,4 g.
Habitat: Sobrevoam áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Distribuição: No Brasil ocorrem no
Amazonas, Acre, Rondônia, Pará e Mato Grosso.
Também ocorrem na Bolívia, Equador e Peru.
Altitude: Até 1.100 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008; Wikiaves,
2019.
Chaetura pelagica (Linnaeus, 1758)
Nome popular: andorinhão-peregrino
Comprimento: 12,7-14 cm.
Peso: 17-29,8 g.
Habitat: Sobrevoam áreas florestais e
urbanas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações:
Possivelmente espécie migratória, originária do
hemisfério norte. Consta que na América do
Norte tem expandindo sua distribuição do leste
para o oeste e sul do continente.
Reprodução: Reprodução registrada entre
abril e agosto na América do Norte. O ninho é
uma semi-esfera de gravetos finos, presos com
saliva, fixados na parede interna de chaminés,
ocos de árvores ou outras estruturas. Colocam
quatro a cinco ovos.
Distribuição: Ocorrem do Canadá ao Chile,
Bolívia e Brasil, onde possuem registros no Acre.
Altitude: Até 600 m, ocasionalmente até
4.500 m.
Fontes: Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003;
Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008;
Vuilleumier, 2009; Biancalana, 2017; Pacheco et al.,
2021.
Chaetura chapmani Hellmayr, 1907
Nome popular: andorinhão-de-chapman
Comprimento: 12,7-14 cm.
Peso: 21,8-28 g.
Habitat: Sobrevoam áreas florestais e
áreas abertas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em bandos, às vezes com outras
espécies de Chaetura.
Reprodução: Reprodução registrada entre
março e junho. O ninho é construído de
pequenos gravetos colados com saliva em
encostas rochosas verticais. Também nidificam
em ocos de árvores. Colocam dois ovos.
Distribuição: Ocorrem do Suriname e
Guianas, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru,
Bolívia e no Brasil possuem registros nos estados
do Amapá, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia,
Mato Grosso e Acre.
Altitude: Até 1.500 m.
Fontes: Collins, 1968; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr.,
2008; Spaans et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Chaetura meridionalis Hellmayr, 1907
Nome popular: andorinhão-do-temporal
Sinonímias recentes: Chaetura andrei
meridionalis
Comprimento: 11,5-14 cm.
Peso: 22,2 g.
Habitat: Sobrevoam áreas abertas, áreas
florestais e áreas urbanas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos
(e.g. cupins Isoptera).
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em bandos de 10 a 12
indivíduos, às vezes com outras espécies de
154
Chaetura. Forrageiam principalmente ao final da
tarde. Durante o inverno austral migram do sul
do Brasil e Argentina para o norte da América do
Sul e parte da América Central.
Reprodução: Reprodução registrada entre
agosto e janeiro. O ninho é feito de pequenos
gravetos, de 2 a 8 cm, presos entre si e na
encosta de rochas, troncos ocos de árvores ou
chaminés com saliva. Colocam até cinco ovos.
Usam o mesmo local de nidificação vários
anos seguidos. registros de mais de uma
fêmea colocando ovos no mesmo ninho.
Distribuição: Ocorrem do Panamá à
Argentina. No Brasil possuem registro em quase
todos os estados, exceto na região amazônica.
Altitude: Até 1.600 m.
Fontes: Sick, 1948a; Sick, 1959; Sick, 1983;
Belton, 1984; Oniki et al., 1992; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Di Giacomo,
2005; Lima, 2006; Dunning Jr., 2008; Bodrati &
Salvador, 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Chaetura brachyura (Jardine, 1846)
Nome popular: andorinhão-de-rabo-curto
Comprimento: 10-10,9 cm.
Peso: 15,5-22 g.
Habitat: Sobrevoam áreas florestais, áreas
abertas e áreas urbanas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em pequenos bandos e às vezes
com outras espécies de Apodidae. Descansam e
dormem em ocos de árvores, poços e chaminés,
quando podem se reunir em bandos de até 1000
indivíduos.
Reprodução: Reprodução registrada entre
abril e setembro. Nidificam e descansam
principalmente em ocos de árvores, também em
chaminés e poços. O ninho é construído em
alguma cavidade, preso em uma área vertical
com saliva. Colocam um a sete ovos.
Distribuição: Ocorrem das Guianas,
Venezuela e Colômbia ao Peru; no Brasil ocorrem
na região Norte e também no Mato Grosso e
Maranhão.
Altitude: Até 1.050 m.
Fontes: Haverschmidt, 1958; Stotz et al., 1996;
Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning
Jr., 2008; Wikiaves, 2019.
Aeronautes montivagus (d’Orbigny &
Lafresnaye, 1837)
Nome popular: andorinhão-serrano
Comprimento: 11-13 cm.
Peso: 17,2-22,8 g.
Habitat: Sobrevoam áreas florestais
montanhosas, áreas áridas e áreas urbanas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos e
aracnídeos.
Dentre os insetos consomem: percevejos
Hemiptera: Miridae, Tingidae, Cixiidae,
Delphacidae, Cicadellidae, Psyllidae, Aphididae;
besouros Coleoptera: Sphylinidae, Phalacridae,
Chrysomelidae, Curculionidae, Scotylidae;
abelhas, vespas e formigas Hymenoptera:
Braconidae, Eulophidae, Torymidae, Agoanidae,
Pteromalidae, Bethylidae, Sierolomorphidae,
Formicidae (aladas), Apidae, Megachilidae;
moscas e mosquitos Diptera: Dixidae,
Chironomidae, Bibionidae, Sciaridae,
Stratiomyidae, Cecidomyiidae, Empidae,
Dolichopodidae, Pipunculidae, Otitidae,
Syrphidae, Psilidae, Lauxaniidae, Chamaenyiidae,
Piophilidae, Chloropidae, Agromyzidae,
Ephydridae, Milichiidae, Muscidae, Tachinidae;
borboletas e mariposas Lepidoptera: Hesperiidae,
Aegeriidae, Olethreutidae.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em bandos de 10 a 40 indivíduos, às
vezes mais. Considerando as famílias de alguns
insetos que ingerem (e.g. Delphacidae,
Cicadellidae e Aphididae), possivelmente podem
forragear realizando voos rasantes sobre a
vegetação, tendo em vista que estes insetos
costumam ficar nestes locais.
Reprodução: Reprodução registrada entre
fevereiro e julho. Repousam e nidificam em
fendas em encostas rochosas, algumas vezes
atrás de quedas-d´água, também em buracos de
edificações.
Distribuição: Ocorrem do Suriname,
Venezuela e Colômbia, pelos Andes até o
noroeste da Argentina. No Brasil possuem
registros no Amazonas e Roraima.
Altitude: 500 a 2.600 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Strewe, 2004; Dunning Jr.,
2008; Spaans et al., 2015; Collins, 2015; de la Peña,
2016; Wikiaves, 2019.
Tachornis squamata (Cassin, 1853)
Nome popular: andorinhão-do-buriti
Sinonímia recente: Reinardia squamata
Comprimento: 9-13,2 cm.
Peso: 8-13,6 g.
155
Habitat: Sobrevoam áreas abertas, campos
e savana.
Alimentação: Alimentam-se de insetos e
aracnídeos.
Dentre os aracnídeos consomem: Araneae:
Thomiscidae, Clubionidae, Lingphiidae, Zoridae,
Salticidae, Ctenidae, Sparassidae, Lycosidae,
Theridiidae.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Curculionidae, Histeridae,
Nitidulidae, Scaphidiidae, Anobiidae,
Chrysomelidae, Lyctidae; percevejos Hemiptera:
Lygaeidae, Piasmatidae, Aphididae, Delphacidae,
Cicadellidae, Psyllidae, Membracidae, Cixiidae;
vespas, abelhas e formigas Hymenoptera:
Formicidae (aladas), Braconidae, Chalcididae,
Eulophidae, Pteromalidae, Ichneumonidae,
Chrysididae, Eucyrtidae, Torymidae, Cephidae,
Sphecidae, Agaonidae, Cynipidae; Psocoptera:
Pseudocaeciliidae; moscas e mosquitos Diptera:
Syrphidae, Tephritidae, Muscidae, Sciaridae,
Dolichopodidae, Ephydridae, Lauxaniidae,
Chloropidae, Agromyzidae, Drosophilidae,
Stratiomyidae, Empididae, Phoridae,
Chironomidae, Milichiidae, Mycetophilidae,
Cecidomyiidae, Pipunculidae, Otitidae, Sepsidae,
Anthomyzidae, Trixoscelididae; mariposas
Lepidoptera: Coleophoridae, Pyralidae.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos, em casais ou pequenos
bandos.
Reprodução: Reprodução registrada entre
fevereiro e junho. Constroem um ninho
elaborado preso internamente em uma folha de
palmeira em forma de leque pendente. Usam
matéria vegetal e penas na elaboração do ninho,
colados com saliva. As penas podem ser
encontradas no ambiente ou roubadas do corpo
de outras aves.
Dependem de palmeiras com folhas assim
para construir o ninho, como buriti (Mauritia
vinifera), miriti (Mauritia flexuosa), carnaúba
(Copernicia) e também da palmeira exótica
Livistona. Usam tanto folhas pendentes na
vertical quanto folhas na horizontal. Colocam três
ovos.
Distribuição: Ocorrem das Guianas e
Venezuela ao Mato Grosso do Sul, São Paulo e
Paraná. Em parte de sua área de ocorrência é
migratória.
Altitude: Até 900 m.
Fontes: Sick, 1948b; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Sigrist, 2006;
Dunning Jr., 2008; Collins & Thomas, 2012; Spaans et
al., 2015; Silva, 2015; Wikiaves, 2019.
Panyptila cayennensis (Gmelin, 1789)
Nome popular: andorinhão-estofador
Comprimento: 12,7-20 cm.
Peso: 15,6-28 g.
Habitat: Sobrevoam áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de insetos e
aracnídeos (e.g. Thomiscidae).
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Curculionidae, Dryopidae; percevejos
Hemiptera: Aphididae, Delphacidae, Cicadellidae;
vespas, formigas e abelhas Hymenoptera:
Formicidae (aladas), Braconidae, Chalcididae,
Eulophidae, Pteromalidae; Psocoptera:
Pseudocaeciliidae; moscas e mosquitos Diptera:
Syrphidae, Tephritidae, Calliphoridae, Muscidae,
Dolichopodidae, Ephydridae, Lauxaniidae,
Chloropidae, Agromyzidae, Drosophilidae.
Comportamento e observações:
Geralmente deslocam-se em casais,
eventualmente sozinhos. Podem raramente se
associar com bandos de Chaetura, mas nessas
situações voam em altura maior do que estes.
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de quase todo o ano, variando conforme a
latitude. Constroem um ninho grande, feito de
“feltro”, uma paina vegetal (similar a algodão)
aglutinada com saliva ao ponto de parecer lama
solidificada. A entrada do ninho é na parte
inferior. Dentro do ninho há um suporte onde são
colocados os ovos, em número de dois ou três. A
parte inferior do ninho, abaixo do suporte dos
ovos é mais fina, um tubo quase transparente. O
comprimento dos ninhos varia de 30 a 100 cm.
Para sua construção usam paina obtida de
sementes de Forsteronia e Odentadenia
(Apocynaceae), Tillandsia (Bromeliaceae) e Ceiba
pentandra (Bombacaceae). Macho e fêmea
participam da construção do ninho. Podem usar o
mesmo ninho por muitos anos e também o usam
para dormir e descansar.
Distribuição: Ocorrem do México ao norte
de Mato Grosso, Tocantins e Piauí; e de Santa
Catarina ao Pernambuco.
Altitude: Até 1.200 m, ocasionalmente até
1.500 m.
Fontes: Haverschmidt, 1958; Sick, 1958; Stotz
et al., 1996; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty,
2003; Stratford, 2004; Dunning Jr., 2008; Collins &
Thomas, 2012; Spaans et al., 2015; WIkiaves, 2019.
156
Cypseloides senex
157
Família Trochilidae
Esta família é composta por aves
popularmente conhecidas como beija-flores.
Os fósseis mais antigos de Trochilidae com
osteologia similar às atuais espécies datam do
Oligoceno (entre 34 e 23 milhões de anos atrás),
como Eurotrochilus inexpectatus, da Europa.
Porém, há fósseis mais antigos, como Parargornis
do Eoceno (entre 56 e 34 milhões de anos atrás)
que possuía características osteológicas
intermediárias entre Trochilidae e Apodidae,
tendo um bico curto, mas estrutura óssea das
asas que lhe permitiria talvez voar de forma
similar aos beija-flores.
Outro fóssil do período que possivelmente
também tinha essa capacidade de voo é
Jungornis. Alguns autores por vezes incluem
Parargornis e Jungornis em uma família separada
de Trochilidae, como Jungornithidae. Tais fósseis
indicam que a forma de voar dos beija-flores
surgiu antes da alimentação nectarívora, os
ancestrais de Trochilidae possivelmente deviam
se alimentar capturando insetos sobre as folhas
de plantas.
Características, comportamento e
alimentação
São aves pequenas, que se alimentam de
néctar e podem suplementar a alimentação com
insetos e pólen. Forrageiam voando pairando no
ar. Sua distribuição é restrita ao continente
americano. Ocorrem em vários tipos de
ambientes, desde áreas florestais até áreas
abertas de até 4.000 m de altitude nos Andes.
As menores espécies brasileiras são
Lophornis magnificus, Heliactin bilophus,
Phaethornis ruber e Calliphlox amethystina.
Enquanto as maiores espécies do Brasil são
Topaza pella e Ramphodon naevius. Já a maior
espécie da família em si é Patagona gigas (21 g),
que ocorre nos Andes.
Algumas espécies pequenas como
Calliphlox amethystina podem bater as asas 70-
80 vezes por segundo, outras como Selasphorus
rufus até 200 vezes por segundo. Em laboratório
a velocidade do voo atinge até 85 km/h, na
natureza Colibri thalassinus foi registrado voando
a 96 km/h. A muda das penas é anual e ocorre
lentamente ao longo de vários meses após a
reprodução.
Podem tomar banho em córregos no
interior da mata, ficam sobrevoando a baixa
altura sobre a água observando os arredores e
então mergulham rápido na água e levantam voo
pairando sobre a água novamente. Podem repetir
a ação ou então voar até um galho próximo para
limpar e arrumar as penas. Também registros
de tomarem banhos em musgos que crescem em
galhos finos, que podem estar encharcados com
água de chuva ou umidade da noite.
A alimentação com néctar é necessária
devido à grande quantidade de açúcares desse
alimento para fornecer a energia necessária para
os músculos dessas aves. Há espécies que para
essa finalidade visitam até 2.000 flores por dia.
Também consomem pequenos insetos, de onde
absorvem proteínas e outros nutrientes que
precisam.
Os machos e fêmeas de beija-flores são
solitários e defendem agressivamente suas fontes
de néctar, provavelmente devido à necessidade
fisiológica de ingerir diariamente uma grande
quantidade de calorias. Em seus territórios ficam
pousados em um local alto, para observar a
aproximação de possíveis predadores ou intrusos.
Podem agredir fisicamente uns aos outros
mesmo em voo.
O lugar de repouso noturno dos indivíduos
é variável, desde locais abrigados por folhagem
até galhos finos expostos. Durante a noite podem
entrar em torpor para preservar energia.
espécies que começam a se alimentar nas
primeiras horas da manhã quando ainda é escuro
ou continuam se alimentando até o começo da
noite.
Existem muitos processos de coevolução e
mutualismo entre os beija-flores e as plantas que
eles visitam. Muitas flores possuem estruturas
morfológicas em formato que permite que
apenas beija-flores possam acessar seu néctar e
por consequência, usam a ave como transporte
para seu pólen. As plantas visitadas por beija-
flores são em geral vermelhas, amarelas ou
laranjas. Mas essa relação não é perfeita, alguns
beija-flores podem perfurar a corola das flores
para acessar o néctar mais facilmente na base
das flores; e algumas plantas, apesar de
possuírem diversas flores, podem disponibilizar
158
néctar apenas em algumas, forçando os beija-
flores a visitarem mais flores.
A coevolução entre beija-flores e plantas,
deve ser considerada como uma coevolução
difusa, não sendo fruto da interação única entre
duas espécies apenas; mas sim, pelo conjunto de
populações de beija-flores que geram uma
pressão seletiva como um grupo sobre o sucesso
reprodutivo das plantas.
A forma do bico também está associada
com quais flores os beija-flores irão se alimentar
e em seu sucesso em obter alimento. As formas
de forrageio podem variar, espécies
consideradas como trapliners de alta
recompensa”, como alguns Phaethornis spp., que
visitam plantas amplamente dispersas, com
corolas longas e ricas em néctar, repetindo o
percurso realizado de visitas nas flores.
Trapliners de baixa recompensa” que
visitam flores dispersas, mas menos
especializadas. “Territorialistas” que defendem
áreas com flores de corola pequena ou média,
que geralmente são beija-flores de bico curto.
“Parasitas de territórios” que parasitam e
agem de forma oportunista para obter alimentos
em territórios de outras espécies. Estes podem
ser beija-flores grandes com bico de tamanho
médio e que ignoram os ataques de defesa dos
territorialistas ou podem ser muito pequenos,
lembrando mariposas como Lophornis spp.,
visitando áreas ocultas ou pouco visitadas dos
territórios de outros beija-flores.
“Generalistas” que são beija-flores de bico
curto a médio e tamanho corpóreo pequeno a
médio, se alimentam de plantas moderadamente
dispersas e podem ser denominados também de
trapliners facultativos”.
Podem viver até 12 anos, porém alguns
estudos identificaram que 55 a 70% dos adultos
morrem anualmente.
Reprodução
Os machos se reproduzem com diversas
fêmeas no período reprodutivo, macho e fêmea
se associam apenas pelo período necessário para
fertilizar os ovos. Uma fêmea pode entrar em um
território de um macho, realizar a corte, que
envolve vocalizações, voos e acrobacias no ar,
sons instrumentais (produzidos pelas asas e
penas). E após ela procura um local para construir
sozinha um ninho. registros de uma segunda
fêmea auxiliando no cuidado com a prole em
Phaethornis pretrei.
A exemplo do comportamento de corte, os
machos e fêmeas de Eupetomena e Florisuga
realizam voos juntos em ziguezague. Consta que
Lophornis realiza voos circulando ao redor da
fêmea, subindo em voo em espiral e fazendo
acrobacias diversas.
Machos de Phaethornis realizam exibições
para as fêmeas abrindo o bico e exibindo seu
interior, a língua e a mandíbula. Partes estas que
possuem um colorido vivo que serve para chamar
a atenção da fêmea. Machos de Phaethornis
ruber voam ao redor da fêmea pousada, expondo
e recolhendo a língua.
Outras espécies se reproduzem realizando
lek”, arenas de exibição onde os machos se
reúnem. Cada macho possui uma área de
acasalamento na arena, que pode ser apenas um
poleiro, onde os machos ficam várias horas por
dia realizando exibições para as fêmeas. As
fêmeas se aproximam, avaliam os machos e
escolhem algum para acasalar.
A construção do ninho, incubação e
cuidados com os filhotes são realizados pela
fêmea. Os ninhos de beija-flores são basicamente
de três tipos, todos eles usam em sua estrutura
teias de aranha ou teias de insetos presas com
saliva (a semelhança de Apodidae) para fixar o
ninho. O primeiro tipo de ninho tem formato
alongado e termina em um apêndice caudal, em
geral são suspensos numa folha de palmeira ou
Heliconia. Construídos com raízes finas e fibras
vegetais diversas, forrados internamente com
liquens e matéria vegetal diversa. Esse tipo de
ninho é construído, por exemplo, por beija-flores
dos gêneros Ramphodon, Glaucis e Threnetes.
O segundo tipo de ninho é de formato
cônico, com materiais presos embaixo,
pendurados. Diferentemente do anterior são
feitos com paina e outros materiais de origem
vegetal que o tornam mais macio. Ficam
suspensos em folhas de palmeiras, samambaias,
musáceas e Heliconia, entre outras. Esse tipo de
ninho é construído, por exemplo, por beija-flores
do gênero Phaethornis.
O terceiro tipo de ninho possui forma de
tigela, feito com paina de sementes de bromélias
e outros materiais vegetais macios, a parte
externa é coberta com folhas, liquens e musgo.
Exceto Topaza que não recobre assim seu ninho.
Esse tipo de ninho é construído por espécies da
subfamília Trochilinae.
Há poucos registros de machos ajudando
na incubação ou alimentação dos filhotes. O
ninho geralmente é construído próximo de uma
159
fonte de néctar adequada em Trochilinae e não
essa necessidade em Phaethornithinae
(subfamília que no Brasil envolve as espécies dos
gêneros Ramphodon, Glaucis, Threnetes,
Anopetia e Phaethornis; os demais pertencem a
subfamília Trochilinae). O ninho pode ser feito de
matéria vegetal com teias de aranhas. A
incubação leva 14 a 23 dias.
Como as fêmeas têm que incubar os ovos e
normalmente um beija-flor ingere ctar a cada
6-10 min, estas possuem estratégias fisiológicas
para reduzir seu consumo de energia. As fêmeas
passam 75-90% de seu dia incubando e neste
período reduzem sua temperatura corporal de
41oC para 32oC, reduzindo o consumo diário de
energia corpórea em até 50%.
Os filhotes são altriciais, quase sem penas
e cegos e como nascem pouco desenvolvidos
podem permanecer no ninho por períodos de 23
a 40 dias, a depender da espécie. Depois de
deixar o ninho os filhotes são alimentados pela
fêmea por 18 a 25 dias, eles não a seguem
durante o forrageamento, mas a esperam em um
local protegido. Reproduzem-se pela primeira vez
com um ano de idade ou mais.
Atraindo beija-flores
Os beija-flores podem ser facilmente
atraídos por meio de bebedouros artificiais,
porém estes preferencialmente devem ter
apenas água com açúcar branco refinado, que é
sacarose pura. O uso de açúcar mascavo, entre
outros, podem resultar em danos aos beija-flores,
como o excesso de ferro do açúcar mascavo.
Deve-se atrair os beija-flores por meio da
cor do bebedouro em si e não usando corantes
junto da água, cujos efeitos sobre os beija-flores
podem carecer de estudos de longo prazo.
Também não é recomendado o uso de mel na
água dos bebedouros, pois podem conter
esporos bacterianos e causar algum dano aos
beija-flores.
O preparo da água açucarada
recomendado é na proporção quatro partes de
água para uma de açúcar refinado. Uma
proporção de 5:1 ou 3:1, pode ser ignorada por
essas aves ou não fornecer calorias suficientes
fazendo a ave passar fome, respectivamente.
Como essa solução açucarada pode estragar
rápido é importante que o bebedouro seja
devidamente higienizado e a solução trocada a
cada dois ou três dias. Essa limpeza deve ser feita
preferencialmente com água quente, em caso de
uso de sabão ou detergente, deve ser enxaguado
em abundância para que não fiquem resíduos
desses produtos que possam ser ingeridos pelos
beija-flores.
Fontes: Sick, 1997; Sargent & Sargent, 2001;
Williamson, 2001; Schuchmann, 2002; Beletsky, 2006;
Mayr, 2007; Mayr, 2009; Gomes, 2016; Sibley, 2020.
Topaza pella (Linnaeus, 1758)
Nome popular: beija-flor-brilho-de-fogo
Comprimento macho: 19-20 cm.
Comprimento fêmea: 12-15 cm.
Peso do macho: 11-18 g.
Peso da fêmea: 9-12,5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
pequenas clareiras dentro da mata, borda de
mata e próximo de córregos sombreados.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores (e.g. Clusiaceae: Symphonia), também de
pequenos insetos.
Comportamento e observações:
Forrageiam em diferentes estratos da vegetação.
São territorialistas, defendem áreas com flores
produzindo néctar. Em árvores floridas das quais
se alimenta podem se reunir mais indivíduos.
Os machos se reúnem em dois a 20
indivíduos para vocalizar em leks (arenas).
Bandos também podem se reunir ao final da
tarde para tomar banho em córregos.
Reprodução: Reprodução registrada entre
maio e outubro. O macho realiza comportamento
de corte, voa pairando ou se agita diante da
fêmea pousada; durante esses movimentos fica
abrindo e fechando a cauda e eriça as penas da
região gular que possuem um brilho dourado.
O ninho tem forma de semi-esfera, em
geral ficam em bifurcações de galhos finos
inclinados verticalmente sobre a água; é
construído com paina, fixa com alguma forma de
líquido, talvez néctar ou saliva e teias de aranha.
Colocam dois ovos. Os filhotes ficam no ninho até
22 dias após a eclosão.
Várias fêmeas podem construir os ninhos
próximas umas das outras ao longo do mesmo
córrego. Apesar de a fêmea realizar a incubação e
cuidado com o filhote, há registros de machos
ajudando a defender o ninho.
Distribuição: Ocorrem na Venezuela,
Suriname, Guianas, Equador e Brasil, onde
possuem registros nos estados de Roraima,
Amapá, Maranhão, Pará, Amazonas, Rondônia e
Mato Grosso.
Altitude: Até 600 m.
160
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty,
2003; Valente, 2004; Dunning Jr., 2008; Fogden et al.,
2014; Spaans et al., 2015; Wikiaves, 2019; França et
al., 2020.
Topaza pyra (Gould, 1846)
Nome popular: topázio-de-fogo
Comprimento macho: 19 cm.
Comprimento fêmea: 15 cm.
Peso do macho: 12-17 g.
Peso da fêmea: 10,5-12 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
borda de floresta.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenos insetos.
Comportamento e observações:
Forrageiam nos estratos médio e superior da
vegetação.
Reprodução: Reprodução registrada entre
abril e agosto. O ninho é construído a baixa altura
sobre a água (1 m) em galhos finos, tem forma de
uma semi-esfera e construído de paina presa com
teias de aranha. Colocam dois ovos.
Distribuição: Ocorrem da Venezuela e
Colômbia até o Peru, também no Brasil, onde
possuem registros nos estados do Amazonas,
Acre, Rondônia e Roraima.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Hilty & Brown, 2001;
Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Wikiaves, 2019.
Florisuga mellivora (Linnaeus, 1758)
Nome popular: beija-flor-azul-de-rabo-
branco
Comprimento: 10-12 cm.
Peso: 7,4 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de mata e áreas abertas com árvores
dispersas.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Bombaceae: Quararibea; Bromeliaceae:
Aechmea; Clusiaceae: Symphonia; Fabaceae:
Bauhinia, Erythrina, Inga; Rubiaceae: Hamelia;
Solanaceae: Actinistus; Vochysiaceae: Vochysia.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou se reúnem em bandos
com outros Trochilidae na copa de árvores
floríferas com néctar, como Inga, Erythrina,
Quararibea¸ Vochysia e Bauhinia. Em geral não
são territorialistas. Mas caso tenham um
território o defendem, atacando espécies de
Trochilidae de menor porte que entrem em seu
território ou invadindo o território destas.
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de quase todo o ano, variando conforme a
região. Os ninhos têm forma de semi-esfera e são
macios, são construídos quase sempre próximos
de córregos.
No período reprodutivo o macho realiza
exibições em voo para a fêmea, agitando sua
cauda e exibindo as penas desta.
Distribuição: Ocorrem do México ao Brasil,
onde possuem registros nos estados da região
Norte, também Mato Grosso, Maranhão, Bahia e
São Paulo. Possuem registros também na
Argentina.
Altitude: Até 900 m, ocasionalmente até
1.600 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Nara & Webber, 2002; Hilty, 2003; Lasso
& Naranjo, 2003; Valente, 2004; Dunning Jr., 2008;
Cestari, 2009; Fogden et al., 2014; Spaans et al., 2015;
Peixoto, 2018; de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Florisuga fusca (Vieillot, 1817)
Nome popular: beija-flor-preto
Sinonímia recente: Melanotrochilus fuscus
Comprimento: 11-13 cm.
Peso: 8,1 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de mata, áreas abertas com árvores
esparsas e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Mendoncia, Odontonema;
Asteraceae: Stifftia; Bignoniaceae: Spathodea,
Tabebuia, Zeyheria; Bombacaceae: Chorisia,
Eriotheca, Pseudobombax, Spirotheca;
Bromeliaceae: Aechmea, Nidularium, Tillandsia,
Vriesea; Caricaceae: Jacaratia; Combretaceae:
Combretum; Euphorbiaceae: Euphorbia;
Fabaceae: Acrocarpus, Bauhinia, Enterolobium,
Erythrina, Inga; Gesneriaceae: Nematanthus;
Loranthaceae: Psittacanthus; Lythraceae:
Lafoensia; Malvaceae: Hibiscus, Malvaviscus;
Marcgraviaceae: Schwartzia; Myrtaceae:
Eucalyptus; Orchidaceae: Elleanthus; Proteaceae:
Grevillea; Rutaceae: Hortia; Tiliaceae: Luehea;
Verbenaceae: Vitex.
Comportamento e observações: Em
algumas árvores em período de floração podem
se reunir em grande número. Dados de indivíduos
anilhados demonstraram que podem se deslocar
30 km em um dia.
161
Predadores: morcego Tonatia bidens.
Reprodução: Reprodução registrada em
dezembro e janeiro. No período reprodutivo
realizam um voo de corte, em que o macho
realiza perseguições à fêmea e ambos voam em
zigue-zague, sobem a certa altura, param no ar e
após descem novamente para um poleiro, onde
permanecem abrindo e fechando as asas
rapidamente.
O ninho tem forma de uma semi-esfera,
construído pela fêmea; é feito com paina, presa
com teias de aranha, sem muitos adereços
forrando a parte exterior, preso em galhos finos
ou folhas horizontais. Colocam dois ovos. A
incubação dura 16 a 17 dias e os filhotes deixam
o ninho 22 a 25 dias após a eclosão. A fêmea
realiza a incubação e cuida dos filhotes.
Após a reprodução podem desconstruir o
ninho, seja para reaproveitar o material em caso
de insucesso ou para não deixar vestígios de
reprodução no local escolhido.
Distribuição: Ocorrem do Rio Grande do
Sul à Paraíba, também Argentina, Paraguai e
Uruguai.
Altitude: Até 1.250 m, ocasionalmente até
1.800 m.
Fontes: Snow & Teixeira, 1982; Piratelli, 1993;
Martuscelli, 1995; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Buzato
et al., 2000; Antunes, 2003; Silva, 2003a; Bittencourt
Jr. & Semir, 2004; Mendonça & Anjos, 2005; Machado
& Semir, 2006; Machado, 2006; Andrade & Franchin,
2007; Piacentini & Varassin, 2007; Dunning Jr., 2008;
Cestari, 2009; Novaes & Rodrigues, 2009; Rodrigues &
Araujo, 2011; Missagia & Verçoza, 2014; Fogden et al.,
2014; Parrini, 2015; Nunes et al., 2016; de la Peña,
2016; Vilela et al., 2016; Fonseca et al., 2016; Marcon
& Vieira, 2017; Castellain, 2019; Wikiaves, 2019.
Ramphodon naevius (Dumont, 1818)
Nome popular: beija-flor-rajado
Comprimento: 16 cm.
Peso: 8 g.
Habitat: Ocorrem no interior de áreas
florestais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar e
capturam pequenos insetos sobre a vegetação.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Justicia; Bombaceae:
Spirotheca; Bromeliaceae: Aechmea, Ananas,
Billbergia, Bromelia, Canistropsis, Canistrum,
Edmundoa, Neoregelia, Nidularium, Quesnelia,
Vriesea, Tillandsia; Fabaceae: Dahlstedtia,
Erythrina, Inga; Gesneriaceae: Besleria,
Nematanthus; Heliconiaceae: Heliconia;
Lobeliaceae: Centropogon; Marcgraviaceae:
Marcgravia, Schwartzia; Musaseae: Musa;
Orchidaceae: Elleanthus; Rubiaceae: Hillia,
Palicourea, Psychotria; Zingiberaceae: Costus.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Alimentam-se de forma
trapliner, porém se encontrarem outros beija-
flores em suas rotas de alimentação podem
atacá-los agressivamente. Forrageiam
principalmente em flores epífitas e herbáceas,
em geral com corola longa.
Predadores: morcego Tonatia bidens.
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e janeiro. O ninho tem uma forma de
cone invertido, preso a ponta de folhas. Colocam
dois ovos.
Distribuição: Ocorrem do Espírito Santo e
Minas Gerais ao Rio Grande do Sul.
Altitude: Até 900 m.
Fontes: Sazima et al., 1995; Martuscelli, 1995;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Martin-Gajardo & Freitas,
1999; Buzato et al., 2000; Varassin & Sazima, 2000;
Castro & Araújo, 2004; Canela & Sazima, 2005;
Piacentini & Varassin, 2007; Capucho et al., 2007;
Rocca & Sazima, 2008; Dunning Jr., 2008; Sobania,
2009; Cestari, 2009; Koschnitzke et al., 2009; Missagia
& Verçoza, 2011; Silva, 2011; Varassin & Sazima, 2012;
Missagia et al., 2014; Fogden et al., 2014; Florencio,
2014; Nunes et al., 2015; Parrini, 2015; Fonseca et al.,
2016; Breves, 2017; Wikiaves, 2019.
Glaucis dohrnii (Bourcier & Mulsant, 1852)
Nome popular: balança-rabo-canela
Comprimento: 12-13 cm.
Peso: 5,8 g.
Habitat: Possuem ocorrência restrita às
florestas primárias residuais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Bromeliaceae: Aechmea, Billbergia,
Bromelia, Cryptanthus, Vriesea; Heliconiaceae:
Heliconia.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Forrageiam principalmente
no sub-bosque, de forma trapliner.
Reprodução: Reprodução registrada de
setembro a fevereiro. O ninho tem forma de cone
inclinado, preso em uma folha pendente, como
folhas de bromélias e palmeiras. É construído
com gravetos finos, folhas e liquens, presos com
teias de aranha. Colocam dois ovos. A incubação
dura 15 dias e os filhotes deixam o ninho 20 a 27
dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem no Espírito Santo e
sul da Bahia.
162
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Dunning
Jr., 2008; Fogden et al., 2014; Lima et al., 2018;
Wikiaves, 2019.
Glaucis hirsutus (Gmelin, 1788)
Nome popular: balança-rabo-de-bico-torto
Comprimento: 10,2-14 cm.
Peso: 7,5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de mata e, às vezes, manguezais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenos insetos e aranhas.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Justicia, Ruellia,
Sanchezia; Bignoniaceae: Memora; Bromeliaceae:
Aechmea, Billbergia, Bromelia, Canistrum,
Vriesea; Cactaceae; Costaceae: Costus; Fabaceae:
Erythrina; Gesneriaceae: Besleria, Drymonia;
Heliconiaceae: Heliconia; Lythraceae: Cuphea;
Maranthaceae: Calathea; Myrtaceae: Syzygium;
Passifloraceae: Passiflora; Proteaceae: Grevillea
Rubiaceae: Duroia, Palicourea, Psychotria,
Warszewiczia, Genipa; Zingiberaceae: Renealmia.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos, permanecem próximo à
vegetação herbácea rasteira. Possuem um
forrageio do tipo trapline, e passam bastante
tempo capturando insetos e aranhas sobre a
vegetação, também recolhendo teias de aranhas.
Predadores: lagarto Thecadactylus
rapicauda.
Reprodução: Reprodução registrada de
janeiro a outubro. Os machos vocalizam sozinhos
e não realizam nenhuma forma de lek (arena de
exibição). O ninho tem um formato de cone
invertido, construído de fibras vegetais, raízes
filamentosas, folhas secas, gravetos finos e
coberto com liquens, fixados com teias de
aranha. Preso em folhas de Heliconia ou de
palmeiras. Demoram nove dias para construir o
ninho.
Colocam dois ovos, raramente três. A
incubação dura 16 dias. Os filhotes deixam o
ninho 22 dias após a eclosão, mas podem retorna
a ele durante alguns dias para pernoitar. Nas
áreas de nidificação ocorrem até três fêmeas,
que são defendidas por um macho, apesar de ele
não auxiliar na nidificação em si.
Distribuição: Ocorrem do Panamá à Bolívia
e quase todo o Brasil.
Altitude: Até 1.100 m.
Fontes: Novaes & Carvelho, 1957;
Haverschmidt, 1968; Feinsinger et al., 1979; Stotz et
al., 1996; Sick, 1997; Varassin & Sazima, 2000; Amaya
Márquez et al., 2001; Siqueira Filho & Machado, 2001;
Hilty & Brown, 2001; Nara & Webber, 2002; Hilty,
2003; Canela & Sazima, 2005; Cruz et al., 2006;
Capucho et al., 2007; Dunning Jr., 2008; Cestari, 2009;
Rios et al., 2010; Kelly, 2010; Rodríguez-Flores et al.,
2012; Varassin & Sazima, 2012; Souza, 2013; Maia,
2013; Fogden et al., 2014; Spaans et al., 2015; Matias
& Consolaro, 2015; Telles, 2019; Wikiaves, 2019.
Threnetes leucurus (Linnaeus, 1766)
Nome popular: balança-rabo-de-garganta-
preta
Sinonímia recente: Threnetes niger
leucurus
Comprimento: 10-11 cm.
Peso: 5,6 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
borda de mata.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Justicia, Sanchezia;
Bignoniaceae: Memora; Bromeliaceae;
Costaceae: Costus; Fabaceae: Erythrina;
Gesneriaceae: Besleria, Drymonia; Heliconiaceae:
Heliconia; Lythraceae: Cuphea; Malvaceae:
Pseudobombax; Maranthaceae: Calathea;
Myrtaceae: Syzygium; Passifloraceae: Passiflora;
Rubiaceae: Duroia, Palicourea, Psychotria,
Warszewiczia, Genipa; Zingiberaceae: Renealmia.
Comportamento e observações: Em geral
permanecem nos estratos inferiores da
vegetação.
Reprodução: Reprodução registrada entre
fevereiro e março. Quando um indivíduo se
aproxima de outro ou quando o macho voa
diante da fêmea fazendo sua exibição de corte,
abre a cauda e movimenta-a para frente e para
trás. O ninho tem forma de cone invertido preso
à folhas de palmeiras, é construído com fibras
vegetais diversas e liquens, presos com teias de
aranha.
Distribuição: Ocorrem do Panamá até a
Bolívia e Brasil, onde possuem registros nos
estados de Roraima, Amapá, Amazonas, Pará,
Acre, Rondônia, Mato Grosso e Maranhão.
Altitude: Até 1.050 m.
Fontes: Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Amaya
Márquez et al., 2001; Hilty, 2003; Rodríguez-Flores et
al., 2012; Fogden et al., 2014; Castilho, 2015; Spaans
et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Threnetes niger (Linnaeus, 1758)
Nome popular: balança-rabo-escuro
163
Comprimento: 10-11 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores (e.g. Heliconia), também pequenos insetos
e aranhas.
Comportamento e observações: No Brasil
ocorre a subespécie T. n. loehkeni, que é tratada
por alguns autores como espécie plena T.
loehkeni e por outros como sendo subespécie de
T. leucurus. Forrageiam de forma trapline no sub-
bosque de áreas florestais.
Distribuição: Ocorrem na Guiana Francesa
e no Brasil, onde possuem registros no Amapá.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Schunck et al., 2011;
Fogden et al., 2014; Piacentini et al., 2015.
Anopetia gounellei (Boucard, 1891)
Nome popular: rabo-branco-de-cauda-
larga
Sinonímia recente: Phaethornis gounellei
Comprimento: 9,5 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas de caatinga e
eventualmente cerrado.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também insetos e aranhas. Podem pegar
insetos presos em teias de aranhas.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Anisacanthus;
Apocynaceae: Prestonia; Asteraceae:
Lychnophora; Bignoniaceae: Piriadacus,
Pyrostegia, Setilobus; Bromeliaceae:
Neoglaziovia; Cactaceae: Melocactus,
Pilosocereus, Micranthocereus; Euphorbiaceae:
Jatropha; Fabaceae: Camptosema, Mimosa,
Calliandra; Malvaceae: Pavonia, Helicteres;
Passifloraceae: Passiflora; Rubiaceae: Manettia;
Sapindaceae: Serjania.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Forrageiam de forma
trapline.
Reprodução: Reprodução registrada entre
dezembro e fevereiro, também em junho. O
ninho tem forma de cone invertido, forrado na
parte interna com paina e parte externa com
liquens, presos com teias de aranha. Colocam
dois ovos. A incubação dura 14 dias e os filhotes
deixam o ninho 20 dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem do norte de Minas
Gerais ao Ceará e Piauí.
Altitude: Até mais de 900 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Lucena,
2007; Demetrio, 2008; Machado, 2009; Lima et al.,
2010; Neves et al., 2011; Fogden et al., 2014;
Machado, 2014; Piacentini et al., 2015; Nolasco et al.,
2017; Adorno, 2018; Wikiaves, 2019.
Phaethornis squalidus (Temminck, 1822)
Nome popular: rabo-branco-pequeno
Comprimento: 12 cm.
Peso: 3,4 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores e pequenas aranhas.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Geissomeria, Justicia,
Mendoncia, Odontonema, Staurogyne;
Alstroemeriaceae: Bomarea; Amaryllidaceae:
Hippeastrum; Asclepiaceae: Asclepias;
Bignoniaceae: Pyrostegia; Bromeliaceae:
Aechmea, Billbergia, Bromelia, Neoregelia,
Nidularium, Quesnelia, Tillandsia, Vriesea;
Cactaceae: Micranthocereus; Fabaceae:
Erythrina; Gesneriaceae: Nematanthus, Sinningia;
Heliconiaceae: Heliconia; Lamiaceae: Salvia;
Malvaceae: Hibiscus, Malvaviscus; Marantaceae:
Stromanthe; Onagraceae: Fuchsia; Orchidaceae:
Cleistes, Corymborkis, Elleanthus; Rubiaceae:
Manettia, Palicourea.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Permanecem a baixa altura
nos estratos florestais.
Reprodução: No período reprodutivo os
machos realizam lek, reúnem-se a baixa altura no
solo e realizam vocalizações coletivas. Quando
vocalizam balançam a cauda, quando outro
indivíduo se aproxima, abrem a cauda e
levantam-na deixando-a na horizontal; ao mesmo
tempo que intensificam suas vocalizações.
Distribuição: Ocorrem de Santa Catarina
ao Espírito Santo e Minas Gerais.
Altitude: Até 1.100 m.
Fontes: Passos & Sazima, 1995; Stotz et al.,
1996; Sick, 1997; Varassin & Sazima, 2000; Pansarin,
2003; Andrade, 2004; Abreu & Vieira, 2004; Canela &
Sazima, 2005; Aona et al., 2006; Canela, 2006;
Piacentini & Varassin, 2007; Dunning Jr., 2008; Cestari,
2009; Novaes & Rodrigues, 2009; Lima et al., 2010;
Silva et al., 2010; Varassin & Sazima, 2012; Battistuzzo,
2013; Matias & Consolaro, 2015; Nunes et al., 2016;
Warkentin, 2019; Wikiaves, 2019.
Phaethornis rupurumii Boucard, 1892
Nome popular: rabo-branco-do-rupununi
Comprimento: 9,1-11 cm.
Peso: 3,7 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
borda de mata.
164
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Reprodução: Pousam a baixa altura para
vocalizar. Realizam lek (arenas) quando 10
machos ou menos se reúnem para vocalizar. O
ninho tem forma de cone invertido, preso em
uma folha pendente e construído pela fêmea.
Distribuição: Ocorrem na Venezuela,
Guiana e Brasil, onde possuem registros em
Roraima, Amapá, norte do Amazonas e Pará.
Fontes: Sick, 1997; Hilty, 2003; Dunning Jr.,
2008; Fogden et al., 2014; Wikiaves, 2019.
Phaethornis maranhaoensis Grantsau, 1968
Nome popular: rabo-branco-do-maranhão
Sinonímia recente: Phaethornis nattereri
maranhoensis
Habitat: Ocorrem em áreas de cerrado.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil.
Distribuição: Ocorrem em Goiás, Mato
Grosso, Tocantins, Maranhão, Piauí e Pará.
Fontes: Piacentini et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Phaethornis aethopygus Zimmer, 1950
Nome popular: rabo-branco-do-tapajós
Sinonímia recente: Phaethornis
longuemareus aethopygus
Comprimento: 9 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil.
Reprodução: Durante o período
reprodutivo até cinco machos se reúnem em lek
(arenas), emitindo vocalizações e realizando
exibições ao longo do dia.
Distribuição: Ocorrem no Pará e norte do
Mato Grosso.
Fontes: Piacentini et al., 2009; Fogden et al.,
2014; Piacentini et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Phaethornis idaliae (Bourcier & Mulsant,
1856)
Nome popular: rabo-branco-mirim
Comprimento: 8 cm.
Peso: 2,6 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenas aranhas e insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Bromeliaceae: Aechmea, Neoregelia,
Quesnelia, Tillandsia, Vriesea; Heliconiaceae:
Heliconia; Passifloraceae: Passiflora; Rutaceae:
Conchocarpus.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Forrageiam de forma
trapline.
Reprodução: Reprodução registrada entre
outubro e janeiro. Os machos se reúnem em lek
(arena) para realizar exibições e vocalizarem.
O ninho tem forma de um cone invertido,
preso em folhas pendentes, é forrado com paina
e coberto na parte externa com folhas secas,
musgos e liquens; com os materiais presos com
teias de aranha. A fêmea constrói o ninho
sozinha. Colocam dois ovos.
Distribuição: Ocorrem do Rio de Janeiro à
Bahia e Minas Gerais.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Varassin et al., 2001;
Cruz et al., 2006; Dunning Jr., 2008; Cestari, 2009;
Freire, 2009; Lima et al., 2010; Freire, 2011; Magnago,
2012; Steinwender, 2013; Fogden et al., 2014;
Piacentini et al., 2015; Fonseca et al., 2015; Ottra et
al., 2016; Wikiaves, 2019.
Phaethornis nattereri Berlepsch, 1887
Nome popular: rabo-branco-de-sobre-
amarelo
Comprimento: 10 cm.
Peso: 3,1 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de cerrado e
florestas ripárias, não ocorrem em áreas
florestais densas.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Ruellia; Fabaceae:
Bauhinia; Malvaceae: Pavonia; Passifloraceae:
Passiflora.
Comportamento e observações:
Forrageiam de forma trapline.
Reprodução: No período reprodutivo, os
machos se reúnem em lek (arena) para emitirem
vocalizações. O ninho tem forma de cone
invertido, preso a uma folha pendente.
Distribuição: Ocorrem no Mato Grosso e
Bolívia.
Altitude: Até mais de 1.000 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Dunning
Jr., 2008; Fogden et al., 2014; Borges, 2019; Wikiaves,
2019.
165
Phaethornis griseogularis Gould, 1851
Nome popular: rabo-branco-de-garganta-
cinza
Comprimento: 7,6-10 cm.
Peso: 2,3 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
borda de mata.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Comportamento e observações:
Permanecem nos estratos inferiores da
vegetação. Forrageiam de forma trapline.
Reprodução: Reprodução registrada em
janeiro. Durante o período reprodutivo os
machos se reúnem em lek (arena), podem se
reunir seis machos em áreas de
aproximadamente 60 m2, com cada macho
defendendo uma área de 10 m2, para emitir
vocalizações e realizar exibições aéreas para a
fêmea.
Distribuição: Ocorrem na Venezuela,
Equador, Peru, Colômbia e Brasil, onde possuem
registros em Roraima.
Altitude: 500 a 1.800 m.
Fontes: Schuchmann, 1987; Stotz et al., 1996;
Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning
Jr., 2008; Fogden et al., 2014.
Phaethornis ruber (Linnaeus, 1758)
Nome popular: rabo-branco-rubro
Comprimento: 7,5-9 cm.
Peso: 2,4 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
jardins, capoeiras e borda de mata.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenas aranhas e insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Aphelandra, Geissomeria,
Justicia; Mendoncia, Pachystachys, Ruellia,
Stenostephanus; Asteraceae: Mutisia;
Bignoniaceae: Lundia; Bromeliaceae: Aechmea,
Bromelia, Canistrum, Cryptanthus, Hohenbergia,
Tillandsia, Vriesea; Clusiaceae: Symphonia;
Costaceae: Costus; Fabaceae: Canavalia,
Dahlstedtia; Gesneriaceae: Besleria,
Nematanthus, Portea; Heliconiaceae: Heliconia;
Marantaceae: Calathea, Ischnosiphon, Saranthe,
Stromanthe; Marcgraviaceae: Souroubea;
Mendonciaceae: Mendoncia; Onagraceae:
Fuchsia; Orchidaceae: Aspydogyne, Rodriguezia;
Passifloraceae: Passiflora; Rosaceae: Rubus;
Rubiaceae: Palicourea, Psychotria, Sabicea;
Solanaceae: Acnistus; Verbenaceae: Lantana,
Stachytarpheta.
Comportamento e observações:
Forrageiam de forma trapline. Geralmente
deslocam-se sozinhos, procurando néctar em
flores a baixa altura ou insetos e teias de aranha.
O som de seu bater de asas lembra o de uma
abelha.
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de quase todo o ano, variando conforme a
região. Os machos se reúnem em lek, onde ficam
vocalizando, levantando e abaixando a cauda
rapidamente. O macho também executa
comportamentos de corte para a mea,
realizando acrobacias no ar. Voando
horizontalmente pouco acima dela, com a cauda
levantada e as patas esticadas para frente e o
bico aberto apontando para a fêmea.
O ninho, construído pela fêmea, tem forma
de um cone invertido, forrado internamente com
paina e externamente com folhas secas, musgos
e liquens; preso com teias de aranha em uma
folha pendente. Colocam dois ovos. A incubação
dura 17 dias e após a eclosão os filhotes ficam no
ninho por 18 a 22 dias.
Distribuição: Ocorrem das Guianas e
Venezuela e Guinas à Bolívia e no Brasil, exceto
região Sul.
Altitude: Até mais de 900 m.
Fontes: Oniki, 1970; Schuchmann, 1986; Stotz
et al., 1996; Sick, 1997; Martin-Gajardo & Freitas,
1999; Buzato et al., 2000; Machado & Lopes, 2000;
Siqueira Filho & Machado, 2001; Hilty & Brown, 2001;
Singer & Sazima, 2001; Lopes et al., 2002; Hilty, 2003;
Castro & Araújo, 2004; Locatelli et al., 2004; Valente,
2004; Teixeira & Machado, 2004; Canela & Sazima,
2005; Carvalho & Machado, 2006; Leite & Machado,
2007; Rufino et al., 2008; Dunning Jr., 2008; Siqueira
Filho & Machado, 2008; Cestari, 2009; Guedes et al.,
2009; Lima et al., 2010; Rios et al., 2010; Silva et al.,
2010; Missagia & Verçoza, 2011; Rodríguez-Flores et
al., 2012; Nolasco et al., 2013; Cruz et al., 2014;
Missagia et al., 2014; Fogden et al., 2014; Muscat et
al., 2014; Parrini, 2015; Matias & Consolaro, 2015;
Spaans et al., 2015; Wikiaves, 2019; Aximoff et al.,
2020.
Phaethornis subochraceus Todd, 1915
Nome popular: rabo-branco-de-barriga-
fulva
Comprimento: 11-12 cm.
Peso: 3,5-4,5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Apocynaceae: Marsdenia; Bignoniaceae:
166
Amphilophium; Heliconiaceae: Heliconia;
Passifloraceae: Passiflora; Rutaceae:
Erythrochiton; Solanaceae: Juanulloa.
Comportamento e observações:
Forrageiam de forma trapline. Capturam
pequenos insetos sobre a vegetação.
Reprodução: Durante o período
reprodutivo quatro a cinco machos se reúnem em
lek para vocalizar. O ninho tem forma de um cone
invertido. A incubação dura 14 a 15 dias e os
filhotes deixam o ninho 20 dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem na Bolívia e no
Brasil, onde possuem registros no Mato Grosso
do Sul e Mato Grosso.
Altitude: Até 700 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Dunning Jr., 2008;
Abrahamczyk & Kessler, 2010; Fogden et al., 2014;
Wikiaves, 2019.
Phaethornis augusti (Bourcier, 1847)
Nome popular: rabo-branco-cinza-claro
Comprimento: 13-15 cm.
Peso: 4-6 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
borda de mata.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também capturam pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Malvaceae: Hibiscus; Passifloraceae:
Passiflora.
Comportamento e observações:
Forrageiam em baixa altura de forma trapline.
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e julho. Os machos se reúnem para
realizar lek (arenas), em áreas a baixa altura,
onde ficam vocalizando para atrair as fêmeas e
também realizando exibições em voo.
O ninho, que é construído pela fêmea, tem
forma de semi-esfera, podendo ter um
prolongamento na parte inferior, preso em uma
folha pendente ou em edificações humanas; é
construído com paina e forrado externamente
com musgos e liquens presos com teias de
aranha. A incubação dura 15 a 20 dias e após a
eclosão os filhotes ficam no ninho por 20 a 26
dias.
Distribuição: Ocorrem na Colômbia,
Venezuela, Guianas, Suriname e Brasil, onde
possuem registros em Roraima e norte do
Amazonas.
Altitude: Até 1.600 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Hilty & Brown, 2001;
Ramjohn et al., 2003; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008;
Zaparoli, 2009; Fogden et al., 2014; Spaans et al.,
2015; Verea, 2016; Wikiaves, 2019; Plotecya, 2020.
Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre,
1839)
Nome popular: rabo-branco-acanelado
Comprimento: 13-15 cm.
Peso: 5,6 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
matas de galeria, jardins e borda de mata.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenas aranhas e insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Anisacanthus, Dicliptera,
Geissomeria, Jacobinia, Justicia, Mendoncia,
Odontonema, Ruellia, Sanchezia, Thunbergia;
Alstroemeriaceae: Alstroemeria; Amaryllidaceae:
Hippeastrum; Apocynaceae: Mandevilla;
Asteraceae: Stifftia, Vernonia; Bignoniaceae:
Lundia, Setilobus, Pyrostegia, Piriadacus,
Zeyheria; Bombacaceae: Chorisia; Boraginaceae:
Cordia; Bromeliaceae: Acanthostachys, Aechmea,
Canistrum, Hohenbergia, Neoregelia,
Orthophytum; Cactaceae: Cipocereus,
Melocactus, Micranthocereus; Campanulaceae:
Centropogon, Siphocampylus; Cannaceae: Canna;
Caryocaraceae: Caryocar; Combretaceae:
Combretum; Costaceae: Costus; Ericaceae:
Gaylussacia; Fabaceae: Bauhinia, Bionia,
Camptosema, Dahlstedtia, Erythrina, Inga,
Periandra; Gentianaceae: Prepusa; Gesneriaceae:
Paliavana, Seemannia, Sinningia, Vanhouttea;
Heliconiaceae: Heliconia; Lamiaceae: Salva;
Loganiaceae: Spigelia; Lythraceae: Cuphea;
Malvaceae: Helicteres, Luehea, Pavonia;
Marantaceae: Calathea; Meliaceae: Melia;
Mimosaceae: Calliandra; Onagraceae: Fuchsia;
Orchidaceae: Cattleya; Passifloraceae: Passiflora;
Rubiaceae: Augusta, Ferdinandusa, Manettia,
Palicourea; Sapindaceae: Serjania; Sterculiaceae:
Helicteres; Plantaginaceae: Russelia; Velloziaceae:
Barbacenia; Rubiaceae: Augusta, Pogonopus;
Verbenaceae: Stachytarpheta; Vochysiaceae:
Qualea.
Comportamento e observações:
Forrageiam de forma trapline.
Predador: cuíca-lanosa (Caluromys
philander).
Reprodução: Reprodução registrada entre
abril e setembro. Realizam comportamento de
corte que consiste em perseguição da fêmea pelo
macho a baixa altura no interior de áreas
florestais, enquanto ambos vocalizam.
167
O ninho tem um formato meio cilíndrico ou
de cone invertido, construído de musgos,
pequenas raízes, gravetos e folhas, presos com
teia de aranha; forrado internamente com paina.
Colocam dois ovos. Desde os primeiros dias após
a eclosão os filhotes já conseguem se segurar
firmemente ao ninho. Após 20 dias da eclosão,
deixam o ninho. Podem fazer até cinco posturas
de ovos por ano.
Distribuição: No Brasil ocorrem nas regiões
Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, Tocantins,
Pará e Rondônia. Também ocorrem na Bolívia,
Paraguai e Argentina.
Altitude: Até 1.900 m, ocasionalmente até
2.500 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Siqueira
Filho & Machado, 2001; Castro & Oliveira, 2001;
Souza, 2001; Lopes et al., 2002; Abreu & Vieira, 2004;
SanMartin-Gajardo & Sazima, 2005; Mendonça &
Anjos, 2005; Alves et al., 2005; Lima, 2006; Colaço et
al., 2006; Machado et al., 2007; Dunning Jr., 2008;
Demetrio, 2008; Coelho et al., 2008; Machado, 2009;
Cestari, 2009; Cunha et al., 2009; Rios et al., 2010;
Lima et al., 2010; Ferreira & Viana, 2010; Camargo et
al., 2011; Araújo et al., 2011; Lírio et al., 2011; Oliveira
et al., 2012; Melazzo & Oliveira, 2012; Fileto-Dias &
Araujo, 2012; Nolasco et al., 2013; Missagia et al.,
2014; Fogden et al., 2014; Cruz et al., 2014; Machado,
2014; Silva et al., 2014; Missagia & Verçoza, 2014;
Matias & Consolaro, 2015; de la Peña, 2016; Araújo et
al., 2018; Wikiaves, 2019.
Phaethornis eurynome (Lesson, 1832)
Nome popular: rabo-branco-de-garganta-
rajada
Comprimento: 13-16 cm.
Peso: 5,3 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de mata e jardins.
Alimentação: Alimentam-se se néctar de
flores, também pequenas aranhas e insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Geissomeria, Jacobinia,
Justicia, Mendoncia, Odontonema, Staurogyne;
Alstroemeriaceae: Alstroemeria, Bomarea;
Amaryllidaceae: Hippeastrum; Asteraceae:
Mutisia; Bignoniaceae: Pyrostegia; Bromeliaceae:
Aechmea, Billbergia, Bromelia, Canistrum, Dyckia,
Neoregelia, Nidularium, Pitcairnia, Quesnelia,
Tillandsia, Vriesea, Wittrockia; Cactaceae:
Schlumbergera; Campanulaceae: Centropogon,
Lobelia, Siphocampylus; Cannaceae: Canna;
Costaceae: Costus; Fabaceae: Camptosema,
Collaea, Erythrina, Senna; Gesneriaceae: Besleria,
Nematanthus, Rechsteineria, Sinningia,
Vanhouttea; Heliconiaceae: Heliconia; Lamiaceae:
Salvia; Malvaceae: Abutilon, Hibiscus,
Malvaviscus; Marantaceae; Stromanthe;
Onagraceae: Fuchsia; Orchidaceae: Cleistes,
Sacoila; Orobanchaceae: Velloziela;
Passifloraceae: Passiflora; Rubiaceae: Manettia,
Palicourea, Psychotria; Scrophulariaceae:
Esterhazya, Velloziella; Strelitziaceae: Strelitzia;
Zingiberaceae: Hedychium.
Comportamento e observações: Voam no
sub-bosque e estratos médios da vegetação.
Forrageiam de forma trapline.
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e dezembro. O ninho tem um formato
de cone invertido, feito de paina e outras fibras
vegetais, forrado externamente com folhas,
musgos e liquens (e.g. Spiloma sp.), geralmente
preso em uma folha pendente.
Distribuição: No Brasil ocorrem do Rio
Grande do Sul à Bahia. Também na Argentina e
Paraguai.
Altitude: Até 2.000 m.
Fontes: Snow & Teixeira, 1982; Belton, 1984;
Buzato et al., 1994; Passos & Sazima, 1995; Sick, 1997;
Varassin & Sazima, 2000; Buzato et al., 2000; Singer &
Sazima, 2000; Pansarin, 2003; Araujo & Sazima, 2003;
SanMartin-Gajardo & Sazima, 2005; Kaehler et al.,
2005; Longo & Fischer, 2006; Canela, 2006;
Vosgueritchian & Buzato, 2006; Machado & Semir,
2006; Cestari, 2009; Rogalski et al., 2009; Novaes &
Rodrigues, 2009; Favretto et al., 2010; Lima et al.,
2010; Varassin & Sazima, 2012; Fogden et al., 2014;
Silva & Piratelli, 2014; Parrini, 2015; Matias &
Consolaro, 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Phaethornis hispidus (Gould, 1846)
Nome popular: rabo-branco-cinza
Comprimento: 12,7-14 cm.
Peso: 5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
bordas de mata.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores e também pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Justicia, Sanchezia;
Bignoniaceae: Memora; Bromeliaceae;
Campanulaceae: Centropogon; Combretaceae:
Combretum; Costaceae: Costus; Fabaceae:
Erythrina; Gesneriaceae: Besleria, Columnea,
Drymonia, Gasteranthus; Heliconiaceae:
Heliconia; Lythraceae: Cuphea; Malvaceae:
Hibiscus; Maranthaceae: Calathea; Myrtaceae:
Syzygium; Passifloraceae: Passiflora; Rubiaceae:
Duroia, Genipa; Palicourea, Psychotria,
Warszewiczia; Zingiberaceae: Renealmia.
168
Comportamento e observações:
Forrageiam de forma trapline.
Reprodução: Reprodução em junho. O
ninho tem forma de um funil, construído com
fibras de palmeiras presas com teias de aranha;
embaixo de folhas pendentes, também em outros
objetos e em edificações humanas. Colocam dois
ovos.
Distribuição: Ocorrem do Peru à Bolívia e
Brasil, onde possui registros nos estados de Mato
Grosso, Pará, Rondônia, Acre, Roraima e
Amazonas.
Altitude: Baixas altitudes, ocasionalmente
até 900 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Amaya Márquez et al., 2001; Dunning
Jr., 2008; Rodríguez-Flores et al., 2012; Fogden et al.,
2014; Melo & Greeney, 2019; Wikiaves, 2019.
Phaethornis philippii (Bourcier, 1847)
Nome popular: rabo-branco-amarelo
Comprimento: 12-14 cm.
Peso: 5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Visitam flores de: Passifloraceae:
Passiflora; Rubiaceae: Isertia.
Comportamento e observações:
Forrageiam de forma trapline, permanecem
principalmente no sub-bosque da vegetação.
Reprodução: Reprodução registrada em
julho. O ninho tem forma de cone invertido, mas
sem material pendente na parte inferior como
outras espécies do gênero; fica preso em folhas
pendentes.
Distribuição: Ocorrem no Peru, Bolívia e
Brasil, onde possuem registros no Pará,
Amazonas, Rondônia e Acre.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Dunning
Jr., 2008; Endrigo, 2009; Fogden et al., 2014;
Bertagnolli, 2018; Silva, 2018; Wikiaves, 2019.
Phaethornis major Hinkelmann, 1989
Nome popular: rabo-branco-de-barriga-
cinza
Sinonímia recente: Phaethornis bourcieri
major
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil.
Distribuição: Ocorrem no Pará e Mato
Grosso, na área de endemismo do Tapajós.
Fontes: Araújo-Silva et al., 2017; Pacheco et al.,
2021.
Phaethornis bourcieri (Lesson, 1832)
Nome popular: rabo-branco-de-bico-reto
Comprimento: 12-13 cm.
Peso: 3,4-5,5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Apocynaceae: Tabernaemontana;
Bromeliaceae: Aechmea, Guzmania, Vriesea;
Campanulaceae: Centropogon; Costaceae:
Costus; Gesneriaceae: Besleria, Drymonia;
Heliconiaceae: Heliconia; Loranthaceae:
Psyttacanthus; Myrtaceae: Psydium;
Passifloraceae: Passiflora; Rubiaceae: Duroia,
Manettia, Psychotria.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos pelo sub-bosque da
vegetação. Forrageiam de forma trapline. Os
machos possuem pequenos territórios onde se
empoleiram entre um e quatro metros do solo,
ficam vocalizando e movem a cauda para cima e
para baixo durante essa atividade; realizam essa
atividade ao longo de todo o ano.
Reprodução: Reprodução registrada em
setembro e janeiro. O ninho tem forma de cone
invertido, preso em folhas pendentes. A
incubação dura 17 a 18 dias e os filhotes deixam
o ninho 23 dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem nas Guianas,
Suriname, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e
Brasil, onde possui registro nos estado do
Amazonas, Pará, Acre e Amapá.
Altitude: Até 1.600 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Amaya Márquez et al., 2001; Nara &
Webber, 2002; Hilty, 2003; Santos et al., 2008;
Dunning Jr., 2008; Cestari, 2009; Rodríguez-Flores et
al., 2012; Fogden et al., 2014; Spaans et al., 2015;
Araújo-Silva et al., 2017; Wikiaves, 2019.
Phaethornis superciliosus (Linnaeus, 1766)
Nome popular: rabo-branco-de-bigodes
Comprimento: 13-15,5 cm.
Peso: 6,3 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
borda de mata, onde permanecem no sub-
bosque.
169
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenas aranhas e insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Justicia; Bignoniaceae:
Memora; Bromeliaceae: Aechmea; Clusiaceae:
Symphonia; Costaceae: Costus; Fabaceae:
Erythrina; Gesneriaceae: Besleria; Heliconiaceae:
Heliconia; Lythraceae: Cuphea; Maranthaceae:
Calathea; Myrtaceae: Syzygium; Passifloraceae:
Passiflora; Rubiaceae: Warszewiczia, Genipa;
Zingiberaceae: Renealmia.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos. Forrageiam de forma
trapline.
Predadores: a aranha Nephila clavipes,
quando ficam presos acidentalmente em suas
teias.
Reprodução: Reprodução registrada de
dezembro a agosto. Os machos se reúnem em
várias dezenas para formar lek, pousam em
galhos a baixa altura, onde ficam vocalizando. Os
machos também possuem pequenos territórios.
O ninho tem um formato de cone invertido
com uma cauda de fibra pendurada, preso abaixo
de folhas de Heliconia, palmeiras ou outras folhas
largas; é construído de fibras vegetais e musgos,
presos com teias de aranha. Colocam dois ovos.
Distribuição: Ocorrem do México à Bolívia
e Brasil, onde possuem registros nos estados do
Amazonas, Pará, Mato Grosso, Maranhão, Amapá
e Roraima.
Altitude: Até 1.400 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Graham,
1997; Hilty & Brown, 2001; Nara & Webber, 2002;
Hilty, 2003; Amaya Márquez et al., 2001; Valente,
2004; Fischer & Leal, 2006; Sakai, 2007; Dunning Jr.,
2008; Aguiar, 2008; Fogden et al., 2014; Wikiaves,
2019.
Phaethornis malaris (Nordmann, 1835)
Nome popular: rabo-branco-de-bico-
grande
Comprimento: 13-17 cm.
Peso: 5,9 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenas aranhas e insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Mendocia, Ruellia,
Sanchezia; Apocynaceae: Tabernaemontana;
Bromeliaceae: Pitcairnia; Campanulaceae:
Centropogon; Costaceae: Costus; Cucurbitaceae:
Gurania; Fabaceae: Erythrina; Gesneriaceae:
Besleria, Columnea, Drymonia, Gasteranthus;
Heliconiaceae: Heliconia; Lecythidaceae:
Bertholetia; Loranthaceae: Psittacanthus;
Passifloraceae: Passiflora; Rubiaceae: Duroia,
Palicourea, Psychotria.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos pelo sub-bosque da
vegetação. Forrageiam de forma trapline.
Reprodução: Reprodução registrada em
junho. Os machos se reúnem em lek para
vocalizar, durante essa ação movem a cauda para
cima e para baixo. O ninho tem forma de cone
invertido, preso em folhas pendentes, e feito de
fibras vegetais presas com teias de aranha.
Distribuição: Ocorrem nas Guianas,
Suriname, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru,
Bolívia e Brasil, onde possuem registros nos
estados do Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia,
Mato Grosso e Acre.
Altitude: Até 500 m ou mais.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008;
Rodríguez-Flores et al., 2012; Fogden et al., 2014;
Spaans et al., 2015; Veronese, 2015; Wikiaves, 2019.
Phaethornis margarettae Ruschi, 1972
Nome popular: rabo-branco-de-
margarette
Sinonímias recentes: Phaethornis malaris
margarettae, Phaethornis superciliosus
margarettae
Comprimento: 16,5-17 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Tomam banho em córregos
de água limpa dentro de áreas florestais densas,
sobrevoam as águas observando os arredores,
então mergulham na água rapidamente e
emergem para ir pousar em um galho.
Reprodução: O ninho tem forma de cone
invertido. A incubação e os cuidados com a prole
são realizados pela fêmea. A incubação dura 15
dias e os filhotes deixam o ninho 20 dias após a
eclosão. A fêmea pode realizar voos para
espantar aves que se aproximem de seu ninho.
Distribuição: Ocorrem do litoral da Bahia
ao litoral do Pernambuco.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Ruschi, 1973; Stotz et al., 1996;
Piacentini et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Doryfera johannae (Bourcier, 1847)
Nome popular: bico-de-lança
170
Comprimento: 8,6-11 cm.
Peso: 3-6 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
borda de mata.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias:
Ericaceae; Gesneriaceae; Rubiaceae.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos. Costumam pousar com o
bico erguido. Apresentam certa territorialidade,
podendo defender flores onde se alimentam.
Reprodução: Reprodução registrada em
julho. O ninho tem formato de cilindro,
construído com musgos e teias de aranha.
Colocam um ovo.
Distribuição: Ocorrem da Guiana e
Venezuela ao Peru, e no Brasil, onde possuem
registros em Roraima.
Altitude: Até 1.600 m, ocasionalmente até
2.000 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; DuFogden
et al., 2014; Wikiaves, 2019.
Augastes scutatus (Temminck, 1824)
Nome popular: beija-flor-de-gravata-verde
Comprimento: 8-9,5 cm.
Peso: 3 g.
Habitat: Ocorrem em áreas rochosas semi-
áridas no topo de serras.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenos insetos.
Dentre os insetos ingerem: Orthoptera,
Hemiptera, Coleoptera, Hymenoptera.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Asteraceae: Aspilia, Dasyphyllum,
Eremanthus; Loranthaceae: Psittacanthus;
Orchidaceae: Stenorrhynchos; Velloziaceae:
Barbacenia, Vellozia; Verbenaceae:
Stachytarpheta; Vochysiaceae: Vochysia.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Os machos são territoriais.
Tomam banhos em córregos, pairam sobre a
água, mergulham a ponta de sua cauda na água e
chacoalham-na para respigar água em seu corpo.
Reprodução: Reprodução registrada entre
abril e agosto. Realizam comportamento de
corte, o macho persegue a fêmea, após, pairando
no ar, estufa a região gular e eriça as penas da
nuca, abrindo a cauda e vocalizando. O ninho é
feito de paina, em forma de semi-esfera, forrado
externamente com musgos e pequenas folhas.
Colocam dois ovos. Os filhotes deixam o ninho
aproximadamente 25 dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem em Minas Gerais e
Bahia.
Altitude: 900 a 2.000 m.
Fontes: Sazima, 1977; Sazima & Sazima, 1990;
Sick, 1997; Vasconcelos, 1999; Vasconcelos et al.,
2001; Costa & Rodrigues, 2007; Alves et al., 2007; Lima
et al., 2010; Rodrigues & Rodrigues, 2011; Vasconcelos
et al., 2012; Piacentini et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Augastes lumachella (Lesson, 1838)
Nome popular: beija-flor-de-gravata-
vermelha
Comprimento: 9-10 cm.
Peso: 4 g.
Habitat: Ocorrem em áreas rochosas semi-
áridas no topo de serras.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenas aranhas e insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Bromeliaceae: Hohenbergia; Cactaceae:
Micranthocereus; Gentianaceae: Prepusa;
Sterculiaceae: Walteria; Verbenaceae:
Stachytarpheta.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil.
Reprodução: Reprodução registrada em
janeiro. O ninho é uma semi-esfera, feita de
paina, forrado externamente com sementes,
fibras de cactáceas e musgos.
Distribuição: Ocorrem na Bahia.
Altitude: 950 a 1.600 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Aona et
al., 2006; Machado et al., 2007; Dunning Jr., 2008;
Coelho et al., 2008; Santana & Machado, 2010; Fogden
et al., 2014; Wikiaves, 2019; Lima, 2020.
Colibri delphinae (Lesson, 1839)
Nome popular: beija-flor-marrom
Comprimento: 10,9-12,2 cm.
Peso: 6,4 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Clusiaceae: Clusia; Fabaceae: Erythrina,
Inga.
Comportamento e observações:
Forrageiam de forma solitária, agem de forma
territorialista.
Reprodução: Reprodução e/ou atividades
de vocalização registradas entre novembro e
171
abril. Ninho tem formato de semi-esfera, fica
preso em galhos finos a baixa altura.
Os machos formam leks de indivíduos
fracamente associados, alguns poucos até
algumas dezenas, dispersos por uma ampla área
emitindo vocalizações para atrair as fêmeas.
Distribuição: Ocorrem da Guatemala e
Belize ao Suriname, Guianas, Venezuela e
Colômbia até a Bolívia e Brasil, onde possuem
registros em Roraima e Bahia.
Altitude: Até 2.500 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Fogden et
al., 2014; Spaans et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Colibri coruscans (Gould, 1846)
Nome popular: beija-flor-violeta
Comprimento: 12,2-14 cm.
Peso: 6,7 g.
Habitat: Ocorrem em áreas montanhosas
com vegetação arbustiva, borda de floresta, áreas
abertas com árvores dispersas e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Bromeliaceae: Guzmania; Cactaceae:
Echinopsis; Campanulaceae: Centropogon,
Siphcampylus; Clusiaceae: Clusia; Fabaceae: Inga,
Erythrina; Lamiaceae: Salvia; Loranthaceae:
Ligaria, Tristerix; Myrtaceae: Eucalyptus;
Orobanchaceae: Castilleja; Solanaceae: Nicotinia.
Comportamento e observações: São
territorialistas, agridem outros Trochilidae para
proteger fontes de néctar. Forrageiam nos
diferentes estratos da vegetação.
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano, variando conforme a região.
Durante a corte realizam voos verticais à grande
altura e depois retornam ao poleiro de origem.
Realizam demonstrações também realizando
voos para o alto, por alguns metros, então
vocalizam, fecham as asas e abrem a cauda e
mergulham, retornando ao poleiro de origem.
O ninho tem uma forma de semi-esfera,
construído com musgos e liquens, preso em
galhos de arbustos ou árvores. Colocam dois
ovos. A incubação dura 17 a 18 dias e os filhotes
deixam o ninho 20 a 22 dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem da Venezuela e
Colômbia até a Argentina e Brasil, onde possuem
registros no Amazonas e Roraima.
Altitude: 600 a 3.600 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Hilty & Brown, 2001;
Hilty, 2003; Wester & Claßen-Bockhoff, 2006; Dunning
Jr., 2008; de la Peña & Salvador, 2010 in de la Peña,
2019; Fogden et al., 2014; de la Peña, 2016; de la
Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Colibri serrirostris (Vieillot, 1816)
Nome popular: beija-flor-de-orelha-violeta
Comprimento: 12-13 cm.
Peso: 6,7 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de floresta e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Ruellia; Asteraceae:
Lychnophora; Bignoniaceae: Setilobus, Tecoma,
Zeyheria; Bromeliaceae: Hohenbergia, Dyckia,
Orthophytum, Vriesea; Combretaceae:
Combretum; Fabaceae: Bionia, Calliandra,
Collaea, Inga; Gentianaceae: Prepusa;
Gesneriaceae: Sinningia; Myrtaceae: Eucalyptus;
Proteaceae: Grevillea; Rubiaceae: Palicourea;
Sterculiaceae: Helicteres; Velloziaceae:
Barbacenia, Vellozia; Verbenaceae:
Stachytarpheta; Vochysiaceae: Vochysia.
Comportamento e observações: São
agressivos e territoriais, atacando outras espécies
de Trochilidae. Ficam pousados em galhos
expostos, vocalizando para espantar intrusos de
seus territórios.
Predadores: gavião-miúdo (Accipiter
striatus).
Reprodução: Reprodução registrada entre
agosto e abril. Durante a corte o macho voa
parado no ar diante da fêmea, eriçando as penas
de dois tufos localizados nas laterais da cabeça.
O ninho tem uma forma de semi-esfera,
preso em galhos finos, construído de paina,
forrado externamente com musgos, liquens,
folhas secas e sementes endocóricos, presos com
teias de aranha. Colocam dois ovos.
Distribuição: Ocorrem na Bolívia, Paraguai,
Argentina e Brasil, onde possuem registros nos
estados das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e
também Rondônia, Tocantins, Sergipe e Bahia.
Altitude: Até 2.100 m, eventualmente
mais.
Fontes: Sazima, 1977; Sazima & Sazima, 1990;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Antunes, 2003;
Bittencourt Jr. & Semir, 2004; Alves et al., 2005;
Vosgueritchian & Buzato, 2006; Coelho et al., 2008;
Cestari, 2009; Machado, 2009; Santana & Machado,
2010; Costa, 2010; Lírio et al., 2011; Curti & Ortega-
Baes, 2011; Carlos, 2012; Machado, 2014; Araújo et
al., 2018; Machado et al., 2007; Dunning Jr., 2008;
Fogden et al., 2014; Gelvez-Zuñiga et al., 2016; de la
172
Peña, 2016; Thomaz, 2017; Almeida, 2017; Ribeiro et
al., 2018; Wikiaves, 2019; Casadei, 2020.
Heliactin bilophus (Temminck, 1820)
Nome popular: chifre-de-ouro
Sinonímia recente: Heliactin cornuta,
Heliactin bilophum
Comprimento: 9,5-11 cm.
Peso: 4,4 g.
Habitat: Ocorrem em cerrados, caatingas e
savanas com árvores e arbustos.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Anacardiaceae: Anacardium;
Asteraceae: Lychnophora; Bignoniaceae:
Zeyheria; Bromeliaceae: Calliandra; Fabaceae:
Bauhinia; Malvaceae: Sida; Rubiaceae: Manettia;
Verbenaceae: Lantana, Lippia; Vochysiaceae:
Vochysia.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos.
Reprodução: O ninho é uma semi-esfera
ou pode ter forma de cone invertido, quando
preso em forquilhas de galhos finos. Feito de
paina e podendo ter externamente pedaços de
liquens. Colocam dois ovos. A incubação dura 13
dias e os filhotes deixam o ninho 21 dias após a
eclosão. A fêmea continua a cuidar do filhote
durante algum tempo após ele ter deixado o
ninho.
Distribuição: Ocorrem em quase toda a
região Nordeste do Brasil, na região Centro-
Oeste, Minas Gerais, Tocantins, Amapá,
Amazonas, Rondônia e Acre. Também na Bolívia e
Suriname.
Altitude: Até 1.000 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Lima,
2006; Dunning Jr., 2008; Ghiringhello & Tubelis, 2009;
Pereira, 2013; Fogden et al., 2014; Machado, 2014;
Spaans et al., 2015.
Heliothryx auritus (Gmelin, 1788)
Nome popular: beija-flor-de-bochecha-azul
Comprimento macho: 10,2-11 cm.
Comprimento fêmea: 11,4-13 cm.
Peso: 5,4 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Comportamento e observações:
Forrageiam sozinhos por comportamento trapline
nos diferentes estratos da vegetação.
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e outubro. Realizam comportamento
de corte, o macho eriça as penas das laterais da
cabeça e paira no ar para cima e para baixo e de
um lado a outro diante da fêmea. Após ambos
ascendem girando até um novo galho e o macho
pode continuar pairando no ar.
O ninho é uma semi-esfera de paina. A
incubação dura 15 a 16 dias, os filhotes deixam o
ninho 23 a 26 dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem no Suriname,
Guianas, Venezuela, Colômbia, Bolívia e Brasil, de
Santa Catarina ao Pernambuco, também Goiás,
Mato Grosso e estados da região Norte.
Altitude: Até 1.100 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Fogden et
al., 2014; Spaans et al., 2015; Moura, 2018; Wikiaves,
2019.
Polytmus guainumbi (Pallas, 1764)
Nome popular: beija-flor-de-bico-curvo
Comprimento: 9,5-12 cm.
Peso: 5,2 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas,
restinga, borda de florestas e florestas de
galerias.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenas aranhas e insetos.
Visitam flores de: Bromeliaceae: Tillandsia,
Vriesea; Malvaceae: Ceiba, Helicteres;
Passifloraceae: Passiflora.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos. Forrageiam
principalmente por meio de trapline em flores
localizadas a baixa altura.
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de quase todo o ano, variando conforme a
região. O ninho tem uma forma de cone
invertido, feito de fibras vegetais, paina e
sementes endocóricas e coberto na parte exterior
com liquens, geralmente é exposto em arbustos,
eventualmente em galhos sobre a água. Colocam
dois ovos.
registro de uma fêmea que alimentava
filhotes de uma ninhada e ao mesmo tempo
começava a chocar ovos de uma nova ninhada.
Distribuição: Ocorrem do norte da América
do Sul até a Argentina e em quase todo o Brasil.
Altitude: Até 600 m, ocasionalmente até
1.500 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Araujo & Sazima, 2003;
Longo & Fischer, 2006; Dunning Jr., 2008; Cestari,
173
2009; Fogden et al., 2014; Silva, 2015; Spaans et al.,
2015; Previatto et al., 2016; Wikiaves, 2019.
Polytmus theresiae (Maia, 1843)
Nome popular: beija-flor-verde
Comprimento: 8,6-11 cm.
Peso: 3,3-4,2 g.
Habitat: Ocorrem em capoeiras e
formações arbustivas da Amazônia.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, e.g. Melastomataceae e Clusiaceae:
Symphonia.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos. Os machos podem
defender pequenos territórios de alimentação
próximos de agrupamentos de flores.
Reprodução: Reprodução registrada entre
abril e novembro. O ninho, construído pela
fêmea, fica em um arbusto a baixa altura; tem
forma de semi-esfera, feito de paina, forrado
externamente com liquens e presos com teias de
aranha. Colocam dois ovos. A incubação dura 14
dias e os filhotes deixam o ninho 20 a 28 dias
após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem das Guianas e
Suriname à Colômbia e até o Peru. No Brasil
possuem registros em Roraima, Amapá,
Amazonas, Pará, Rondônia, Mato Grosso e
Maranhão.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Valente, 2004; Dunning Jr.,
2008; Fogden et al., 2014; Lage, 2015; Spaans et al.,
2015; Wikiaves, 2019.
Avocettula recurvirostris (Swainson, 1822)
Nome popular: beija-flor-de-bico-virado
Comprimento: 7,6-10 cm.
Peso: 4,2 g.
Habitat: Ocorrem em borda de mata e
áreas de vegetação rasteira.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenos insetos.
Visitam flores de: Clusiaceae: Clusia;
Fabaceae: Dioclea.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos, forrageiam de forma
trapline.
Reprodução: Reprodução registrada de
setembro a dezembro. O ninho tem forma de
semi-esfera, pequeno, preso em um galho
horizontal.
Distribuição: Ocorrem nas Guianas,
Suriname, Venezuela e Brasil, onde possuem
registros nos estados de Roraima, Amazonas,
Pará, Amapá, Acre, Maranhão, Tocantins, Piauí e
Mato Grosso.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty,
2003; Dunning Jr., 2008; Fogden et al., 2014; Spaans et
al., 2015; Wikiaves, 2019.
Chrysolampis mosquitus (Linnaeus, 1758)
Nome popular: beija-flor-vermelho
Comprimento: 7,9-9,2 cm.
Peso: 3,9 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
áreas abertas, jardins, cerrado e manguezais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Harpochilus, Ruellia;
Apocynaceae: Prestonia; Asteraceae:
Lychnophora; Bignoniaceae: Setilobus,
Pyrostegia, Tabebuia; Bromeliaceae: Bromelia,
Hohenbergia; Cactaceae: Melocactus, Opuntia,
Tacinga; Euphorbiaceae: Cnidoscolus, Jatropha;
Fabaceae: Bauhinia, Camptosema, Erythrina,
Inga, Periandra, Stryphnodendron; Gentianaceae:
Prepusa; Humiriaceae: Humiria; Lythraceae:
Cuphea; Malvaceae: Helicteres, Melochia,
Pavonia; Mimosaceae: Calliandra; Sterculiaceae:
Helicteres; Verbenaceae: Lantana,
Stachytarpheta; Vochysiaceae: Vochysia.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos, mas podem se reunir com
outros Trochilidae em árvores floridas que
produzem néctar, como Erythrina. Nestas
situações defendem pequenas áreas com flores
da proximidade de outros indivíduos. Consta que
populações de algumas regiões podem realizar
deslocamentos ou migrações, no nordeste do
Brasil em busca da floração de ingá.
Reprodução: Reprodução registrada entre
junho e outubro. Durante a corte o macho voa ao
redor da fêmea, com as penas do topo da cabeça
eriçadas e a cauda bem aberta.
O ninho, construído pela fêmea, é uma
pequena semi-esfera, internamente com material
similar a paina e externamente com liquens;
preso com teias de aranha em galhos finos.
Colocam dois ovos. A incubação dura 15 a 16 dias
e os filhotes deixam o ninho 19 a 22 dias após a
eclosão.
Distribuição: Ocorrem do Suriname,
Guinas e Venezuela até a Argentina, e em quase
todo o Brasil, exceto região sul.
174
Altitude: Até 1.300 m, ocasionalmente até
1.750 m.
Fontes: Raw, 1996; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Lima, 2006;
Leal et al., 2006; Machado et al., 2007; Coelho et al.,
2008; Dunning Jr., 2008; Demetrio, 2008; Machado,
2009; Las-Casas et al., 2012; Machado, 2014; Fogden
et al., 2014; Matias & Consolaro, 2015; Spaans et al.,
2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Anthracothorax viridigula (Boddaert, 1783)
Nome popular: beija-flor-de-veste-verde
Comprimento: 10,2-13 cm.
Peso: 7,5 g.
Habitat: Ocorrem em manguezais,
florestas inundadas e áreas florestais úmidas.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Bignoniaceae: Spathodea, Tabebuia;
Cordiaceae: Cordia; Fabaceae: Erythrina.
Comportamento e observações: São
territorialistas, agridem outros Trochilidae para
proteger fontes de néctar. Mas também podem
se reunir em bandos em árvores floríferas com
néctar.
Reprodução: Reprodução registrada em
julho. O ninho é uma semi-esfera, preso em
galhos finos, é feito de paina e revestido com
liquens, presos com teias de aranhas.
Distribuição: Ocorrem na Venezuela,
Suriname, Guianas, Trinidad e Brasil, onde
possuem registros nos estados do Amazonas,
Pará, Amapá e Maranhão.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty,
2003; Dunning Jr., 2008; Curcino, 2010; Spaans et al.,
2015; Wikiaves, 2019.
Anthracothorax nigricollis (Vieillot, 1817)
Nome popular: beija-flor-de-veste-preta
Comprimento: 10-12 cm.
Peso: 7 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
bordas de mata, áreas abertas com árvores
dispersas e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Bignoniaceae: Arrabidaea, Cuspidaria,
Hadroanthus, Spathodea, Tabebuia;
Bombacaceae: Chorisia, Spirotheca;
Bromeliaceae: Aechmea, Vriesea; Caricaceae:
Jacaratia; Cucurbitaceae: Psiguria; Fabaceae:
Erythrina, Inga; Gentianaceae: Prepusa;
Heliconiaceae: Heliconia; Lamiaceae: Vitex;
Marcgraviaceae: Schwartzia; Myrtaceae:
Eucalyptus; Proteaceae: Grevillea; Rubiaceae:
Palicourea.
Comportamento e observações: Podem
agir de forma territorialista e agressiva com
outros Trochilidae. Porém, também há registros
de que podem se reunir com outros Trochilidae
em árvores floríferas com néctar como Erythrina,
Tabebuia, Inga e Spathodea.
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de quase todo o ano, variando conforme a
região. Os machos vocalizam sozinhos em galhos
secos no alto de árvores, não realizam lek.
O ninho, construído pela fêmea, é uma
semi-esfera com liquens e cascas de plantas na
parte externa. Podem pegar folhas secas e
plumas do ninho abandonado de outras aves
para usar no seu. Colocam dois ovos.
Diferente dos outros beija-flores, nessa
espécie há um registro ocasional de um macho
participando da incubação; que nesta família em
geral é realizada pela fêmea sozinha.
Distribuição: Ocorrem do Panamá à Bolívia
e Argentina e em todo o Brasil.
Altitude: Até 1.000 m.
Fontes: Belton, 1984; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Buzato et al., 2000; Souza, 2001; Hilty & Brown,
2001; Hilty, 2003; Antunes, 2003; Silva, 2003a;
Mendonça & Anjos, 2005; Kaehler et al., 2005; Alves et
al., 2005; Machado & Semir, 2006; Mendonça & Anjos,
2006; Andrade & Franchin, 2007; Dunning Jr., 2008;
Coelho et al., 2008; Rocca & Sazima, 2008; Cestari,
2009; Araújo-Silva & Bessa, 2010; Rodrigues & Araujo,
2011; Rochford, 2012; Fogden et al., 2014; Spaans et
al., 2015; de la Peña, 2016; Marcon, 2016; Wikiaves,
2019.
Discosura langsdorffi (Temminck, 1821)
Nome popular: rabo-de-espinho
Sinonímia: Popelairia langsdorffi
Comprimento macho: 12,2 cm.
Comprimento fêmea: 6,6 cm.
Peso: 2,8 g.
Habitat: Ocorrem em regiões
montanhosas, áreas florestais e áreas rochosas
com vegetação arbustiva.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Fabaceae: Calliandra, Inga, Mimosa;
Vochysiaceae: Vochysia.
Comportamento e observações: Podem se
reunir em árvores com flores com néctar, como
175
Inga, Calliandra, Mimosa, Vochysia e Compositae.
Nestas árvores tentam se infiltrar no território de
espécies maiores para obter alimento.
Reprodução: Durante a corte o macho
paira para frente, para trás e em zigue-zague
diante da fêmea, também voa sobre ela, abrindo
e fechando a cauda e emitindo pequenos estalos.
O macho também pode rodear a fêmea
colocando as patas para frente e abrindo os
dedos. O ninho tem forma de semi-esfera.
Distribuição: Ocorrem na Colômbia,
Venezuela, Peru e Brasil, onde possuem registros
do Rio de Janeiro à Bahia, e no Amazonas, Mato
Grosso, Pará e Rondônia.
Altitude: Até 800 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Fogden et
al., 2014; Wikiaves, 2019.
Discosura longicaudus (Gmelin, 1788)
Nome popular: bandeirinha
Comprimento macho: 10,2-11 cm.
Comprimeno fêmea: 6,9-8 cm.
Peso: 3,4 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
áreas abertas com árvores dispersas e bordas de
floresta.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Anacardiaceae: Anacardium; Fabaceae:
Inga; Lamiaceae: Leonotis; Myrtaceae:
Eucalyptus; Vochysiaceae: Vochysia.
Comportamento e observações:
Forrageiam em flores na copa de árvores
procurando néctar. Nesses locais tentam se
infiltrar no território de outros Trochilidae
maiores para buscar alimento.
Reprodução: O ninho fica preso em um
galho horizontal. Colocam dois ovos. A incubação
é realizada pela fêmea e dura 13 a 14 dias. Os
fihotes deixam o ninho 20 a 22 dias após a
eclosão.
Distribuição: Ocorrem no Suriname,
Guianas, Venezuela e Brasil, onde possuem
registros do Rio de Janeiro ao Pernambuco e
Minas Gerais; e no Amazonas, Pará, Amapá e
Roraima.
Altitude: Até 700 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Fogden et
al., 2014; Spaans et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Lophornis ornatus (Boddaert, 1783)
Nome popular: beija-flor-de-leque-canela
Comprimento: 6,5-8 cm.
Peso: 2,3 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
áreas arbustivas e borda de floresta.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenas aranhas e insetos.
Visitam flores de: Fabaceae: Calliandra,
Inga.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos. Forrageiam de forma
trapline em diferentes alturas e se infiltram no
território de Trochilidae maiores e agressivos
para se alimentar.
Reprodução: O ninho é uma semi-esfera
construído com paina. Colocam dois ovos. A
incubação dura 13 a 14 dias e os filhotes deixam
o ninho 20 dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem nas Guianas,
Suriname e Venezuela, no Brasil, possuem
registros em Roraima e Amapá.
Altitude: Até 950 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Fogden et
al., 2014; Spaans et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Lophornis gouldii (Lesson, 1832)
Nome popular: topetinho-do-brasil-central
Comprimento: 7-7,5 cm.
Peso: 2,4 g.
Habitat: Ocorrem em bordas de florestas e
cerrado.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Comportamento e observações:
Forrageiam de forma trapline.
Distribuição: Ocorrem na Bolívia e no
Brasil, onde possuem registro nos estados do
Goiás, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão e Pará.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Dunning
Jr., 2008; Fogden et al., 2014; Wikiaves, 2019.
Lophornis magnificus (Vieillot, 1817)
Nome popular: topetinho-vermelho
Comprimento: 6,8-8 cm.
Peso: 2,7 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de capoeira,
áreas rurais e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenas aranhas e insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Bignoniaceae: Sparattosperma;
176
Bromeliaceae: Vriesea; Fabaceae: Caesalpinia;
Malvaceae: Helicteres, Hibiscus, Malvaviscus;
Myrtaceae: Eucalyptus; Solanaceae: Acnistus;
Verbenaceae: Lantana.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil.
Reprodução: Realizam comportamento de
corte, o macho, com o topete e os tufos de penas
das laterais da cabeça eriçados, voa pairando e
girando o corpo lateralmente diante da fêmea,
esta permanece pousada. Após realiza acrobacias
no ar, subindo e descendo a pique, parando em
voo perto dela novamente; emite uma
vocalização e sobe novamente.
Reprodução registrada em abril e
setembro. O ninho é uma semi-esfera, feito de
paina e forrado externamente com musgos e
liquens. A incubação é realizada pela fêmea e
dura 12 a 13 dias.
Distribuição: Ocorrem de Santa Catarina
ao Pernambuco, também na região Centro-Oeste
e Tocantins.
Altitude: Até 1.100 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Oniki &
Willis, 1998; Kaehler et al., 2005; Dunning Jr., 2008;
Cestari, 2009; Novaes & Rodrigues, 2009; Fogden et
al., 2014; Blanco, 2015; Parrini, 2015; Araújo et al.,
2018; Wikiaves, 2019. Aximoff et al., 2020.
Lophonis cf. delattrei (Lesson, 1839)
Nome popular: topetinho-ruivo
Comprimento: 6,9-7,8 cm.
Peso: 2,8 g.
Habitat: Ocorrem em borda de florestas e
árvores em áreas abertas.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Comportamento e observações:
Costumam pousar no alto de árvores.
Distribuição: Ocorrem da Costa Rica à
Bolívia e Brasil, onde possuem registros no Acre.
Altitude: Até 2.000 m.
Fontes: Hilty & Brown, 2001; Schulenberg et al.,
2007; Dunning Jr., 2008; Plácido et al., 2018; Pacheco
et al., 2021.
Lophornis chalybeus (Temminck, 1821)
Nome popular: topetinho-verde
Comprimento: 7,5-8,5 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de floresta, áreas rurais e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenas aranhas e insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Bombaceae: Spirotheca; Bromeliaceae:
Aechmea, Tillandsia; Buddlejaceae: Buddleja;
Marcgraviaceae: Schwartzia.
Comportamento e observações: Em
algumas flores podem ser observados vários
indivíduos juntos.
Reprodução: Realizam comportamento de
corte, com o macho pairando em voo diante da
fêmea, abaixando a cabeça, para mostrar uma
região de penas localizada na nuca, enquanto
eriça as penas do topete e dos tufos localizados
nas laterais da cabeça.
O ninho é uma semi-esfera, preso em
galhos horizontais. Colocam dois ovos. A
incubação é realizada pela fêmea e dura 13 a 14
dias. Os filhotes deixam o ninho 22 após a
eclosão.
Distribuição: Ocorrem na Argentina e
Brasil, onde possuem registros de Santa Catarina
ao Espírito Santo e Minas Gerais.
Altitude: Até 600 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Buzato et
al., 2000; Piacentini & Varassin, 2007; Rocca & Sazima,
2008; Cestari, 2009; Fogden et al., 2014; Wikiaves,
2019.
Lophornis verreauxi Bourcier, 1853
Nome popular: topetinho-borboleta
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
borda de floresta.
Comprimento: 7,4-7,6 cm.
Peso: 3 g.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores (e.g. Inga), também pequenas aranhas e
insetos.
Comportamento e observações: Espécie
recentemente separada de Lophornis chalybeus,
da qual era considerada uma subespécie.
Reprodução: Possivelmente similar a L.
chalybeus.
Distribuição: Ocorrem na Colômbia,
Venezuela, Equador, Peru, Bolívia e Brasil, onde
possuem registros nos estados da região norte e
no Mato Grosso.
Altitude: Até 600 m.
Fontes: Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003;
Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008.
Lophornis pavoninus Salvin & Godman, 1882
Nome popular: topetinho-pavão
Comprimento: 8-9,5 cm.
Peso: 3 g.
177
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
borda de floresta.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenas aranhas e insetos.
Comportamento e observações:
Forrageiam em diferentes estratos da vegetação.
Também se infiltram no território usado por
espécies de Trochilidae maiores para procurar
néctar. Capturam pequenos insetos sobre a
vegetação, realizando voos verticais. Pairam no ar
com a cauda erguida. Em áreas com muitas flores
podem se reunir vários indivíduos.
Reprodução: O ninho é uma semi-esfera. A
incubação dura 13 a 14 dias e os filhotes deixam
o ninho 20 dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem na Venezuela e no
Brasil, em Roraima.
Altitude: 500 a 2.000 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty,
2003; Dunning Jr., 2008; Fogden et al., 2014; Wikiaves,
2019.
Heliodoxa xanthogonys Salvin & Godman,
1882
Nome popular: brilhante-veludo
Comprimento: 10-11 cm.
Peso: 6-9 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
borda de florestas.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Comportamento e observações:
Forrageiam sozinhos, por comportamento
trapline ou defendendo pequenos territórios.
Porém há registros de dois ou três indivíduos
juntos. É possível que certos períodos do ano
machos e fêmeas explorem recursos alimentares
diferentes.
Reprodução: O ninho tem forma de semi-
esfera, preso a um galho fino.
Distribuição: Ocorrem na Venezuela,
Suriname e no Brasil (Roraima).
Altitude: 700 a 2.000 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty,
2003; Dunning Jr., 2008; Fogden et al., 2014; Spaans et
al., 2015; Wikiaves, 2019.
Heliodoxa schreibersii (Bourcier, 1847)
Nome popular: beija-flor-de-garganta-
preta
Comprimento: 12 cm.
Peso: 8,5-9,9 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
arbustivas.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenos insetos.
Comportamento e observações:
Forrageiam nos estratos superiores da vegetação.
Distribuição: Ocorrem na Colômbia,
Equador, Peru e no Brasil (Amazonas).
Altitude: Até 1.100 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Hilty & Brown, 2001;
Dunning Jr., 2008; Fogden et al., 2014; Wikiaves, 2019.
Heliodoxa aurescens (Gould, 1846)
Nome popular: beija-flor-estrela
Sinonímia recente: Polyplancta aurescens
Comprimento: 11-12,2 cm.
Peso: 6,4 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores (e.g. Clusiaceae: Symphonia), também de
pequenos insetos.
Comportamento e observações: Alguns
autores incluem essa espécie no gênero
Polyplancta. Não são muito agressivos e
territoriais, em geral forrageiam por
comportamento trapline, principalmente nos
estratos inferiores da vegetação, eventualmente
em copas de árvores.
Reprodução: Reprodução registrada em
julho. O ninho é feito de paina, presa com teias
de aranha.
Distribuição: Ocorrem da Venezuela e
Colômbia ao Peru e Brasil, onde possuem
registros nos estados do Amazonas, Acre, Mato
Grosso e Pará.
Altitude: Até 1.050 m, ocasionalmente até
1.300 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Valente, 2004; Dunning Jr.,
2008; Fogden et al., 2014; Castro, 2016; Wikiaves,
2019.
Heliodoxa rubricauda (Boddaert, 1783)
Nome popular: beija-flor-rubi
Sinonímia recente: Clytolaema rubricauda
Comprimento: 11-12 cm.
Peso: 7,9 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
áreas arbustivas e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores das seguintes famílias e gêneros:
Acanthaceae: Mendoncia; Amaryllidaceae:
Hippeastrum; Bignoniaceae: Pyrostegia,
Spathodea; Bombaceae: Pseudobombax,
Spirotheca; Bromeliaceae: Aechmea, Billbergia,
Portea, Nidularium, Tillandsia, Vriesea;
178
Campanulaceae: Siphocampylus; Combretaceae:
Combretum; Fabaceae: Erythrina, Inga;
Gesneriaceae: Sinningia, Vanhouttea;
Loranthaceae: Psittacanthus; Lythraceae:
Lafoensia; Malvaceae: Abutilon, Hibiscus,
Malvaviscus; Marantaceae: Stromanthe;
Marcgraviaceae: Marcgravia; Myrtaceae:
Eucalyptus; Passifloraceae: Passiflora;
Onagraceae: Fuchsia; Solanaceae: Cestrum;
Sterculiaceae: Dombeya; Tiliaceae: Luehea;
Verbenaceae: Lantana.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Macho e fêmea são
territorialistas.
Reprodução: Possuem comportamento de
corte, o macho paira, abrindo e fechando a
cauda, em semicírculo ao redor da fêmea
pousada. O ninho é uma semi-esfera feita de
paina e forrada externamente com liquens. A
incubação dura 15 a 16 dias e os filhotes deixam
o ninho 25 dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem do Rio Grande do
Sul à Bahia.
Altitude: Até 2.000 m.
Fontes: Snow & Teixeira, 1982; Buzato et al.,
1994; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Varassin & Sazima,
2000; Buzato et al., 2000; SanMartin-Gajardo &
Sazima, 2005; Kaehler et al., 2005; Canela, 2006;
Machado & Semir, 2006; Dunning Jr., 2008; Cestari,
2009; Novaes & Rodrigues, 2009; Cunha et al., 2009;
Lírio et al., 2011; Varassin & Sazima, 2012; Fogden et
al., 2014; Matias & Consolaro, 2015; Parrini, 2015;
Piacentini et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Heliomaster longirostris (Audebert &
Vieillot, 1801)
Nome popular: bico-reto-cinzento
Comprimento: 10-12 cm.
Peso: 6,6 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
bordas de florestas, plantações, cerrado e áreas
abertas com árvores dispersas.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, e.g. Fabaceae: Erythrina, também de
pequenos insetos.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos, forrageiam em pequenas
áreas com flores dispersas, de forma trapline.
Não é muito territorial, podem frequentar copas
de árvores floridas junto de outros Trochilidae.
Reprodução: Reprodução registrada entre
janeiro e abril e em setembro e outubro. O ninho
é construído em galhos horizontais, sendo uma
semi-esfera feita de paina e forrado
externamente com liquens.
Distribuição: Ocorrem do México à
Argentina; e no Brasil, nas regiões Norte, Centro-
Oeste, também São Paulo, Paraná e Maranhão.
Altitude: Até 1.500 m, ocasionalmente até
2.500 m.
Fontes: Feinsinger et al., 1979; Stotz et al.,
1996; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003;
Dunning Jr., 2008; Fogden et al., 2014; Spaans et al.,
2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Heliomaster squamosus (Temminck, 1823)
Nome popular: bico-reto-de-banda-branca
Comprimento: 11-12,5 cm.
Peso: 5,9 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
áreas arbustivas.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores das seguintes famílias e gêneros:
Apocynaceae: Allamanda; Costaceae: Costus;
Bignoniaceae: Spathodea, Tabebuia;
Bombacaceae: Chorisia; Bromeliaceae: Billbergia,
Bromelia, Encholirium; Cannaceae: Canna;
Cactaceae: Opuntia, Pilosocereus, Tacinga;
Convolvulaceae: Ipomoea; Euphorbiaceae:
Cnidoscolus, Croton; Fabaceae: Bauhinia, Delonix,
Dioclea; Loranthaceae: Psittacanthus; Malvaceae:
Ceiba, Hibiscus, Melochia; Myrtaceae: Eucalyptus.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil.
Reprodução: Reprodução registrada em
fevereiro. O ninho é uma semi-esfera, feita de
paina e forrado externamente com liquens,
presos com teias de aranhas e preso em um galho
fino.
Distribuição: Ocorrem de São Paulo e Mato
Grosso do Sul ao Piauí.
Altitude: Até 1.100 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Antunes,
2003; Silva, 2003a; Mendonça & Anjos, 2005; Leal et
al., 2006; Andrade & Franchin, 2007; Lucena, 2007;
Dunning Jr., 2008; Lima, 2009; Las-Casas et al., 2012;
Araújo et al., 2018; Wikiaves, 2019.
Heliomaster furcifer (Shaw, 1812)
Nome popular: bico-reto-azul
Comprimento: 12-13 cm.
Peso: 4,9-6,5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas,
capoeiras e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenas aranhas e insetos.
179
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Bignoniaceae: Pithecoctenium;
Cactaceae: Opuntia; Cannaceae: Canna;
Convolvulaceae: Ipomoea; Fabaceae: Erythrina;
Loranthaceae: Ligaria; Malvaceae: Ceiba;
Solanaceae: Lycium, Nicotiniana.
Predadores: gavião-miúdo (Accipiter
striatus), caburé (Glaucidium brasilianum).
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e dezembro. Realizam comportamento
de corte, o macho paira diante da fêmea, realiza
um voo ascendente entre-pausado eriçando as
penas do pescoço, enquanto vocaliza.
O ninho é fixo em galhos de árvores,
construído com paina presas com teias de aranha
e coberto na parte externa com liquens. A fêmea
constrói o ninho e o molda com o corpo. O
mesmo ninho pode ser usado mais de uma vez na
mesma estação reprodutiva ou no ano
subsequente. Demora 10 a 17 dias para construir
o ninho. Colocam dois ovos em dias alternados, a
incubação demora 17 dias e, após a eclosão, os
filhotes ficam no ninho por 26 a 27 dias.
Distribuição: Ocorrem da Colômbia à
Argentina e Uruguai; no Brasil ocorrem nas
regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, também
Bahia, Tocantins, Pará e Rondônia.
Altitude: Até 1.000 m ou mais.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Dunning Jr., 2008; Fracchia & Aranda-
Rickert, 2015; de la Peña, 2016; Previatto et al., 2016;
Salvador, 2017; Wikiaves, 2019; de la Peña, 2019.
Calliphlox amethystina (Boddaert, 1783)
Nome popular: estrelinha-ametista
Comprimento: 6-8,6 cm.
Peso: 2,8 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
áreas abertas e capoeiras.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Asteraceae: Lychnophora; Bignoniaceae:
Fridericia; Bromeliaceae: Hohenbergia, Vriesea;
Buddlejaceae: Buddleja; Cactaceae: Tacinga;
Euphorbiaceae: Cnidoscolus; Fabaceae: Inga;
Gentianaceae: Prepusa; Humiriaceae: Humiria;
Lamiaceae: Hyptis; Lythraceae: Cuphea;
Mimosaceae: Calliandra; Myrtaceae: Eucalyptus;
Scrophulariaceae: Russelia; Vochysiaceae:
Vochysia.
Comportamento e observações: Procuram
néctar em flores presentes nos diferentes
estratos da vegetação. Forrageiam sozinhos, mas
podem se reunir junto de outros Trochilidae em
árvores floridas como Inga e Calliandra.
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e janeiro. Possuem comportamento de
corte, o macho realiza voos como um pêndulo
para frente e para trás diante da fêmea,
enquanto vocaliza e produz um estalido
mecânico. O ninho é uma semi-esfera de paina,
podendo ou não ser forrado externamente com
liquens, presos com teias de aranha, preso em
galhos finos. Colocam dois ovos.
Distribuição: Ocorrem do norte da América
do Sul à Argentina; e em quase todo o Brasil.
Altitude: Até 1.050 m, ocasionalmente até
1.500 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Buzato et
al., 2000; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Antunes,
2003; Abreu & Vieira, 2004; Alves et al., 2005;
Piacentini & Varassin, 2007; Machado et al., 2007;
Dunning Jr., 2008; Coelho et al., 2008; Santana &
Machado, 2010; Meleti, 2011; Las-Casas et al., 2012;
Machado, 2014; Parrini, 2015; Spaans et al., 2015;
Silva, 2015; de la Peña, 2016; Schelbauer, 2018;
Wikiaves, 2019.
Chlorostilbon mellisugus (Linnaeus, 1758)
Nome popular: esmeralda-de-cauda-azul
Comprimento: 6-9 cm.
Peso: 2,4-2,8 g.
Habitat: Ocorrem em bordas de floresta,
áreas abertas com árvores dispersas, florestas de
galeria e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenas aranhas e insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Bignoniaceae: Adenocalymma;
Boraginaceae: Cordia; Ericaceae: Macleania;
Fabaceae: Acacia, Tamarindus, Vatairea;
Malvaceae: Hibiscus; Verbenaceae: Lantana.
Comportamento e observações:
Forrageiam sozinhos, de forma trapline,
procurando néctar em flores em geral a baixa
altura, eventualmente em árvores. Podem se
reunir em vários indivíduos inclusive com outras
espécies em árvores que estejam florescendo.
Podem roubar néctar de algumas flores por meio
de buracos na base da corola.
Reprodução: Reprodução registrada entre
maio e dezembro. O ninho tem forma de semi-
esfera, forrado externamente com pequenos
gravetos, folhas secas e fibras vegetais, presos
com teias de aranha. Colocam dois ovos. A
incubação dura no mínimo 19 dias.
180
Distribuição: Ocorrem no Suriname,
Guianas, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru,
Bolívia e Brasil, onde possuem registros na região
Norte, também no Mato Grosso e Maranhão.
Altitude: Até 2.700 m.
Fontes: Thomas, 1994; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Navarro, 1999; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003;
Dunning Jr., 2008; Fogden et al., 2014; Lima et al.,
2014; Costa et al., 2014; Spaans et al., 2015; Wikiaves,
2019; Lima et al., 2019.
Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812)
Nome popular: besourinho-de-bico-
vermelho
Sinonímia recente: Chlorostilbon
aureoventris
Comprimento macho: 9,5-10,5 cm.
Comprimento fêmea: 7,5-8,5 cm.
Peso: 3,5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas com
árvores dispersas, borda de florestas, capoeiras,
áreas rurais e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores e pequenos insetos.
Dentre os insetos ingerem: pulgões
Hemiptera: Aphididae; Hymenoptera; formigas
Hymenoptera: Formicidae; mosquitos Diptera.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Anisacanthus, Justicia,
Mendoncia, Ruellia; Apocynaceae: Allamanda,
Mandevilla, Prestonia, Stipecouma; Asclepiaceae:
Blepharodon, Ditassa; Asteraceae: Conocliniopsis,
Dasyphyllum, Lychnophora, Moquinia,
Pithecoseris, Stifftia, Vernonia; Bignoniaceae:
Fridericia, Hadroanthus, Jacaranda, Pleonotoma,
Setilobus, Spathodea, Tabebuia, Tecoma;
Bombacaceae: Bombax, Chorisia; Boraginaceae:
Cordia; Bromeliaceae: Acanthostachys, Aechmea,
Bromelia, Canistrum, Dyckia, Encholirium,
Hohenbergia, Neoglaziovia, Orthophytum,
Tillandsia, Vriesea; Cactaceae: Cipocereus,
Melocactus, Micranthocereus, Opuntia,
Pilosocereus, Tacinga; Caricaceae: Jacaratia;
Clusiaceae: Clusia; Convolvulaceae: Aniseia,
Ipomoea, Jacquemontia, Merremia;
Cucurbitaceae: Psiguria; Ericaceae: Gaylussacia;
Euphorbiaceae: Cnidoscolus, Jatropha, Manihot;
Fabaceae: Anadenanthera, Bauhinia, Bionia,
Caesalpinia, Calliandra, Campsis, Camptosema,
Canavalia, Centrosema, Dioclea, Erythrina, Inga,
Periandra, Piptadenia; Gentianaceae: Prepusa;
Geraniaceae: Geranium; Gesneriaceae:
Paliavana; Heliconiaceae: Heliconia; Humiriaceae:
Humiria; Iridaceae: Gladiolus; Lamiaceae: Hyptis,
Raphiodon; Loganiaceae: Spigelia; Loranthaceae:
Psittacanthus; Lythraceae: Cuphea, Lafoensia;
Malvaceae: Althaea, Ceiba, Helicteres, Luehea,
Malvaviscus, Melochia, Pavonia, Walteria;
Marantaceae: Saranthe; Meliaceae: Melia;
Myrtaceae: Eucalyptus, Psidium; Onagraceae:
Fuchsia; Orchidaceae: Cattleya, Corymborkis;
Oxalidadeae: Oxalis; Plantaginaceae: Russelia;
Plumbaginaceae: Plumbago; Punicaceae: Punica;
Rubiaceae: Ferdinandusa, Manettia, Palicourea,
Rudgea, Staelia; Rutaceae: Citrus; Sapindaceae:
Serjania; Solanaceae: Nicotiana; Sterculiaceae:
Helicteres, Walteria; Tropaeolaceae: Tropaeolum;
Velloziaceae: Vellozia; Verbenaceae: Lantana,
Stachytarpheta; Vitaceae: Cissus; Vochysiaceae:
Vochysia.
Comportamento e observações: As fêmeas
podem depositar suas fezes em áreas próximas
do ninho para atrair insetos e então capturá-los.
Em áreas de córregos bastante rasos, onde as
águas correm sobre lajes, podem pousar sobre as
rochas para tomar água e molhar as penas.
Predadores: suindara (Tyto furcata),
caburé (Glaucidium brasilianum).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de quase todo o ano, variando conforme a
região ou latitude. Realizam comportamento de
corte, o macho realiza voos rasantes sobre a
fêmea pousada, passando de um lado para o
outro, enquanto emite suas vocalizações.
O ninho é uma semi-esfera construída de
material macio, similar a paina, e outras matérias
vegetais, presos com teias de aranha.
Externamente coberto com pedaços de casca,
folhas, musgos e liquens. Demoram nove a 13
dias para construir o ninho.
Colocam dois ovos. A incubação dura 12 a
16 dias e é realizada pela fêmea. Os filhotes
nascem com os olhos fechados e sem penas, a
partir do sexto dia começam a abrir os olhos.
Demoram 16 a 17 dias para estarem
completamente emplumados. Após a eclosão, os
filhotes permanecem no ninho por 21 a 23 dias.
Distribuição: Ocorrem na Argentina,
Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil, do Rio Grande
do Sul ao Maranhão, Mato Grosso e Tocantins.
Altitude: Até 2.500 m.
Fontes: Snow & Teixeira, 1982; Belton, 1984;
Sazima & Sazima, 1990; Piratelli, 1993; Stotz et al.,
1996; Siqueira Filho & Machado, 2001; Castro &
Oliveira, 2001; Souza, 2001; Antunes, 2003; Silva,
2003b; Andrade, 2004; Abreu & Vieira, 2004; Locatelli
et al., 2004; Neves et al., 2004; Mendonça & Anjos,
2005; Di Giacomo, 2005; Mendonça & Anjos, 2006;
181
Leal et al., 2006; Vosgueritchian & Buzato, 2006;
Machado & Semir, 2006; Aona et al., 2006; Colaço et
al., 2006; Silva et al., 2006; Capucho et al., 2007;
Machado et al., 2007; Andrade & Franchin, 2007;
Lucena, 2007; Dunning Jr., 2008; Coelho et al., 2008;
Rufino et al., 2008; Demetrio, 2008; Cestari, 2009;
Cunha et al., 2009; Morici, 2009 in de la Peña, 2019;
Guedes et al., 2009; Machado, 2009; Lima et al., 2010;
Ferreira & Viana, 2010; Favretto et al., 2010; Silva et
al., 2010; Araújo et al., 2011; Curti & Ortega-Baes,
2011; Neves et al., 2011; Melazzo & Oliveira, 2012;
Las-Casas et al., 2012; Rodrigues & Araujo, 2011;
Machado, 2014; Jacomassa, 2014; Silva et al., 2014;
Matias & Consolaro, 2015; Sazima, 2015; Marcon,
2016; Pereira, 2016; de la Peña, 2016; Previatto et al.,
2016; Ribeiro et al., 2018; Araújo et al., 2018; de la
Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Stephanoxis lalandi (Vieillot, 1818)
Nome popular: beija-flor-de-topete-verde
Comprimento: 8,5 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de florestas e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Justicia; Alstromeriaceae:
Bomarea; Asteraceae: Mutisia, Senecio;
Balsaminaceae: Impatiens; Bignoniaceae:
Fridericia; Bromeliaceae: Aechmea; Buddlejaceae:
Buddleja; Campanulaceae: Siphocampylus;
Fabaceae: Camptosema, Collaea, Erythrina, Inga,
Phaseolus; Gesneriaceae: Nematanthus,
Sinningia, Vanhouttea; Lamiaceae: Salvia;
Malvaceae: Abutilon; Onagraceae: Fuchsia;
Solanaceae: Cestrum; Verbenaceae: Lantana.
Comportamento e observações: São
territoriais. Durante o inverno austral realizam
migrações altitudinais, quando procuram regiões
de menor altitude. De áreas de mais de 2.000 m
altitude para áreas de menos de 1.000 m de
altitude.
Reprodução: Reprodução registrada em
agosto. Os machos se reúnem em leks, onde
ficam vocalizando para atrair as fêmeas. O ninho
consiste em uma semi-esfera, forrado
externamente com musgos e liquens. Colocam
dois ovos.
Distribuição: Ocorrem na região Sudeste
do Brasil, em áreas de Mata Atlântica do Espírito
Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e parte de
São Paulo.
Fontes: Sick, 1983; Buzato et al., 1994; Sick,
1997; Buzato et al., 2000; SanMartin-Gajardo &
Sazima, 2005; De Luca et al., 2007; Fogden et al., 2014;
Cavarzere et al., 2014; Parrini, 2015; Souza, 2019;
Wikiaves, 2019.
Stephanoxis loddigesii (Gould, 1831)
Nome popular: beija-flor-de-topete-azul
Sinonímia recente: Stephanoxis lalandi
loddigesii
Comprimento: 8,5-9 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de floresta, capoeiras e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Justicia; Bromeliaceae:
Aechmea, Billbergia; Nyctaginaceae:
Bougainvillea; Plantaginaceae: Russelia.
Comportamento e observações: São
territorialistas. Podem realizar migração
altitudinal durante o inverno austral.
Reprodução: Reprodução registrada entre
julho e novembro. Os machos se reúnem em
bandos de até sete indivíduos para realizar leks,
quando emitem vocalizações e realizam exibições
aéreas, pairando no ar com a crista eriçada,
voando lateralmente em círculos e semi-círculos.
O ninho consiste em uma semi-esfera,
preso em galhos finos, feito com paina e forrado
externamente com musgos e liquens.
Distribuição: Ocorrem no Paraguai,
Argentina e no Brasil, do Rio Grande do Sul ao
sudoeste São Paulo.
Fontes: Sick, 1997; Favretto et al., 2010; Neves,
2011; Cavarzere et al., 2014; de la Peña, 2016;
Marcon, 2016; Bosholn et al., 2017; Wikiaves, 2019.
Campylopterus largipennis (Boddaert, 1783)
Nome popular: asa-de-sabre-da-guiana
Comprimento: 12,7-13 cm.
Peso: 8,3 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
borda de mata.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores (e.g. Bromeliaceae: Aechmea), também
pequenos insetos.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera, moscas Diptera, formigas
Hymenoptera: Formicidae.
Comportamento e observações: Em geral
forrageiam nos estratos inferiores e médio da
floresta, eventualmente voam a o dossel.
Pousam em poleiros na borda da floresta para
defender seu território, atacando outros
indivíduos da mesma espécie e outros
Trochilidae.
182
Reprodução: Reprodução registrada entre
maio e dezembro. Os machos vocalizam sozinhos
ou em grupos de dois a quatro indivíduos
dispersos. O ninho tem forma de semi-esfera,
construído em galhos horizontais.
Distribuição: Ocorrem do Suriname,
Guianas, Venezuela, Colômbia, Peru, Equador,
Bolívia e Brasil, onde possuem registros no
Amazonas, Acre, norte do Pará, Roraima e
Amapá.
Altitude: Até 900 m, ocasionalmente até
1.650 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Nara & Webber, 2002; Hilty, 2003;
Dunning Jr., 2008; Lima et al., 2010; Spaans et al.,
2015; Lopes et al., 2017; Wikiaves, 2019.
Campylopterus obscurus Gould, 1848
Nome popular: asa-de-sabre-de-cauda-
escura
Sinonímia recente: Campylopterus
largipennis obscurus
Habitat: Ocorrem em florestas e cerrado.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
florestas.
Distribuição: Ocorrem na Bolívia e Brasil,
onde possuem registros no Mato Grosso,
Rondônia, Pará, Tocantins, Maranhão e
Amazonas.
Fontes: Lopes et al., 2017; Pacheco et al., 2021.
Campylopterus calcirupicola Lopes, de
Vasconcelos & Gonzaga, 2017
Nome popular: asa-de-sabre-da-mata-seca
Comprimento: 13,9 cm.
Habitat: Ocorrem em florestas secas em
afloramentos rochosos.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Justicia; Bignoniaceae:
Spathodea; Bromeliaceae; Caricaceae: Carica;
Fabaceae: Camptosema, Delonix, Inga;
Lamiaceae: Salvia; Malvaceae: Malvaviscus.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil.
Reprodução: Possivelmente ocorre entre
maio e dezembro.
Distribuição: Ocorrem em Minas Gerais,
Goiás e Bahia.
Fontes: Lopes et al., 2017; Ramirez, 2019.
Campylopterus diamantinensis Ruschi, 1963
Nome popular: asa-de-sabre-do-espinhaço
Sinonímia recente: Campylopterus
largipennis diamantinensis
Habitat: Ocorrem em campos rupestres e
florestas secas.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil.
Distribuição: Ocorrem na Serra do
Espinhaço em Minas Gerais.
Altitude: 1.100 a 2.000 m.
Fontes: Lopes et al., 2017; Pacheco et al., 2021.
Campylopterus hyperythrus Cabanis, 1848
Nome popular: asa-de-sabre-canela
Comprimento: 10-13 cm.
Peso: 6,4 g.
Habitat: Ocorrem em bordas de floresta e
áreas arbustivas.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenos insetos.
Comportamento e observações:
Geralmente forrageiam nos estratos inferiores da
vegetação, mas ocasionalmente podem procurar
alimento no dossel. São territorialistas, tentando
agredir outros Trochilidae que entrem em seu
território. Porém, consta que não atacam
algumas espécies de aves que também se
alimentam de néctar, como Coereba flaveola.
Distribuição: Ocorrem na Guiana,
Venezuela e no Brasil, onde possui registros em
Roraima.
Altitude: 1.200 a 2.600 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty,
2003; Dunning Jr., 2008; Fogden et al., 2014; Wikiaves,
2019.
Campylopterus duidae Chapman, 1929
Nome popular: asa-de-sabre-de-peito-
camurça
Peso: 5-8 g.
Comprimento: 10-13 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
arbustivas.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenos insetos.
Visitam flores de: Asteraceae:
Gongylolepis; Gentianaceae: Macrocarpaea;
Sarraceniaceae: Heliamphora.
Comportamento e observações:
Forrageiam nos estratos inferiores e médios da
vegetação.
183
Distribuição: Ocorrem na Venezuela e no
Brasil, onde possuem registros nos estados de
Roraima e Amazonas.
Fontes: Renner, 1987; Hilty, 2003; Fogden et
al., 2014; Wikiaves, 2019.
Thalurania furcata (Gmelin, 1788)
Nome popular: beija-flor-tesoura-verde
Comprimento macho: 9,5-11 cm.
Comprimento fêmea: 8-9 cm.
Peso: 4,4 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
borda de floresta.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores das seguintes famílias e gêneros:
Acanthaceae: Geissomeria, Ruellia; Bignoniaceae:
Spathodea; Bromeliaceae: Aechmea; Cannaceae:
Canna; Clusiaceae: Symphonia; Combretaceae:
Combretum; Cucurbitaceae: Gurania; Fabaceae:
Bauhinia, Inga; Gesneriaceae: Seemannia;
Heliconiaceae: Heliconia; Loranthaceae:
Psittacanthus; Lythraceae: Cuphea; Malvaceae:
Abutilon, Ceiba, Helicteres, Luehea; Rubiaceae:
Hamelia, Manettia, Palicourea, Pogonopus,
Psychotria; Sapindaceae: Serjania; Vochysiaceae:
Qualea.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos, em geral permanecem nos
estratos inferiores e médio do interior de áreas
florestais. Os machos costumam ser
territorialistas e agressivos na defesa de seu
território e arbustos com flores que ofertem
néctar. As fêmeas são menos territorialistas, se
alimentam mais de forma trapline ou tentando se
infiltrar em territórios que possuam flores com
néctar. Eventualmente ambos os sexos podem
visitar copas de árvores que estejam florindo.
Reprodução: Reprodução registrada entre
janeiro, março, junho e setembro. O ninho é uma
semi-esfera, feito de paina e forrado
externamente com alguns pedaços de liquens e
outras fibras vegetais, presos com teias de
aranha. Colocam dois ovos. Os filhotes deixam o
ninho 21 dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem do México à Bolívia,
Paraguai, Argentina e em quase todo o Brasil.
Altitude: Até 1.700 m.
Fontes: Buzato et al., 1994; Amaya Márquez et
al., 2001; Hilty & Brown, 2001; Nara & Webber, 2002;
Hilty, 2003; Valente, 2004; Alves et al., 2005; Andrade
& Franchin, 2007; Santos et al., 2008; Cestari, 2009;
Camargo et al., 2011; Lírio et al., 2011; Melazzo &
Oliveira, 2012; Rodrigues & Araujo, 2011; Fileto-Dias &
Araujo, 2012; Matias & Consolaro, 2015; Spaans et al.,
2015; Caranha, 2015; Silva, 2015; Previatto et al.,
2016; Araújo et al., 2018; Wikiaves, 2019; Guilherme &
Lima, 2020.
Thalurania watertonii (Bourcier, 1847)
Nome popular: beija-flor-de-costas-violeta
Comprimento: 9-13 cm.
Peso: 4,6 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
bordas de floresta e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, e.g. Bromeliaceae: Canistrum. Também de
pequenos insetos.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil.
Reprodução: Reprodução registrada em
março. O ninho é uma semi-esfera, feito de paina
e forrado com musgos, liquens e folhas secas,
presos com teias de aranha.
Distribuição: Ocorrem no Alagoas,
Pernambuco e Sergipe.
Altitude: Até 700 m, eventualmente mais.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Siqueira
Filho & Machado, 2001; Dunning Jr., 2008; Cestari,
2009; Fogden et al., 2014; Jones, 2014; Piacentini et
al., 2015; Wikiaves, 2019.
Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788)
Nome popular: beija-flor-de-fronte-violeta
Comprimento: 8-11 cm.
Peso: 4,8 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de floresta, capoeiras e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de insetos.
Dentre os insetos consomem: borboletas e
mariposas Lepidoptera; moscas e mosquitos
Diptera.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Geissomeria, Jacobinia,
Justicia, Mendoncia, Odontonema,
Stenostephanus, Thunbergia; Alstroemeriaceae:
Bomarea; Amaryllidaceae: Hippeastrum;
Balsaminaceae: Impatiens; Bignoniaceae:
Pyrostegia, Tabebuia; Bombacaceae: Chorisia,
Eriotheca, Spirotheca; Bromeliaceae: Aechmea,
Ananas, Billbergia, Bromelia, Canistropsis,
Canistrum, Neoregelia, Pitcairnia, Quesnelia,
Tillandsia, Vriesea, Wittrockia; Cactaceae:
Rhipsalis; Combretaceae: Combretum; Fabaceae:
Dahlstedtia, Erythrina, Inga; Gesneriaceae:
Besleria, Nematanthus, Sinningia; Heliconiaceae:
Heliconia; Loranthaceae: Psittacanthus;
Malvaceae: Abutilon, Hibiscus, Malvaviscus;
Marantaceae: Calathea; Marcgraviaceae:
184
Marcgravia, Schwartzia; Melastomataceae:
Tibouchina; Myrtaceae: Eucalyptus; Onagraceae:
Fuchsia; Orchidaceae: Elleanthus, Sacoila;
Rosaceae: Prunus; Rubiaceae: Manettia,
Palicourea, Psychotria; Solanaceae: Acnistus;
Verbenaceae: Lantana, Vitex; Vochysiaceae:
Qualea, Vochysia.
Predadores: morcego Tonatia bidens.
Reprodução: Reprodução registrada entre
agosto e janeiro. Realizam comportamento de
corte, a fêmea fica pousada e o macho voa ao seu
redor, de forma semicircular, exibindo as penas
iridescentes da fronte (vértice) e do peito.
O ninho tem forma de uma semi-esfera,
construído com paina presa com teias de aranha
e coberto na parte externa com liquens, musgos
e fibras vegetais. Colocam dois ovos. A incubação,
realizada apenas pela fêmea, dura 13 a 15 dias e
os filhotes deixam o ninho 20 dias após a eclosão.
A construção do ninho, incubação e os cuidados
com os filhotes são realizados pela fêmea.
Distribuição: Ocorrem no Paraguai,
Argentina e Brasil, onde possuem registros do Rio
Grande do Sul ao Sergipe e Mato Grosso do Sul.
Altitude: Até 1.200 m.
Fontes: Martuscelli, 1995; Stotz et al., 1996;
Sick, 1997; Passos & Sazima, 1995; Martin-Gajardo &
Freitas, 1999; Varassin & Sazima, 2000; Singer &
Sazima, 2000; Buzato et al., 2000; Souza, 2001; Castro
& Araújo, 2004; Abreu & Vieira, 2004; Alves et al.,
2005; Canela & Sazima, 2005; Canela, 2006; Machado
& Semir, 2006; Piacentini & Varassin, 2007; Almeida et
al., 2007; Capucho et al., 2007; Dunning Jr., 2008;
Rocca & Sazima, 2008; Cestari, 2009; Cunha et al.,
2009; Novaes & Rodrigues, 2009; Lima et al., 2010;
Silva et al., 2010; Lírio et al., 2011; Missagia & Verçoza,
2011; Varassin & Sazima, 2012; Nolasco et al., 2013;
Missagia et al., 2014; Missagia & Verçoza, 2014;
Pereira, 2014; Parrini, 2015; Nunes et al., 2016; Matias
& Consolaro, 2015; Melo, 2015; Fonseca et al., 2016;
de la Peña, 2016; Marcon & Vieira, 2017; Wikiaves,
2019; de la Peña, 2019; Aximoff et al., 2020.
Eupetomena macroura (Gmelin, 1788)
Nome popular: beija-flor-tesoura
Comprimento: 15-18 cm.
Peso: 9 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
bordas de floresta, áreas abertas com árvores
dispersas e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenas aranhas e insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Odontonema, Ruellia;
Anacardiaceae: Mangifera; Apocynaceae:
Mandevilla; Asteraceae: Stiffitia; Bignoniaceae:
Arrabidaea, Hadroanthus, Lundia, Setilobus,
Pyrostegia, Spathodea, Tabebuia, Zeyheria;
Bombacaceae; Bombax, Chorisia; Bromeliaceae:
Bromelia, Encholirium, Hohenbergia, Vriesea;
Cactaceae: Cipocereus, Pilosocereus, Melocactus,
Opuntia, Tacinga; Caricaceae; Jacaratia;
Combretaceae: Combretum; Cucurbitaceae:
Psiguria; Euphorbiaceae: Cnidoscolus, Codiaeum,
Jatropha; Fabaceae: Bauhinia, Camptosema,
Canavalia, Collaea, Erythrina, Hymenaea, Inga,
Mimosa; Gentiniaceae: Prepusa; Gesneriaceae:
Sinningia; Heliconiaceae: Heliconia; Lamiaceae:
Clerodendrum; Loranthaceae: Psittacanthus;
Lythraceae: Cuphea; Malvaceae: Ceiba,
Helicteres, Hibiscus, Malvaviscus, Melochia;
Marcgraviaceae: Schwartzia; Myrtaceae:
Callistemon, Eucalyptus, Psidium; Nyctaginaceae:
Bougainvillea; Onagraceae: Fuchsia;
Passifloraceae: Passiflora; Plumbaginaceae:
Plumbago; Poligonaceae: Triplaris; Rubiaceae:
Palicourea; Tiliaceae: Luehea; Urticaceae:
Cecropia; Verbenaceae: Vitex.
Comportamento e observações: São
bastante agressivos com outros Trochilidae para
defender seu território. Há um curioso registro de
comportamento anômalo nesta espécie, em que
um casal foi observado alimentando durante
vários dias ninhegos de sabiá-barranco (Turdus
leucomelas), talvez por terem perdido sua
ninhada e assim transferido seu comportamento
para o ninho de T. leucomelas.
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de quase todo o ano, variando conforme a
região. O ninho tem forma de semi-esfera,
construído com folhas secas, liquens e teias de
aranha. Podem roubar materiais do ninho de
outras aves. A fêmea constrói o ninho, realiza a
incubação e cuida dos filhotes. Colocam um a
dois ovos. A incubação dura 15 a 16 dias e após a
eclosão os filhotes permanecem no ninho por
mais 22 a 35 dias, variando conforme a oferta de
alimentos aos filhotes. Continuam a receber
cuidados da fêmea por mais alguns dias após
deixarem o ninho.
Distribuição: Ocorrem do Suriname e
Guianas à Bolívia, Paraguai e Brasil (exceto região
Amazônica). Sua ocorrência no sul do Brasil é
uma expansão de sua distribuição, no sentido
norte-sul, que tem ocorrido nos últimos anos.
Altitude: Até 1.800 m.
Fontes: Piratelli, 1993; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Oniki & Willis, 2000; Souza, 2001; Lopes et al.,
2002; Araujo & Sazima, 2003; Silva, 2003b; Antunes,
185
2003; Mendonça & Anjos, 2005; Longo & Fischer,
2006; Bittencourt Jr. & Semir, 2004; Colaço et al.,
2006; Lima, 2006; Leal et al., 2006; Straube et al.,
2006; Andrade & Franchin, 2007; Dunning Jr., 2008;
Demetrio, 2008; Coelho et al., 2008; Toledo &
Moreira, 2008; Machado, 2009; Cestari, 2009; Guedes
et al., 2009; Missagia & Verçoza, 2011; Lírio et al.,
2011; Melazzo & Oliveira, 2012; Melo et al., 2012;
Moreira & Machado, 2012; Oliveira et al., 2012; Las-
Casas et al., 2012; Machado, 2014; Missagia &
Verçoza, 2014; Fogden et al., 2014; Matias &
Consolaro, 2015; Spaans et al., 2015; Parrini, 2015;
Fonseca et al., 2015; Gelvez-Zuñiga et al., 2016;
Previatto et al., 2016; Marcon, 2016; de la Peña, 2016;
Marcon & Vieira, 2017; Araújo et al., 2018; Ribeiro et
al., 2018; Wikiaves, 2019.
Aphantochroa cirrochloris (Vieillot, 1818)
Nome popular: beija-flor-cinza
Sinonímias recentes: Eupetomena
cirrochloris, Campylopterus cirrochloris
Comprimento: 11-12 cm.
Peso: 7,7 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
capoeiras e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Ruellia, Stenostephanus;
Bromeliaceae: Aechmea, Canistrum; Caricaceae:
Jacaratia; Combretaceae: Combretum; Fabaceae:
Erythrina, Inga; Malvaceae: Hibiscus,
Malvaviscus; Marcgraviaceae: Schwartzia;
Musaceae: Musa; Myrtaceae: Eucalyptus;
Onagraceae: Fuchsia; Rubiaceae: Palicourea;
Tiliaceae: Luehea.
Comportamento e observações: Podem se
comportar de forma territorialista próximo de
algumas flores. Os machos realizam leks (arenas)
onde emitem vocalizações, enquanto
movimentam suas caudas.
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e janeiro. O ninho é uma semi-esfera
construído pela fêmea, com paina, pequenas
folhas secas e liquens, presos com teias de
aranha. Colocam dois ovos. A incubação dura 15
a 16 dias e os filhotes deixam o ninho 28 dias
após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem do Rio Grande do
Sul à Paraíba, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas
Gerais, também na Argentina.
Altitude: Até 800 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Varassin &
Sazima, 2000; Antunes, 2003; Capucho et al., 2007;
Dunning Jr., 2008; Koschnitzke et al., 2009; Cestari,
2009; Cunha et al., 2009; Novaes & Rodrigues, 2009;
Vargas, 2010; Lírio et al., 2011; Varassin & Sazima,
2012; Miranda, 2013; Marques, 2013; Fogden et al.,
2014; Matias & Consolaro, 2015; Parrini, 2015; de la
Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Thalaphorus chlorocercus (Gould, 1866)
Nome popular: beija-flor-pintado
Sinonímia recente: Leucippus chlorocercus
Comprimento: 10-11 cm.
Peso: 3,7-5,3 g.
Habitat: Ocorrem em ilhas fluviais e
florestas ripárias de grandes rios amazônicos.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também pequenos insetos.
Comportamento e observações: Desloca-
se sozinhos, são territoriais e agressivos com
outros Trochilidae. Forrageiam nos diferentes
estratos da vegetação.
Reprodução: O ninho tem forma de semi-
esfera. A incubação dura 14 a 15 dias e os filhotes
deixam o ninho 20 dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem no Equador, Peru e
Brasil, onde possuem registros no Amazonas.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008; Fogden et
al., 2014; Wikiaves, 2019.
Saucerottia viridigaster (Bourcier, 1843)
Nome popular: beija-flor-de-barriga-verde
Sinonímia recente: Amazilia viridigaster
Comprimento: 8-10 cm.
Peso: 3,3-5 g.
Habitat: Ocorrem em bordas de mata e
áreas abertas com árvores dispersas.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Comportamento e observações: A
subespécies que ocorre no Brasil, Amazilia
viridigaster cupreicauda é por vezes considerada
como espécie separada, A. cupreicauda.
Deslocam-se sozinhos e são territorialistas, mas
pode se reunir com outros Trochilidae em árvores
floridas de Inga e Erythrina.
Reprodução: Reprodução registrada entre
outubro e fevereiro. O ninho é uma semi-esfera
feita de paina, forrado externamente com
musgos e liquens. Colocam dois ovos.
Distribuição: Ocorrem na Colômbia,
Venezuela, Suriname e Brasil, no estado de
Roraima.
Altitude: Até 2.100 m.
186
Fontes: Snow & Snow, 1974; Stotz et al., 1996;
Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning
Jr., 2008; Fogden et al., 2014; Spaans et al., 2015;
Wikiaves, 2019.
Chrysuronia versicolor (Vieillot, 1818)
Nome popular: beija-flor-de-banda-branca
Sinonímias recentes: Amazilia versicolor,
Agyrtria versicolor
Comprimento: 8-10 cm.
Peso: 4,1 g.
Habitat: Ocorrem em capoeiras, borda de
mata, matas de galeria e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Harpochilus, Ruellia;
Bignoniaceae: Tabebuia; Bromeliaceae: Aechmea,
Dyckia, Hohenbergia, Tillandsia, Vriesea,
Wittrockia; Caricaceae: Carica, Jacaratia;
Combretaceae: Combretum; Fabaceae: Bauhinia,
Calliandra, Erythrina, Inga, Schizolobium;
Gentianaceae: Prepusa; Gesneriaceae:
Nematanthus, Seemannia; Malvaceae: Hibiscus,
Malvaviscus; Marantaceae: Stromanthe;
Marcgraviaceae: Schwartzia; Myrtaceae:
Callistemon, Eucalyptus; Onagraceae: Fuchsia;
Proteaceae: Greviilea; Solanaceae: Acnistus;
Verbenaceae: Lantana; Vochysiaceae: Vochysia.
Comportamento e observações: Em geral
territorialistas, mas em árvores em floração,
como Inga, Vochysia e Calliandra, pode se reunir
junto com outros Trochilidae. Forrageiam nos
diferentes estratos da vegetação.
Reprodução: Reprodução registrada entre
dezembro e fevereiro. O ninho tem forma de
semi-esfera, construído com paina, forrado
externamente com liquens e pequenas folhas,
unidos com teias de aranha. A incubação dura 14
dias e os filhotes deixam o ninho 20 a 26 dias
após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem do norte da América
do Sul até a Argentina e em quase todo o Brasil.
Altitudes: Até 900 m.
Fontes: Piratelli, 1993; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Antunes, 2003;
Mendonça & Anjos, 2005; Kaehler et al., 2005;
Machado & Semir, 2006; Marcon, 2016; Piacentini &
Varassin, 2007; Leite & Machado, 2007; Rufino et al.,
2008; Dunning Jr., 2008; Coelho et al., 2008; Cestari,
2009; Cunha et al., 2009; Novaes & Rodrigues, 2009;
Rogalski et al., 2009; Camargo et al., 2011; Lírio et al.,
2011; Fogden et al., 2014; Parrini, 2015; Matias &
Consolaro, 2015; de la Peña, 2016; Castellain, 2017;
Wikiaves, 2019. Aximoff et al., 2020.
Chrysuronia rondoniae (Ruschi, 1982)
Nome popular: beija-flor-de-cabeça-azul
Sinonímia recente: Amazilia rondoniae,
Chrysuronia versicolor rondoniae, Amazilia
versicolor rondoniae
Comprimento: 9-9,3 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
áreas abertas.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil.
Distribuição: Ocorrem no Mato Grosso e
Rondônia.
Fontes: Ruschi, 1982; Wikiaves, 2019.
Chrysuronia oenone (Lesson, 1832)
Nome popular: beija-flor-de-cauda-
dourada
Comprimento: 9-10 cm.
Peso: 4,3-6,3 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de florestas e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenos insetos.
Comportamento e observações: Muitos
indivíduos podem se reunir em árvores floridas
que produzem néctar. Nesses locais machos e
fêmeas procuram defender pequenos territórios,
agredindo outros Trochilidae. Fora desses locais
forrageiam sozinhos. Os machos são mais
territorialistas e as fêmeas em geral se alimentam
de forma trapline.
Reprodução: Machos vocalizam entre maio
e junho, sozinhos ou em pequenos grupos de
indivíduos dispersos.
Distribuição: Ocorrem da Venezuela e
Colômbia até a Bolívia. No Brasil possuem
registros no Amazonas e Acre.
Altitude: Até 1.650 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Fogden et
al., 2014; Wikiaves, 2019.
Chrysuronia brevirostris (Lesson, 1829)
Nome popular: beija-flor-de-bico-preto
Sinonímias recentes: Amazilia brevirostris,
Agyrtria brevirostris, Amazilia chionopectus
Comprimento: 9-10 cm.
Peso: 4,3 g.
Habitat: Ocorrem em bordas de
manguezais, florestas, bordas de florestas, áreas
arbustivas e jardins.
187
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenos insetos.
Visitam flores de: Bromeliaceae: Aechmea,
Vriesea.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos, forrageiam nos diferentes
estratos da vegetação.
Reprodução: O ninho tem forma de semi-
esfera.
Distribuição: Ocorrem no Suriname e no
Brasil, onde possuem registros em Roraima.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Dunning Jr., 2008;
Cestari, 2009. Fogden et al., 2014; Spaans et al., 2015;
Wikiaves, 2019.
Chrysuronia leucogaster (Gmelin, 1788)
Nome popular: beija-flor-de-barriga-
branca
Sinonímias recentes: Amazilia leucogaster,
Agyrtria leucogaster
Comprimento: 8,9-11 cm.
Peso: 3,9-5,4 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de floresta, manguezais e formações
vegetais costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores.
Visitam flores de: Bromeliaceae:
Hohenbergia sp.; Heliconiaceae: Heliconia sp.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos e são territoriais. Em geral
forrageiam a baixa altura, eventualmente na copa
de árvores.
Reprodução: Reprodução registrada entre
janeiro e março. O ninho é uma semi-esfera, feito
de paina e podendo ter pedaços de liquens na
parte externa, preso em galhos a baixa altura em
árvores, geralmente sobre a água. Os filhotes
continuam a ser alimentados pela fêmea por mais
algum tempo após deixarem o ninho.
Distribuição: Ocorrem na Venezuela,
Guianas, Suriname e no Brasil, nas áreas costeiras
do Amapá ao Espírito Santo.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty,
2003; Rufino et al., 2008; Dunning Jr., 2008; Cestari,
2009; Cruz et al., 2014; Fogden et al., 2014; Jones,
2014; Spaans et al., 2015; Albuquerque, 2015;
Furtado, 2017; Wikiaves, 2019.
Leucochloris albicollis (Vieillot, 1818)
Nome popular: beija-flor-de-papo-branco
Comprimento: 10-11,5 cm.
Peso: 6,3 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de florestas, capoeiras, áreas aberta com
árvores dispersas e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
florestas, também de pequenas aranhas e
insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Justicia, Mendoncia;
Amaryllidaceae: Hippeastrum; Asphodelaceae:
Phormium; Asteraceae: Mutisia, Stifftia;
Bignoniaceae: Campsis, Fridericia, Hadroathus,
Pyrostegia, Tabebuia; Bombaceae: Eriotheca,
Spirotheca; Brassicaceae: Brassica; Bromeliaceae:
Aechmea, Billbergia, Canistrum, Nidularium,
Quesnelia, Tillandsia, Vriesea, Wittrockia;
Campanulaceae: Lobelia, Siphocampylus;
Ericaceae: Rhododendron; Fabaceae: Acrocarpus,
Bauhinia, Calliandra, Camptosema, Collaea,
Erythrina, Inga; Gesneriaceae: Sinningia,
Vanhouttea; Lamiaceae: Salvia; Lauraceae:
Cinnamomum; Malvaceae: Abutilon, Althaea,
Hibiscus, Malvaviscus; Myrtaceae: Callistemon,
Eucalyptus; Passifloraceae: Passiflora;
Plantaginaceae: Russelia; Onagraceae: Fuchsia;
Orchidaceae: Sacoila; Proteaceae: Grevillea;
Rutaceae: Citrus; Scrophulariaceae: Buddleja,
Esterhazya; Solanaceae: Acnistus; Tropaeolaceae:
Tropaeolum; Verbenaceae: Lantana.
Comportamento e observações: São
territorialistas, na defesa de seus territórios
podem tentar enfrentar beija-flores maiores
como Florisuga fusca, podem enfrentá-los
pousado em um galho, abrindo as asas,
abaixando a cabeça e eriçando as penas brancas
do papo.
Reprodução: Reprodução registrada entre
outubro e março. O ninho tem uma forma de
semi-esfera, construído com paina e coberto na
parte externa com liquens. A incubação dura 14
dias e os filhotes deixam o ninho 20 a 25 dias
após a eclosão. A fêmea é responsável por
construir o ninho, incubar e cuidar dos filhotes.
Distribuição: Ocorrem na Bolívia, Paraguai,
Argentina, Uruguai e Brasil, onde possuem
registros do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo,
Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Altitude: Até 2.000 m, ocasionalmente
mais.
Fontes: Snow & Teixeira, 1982; Belton, 1984;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Varassin & Sazima, 2000;
Singer & Sazima, 2000; Buzato et al., 2000; Antunes,
2003; Mendonça & Anjos, 2005; SanMartin-Gajardo &
Sazima, 2005; Kaehler et al., 2005; Machado & Semir,
188
2006; Canela, 2006; Dunning Jr., 2008; Cestari, 2009;
Cunha et al., 2009; Novaes & Rodrigues, 2009;
Favretto et al., 2010; Varassin & Sazima, 2012; Fogden
et al., 2014; Matias & Consolaro, 2015; Parrini, 2015;
de la Peña, 2016; Marcon, 2016; Marcon & Vieira,
2017; Wikiaves, 2019; Aximoff et al., 2020.
Chionomesa fimbriata (Gmelin, 1788)
Nome popular: beija-flor-de-garganta-
verde
Sinonímias: Amazilia fimbriata, Polyerata
fimbriata
Comprimento: 8-12 cm.
Peso: 4,9 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de capoeira,
borda de florestas, áreas abertas com árvores
dispersas e restinga.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Geissomeria, Justicia,
Odontonema; Apocynaceae: Mandevilla;
Bignoniaceae Lundia, Spathodea, Zeyheria;
Bombacaceae: Chorisia; Bromeliaceae: Aechmea,
Bromelia, Hohenbergia, Neoregelia, Portea,
Quesnelia, Tillandsia, Vriesea; Cactaceae:
Melocactus; Combretaceae: Combretum;
Cucurbitaceae: Gurania; Ericaceae: Gaylussacia;
Fabaceae: Bauhinia, Dahlstedtia, Inga, Vatairea;
Heliconiaceae: Heliconia; Loranthaceae:
Psittacanthus; Lythraceae: Cuphea; Malvaceae:
Helicteres; Marantaceae: Saranthe;
Marcgraviaceae: Schwartzia; Passifloraceae:
Passiflora; Orchidaceae: Rodriguezia; Rubiaceae:
Palicourea; Solanaceae: Acnistus; Vochysiaceae:
Qualea.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos, em geral são territoriais e
agressivos, mas podem se reunir com outros
Trochilidae na copa de árvores floridas como
Inga, Erythrina e Vochysia. Podem forragear de
forma trapline.
Predadores: morcego Tonatia bidens.
Reprodução: Reprodução registrada entre
maio e janeiro. O ninho é uma semi-esfera, feito
de paina e coberto externamente com liquens.
Colocam dois ovos. A incubação dura 14 a 17 dias
e os filhotes permanecem no ninho por 18 a 22
dias após a eclosão. Após deixarem o ninho os
filhotes ainda recebem cuidados por mais 15 dias.
A fêmea constrói o ninho, incuba e cuida dos
filhotes.
Distribuição: Ocorrem do norte da América
do Sul à Bolívia e ao Paraguai, e em todo o Brasil.
Altitude: Até 800 m.
Fontes: Haveschmidt, 1952; Martuscelli, 1995;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Varassin & Sazima, 2000;
Buzato et al., 2000; Souza, 2001; Hilty & Brown, 2001;
Amaya Márquez et al., 2001; Lopes et al., 2002; Hilty,
2003; Abreu & Vieira, 2004; Bittencourt Jr. & Semir,
2004; Locatelli et al., 2004; Canela & Sazima, 2005;
Carvalho & Machado, 2006; Piacentini & Varassin,
2007; Andrade & Franchin, 2007; Dunning Jr., 2008;
Rufino et al., 2008; Cestari, 2009; Missagia & Verçoza,
2011; Araújo et al., 2011; Varassin & Sazima, 2012;
Melazzo & Oliveira, 2012; Missagia et al., 2014;
Fogden et al., 2014; Costa et al., 2014; Missagia &
Verçoza, 2014; Matias & Consolaro, 2015; Fonseca et
al., 2015; Spaans et al., 2015; Missagia & Alves, 2015;
Marcon & Vieira, 2017; Araújo et al., 2018; Ribeiro et
al., 2018; Wikiaves, 2019; Aximoff et al., 2020.
Chionomesa lactea (Lesson, 1832)
Nome popular: beija-flor-de-peito-azul
Sinonímias recentes: Amazilia lactea,
Polyerata lactea
Comprimento: 8-11 cm.
Peso: 4,6 g.
Habitat: Ocorrem em florestas, bordas de
floresta, capoeiras e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores das seguintes famílias e gêneros:
Acanthaceae: Anisacanthus, Geissomeria,
Mendoncia, Ruellia, Sanchezia; Apocynaceae:
Prestonia; Asteraceae: Stifftia; Bignoniaceae:
Setilobus, Pyrostegia, Piriadacus, Spathodea,
Tabebuia, Tecoma; Boraginaceae: Cordia;
Bromeliaceae: Acanthostachys, Aechmea,
Hohenbergia; Cactaceae: Melocactus; Caricaceae:
Carica, Jacaratia; Convolvulaceae: Jacquemontia;
Crassulaceae: Kalanchoe; Euphorbiaceae:
Euphorbia; Fabaceae: Bauhinia, Erythrina, Inga;
Gentianaceae: Prepusa; Lamiaceae: Hyptis;
Liliaceae: Agapanthus, Dracaena, Hemerocallis;
Lythraceae: Cuphea; Malvaceae: Hibiscus,
Malvaviscus, Pavonia; Meliaceae: Melia;
Mimosaceae: Calliandra; Myrtaceae: Eucalyptus;
Nictaginaceae: Bougainvillea; Onagraceae:
Fuchsia; Rutaceae: Citrus; Scrophulariaceae:
Russelia; Solanaceae: Acnistus; Sterculiaceae:
Helicteres; Verbenaceae: Petrea, Clerodendron,
Stachytarpheta.
Comportamento e observações: Os
machos são territorialistas. Dentre seus possíveis
predadores está a aranha Nephila clavipes tendo
em vista o encontro de exemplar de A. lactea
preso em suas teias, mas sem registro se a
aranha se alimentou do beija-flor.
189
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro e abril. O ninho tem forma de semi-
esfera, feito de paina e formado externamente
com liquens. Colocam dois ovos. Os filhotes
deixam o ninho 18 a 20 dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem na Venezuela, Peru,
Bolívia, Argentina e no Brasil, onde possuem
registros no Amazonas, Acre, Rondônia, Mato
Grosso e Goiás; e de Santa Catarina à Bahia.
Altitude: Até 900 m, ocasionalmente até
1.400 m.
Fontes: Snow & Teixeira, 1982; Piratelli, 1993;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Oniki et al., 2000;
Antunes, 2003; Hilty, 2003; Abreu & Vieira, 2004;
Mendonça & Anjos, 2005; Machado et al., 2007;
Dunning Jr., 2008; Machado, 2009; Cunha et al., 2009;
Cestari, 2009; Silva et al., 2014; Matias & Consolaro,
2015; de la Peña, 2016; Cultri, 2016; Oliveira, 2018;
Wikiaves, 2019; Nicolau et al., 2019; Aximoff et al.,
2020; Guilherme et al., 2020; Ribeiro, 2020.
Hylocharis sapphirina (Gmelin, 1788)
Nome popular: beija-flor-safira
Comprimento: 8-10 cm.
Peso: 4,4 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de floresta, áreas abertas com árvores
dispersas, manguezais e capoeiras.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenas aranhas e insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Ruellia; Bromeliaceae;
Clusiaceae: Symphonia; Fabaceae; Loranthaceae;
Myrtaceae; Passifloraceae; Proteaceae: Greviilea;
Rubiaceae; Rutaceae.
Comportamento e observações: São
territorialistas e agressivos, se deslocam
sozinhos, mas podem se reunir a outros
Trochilidae em árvores floridas.
Reprodução: Reprodução registrada em
setembro. O ninho tem forma de semi-esfera,
construído com fibras vegetais, coberto na parte
externa com liquens e preso em um galho
horizontal.
Distribuição: Ocorrem do norte da América
do Sul (Colômbia e Venezuela) até a Argentina.
No Brasil, possuem registros de São Paulo ao
Pernambuco, e também Amazonas, Pará, Mato
Grosso, Amapá e Roraima.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Hilty & Brown, 2001;
Hilty, 2003; Valente, 2004; Dunning Jr., 2008; Quental,
2009; Fogden et al., 2014; Matias & Consolaro, 2015;
Spaans et al., 2015; Lima, 2015; de la Peña, 2016;
Wikiaves, 2019.
Hylocharis chrysura (Shaw, 1812)
Nome popular: beija-flor-dourado
Comprimento: 8-10,5 cm.
Peso: 4,5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
bordas de floresta, capoeiras, florestas de galeria
e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Acanthaceae: Geissomeria, Justicia,
Lophostachys, Ruellia; Apiaceae: Eryngium;
Apocynaceae: Prestonia, Thevetia; Asteraceae:
Stifftia; Bignoniaceae: Arrabidaea, Cuspidaria,
Hadroanthus, Tabebuia, Tecoma, Spathodea;
Bombacaceae: Bombax, Chorisia; Boraginaceae:
Cordia; Bromeliaceae: Bromelia; Cucurbitaceae:
Psiguria; Ericaceae: Gaylussacia; Fabaceae:
Bauhinia, Calliandra, Camptosema, Centrosema,
Erythrina, Inga, Vigna; Gesneriaceae: Seemannia;
Lamiaceae: Salvia; Lauraceae: Cinnamomum;
Loranthaceae: Ligaria, Psittacanthus; Lythraceae:
Cuphea; Malvaceae: Ceiba, Helicteres, Hibiscus,
Malvaviscus, Melochia; Passifloraceae: Passiflora;
Rosaceae: Eriobotrya, Pyracantha; Rubiaceae:
Palicourea, Sabicea; Rutaceae: Citrus;
Sapindaceae: Paullinia; Solanaceae: Nicotiniana;
Theaceae; Camellia; Verbenaceae: Vitex.
Predadores: caburé (Glaucidium
brasilianum).
Reprodução: Reprodução registrada entre
setembro a dezembro. O ninho tem forma de
semi-esfera, é construído com material tipo paina
ou algodão, preso com teias de aranha, e coberto
na parte externa com liquens. Colocam dois ovos.
Distribuição: Ocorrem na Bolívia, Paraguai,
Argentina, Uruguai e Brasil, onde possuem
registros do Rio Grande do Sul até Minas Gerais,
Tocantins e Mato Grosso.
Altitude: Até 1.100 m.
Fontes: Belton, 1984; Stotz et al., 1996; Souza,
2001; Araujo & Sazima, 2003; Silva, 2003a; Silva,
2003b; Mendonça & Anjos, 2005; Longo & Fischer,
2006; Mendonça & Anjos, 2006; Dunning Jr., 2008;
Camargo et al., 2011; Araújo et al., 2011; Rodrigues &
Araujo, 2011; Fogden et al., 2014; Matias & Consolaro,
2015; Fracchia & Aranda-Rickert, 2015; Sazima, 2015;
Previatto et al., 2016; Marcon, 2016; de la Peña, 2016;
Wikiaves, 2019.
Elliotomyia chionogaster (Tschudi, 1845)
Nome popular: beija-flor-verde-e-branco
190
Sinonímias recentes: Amazilia
chionogaster, Leucippus chionogaster
Comprimento: 9-12 cm.
Peso do macho: 4,9-6,7 g.
Peso da fêmea: 4,6-5,2 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
áreas rurais, áreas abertas e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenos insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Asteraceae: Cnicothamnus;
Bignoniaceae: Tecoma; Bromeliaceae: Tillandsia;
Fabaceae: Erythrina; Loranthaceae: Ligaria;
Myrtaceae: Eucalyptus; Solanaceae: Cestrum.
Comportamento e observações:
Forrageiam em diferentes estratos da vegetação.
Reprodução: Reprodução registrada entre
agosto e fevereiro. O ninho tem forma de semi-
esfera e é construído de matéria vegetal macia,
presa com teia de aranha, e coberto na parte
externa com liquens. Colocam dois ovos e a
incubação dura 14 a 15 dias. Os filhotes deixam o
ninho 19 a 22 dias após a eclosão, mas continuam
a ser alimentados pela fêmea por mais vários dias
após deixarem o ninho.
Distribuição: Ocorrem do Peru à Argentina
e no Brasil, onde possuem registros nos estados
do Mato Grosso e Rondônia.
Altitude: Até 2.800 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Etcheverry & Alemán, 2005; Dunning Jr., 2008; Fogden
et al., 2014; Fracchia & Aranda-Rickert, 2015; de la
Peña, 2016; de la Peña, 2019; Mendonça et al., 2019;
Wikiaves, 2019.
Chlorestes cyanus (Vieillot, 1818)
Nome popular: beija-flor-roxo
Sinonímia recente: Hylocharis cyanus
Comprimento: 8-11 cm.
Peso: 3,3 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
borda de floresta, capoeira e florestas de galeria.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores, também de pequenas aranhas e insetos.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Bromeliaceae: Aechmea, Quesnelia;
Clusiaceae: Symphonia; Marantaceae: Calathea;
Marcgraviaceae: Schwartzia; Myrtaceae:
Eucalyptus.
Comportamento e observações: Podem
ocorrer junto de outros Trochilidae em árvores
floridas com néctar, nesses locais procuram
defender uma pequena área como sendo seu
território.
Reprodução: Reprodução registrada em
julho. Os machos podem formar grupos de
indivíduos dispersos para vocalizar. O ninho tem
forma de semi-esfera, construído com fibras
vegetais e liquens, presas com teia de aranha.
Distribuição: Ocorrem do norte da América
do Sul (Colômbia e Venezuela) até a Argentina e
em quase todo o Brasil.
Altitude: Até 1.000 m, ocasionalmente até
1,750 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Buzato et
al., 2000; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Antunes,
2003; Valente, 2004; Dunning Jr., 2008; Cestari, 2009;
Nolasco et al., 2013; Fogden et al., 2014; Spaans et al.,
2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Chlorestes notata (Reich, 1793)
Nome popular: beija-flor-de-garganta-azul
Sinonímia recente: Chlorostilbon notatus
Comprimento: 7-9 cm.
Peso: 4,2 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
bordas de floresta, capoeiras e jardins.
Alimentação: Alimentam-se de néctar de
flores. Também podem ingerir suco de Mutingia
furando a casca do fruto.
Visitam flores das seguintes famílias e
gêneros: Bromeliaceae: Ananas, Bromelia,
Hohenbergia; Clusiaceae: Symphonia;
Heliconiaceae: Heliconia; Malvaceae: Hibiscus,
Malvaviscus; Myrtaceae: Syzygium.
Comportamento e observações: Em geral
solitários, os machos são territorialistas. Podem
tomar banho em água acumulada sobre grandes
folhas, passando o corpo sobre a água e
limpando-se.
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de quase todo o ano, preferencialmente na
estação chuvosa. O ninho, construído pela fêmea,
tem forma de uma semi-esfera funda, feito de
matéria vegetal, forrado internamente com
paina, sementes endocóricas e outros materiais;
e na parte externa com liquens e preso em um
galho horizontal.
Podem reusar o mesmo ninho mais de uma
vez ou aproveitar seu material para novo vinho.
As fêmeas defendem a área próxima ao ninho.
Colocam dois ovos. É possível que a incubação
dure entre 14 e 15 dias. Os filhotes deixam o
ninho 19 dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem nas Guianas,
Suriname, Venezuela, Colômbia, Peru e Brasil,
onde possuem registros nas regiões Norte,
Centro-Oeste, Nordeste e no Espírito Santo.
191
Altitude: Até 1.000 m.
Fontes: Carvalho, 1958; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Valente, 2004;
Rufino et al., 2008; Dunning Jr., 2008; Novaes &
Rodrigues, 2009; Ruschi, 2014; Fogden et al., 2014;
Spaans et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Lophornis ornatus
Phaethornis eurynome
192
Ordem Opisthocomiformes
Família Opisthocomidae
Família composta por aves conhecidas
popularmente como ciganas. Os fósseis mais
antigos de Opisthocomiformes datam de final do
Eoceno (entre 38 e 34 milhões de anos atrás), do
gênero Protoazin. Em períodos posteriores
(Oligoceno e Mioceno) ainda existiram outras
espécies inclusas nos gêneros Namibiavis e
Hoazinavis.
Opisthocomus hoazin (Statius Muller, 1776)
Nome popular: cigana
Comprimento: 61-66 cm.
Peso: 696 g.
Habitat: Ocorrem em florestas ripárias,
tanto de rios quanto de áreas pantanosas. Na
área costeira das Guianas ocorrem em
manguezais.
Alimentação: São herbívoros, se
alimentam de folhas e flores, preferindo folhas
novas e brotos. Possuem um sistema digestório
bem desenvolvido e adaptado a abrigar bactérias
para realizar a fermentação deste alimento e
assim maximizar a digestão e disponibilidade de
nutrientes. Tratando-se de um papo extra-
torácico que representa aproximadamente 13%
do peso da ave.
As bactérias simbiontes presentes no papo
são em sua maioria gram-negativas anaeróbias.
Dentre as bactérias registradas em seu papo
estão os gêneros: Bacteroides, Clostridium,
Fusobacterium, Peptostreptococcus, Veillonella.
Consomem até mesmo folhas de vegetais
que possuem metabólitos secundários com certa
toxicidade, como, por exemplo, taninos,
alcaloides, saponinas e fenois.
Dentre os vegetais consomem espécies dos
seguintes gêneros: Acacia, Acalypha, Albizzia,
Annona, Bambusa, Bauhinia, Byttnerria,
Cauropita, Cecropia, Celtis, Cissus, Coccoloba,
Combretum, Coussapoa, Dalbergia, Entada,
Fevillea, Ficus, Gouania, Guazuma, Hibiscus, Inga,
Ipomoea, Jacaratia, Lonchocarpus, Luffa, Lundia,
Malmea, Margaritaria, Mikania, Myrtus,
Nectandra, Odontocarya, Panicum, Paragonia,
Paulinia, Pithecellobium, Pleurothyrium, Protium,
Sapium, Serjania, Smillax, Stigmaphyllum, Trema,
Trichilia, Zanthoxyllum.
Comportamento e observações: São
territoriais, os territórios são definidos na estação
reprodutiva, época das chuvas. Quando não
estão em atividades reprodutivas passam 70 a
80% de seu dia descansando, o resto de seu
tempo é gasto procurando alimento ou
defendendo território. O forrageio ocorre
principalmente no começo da manhã e final da
tarde, mas também se alimentam à noite. Podem
tomar água em córregos, empoleirando-se logo
acima da água ou descendo em suas margens.
Realizam comportamentos ritualizados de
exibição para defesa do território, também
podem usar vocalizações, perseguição e lutas
aéreas. Para defesa do território realizam cópulas
simuladas do casal e até de outros membros do
grupo. Socializam com os demais indivíduos
realizando comportamento de limpeza.
Fora do período reprodutivo abandonam
os territórios e formam bandos de até 100
indivíduos. Porém, territórios que garantem alto
sucesso reprodutivo são defendidos ao longo de
todo o ano.
Predadores: macaco-prego (Cebus
olivaceus), irara (Eira barbara), falcão-relógio
(Micrastur semitorquatus), gavião-belo
(Busarellus nigricollis), gambá (Didelphis
marsupialis), furão-grande (Galictis vittata), mão-
pelada (Procyon cancrivorus), jaguatirica
(Leopardus pardalis).
Reprodução: Reprodução registrada entre
maio e novembro. São territoriais e se
reproduzem em colônias. As unidades
reprodutoras são compostas pelo casal
reprodutor monogâmico e até seis auxiliares não-
reprodutores que são prole do ano anterior.
Sendo que 90% da prole permanece durante
algum período no território dos pais auxiliando-
os. Em geral as fêmeas da prole se dispersam
para outros bandos. Ambos os sexos auxiliam nos
cuidados com ninho, ovos e filhotes.
O ninho é uma plataforma construída com
galhos e matéria vegetal, quase sempre sobre a
água e pode ser usado por mais de um ano
seguido. Colocam um a sete ovos, em dias
alternados. A incubação dura 28 a 34 dias. Com
quatro a seis dias de idade os filhotes já podem
realizar seu comportamento de defesa em caso
193
de tentativa de predação do ninho. Eles pulam
dentro da água e podem mergulhar e nadar.
Após, usam garras presentes em suas asas (no
que seriam seus polegares e nas extremidades
das asas) para auxiliá-los a escalar a árvore de
volta para o ninho. Os filhotes são alimentados
por matéria regurgitada pelos adultos por dois
meses.
Distribuição: Ocorrem na Colômbia,
Venezuela, Guianas, Suriname, Equador, Peru,
Bolívia e Brasil, onde possuem registros na região
Norte, também nos estados de Mato Grosso,
Goiás, Tocantins e Maranhão.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Torres, 1987; Strahl, 1988; Domínguez-
Bello et al., 1993; Domínguez-Bello et al., 1994; Stotz
et al., 1996; Sick, 1997; Bosque, 2002; Hilty, 2003;
Müllner, 2004; Dunning Jr., 2008; Mayr et al., 2011;
Mayr & Pietri, 2014; Wikiaves, 2019.
Opisthocomus hoazin
Detalhe das garras nas asas do
filhote de Opisthocomus hoazin.
194
Ordem Gruiformes
Família Aramidae
Família composta por apenas uma espécie.
Os fósseis mais antigos, que possivelmente
pertencem à Aramidae, datam do Oligoceno
(entre 34 e 23 milhões de anos atrás), dos gêneros
Badistornis e Loncornis, porém possuem uma
classificação bastante incerta.
Aramus guarauna (Linnaeus, 1766)
Nome popular: carão
Comprimento: 60-70 cm.
Peso: 900-1420 g.
Habitat: Ocorrem em áreas pantanosas com
arbustos e árvores, campos alagados. Margens
pantanosas de lagos e rios lentos.
Alimentação: Alimentam-se quase que
exclusivamente de moluscos aquáticos
(gastrópodes e bivalves), crustáceos (Isopoda),
insetos, anelídeos, pequenos répteis, anfíbios e,
em pequenas quantidades, sementes de plantas.
Dentre os moluscos consomem: Bivalvia:
Lampsilis; Gastropoda: Ampullaria, Campeloma,
Liggus, Marisa, Natica, Pomacea, Zachrysia.
Dentre os insetos consomem: besouro
Coleoptera: Carabidae, Curculionidae,
Scarabaeidae; percevejos e baratas-d’água
Hemiptera: Notonectidae, Belostomatidae.
Dentre as sementes consomem de plantas
dos seguintes gêneros: Ambrosia, Cephalanthus,
Myrica, Polygonum.
Comportamento e observações:
Descansam em arbustos ou na copa de árvores
mortas. Deslocam-se sozinhos, em casais ou em
pequenos bandos. Podem nadar bem. Capturam
suas presas por busca visual ou revirando o lodo
com seu longo bico. Retiram os caramujos de sua
concha e a abandonam vazia. Podem defender
territórios que usam ao longo de vários anos.
Podem viver até 12 anos.
Predadores: teiú (Salvator merianae),
gavião-carijó (Rupornis magnirostris), carcará
(Caracara plancus), sucuri (Eunectes notaeus),
aligátor americano (Alligator mississippiensis).
Reprodução: Reprodução registrada de
junho a fevereiro na Argentina e ao longo de todo
ano em latitudes equatoriais. Constroem o ninho
no solo em meio à vegetação densa ou em
arbustos e árvores, próximo da água. Construído
de galhos e gravetos, revestidos com folhas secas;
podem usar o mesmo ninho mais de uma vez.
Colocam dois a oito ovos, a postura ocorre
em dias sucessivos ou alternados. A incubação
dura de 25 a 28 dias. Ambos os adultos participam
da construção do ninho, da incubação e cuidam
dos filhotes. Os filhotes são precociais e 45 dias
após a eclosão os filhotes já podem voar curtas
distâncias e procurar seu próprio alimento.
Distribuição: Ocorrem da Flórida e México à
Bolívia e Argentina. Em todos os estados do Brasil.
Altitude: Até aproximadamente 900 m.
Fontes: Aravena, 1928; Zotta, 1934; Cottam,
1936; Walkinshaw, 1982; Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Strüssmann, 1997 in Hipolito & Sazima, 2018;
Armistead, 2001b; Freedman, 2002; Bryan, 2002 in
Hipolito & Sazima, 2018; Di Giacomo, 2005; Waller et
al., 2007 in de la Peña, 2016; Dunning Jr., 2008; Morici
et al., 2008 in de la Peña, 2016; Mayr, 2009; Morici,
2010; de la Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2016;
Borroto-Páez & Pérez, 2015; de la Peña, 2016; Pagano
& Salvador, 2017; Salvador, 2017; Hipolito & Sazima,
2018; Wikiaves, 2019.
195
Aramus guarauna
196
Família Psophiidae
Família composta por aves conhecidas
popularmente como jacamins.
Comportamento e alimentação
Ocorrem em áreas florestais,
preferencialmente com sub-bosque aberto para
facilitar seu deslocamento. Mas podem ocorrer
desde florestas densas até áreas pantanosas.
Dependem muito de árvores com frutos maduros,
apanham os frutos que caem no chão, sobem nas
árvores para dormir à noite. Também procuram
árvores com ocos para construção do ninho.
Dependem de macacos e aves maiores para
sua alimentação, como são voadores fracos,
andam pelo chão da floresta alimentando-se de
frutos que são deixados cair por estes outros
animais. Também consomem invertebrados.
Andam em grupos e estão socialmente
estruturados em uma poliandria colaborativa.
Uma fêmea dominante se reproduz com diversos
machos dominantes, mas todos os membros do
grupo auxiliam nos cuidados e criação dos filhotes.
Esse comportamento se deve ao fato de essas
aves terem de defender grandes territórios para
conseguir obter alimento durante os períodos de
estações secas. Para cuidar desse território amplo,
as fêmeas devem atrair diversos machos.
Diariamente antes de iniciarem a busca por
alimentos, realizam comportamentos de
socialização com os demais membros do bando, e
demonstrando respeito aos indivíduos
dominantes, agachando-se e abrindo as asas.
Como chimpanzés, realizam comportamento de
limpar um ao outro durante os períodos de
socialização. Podem também fornecer alimentos
uns para os outros. Se estão alimentados e com
tempo sobrando podem também “brincar” de
luta. Após a socialização dividem-se em bandos
menores e realizam as buscas por seus alimentos.
Quando algum grupo invade o território de
outro, os donos do território se deslocam até os
invasores sem fazer barulho, quando chegam
onde eles estão, produzem fortes vocalizações. Os
defensores pulam no ar e chutam seus rivais,
batendo as asas e bicando-os. Após a noite,
continuam defendendo seu território, vocalizando
a cada quatro horas aproximadamente.
Os machos dominantes competem entre si
para realizar a cópula com a fêmea dominante.
Para intimidar rivais, correm e pulam em círculos
pelo chão. Abaixam o pescoço e levantam as asas
jogando o "manto" (asas e plumagem dorsal) para
cima, parte do corpo com plumas longas e
coloridas. Colocam três ovos, os machos e a fêmea
dominante incubam na maior parte do tempo,
mas os subordinados também auxiliam. Incubação
dura 27 a 28 dias.
Fontes: Sick, 1997; Knopper, 2002.
Psophia napensis Sclater & Salvin, 1873
Nome popular: jacamim-do-napo
Sinonímia recente: Psophia crepitans
napensis
Comprimento: 46-52 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
florestas ripárias.
Alimentação: Alimentam-se de frutas e
invertebrados.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em bandos de 20 a 30 indivíduos. Movem-se
pelo solo e se empoleiram para se proteger e para
repousar. São lentos em voo.
Distribuição: Ocorrem ao norte do Alto
Amazonas, no Brasil, Colômbia, Equador e Peru.
Fontes: Dugand & Borreor, 1946; Schulenberg et
al., 2007; Ribas et al., 2012; Greeney et al., 2018.
Psophia crepitans Linnaeus, 1758
Nome popular: jacamim-de-costas-
cinzentas
Comprimento: 45-56 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de frutas e
invertebrados.
Consomem frutas de plantas das seguintes
famílias e gêneros: Annonaceae: Xylopia;
Arecaceae: Bactris, Euterpe, Geonoma,
Oenocarpus; Burseraceae: Protium, Tetragastris,
Trattinickia; Cucurbitaceae: Cayaponia;
Euphorbiaceae: Hyeronima, Margaritaria;
Flacourtiaceae: Laetia; Humiriaceae: Humiria;
Lauraceae: Ocotea; Liliaceae: Smilax;
Malpighiaceae: Byrsonima; Marcgraviaceae:
Marcgravia; Melastomataceae: Miconia;
Meliaceae: Guarea, Trichilia; Moraceae: Ficus,
Heliocostylis; Myrsinaceae: Ardisia; Myrtaceae:
Eugenia, Stylogyne; Rubiaceae: Faramea,
197
Guettarda, Psychotria; Sapindaceae: Paullinia;
Urticaceae: Coussapoa; Zingiberaceae: Renealmia.
Comportamento e observações: Espécie
terrestre e social, deslocam-se em bandos de
dezenas de indivíduos. Descansam em árvores e
podem ser ativos durante a noite. Forrageiam no
solo e ao serem assustados voam para galhos.
Reprodução: Reprodução registrada de
fevereiro a abril. O comportamento de corte inclui
saltos e bater de asas. Os machos podem pegar
um pedaço de casca ou folha e jogá-los no ar, para
então, enquanto caem no chão, acertá-los com
força com as patas e o bico. Também podem
limpar um ao outro, como parte da corte.
O ninho fica em cavidades em árvores.
Colocam três ovos. A incubação dos ovos dura
aproximadamente 28 dias. Machos e fêmeas
auxiliam nos cuidados com os filhotes.
Distribuição: Ocorrem ao norte dos rios
Amazonas e Negro até a Venezuela, Suriname e
Guianas.
Altitude: Até 700 m.
Fontes: Horning et al., 1988; Erard et al., 1991;
Stotz et al., 1996; Sick, 1997; De Mercey & Théry, 1999;
Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Erard et al., 2007;
Ribas et al., 2012; Wikiaves, 2019.
Psophia ochroptera Pelzeln, 1857
Nome popular: jacamim-de-costas-
amarelas
Sinonímia recente: Psophia crepitans
ochroptera
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de frutos e
invertebrados.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil.
Distribuição: Ocorrem no estado do
Amazonas, entre o Rio Negro e o Rio Amazonas.
Fontes: Ribas et al., 2012; Piacentini et al., 2015;
Wikiaves, 2019.
Psophia leucoptera Spix, 1825
Nome popular: jacamim-de-costas-brancas
Comprimento: 45-52 cm.
Peso do macho: 1,28-1,44 kg.
Peso da fêmea: 1,18-1,32 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de frutos e
invertebrados.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em grupos de três a 12 indivíduos. Estes grupos
mantêm territórios que variam de 58 a 88
hectares que defendem contra outros bandos.
Alguns indivíduos deslocam-se em duplas ou trios
de forma oculta nos territórios dos bandos
maiores e sempre são expulsos quando são
encontrados. Os grupos possuem uma
organização hierárquica, com indivíduos
dominantes (alfa), beta e gama. A dominância
dura em geral quatro anos, alguns indivíduos
desaparecem e são substituídos, não se sabe ao
certo se são mortos ou se são expulsos. Outros
que perderam a dominância podem permanecer
durante algum tempo no bando e depois ingressar
em outro bando onde podem assumir uma
posição de dominância.
Todos os indivíduos do bando participam da
defesa territorial, que envolve perseguições e
emissão de vocalizações. Quando ocorrem lutas e
perseguições em geral atacam indivíduos do
mesmo gênero sexual. Quando um grupo é
encontrado invandindo um território ele é
perseguido até o limite do mesmo. Se o grupo
invasor está acompanhado de algum filhote, este
pode até ser morto pelo grupo dono do território
durante estas lutas.
Reprodução: Reprodução registrada em
setembro e outubro. Praticam a poliandria, uma
fêmea copula com vários machos, em geral três
machos dominantes. A fêmea dominante pode
copular com todos os machos, mas os dominantes
possuem mais sucesso de cópula. Os machos de
diferentes hierarquias podem tentar atrapalhar a
cópula uns dos outros com a fêmea dominante.
As fêmeas subordinadas copulam apenas
com os machos gama e filhotes que atingiram a
maturidade. Ao tentarem copular com um macho
dominante podem ser atacadas por ele. Apesar
dessas cópulas, elas não contribuem para a
ninhada do grupo.
Os ninhos ficam em ocos de árvores.
Colocam três a quatro ovos. A incubação dura 23 a
29 dias. Todos os indivíduos do bando participam
da incubação e dos cuidados com os filhotes.
Apesar disso os machos beta alimentam mais os
filhotes do que o macho dominante. Enquanto as
fêmeas beta alimentam menos do que a fêmea
dominante.
Apesar da estrutura hierárquica nenhuma
das fêmeas subordinadas destrói os ovos da
ninhada por competição.
Os filhotes podem ajudar a criar a ninhada
no seu bando, para depois quando atingem a
maturidade sexual com aproximadamente dois
anos, se dispersarem ou serem expulsos do
198
bando. Podem se deslocar para longe e se
incorporar em outros bandos.
Distribuição: Ocorrem nos estados do
Amazonas, Acre e Rondônia. Também Peru e
Bolívia.
Altitude: Até 1.050 m.
Fontes: Eason & Sherman, 1995; Sherman,
1995a; Sherman, 1995b; Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Hilty, 2003; Sherman, 2003; Dunning Jr., 2008; Ribas et
al., 2012; Wikiaves, 2019.
Psophia viridis Spix, 1825
Nome popular: jacamim-de-costas-verdes
Comprimento: 49 cm.
Peso: 1,07 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de frutos e
invertebrados.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Deslocam-se em bandos pelo
solo. Dentre seus predadores estão as jiboias
(Boidae).
Distribuição: Ocorrem no Amazonas, Pará,
Mato Grosso e Rondônia.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Dunning
Jr., 2008; Ribas et al., 2012; Piacentini et al., 2015;
Ramirez, 2015; Wikiaves, 2019.
Psophia dextralis Conover, 1934
Nome popular: jacamim-de-costas-marrons
Sinonímia recente: Psophia viridis dextralis
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de frutos e
invertebrados.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Deslocam-se em bandos pelo
solo.
Distribuição: Ocorrem no Pará e Mato
Grosso.
Fontes: Ribas et al., 2012; Piacentini et al., 2015;
Wikiaves, 2019.
Psophia interjecta Griscom & Greenway,
1937
Nome popular: jacamim-do-xingu
Habitat: Ocorrem em áreas florestais e
florestas ripárias.
Alimentação: Alimentam-se de frutos e
invertebrados.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Deslocam-se em bandos pelo
solo.
Distribuição: Ocorrem no Pará e Tocantins.
Fontes: Ribas et al., 2012; Piacentini et al., 2015;
Dornas et al., 2017; Wikiaves, 2019.
Psophia obscura Pelzeln, 1857
Nome popular: jacamim-de-costas-escuras
Sinonímia recente: Psophia viridis obscura
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de frutos e
invertebrados.
Comportamento e observações: Espécie
endêmica do Brasil. Deslocam-se em bandos pelo
solo.
Distribuição: Ocorrem no Pará e Maranhão.
Fontes: Ribas et al., 2012; Piacentini et al., 2015;
Wikiaves, 2019.
199
Psophia crepitans
200
Família Rallidae
Família composta por aves popularmente
conhecidas como saracuras, frangos-d’água e
carquejas. Os fósseis mais antigos dessa família
foram registrados no Eoceno e estudos com
relógios moleculares corroboram esses dados,
apontando uma origem para Rallidae na mesma
época, entre 49 e 33 milhões de anos atrás.
Características
Os sexos são parecidos, mas em algumas
espécies os machos são maiores do que as
fêmeas. Possuem asas curtas e arredondadas, em
algumas espécies a álula possui uma
garra/esporão. Possuem cauda curta e macia. Em
geral fazem voos curtos e fracos, mas espécies
que podem se deslocar por grandes distâncias. Os
músculos das asas e do peito usados no voo são
em geral reduzidos, comparativamente com
outras aves. Ao longo da história evolutiva desta
família, muitas espécies perderam a capacidade
de voar.
Espécies que vivem em áreas alagadas com
águas salobras possuem suas glândulas
interorbitais (glândulas nasais) bem desenvolvidas
para a excreção dos excessos de sal.
Comportamento
Ocorrem em vários tipos de ambientes,
naturais e artificiais, áreas pantanosas, pastagens
e florestas. Possuem diversos comportamentos
ritualizados para situações que indicam agressão
ou ansiedade, com diferentes posturas corporais,
da cauda e das asas. Podem viver mais de 22 anos.
Quando assustados preferem correr a voar.
Podem forragear durante a noite, especialmente
em áreas mais abertas e também em áreas de
brejos. Normalmente descansam no solo em áreas
de vegetação densa.
espécies migratórias como Gallinula,
Porphyrio martinica e Fulica spp. As duas
primeiras realizam voo sobre o Oceano Atlântico.
Consta que P. martinica pode ser capaz de
repousar sobre o mar, tendo em vista que de 12
exemplares desta espécie capturados na costa da
África, dez eram imaturos. Há também o registro
de um Pardirallus maculatus que foi encontrado a
500 km da costa do Espírito Santo.
Alimentação
São onívoros e oportunistas, procurando
aproveitar novas fontes de alimentos e ingerindo
a fonte de alimento mais abundante que
encontram. Gallinula e Fulica consomem
principalmente matéria vegetal. Enquanto as
saracuras em si, possuem um predomínio de
alimentos de origem animal (invertebrados e
pequenos vertebrados), principalmente no
período reprodutivo. Consta que espécies que
habitam ilhas oceânicas podem viver sem tomar
água doce, possivelmente ingerindo água salgada
ou absorvendo-a dos alimentos.
Reprodução
A maioria é monogâmica, provavelmente
devido ao fato de seus filhotes precisarem muitos
cuidados. Possuem comportamentos ritualizados
de corte. Nos gêneros Porphyrio e Gallinula
estruturação social complexa. Jovens de ninhadas
anteriores ou outros adultos podem ajudar na
criação dos filhotes. Pode ocorrer poliandria ou
nidificação cooperativa, além de parasitismo
intraespecífico nos ninhos.
Há espécies em que os comportamentos
variam entre as sub-espécies, com algumas sendo
monogâmicas e outras vivendo em grupos
comunitários que praticam poliginandria, com
vários machos e fêmeas reprodutores
(dominantes) e vários adultos (subordinados) que
auxiliam na criação dos filhotes. Essa estratégia
pode ser resultado da saturação de habitat ou
escassez de territórios reprodutivos.
Reproduzem-se pela primeira vez com seis
meses a um ano de idade. Podem se reproduzir
uma a três vezes por ano, às vezes mais. Os ninhos
ficam ocultos em meio à vegetação rasteira densa,
próximo ou na água. Algumas espécies podem
nidificar em arbustos e árvores. Ambos os sexos
participam da construção do ninho e da
incubação, que pode durar de 13 a 34 dias.
Colocam de um a 19 ovos, a depender da espécie.
Os filhotes são semiprecociais, eclodindo cobertos
de plumas.
Fontes: Sick, 1997; Armistead, 2001a; Taylor, 2002;
Mayr, 2009; García-R. et al., 2014.
201
Crex crex (Linnaeus, 1758)
Nome popular: codornizão
Comprimento: 27-30 cm.
Peso: 135-202 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas e de
pastagem.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados, sementes e folhas de gramíneas.
Comportamento e observações: Espécie
considerada como vagante, de ocorrência
irregular no Brasil; originária do Hemisfério Norte.
Não se reproduz no país. São mais ativos nos
períodos crepusculares. Forrageiam no solo.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre na Europa e Ásia e migram
para a África. Praticam poligamia, reprodução
ocorre entre abril e agosto. O ninho é uma semi-
esfera no chão em meio à vegetação densa.
Colocam seis a 14 ovos. A incubação dura 16 e 20
dias, os filhotes já são independentes com 10 a 20
dias, mas deixam os cuidados dos pais após 34 a
38 dias. Reproduzem-se uma ou duas vezes por
estação reprodutiva.
Distribuição: Ocorrem na Europa, Ásia e
África. No Brasil possui registros em Fernando de
Noronha.
Fontes: Taylor, 2002; Dunning Jr., 2008; Burgos
& Olmos, 2013; Piacentini et al., 2015
Rallus longirostris Boddaert, 1783
Nome popular: saracura-matraca
Comprimento: 31-37 cm.
Peso: 180-400 g.
Habitat: Ocorrem em brejos, manguezais e
áreas de água salgada.
Alimentação: Alimentam-se de crustáceos,
moluscos, peixes (e.g. Lagodon), poliquetos (e.g.
Nereis), sementes e matéria vegetal.
Dentre os crustáceos consomem espécies
dos seguintes gêneros: Araius, Eurytium,
Orchestia, Palaemonetes, Panopeus,
Rhithropanopeus, Sesarma, Uca.
Dentre os moluscos consomem espécies
dos seguintes gêneros: Guekensia, Littorina,
Melampus, Tagelus.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais, mas os indivíduos podem
permanecer a certa distância um do outro.
Forrageiam principalmente durante a maré baixa,
capturam suas presas no lodo de manguezais e
brejos.
Reprodução: Reprodução registrada de
abril a dezembro. O ninho é feito de gravetos ou
com folhas de plantas herbáceas de brejos, em
áreas de manguezais ou preso em plantas
herbáceas e próximos da água. Colocam dois a
sete ovos.
Distribuição: Ocorrem dos Estados Unidos à
América do Sul. No Brasil ocorrem nas áreas
costeiras do Pará a Santa Catarina.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Holiman, 1978; Heard, 1982; Sick, 1997;
Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Gaines et al., 2003;
Spaans et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Porphyrio martinica (Linnaeus, 1766)
Nome popular: frango-d’água-azul
Sinonímia recente: Porphyrio martinicus,
Porphyrula martinica
Comprimento: 28-36 cm.
Peso: 215-257 g.
Habitat: Ocorrem em estuários, lagos,
lagoas, banhados e campos inundados, onde
permanecem ocultos em meio à vegetação.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
moluscos, aracnídeos, peixes, anfíbios (e.g. Boana)
e vegetais (sementes, botões florais e frutos).
Dentre os vegetais consomem: sementes de
Caperonia, Eleocharis, Hymenachne, Ludwigia,
Neptunia, Oryza, Paspalum, Polygonum, Thalia;
botões florais de Nymphaea; frutos de Mauritia.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Curculionidae, Hydrophilidae,
Dytiscidae; formigas Hymenoptera: Formicidae;
gafanhotos Orthoptera: Acrididae, Pauliniidae;
baratas-d’água Hemiptera: Belostomidae.
Dentre os peixes consomem: Characidae:
Holoshestes; Achiridae: Catathyridium.
Dentre os moluscos consomem:
Ampullariidae: Pomacea; Planorbidae.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhas, em casais ou bandos familiares de
cinco a 10 indivíduos. São territorialistas durante o
período reprodutivo e os casais ou membros do
bando agem de forma agressiva com outros
indivíduos da mesma espécie que invadam o
território do casal. Realizam migrações, no sul do
Brasil suas populações emigram por completo
durante o inverno, eventualmente indivíduos
cansados e debilitados aparecem na área urbana
de algumas cidades. Também podem ser
encontrados em navios em alto-mar ou também
atravessar o Oceano Atlântico, quando se perdem
de sua rota migratória.
Predadores: mocho-diabo (Asio stygius),
cauré (Falco rufigularis).
202
Reprodução: Reprodução registrada de
dezembro a março (sul do continente) e maio a
outubro (norte do continente). O ninho tem forma
de um prato, construído com talos e folhas de
plantas aquáticas ou capins; ocasionalmente
sobre palmeiras Colocam até sete ovos. Realizam
comportamento de corte, que pode envolver
oferta de alimento de um indivíduo ao outro.
Ambos os adultos participam da incubação.
Quando formam bandos, alguns casais
podem receber auxílio de outros parentes para
cuidar de seus filhotes. Todos os indivíduos
auxiliam na alimentação dos filhotes.
Distribuição: Ocorrem do sul dos Estados
Unidos à Argentina. Ocorrem em todo o Brasil.
Altitude: Até 1.200 m.
Fontes: Ford, 1951; Borrero, 1967; Krekorian,
1978; Belton, 1984; Hunter, 1987; Tárano et al., 1995;
Seijas, 1996; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; de la Peña, 2002 in de la Peña, 2016;
Tarano, 2003; Telino Júnior et al., 2003; Hilty, 2003;
Lima, 2006; Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008;
Tárano, 2008; Olguín et al., 2012; Olguín et al., 2013;
Spaans et al., 2015; de la Peña, 2016.
Porphyrio alleni Thomson, 1842
Nome popular: caimão-de-Allen
Sinonímia recente: Porphyrula alleni
Comprimento: 22-25 cm.
Peso: 112-172 g.
Habitat: Ocorrem em banhados, brejos e
campos inundados e vegetação circundante de
lagos.
Alimentação: Possivelmente invertebrados
e vegetais aquáticos.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie vagante, de ocorrência irregular.
Reprodução: Possivelmente não se
reproduzem no Brasil. A reprodução ocorre na
África.
Distribuição: Ocorrem na África, mas
indivíduos vagantes foram registrados na Europa e
parte da Ásia (Oriente Médio). No Brasil possuem
registro em Fernando de Noronha.
Fontes: Williams & Arlott, 1963; Beaman &
Madge, 1998; Bonfa & Plotecya, 2020.
Porphyrio flavirostris (Gmelin, 1789)
Nome popular: frango-d’água-pequeno
Sinonímia recente: Porphyrula flavirostris
Comprimento: 25-30 cm.
Peso: 73-107 g.
Habitat: Ocorrem em banhados, estuários,
buritizais e arrozais.
Alimentação: Alimentam-se de vegetais
aquáticos, anfíbios e possivelmente
invertebrados.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos.
Reprodução: Reprodução registrada de
janeiro a agosto. O ninho fica preso em vegetação
herbácea de brejos, consiste em uma semi-esfera
funda de gramíneas. Colocam três a cinco ovos.
Distribuição: Ocorrem das Guianas à
Argentina e em quase todo o Brasil.
Altitude: Até 500 m, eventualmente mais.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Silva,
2015; Silveira, 2015; de la Peña, 2016; Deconto, 2018;
Wikiaves, 2019; Oliveira, 2020.
Anurolimnas castaneiceps (Sclater & Salvin,
1869)
Nome popular: sanã-de-cabeça-castanha
Sinonímia recente: Rufirallus castaneiceps
Comprimento: 19-21,5 cm.
Peso: 126 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados.
Comportamento e observações: Não
certeza se é uma espécie residente no Brasil.
Forrageiam no solo.
Reprodução: Reprodução registrada em
junho e dezembro. Os ninhos ficam sobre troncos
caídos, construídos com gravetos e folhas secas,
em meio a epífitas, trepadeiras e outras plantas.
Colocam um a dois ovos.
Distribuição: Ocorrem na Colômbia,
Equador, Peru, e no Brasil nos estados de
Rondônia e Acre.
Altitude: Até 900 m, ocasionalmente até
1.500 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Canaday,
1997; Hilty & Brown, 2001; Dunning Jr., 2008; Buitrón-
Jurado et al., 2011; Piacentini et al., 2015.
Rufirallus viridis (Statius Muller, 1776)
Nome popular: sanã-castanha
Sinonímias recentes: Laterallus viridis,
Anurolimnas viridis
Comprimento: 15,5-18 cm.
Peso: 55-73 g.
Habitat: Ocorrem em ambientes secos, em
áreas de campos e capoeira.
203
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados e frutas.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em casais, também em trios
(grupos familiares?). Forrageiam no solo.
Predador: falcão-relógio (Micrastur
semitorquatus).
Reprodução: Reprodução registrada em
janeiro e fevereiro. O ninho é feito com
gramíneas, esférico com uma entrada lateral,
construído em locais de vegetação densa.
Colocam um a três ovos. A incubação dura 24 dias.
Logo após a eclosão os filhotes já se comunicam
por meio de sons com os pais, não perceptível ao
ouvido humano, mas passível de registro em
gravadores específicos.
Distribuição: Ocorrem das Guianas e
Venezuela ao Paraná (possuindo registros em
quase todos os estados ao norte deste).
Altitude: Até 1.300 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty, 2003;
Lima, 2006; Schulenberg et al., 2007; Carrara et al.,
2007; Dunning Jr., 2008; Castro, 2012; Wikiaves, 2019;
Figueiredo, 2020.
Laterallus fasciatus (Sclater & Salvin, 1868)
Nome popular: sanã-zebrada
Comprimento: 17-18 cm.
Habitat: Ocorrem no sub-bosque denso de
áreas florestais úmidas, em banhados e ilhas
pluviais.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em casais. Forrageiam no solo.
Reprodução:
Distribuição: Ocorrem nos rios Solimões e
Purus (Amazonas e Acre) até o Equador, Peru e
Colômbia.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Schulenberg et al., 2007; Wikiaves, 2019.
Laterallus flaviventer (Boddaert, 1783)
Nome popular: sanã-amarela
Sinonímia recente: Porzana flaviventer,
Poliolimnas flaviventer
Comprimento: 12,5-14 cm.
Peso: 24-28 g.
Habitat: Ocorrem em estuários e banhados,
onde permanecem ocultos em meio à vegetação.
Alimentação: Alimentam-se de insetos e
sementes.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos. Forrageiam no solo e sobre vegetação
flutuante.
Predadores: cauré (Falco rufigularis),
falcão-peregrino (Falco peregrinus).
Reprodução: Reprodução registrada em
janeiro e fevereiro. O ninho fica preso em plantas
aquáticas ou flutuantes, construído com folhas e
outras partes vegetais. Colocam três a seis ovos.
Distribuição: Ocorrem do México à
Argentina.
Altitude: Até 600 m, ocasionalmente até
2.500 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Hilty & Brown, 2001;
Hilty, 2003; Notarnicola & Seipke, 2004 in de la Peña,
2016; Di Giacomo, 2005; Dunning Jr., 2008; Vilella et
al., 2011; Pagano & Chiale, 2016; de la Peña, 2016.
Laterallus melanophaius (Vieillot, 1819)
Nome popular: sanã-parda
Comprimento: 15-18 cm.
Peso: 52 g.
Habitat: Ocorrem em banhados e áreas
pantanosas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
moluscos (e.g. Ampullaria), raízes, frutas e
sementes.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Curculionidae, Carabidae; percevejos
Hemiptera.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais ou grupos de três a quatro
indivíduos. São mais ativos durante a manhã.
Forrageiam no solo e na vegetação aquática
flutuante.
Predador: falcão-peregrino (Falco
peregrinus).
Reprodução: Reprodução registrada de
outubro a janeiro. O ninho é esférico feito de
gramíneas com uma entrada na lateral, pouco
acima da água. Colocam dois a cinco ovos, a
incubação dura 19 a 20 dias, os filhotes deixam o
ninho após quatro dias.
Distribuição: Ocorrem da América Central à
Argentina; no Brasil possui registro em quase
todos os estados.
Altitude: Até 1.100 m.
Fontes: Zotta, 1932; Zotta, 1940; Stotz et al.,
1996; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003;
Notarnicola & Seipke, 2004 in de la Peña, 2019; Lima,
2006; Dunning Jr., 2008; Quiroga et al., 2015; de la
Peña, 2016; Peixoto, 2019; Wikiaves, 2019.
204
Laterallus exilis (Temminck, 1831)
Nome popular: sanã-do-capim
Comprimento: 15-17 cm.
Peso: 26,5-43 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de gramíneas
altas próximo da água e banhados.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em casais. Forrageiam no solo.
Predador: cauré (Falco rufigularis).
Reprodução: Reprodução em fevereiro
(Colômbia). O ninho feito de gramíneas é esférico
com uma entrada lateral, colocam três ovos.
Distribuição: Ocorrem da América Central à
Argentina. No Brasil possui registros em todos os
estados.
Altitude: Até 1.200 m, eventualmente 1.700
m.
Fontes: Seijas, 1996; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Di Giacomo,
2005; Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008;
Spaans et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Laterallus jamaicensis (Gmelin, 1789)
Nome popular: sanã-preta
Comprimento: 12-15 cm.
Peso: 23-46 g.
Habitat: Ocorrem em brejos, banhados e
margens de rios.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados, como anelídeos.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em casais, em meio à vegetação
herbácea. Forrageiam no solo.
Reprodução: O ninho é uma semi-esfera de
gramíneas no solo. Colocam cinco a nove ovos.
Distribuição: Ocorrem nos Estados Unidos,
algumas áreas da América Central, Peru, Chile e
Argentina. No Brasil, possuem registros nos
estados do Pará e Maranhão.
Altitude: Até 4.100 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008;
Vuilleumier, 2009; de la Peña, 2016; Ferreira, 2019;
Wikiaves, 2019.
Laterallus spilopterus (Durnford, 1877)
Nome popular: sanã-cinza
Sinonímia recente: Porzana spiloptera
Comprimento: 15-17 cm.
Habitat: Ocorrem em banhados e brejos.
Alimentação: Alimentam-se de insetos (e.g.
Coleoptera), brotos e sementes.
Comportamento e observações: deslocam-
se sozinhos ou em casais. Forrageiam no solo e na
água rasa.
Reprodução: Reprodução registrada em
outubro e fevereiro. Colocam dois ovos.
Distribuição: Ocorrem na Argentina,
Uruguai e no Brasil possui registros no Rio Grande
do Sul.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Chatellenaz & Zaninovich, 2009; de la
Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Laterallus leucopyrrhus (Vieillot, 1819)
Nome popular: sanã-vermelha
Comprimento: 14-17,5 cm.
Peso: 34-52 g.
Habitat: Ocorrem em banhados e estuários.
Alimentação: Possivelmente invertebrados.
Comportamento e observações:
Forrageiam no solo. Deslocam-se sozinhos, em
casais ou trios.
Reprodução: Reprodução registrada de
outubro a fevereiro. O ninho é construído de
gramíneas, tem formato esférico e uma entrada
lateral. Colocam um a quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem nas regiões Sudeste
e Sul do Brasil, também Paraguai, Uruguai e
Argentina.
Altitude: Até 900 m.
Fontes: Pereyra, 1938; Sick, 1997; de la Peña,
2016; Wikiaves, 2019.
Laterallus xenopterus Conover, 1934
Nome popular: sanã-de-cara-ruiva
Comprimento: 18,5 cm.
Peso: 51-68,5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de pastagem
densa e parcialmente alagadas.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados e frutas.
Comportamento e observações:
Forrageiam no solo. Deslocam-se sozinhos ou em
casais.
Reprodução: Reprodução registrada em
março. O ninho é feito com capim, em áreas
pantanosas, tem forma esférica com uma entrada
lateral. Colocam dois ovos.
Distribuição: Ocorrem em São Paulo, Minas
Gerais, Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul. Também no Paraguai e Bolívia.
Altitude: Até 1.000 m.
205
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Brace et
al., 1998; Dunning Jr., 2008; Castro et al., 2014;
Martins, 2016a; Martins, 2016b; Franco, 2018; Oliveira,
2019; Wikiaves, 2019.
Coturnicops notatus (Gould, 1841)
Nome popular: pinto-d’água-carijo
Comprimento: 13-14 cm.
Peso: 30 g.
Habitat: Ocorrem em banhados, estuários e
plantações de arroz.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
insetos (Coleoptera e Hymenoptera: Formicidae),
crustáceos (Isopoda) e aracnídeos.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos em meio à vegetação densa e
costumam ser localizados ao voar ou quando
assustados pelo deslocamento do observador. São
diurnos e durante a noite se empoleiram para
dormir. Podem emitir vocalizações durante a
noite. Forrageiam no solo.
Predadores: gavião-cinza (Circus cinereus),
falcão-peregrino (Falco peregrinus).
Reprodução: Sem informações.
Distribuição: Ocorrem da Venezuela e
Guianas até Argentina e Uruguai. No Brasil
possuem registros nos estados de São Paulo e Rio
Grande do Sul.
Altitude: Até 1.500 m.
Fontes: Teixeira & Puga, 1984; Martínez et al.,
1997; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty & Brown,
2001; Hilty, 2003; Notarnicola & Seipke, 2004 in de la
Peña, 2019; Di Giacomo, 2005; Dunning Jr., 2008;
Wikiaves, 2019.
Micropygia schomburgkii (Schomburgk,
1848)
Nome popular: maxalalagá
Comprimento: 14-18 cm.
Peso: 23,5-38,8 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de vegetação
herbácea alta próxima de brejos, banhados e rios,
também em áreas de campo.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
como besouros (Carabidae e Scarabaeidae),
gafanhotos (Orthoptera), baratas (Blattodea),
formigas (Hymenoptera: Formicidae) e Plecoptera.
Comportamento e observações: Podem se
ocultar em túneis feitos por ratos e preás (Cavia
spp.). Voam pouco, em geral por curtas distâncias
sobre a vegetação. Quando assustados costumam
correr em meio à vegetação. Forrageiam no solo.
Predadores: falcão-de-coleira (Falco
femoralis), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus).
Reprodução: Reprodução registrada em
janeiro e março. O ninho fica na vegetação
herbácea de áreas pantanosas, é construído com
gramíneas, tem formato esférico com uma
entrada lateral. Algumas penas são colocadas
embaixo dos ovos. Colocam dois ovos.
Distribuição: Ocorrem da América Central à
Venezuela e no Brasil nos estados de São Paulo,
Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Bahia, Mato
Grosso, Rondônia, Pará e Amazonas.
Altitude: Até 1.250 m, ocasionalmente
mais.
Fontes: Negret & Teixeira, 1984; Motta-Júnior,
1991; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty & Brown,
2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Whittaker, 2011;
Wikiaves, 2019.
Mustelirallus albicollis (Vieillot, 1819)
Nome popular: sanã-carijó
Sinonímia recente: Porzana albicollis
Comprimento: 20-27 cm.
Peso: 90-112 g.
Habitat: Ocorrem em estuários, brejos e
margens de lagoas com vegetação densa, onde
permanecem ocultos.
Alimentação: Possivelmente invertebrados
e sementes.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em casais. Forrageiam no solo e
podem vocalizar em duetos.
Reprodução: Reprodução registrada entre
novembro e julho, variando conforme a latitude.
O ninho é uma semi-esfera funda, construído com
folhas secas, colocam dois a seis ovos.
Distribuição: Ocorrem das Guianas e
Venezuela até a Bolívia e Argentina. No Brasil
possui registro em quase todos os estados.
Altitude: Até 1.550 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Di Giacomo, 2005; Dunning
Jr., 2008; Spaans et al., 2015; de la Peña, 2016;
Wikiaves, 2019.
Neocrex erythrops (Sclater, 1867)
Nome popular: turu-turu
Sinonímia recente: Mustelirallus erythrops
Comprimento: 18-20 cm.
Peso: 43-70 g.
Habitat: Ocorrem em banhados, arrozais,
estuários, borda de florestas e lagoas.
206
Alimentação: Alimentam-se de insetos e
sementes.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em casais. Forrageiam no solo.
Possivelmente algumas de suas populações
realizam migrações.
Predador: furão-pequeno (Galictis cuja).
Reprodução: Reprodução registrada de
dezembro a março. O ninho tem forma de prato
fundo, construído com folhas secas de gramíneas,
oculto em meio à vegetação herbácea. Colocam
três a sete ovos.
Distribuição: Ocorrem dos Estados Unidos à
Argentina e Paraguai. No Brasil possuem registro
em quase todos os estados.
Altitude: Até 2.600 m.
Fontes: Sick, 1983; Sick, 1997; Hilty & Brown,
2001; Hilty, 2003; Sigrist, 2006; Adeodato, 2011; de la
Peña, 2016; Bertin et al., 2017; Wikiaves, 2019; Pereira,
2020.
Pardirallus maculatus (Boddaert, 1783)
Nome popular: saracura-carijó
Comprimento: 25-30 cm.
Peso: 140-198 g.
Habitat: Ocorrem em lagoas, brejos,
estuários, banhados e buritizais.
Alimentação: Alimentam-se de moluscos,
insetos, anfíbios e plantas.
Dentre os moluscos consomem: caramujos
Ampullariidae: Pomacea; Planorbidae.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Curculionidae, Dytiscidae,
Hydrophilidae; libélulas Odonata (náiades);
gafanhotos Orthoptera: Pauliniidae, Acrididae;
maruins Diptera: Ceratopogonidae; baratas-
d’água Hemiptera: Belostomatidae.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em pares. Forrageiam no solo.
Predadores: mocho-dos-banhados (Asio
flammeus).
Reprodução: Reprodução registrada de
dezembro a março. O ninho é construído no solo,
sendo uma plataforma de folhas de gramíneas,
colocam dois a sete ovos.
Distribuição: Ocorrem do México à
Argentina. No Brasil possui registro em todos os
estados das regiões Sul e Centro-Oeste, e em
quase todos os estados do Sudeste e Nordeste,
alguns do Norte.
Altitude: Até 800 m, ocasionalmente 2.000
m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Del Porto & Beltzer, 2002; Hilty, 2003;
Maugeri, 2005; Di Giacomo, 2005; Dunning Jr., 2008;
de la Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2016;
Lucero, 2012; Spaans et al., 2015; de la Peña, 2016;
Bucci, 2016; Wikiaves, 2019.
Pardirallus nigricans (Vieillot, 1819)
Nome popular: saracura-sanã
Sinonímia recente: Ortygonax nigricans
Comprimento: 27-31 cm.
Peso: 217 g.
Habitat: Ocorrem em brejos, banhados e
estuários.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em casais. Forrageiam no solo.
Reprodução: Reprodução registrada de
novembro a maio, variando conforme a região. O
ninho consiste em uma semi-esfera, colocam três
ovos.
Distribuição: Ocorrem da Colômbia ao
Paraguai e Argentina. No Brasil ocorre do Rio
Grande do Sul à Paraíba, também Goiás e Mato
Grosso do Sul.
Altitude: Até 2.200 m.
Fontes: Belton, 1984; Naranjo, 1991; Stotz et al.,
1996; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr.,
2008; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Pardirallus sanguinolentus (Swainson, 1838)
Nome popular: saracura-do-banhado
Sinonímia recente: Ortygonax
sanguinolentus
Comprimento: 30-40 cm.
Peso: 190-318 g.
Habitat: Ocorrem em brejos, banhados,
estuários, margens de rios e lagoas com plantas
aquáticas, onde geralmente permanece oculta em
meio à vegetação.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
aracnídeos, crustáceos (e.g. Gammarus),
moluscos, peixes (e.g. Jenynsia), peixes mortos,
anelídeos (Hirudinidae), sementes (e.g. Scirpus),
gramíneas e carniça.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Dytiscidae, Curculionidae, Carabidae;
baratas-d’água Hemiptera: Belostomatidae;
borboletas e mariposas Lepidoptera (larvas);
formigas Hymenoptera: Formicidae; tesourinhas
Dermaptera: Forficulidae.
207
Dentre os moluscos gastrópodes
consomem: Planorbidae: Biomphalaria; Chilinidae:
Chilina; Cochliopidae: Heleobia.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em casais. Forrageiam ao nível do
solo.
Predador: falcão-peregrino (Falco
peregrinus), gavião-do-banhado (Circus buffoni),
gavião-cinza (Circus cinereus).
Reprodução: Reprodução registrada em
novembro. O ninho é construído com gravetos e
juncos. Colocam até seis ovos. Ao eclodirem os
filhotes deixam o ninho e começam a seguir seus
pais.
Distribuição: Ocorrem do sul do Equador
até a Terra do Fogo e ilhas Malvinas. No Brasil
ocorrem do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo.
Altitude: Até 4.200 m.
Fontes: Belton, 1984; Bó et al., 1996; Stotz et al.,
1996; Sick, 1997; Notarnicola & Seipke, 2004 in de la
Peña, 2019; Di Giacomo, 2005; de Calí et al., 2008; la
Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; de la Peña,
2016; Salvador, 2017; Squella, 2018; Wikiaves, 2019.
Amaurolimnas concolor (Gosse, 1847)
Nome popular: saracura-lisa
Comprimento: 20-23 cm.
Peso: 133 g.
Habitat: Ocorrem em florestas ripárias e
pantanosas.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
frutos, invertebrados (aranhas Lycosidae), anfíbios
(Eleutherodactylus) e lagartos (Anolis).
Comportamento e observações: Em geral
permanecem ocultos em meio à vegetação,
andam pelo solo procurando seu alimento e pode
revirar a serrapilheira com o bico à procura deste.
Possivelmente também pode capturar alimento
no lodo. Empoleiram-se para dormir.
Reprodução: Reprodução possivelmente
entre agosto e maio. Ninhos com ovos registrados
em novembro e maio. O ninho é uma tigela frouxa
feita com folhas secas, algumas vezes feito em
meio a bromélias epífitas ou em meio à vegetação
herbácea de áreas pantanosas. Colocam quatro
ovos.
Distribuição: Ocorrem do México ao Brasil,
onde ocorrem na região costeira de Santa
Catarina ao Rio Grande do Norte e em áreas
interioranas de São Paulo, Minas Gerais, Bahia,
Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás,
Tocantins, Amazonas e Amapá.
Altitude: Até 1.000 m.
Fontes: Stiles, 1981; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr.,
2008; Florencio, 2014; Lo, 2016; Dias, 2019; Wikiaves,
2019.
Aramides ypecaha (Vieillot, 1819)
Nome popular: saracurucu
Comprimento: 43-46 cm.
Peso do macho: 655-860 g.
Peso da fêmea: 565-765 g.
Habitat: Ocorrem em lagoas, estuários,
banhados e brejos.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
frutos (e.g. Solanum), aracnídeos, anfíbios,
insetos, moluscos, peixes, crustáceos
(caranguejos) e serpentes (e.g. Helicops).
Dentre os anfíbios consomem espécies dos
seguintes gêneros: Leptodactylus, Pseudis.
Dentre os moluscos consomem espécies das
seguintes famílias e gêneros: Ampullariidae:
Pomacea, Ampullaria, Marisa; Hidrobiidae;
Planorbidae; Physidae.
Dentre os crustáceos consomem espécies
dos seguintes gêneros: Armadillidium,
Dilocarcinus, Trichodactylus.
Dentre os peixes consomem espécies dos
seguintes gêneros: Cnesterodon, Corydoras,
Jenynsia, Synbranchus.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Carabidae, Curculionidae,
Hydrophilidae, Dytiscidae, Scarabaeidae;
gafanhotos Orthoptera; baratas-d´água e cigarras
Hemiptera: Belostomatidae, Cicadidae; borboletas
e mariposas Lepidoptera; libélulas Odonata:
Coenagrionidae.
Dentre as sementes consomem dos
seguintes gêneros de plantas: Acacia, Cayaponia,
Echinochloa, Polygonum, Glycine, Phaseolus,
Oryza, Utricularia, Zea.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em casais. Próximo de habitações
humanas pode comer restos de comidas em geral.
Forrageiam no solo.
Quando um possível predador se aproxima
do ninho o adulto que está chocando foge com as
asas semi-abertas, fingindo estar ferido, para
chamar a atenção do predador para si e afastá-lo
do ninho.
Reprodução: Reprodução registrada de
agosto a março, às vezes até maio. O ninho é
construído em arbustos ou em moitas de capins,
próximo de rios, banhados ou estuários; tem
formato de um prato fundo, e pode ser construído
208
com caules e folhas de trepadeiras. Colocam três a
sete ovos, a incubação dura 24 a 25 dias, a
postura dos ovos pode ocorrer em dias
sequenciais ou alternados.
Distribuição: Ocorrem na Argentina,
Uruguai, Paraguai e Brasil, onde possui registros
nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Minas
Gerais, Bahia, Piauí, Maranhão, Bahia e Ceará.
Altitude: Baixa altitudes.
Fontes: Beltzer, 1985; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Di Giacomo, 2005; Dunning Jr., 2008; de la Peña
& Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; Timm, 2015; de la
Peña, 2016; Fernandez, 2016; Wikiaves, 2019.
Aramides mangle (Spix, 1825)
Nome popular: saracura-do-mangue
Comprimento: 32 cm.
Peso: 164-202 g.
Habitat: Ocorrem em praias lodosas com
manguezais e florestas adjacentes. Também em
áreas secas e caatinga, em áreas distantes da
água.
Alimentação: Alimentam-se de
caranguejos.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em bandos de até 15 indivíduos. Forrageiam no
solo.
Reprodução: Reprodução registrada em
maio, outubro e novembro. O ninho é uma
plataforma em forma de tigela, construído com
gravetos. Colocam dois a cinco ovos.
Distribuição: No Brasil ocorrem em áreas da
planície costeiras do Pará ao Paraná, também em
áreas interioranas na região Nordeste, São Paulo e
Paraná. Também na Guiana Francesa.
Altitude: Localmente até 900 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Lima,
2006; Dunning Jr., 2008; Freire, 2009; Freire, 2009;
Ingels et al., 2011; Cruz, 2012; Wikiaves, 2019.
Aramides cajaneus (Statius Muller, 1776)
Nome popular: saracura-três-potes
Sinonímia recente: Aramides cajanea
Comprimento: 35-40 cm.
Peso: 397-480 g.
Habitat: Ocorrem em manguezais,
banhados, brejos, lagoas, estuários, margens de
rios, igarapés, florestas úmidas, às vezes distante
da água e plantações de cana.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
anelídeos, aracnídeos, crustáceos, moluscos,
folhas, répteis, frutas (e.g. Oenocarpus) e
sementes. Podem frequentar colônias de garças
para ingerir alimento regurgitado por estas,
também ovos e filhotes que caem dos ninhos.
Dentre os crustáceos consomem espécies
dos seguintes gêneros: Uca, Callinectes.
Dentre os moluscos consomem espécies
dos seguintes gêneros: Littorina, Melampus,
Pomacea (mesmo quando estão em
decomposição).
Comportamento e observações: No Brasil
ocorrem duas subespécies, A. c. cajaneus e A. c.
avicenniae que para alguns autores poderia ser
uma espécie a parte. Deslocam-se sozinhos ou em
casais. Capturam suas presas andando pelo chão.
Dormem sobre arbustos.
Predadores: mão-pelada (Procyon
cancrivorus), ariranha (Pteronura brasiliensis),
falcão-relógio (Micrastur semitorquatus).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de todo o ano, variando conforme a região
e possivelmente associada com a estação
chuvosa. São monogâmicos. O ninho é construído
em arbustos ou em meio à vegetação, sendo algo
similar a um prato fundo, feito de gravetos e
folhas. Colocam um a sete ovos. A incubação dura
aproximadamente 20 dias. Ambos os adultos
participam da incubação e dos cuidados com os
filhotes.
Distribuição: Ocorrem do sul da Costa Rica
à Bolívia e Argentina, e em todo o Brasil.
Altitude: Até 1.200 m, ocasionalmente até
2.300 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Gómez-
Serrano, 1999 in Álvarez-León, 2009; Hilty & Brown,
2001; Hilty, 2003; Gómez-Serrano, 2004 in Álvarez-
León, 2009; Lima, 2006; Carrara et al., 2007; Dunning
Jr., 2008; Spaans et al., 2015; Marcondes & Silveira,
2015; Silva & Olmos, 2015; García, 2016; Hipolito &
Sazima, 2016; de la Peña, 2016; Marcon & Vieira, 2017;
Pagano & Salvador, 2017; Wikiaves, 2019.
Aramides calopterus Sclater & Salvin, 1878
Nome popular: saracura-de-asa-vermelha
Comprimento: 31-35 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas montanhosas.
Alimentação: Possivelmente invertebrados
e sementes.
Comportamento e observações: Não
certeza se a espécie é residente no Brasil.
Costumam ser bastante silenciosos.
Reprodução: Reprodução registrada em
abril. O ninho é uma tigela rasa de folhas e
gravetos, a baixa altura sobre árvores. Colocam
209
três ovos. A incubação dura aproximadamente 24
dias.
Distribuição: Ocorrem no alto Juruá e ao
norte de Manaus (Amazonas), também Equador e
Peru.
Altitude: Até 800 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Vaca B. et
al., 2006; Schulenberg et al., 2007; Piacentini et al.,
2015.
Aramides saracura (Spix, 1825)
Nome popular: saracura-do-mato
Comprimento: 34-38 cm.
Peso: 540 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais,
banhados e florestas ripárias.
Alimentação: Alimentam-se de anfíbios,
filhotes de aves, flores, frutos, anelídeos, folhas,
ovos, insetos, répteis e sementes.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em casais. Forrageiam no solo.
Reprodução: Reprodução registrada entre
outubro e dezembro. O ninho tem uma forma de
tigela, construído com gravetos e folhas, sobre
arbustos ou árvores. Colocam cinco a seis ovos. A
incubação dura aproximadamente 19 dias. Ambos
os adultos participam da incubação e dos cuidados
com os filhotes.
Distribuição: Ocorrem nas regiões Sul e
Sudeste do Brasil, também na Argentina e
Paraguai.
Altitude: Até 1.600 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Dunning
Jr., 2008; Di Sallo & Bodrati, 2015; de la Peña, 2016;
Marcon & Vieira, 2017; Wikiaves, 2019.
Porphyriops melanops (Vieillot, 1819)
Nome popular: galinha-d’água-carijó
Sinonímia recente: Gallinula melanops
Comprimento: 25-30 cm.
Peso: 154-225 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, lagoas e
estuários.
Alimentação: Alimentam-se de vegetais
(folhas, flores e sementes), moluscos, insetos e
aracnídeos.
Dentre os moluscos consomem:
Planorbidae; Hydrobiidae: Littoridina.
Dentre os vegetais consomem: folhas de
Pistia e Salvinia; sementes de Echinochloa,
Paspalum e Polygonum.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Curculionidae, Hydrophilidae,
Dytiscidae, Carabidae; formigas Hymenoptera:
Formicidae; baratas-d’água Hemiptera:
Belostomatidae; gafanhotos Orthoptera:
Acrididae, Pauliniidae.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos, em casais ou formando pequenos
bandos. Quando assustados, mergulham, nadam
por baixo da água e emergem em um local mais
distante.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus).
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de quase todo o ano, variando conforme a
região. O ninho é construído sobre vegetação
flutuante ou próximo da água. Consiste em uma
plataforma em forma de prato fundo, construído
com juncos e outras plantas; ocasionalmente
colocando algumas plumas. Colocam três a cinco
ovos. Ambos os adultos constroem o ninho,
incubam e cuidam dos filhotes. A incubação dura
18 a 20 dias.
Distribuição: Ocorrem da Argentina, Chile e
Brasil, onde ocorrem nos estados litorâneos do
Rio Grande do Sul ao Ceará, também Goiás e Mato
Grosso do Sul.
Altitude: Até 3.100 m.
Fontes: Zotta, 1934; Belton, 1984; Sick, 1997;
Hilty & Brown, 2001; Notarnicola & Seipke, 2004 in de
la Peña, 2016; Lima, 2006; Olguín et al., 2012; Olguín et
al., 2013; Cedrazm 2014; de la Peña, 2016; Wikiaves,
2019; de la Peña & Pensiero in de la Peña, 2016.
Porzana carolina (Linnaeus, 1758)
Nome popular: sora
Comprimento: 22 cm.
Peso: 49-126 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de estuários e
brejos.
Alimentação: Alimentam-se se insetos,
aracnídeos, moluscos e sementes.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie vagante, de ocorrência irregular,
originária do hemisfério norte.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no hemisfério norte, entre os
meses de maio e junho. Colocam oito a 11 ovos. O
ninho e um cesto feito com vegetação de brejos
preso na vegetação sobre a água.
Distribuição: São residentes na América do
Norte, mas realizam migrações ao sul, quando
chegam até Equador, Venezuela e Brasil (Rio de
Janeiro). Também possuem registros na Europa,
Ásia e África.
210
Fontes: Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009;
Camacho & Accorsi, 2016.
Paragallinula angulata (Sundevall, 1850)
Nome popular: galinha-d’água-pequena
Sinonímia recente: Gallinula angulata
Comprimento: 25 cm.
Peso: 92-164 g.
Habitat: Ocorrem em lagos e açudes com
vegetação aquática e pastagens inundadas.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados e plantas.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie vagante, de ocorrência irregular no país.
Em geral permanecem ocultos em meio à
vegetação. São mais ativos no começo da manhã e
final da tarde.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Distribuição: Ocorrem na África. No Brasil
possuem registro nas ilhas São Pedro e São Paulo
(Pernambuco).
Fontes: Williams & Arlott, 1963; Bencke et al.,
2005; Dunning Jr., 2008; Piacentini et al., 2015.
Gallinula galeata (Lichtenstein, 1818)
Nome popular: galinha-d’água
Comprimento: 33-40 cm.
Peso: 354-480 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, lagoas,
estuários, banhados e açudes.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
crustáceos, moluscos, peixes e sementes.
Dentre os vegetais consomem espécies dos
seguintes gêneros: Azolla, Echinochloa, Lathyrus,
Lemma, Limnobium, Ludwigia, Muehlenbeckia,
Nymphaea, Panicum, Paspalum, Paspalum, Pistia,
Polygonum, Rumex, Salvinia, Scirpus, Smilax.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Curculionidae, Hydrophilidae,
Dytiscidae; formigas Hymenoptera: Formicidae;
baratas-d’água e cigarras Hemiptera:
Belostomatidae, Cicadidae; libélulas Odonata;
gafanhotos Orthoptera: Acrididae.
Dentre os crustáceos consomem: Hyalella,
Trychodactyllus.
Dentre os moluscos gastrópodes
consomem: Ampullaridae: Ampullaria, Asolene,
Marisa; Planorbidae: Biomphalaria.
Comportamento e observações: Espécie
separada de Gallinula chloropus da Europa, África
e Ásia. Deslocam-se sozinhos ou em bandos.
Podem procurar carrapatos sobre capivaras
(Hydrochoerus hydrochaeris).
Predadores: sucuri (Eunectes murinus),
gavião-de-rabo-branco (Geranoaetus
albicaudatus), suindara (Tyto furcata); de seus
filhotes: gavião-caboclo (Heterospizias
meridionalis), savacu (Nycticorax nycticorax).
Reprodução: Reprodução registrada de
setembro a março. O ninho é construído sobre a
água, exposto ou escondido em meio à vegetação
aquática e consiste em uma plataforma de folhas
e talos de gramíneas e plantas aquáticas. Colocam
até nove ovos, com intervalo de dois dias entre
cada postura. A incubação dura 19 a 22 dias. Após
a eclosão os filhotes permanecem no ninho por
um ou dois dias e continuam a ser acompanhados
pelos pais por mais de 50 dias.
Quando os adultos estão incubando e
percebem a aproximação de um possível
predador, saem no ninho lentamente e vão para a
água, onde nadam balançando a cabeça e a cauda,
enquanto emitem vocalizações contínuas. Apenas
quando estão longe do ninho levantam voo.
Consta que se um indivíduo do casal for ferido, o
outro permanecerá ao seu lado.
Distribuição: Ocorrem da América do Norte
à Argentina e em quase todo o Brasil.
Altitude: Até 4.000 m.
Fontes: Belton, 1984; Beltzer et al., 1991;
Laimanovich & Beltzer, 1993; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Telino Júnior et
al., 2003; Lima & Rocha, 2004; Lima, 2006; Sazima,
2009; Santiago, 2010; de la Peña & Salvador, 2010 in de
la Peña, 2016; Olguín et al., 2013; Pimenta et al., 2014;
Cruz, 2015; Spaans et al., 2015; ; de la Peña & Pensiero
in de la Peña, 2016; de la Peña, 2016; Sazima &
Moraes, 2017; Knupfer, 2018; de la Peña, 2019;
Wikiaves, 2019.
Fulica rufifrons Philippi & Landbeck, 1861
Nome popular: carqueja-de-escudo-
vermelho
Comprimento: 40-46 cm.
Peso: 533-872 g.
Habitat: Ocorrem em lagoas e estuários.
Alimentação: Alimentam-se de vegetais,
suas sementes, caules e raízes.
Dentre os vegetais ingerem: sementes de
Avena, Scirpus, Setaria, Triticum.
Comportamentos e observações:
Deslocam-se em bandos.
Reprodução: Reprodução registrada de
agosto a maio. O ninho é construído próximo da
água, em áreas de vegetação herbácea de brejos e
áreas pantanosas. Construído com juncos, às
211
vezes é meio flutuante. Colocam quatro a oito
ovos.
Distribuição: Ocorrem no Peru, Chile,
Paraguai, Uruguai, Argentina e áreas costeiras do
Sul e Sudeste do Brasil.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Aravena, 1927; Zotta, 1932; Zapata,
1965 in de la Peña, 2016; Belton, 1984; Stotz et al.,
1996; Sick, 1997; Dunning Jr., 2008; de la Peña &
Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; Salvador, 2012; de
la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Fulica armillata Vieillot, 1817
Nome popular: carqueja-de-bico-manchado
Comprimento: 45-50 cm.
Peso: 860-1260 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, lagoas e
estuários.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
crustáceos (e.g. Cyrtograpsus), folhas, algas e
sementes.
Dentre os vegetais consomem: Avena,
Cotula, Egeria, Potamogeton, Ruppia, Sarcocornia,
Scirpus, Setaria, Stuckenia, Triticum.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Scarabaeidae; formigas Hymenoptera:
Formicidae.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em bandos. Podem mergulhar.
Predadores: de ovos: gavião-cinza (Circus
cinereus), gaivotão (Larus dominicanus); de
filhotes: gavião-do-banhado (Circus buffoni).
Reprodução: Reprodução registrada entre
agosto e maio. O ninho fica em meio à vegetação
herbácea de brejos e áreas pantanosas. Consiste
em uma plataforma de juncos, em forma de prato
fundo, podendo ter uma rampa de acesso que é
usada para facilitar o acesso dos filhotes quando
retornam ao ninho para passar a noite. Colocam
três a sete ovos.
Distribuição: Ocorrem na Argentina, Chile,
Paraguai, Bolívia, Uruguai e Brasil, nas regiões Sul
e Sudeste.
Altitude: Até 1.000 m.
Fontes: Aravena, 1927; Zotta, 1934; Zapata,
1965 in de la Peña, 2016; Lange, 1981 in de la Peña,
2016; Belton, 1984; Ruiz, 1993 in Velásquez et al.,
2019; Stotz et al., 1996; Cáceres et al., 1996 in de la
Peña, 2016; Sick, 1997; Bortolus et al., 1998; Calí et al.,
2008; Dunning Jr., 2008; de la Peña & Salvador, 2010 in
de la Peña, 2016; Salvador, 2012; de la Peña, 2016;
Velásquez et al., 2019; Wikiaves, 2019.
Fulica leucoptera Vieillot, 1817
Nome popular: carqueja-de-bico-amarelo
Comprimento: 35-43 cm.
Peso: 400-1420 g.
Habitat: Ocorrem em lagoas, lagos,
banhados e estuários.
Alimentação: Alimentam-se de vegetais e
suas sementes, também insetos, moluscos,
crustáceos (e.g. Hyalella), aracnídeos e peixes.
Dentre os vegetais consomem: Asolene,
Avena, Azolla, Echinochloa, Myriophyllum,
Paspalum, Polygonum, Ruppia, Scirpus, Setaria,
Triticum.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleptera: Dytiscidae, Curculionidae,
Hydrophilidae, Carabidae; gafanhotos Orthoptera:
Pauliniidae, Acrididae; mosquitos Diptera:
Culicidae; baratas-d’água Hemiptera:
Belostomatidae.
Dentre os moluscos gastrópodes
consomem: Ampullaridae: Ampullaria;
Planorbidae.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em grupos.
Predadores: gavião-asa-de-telha (Parabuteo
unicinctus), falcão-peregrino (Falco peregrinus).
Reprodução: Reprodução registrada de
agosto a maio, o ninho é uma plataforma em
forma de prato fundo, construído com juncos e
outras plantas aquáticas. Colocam três a 12 ovos.
Ambos os adultos participam da incubação. Ao
eclodirem os filhotes deixam o ninho e começam a
seguir os pais.
Distribuição: Ocorrem na Bolívia, Paraguai,
Uruguai, Argentina e no Brasil do Rio Grande do
Sul a São Paulo, também Goiás e Mato Grosso do
Sul.
Altitude: Até 4.500 m.
Fontes: Aravena, 1927; Zotta, 1932; Zotta, 1934;
Zotta, 1940; Zapata, 1965 in de la Peña, 2016; Belton,
1984; Mosso & Beltzer, 1992; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Bortolus et al., 1998; Ellis et al., 2002;
Notarnicola & Seipke, 2004 in de la Peña, 2016; Calí et
al., 2008; Dunning Jr., 2008; de la Peña & Salvador,
2010 in de la Peña, 2016; Olguín et al., 2011; Salvador,
2012; Olguín et la., 2013; de la Peña, 2016; Wikiaves,
2019.
212
Aramides saracura
Fulica armillata
213
Família Heliornithidae
Família representada no Brasil por apenas
uma espécie. Os fósseis mais antigos dessa
família datam do Mioceno (entre 23 e 5 milhões
de anos atrás). Porém, dados moleculares
indicam que Heliornithidae é grupo irmão de
Rallidae e a divergência entre essas famílias
ocorreu ao longo do Paleoceno, entre 60 e 44
milhões de anos atrás.
São aves aquáticas com pescoço e bico
longos, corpo esguio, pés coloridos e cauda
relativamente longa. Deslocam-se sozinhos, em
casais ou bandos. Alimentam-se de insetos,
moluscos, crustáceos, pequenos peixes, anfíbios
(adultos e girinos), sementes e folhas.
Heliornis fulica (Boddaert, 1783)
Nome popular: picaparra
Comprimento: 28-30 cm.
Peso: 132 g.
Habitat: Ocorrem em áreas aquáticas com
vegetação densa, raramente são encontrados
longe das matas ciliares e da vegetação aquática.
Alimentação: Alimentam-se
principalmente de insetos, tanto adultos quanto
larvas. Também moluscos, crustáceos, anelídeos,
milípedes, aranhas, anfíbios adultos, girinos,
pequenos peixes, sementes e folhas. Esses
alimentos são capturados na superfície da água
ou sobre rochas e vegetação próxima da água.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos, em casais ou grupos
familiares. Possivelmente territoriais. Deslocam-
se nadando rapidamente próximo da margem.
Pernoitam empoleirados.
Predadores: falcão-relógio (Micrastur
semitorquatus).
Reprodução: São monogâmicos e se
reproduzem quando o nível das águas está alto.
Possuem comportamentos ritualizados de corte,
nadando em círculos com o pescoço abaixado e
as asas semi-abertas. O ninho é uma tigela rasa
de galhos e folhas construído em vegetação sobre
a água. Colocam dois a três ovos e a incubação
dura 10 a 11 dias.
Em Heliornis fulica os filhotes são altriciais,
nascem cegos, e são carregados pelo macho em
uma bolsa de pele localizada abaixo de cada asa.
Em outras espécies da família os filhotes são
semiprecociais, nascem cobertos de penugem e
já podem se locomover.
Distribuição: Ocorrem do México à Bolívia
e Argentina e possuem registros em quase todos
os estados do Brasil.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Taylor,
2002; Dunning Jr., 2008; Mayr, 2009; García-R. et al.,
2014; Rocha et al., 2017; Wikiaves, 2019.
Heliornis fulica
214
Ordem Charadriiformes
Família Charadriidae
Essa família é composta por aves
conhecidas popularmente como batuíras e quero-
queros. Os fósseis mais antigos, dessa ordem
datam de 41 milhões de anos atrás (Eoceno),
porém suas classificações ao nível de família são
incertas por compartilharem muitas
características intermediárias entre as diferentes
famílias de Charadriiformes.
Comportamento e alimentação
Ocorrem principalmente em áreas abertas,
em áreas costeiras, pastagens, praias de água
doce e áreas úmidas. Muitas espécies se
beneficiam da expansão de áreas agropecuárias.
Alimentam-se, de dia e à noite, de invertebrados,
que capturam procurando-os ativamente no chão.
Algumas espécies nadam bem e podem procurar
seu alimento na água submergindo a cabeça.
Muitas espécies são migratórias. Podem viver
mais de 20 anos.
Reprodução
A maioria é monogâmica no período
reprodutivo e podem manter os mesmos
parceiros durante diversas estações reprodutivas.
Alguns podem ser poligínicos ou poliândricos.
Ambos os adultos cuidam dos ovos e filhotes,
apesar de a fêmea poder abandonar o macho
após uma segunda postura. Possuem diversos
comportamentos de defesa da prole, como fingir
estar machucados ou tentar atacar um possível
predador. Reproduzem pela primeira vez com um
a três anos de idade.
A maioria contrói seus ninhos no chão,
algumas no final de túneis de vegetação, de
pedras ou no solo. Podem se alimentar longe da
área de nidificação em locais comunitários para
essa finalidade ou defenderem territórios,
especialmente na área de nidificação. Durante o
período reprodutivo há espécies que alteram a
composição da secreção de sua glândula uropigial
para alterar seu odor e reduzir a chance de
detecção do ninho por algum predador orientado
pelo olfato.
Colocam dois a seis ovos e a incubação dura
18 a 38 dias. A maioria se reproduz uma vez por
estação reprodutiva, em áreas de clima
temperado até três vezes. Os filhotes são
precociais, cobertos de plumas que os tornam
camuflados, e deixam o ninho após a eclosão.
Podem nidificar sozinhos (casais) ou de forma
semi-colonial em grupos, a depender da espécie.
Fontes: Sick, 1997; Petersen, 2001a; Jackson, 2002;
Beletsky, 2006; Mayr, 2009; Smith, 2015.
Pluvialis dominica (Statius Muller, 1776)
Nome popular: batuiruçu
Comprimento: 23-28 cm.
Peso: 138-166 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de campo,
praias, áreas costeiras e margens de lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
crustáceos, moluscos, anelídeos e vegetais.
Dentre os crustáceos consomem:
Gammarus, Uca.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Curculionidae, Carabidae,
Scarabaeidae, Tenebrionidae (larvas); formigas
Hymenoptera: Formicidae; borboletas e
mariposas Lepidoptera (larvas e pupas);
gafanhotos Orthoptera: Acrididae, Tettigoniidae.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Deslocam-se em pequenos bandos dispersos, mas
podem se reunir em bandos de a 25.000
durante as migrações. Em seu destino, após a
migração, alguns indivíduos agem de forma
territorialista, outros podem não ser, mas mesmo
assim mantêm certa distância dos demais
indivíduos. Dormem de forma comunitária.
Forrageiam ao nível do solo.
Reprodução: Reproduzem-se no Canadá e
Alasca. Durante a reprodução nestes locais, os
machos defendem territórios. Formam novos
casais a cada nova estação reprodutiva. Os ninhos
são escavações rasas no solo, forradas com
liquens, capins e pedrinhas. Colocam quatro ovos
e ambos os adultos participam da incubação. Em
geral os machos incubam durante o dia e as
fêmeas à noite. A incubação dura
aproximadamente 26 dias.
Distribuição: No Brasil possuem registros
em todos os estados do Brasil.
215
Fontes: Zotta, 1934; Sick, 1997; Iribarne &
Martinez, 1999; Hilty & Brown, 2001; Jackson, 2002;
Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; de la Peña & Salvador,
2010 in de la Peña, 2016; Spaans et al., 2015; Piacentini
et al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Pluvialis squatarola (Linnaeus, 1758)
Nome popular: batuiruçu-de-axila-preta
Comprimento: 27-31 cm.
Peso: 195-283 g.
Habitat: Ocorrem em praias, brejos
costeiros e margens de lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de crustáceos
(e.g. Uca), moluscos bivalves, anelídeos e insetos.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migrante originária do hemisfério norte.
Indivíduos se mantêm dispersos quando estão se
alimentando, mas descansam em pequenos
bandos, junto com outras aves costeiras.
Forrageiam ao nível do solo. Podem viver por até
12 anos.
Reprodução: Reprodução ocorre no
hemisfério norte em áreas árticas de maio a julho.
O ninho é uma depressão no solo forrada com
musgos e liquens, em áreas de tundra úmida ou
seca. Colocam um a cinco ovos. A incubação dura
26 a 27 dias e é realizada por ambos os adultos.
Distribuição: Ocorrem em todos os
continentes. No Brasil ocorrem na região costeira
do Rio Grande do Sul ao Amapá.
Fontes: Mayfield, 1973; Sick, 1997; Iribarne &
Martine, 1999; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003;
Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009; Piacentini et al.,
2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Oreopholus ruficollis (Wagler, 1829)
Nome popular: batuíra-de-papo-ferrugíneo
Sinonímia recente: Eudromia ruficollis
Comprimento: 25-29 cm.
Peso: 120-145 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de campo.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
crustáceos (e.g. Isopoda terrestres), aracnídeos,
anelídeos (e.g. Oligochaeta) e sementes.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Scarabaeidae, Curculionidae; moscas
Diptera; borboletas e mariposas Lepidoptera;
Hymenoptera; percevejos Hemiptera; gafanhotos
Orthoptera: Acrididae.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do sul do
continente. Forrageiam ao nível do solo.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus).
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Reprodução registrada de setembro a dezembro
na Argentina, o ninho é uma depressão exposta
no solo, às vezes forrado com gramíneas. Colocam
três a quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem no Equador, Peru,
Bolívia, Chile, Argentina, Uruguai e Brasil, onde
possuem registros no Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Rio de Janeiro.
Altitude: Até 4.500 m.
Fontes: Zotta, 1934; Peres & Peres, 1985 in de la
Peña, 2016; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Ellis et al.,
2002; Dunning Jr., 2008; de la Peña & Salvador, 2010 in
de la Peña, 2016; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Vanellus cayanus (Latham, 1790)
Nome popular: mexeriqueira
Comprimento: 22-26 cm.
Peso: 54-80 g.
Habitat: Ocorrem em margens e bandos de
areia de rios e lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos, eventualmente formam pequenos
bandos.
Reprodução: Reprodução registrada ao
longo de quase todo o ano, variando conforme a
região. O ninho é um buraco raso no chão,
colocam dois ou três ovos. Antes de saírem do
ninho cobrem os ovos com areia.
Distribuição: Ocorrem da Colômbia,
Venezuela e Suriname até a Argentina e no Brasil,
onde possuem registros em quase todos os
estados.
Altitude: Até 800 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Spaans et
al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Vanellus chilensis (Molina, 1782)
Nome popular: quero-quero
Comprimento: 32-38 cm.
Peso: 277-426 g.
Habitat: Ocorrem em áreas abertas, como
campos e pastos.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
crustáceos (e.g. Isopoda), aracnídeos, anelídeos
(e.g. Lumbricus), sementes e frutos (e.g.
Solanaceae). Podem procurar alimentos na água,
agindo de forma similar às garças, movendo o
no lodo para localizar possíveis presas. Também
ingerem pequenas pedras.
216
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Scarabaeidae (larvas); Carabidae
(adultos), Curculionidae (larvas e adultos),
Elateridae (larvas), Chrysomelidae, Tenebrionidae;
borboletas e mariposas Lepidoptera (adultos):
Hepialidae (larvas), Noctuidae (larvas); moscas
Diptera: Asilidae (adultos e larva), Dolichopodidae;
Dermaptera (adultos); percevejos Hemiptera;
formigas Hymenoptera: Formicidae; baratas
Blattodea; gafanhotos Orthoptera: Acrididae,
Gryllidae.
Dentre as sementes consomem: Panicum,
Phalaris, Xanthium.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais ou pequenos bandos, às vezes de até
35 indivíduos. Forrageiam ao nível do solo. São
bastante protetores em relação aos seus ninhos e
filhotes. Realizam comportamentos ritualizados
para proteger seu ninho, como agachar-se em
diferentes locais longe do ninho ou dos filhotes
para induzir o possível predador a ir para outro
local. Também podem fingir estar feridos ou voar
baixo de forma agressiva sobre o possível
predador fingindo que irá atacá-lo. Fora do
período reprodutivo seus comportamentos
envolvem fuga do possível predador.
Predadores: mocho-dos-banhados (Asio
flammeus), jacurutu (Bubo virginianus), quiri-quiri
(Falco sparverius), águia-serrana (Geranoaetus
melanoleucus), gavião-de-rabo-branco
(Geranoaetus albicaudatus), carcará (Caracara
plancus), gavião-de-coleira (Falco femoralis),
falcão-peregrino (Falco peregrinus), gavião-do-
banhado (Circus buffoni), gavião-pinhé (Milvago
chimango), gavião-caboclo (Heterospizias
meridionalis), gavião-de-costas-vermelhas
(Geranoaetus polyosoma), sucuri (Eunectes sp.).
Reprodução: Reprodução registrada de
junho a fevereiro (sul do continente) e janeiro a
julho (norte do continente). O ninho é uma leve
depressão no solo, exposto, forrado com
gramíneas e outros vegetais, também podem usar
matéria fecal de bovino e equinos. Defendem
territórios ao redor dos ninhos, que variam
aproximadamente de 3 a 30 hectares.
Colocam três a quatro ovos, eventualmente
seis. A construção do ninho demora quatro a seis
dias, a incubação dura 18 a 28 dias. Ao eclodirem
os filhotes deixam o ninho e começam a seguir
seus pais. Ambos os adultos auxiliam na incubação
e nos cuidados com os filhotes. Em algumas
ocasiões algum filhote pode ficar mais tempo
junto aos pais e ajudar nos cuidados da próxima
prole.
Realizam comportamentos de corte, três ou
mais exemplares andam rapidamente juntos, com
o corpo erguido e vocalizando, então param,
abaixam a cabeça e com o bico quase tocando no
chão levantam a cauda e abrem parcialmente as
asas. Depois correm juntos ou alguns voam e após
alguns minutos retomam o comportamento.
Quando algum possível predador se
aproxima dos filhotes estes podem ficar parados
estáticos e abaixados, procurando contar com
suas cores como camuflagem.
Distribuição: Ocorrem da América Central
até a Terra do Fogo e em todo o Brasil. Consta que
no Rio Grande do Sul suas populações aumentam
durante o inverno devido à chegada de migrantes.
Altitude: Até 2.600 m.
Fontes: Aravena, 1927; Zotta, 1934; Williamson,
1975; Belton, 1984; Luque, 1984; Naranjo, 1991; Stotz
et al., 1996; Sick, 1997; Martínez et al., 1998; Hilty &
Brown, 2001; Ellis et al., 2002; Costa, 2002; Hilty, 2003;
Tomazzoni et al., 2004; Rojas & Stapung, 2004;
Giacomo, 2005; Trejo et al., 2006; Vargas et al., 2007;
Calí et al., 2008; Dunning Jr., 2008; Gantz et al., 2009;
de la Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; de
Lucca, 2011; Oliveira, 2011; Pinto, 2013; Materco &
Ferreira, 2014; de la Peña, 2016; Cerboncini, 2016;
Gantz et al., 2016; Faitarone, 2017; Ferreira, 2017;
Mena-Valenzuela, 2018; Haeberlin et al., 2019;
Wikiaves, 2019.
Charadrius modestus Lichtenstein, 1823
Nome popular: batuíra-de-peito-tijolo
Comprimento: 19-22 cm.
Peso: 71-89 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras,
margens de lagoas e rios.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
aracnídeos, moluscos e sementes.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Curculionidae, Chrysomelidae;
formigas Hymenoptera: Formicidae; borboletas e
mariposas Lepidoptera; moscas Diptera;
gafanhotos Orthoptera.
Dentre os moluscos consomem:
Biomphalaria, Kermatoides, Planorbis.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do sul do
continente.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus).
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Reprodução registrada de setembro a janeiro na
Argentina. Colocam três ovos. Ambos os adultos
participam da incubação, o macho durante o dia e
a fêmea à noite. Os machos defendem territórios
217
reprodutivos. Os indivíduos podem se reproduzir
com o mesmo parceiro em anos diferentes ou
podem procurar um novo parceiro.
Distribuição: Ocorrem na Argentina e Chile
e algumas populações migram para o Uruguai e
Brasil, onde possuem registros do Rio Grande do
Sul ao Rio de Janeiro, principalmente na área
costeira.
Altitude: Até 2.000 m.
Fontes: Zotta, 1934; Zotta, 1940; Peres & Peres,
1985 in de la Peña, 2016; Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Ellis et al., 2002; Dunning Jr., 2008; Clair, 2010; de la
Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; de la Peña,
2016; Wikiaves, 2019.
Charadrius semipalmatus Bonaparte, 1825
Nome popular: batuíra-de-bando
Comprimento: 16-19 cm.
Peso: 37,6-57,4 g.
Habitat: Ocorrem em praias, áreas
costeiras, banhados e margens de lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de moluscos,
crustáceos, Brachiopoda, insetos, anelídeos
aracnídeos.
Dentre os crustáceos consomem:
Amphipoda; Copepoda; Isopoda: Ancinus;
Tanaidacea; Decapoda: Callinectes, Eurypanopeus,
Penaeus.
Dentre os insetos consomem: Diptera:
Canacidae, Chironomidae, Dolichopodidae;
Orthoptera; Coleoptera: Carabidae; Hymenoptera:
Formicidae.
Dentre os anelídeos consomem:
Polychaeta: Nereidae, Glyceridae.
Dentre os moluscos consomem: Bivalvia;
Gastropoda: Neritidae, Naticidae, Nassariidae,
Marginellidae, Pyramidellidae.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migrante originária do hemisfério norte.
Os indivíduos permanecem dispersos enquanto
estão se alimentando, mas se reúnem em bandos
de 20 a 50 indivíduos para descansar. Bandos
maiores podem se formar nos períodos de
migração. Forrageiam ao nível do solo, podem
procurar suas presas mexendo rapidamente a
pata ao nível no solo ou no lodo. Podem viver a
seis anos.
Reprodução: Reprodução ocorre em
regiões árticas e sub-árticas da América do Norte,
entre maio e junho. O ninho é uma escavação rasa
no solo ou em vegetação rala de tundra. Colocam
três a quatro ovos. Os machos defendem
territórios reprodutivos.
Distribuição: Ocorrem ao longo das
Américas, principalmente áreas costeiras. No
Brasil ocorrem na região costeira do Rio Grande
do Sul ao Amapá, também no interior de alguns
estados.
Fontes: Strauch & Abele, 1979; Sick, 1997; Hilty
& Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008;
Vuilleumier, 2009; Cestari, 2009; Clair, 2010; Piacentini
et al., 2015; de la Peña, 2016; Rose et al., 2016;
Wikiaves, 2019.
Charadrius wilsonia Ord, 1814
Nome popular: batuíra-bicuda
Comprimento: 16-20 cm.
Peso: 45,2-80 g.
Habitat: Ocorrem em praias, margens de
lagoas e ocasionalmente plantações de arroz.
Alimentação: Alimentam-se de crustáceos e
insetos.
Dentre os crustáceos consomem: Isopoda:
Ancinus; Amphipoda: Gammaridae; Decapoda:
Callinectes, Eriphia, Eurypanopeus, Paguristes,
Panopeus, Penaeus, Speocarcinus, Uca.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Tenebrionidae; formigas
Hymenoptera: Formicidae.
Comportamento e observações: Em geral
deslocam-se sozinhos, eventualmente em casais
ou em grupos de indivíduos dispersos. Não
formam bandos grandes, porém são mais
gregários após o período reprodutivo. Forrageiam
ao nível do solo.
Reprodução: Reprodução registrada de
abril a novembro. O ninho é um buraco raso nas
praias de areia ou lodo. Colocam dois a quatro
ovos. A incubação dura aproximadamente 25 a 31
dias. Ambos os adultos participam da incubação.
Enquanto são pequenos os filhotes passam a
maior parte do tempo ocultos em meio à
vegetação e onde são atendidos pelos adultos,
que se aproximam deles um de cada vez.
Distribuição: Ocorrem dos Estados Unidos à
Argentina. No Brasil ocorrem nas áreas costeiras
da Bahia ao Pará.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Strauch & Abele, 1979; Bergstrom,
1981; Bergstrom, 1988; Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Nascimento & Larrazábal, 2000; Hilty & Brown, 2001;
Hilty, 2003; Lima, 2006; Vuilleumier, 2009; de la Peña,
2016; Wikiaves, 2019; Andrade et al., 2020.
Charadrius collaris Vieillot, 1818
Nome popular: batuíra-de-coleira
Comprimento: 14-16 cm.
218
Peso: 25,8-31 g.
Habitat: Ocorrem em margens de rios,
estuários, lagoas, bancos de areia e plantações de
arroz.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
moluscos, anelídeos, crustáceos e sementes (e.g.
Polygonum).
Dentre os moluscos consomem: Naticidae,
Nassariidae, Planorbidae (Biomphalaria),
Hydrobiidae (Littorina).
Dentre os anelídeos consomem:
Polychaeta: Nereidae, Glyceridae.
Dentre os crustáceos consomem: Isopoda:
Ancinus; Decapoda: Callinectes, Penaeus,
Palaemon, Uca.
Dentre os insetos consomem: gafanhotos
Orthoptera: Gryllotalpidae; baratas Blattodea;
besouros Coleoptera: Carabidae, Histeridae,
Staphylinidae, Cucujidae, Tenebrionidae,
Scarabaeidae, Curculionidae, Dytiscidae,
Hydrophilidae; formigas Hymenoptera:
Formicidae; baratas-d’água Hemiptera:
Belostomatidae, Corixidae; efemérides
Ephemeroptera: Polymitarcyidae; borboletas
Lepidoptera: Pieridae; Diptera: Chironomidae.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em casais, às vezes em pequenos
bandos de cinco ou seis exemplares ou com outras
aves (e.g. Tringa e Calidris). Correm rapidamente.
Podem realizar migrações entre áreas costeiras e
áreas no interior do continente. Forrageiam ao
nível do solo.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus).
Reprodução: Reprodução registrada de
setembro a janeiro, o ninho é no solo e exposto,
em bancos de areia de rios e lagoas ou em praias.
Colocam um a três ovos.
Distribuição: Ocorrem do México até a
Argentina. Possuem registros em todos os estados
do Brasil.
Altitude: Até 800 m.
Fontes: Strauch & Abele, 1979; Belton, 1984;
Beltzer, 1986 in de la Peña, 2016; Beltzer &
Lajmanovich, 1990; Beltzer, 1991; Stotz et al., 1996;
Rodrigues & Lopes, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty,
2003; Di Giacomo, 2005; Dunning Jr., 2008; Galmes et
al., 2008 in de la Peña, 2016; Spaans et al., 2015; de la
Peña, 2016; Pinheiro & Cintra, 2017; Wikiaves, 2019.
Charadrius falklandicus Latham, 1790
Nome popular: batuíra-de-coleira-dupla
Comprimento: 18-19 cm.
Peso: 62-72 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
margens de lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
crustáceos, moluscos, anelídeos, poliquetas e
sementes.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera; percevejos Hemiptera; Hymenoptera.
Dentre os moluscos consomem: Bivalvia:
Darina, Tellina; Gastropoda: Hydrobiidae:
Littoridina sp.
Dentre os anelídeos consomem:
Polychaeta: Glycera, Laeonereis, Traviasia.
Dentre os crustáceos consomem: Isopoda;
Amphipoda; Decapoda: Cyrtograpsus.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em pequenos bandos e correm rapidamente.
Forrageiam ao nível do solo.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus).
Reprodução: Reprodução registrada de
setembro a janeiro. O ninho é construído em
praias com pedras, sendo uma escavação exposta
no solo, em margens de rios, lagoas ou costa
marinha. Colocam um a quatro ovos. A incubação
é realizada por ambos os adultos. Ao eclodirem os
filhotes deixam o ninho e começam a seguir seus
pais. A maioria dos indivíduos se reproduz com o
mesmo parceiro em mais de uma estação
reprodutiva.
Distribuição: Ocorrem no sul da América do
Sul e algumas populações migram da Argentina
para o Uruguai e Brasil, onde possui registros nas
áreas costeiras do Rio Grande do Sul a São Paulo.
Altitude: Até 1.200 m.
Fontes: Zotta, 1932; Belton, 1984; Peres &
Peres, 1985 in de la Peña, 2016; Resende &
Leeuwenberg, 1989; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Ellis
et al., 2002; D’Amico Bala, 2004; García-Peña et al.,
2008; Calí et al., 2008; Dunning Jr., 2008; Clair, 2010; de
la Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; Scherer et
al., 2013; Musmeci et al., 2013; de la Peña, 2016;
Wikiaves, 2019.
219
Vanellus chilensis
Charadrius collaris
220
Família Haematopodidae
Família representada no Brasil por aves
popularmente conhecidas como piru-piru. Os
fósseis mais antigos dessa família datam do
Plioceno, entre 5 e 2 milhões de anos atrás.
Comportamento e alimentação
Ocorrem em áreas litorâneas e costeiras,
tanto litorais rochosos quanto arenosos. Algumas
espécies podem ocorrer em áreas de vegetação
rasteira, como campos, pastagens e áreas
agrícolas. Mudam o habitat de ocorrência entre os
períodos reprodutivo e não-reprodutivo. Podem
viver mais de 40 anos.
Demonstram fidelidade quanto aos seus
locais de reprodução e parceiros, defendem seus
territórios reprodutivos, às vezes ao longo de todo
ano. Tanto que as espécies migratórias retornam
para o mesmo local em cada ano. registros de
indivíduos que usaram o mesmo território por 20
anos. Fora do período reprodutivo podem andar
em pequenos bandos.
Alimentam-se de invertebrados aquáticos,
principalmente moluscos bivalves, que são
abertos usando seu bico forte, inserido
rapidamente quando estes estão semi-abertos.
Também ingerem outros moluscos, como
caramujos, e também crustáceos. Eventualmente
peixes.
Reprodução
São monogâmicos, com forte fidelidade
territorial e ao parceiro. O ninho é uma tigela no
solo. As fêmeas escolhem o local de nidificação e
os machos constroem a maior parte do ninho.
Colocam um a quatro ovos. A incubação dura 24 a
39 dias, realizada por ambos os sexos. Os filhotes
são precociais, caminham assim que eclodem, mas
dependem dos cuidados dos pais por
aproximadamente dois meses, alguns ficam com
os adultos por até seis meses. A maturidade
sexual é atingida após três ou quatro anos, ou
mais.
Fontes: Petersen, 2001b; Smith, 2002; Beletsky, 2006.
Haematopus palliatus Temminck, 1820
Nome popular: piru-piru
Comprimento: 40-46 cm.
Peso: 499-720 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras,
praias, margens de lagoas, lagos e rios.
Alimentação: Alimentam-se de crustáceos
(inclusive cracas) e moluscos (inclusive bivalves).
Dentre os moluscos consomem espécies
dos seguintes gêneros: Amarilladesma,
Aulocomya, Brachidontes, Crassostrea, Darina,
Donax, Geukensia, Mesodesma, Natica,
Olivancillaria, Perna, Stramonita, Tagelus, Tellina.
Dentre os crustáceos consomem espécies
dos seguintes gêneros: Arenaeus, Callinectes,
Chasmagnathus, Cyrtograpsus, Emerita.
Comportamento e observações: Deslocam-
se em casais ou em bandos, às vezes de 30 a 40
indivíduos, exceto no período reprodutivo quando
agem de forma territorialista. Mantêm-se
afastados de outras aves costeiras. Forrageiam ao
nível do solo e na água rasa. Podem manter
territórios distintos para alimentação e
reprodução. Podem viver por até 17 anos.
Predadores: de seus ovos e adultos: carcará
(Caracara plancus); de seus filhotes: savacu
(Nycticorax nycticorax); de seus ovos: chimango
(Milvago chimango).
Reprodução: Reprodução registrada entre
julho e maio, o ninho é um depressão exposta no
solo, com uma borda formada por conchas, ossos
ou pedras, colocam um a três ovos. Ambos os
adultos cuidam dos filhotes. A incubação dura
aproximadamente 27 dias. Os filhotes começam a
voar 34 a 35 dias após a eclosão.
Distribuição: Ocorrem em áreas costeiras
de todo o continente americano.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Daciuk, 1973 in de la Peña, 2016;
Cadman, 1979; Belton, 1984; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Bachmann & Martinez, 1999; Hilty & Brown,
2001; Hilty, 2003; Rodriguez-Ferraro & Azpiroz, 2004;
Fedrizzi & Vooren, 2007; Canabarro & Fedrizzi, 2007;
Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009; Bachmann &
Darrieu, 2010; Canabarro & Fedrizzi, 2010; de la Peña &
Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; Spaans et al., 2015;
de la Peña, 2016; Salvador, 2017; Linhares, 2018; de la
Peña, 2019.
221
Haematopus palliatus
222
Família Recurvirostridae
Família de aves popularmente conhecidas
como pernilongos. Os fósseis mais antigos que
possivelmente pertencem a essa família datam
do Eoceno (entre 56 e 34 milhões de anos atrás),
mas são ossos muito fragmentados e com
identificação incerta. Também registros de
icnofósseis, tratando-se de pegadas fossilizadas,
desse mesmo período que podem ser de alguma
espécie de Recurvirostridae.
Comportamento, alimentação e
reprodução
Ocorrem em brejos, banhados, pântanos e
açudes, tanto em água doce como salgada; com
muitos invertebrados aquáticos que lhes servem
de alimento. Em sua maioria são gregários e se
alimentam em bandos. Ingerem insetos
aquáticos, invertebrados, anelídeos, moluscos e
crustáceos. Eventualmente pequenos peixes e
matéria vegetal.
Alimentam-se durante o dia,
mas Himantopus também pode se alimentar
durante a noite, especialmente em áreas
costeiras sob influência de marés. Buscam seu
alimento andando ativamente pelas áreas de
águas rasas, mas consta que também podem
mergulhar para capturar algum alimento.
A maioria das espécies nidifica em
colônias, às vezes em conjunto com outras aves
costeiras. Algumas espécies possuem vários tipos
de vocalizações de alerta, para chamar os filhotes
ou para a cópula.
Podem realizar migração altitudinal.
espécies que saem da área costeira e vão para o
interior do continente para se reproduzir. São
monogâmicos, mas não necessariamente ao
longo de toda a estação reprodutiva. Colocam
três a quatro ovos, ambos os pais incubam e
cuidam dos filhotes. Os filhotes são precociais. O
cuidado parental dura três a seis semanas
após eclosão, até que os filhotes possam voar.
Atingem a maturidade sexual com um a três anos
e podem viver mais de 20 anos.
Fontes: Petersen, 2001c; Ehrenberg, 2002; Beletsky,
2006; Mayr, 2009; Olson, 2014.
Himantopus mexicanus (Statius Muller,
1776)
Nome popular: pernilongo-de-costas-
negras
Comprimento: 36-41 cm.
Peso: 136-202 g.
Habitat: Ocorrem em lagoas, estuários,
manguezais, brejos e banhados.
Alimentação: Alimentam-se de moluscos,
crustáceos, anelídeos, girinos, pequenos anfíbios
adultos e pequenos peixes.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em bandos. Forrageiam em áreas
lodosas e adentram na água até o nível do ventre,
mas geralmente ficam no nível de água mais
abaixo. Capturam invertebrados no lodo. Podem
viver até 19 anos.
Reprodução: Reprodução registrada de
abril a setembro, eventualmente até dezembro.
Nidificam em pequenos grupos. O ninho fica no
solo, construído apenas com lama ou com lama e
matéria vegetal (folhas secas), pode ser próximo
da água ou distante desta. Colocam três a cinco
ovos. Ambos os adultos participam da incubação;
para realizar a troca de turno, o membro que não
está incubando se aproxima do ninho fingindo
estar procurando alimento, quando então troca
de local o outro indivíduo.
Nos primeiros dias de vida os filhotes já
começam a procurar alimento ao redor do ninho.
Todo o bando se reúne para defender o território
do ninho. Em caso de aproximação de um
predador podem fingir estar com a asa ou a
perna machucada e emitem vocalizações
estridentes para tentar afastá-lo do local. Quando
ocorre algum alerta de perigo os filhotes se
escondem em meio à vegetação ou no lodo.
Distribuição: Ocorrem dos Estados Unidos
ao Peru e em quase todo o Brasil, exceto região
Sul e Mato Grosso do Sul.
Fontes: Hilty, 2003; Lima, 2006; Dunning Jr.,
2008; Vuilleumier, 2009; Lunardi et al., 2015;
Wikiaves, 2019.
Himantopus melanurus Vieillot, 1817
Nome popular: pernilongo-de-costas-
brancas
Sinonímia recente: Himantopus mexicanus
melanurus
223
Comprimento: 37-42 cm.
Peso: 216-219 g.
Habitat: Ocorrem em lagoas, estuários,
brejos e banhados.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
crustáceos, pequenos peixes e aracnídeos.
Dentre os crustáceos consomem:
Gammaridae: Gammarus; Palaemonidae:
Palaemonetes.
Dentre os moluscos consomem:
Ampullaridae: Ampullaria; Hydrobiidae:
Littoridina; Planorbidae: Biomphalaria.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Carabidae, Dytiscidae, Hydrophilidae;
mosquitos Diptera: Culicidae; baratas-d’água
Hemiptera: Belostomatidae, Corixidae;
efemérides Ephemeroptera.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em bandos. Consta que
algumas vezes podem se alimentar com o bico
parcialmente aberto varrendo a água
lateralmente.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus), gavião-asa-de-telha (Parabuteo
unicinctus); de seus filhotes: garça-moura (Ardea
cocoi).
Reprodução: Reprodução registrada de
agosto a maio. O ninho fica no solo, próximo da
água, consiste em uma plataforma de galhos e
folhas. Colocam dois a quatro ovos. Ao eclodirem
os filhotes deixam o ninho e começam a seguir
seus pais.
Distribuição: Ocorrem do Peru, Bolívia,
Paraguai, Chile, Argentina e Brasil, onde possuem
registros do Rio Grande do Sul ao Pernambuco,
Minas Gerais e Mato Grosso.
Fontes: Aravena, 1927; Zotta, 1932; Belton,
1984; Gussoni & Guaraldo, 2006; Calí et al., 2008;
Galmes et al., 2008 in de la Peña, 2016; de la Peña &
Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; Salvador, 2016; de
la Peña, 2016; Salvador, 2017; de la Peña, 2019;
Wikiaves, 2019.
Himantopus melanurus
224
Família Burhinidae
Os fósseis mais antigos que possivelmente
pertencem a uma espécie dessa família datam de
fins do Oligoceno (entre 34 e 23 milhões de anos
atrás) e começo do Mioceno.
Comportamento e alimentação
Ocorrem em áreas abertas com vegetação
arbustiva e solo arenoso, muitas espécies se
adaptaram às áreas agrícolas. Também em áreas
de margens de estuários, lagos, banhados e
similares. Preferem andar e correr do que voar.
Ficam imóveis durante o dia e tornam-se
ativos durante a noite. Nidificam sozinhos ou em
grupos dispersos, reunidos pela restrição
de habitat. A maioria das espécies é solitária,
exceto quando se reúnem para realizar a muda
das penas antes da migração de outono. Mas
espécies que geralmente andam em pequenos
grupos, às vezes até com centenas de indivíduos.
Andam devagar, procurando por presas no
solo para capturá-las e quebrá-las com seu bico
afiado se necessário. Alimentam-se de
invertebrados, como insetos e crustáceos,
também anelídeos, anfíbios, moluscos, répteis e
pequenos roedores.
Reprodução
Espécies do hemisfério norte se
reproduzem na primavera, enquanto as de áreas
tropicais, em períodos de condições ambientais
favoráveis, independente do período do ano.
São em geral monogâmicos, nidificam com
o mesmo parceiro ao longo de toda a vida. Os
machos cortejam as fêmeas fazendo pequenas
corridas e saltos. Os ninhos são uma depressão
feita no solo macio. O local é escolhido pelo casal.
Colocam de um a três ovos. Ambos os adultos
realizam a incubação, que dura 24 a 30 dias. Os
filhotes são precociais e apesar de voarem com
dois a três meses, só se tornam independentes
com seis meses de idade. A maturidade é atingida
com dois ou três anos.
Fontes: Sibley, 2001b; Hume, 2002; Boles et al., 2013.
Burhinus bistriatus (Wagler, 1829)
Nome popular: téu-téu-da-savana
Comprimento: 43-46 cm.
Peso: 787 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de campo ou
campo com árvores e arbustos dispersos.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos, em casais ou em grupos com
indivíduos dispersos. Durante estação chuvosa
podem se reunir em bandos de até 50 indivíduos,
caso muitas áreas de campos onde ocorram
fiquem alagadas. Permanecem sempre vigilantes.
Possuem hábitos diurnos e noturnos, mais ativos
durante o crepúsculo e durante a noite. Podem
correr rapidamente pelo solo. Ao serem
perseguidos agacham-se, às vezes até deitam a
cabeça no solo.
Reprodução: Reprodução registrada de
janeiro a abril e outubro e novembro. Colocam
dois ovos, diretamente no chão, algumas vezes
em meio a pedaços de fezes de outros animais ou
em uma pequena depressão.
Distribuição: Ocorrem do Amapá e Roraima
(ocasionalmente Pará e Ceará) até a Venezuela,
Colômbia e México.
Altitude: Até 900 m.
Fontes: Freese, 1975; Sick, 1997; Hilty & Brown,
2001; Hilty, 2003; Camacho, 2010a; Camacho, 2010b;
Wikiaves, 2019.
225
Burhinus bistriatus
226
Família Chionidae
As estimativas quanto ao período de
origem dessa família são incertas, porém
fósseis da Austrália e Nova Zelândia, datados de
períodos entre o Oligoceno e o Mioceno (entre
26 e 16 milhões de anos atrás). Tais fósseis são
atribuídos a aves dos gêneros Neilus e
Chionoides, classificados na superfamília
Chionoidea, sem uma definição da família, se
Pluvianellidae ou Chionidae.
Comportamento e alimentação
Possuem a plumagem totalmente branca,
os sexos são parecidos com os machos sendo
aproximadamente 15% maiores do que as
fêmeas.
São predominantemente terrestres e
habitam planícies costeiras e zonas intermarés.
Ocorrem a maior parte do ano em colônias de
aves marinhas. Fora do período reprodutivo
frequentam zonas intermarés rochosas e
arenosas.
Suas atividades anuais variam pela
disponibilidade ou não de colônias de aves e
mamíferos marinhos para explorar. São onívoros
oportunistas, se alimentam de muitas variedades
de animais e também de plantas. Nas colônias de
aves marinhas são predadores e carniceiros,
alimentando-se de ovos, filhotes e excrementos.
Aproveitam-se principalmente de colônias de
pinguins e praticam cleptoparasitismo em aves
marinhas. Também se alimentam de filhotes
mortos de focas, placenta e leite. Na ausência
desses alimentos ingerem algas marinhas e
invertebrados.
Reprodução
São monogâmicos, mantendo o mesmo
parceiro por muitos anos. Defendem seu local de
nidificação e território nas colônias de aves, com
exibições, vocalizações e ataques físicos.
Sincronizam a sua reprodução com as das demais
aves marinhas para terem o máximo possível de
recursos. Atingem a maturidade sexual com três
a cinco anos. Constroem os ninhos em cavidades
nas rochas, assim protegidos de intempéries e de
predadores. A incubação dura 28 a 32 dias,
filhotes semiprecociais ou nidícolas.
Fontes: Sanzenbacher, 2002; Beletsky, 2006; Pietri et
al. 2016.
Chionis albus (Gmelin, 1789)
Nome popular: pomba-antartica
Comprimento: 34-41 cm.
Peso do macho: 640-810 g.
Peso da fêmea: 560-720 g.
Habitat: Ocorrem em costas oceânicas e
ilhas.
Alimentação: Alimentam-se de carniça de
aves, peixes, pinípedes, cetáceos, crustáceos (e.g.
Emerita) e moluscos, também ovos de aves e
fezes.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em grupos dispersos.
No Brasil é espécie migratória originária do sul do
continente.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Reprodução registrada de novembro a fevereiro
na Antártida e ilhas Orcadas, Shetland do Sul e
Geórgia do Sul. O ninho é no solo, rodeado por
pequenas pedras, plumas, cascas de ovos e
pedaços de madeira. Colocam dois a três ovos. A
incubação dura 28 a 32 dias e os filhotes deixam
os adultos após 50 a 60 dias.
Distribuição: Ocorrem em áreas antárticas
e sub-antárticas, chegado a alguns pontos da
América do Sul durante o inverno. No Brasil
possuem registros no Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, Paraná, Bahia e Pernambuco.
Altitude: Baixas altitudes.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Sazenbacher, 2002; Dunning Jr., 2008; Dias et al.,
2010; Girardi & Carrano, 2015; de la Peña, 2016;
Daudt et al., 2017.
227
Família Scolopacidae
Família cujas espécies são popularmente
conhecidas como maçaricos e narcejas. Os fósseis
mais antigos de Scolopacidae datam do Oligoceno
(entre 34 e 23 milhões de anos atrás).
Comportamento
Fora do período reprodutivo ocorrem em
vários tipos de ambientes, mas sempre áreas
abertas. Neste período, ocorrem próximo de
corpos e cursos de água, tais como margens de
brejos, banhados e pastagens inundadas.
A maioria é territorialista durante o período
reprodutivo, mas há espécies coloniais ou semi-
coloniais. Fora desse período se alimentam e
descansam em bandos. Comunicam-se com
vocalizações, emitidas também em voo e algumas
espécies emitem sons instrumentais, produzidos
durante o voo por penas modificadas na cauda
(vide parte introdutória do livro sobre
“Vocalização”).
A maioria se reproduz no hemisfério norte e
realizam longas migrações até o hemisfério sul
durante o inverno boreal.
Alimentação
Alimentam-se de oligoquetas, poliquetas,
moluscos, crustáceos, aracnídeos, insetos,
pequenos peixes e anfíbios. Quando fontes
animais de alimentação são escassas, podem
ingerir sementes, brotos e frutos. Capturam esses
alimentos sondando a lama ou areia com seus
bicos, também buracos. Algumas espécies
capturam insetos no ar ou na superfície da água,
enquanto andam.
Reprodução
A maioria das espécies é monogâmica, mas
espécies poligínicas e poliândricas.
Reproduzem-se pela primeira vez com um a três
anos de idade. Encontram os parceiros
reprodutivos após chegarem às suas áreas
reprodutivas após a migração.
Realizam exibições e vocalizações em voo para
atração dos parceiros e para escolha do ninho.
O ninho é uma depressão no solo ou em
meio à vegetação herbácea, a construção é em
geral iniciada pelo macho e finalizada pela fêmea.
espécies que usam ninhos velhos de aves em
árvores (e.g. Tringa solitaria). Em geral colocam
quatro ovos e a incubação dura 17 a 32 dias.
Reproduzem-se uma vez por ano, exceto espécies
poligâmicas. Filhotes precociais, podem andar e se
alimentar em poucas horas após sua eclosão do
ovo. Na maioria das espécies ambos os adultos
participam quase igualmente da incubação e
cuidados com os filhotes, mas as fêmeas tendem a
abandoná-los antes. Há espécies em que apenas
os machos incubam e cuidam dos filhotes. Os
filhotes deixam os pais após 14 a 45 dias. Menos
de 50% dos indivíduos sobrevivem ao primeiro
ano de vida, mas podem viver até 32 anos.
Fontes: Warnock & Warnock, 2001; Taylor, 2002;
Beletsky, 2006; Mayr, 2009.
Bartramia longicauda (Bechstein, 1812)
Nome popular: maçarico-do-campo
Comprimento: 26-32 cm.
Peso: 126-218 g.
Habitat: Ocorrem em campos úmidos ou
secos e ilhas fluviais.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
moluscos, aracnídeos, anelídeos, quilópodes,
vegetais e suas sementes.
Dentre os insetos consomem: percevejos
Hemiptera: Pentatomidae, Cydnidae; besouros
Coleoptera: Curculionidae, Carabidae,
Tenebrionidae; borboletas Lepidoptera: Pieridae
(larvas); gafanhotos Orthoptera: Acrididae;
formigas Hymenoptera: Formicidae; cupins
Isoptera: Termitidae.
Comportamento e observações: É espécie
migratória originária do hemisfério norte.
Deslocam-se sozinhos ou em bandos de até 30 ou
35 indivíduos.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus).
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre na América do Norte, entre
maio e junho. O ninho é uma depressão no solo
em meio à vegetação herbácea. Colocam quatro
ovos. A incubação dura 17 a 26 dias.
Distribuição: Ocorrem em todas as
Américas. No Brasil ocorrem na região Sul,
Sudeste, Centro-oeste e Norte e alguns estados do
Nordeste.
228
Fontes: Zotta, 1934; Ailes, 1980; Sick, 1997;
Hilty, 2003; Notarnicola & Seipke, 2004 in de la Peña,
2016; Di Giacomo, 2005; Schulenberg et al., 2007;
Blanco & López-Lanús, 2008; Dunning Jr., 2008;
Vuilleumier, 2009; de la Peña & Salvador, 2010 in de la
Peña, 2016; Notarnicola & Seipke, 2004 in de la Peña,
2019;Alfaro et al., 2015; Spaans et al., 2015; Piacentini
et al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Numenius borealis (Forster, 1772)
Nome popular: maçarico-esquimó
Comprimento: 29-34 cm.
Peso: 270-454 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de campos
úmidos.
Alimentação: Possivelmente invertebrados.
Comportamento e observações: Espécie
migratória originária do hemisfério norte. Consta
que era comum no interior do Brasil, hoje está
extinta nesse país.
Fontes: Sick, 1997; Dunning Jr., 2008; Piacentini
et al., 2015; de la Peña, 2016.
Numenius hudsonicus Latham, 1790
Nome popular: maçarico-de-bico-torto
Comprimento: 39-46 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
estuarinas.
Alimentação: Alimentam-se de caranguejos
(e.g. Uca sp.), anelídeos, moluscos, peixes, insetos
e pequenas frutas.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério Norte.
Alguns autores consideram essa espécie como
sub-espécie de N. phaeopus. Solitários ao se
alimentar, possuem territórios de forrageio
defendidos contra outras aves da mesma espécie.
Mas se reúnem em bandos para descansar.
Forrageiam procurando alimento no lodo. Vivem
até 19 anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Reprodução ocorre no norte da América do Norte,
entre maio e agosto. O ninho é uma depressão em
meio à vegetação herbácea. Colocam quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem ao longo das áreas
costeiras de todas as Américas. No Brasil, do Rio
Grande do Sul ao Amapá.
Fontes: Mallory, 1982; Iribarne & Martinez,
1999; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Vuilleumier,
2009; Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016;
Wikiaves, 2019.
Numenius phaeopus (Linnaeus, 1758)
Nome popular: maçarico-galego
Comprimento: 40-46 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas de transição de
floresta e tundra, pastagens, áreas pantanosas e
praias.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados.
Comportamento e observações: Espécie
vagante originária do hemisfério Norte e de
ocorrência irregular no Brasil.
Distribuição: Ocorrem na Ásia, Europa e
parte da Oceania e da África. No Brasil possuem
registros em Fernando de Noronha.
Fontes: Williams & Arlott, 1963; Hilty & Brown,
2001; Hilty, 2003; Brazil, 2009; Piacentini et al., 2015;
de la Peña, 2016.
Limosa lapponica (Linnaeus, 1758)
Nome popular: fuselo
Comprimento: 37-41 cm.
Peso do macho: 233-260 g.
Peso da fêmea: 348-455 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras,
estuários e brejos.
Alimentação: Alimentam-se de pequenas
frutas, insetos (adultos e larvas), anelídeos,
moluscos (e.g. Bivalvia), anelídeos, sementes,
crustáceos e pequenos peixes.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie vagante de ocorrência irregular nesse
país, originária do hemisfério norte. Vivem até 10
anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Reproduzem-se em áreas de tundras e áreas
úmidas costeiras em regiões árticas e sub-árticas,
entre maio e junho. O ninho é uma depressão na
tundra, forrado com gramíneas, folhas e musgos.
Colocam dois a quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem na Ásia, Europa,
África, Oceania e Américas. No Brasil possui
registros nas áreas costeiras da Bahia ao Pará.
Fontes: Sick, 1997; Girão et al., 2006; Dunning
Jr., 2008; Vuilleumier, 2009; Piacentini et al., 2015;
Wikiaves, 2019.
Limosa haemastica (Linnaeus, 1758)
Nome popular: maçarico-de-bico-virado
Comprimento: 36-42 cm.
Peso do macho: 222 g.
Peso da fêmea: 289 g.
Habitat: Ocorrem em banhados, lagoas e
áreas costeiras, alguns com elevado nível de
salinidade.
229
Alimentação: Alimentam-se de moluscos,
poliquetos (e.g. Glycera), insetos, crustáceos (e.g.
Cyrtograpsus) e tubérculos.
Dentre os moluscos ingerem: Gastropoda:
Biomphalaria, Littoridina; Bivalvia: Darina, Tellina.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória originária do hemisfério norte.
Deslocam-se sozinhos ou em bandos. Podem viver
até 29 anos.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus).
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no norte da América do
Norte, entre maio e julho. O ninho é uma
depressão em meio à vegetação herbácea.
Colocam quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem em todas as
Américas. No Brasil possui registros nos estados
da região Sul, Sudeste e parte da região Norte.
Fontes: Peres & Peres, 1985 in de la Peña, 2016;
Sick, 1997; Ellis et al., 2002; Hilty, 2003; Hernández et
al., 2008; Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009; de la
Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; Lizarralde et
al., 2010; Piacentini et al., 2015; Spaans et al., 2015; de
la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Limosa fedoa (Linnaeus, 1758)
Nome popular: maçarico-marmóreo
Comprimento: 42-48 cm.
Peso: 285-454 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras,
estuários e brejos.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
crustáceos, moluscos e peixes.
Comportamento e observações: Espécie
vagante, de ocorrência irregular no Brasil,
originária do hemisfério norte. Forrageiam no
lodo de áreas pantanosas, praias e campos.
Reprodução: A reprodução ocorre nos
Estados Unidos (incluindo Alasca) e Canadá, entre
maio e julho. O ninho fica ao vel do solo, entre
gramíneas. Colocam quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem no Canadá e Estados
Unidos (incluindo Alasca). No Brasil foi registrado
na área costeira do Maranhão.
Fontes: Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009;
Pacheco et al., 2021.
Arenaria interpres (Linnaeus, 1758)
Nome popular: vira-pedras
Comprimento: 20-26 cm.
Peso: 134-138 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de crustáceos
(e.g. Uca), insetos, moluscos, aracnídeos, plantas,
ovos de aves e carniça de peixe.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Deslocam-se em pequenos bandos ou com
indivíduos dispersos, geralmente com outras aves
costeiras.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Se reproduzem em áreas circum-árticas em junho.
O ninho é uma depressão rasa forrada com
liquens e gramíneas em áreas abertas. Colocam
quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem em todos os
continentes, exceto Antártida. No Brasil possuem
registros ao longo de toda a costa, eventualmente
em áreas no interior do país também.
Fontes: Knappen, 1933; Cottam, 1942; Parkes et
al., 1971; Sick, 1997; Iribarne & Martinez, 1999;
Nascimento & Larrazábal, 2000; Hilty & Brown, 2001;
Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009;
Spaans et al., 2015; Piacentini et al., 2015; de la Peña,
2016; Wikiaves, 2019.
Calidris canutus (Linnaeus, 1758)
Nome popular: maçarico-de-papo-
vermelho
Comprimento: 25-26 cm.
Peso: 100-206 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de moluscos,
crustáceos, políquetos (e.g. Travisia), insetos e
plantas.
Dentre os moluscos consomem: Bivalvia:
Aulacomyia, Brachidontes, Darina, Mytilus,
Perumytilus, Tellina; Gastropoda: Buccinanops,
Donax, Mesodesma, Olivella.
Dentre os crustáceos consomem: Balanus,
Cicloleberis, Cyrtograpsus, Emerita.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Podem se reunir em grandes bandos ou
permanecer em grupos pequenos com indivíduos
dispersos, às vezes em associação com outras aves
costeiras.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus), chimango (Milvago chimango).
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre em regiões árticas, em
junho. O ninho é uma pequena área raspada em
230
áreas de gramíneas ou tundra. Colocam quatro
ovos.
Distribuição: Ocorrem em todos os
continentes, exceto Antártida. No Brasil ocorrem
ao longo de quase toda a região costeira.
Fontes: Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty,
2003; Hernández et al., 2004; Notarnicola & Seipke,
2004 in de la Peña, 2016; Hernández et al., 2008;
Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009; Hernández et al.,
2010; Brusco, 2011; Notarnicola & Seipke, 2004 in de la
Peña, 2019;Spaans et al., 2015; Schwertner, 2015;
Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves,
2019.
Calidris pugnax (Linnaeus, 1758)
Nome popular: combatente
Sinonímia recente: Philomachus pugnax
Comprimento: 23-29 cm.
Peso do macho: 130-210 g.
Peso da fêmea: 78-147 g.
Habitat: Ocorrem em áreas pantanosas,
brejos e áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
anelídeos (e.g. Hirudinea), crustáceos (e.g.
Ostracoda), aracnídeos e sementes.
Dentre os insetos ingerem: libélulas
Odonata (larvas); moscas e mosquitos Diptera:
Tipulidae, Culicidae, Chironomidae; besouros
Coleoptera: Dytiscidae (larvas), Hydraenidae
(larvas), Staphylinidae, Dryopidae, Brenthidae,
Curculionidae.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie vagante, de ocorrência irregular,
originária do hemisfério norte.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no hemisfério norte.
Distribuição: Possuem registros em todos
os continentes, exceto Antártida. No Brasil
possuem registros no Rio Grande do Sul, São
Paulo, Minas Gerais, Bahia, Ceará e Pará.
Fontes: Heinzel et al., 1995; Sick, 1997; Baccetti
et al., 1998; Dunning Jr., 2008; Piacentini et al., 2015;
Wikiaves, 2019.
Calidris himantopus (Bonaparte, 1826)
Nome popular: maçarico-pernilongo
Comprimento: 18-23 cm.
Peso: 48-68 g.
Habitat: Ocorrem em banhados, praias,
rios, brejos e lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
moluscos e sementes.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Forrageiam deslocando-se na água até o nível do
ventre. Vivem pelo menos três anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre em áreas sub-árticas, no mês
de junho. O ninho é uma depressão rasa na
tundra. Colocam quatro ovos e a incubação dura
19 a 21 dias. Ambos os adultos participam da
incubação, machos durante o dia e fêmeas
durante a noite.
Distribuição: Ocorrem em todos os
continentes, exceto Antártida. No Brasil possuem
registros em todos os estados.
Fontes: Jehl, 1973; Sick, 1997; Hilty & Brown,
2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Spaans et al.,
2015; Piacentini et al., 2105; de la Peña, 2016;
Wikiaves, 2019.
Calidris ferruginea (Pontoppidan, 1763)
Nome popular: maçarico-de-bico-curvo
Comprimento: 18-23 cm.
Peso: 56,6-59,6 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de tundra na
região ártica, praias, áreas brejosas costeiras
durante a migração e plantações de arroz.
Alimentação: Alimentam-se de poliquetos,
gastrópodes, camarões, caranguejos e larvas de
moscas.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie vagante, de ocorrência irregular,
originária da Europa, África ou Ásia.
Reprodução: Reproduzem-se no extremo
norte da Ásia.
Distribuição: Ocorrem no norte da Ásia,
Europa e norte da África. No Brasil foi registrado
no Ceará e Maranhão.
Fontes: Puttick, 1978; Heinzel et al., 1995; Brazil,
2009; Musher et al., 2016.
Calidris alba (Pallas, 1764)
Nome popular: maçarico-branco
Comprimento: 18-22 cm.
Peso: 47-72,5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de crustáceos,
moluscos, anelídeos, insetos, peixes (e.g.
Perciformes), algas e carniça.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Staphylinidae, Hydrophilidae,
Curculionidae, Tenebrionidae; formigas
231
Hymenoptera: Formicidae; moscas Diptera
(adultos).
Dentre os moluscos consomem: Bivalvia:
Brachydontes, Corbula, Darina.
Dentre os crustáceos consomem:
Corophium, Cyrtograpsus, Exosphaeroma.
Dentre os anelídeos consomem:
Polychaeta: Glycera, Laeonereis, Travisia.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária no hemisfério norte.
Deslocam-se em pequenos bandos,
eventualmente se reúnem em centenas de
indivíduos. Vivem até 10 anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre em regiões árticas e sub-
árticas, entre junho e julho. O ninho é uma
depressão rasa no solo. Colocam quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem em todos os
continentes, exceto Antártida. No Brasil ocorrem
ao longo de toda a costa e possuem registros no
interior de quase todos os estados.
Fontes: Tarbell, 1995; González et al., 1996; Sick,
1997; Hilty & Brown, 2001; Petracci, 2002; Hilty, 2003;
Hernández & Bala, 2005; Hernández et al., 2005 in de la
Peña, 2016; Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009;
Castro et al., 2009; Spaans et al., 2015; Piacentini et al.,
2015; de la Peña, 2016.
Calidris bairdii (Coues, 1861)
Nome popular: maçarico-de-bico-fino
Comprimento: 17-19 cm.
Peso: 38.6-43,5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras,
banhados, plantações de arroz e praias.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
moluscos, crustáceos, aracnídeos e sementes.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Cerambycidae, Hydrophilidae,
Carabidae, Dytiscidae, Curculionidae, Noteridae;
moscas Diptera (larvas); borboletas e mariposas
Lepidoptera (larvas); Trichoptera (larvas);
percevejos Hemiptera: Corixidae.
Dentre os moluscos consomem:
Hydrobiidae: Littoridina; Planorbidae:
Biomphalaria.
Dentre as sementes consomem:
Polygonum; Scirpus.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Deslocam-se sozinhos ou em bandos, às vezes
junto de outras aves costeiras.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Reprodução ocorre em áreas árticas, em junho. O
ninho é uma depressão no solo em áreas de
tundra. Colocam quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem em todos os
continentes, exceto Antártida. No Brasil possuem
registro nos estados do Rio Grande do Sul e São
Paulo.
Fontes: Beltzer & Lajmanovich, 1990; Sick, 1997;
Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008;
Vuilleumier, 2009; de la Peña & Salvador, 2010 in de la
Peña, 2016; Spaans et al., 2015; de la Peña, 2016;
Piacentini et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Calidris minuta (Leisler, 1812)
Nome popular: maçarico-pequeno
Comprimento: 12-14 cm.
Peso: 17-27 g.
Habitat: Ocorrem em lagos, lagoas, brejos,
campos e estuários.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados aquáticos.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie vagante, de ocorrência irregular.
Forrageiam na superfície do lodo e áreas com
águas rasas. Realizam migrações entre o norte da
Europa e Ásia e o sul desses continentes e África.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no norte da Europa e Ásia.
Distribuição: Ocorrem na Europa, Ásia e
África. Possuindo registros como vagantes na
América do Norte e no Brasil (Fernando de
Noronha).
Fontes: Beaman & Madge, 1998; Brazil, 2009;
Vuilleumier, 2009; Gussoni, 2019.
Calidris minutilla (Vieillot, 1819)
Nome popular: maçariquinho
Comprimento: 13-15 cm.
Peso: 19,7-26,4 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras,
margens de lagoas, lagos, brejos e banhados.
Alimentação: Alimentam-se de crustáceos,
moluscos, insetos, aracnídeos e plantas (sementes
e talos de Poaceae).
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Chrysomelidae, Cucujidae,
Curculionidae, Elmidae, Hydrophilidae,
Scarabaeidae; mosquito Diptera: Chironomidae;
percevejos Hemiptera: Hebridae, Veliidae; vespas
Hymenoptera: Argidae, Vespidae; mariposas
Lepidoptera: Pyralidae; formigas-leão Neuroptera:
Hemerobiidae; grilos Orthoptera: Gryllidae.
Dentre os aracnídeos consomem:
Araneidae, Tetragnathidae.
232
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Deslocam-se sozinhos ou em pequenos bandos de
indivíduos dispersos quando estão forrageando.
Reúnem-se em grandes bandos para descansar.
Durante o forrageio preferem andar sobre o lodo
e a vegetação do que na água rasa. Vivem até 17
anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre em áreas sub-árticas, entre
maio e junho. Colocam quatro ovos. A incubação
dura 20 a 21 dias.
Distribuição: Ocorrem em todas as
Américas, Europa, Ásia e parte da Oceania. No
Brasil ocorrem ao longo de toda a costa, também
em áreas interioranas em alguns estados.
Fontes: Miller, 1983; Miller & Reid, 1987; Sick,
1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr.,
2008; Vuilleumier, 2009; Spaans et al., 2015; Piacentini
et al., 2015; Cifuentes-Sarmiento & Renjifo, 2016; de la
Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Calidris fuscicollis (Vieillot, 1819)
Nome popular: maçarico-de-sobre-branco
Comprimento: 15-18 cm.
Peso: 47-49 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras,
brejos, lagoas, plantações de arroz, campos e
banhados.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
moluscos, anelídeos, crustáceos (e.g. Cicloleberis)
e sementes.
Dentre os insetos consomem: cigarrinhas
Hemiptera: Cicadellidae; besouros Coleoptera:
Chrysomelidae, Dytiscidae; formigas
Hymenoptera: Formicidae; mosquitos Diptera:
Chironomidae, Ceratopogonidae, Culicidae
(larvas).
Dentre os moluscos consomem:
Gastropoda: Biomphalaria, Littoridina, Tellina;
Bivalvia: Darina.
Dentre os anelídeos consomem:
Polychaeta: Glycera, Laeonereis, Travisia.
Dentre as sementes consomem:
Cheropodium, Lotus, Malva, Melilotus,
Piptochaetium, Polygonum, Scirpus, Stellaria.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Deslocam-se sozinhos ou em bandos de cinco ou
seis indivíduos, às vezes junto de outras aves
costeiras.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre em regiões árticas e sub-
árticas, em junho. O ninho é uma depressão rasa
no solo em áreas de tundra. Colocam quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem em todos os
continentes, exceto Antártida. No Brasil ocorrem
ao longo de toda a costa, também em áreas
interioranas de alguns estados.
Fontes: Aravena, 1927; Beltzer, 1988 in de la
Peña, 2016; Beltzer, 1991; Sick, 1997; Nascimento &
Larrazábal, 2000; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003;
Montalti et al., 2003; D’Amico et al., 2004; Hernández
& Bala, 2007; Dunning Jr., 2008; Hernández et al., 2008;
Vuilleumier, 2009; de la Peña & Salvador, 2010 in de la
Peña, 2016; Spaans et al., 2015; Piacentini et al., 2015;
de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Calidris subruficollis (Vieillot, 1819)
Nome popular: maçarico-acanelado
Sinonímia recente: Tryngites subruficollis
Comprimento: 18-21 cm.
Peso: 46-77,5 g.
Habitat: Ocorrem em banhados, áreas
costeiras, campos úmidos e campos secos.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
moluscos, aracnídeos e vegetais (sementes).
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera; moscas Diptera (larvas); borboletas e
mariposas Lepidoptera (larvas); gafanhotos
Orthoptera.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Deslocam-se em bandos durante a migração, às
vezes de mais de 200 indivíduos.
Reprodução: o se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre em regiões árticas, no mês
de junho. O ninho é uma depressão rasa entre
musgos ou gramíneas. Colocam quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem em todos os
continentes, exceto Antártida. No Brasil possuem
registros nos estados do Amazonas, Maranhão,
Rondônia, Acre, Mato Grosso, Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.
Fontes: Belton, 1984; Sick, 1997; Isacch &
Martínez, 1998 in de la Peña, 2016; Hilty & Brown,
2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Spaans et al.,
2015; Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016;
Wikiaves, 2019.
Calidris melanotos (Vieillot, 1819)
Nome popular: maçarico-de-colete
Comprimento: 19-23 cm.
Peso: 65-97,8 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras,
estuários, campos e banhados.
233
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
moluscos, aracnídeos, folhas e sementes.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Chrysomelidae, Dytiscidae,
Tenebrionidae, Curculionidae, Hydrophilidae,
Noteridae; mosquito Diptera (larvas):
Chironomidae; efemérides Ephemeroptera
(náiades); borboletas e mariposas Lepidoptera
(larvas); Trichoptera (larvas); gafanhotos
Orthoptera: Acrididae; formigas Hymenoptera:
Formicidae.
Dentre os moluscos consomem:
Ampullariidae: Pomacea; Hydrobiidae: Littoridina;
Planorbidae: Biomphalaria, Drepanotrema,
Gundlachia.
Dentre os vegetais consomem: folhas de
Oxalis; sementes de Brachiaria, Brassica,
Canavaria, Eichhornia, Medicago, Paspalum,
Polygonum, Schoenoplectus, Scirpus, Setaria,
Sisyrinchium, Sporobolus, Veronica.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Deslocam-se sozinhos ou em bandos de 20 a 60
exemplares, às vezes junto de outras aves
costeiras. Em geral não forrageiam na água. Vivem
até quatro anos e meio.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre em regiões Árticas, no mês
de junho. O ninho é uma depressão rasa na
tundra. Colocam quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem em todos os
continentes, exceto Antártida. No Brasil possuem
registros em todos os estados.
Fontes: Aravena, 1927; Zotta, 1934; Zotta, 1940;
Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Di
Giacomo, 2005; Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009;
Bagnarol et al., 2010; de la Peña & Salvador, 2010 in de
la Peña, 2016; Spaans et al., 2015; Piacentini et al.,
2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Calidris pusilla (Linnaeus, 1766)
Nome popular: maçarico-rasteirinho
Comprimento: 13-16 cm.
Peso: 27,5 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de moluscos,
anelídeos e aracnídeos.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória originária do hemisfério norte.
Deslocam-se em pequenos bandos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorrem em áreas árticas e sub-
árticas, entre maio e junho. O ninho é uma
depressão rasa no solo. Colocam quatro ovos. A
incubação dura 20 dias.
Distribuição: Ocorrem nas Américas,
Europa, Ásia e África. No Brasil ocorrem ao longo
da costa e eventualmente em áreas do interior do
país.
Fontes: Ashkenazie & Safriel, 1979; Sick, 1997;
Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008;
Piacentini et al., 2015; Spaans et al., 2015; de la Peña,
2016; Pereira & Oliveira, 2019; Wikiaves, 2019.
Calidris mauri (Cabanis, 1857)
Nome popular: maçarico-miúdo
Comprimento: 14-17 cm.
Peso: 26,6-29,1 g.
Habitat: Ocorrem em brejos, estuários,
campos úmidos, praias e áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
crustáceos e anelídeos.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie vagante, de ocorrência irregular,
originária do hemisfério norte.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre entre maio e junho, em
áreas árticas e subárticas, na região da Beríngia
(Alasca e extremo nordeste da Ásia). O ninho é
uma depressão rasa em áreas secas de tundra.
Colocam quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem na América do Norte
e nordeste da Ásia. Em outras regiões são
considerados vagantes, como Europa e América
do Sul, onde ocorrem do norte do continente até
o Chile e Brasil (Rio de Janeiro).
Fontes: Beaman & Madge, 1998; Schulenberg et
al., 2007; Brazil, 2009; Vuilleumier, 2009; Porto, 2020.
Limnodromus griseus (Gmelin, 1789)
Nome popular: maçarico-de-costas-brancas
Comprimento: 24-29 cm.
Peso: 73-154 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de anelídeos,
moluscos, crustáceos, insetos e sementes.
Dentre os anelídeos consomem:
Polychaeta: Glycera, Nereis.
Dentre os moluscos consomem:
Gastropoda: Buccinum, Hydrobia; Bivalvia:
Macoma.
Dentre os crustáceos consomem:
Chiridotea, Corophium.
234
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Deslocam-se em bandos. Forrageiam com a água
quase no ventre, movendo a cabeça para cima
procurando por presas com o bico ou movendo-a
de um lado para outro. Podem viver até 20 anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre na América do Norte, entre
maio e junho. O ninho é uma depressão no solo.
Colocam quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem em todas as
Américas. No Brasil ocorre nas áreas costeiras e
estuarinas do Rio Grande do Sul ao Amapá.
Fontes: Hicklin & Smith, 1979; Sick, 1997; Hilty,
2003; Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009; Piacentini
et al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Gallinago undulata (Boddaert, 1783)
Nome popular: narcejão
Comprimento: 36-48 cm.
Peso do macho: 270-320 g.
Peso da fêmea: 282-363 g.
Habitat: Ocorrem em áreas pantanosas,
savanas arenosas, campos úmidos e margens de
estuários.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados.
Comportamento e observações: Possuem
hábitos mais noturnos do que diurnos. Forrageiam
afundando o bico no solo úmido ou lodo em
procura de suas presas. Produzem som
instrumental com penas da cauda quando
realizam mergulhos em voo.
Reprodução: Reprodução registrada de
setembro a março. O ninho fica no solo,
consistindo em folhas de gramíneas secas
aparentemente pisoteadas pela ave. Colocam dois
a quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem do norte da América
do Sul ao Paraguai, Uruguai e Argentina. No Brasil
possuem registros nos estados das regiões Sul,
Centro-oeste e Sudeste, também na Bahia.
Altitude: Até 1.600 m.
Fontes: Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Dambroz,
2009; Spaans et al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves,
2019.
Gallinago paraguaiae (Vieillot, 1816)
Nome popular: narceja
Comprimento: 25-30 cm.
Peso: 85-145 g.
Habitat: Ocorrem em banhados, brejos,
áreas pantanosas, plantações de arroz e campos
úmidos.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
moluscos, anelídeos (e.g. Oligochaeta), sementes
(e.g. Polygonum), frutos e esporângios (e.g.
Salvinia).
Dentre os moluscos consomem:
Ampullariidae: Ampullaria; Planorbidae:
Biomphalaria, Planorbis.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Elmidae, Curculionidae, Dytiscidae,
Carabidae, Scarabaeidae, Hydrophilidae; moscas
Diptera: Tipulidae, Chironomidae; borboletas e
mariposas Lepidoptera (larvas); grilos Orthoptera:
Gryllidae; Hymenoptera; tripes Thysanoptera;
percevejos Hemiptera: Pelocoridae.
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos ou em bandos de indivíduos dispersos.
Fora do período reprodutivo são migratórios.
Produzem som instrumental com penas da cauda
quando realizam mergulhos em voo.
Reprodução: Reprodução registrada de
maio a janeiro. Na época reprodutiva realizam
comportamentos ritualizados, um ou vários
indivíduos realizam um mergulho em voo
emitindo um zumbido forte, provavelmente
resultante de suas penas. O ninho é construído no
solo, próximo de ambientes aquáticos, consistindo
em uma depressão forrada com gramíneas.
Colocam dois a três ovos.
Distribuição: Ocorrem em toda a América
do Sul.
Altitude: Até 1.500 m.
Fontes: Aravena, 1927; Zotta, 1932; Zotta, 1934;
Lajmanovich & Beltzer, 1995; Stotz et al., 1996; Sick,
1997; Hilty, 2003; Di Giacomo, 2005; Dunning Jr., 2008;
Machado, 2009; de la Peña & Salvador, 2010 in de la
Peña, 2016; Meerhoff et al., 2013; Spaans et al., 2015;
de la Peña, 2016; de la Peña, 2019.
Phalaropus tricolor (Vieillot, 1819)
Nome popular: pisa-n’água
Comprimento: 22-25 cm.
Peso do macho: 40-62 g.
Peso da fêmea: 55-85 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
moluscos, crustáceos e sementes (e.g. Scirpus).
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Curculionidae, Carabidae,
235
Tenebrionidae, Dytiscidae; percevejos Hemiptera:
moscas Corixidae; Diptera (larvas).
Dentre os moluscos consomem:
Ampullariidae: Ampullaria (ovos); Hydrobiidae:
Littoridina; Planorbidae: Biomphalaria.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Deslocam-se em bandos e podem nadar. Vivem
até 10 anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no hemisfério norte, entre
maio e junho. O ninho é apenas raspado no chão e
forrado com gramíneas. Colocam quatro ovos. A
incubação dura 20 a 23 dias.
Distribuição: Possuem registros em todos
os continentes, exceto Antártida. No Brasil
possuem registros nos estados das regiões Sul,
Sudeste e Centro-oeste.
Fontes: Zotta, 1940; Murray, 1983; Sick, 1997;
Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009; de la
Peña & Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; Piacentini et
al., 2015; Spaans et al., 2015; de la Peña, 2016;
Wikiaves, 2019.
Phalaropus lobatus (Linnaeus, 1758)
Nome popular: pisa-n’água-de-pescoço-
vermelho
Comprimento: 16-20 cm.
Peso: 97-179 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de tundra no
hemisfério norte e em áreas costeiras durante a
migração.
Alimentação: Alimentam-se de plâncton,
insetos, camarões e moluscos.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie vagante, de ocorrência irregular. Na
América do Norte a reprodução ocorre entre maio
e junho. O ninho é uma depressão em meio à
gramíneas. Colocam três a quatro ovos.
Reprodução: Reproduzem-se no extremo
norte da América do Norte, da Europa e da Ásia,
próximo de regiões árticas.
Distribuição: Ocorrem na América do Norte,
Europa e Ásia. No Brasil foi registrado no Rio de
Janeiro.
Fontes: Heinzel et al., 1995; Brazil, 2009;
Vuilleumier, 2009; Pimenta & Serpa, 2017.
Phalaropus fulicarius (Linnaeus, 1758)
Nome popular: pisa-n’água-de-bico-grosso
Comprimento: 20-23 cm.
Peso do macho: 49,7 g.
Peso da fêmea: 62,2 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de crustáceos,
ovos e larvas de peixes e insetos (adultos e larvas).
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie vagante, de ocorrência irregular,
originária do hemisfério norte.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre em áreas árticas, no mês de
junho. O ninho é uma depressão no solo em meio
aos sedimentos costeiros. Colocam três a quatro
ovos.
Distribuição: Possuem registros em todos
os continentes, exceto Antártida. No Brasil
possuem registros em Santa Catarina e São Paulo.
Fontes: Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009; Grose &
Cremer, 2011; Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016;
Wikiaves, 2019.
Xenus cinereus (Guldenstadt, 1774)
Nome popular: maçarico-tereque
Comprimento: 22-25 cm.
Peso: 59-104 g.
Habitat: Ocorrem em margens de rios e
áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados.
Comportamento e observações: Espécie
vagante originária do hemisfério Norte e de
ocorrência irregular no Brasil.
Distribuição: Ocorrem na Europa, Ásia,
Oceania e parte da África e da América do Norte.
No Brasil possui registros no Rio de Janeiro e na
Bahia.
Fontes: Barnett, 1997; White et al., 2006;
Dunning Jr., 2008; Piacentini et al., 2015; de la Peña,
2016.
Actitis macularius (Linnaeus, 1766)
Nome popular: maçarico-pintado
Comprimento: 18-20 cm.
Peso: 29,4-59,8 g.
Habitat: Ocorrem em margens de rios e
lagoas, brejos costeiros e praias.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
anelídeos, crustáceos, moluscos e pequenos
peixes.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Deslocam-se sozinhos, com os indivíduos
defendendo seus territórios de alimentação, mas
para dormir podem se reunir em bandos. Migram
sozinhos ou em pequenos bandos de
236
aproximadamente seis indivíduos. Vivem até 12
anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre na América do Norte, entre
maio e junho. O ninho é feito com talos e folhas
de gramíneas secas, em forma de semi-esfera.
Colocam três ovos, a postura ocorre em dias
alternados ou sequenciais. A incubação dura 14 a
24 dias. Após 30 dias da eclosão os filhotes já
conseguem voar.
Distribuição: Ocorrem ao longo de todas as
Américas. No Brasil possuem registros em todos
os estados.
Fontes: Preston, 1951; Burger, 1968; Sick, 1997;
Davis, 2000; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning
Jr., 2008; Vuilleumier, 2009; Spaans et al., 2015;
Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves,
2019.
Tringa solitaria Wilson, 1813
Nome popular: maçarico-solitário
Comprimento: 18-22 cm.
Peso: 31-65 g.
Habitat: Ocorrem em brejos, banhados,
margens de rios e lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
crustáceos (e.g. Gammarus), moluscos (e.g.
Littoridina) e pequenos anfíbios.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Curculionidae, Hydrophilidae; moscas
Diptera (larvas); formigas Hymenoptera:
Formicidae; Trichoptera (larvas).
Comportamento e observações: Espécie
migratória, originária do hemisfério Norte.
Deslocam-se sozinhos, às vezes se reúnem em
bandos de 10 indivíduos e durante a migração em
bandos de 20 indivíduos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Reprodução ocorre no norte da América do Norte,
entre maio e junho. Colocam os ovos em ninhos
abandonados em árvores por outras aves.
Colocam quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem em todas as
Américas. No Brasil em todos os estados.
Fontes: Shelley, 1933; Sick, 1997; Hilty & Brown,
2001; Hilty, 2003; Lima, 2006; Dunning Jr., 2008;
Vuilleumier, 2009; de la Peña & Salvador, 2010 in de la
Peña, 2016; Spaans et al., 2015; Piacentini et al., 2015;
de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Tringa melanoleuca (Gmelin, 1789)
Nome popular: maçarico-grande-de-perna-
amarela
Comprimento: 30-36 cm.
Peso: 153 g.
Habitat: Ocorrem em banhados, brejos,
praias, lagoas, plantações de arroz e áreas
costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
moluscos (e.g. Littoridina), crustáceos (e.g.
Gammarus), peixes e sementes.
Dentre os insetos consomem: Coleoptera
(larvas aquáticas); Hemiptera: Corixidae.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Deslocam-se sozinhos ou em bandos. Procuram
suas presas em áreas de água rasa, as vezes até no
nível do ventre.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no norte da América do
Norte, entre maio e junho. O ninho é uma
depressão simples sobre turfa ou outros musgos.
Colocam quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem em todas as
Américas. No Brasil possuem registros em todos
os estados.
Fontes: Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty,
2003; Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009; de la Peña
& Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; Spaans et al.,
2015; Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016;
Wikiaves, 2019.
Tringa inornata (Brewster, 1887)
Nome popular: maçarico-grande-de-asa-
branca
Sinonímia recente: Tringa semipalmata
inornata
Peso: 220-327 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de crustáceos,
insetos aquáticos, anelídeos, moluscos e peixes.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie vagante, de ocorrência irregular no país,
originária do hemisfério norte.
Reprodução: A reprodução ocorre no
interior da América do Norte, na porção oeste do
continente.
Distribuição: Ocorrem em todas as
Américas. No Brasil ocorrem em áreas costeiras.
Fontes: Dunning Jr., 2008; Oswald et al., 2016;
Pacheco et al., 2021.
Tringa semipalmata (Gmelin, 1789)
Nome popular: maçarico-asa-branca
Comprimento: 35-40 cm.
Peso: 199-263 g.
237
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de crustáceos,
insetos aquáticos, anelídeos, moluscos e peixes.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória originária do hemisfério norte.
Deslocam-se sozinhos ou em casais. Vivem até 10
anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre na costa leste da América do
Norte, entre abril e junho. O ninho é uma
depressão no solo, em áreas de dunas com
vegetação, áreas úmidas, campos e brejos.
Colocam quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem em todas as
Américas. No Brasil ocorrem nas áreas costeiras
do Rio Grande do Sul ao Amapá.
Fontes: Stenzel et al., 1976; McNeil & Rodriguez,
1990; Sick, 1997; Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009;
Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016; Oswald et al.,,
2016; Wikiaves, 2019.
Tringa flavipes (Gmelin, 1789)
Nome popular: maçarico-de-perna-amarela
Comprimento: 25-28 cm.
Peso: 63-96 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras,
lagoas, brejos, banhados e praias de lagos e rios.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
moluscos (e.g. Littoridina), crustáceos (e.g.
Gammarus), aracnídeos, peixes e sementes.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Carabidae, Coccinellidae,
Curculionidae, Dytiscidae, Hydrophilidae,
Chrysomelidae; moscas Diptera; baratas-d’água
Hemiptera: Corixidae, Belostomatidae; formigas
Hymenoptera: Formicidae; Trichoptera (larvas).
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Deslocam-se sozinhos ou em bandos para
descansarem ou em ambientes costeiros, de até
20 indivíduos e às vezes com outras aves (e.g.
Himantopus). Deslocam-se na água rasa até o
nível do ventre, eventualmente podem nadar.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Reprodução ocorre no norte da América do Norte,
entre maio e junho. O ninho é uma depressão no
solo ou sobre musgos, forrado com gramíneas e
folhas. Colocam quatro ovos.
Distribuição: Ocorrem em todas as
Américas. No Brasil possuem registros em todos
os estados.
Fontes: Aravena, 1927; Zotta, 1940; Sperry &
Cottam, 1944; Beltzer et al., 1991; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Di Giacomo, 2005; Dunning
Jr., 2008; Vuilleumier, 2009; de la Peña & Salvador,
2010 in de la Peña, 2016; Spaans et al., 2015; Piacentini
et al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Tringa totanus (Linnaeus, 1758)
Nome popular: maçarico-de-perna-
vermelha
Comprimento: 27-29 cm.
Peso: 85-155 g.
Habitat: Ocorrem em estuários, praias,
brejos, campos alagados e úmidos.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
insetos, crustáceos, aranhas, moluscos e peixes.
Comportamento e observações: Espécie
vagante, de ocorrência irregular no país, originária
da Europa e Ásia.
Reprodução: A reprodução ocorre na
Europa e Ásia.
Distribuição: Ocorrem na Europa, Ásia e
norte da África. No Brasil foi registrado em São
Paulo.
Fontes: Heinzel et al., 1995; Sánchez et al.,
2005; Hoppen, 2013; Gill et al., 2021; Pacheco et al.,
2021.
Tringa glareola Linnaeus, 1758
Nome popular:
Comprimento: 19-23 cm.
Peso: 31-130 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de brejos, áreas
costeiras, estuários e lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de
invertebrados.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie vagante, de ocorrência irregular,
originária do hemisfério norte. Durante as
migrações deslocam-se em bandos, mas
forrageiam em casais.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no norte da Europa e Ásia.
Distribuição: Ocorrem na Europa, Ásia,
África e América do Norte. Migram entre as
porções norte da Europa e da Ásia e o sul desses
continentes e norte da África. No Brasil possuem
registros em Fernando de Noronha.
Fontes: Beaman & Madge, 1998; Dunning Jr.,
2008; Brazil, 2009; Vuilleumier, 2009; Whittaker et al.,
2019.
238
Gallinago paraguaiae
Tringa flavipes
239
Família Thinocoridae
O registro fóssil dessa família é escasso,
um registro em nível de família para a Argentina
de um fóssil fragmentado datado do Mioceno
(entre 23 e 5 milhões de anos atrás).
Comportamento e alimentação
Estas aves ocorrem preferencialmente
em habitat frios e com ventos. Ocorrem em
encostas rochosas, pastagens, vegetação rasteira
próximo a áreas com neve e áreas arenosas com
vegetação herbácea dispersa.
Passam a maior parte de seu tempo
andando devagar e silenciosos no solo. No
período reprodutivo andam em casais ou
pequenos bandos de até seis indivíduos (que
podem ser grupos familiares). Fora desse
período, no inverno, andam em bandos de até
mais de 80 indivíduos.
Alimentam-se de vegetais, consomem
brotos e bordas de folhas, principalmente plantas
suculentas. Não tomam água e quase não
ingerem sementes.
Reprodução
No período reprodutivo são territoriais. O
ninho é uma depressão no solo, algumas vezes
forrado com liquens, musgos e matéria vegetal
diversa. Colocam três ou quatro ovos. A
incubação dura em torno de 25 a 26 dias, logo
após a eclosão os filhotes são afastados do ninho
pelos pais e já conseguem encontrar alimentos
sozinhos. A incubação é realizada pela fêmea e o
macho auxilia no cuidado com os filhotes após a
eclosão. O filhote consegue voar com sete
semanas de idade.
a possibilidade de que espécies
pequenas de Thinocorus possam se reproduzir na
mesma estação em que eclodiram,
provavelmente como forma de aproveitar
condições ambientais favoráveis, especialmente
nos desertos do Peru, que são muito
influenciados por fenômenos climáticos como o
El Niño.
Fontes: Krabbe, 2002; Beletsky, 2006; Agnolin et al.,
2016.
Thinocorus rumicivorus Eschscholtz, 1829
Nome popular: agachadeira-mirim
Comprimento: 16-19 cm.
Peso: 48-60 g.
Habitat: Ocorrem em campos e áreas
abertas.
Alimentação: Alimentam-se de sementes,
folhas e pétalas (e.g. Calceolaria).
Dentre as sementes consomem:
Asteraceae: Anthemis; Chenopodiaceae:
Chenopodium; Convolvulaceae; Cyperaceae:
Scirpus; Fabaceae: Arachis, Melilotus, Trifolium;
Poaceae: Hordeum, Panicum, Setaria, Sorghum,
Triticum; Polygonaceae: Polygonum.
Comportamento e observações: No Brasil
é considerada espécie vagante, originária do sul
do continente, com ocorrência irregular. As
populações que ocorrem no sul da Argentina
migram para o norte desse país durante o
inverno austral, quando então podem
eventualmente chegar ao Brasil.
Predadores: gavião-de-costas-vermelhas
(Geranoaetus polyosoma), quiri-quiri (Falco
sparverius), falcão-peregrino (Falco peregrinus),
gavião-cinza (Circus cinereus).
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Reprodução registrada de setembro a fevereiro
na Argentina. O ninho é uma depressão no solo,
forrada com gramíneas e gravetos. Colocam
quatro ovos e a incubação dura 25 dias.
Distribuição: Ocorrem no Equador, Bolívia,
Chile, Argentina e Brasil, onde possuem registros
no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Altitude: Até 3.700 m.
Fontes: Zotta, 1934; Sick, 1983; Peres & Peres,
1985 in de la Peña, 2016; Sérsic & Cocucci, 1996; Sick,
1997; Ellis et al., 2002; Schulenberg et al., 2007;
Aramburú et al., 2007; Dunning Jr., 2008; Santillán et
al., 2009; Santillán et al., 2010; de la Peña & Salvador,
2010 in de la Peña, 2016; Travaini et al., 2012; Castro
et al., 2012; Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016;
de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
240
Thinocorus rumicivorus
241
Família Jacanidae
Família composta por aves aquáticas,
conhecidas popularmente como jaçanãs. Os
fósseis mais antigos dessa família datam do
Eoceno e do Oligoceno (entre 56 e 23 de anos
atrás), classificados nos gêneros Nupharanassa e
Janipes.
Comportamento e alimentação
Ocorrem em brejos, pântanos, banhados,
açudes, lagos, preferencialmente com vegetação
aquática ou flutuante. Possuem um esporão nas
asas, similar aos quero-queros.
Quando eclodem dos ovos conseguem
nadar e mergulhar, capacidade usada para
escapar de predadores quando são jovens ou
durante a muda das penas. Conseguem andar
sobre a vegetação aquática.
Os machos possuem várias vocalizações
para se comunicar com os filhotes e protegê-los
de predadores. Chamando-os para perto de si e
fazendo-os se esconderem embaixo das plantas
aquáticas, para isso as narinas são na ponta do
bico, permitindo respirarem apenas com sua
ponta exposta.
Alimentam-se de invertebrados, raramente
pequenos peixes. Podem viver mais de oito anos.
Reprodução
Reproduzem-se durante estações chuvosas,
quando há abundância de alimentos e de material
para construir ninhos. A maioria das espécies é
poliândrica, a fêmea realiza o cortejo do macho e
ele começa a construir diversos ninhos, ela pode
escolher um desses ou outro local par o ninho
definitivo.
Andam em bandos territoriais. Cada fêmea
acasala e defende o território de quatro machos
ou mais. As fêmeas podem competir por
territórios, se uma fêmea expulsa outra de um
território, ela mata os filhotes de sua rival para
então se acasalar com o macho.
O ninho é um amontoado de folhas e
gravetos sobre a vegetação flutuante. As fêmeas
ajudam a construir e defender os ninhos e os
filhotes, mas apenas o macho os alimenta e
incuba os ovos. A fêmea realiza a defesa
territorial, onde se encontram seus quatro ou
mais machos. A fêmea coloca ovos dos diferentes
machos em uma mesma ninhada. Assim os
diferentes machos acabam criando filhotes uns
dos outros.
Colocam quatro ovos. Os machos possuem
uma placa de incubação entre as penas de seu
peito. A incubação dura 21 a 28 dias. Os filhotes
são precociais, ao eclodirem dos ovos os filhotes
são ensinados pelos machos a encontrarem seu
alimento.
Fontes: Sibley & Elphick, 2001; Knopper, 2002;
Beletsky, 2006; Mayr, 2009.
Jacana jacana (Linnaeus, 1766)
Nome popular: jaçanã
Comprimento: 21-25 cm.
Peso do macho: 87,5 g.
Peso da fêmea: 129 g.
Habitat: Ocorrem em banhados, lagoas e
brejos.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
moluscos, crustáceos (e.g. Hyalellidae), peixes
(e.g. Holoshestes) e sementes.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Coleoptera: Curculionidae,
Chrysomelidae, Scarabaeidae, Dytiscidae,
Noteridae, Hydrophilidae; borboletas e mariposas
Lepidoptera; mosquitos e moscas Diptera:
Chironomidae, Culicidae, Ephydridae; percevejos e
baratas-d’água Hemiptera: Corixidae, Pleidae,
Belostomatidae; grilos e gafanhotos Orthoptera:
Grylloidea, Acridoidea; efemérides
Ephemeroptera: Caenidae, Polymitarcidae;
libélulas Odonata.
Dentre os moluscos consomem: Ampullaria,
Littoridina, Marisa, Piscidium, Planorbis.
Dentre as sementes consomem: Acacia,
Echinocloa, Eichhornia, Eleocharis, Hydrocotyle,
Oryza, Panicum, Paspalum, Plantago, Polygonum.
Comportamento e observações:
Forrageiam caminhando sobre a vegetação
flutuante. Fora do período reprodutivo podem se
reunir em bandos para realizar migrações.
Predadores: sucuri-amarela (Eunectes
notaeus), sururi-verde (Eunectes murinus),
jacurutu (Bubo virginianus), falcão-peregrino
(Falco peregrinus), gavião-do-banhado (Circus
buffoni), suindara (Tyto furcata), ariranha
(Pteronura brasiliensis), lontra (Lontra
longicaudis).
242
Jacana jacana
Reprodução: Possuem comportamento
poliândrico, a fêmea domina um território onde
possui dois a três territórios de machos, o
territórios destes pode ter 1 km2. As fêmeas lutam
para disputar os machos, se uma fêmea invasora
consegue expulsar a outra fêmea de um território,
a invasora pode matar a prole da fêmea antiga
para realizar uma nova ninhada com os machos
recém conquistados.
O período reprodutivo é amplo e varia entre
os anos, em alguns locais aparentando estar
relacionado à quantidade de água disponível nos
ambientes onde vivem. Os ovos são colocados
sobre a vegetação flutuante ou podem fazer um
amontoado de folhas dessa vegetação para
colocar os ovos em cima. Colocam três a quatro
ovos. A incubação é realizada pelo macho e dura
21 a 28 dias.
Os filhotes são precociais, logo após a
eclosão saem andando sobre a vegetação
aquática. São cuidados pelo macho por 50 a 60
dias. Os filhotes podem mergulhar caso seja
necessário e consta que os machos podem
carregá-los sobre suas asas. Os adultos podem
fingir estar feridos para afastar predadores do
ninho.
Distribuição: Ocorrem em quase todas as
Américas e em todo o Brasil.
Altitude: Até 900 m, ocasionalmente até
3.000 m.
Fontes: Zotta, 1934; Zotta, 1940; Haverschmidt,
1970; Osborne & Bourne, 1977; Osborne & Beissinger,
1979; Beltzer & Amster, 1984; Ferreira, 1984; Stotz et
al., 1996; Sick, 1997; Gómez-Serrano, 1999 in Álvarez-
León, 2009; Beltze al., 2001; Gómez-Serrano, 2004 in
Álvarez-León, 2009; Notarnicola & Seipke, 2004 in de la
Peña, 2016; Emlen & Wrege, 2004; Di Giacomo, 2005;
Nunes & Piratelli, 2005; Wallet et al., 2007 in de la
Peña, 2016; Dunning Jr., 2008; Carvalho-Junior et al.,
2010; Santos et al., 2012; Pimenta et al., 2014; de la
Peña, 2016.
243
Família Rostratulidae
Família de aves de áreas pantanosas. Os
fósseis mais antigos dessa família datam do
Plioceno (entre 5 e 2 milhões de anos atrás).
Ocorrem em áreas inundadas, com brejos,
banhados, pântanos, plantações de arroz e
similares. Andam sozinhos ou em casais. Mas
podem formar bandos de até 100 indivíduos,
quando uma restrição de habitat. Em algumas
espécies a fêmea corteja o macho.
São onívoros, alimentam-se de diversos
tipos de invertebrados e também de sementes. Há
espécies monogâmicas e espécies poliândricas e
se reproduzem em colônias esparsas ou de forma
solitária. Filhotes precociais e nidífugos.
Fontes: Olson & Eller, 1989; Kirwan, 2002; Beletsky,
2006.
Nycticryphes semicollaris (Vieillot, 1816)
Nome popular: narceja-de-bico-torto
Comprimento: 19-23 cm.
Peso: 68,6-77,2 g.
Habitat: Ocorrem em banhados, estuários,
rios e plantações de arroz.
Alimentação: Alimentam-se de moluscos,
insetos, crustáceos, anelídeos (e.g. Hirudinea) e
sementes (e.g. Scirpus).
Dentre os moluscos consomem: Ampullaria,
Biomphalaria, Littoridina, Planorbis.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Curculionidae; baratas-d’água
Hemiptera: Belostomatidae; borboletas e
mariposas Lepidoptera (larvas).
Comportamento e observações: Deslocam-
se sozinhos, ou dois ou três exemplares próximos
uns dos outros. Em geral ficam ocultos em meio à
vegetação, realizam voos curtos e à baixa altura.
São principalmente crepusculares e parcialmente
noturnos.
Quando assustados ficam parados em pé,
inclinando-se em direção à ameaça, o bico quase
tocando o solo e exibindo o lado superior do
corpo, que possui faixas longitudinais amarelas e
brancas.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus), carcará (Caracara plancus), falcão-de-
coleira (Falco femoralis).
Reprodução: Reprodução registrada de
agosto a maio. São monogâmicos. O ninho é no
solo, entre as gramíneas e feito com folhas dessas
plantas, às vezes também usam barro junto.
Colocam dois ovos. Ambos os adultos cuidam dos
filhotes. Ao eclodirem os filhotes deixam o ninho
para seguir seus pais.
Distribuição: Ocorrem na Argentina, Chile,
Paraguai e Brasil, do Rio Grande do Sul ao Espírito
Santo.
Fontes: Zotta, 1934; Sick, 1997; Kirwan, 2002;
Notarnicola & Seipke, 2004 in de la Peña, 2019; Di
Giacomo, 2005; Vargas et al., 2007; Calí et al., 2008;
Galmes et al., 2008 in de la Peña, 2016; de la Peña &
Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; Salvador, 2012;
Salvador, 2014 in de la Peña, 2019; de la Peña, 2016; de
la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
244
Nycticryphes semicollaris
245
Família Glareolidae
Os fósseis mais antigos desta família datam
do Mioceno (entre 23 e 5 milhões de anos atrás).
Porém ao menos um gênero do Oligoceno
(entre 34 e 23 milhões de anos atrás) que possui
características similares à Glareolidae, mas de
classificação incerta.
Comportamento e alimentação
Ocorrem nas margens de cursos de água ou
de estuários, algumas espécies em áreas
campestres. Capturam insetos na areia ou lodo,
também capturam insetos durante o voo,
principalmente nos períodos crepusculares.
Podem ingerir também sementes e pequenos
moluscos.
espécies gregárias e outras migratórias,
andam em bandos de centenas de indivíduos.
Defendem pequenos territórios dentro de suas
colônias. Algumas espécies são nômades,
deslocando-se conforme ocorram alterações nos
níveis de água onde vivem, eliminando, por
exemplo, bancos de areia que elas possam se
utilizar ou por falta de água.
Reprodução
Possivelmente monogâmicos. Reproduzem-
se pela primeira vez com um ano de vida. Colocam
os ovos no solo sem um ninho. Nidificam solitários
ou em colônias pouco densas, nidificam uma vez
por ano. Ambos os adultos participam da
incubação que dura de 17 a 31 dias. Os filhotes
são precociais cobertos de plumas. Os adultos
possuem comportamentos de defesa para
proteger seus filhotes, com a proximidade de um
predador podem se fingir de feridos e atrair a
atenção para longe dos filhotes, também podem
cobrir seus filhotes com areia para ficarem
escondidos. Os filhotes deixam os pais 20 a 42 dias
após a eclosão.
Fontes: Sibley, 2001c; Maclean, 2002; Beletsky, 2006;
Mayr, 2009; Pietri et al., 2020.
Glareola pratincola (Linnaeus, 1766)
Nome popular: perdiz-do-mar
Comprimento: 22-25 cm.
Peso: 76-98 g.
Habitat: Ocorrem em áreas de transição de
pastagens e desertos, também em planícies de
inundação, estuários e áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de insetos.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie vagante, de ocorrência irregular.
Deslocam-se em bandos. Passam muito tempo
repousando no chão. Forrageiam capturando
insetos em voo, no solo ou realizando voos curtos
para capturá-los.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
O período reprodutivo varia conforme a região.
Reproduzem-se em colônias com ninhos
dispersos. O ninho é uma depressão rasa no solo,
às vezes forrado com grãos de terra e fragmentos
de plantas secas. Colocam dois a três ovos. A
incubação dura 17 a 19 dias. Ambos os adultos
participam da incubação e dos cuidados com os
filhotes.
Distribuição: Ocorrem na Europa, Ásia e
África. No Brasil possuem registros no Ceará e no
Atol das Rocas (Rio Grande do Norte).
Fontes: Maclean, 2002; Soto & Filippini, 2003;
Dunning Jr., 2008; Piacentini et al., 2015.
246
Glareola pranticola
247
Família Stercorariidae
Família composta por aves marinhas
conhecidas como mandriões. Os fósseis mais
antigos relacionados à essa família datam do fim
do Eoceno (34 milhões de ano atrás), porém
possuem características intermediárias com a
família Alcidae.
São predadoras de pequenos roedores e
principalmente filhotes e ovos de outras aves,
inclusive filhotes de pinguins (alimentos obtidos
em seus locais de reprodução). Além de
praticarem cleptoparasitismo, roubando presas de
outras aves (praticado em seus deslocamentos e
migrações). Nidificam em áreas com vegetação
rasteira em ilhas Antárticas ou sub-Antárticas.
São monogâmicos, nidificam em colônias ou
em casais dispersos. O ninho é uma tigela rasa no
solo. Ambos os adultos incubam e cuidam dos
filhotes. Os filhotes são semiprecociais,
permanecem próximo ao ninho por até dois
meses, quando conseguem voar. Os adultos são
bastante agressivos na proteção aos seus ninhos.
Algumas espécies se reproduzem com 12 anos
de idade e podem viver até 34 anos.
Fontes: Brinkley & Humann, 2001k; Beletsky, 2006;
Smith, 2015.
Stercorarius skua (Brunnich, 1764)
Nome popular: mandrião-grande
Sinonímia recente: Catharacta skua
Comprimento: 50-60 cm.
Peso do macho: 1,27 kg.
Peso da fêmea: 1,41 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
ilhas.
Alimentação: Alimentam-se principalmente
de peixes.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Forrageiam capturando peixes na superfície do
mar ou cleptoparasitando outras aves. Também
podem seguir navios de pesca.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no hemisfério norte (e.g.
Escócia). Nidificam em ilhas rochosas, em colônias
com os casais dispersos. O ninho é uma depressão
rasa no solo.
Distribuição: Possuem registros em quase
todos os continentes, se deslocam pelos oceanos
e áreas costeiras após a reprodução.
Fontes: Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003;
Dunning Jr., 2008; Svensson, 2009; Piacentini et al.,
2015.
Stercorarius chilensis Bonaparte, 1857
Nome popular: mandrião-chileno
Sinonímia recente: Catharacta chilensis
Comprimento: 53-59 cm.
Peso: 1,19-1,53 kg
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
ilhas.
Alimentação: Alimentam-se de krill, carniça,
peixes, invertebrados, mamíferos (e.g. Myocastor)
e aves (ovos, filhotes e adultos?; e.g. Chloephaga
e Pelecanoides).
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do sul do
continente.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre na Argentina e no Chile,
entre setembro e novembro. Nidificam de forma
solitária ou em colônias com ninhos dispersos. O
ninho é uma escavação no solo arenoso ou entre
pedras.
Distribuição: Ocorrem na Argentina, Chile,
Peru, Equador e Brasil, onde possuem registros na
região costeira do Rio Grande do Sul ao Espírito
Santo.
Fontes: Reinhardt et al., 2000; Schulenberg et
al., 2007; Dunning Jr., 2008; Tavares et al., 2012;
Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016; Athanas &
Greenfield, 2016; Wikiaves, 2019.
Stercorarius maccormicki Saunders, 1893
Nome popular: mandrião-do-sul
Sinonímia recente: Catharacta maccormicki
Comprimento: 50-55 cm.
Peso: 1,12-1,55 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
ilhas.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
invertebrados, aves (adultos, filhotes e ovos),
carniça de mamíferos, gramíneas (Poaceae:
Deschampsia), musgos (e.g. Polytrichium), algas
(e.g. Prasciola) e liquens.
Dentre os peixes consomem:
Chaenocephalus, Champsocephalus, Electrona,
248
Gymnoscopelus, Krefftichthys, Pagetopsis,
Pleuragramma, Protomyctophum, Trematomus.
Dentre as aves consomem (adultos, filhotes
e/ou ovos): Anatidae: Cygnus; Oceanitidae:
Fregetta, Oceanites; Laridae: Larus;
Phalacrocoracidae: Leucocarbo; Procellariidae:
Daption, Fulmarus, Macronectes, Pagodroma,
Thalassoica; Spheniscidae: Aptenodytes,
Pygoscelis; Stercorariidae: Stercorarius; Sternidae:
Sterna.
Dentre os invertebrados consomem:
Cephalopoda: Gonatus, Moroteuthis,
Psychrotenthis; Crustacea: Branchinecta,
Euphausia (krill), Gondogeneia, Themisto;
Echinodermata: Sterechinus; Gastropoda: Nacella;
Polychaeta.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do sul do
continente.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre na Antártida e ilhas
próximas, como Terra de Graham, Shetland,
Georgia, Orcadas do Sul e Malvinas (Falklands);
entre dezembro e janeiro. O ninho é uma
escavação no solo, colocam um a dois ovos.
Distribuição: Possuem registros em quase
todos os continentes, se deslocam pelos oceanos
e áreas costeiras após a reprodução. No Brasil
possuem registros na região costeira do Rio
Grande do Sul ao Maranhão.
Fontes: Reinhardt et al., 2000; Baker &
Barbraud, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Malzof
& Quitanda, 2008; Montalti et al., 2009; Steele &
Cooper, 2012; Grilli & Montalti, 2012; Santos, 2014;
Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves,
2019.
Stercorarius antarcticus (Lesson, 1831)
Nome popular: mandrião-antártico
Sinonímia recente: Catharacta antarctica
Comprimento: 52-64 cm.
Peso: 1,30-2,18 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
ilhas.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
moluscos, crustáceos (e.g. Lepas), pequenos
mamíferos, aves (adultos, filhotes e ovos) e
carniça.
Dentre os peixes consomem: Electrona,
Gymnoscopelus, Krefftichthys, Notothenia,
Pleuragramma, Pagetopsis, Protomyctophum,
Trematomus.
Dentre os invertebrados consomem:
Crustacea: Euphausia, Lepas; Mollusca:
Cantharidus, Lithodes, Nacella, Plaxiphora;
Cephalopoda.
Dentre as aves consomem (adultos, filhotes
e/ou ovos): Anatidae: Anas, Cygnus; Anatidae:
Chloephaga, Tachyeres; Chionididae: Chionis;
Diomedeidae: Diomedea, Phoebetria,
Thalassarche; Emberizidae: Nesospiza;
Oceanitidae: Fregetta, Garrodia, Oceanites,
Pelagodroma; Laridae: Larus, Sterna; Motacillidae:
Anthus; Phalacrocoracidae: Phalacrocorax;
Procellariidae: Daption, Fulmarus, Halobaena,
Macronectes, Pachyptila, Pagodroma,
Pterodroma, Pelecanoides, Puffinus; Rallidae:
Atlantisia, Gallinula; Spheniscidae: Aptenodytes,
Eudyptes, Eudyptula, Pygoscelis; Turdidae:
Nesocichla.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do sul do
continente.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre em áreas antárticas e sub-
antárticas, entre novembro e janeiro. O ninho é
uma escavação rasa no solo arenoso ou entre
pedras. Colocam um a dois ovos.
Distribuição: Possuem registros em quase
todos os continentes, se deslocam pelos oceanos
e áreas costeiras após a reprodução. No Brasil
possuem registros em áreas costeiras do Rio
Grande do Sul à Bahia.
Fontes: Reinhardt et al., 2000; Schulz & Gales,
2004; Malzof & Quitanda, 2008; Dunning Jr., 2008;
Hurtado et al., 2012; Grilli & Montalti, 2012; Grilli et al.,
2014; Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016;
Borghello et al., 2018; Wikiaves, 2019.
Stercorarius pomarinus (Temminck, 1815)
Nome popular: mandrião-pomarino
Sinonímia recente: Catharacta pomarina
Comprimento: 42-56 cm.
Peso: 542-917 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de peixes ou
cefalópodes capturados na superfície da água ou
roubados de outras aves. Também insetos,
roedores (e.g. Lemmus) e aves (adultos, filhotes e
ovos).
Dentre as aves consomem: Ardeidae:
Egretta; Laridae: Rissa; Scolopacidae: Phalaropus.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
249
Deslocam-se sozinhos ou em casais, mas migram
em bandos. Podem pousar na água.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorrem no hemisfério norte em
áreas árticas, entre junho e agosto. O ninho é uma
depressão rasa na tundra. Colocam dois ovos.
Distribuição: Possuem registros em todos
os continentes, se deslocam pelos oceanos e áreas
costeiras após a reprodução. No Brasil possuem
registros nas áreas costeiras do Rio Grande do Sul
ao Pará.
Fontes: Tuttle, 1911; Maher, 1970; Divoky et al.,
1979; Hilty & Brown, 2001; Dierschke & Daniels, 2002;
Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Svensson, 2009;
Vuilleumier, 2009; Piacentini et al., 2015; Heller et al.,
2019; Wikiaves, 2019.
Stercorarius parasiticus (Linnaeus, 1758)
Nome popular: mandrião-parasítico
Comprimento: 37-48 cm.
Peso: 306-604 g.
Sinonímia recente: Catharacta parasitica
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de peixes, aves
(adultos e ovos) e roedores.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Podem pousar na água ou sobre materiais
flutuantes. Podem viver até 18 anos. Forrageiam
roubando alimento de outras aves ou também
capturando suas presas.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no hemisfério norte, em
áreas árticas, entre maio e agosto. São
monogâmicos. O ninho é uma depressão ao nível
do solo em áreas de tundra. Nidificam em colônias
com casais dispersos. Colocam dois ovos. Ambos
os adultos participam da incubação e dos cuidados
com os filhotes. A incubação dura 26 a 27 dias. Os
filhotes realizam o primeiro voo 26 a 30 dias após
a eclosão. Atingem a maturidade com pelo menos
três anos.
Distribuição: Possuem registros em todos
os continentes, exceto Antártida. Deslocam-se
pelos oceanos e áreas costeiras após a
reprodução. No Brasil possuem registros nas áreas
costeiras do Rio Grande do Sul ao Pará.
Fontes: Sick, 1997; Burger & Gochfeld, 2002;
Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Svensson, 2009;
Vuilleumier, 2009; Piacentini et al., 2015; de la Peña,
2016; Wikiaves, 2019.
Stercorarius longicaudus Vieillot, 1819
Nome popular: mandrião-de-cauda-
comprida
Comprimento: 41-58 cm.
Peso: 218-444 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
roedores, insetos e pequenas frutas.
Dentre os roedores consomem: Cricetidae:
Lemmus, Myodes.
Dentre os insetos consomem: moscas e
mosquitos Diptera (larvas): Tipulidae, Culicidae.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do hemisfério norte.
Forrageiam capturando suas presas ativamente e
também podem cleptoparasitar outras aves.
Vivem até oito anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no hemisfério norte em
áreas árticas, entre maio e agosto. O ninho é uma
depressão rasa na tundra. Colocam dois ovos.
Distribuição: Possuem registros em todos
os continentes, exceto Antártida. No Brasil possui
registros nas áreas costeiras do Rio Grande do Sul
ao Sergipe.
Fontes: Andersson, 1971; Dunning Jr., 2008;
Vuilleumier, 2009; Piacentini et al., 2015; de la Peña,
2016; Wikiaves, 2019.
250
Stercorarius antarcticus
251
Família Laridae
Família composta por aves marinhas
conhecidas como gaivotas, trinta-réis e talha-
mar, ocorrem em ambientes costeiros, estuários,
praias e rios. Os fósseis mais antigos relacionados
à essa família datam de fins do Oligoceno (23,6
milhões de anos atrás), inclusos no gênero
Laricola.
As gaivotas (Larus, Xema e
Chroicocephalus) se alimentam de peixes,
insetos, crustáceos, moluscos e outros
invertebrados marinhos, capturados na água rasa
ou em áreas de areia ou lama. Também se
alimentam em áreas de mar aberto e na zona de
arrebentação nas praias, mas principalmente na
zona entremarés. Podem capturar ovos e filhotes
de outras aves. Podem praticar
cleptoparasitismo, roubando alimentos de outras
aves marinhas. Apesar de várias espécies de
gaivotas poderem comer carniça e outros
resíduos encontrados próximo ao mar, a
alimentação dos filhotes é preferencialmente
composta por alimentos frescos.
As gaivotas (Larus, Xema e
Chroicocephalus) nidificam em colônias em áreas
costeiras ou estuarinas, em locais abertos e
planos próximos da água, como pequenas ilhas
ou bancos de areia ou rochas. Fora do período
reprodutivo são encontradas nos mais variados
ambientes costeiros.
As gaivotas (Larus, Xema e
Chroicocephalus) são monogâmicas, ambos os
adultos participam da incubação e cuidados com
os filhotes. Incubação dura 24 a 26 dias. Os
filhotes são semi-precociais e a plumagem que
indica que atingiram a maturidade fica
completa quando a ave está com quatro ou cinco
anos de idade. Podem viver até 28 anos.
Os trinta-réis (Anous, Phaetusa,
Gelochelidon, Chlidonias, Sterna, Thalasseus,
Onychoprion) se alimentam principalmente de
peixes, lulas e crustáceos, durante o dia e
eventualmente durante a noite. Capturam suas
presas próximo à superfície da água, enquanto
voam. A maioria parece voar continuamente,
raramente pousando na superfície da água.
Realizam migrações de longa distância.
Os trinta-réis (Anous, Phaetusa,
Gelochelidon, Chlidonias, Sterna, Thalasseus,
Onychoprion) nidificam em colônias, geralmente
em pequenas ilhas ou áreas costeiras longe de
predadores e em áreas planas e abertas.
Nidificam na mesma colônia durante décadas. O
ninho é uma pequena tigela na areia ou solo, com
algumas poucas conchas e rochas pequenas ao
redor. Colocam um a três ovos. Os filhotes são
semi-precociais.
A maioria dos trinta-réis é monogâmica,
com ambos os adultos auxiliando na construção
do ninho, incubação e cuidados com os filhotes.
Atingem a maturidade com três a quatro anos de
idade. Em áreas temperadas se reproduzem nas
estações quentes e em áreas tropicais
espécies que se reproduzem a cada oito meses.
Podem viver mais de 35 anos.
Os talha-mares (Rynchops) são
principalmente noturnos e possuem olhos
adaptados para este
comportamento. Alimentam-se sozinhos ou em
pequenos grupos. São monogâmicos, ambos os
adultos participam da incubação e cuidados com
os filhotes.
Possuem a mandíbula projetada para
frente da maxila e o bico é comprimido
lateralmente, voam rente a superfície com ela
cortando a água para capturar seu alimento.
Quando a mandíbula toca em algo a ave freia,
abrindo a cauda, e fecha o bico abaixando a
maxila. Em continuidade a esse movimento,
costuma virar a cabeça para baixo e até para trás
por baixo do corpo, após estica o pescoço outra
vez para frente e engole a presa, tudo isso em
voo.
O bico dos talha-mares (Rynchops) possui
diversos vasos sanguíneos e nervos, o que
possibilita a orientação tátil na captura das presas
e facilita a regeneração da ponta da mandíbula
que às vezes quebra. Consta que em cativeiro a
mandíbula cresce excessivamente, assim é
possível que a água do mar exerça algum
desgaste nela devido à forma de pesca que a ave
realiza.
Os talha-mares (Rynchops) só conseguem
pegar alimento no solo se virarem a cabeça de
lado. O ninhego possui o bico normal e consegue
apanhar com facilidade o alimento ofertado pelos
adultos. Possuem a pupila em fenda, como os
gatos. Nidificam em praias arenosas, em bancos
de areia fluviais e em vegetação de brejos
salinos. Podem nidificar em colônias tanto de sua
252
própria espécie, quanto com outras espécies
marinhas.
Fontes: Sick, 1997; Brinkley & Humann, 2001k; Burger
& Gochfeld, 2002; Beletsky, 2006; Mayr, 2009; Smith,
2015.
Xema sabini (Sabine, 1819)
Nome popular: gaivota-de-sabine
Comprimento: 33-36 cm.
Peso: 176-214 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de crustáceos,
insetos, pequenos peixes e plâncton.
Comportamento e observações: No Brasil
é considerada espécie vagante, de ocorrência
irregular, originária do hemisfério norte.
Deslocam-se sozinhos ou eventualmente em
pequenos grupos com outras aves marinhas.
Vivem pelo menos oito anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre em regiões árticas do
hemisfério norte, entre maio e agosto. O ninho é
uma depressão em vegetação de tundra ou
brejos, forrado com gramíneas e próximo da
água. Colocam três a quatro ovos.
Distribuição: Possuem registros em todos
os continentes, exceto Antártida. No Brasil
possuem registros no Rio Grande do Sul e
Maranhão.
Fontes: Heinzel et al., 1995; Hilty & Brown,
2001; Dunning Jr., 2008; Parrini & Carvalho, 2009;
Vuilleumier, 2009; Lees et al., 2014; Piacentini et al.,
2015; Wikiaves, 2019.
Chroicocephalus maculipennis (Lichtenstein,
1823)
Nome popular: gaivota-maria-velha
Sinonímia recente: Larus maculipennis
Comprimento: 35-43 cm.
Peso: 275-454 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
estuários.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
aracnídeos, quilódopes, moluscos, crustáceos
(e.g. Isopoda), peixes, anelídeos (e.g.
Oligochaeta) e sementes.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Carabidae, Scarabaeidae,
Staphylinidae, Cantharidae, Curculionidae,
Elateridae, Tenebrionidae; borboletas e
mariposas Lepidoptera; baratas-d’água e
percevejos Hemiptera: Belostomatidae,
Pentatomidae; gafanhotos Orthoptera: Acrididae,
Tettigoniidae; formigas Hymenoptera:
Formicidae; tripes Thysanoptera; cupins
Isoptera.
Dentre os peixes consomem: Jenynsia,
Odontesthes.
Dentre as sementes consomem: Arachis,
Glycine, Helianthus, Zea.
Dentre os moluscos consomem:
Ampullariidae: Ampullaria; Planorbidae:
Biomphalaria.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em bandos, em áreas costeiras
podem seguir máquinas agrícolas enquanto estas
aram a terra.
Predadores: carrapateiro (Milvago
chimachima), chimango (Milvago chimango),
carcará (Caracara plancus), gato-do-mato-grande
(Leopardus geoffroyi).
Reprodução: Reprodução registrada de
outubro a dezembro. Nidificam em juncais ou
pequenas ilhas; formando colônias. O ninho
consiste em uma plataforma de juncos e galhos,
forrado com palhas; podem ser usados por mais
de um ano. Colocam três a cinco ovos, a
incubação dura 23 dias. Ambos os adultos
participam da incubação.
Distribuição: Ocorrem no Chile, Argentina,
Peru e Brasil, onde possuem registros no Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo,
Rio de Janeiro, Alagoas e Mato Grosso do Sul.
Fontes: Aravena, 1927; Zotta, 1934; Escalante,
1970 in de la Peña, 2016; Burger, 1974; Belton, 1984;
Lizurume et al., 1995; Sick, 1997; Ghys & Favero, 2004;
Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008; de la Peña
& Salvador, 2010 in de la Peña, 2016; de la Peña, 2016;
Wikiaves, 2019.
Chroicocephalus cirrocephalus (Vieillot,
1818)
Nome popular: gaivota-de-cabeça-cinza
Sinonímia recente: Larus cirrocephalus
Comprimento: 38-46 cm.
Peso: 440-460 g.
Habitat: Ocorrem em estuários, áreas
costeiras e lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de peixes (e.g.
Odontesthes), insetos, carniça e vegetais.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em bandos.
Reprodução: Reprodução registrada entre
julho e março, nidificam em colônias em
estuários ou ilhas. O ninho é uma plataforma de
253
galhos e palha, construído no solo. Colocam dois
a três ovos. A incubação dura 20 a 25 dias. Ambos
os adultos participam da incubação e cuidado dos
filhotes.
Distribuição: Ocorrem na Bolívia,
Argentina, Uruguai, Paraguai e no Brasil nas áreas
costeiras do Rio Grande do Sul (onde também
ocorre em áreas interioranas) ao Pará. Também
na África.
Fontes: Aravena, 1927; Zotta, 1932; Sick, 1997;
McInnes, 2006; Dunning Jr., 2008; Ascencio, 2008;
Brazil, 2009; de la Peña & Salvador, 2010 in de la Peña,
2016; Ferreira, 2014; de la Peña, 2016; Sousa, 2019;
Wikiaves, 2019.
Chroicocephalus ridibundus
Nome popular: gaivota-de-capuz-escuro
Sinonímia recente: Larus ridibundus
Comprimento: 34-37 cm.
Peso: 195-327 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras,
praias e estuários.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
crustáceos, moluscos e, eventualmente, plantas.
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie vagante, de ocorrência irregular no
país.
Reprodução: A reprodução ocorre no
hemisfério norte entre abril e agosto. Colocam
dois a três ovos
Distribuição: Ocorrem na América do
Norte, Europa e África. No Brasil registrada no
arquipélago de São Pedro e São Paulo.
Fontes: Beaman & Madge, 1998; Dunning Jr.,
2008; Vuilleumier, 2009; Brum et al., 2020.
Leucophaeus modestus (Tschudi, 1843)
Nome popular: gaivota-cinza
Sinonímia recente: Larus modestus
Comprimento: 45-46 cm.
Peso: 250-380 g.
Habitat: Ocorre em áreas costeiras,
estuários e ambientes desérticos em montanhas.
Alimentação: Alimentam-se invertebrados
(e.g. crustáceos) e pequenos peixes.
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie vagante, de ocorrência irregular,
originária do sul do continente. Deslocam-se em
bandos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no Chile, em áreas
desérticas afastadas do litoral em até 100 km.
Durante o período reprodutivo realizam
deslocamentos diários até as áreas costeiras para
se alimentar. Colocam um a três ovos. A
incubação dura 30 dias e os filhotes deixam o
ninho após 60 dias da eclosão.
Distribuição: Ocorrem na Colômbia,
Equador, Chile, Argentina e Brasil, onde possuem
registros em São Paulo.
Altitude: Até 1.500 m.
Fontes: Correa, 1987; Jaramillo, 2005;
Schulenberg et al., 2007; Dunning Jr., 2008; de la Peña,
2019; Chupil et al., 2019.
Leucophaeus atricilla (Linnaeus, 1758)
Nome popular: gaivota-alegre
Sinonímia recente: Larus atricilla
Comprimento: 36-43 cm.
Peso: 203-371 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
estuários.
Alimentação: Alimentam-se de insetos,
anelídeos, cefalópodes, gastrópodes, crustáceos,
pequenos peixes, pequenas frutas e resíduos
humanos.
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie migratória, originária do hemisfério
norte. Deslocam-se em grandes bandos.
Forrageiam de forma oportunista roubando
alimentos de outras aves marinhas ou
procurando animais mortos nas praias e mares.
Vivem até 20 anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no hemisfério norte, entre
abril e julho. O ninho é feito com gramíneas em
áreas de solo seco próximo de brejos, áreas com
areia ou rochas. Colocam dois a quatro ovos.
Distribuição: Possuem registros em todos
os continentes, exceto Antártida. No Brasil
ocorrem ao longo de quase toda a região costeira
e em áreas interioranas no Amazonas.
Fontes: Hatch, 1975; Heinzel et al., 1995;
Dosch, 1997; Knoff et al., 2000; Hilty & Brown, 2001;
Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009; Lima
et al., 2010; Spaans et al., 2015; Piacentini et al., 2015;
Wikiaves, 2019.
Leucophaeus pipixcan (Wagler, 1831)
Nome popular: gaivota-de-franklin
Sinonímia recente: Larus pipixcan
Comprimento: 32-38 cm.
Peso: 220-335 g.
Habitat: Ocorrem em lagoas, rios e áreas
costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de anelídeos,
insetos (e.g. Pentatomidae), sementes e roedores
(e.g. Microtus e Reithrodontomys).
254
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie vagante, de ocorrência irregular,
originária do hemisfério norte. Deslocam-se em
bandos. Vivem pelo menos 10 anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no hemisfério norte, entre
abril e julho. Colocam dois a quatro ovos.
Distribuição: Possuem registro em todos os
continentes, exceto Antártida. No Brasil possuem
registros ao longo da costa e também no Mato
Grosso.
Fontes: Easterla & Damman, 1977; Sick, 1997;
Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008;
Vuilleumier, 2009; Kantek & Onuma, 2013; Piacentini
et al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Larus atlanticus Olrog, 1958
Nome popular: gaivota-de-rabo-preto
Comprimento: 49-56 cm.
Peso: 750-960 g.
Habitat: Ocorrem em lagoas, estuários e
áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de crustáceos,
moluscos, peixes, insetos, aves, anelídeos (e.g.
Polychaeta: Glycera), carniça e vegetais.
Dentre os crustáceos consomem: Balanus,
Chasmagnathus, Cryptograpsus, Leucipa,
Neohelice, Peltarion, Uca.
Dentre os moluscos consomem:
Adelomedon (ovos), Callochiton, Fisurella,
Pareuthria, Perumitylus.
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie migratória, originária do sul do
continente.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Reprodução ocorre na Argentina, entre outubro e
dezembro. O ninho fica em áreas se vegetação,
próximo da água; tem forma de prato fundo,
feito com gramíneas e plumas. Colocam três ovos
e a incubação dura aproximadamente 27 dias.
Distribuição: Ocorrem no Chile, Argentina,
Uruguai e Brasil, onde possuem registros nas
áreas costeiras do Rio Grande do Sul ao Paraná.
Fontes: Carrete & Belhey, 1997; Martinez et al.,
2000; Copello & Favero, 2001; Herrera et al., 2005;
Petracci et al., 2007; Dunning Jr., 2008; Suárez et al.,
2011; Berón et al., 2011; La Sala et al., 2011; Piacentini
et al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Larus dominicanus Lichtenstein, 1823
Nome popular: gaivotão
Comprimento: 54-65 cm.
Peso: 760-1230 g.
Habitat: Ocorrem em lagoas, rios e áreas
costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de diversos
moluscos, crustáceos, insetos, anelídeos, peixes,
répteis, anfíbios, aves, pequenos mamíferos (e.g.
Microcavia), carniça e matéria vegetal. Também
podem tentar tirar pedaços de pele descamada
no dorso de baleias.
Dentre os peixes consomem espécies dos
seguintes gêneros: Acanthistius, Atherinella,
Bairdiella, Cathorops, Ctenosciaena, Cynosion,
Cyphocharax, Engraulis, Genidens, Genidens,
Genypterus, Hoplias, Isopithus, Larimus,
Macrodon, Macrodon, Merluccius,
Micropogonias, Micropogonias, Mugil,
Odonthestes, Oligosarcus, Pachyurus,
Paralichthys, Paralonchurus, Pogonias,
Pomadasys, Porichthys, Porichthys, Raneya,
Ribeiroclinus, Stellifer, Trachurus,
Triathalassothia, Trichiurus, Urophycis.
Dentre os moluscos consomem espécies
dos seguintes gêneros: Anachis, Aulacomyia,
Brachidontes, Brachydontes, Buccinanops,
Corbula, Crepidula, Darina, Diodora, Donax,
Epitonium, Heleobia, Lucapinella, Megalobulimus,
Mesodesma, Mytilus, Nacella, Olivancillaria,
Olivella, Paraeuthria, Perna, Perumytilus,
Pseudosuccinella, Tagelus, Tegula, Tellina, Thais,
Trophon.
Dentre os crustáceos consomem espécies
dos seguintes gêneros: Aegla, Artemisia, Balanus,
Halicarcinus, Idotea, Lepidurus, Leucippa, Libinia,
Pachycheles, Peltarion, Pilumnoides, Pleoticus,
Samastacus.
Dentre os anelídeos ingerem: Polychaeta:
Aphrodita, Eunice, Nereis.
Dentre as aves ingerem (filhotes e/ou
ovos): Coscoroba, Cygnus, Fulica, Nannopterum,
Phalacrocorax, Phoenicopterus, Podiceps,
Thalasseus.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera (adultos e larvas), Trichoptera,
gafanhotos Orthoptera, Hymenoptera,
borboletas e mariposas Lepidoptera (larvas),
moscas Diptera (larvas).
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em grupos.
Predadores: gato-do-mato-grande
(Leopardus geoffroyi), falcão-peregrino (Falco
peregrinus), carcará (Caracara plancus).
Reprodução: Reprodução ocorre entre
junho e dezembro. Nidificam em colônias. O
ninho fica ao nível do solo em praias ou ilhas, tem
forma de um prato fundo, construído com algas,
255
gramíneas, plumas e ossos de aves. Colocam três
a quatro ovos. A incubação dura 26 a 27 dias.
Distribuição: Ocorrem em diversas áreas
costeiras da América do Sul, África e Nova
Zelândia. No Brasil possuem registros ao longo de
quase toda a área costeira. Eventualmente áreas
interioranas no Pará.
Fontes: Sick, 1997; Yorio & Quintana, 1997;
Quintana & Yorio, 1998; Silva et al., 2000; Groch,
2001; Yorio & Bertellotti, 2002; Branco, 2003; Filippini
et al., 2003; Petracci et al., 2004; Canepuccia et al.,
2007; Dunning Jr., 2008; Branco et al., 2009; Costa &
Mäder, 2009; Prellvitz et al., 2009; Santillán et al.,
2010; Silva et al., 2010; Carniel & Krul, 2010; Frixione
& Alarcón, 2012; Silva-Costa & Bugoni, 2013; García et
al., 2014; de la Peña, 2016; Miotto et al., 2017;
Salvador, 2017; de la Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Larus fuscus Linnaeus, 1758
Nome popular: gaivota-da-asa-escura
Comprimento: 56 cm.
Peso: 620-1000 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
estuários.
Alimentação: Alimentam-se de moluscos,
crustáceos, insetos, carniça e resíduos humanos.
Comportamento e observações: No Brasil
é considerada espécie vagante, de ocorrência
irregular, originária do hemisfério norte. Podem
seguir navios pesqueiros em busca de descartes.
Vivem até 26 anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no hemisfério norte, entre
abril e setembro. O ninho é uma depressão ao
nível do solo, forrado com liquens, gramíneas e
plumas. Colocam três ovos.
Distribuição: Possuem registros em todos
os continentes, exceto Antártida. No Brasil
possuem registros no Ceará e no Maranhão.
Fontes: Hilty, 2003; Girão et al., 2006; Dunning
Jr., 2008; Vuilleumier, 2009; Almeida et al., 2013;
Piacentini et al., 2015; Spaans et al., 2015; Wikiaves,
2019.
Anous stolidus (Linnaeus, 1758)
Nome popular: trinta-réis-escuro
Comprimento: 38-41 cm.
Peso: 142-221 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de pequenos
peixes, cefalópodes (e.g. Hyaloteuthis) e
ocasionalmente roedores.
Dentre os peixes consomem espécies dos
seguintes gêneros: Benthodesmus, Cypselurus,
Exocoetus, Hemiramphus, Holocentrus,
Leptocephalus, Ophioblennius, Oxyporhamphus,
Ruvettus, Selar.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em bandos. Podem nadar e pousar
sobre a água. Voam próximo à superfície da água
onde capturam peixes, mas raramente
mergulham. São ativos também durante a noite.
Reprodução: Reprodução ocorre entre
dezembro e julho, variando conforme a latitude.
Nidificam em colônias, o ninho geralmente é no
solo ou em forquilhas baixas em árvores,
construído com galhos, conchas e algas marinhas.
Colocam um a dois ovos. A incubação dura 32 a
37 dias. Os filhotes deixam o ninho 46 dias após a
eclosão, mas ficam em suas proximidades por
mais 11 dias, sendo cuidados pelos adultos.
Distribuição: Possuem registros em todos
os continentes. Ocorrem nas áreas costeiras do
Rio Grande do Sul ao Maranhão.
Fontes: Dorward & Ashmole, 1963; Heatwole,
1985; Morris & Chardine, 1992; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Naves et al., 2002; Hilty, 2003; Dunning
Jr., 2008; Vuilleumier, 2009; Wilson et al., 2010;
Spaans et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Anous minutus Boie, 1844
Nome popular: trinta-réis-preto
Comprimento: 33-39 cm.
Peso: 98-130 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de pequenos
peixes e crustáceos (e.g. Euphausiacea).
Dentre os peixes consomem espécies dos
seguintes gêneros: Alepisaurus, Cubiceps,
Cypselurus, Dactylopterus, Gempylus,
Hyporhamphus, Leptocephalus, Oxyporhamphus,
Ruvettus.
Reprodução: Reprodução registrada em
janeiro e fevereiro. Nidificam em colônias. Os
ninhos ficam sobre árvores, feito com matéria
vegetal.
Distribuição: Possuem registros nas
Américas, África, Ásia e Oceania. No Brasil
ocorrem no Amapá, Ceará, Pernambuco
(incluindo Fernando de Noronha, Arquipélago de
São Pedro e São Paulo) e ilha de Trindade
(Espírito Santo).
Fontes: Sick, 1997; Naves et al., 2002; Hilty,
2003; Dunning Jr., 2008; Mazza, 2012; Tidemann,
2014; Spaans et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Gygis alba (Sparrman, 1786)
Nome popular: grazina
Comprimento: 25-33 cm.
256
Peso: 92-139 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
oceânicas.
Alimentação: Alimentam-se de peixes e
ocasionalmente cefalópodes.
Comportamento e observações:
Forrageiam capturando pequenos peixes na
superfície do mar. Mais ativos durante o
crepúsculo.
Reprodução: Reprodução ocorre entre
outubro e maio. Não constroem ninhos, o ovo é
colocado sobre rochas, areia ou sobre a forquilha
de um galho fino. Colocam um ovo e a incubação
dura aproximadamente 36 dias. Após a eclosão o
filhote consegue segurar-se no galho em que
nasceu. Os filhotes deixam o ninho entre 70 e 96
dias após a eclosão.
Distribuição: Possuem distribuição circum-
equatorial nos oceanos Atlântico, Índico e
Pacífico. No Brasil possuem registros no Espírito
Santo (incluindo ilha de Trindade), Bahia
(incluindo Abrolhos) e Pernambuco (incluindo
Fernando de Noronha).
Fontes: Dorward, 1963; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Dunning Jr., 2008; Wikiaves, 2019.
Rynchops niger Linnaeus, 1758
Nome popular: talha-mar
Comprimento: 41-50 cm.
Peso do macho: 260-392 g.
Peso da fêmea: 212-292 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras, rios,
lagos e lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
crustáceos (e.g. Artemesia), cefalópodes (e.g.
Loligo) e insetos.
Dentre os peixes consomem espécies dos
seguintes gêneros: Anchoa, Astyanax, Atherinella,
Brevoortia, Corydora, Cynoscion, Engraulis,
Hyporhamphus, Jenynsia, Lycengraulis,
Menticirrhus, Micropogonias, Mugil,
Odontesthes, Paralonchurus, Pimelodella,
Pomatomus, Rhamdia, Stellifer, Trachinotus.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em casais ou bandos de até 20
indivíduos ou mais. Forrageiam principalmente
no crepúsculo e também à noite, em águas claras,
profundas ou bastante rasas, exceto em locais
com vegetação flutuante. Vivem até 20 anos.
Reprodução: Reprodução registrada de
agosto a janeiro. Nidificam em colônias, às vezes
junto de outras espécies. O ninho é uma
escavação rasa na areia. Colocam dois a cinco
ovos. A incubação dura em média 23 dias. Ambos
os adultos participam da incubação e cuidados
com os filhotes.
Distribuição: Ocorrem em todas as
Américas e possuem registros em todos os
estados do Brasil.
Altitude: Até 600 m.
Fontes: Erwin, 1977; Stotz et al., 1996; Sick, 1997; Hilty
& Brown, 2001; Hilty, 2003; Mariano-Jelicich et al.,
2003; Silva Rodriguez et al., 2005 in de la Peña, 2019;
Naves & Vooren, 2006; Dunning Jr., 2008; Vuilleumier,
2009; Mariano-Jelicich et al., 2014; Spaans et al., 2015;
de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Onychoprion fuscatus (Linnaeus, 1766)
Nome popular: trinta-réis-das-rocas
Comprimento: 40-41 cm.
Peso: 142-224 g.
Habitat: Ocorrem em áreas oceânicas e
costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de pequenos
peixes e cefalópodes, eventualmente insetos.
Comportamento e observações: Em geral
vagueiam longe das colônias reprodutivas.
Forrageiam em bandos na superfície da água
enquanto voam, muitas vezes com outras aves
marinhas. Vivem até 36 anos.
Reprodução: Reprodução registrada entre
outubro e julho, variando conforme a região.
Nidificam em colônias, algumas com mais de
100.000 indivíduos. O ninho é colocado
diretamente sobre a areia ou no solo em áreas
abertas. Colocam um ovo.
Distribuição: Possuem registros em todos
os continentes. No Brasil ocorrem em áreas
costeiras do Espírito Santo ao Pará, incluindo
ilhas oceânicas como atol das Rocas, Fernando de
Noronha e Trindade.
Fontes: Dinsmore & Robertson, 1972; Sick,
1997; Schulz, 2000; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008;
Vuilleumier, 2009; Santiago, 2016.
Sternula antillarum Lesson, 1847
Nome popular: trinta-réis-miúdo
Comprimento: 21-24 cm.
Peso: 38-62 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
invertebrados aquáticos e insetos.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em pequenos grupos.
Descansam em bandos, às vezes com outras aves
do gênero. Mergulham de alturas moderadas
para capturar pequenos peixes, mas não
submergem completamente. Vivem até 24 anos.
257
Reprodução: Reprodução registrada entre
janeiro e maio. O ninho é uma depressão rasa ao
nível do solo, forrado com plantas secas, conchas
quebradas e seixos. Colocam um a três ovos. A
incubação dura aproximadamente 21 dias.
Distribuição: Ocorrem em todas as
Américas. Possuem registros ao longo de quase
toda a costa do Brasil.
Fontes: Sick, 1997; Hilty, 2003; Dunning Jr.,
2008; Vuilleumier, 2009; Freitas, 2011; Carlos &
Fedrizzi, 2013; Spaans et al., 2015; de la Peña, 2016;
Zuarth et al., 2016; Farnsworth et al., 2017; Riensche
et al., 2018; Wikiaves, 2019.
Sternula superciliaris (Vieillot, 1819)
Nome popular: trinta-réis-pequeno
Comprimento: 23-25 cm.
Peso: 40-57 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e rios
litorâneos.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
insetos e crustáceos (e.g. Macrobrachium).
Dentre os peixes consomem espécies dos
seguintes gêneros: Astyanax, Cheirodon,
Cnesterodon, Holoshestes.
Dentre os insetos consomem: baratas-
d’água Hemiptera: Belostomatidae; besouros
Coleoptera.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em grupos, raramente
excedendo 12 indivíduos. Capturam suas presas
próximo da superfície da água.
Reprodução: Reprodução registrada de
setembro a janeiro (sul do continente) e março a
agosto (norte do continente), em geral nidificam
em colônias, que podem ser em praias de rios ou
lagos, às vezes junto de outras espécies. O ninho
consiste em uma escavação no solo arenoso ou
em bancos de areias de rios. Colocam dois a três
ovos. A incubação dura 22 dias.
Distribuição: Ocorrem das Guianas,
Suriname, Venezuela e Colômbia à Argentina. No
Brasil possuem registro em todos os estados,
inclusive em áreas interioranas.
Fontes: Escalante, 1970; Belton, 1984; Krannitz,
1989; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003;
Dunning Jr., 2008; Olguín et al., 2013; Spaans et al.,
2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Phaetusa simplex (Gmelin, 1789)
Nome popular: trinta-réis-grande
Comprimento: 37-43 cm.
Peso: 212-275 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras, rios
litorâneos, lagos e lagoas.
Alimentação: Alimentam-se de peixes e
insetos.
Dentre os insetos consomem: besouro
Coleoptera: Carabidae, Curculionidae; baratas-
d’água Hemiptera: Belostomatidae, Nepidae;
libélulas Odonata; gafanhotos e grilos
Orthoptera.
Dentre os peixes consomem espécies dos
seguintes gêneros: Apareiodon, Astyanax,
Auchenipterus, Cheirodon, Cichlaurus, Corydoras,
Crenicichla, Eigenmannia, Gymnotus,
Holoshestes, Hyphessobrycon, Pachyurus,
Pimelodella, Salminus, Serrasalmus.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos, em casais ou em grupos
de três a quatro indivíduos. Também se reúnem
em bandos para descansar e durante a noite.
Capturam suas presas na superfície da água.
Reprodução: Reprodução registrada de
agosto a fevereiro, nidificam em colônias, às
vezes com outras espécies. O ninho é uma
escavação no solo arenoso de praias de rios e
lagos. Colocam dois a cinco ovos. A incubação
dura 23 a 25 dias.
Distribuição: Ocorrem de partes da
América Central até a Argentina. No Brasil possui
registro em quase todos os estados, nas áreas
interioranas principalmente ao longo de grandes
rios.
Fontes: Beltzer, 1984 in de la Peña, 2016;
Krannitz, 1989; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty,
2003; Di Giacomo, 2005; Dunning Jr., 2008; Spaans et
al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Gelochelidon nilotica (Gmelin, 1789)
Nome popular: trinta-réis-de-bico-preto
Comprimento: 33-43 cm.
Peso: 160-184 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras,
lagoas e rios litorâneos.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
crustáceos, lagartos, pequenos mamíferos,
anfíbios filhotes de aves e insetos.
Dentre os peixes consomem: Cnesterodon,
Jenynsia.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em bandos. Consta que
podem capturar alguns insetos em voo.
Forrageiam na superfície da água e no solo.
Vivem até 16 anos.
Reprodução: Reprodução registrada em
dezembro e julho, variando conforme a latitude.
258
O ninho é uma escavação no solo, coberto com
galhos, palha e conchas. Colocam dois a quatro
ovos.
Distribuição: Possuem registros em todos
os continentes. No Brasil ocorrem ao longo das
áreas costeiras e ao longo de grandes rios no Pará
e Amazonas.
Fontes: Bogliani et al., 1990; Sanchez &
Sanchez, 1991; Sanchez et al., 1991; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008;
Vuilleumier, 2009; de la Peña & Salvador, 2010 in de la
Peña, 2019; Spaans et al., 2015; de la Peña, 2016;
Wikiaves, 2019.
Chlidonias niger (Linnaeus, 1758)
Nome popular: trinta-réis-negro
Comprimento: 23-28 cm.
Peso: 60,3-74 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de peixes e
insetos.
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie migratória, originária do hemisfério
norte. Deslocam-se em grandes bandos.
Capturam peixes próximo da superfície da água,
mas raramente mergulham. Consta que um
indivíduo anilhado na Alemanha em 1984 foi
recuperado no Rio Grande do Norte em 1986.
Vivem até nove anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no hemisfério norte, entre
maio e agosto. Possuem comportamento de
corte, que inclui voos planados. O ninho é uma
depressão no topo de um pequeno monte de
vegetação flutuante. Colocam um a três ovos. A
incubação dura 19 a 20 dias. Ambos os adultos
participam dos cuidados com os filhotes. Os
filhotes realizam o primeiro voo 25 a 30 dias após
a eclosão, podem ainda ser alimentados pelos
pais por mais 13 dias após aprenderem a voar.
Distribuição: Ocorrem em todos os
continentes. No Brasil possuem registros nas
áreas costeiras do Rio Grande do Sul, Paraná,
Ceará e Maranhão.
Fontes: Cuthbert, 1954; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Hilty, 2003; Dunning Jr., 2008;
Vuilleumier, 2009; Spaans et al., 2015; de la Peña,
2016; Wikiaves, 2019.
Chlidonias leucopterus (Temminck, 1815)
Nome popular: trinta-réis-negro-de-asa-
branca
Comprimento: 20-27 cm.
Peso: 42-66 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
insetos, crustáceos e aracnídeos.
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie vagante, de ocorrência irregular,
originária do hemisfério norte.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil,
a reprodução ocorre no hemisfério norte.
Distribuição: Possuem registros em todos
os continentes. No Brasil possuem registros no
Rio Grande do Sul.
Fontes: Begg, 1973; Heinzel et al., 1995;
Dunning Jr., 2008; Brazil, 2009; Aldabe et al., 2010;
Piacentini et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Sterna hirundo Linnaeus, 1758
Nome popular: trinta-réis-boreal
Comprimento: 33-40 cm.
Peso: 103-145 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
lagoas litorâneas.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
insetos, crustáceos (e.g. Artemesia) e
cefalópodes.
Dentre os peixes consomem espécies dos
seguintes gêneros: Anchoa, Atherinella,
Brevoortia, Ctenosciaena, Cynoscion, Engraulis,
Jenynsia, Lycengraulis, Macrodon, Menticirrhus,
Micropogonias, Mugil, Odonthestes,
Paralonchurus, Peprilus, Pomatomus, Porichthys,
Prionotus, Stellifer, Symphurus, Trichiurus,
Umbrina, Urophycis.
Dentre os cefalópodes consomem:
Argonauta, Loligo.
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Curculionidae, Scarabeidae,
Chrysomelidae; gafanhotos e grilos Orthoptera:
Gryllidae, Tettigoniidae, Gryllotalpidae; baratas-
d’água Hemiptera: Belostomatidae; libélulas
Odonata: Aeshnidae; mariposas Lepidoptera:
Noctuidae.
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie migratória, originária do hemisfério
norte. Reúnem-se em bandos sobre cardumes ou
para descansar. Podem mergulhar para capturar
suas presas. Os indivíduos registrados no Brasil
são originários, por exemplo, dos Estados Unidos,
Alemanha, Portugal e Espanha.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil,
a reprodução ocorre no hemisfério norte, entre
maio e agosto. O ninho é uma depressão rasa na
areia. Colocam dois a três ovos. Em geral a
incubação é realizada em sua maior parte pela
fêmea e a alimentação dos filhotes pelo macho.
259
Distribuição: Possuem registros em todos
os continentes. No Brasil ocorrem ao longo de
toda a região costeira e alguns registros em áreas
interioranas.
Fontes: Wiggins & Morris, 1987; Safina et al.,
1990; Sick, 1997; Hilty & Brown, 2001; Hilty, 2003;
Bugoni & Vooren, 2004; Mauco & Favero, 2004; Lima
et al., 2005; Mestre, 2007; Dunning Jr., 2008;
Vuilleumier, 2009; Spaans et al., 2015; de la Peña,
2016; Wikiaves, 2019.
Sterna dougallii Montagu, 1813
Nome popular: trinta-réis-rósco
Comprimento: 36-40 cm.
Peso: 97-128 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e a
algumas dezenas de quilômetros da costa.
Alimentação: Alimentam-se de peixes.
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie migratória, originária do hemisfério
norte. Os indivíduos registrados no Brasil são
originários principalmente dos Estados Unidos,
mas também da Inglaterra e Portugal. Deslocam-
se em pequenos bandos, de três a doze
indivíduos. Forrageiam realizando mergulhos de
alturas de 1 a 6 m. Vivem até 26 anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no hemisfério norte, entre
maio e agosto. O ninho é uma depressão rasa ao
nível do solo, com alguns poucos gravetos e
gramíneas secas, construído embaixo da
vegetação ou em vão de rochas. Colocam um a
três ovos.
Distribuição: Possuem registros em todos
os continentes. No Brasil possuem registros em
áreas costeiras da Bahia ao Pará.
Fontes: Safina et al., 1990; Sick, 1997; Lima et
al., 2004; Rock et al., 2007; Dunning Jr., 2008;
Vuilleumier, 2009; Spaans et al., 2015; Piacentini et al.,
2015; Wikiaves, 2019.
Sterna paradisaea Pontoppidan, 1763
Nome popular: trinta-réis-ártico
Comprimento: 33-38 cm.
Peso: 86-127 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
ilhas.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
crustáceos, anelídeos (Polychaeta) e insetos
(capturados em voo).
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie migratória, originária do hemisfério
norte. Vivem até 34 anos. São os animais que
realizam a maior migração anual, com alguns
indivíduos deslocando-se até 100.000 km
anualmente em seus movimentos migratórios
entre Ártico e Antártida.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
A reprodução ocorre no hemisfério norte, entre
maio e agosto. O ninho é uma depressão rasa ao
nível do solo em áreas abertas. Colocam dois
ovos.
Distribuição: Possuem registros em todos
os continentes. No Brasil ocorrem ao longo da
costa e também em áreas interioranas de alguns
estados.
Fontes: Weslawski et al., 1994; Sick, 1997;
Dunning Jr., 2008; Vuilleumier, 2009; Egenvang et al.,
2010; Dias et al., 2012; Piacentini et al., 2015; de la
Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Sterna hirundinacea Lesson, 1831
Nome popular: trinta-réis-de-bico-
vermelho
Comprimento: 40-43 cm.
Peso: 172-199 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e rios
litorâneos.
Alimentação: Alimentam-se de crustáceos
(e.g. Emerita), peixes, cefalópodes, insetos e
anelídeos (Polychaeta).
Dentre os peixes consomem espécies dos
seguintes gêneros: Anchoa, Cynoscion, Engraulis,
Macrodon, Merluccius, Micropogonias,
Odontesthes, Paralonchurus, Porichthys, Raneya,
Seriorella, Sorgentinia, Stromateus, Trachurus,
Trichiurus, Urophysis;
Dentre os insetos consomem: besouros
Coleoptera: Hydrophilidae, Curculionidae,
Dytiscidae, Scarabaeidae; baratas-d’água
Hemiptera: Belostomatidae; libélulas Odonata:
Aeshnidae; gafanhotos e grilos Orthoptera:
Acrididae, Gryllidae, Gryllotalpidae; moscas
Diptera.
Comportamento e observações:
Deslocam-se em bandos, alguns com 100 a 200
indivíduos.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus), gaivotão (Larus dominicanus),
carcará (Caracara plancus), urubu (Coragyps
atratus), lagarto-teiú (Salvator merianae).
Reprodução: Reprodução registrada de
maio a fevereiro, variando conforme a região.
Nidificam em colônias. O ninho é uma escavação
rasa no solo, às vezes com galhos, fibras vegetais
ou conchas. Construído em praias, ilhas ou sobre
moitas de gramíneas de encostas rochosas nesses
260
ambientes. Colocam um a três ovos. A incubação
dura aproximadamente 21 a 24 dias.
Distribuição: Ocorrem nas áreas costeiras
da Terra do Fogo à Bahia. Também na costa do
Pacífico.
Fontes: Belton, 1984; Peres & Peres, 1985 in de
la Peña, 2019; Sick, 1997; Ellis et al., 2002; Branco,
2003; Fracasso, 2004; Dunning Jr., 2008; Hogan et al.,
2010; Alfaro et al., 2011; Ajó et al., 2011; Mariano-
Jelicich et al., 2011; Fracasso & Branco, 2012; de la
Peña, 2016; Guedes, 2018; Hungria, 2019.
Sterna vittata Gmelin, 1789
Nome popular: trinta-réis-antártico
Comprimento: 35-40 cm.
Peso: 120-160 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
ilhas.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
crustáceos e insetos.
Dentre os crustáceos consomem espécies
dos seguintes gêneros: Abyssorchomene,
Bovallia, Cheirimedon, Euphausia, Eurimera,
Hippomedon, Orchomenella, Waldeckia.
Dentre os peixes consomem: Electrona,
Notothenia.
Comportamento e observações: No Brasil
é espécie vagante, de ocorrência irregular,
originária do sul do continente.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Reprodução registrada de outubro a fevereiro, na
Península Antártica, e ilhas Shetland e Orcadas do
Sul. Nidificam em colônias, o ninho é uma
pequena escavação no solo. Colocam um a dois
ovos.
Distribuição: Ocorrem em áreas antárticas
e sub-antárticas, sul da América do Sul, sul da
África, Austrália e Nova Zelândia. No Brasil
possuem registros no Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.
Fontes: Sick, 1997; Jazdzeweski & Konopacka,
1999; Casaux et al., 2008; Dunning Jr., 2008; Piacentini
et al., 2015; de la Peña, 2016; Carlos et al., 2017;
Wikiaves, 2019; de la Peña, 2019.
Sterna trudeaui Audubon, 1838
Nome popular: trinta-réis-de-coroa-branca
Comprimento: 34-35 cm.
Peso: 146-160 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras, rios e
lagoas litorâneos.
Alimentação: Alimentam-se de peixes.
Dentre os peixes consomem espécies dos
seguintes gêneros: Brevoortia, Engraulis,
Micropogonias, Odontesthes, Paralichthys,
Pomatomus, Sorgentinia.
Reprodução: Reprodução registrada de
outubro a janeiro. Nidificam em colônias ou
sozinhos. O ninho é uma plataforma de galhos e
folhas de plantas aquáticas. Colocam um a três
ovos.
Distribuição: Ocorrem no Peru, Chile,
Argentina, Uruguai e Brasil, onde ocorrem nas
áreas costeiras do Rio Grande do Sul ao Rio de
Janeiro e Bahia.
Fontes: Silva Rodriguez et al., 2005 in de la
Peña, 2019; Garcia & Mariano-Jelicich, 2005; Dunning
Jr., 2008; de la Peña, 2016; de la Peña, 2019; Wikiaves,
2019.
Thalasseus acuflavidus (Cabot, 1847)
Nome popular: trinta-réis-de-bando
Sinonímias recentes: Sterna acuflavida
Comprimento: 32-46 cm.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
insetos e crustáceos.
Dentre os peixes consomem espécies dos
seguintes gêneros: Cynoscion, Engraulis,
Macrodon, Micropogonias, Odontesthes,
Paralonchurus, Seriolella, Sorgentinia, Sprattus,
Stromateus.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus), gaivotão (Larus dominicanus).
Reprodução: Reprodução registrada de
novembro a janeiro. Realizam comportamento de
corte que envolvem caminhadas, empurrões com
o bico entre o casal, movimentos abrir e fechar
de asas em exibições e erguer e abaixar a cabeça.
Também oferta de alimento do macho para a
fêmea.
O ninho é uma escavação no solo.
Nidificam em colônias em ilhas ou praias, às
vezes junto de outras espécies. Colocam um a
dois ovos, a incubação dura em média 29 dias.
Aproximadamente 20 dias após a eclosão alguns
jovens já deixam a colônia e formam bandos de
imaturos em praias próximas a ela.
Distribuição: Ocorrem em todas as
Américas e ao longo de toda a área costeira do
Brasil.
Fontes: Quintana & Yorio, 1997; Favero et al.,
2000; Efe, 2004; Silva Rodriguez et al., 2005 in de la
Peña, 2019; Dunning Jr., 2008; Gatto & Yorio, 2009;
Lenzi et al., 2010; Silva et al., 2010; Garcia et al., 2014;
de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
261
Thalasseus maximus
Plumagem reprodutiva
Plumagem de descanso
reprodutivo
Thalasseus maximus (Boddaert, 1783)
Nome popular: trinta-réis-real
Sinonímia recente: Sterna maxima
Comprimento: 45-53 cm.
Peso: 470 g.
Habitat: Ocorrem em áreas costeiras e
ilhas.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
insetos e crustáceos.
Dentre os peixes consomem espécies dos
seguintes gêneros: Anchoa, Cynoscion, Engraulis,
Micropogonias, Netuma, Odontesthes,
Paralonchurus, Pleoticus, Raneya, Seriorella,
Sorgentinia, Sprattus, Stromateus;
Comportamento e observações:
Deslocam-se em bandos.
Predadores: falcão-peregrino (Falco
peregrinus), gaivotão (Larus dominicanus).
Reprodução: Reprodução registrada entre
julho e novembro, nidificam em colônias, às
vezes junto com outras espécies. O ninho é uma
escavação rasa no solo. Colocam um ovo. A
incubação dura em média 29 dias.
Aproximadamente 20 dias após a eclosão alguns
jovens já deixam a colônia e formam bandos de
imaturos em praias próximas a ela.
Distribuição: Possuem registros nas
Américas, África e Europa. No Brasil ocorrem ao
longo de quase toda a costa.
Fontes: Belton, 1984; Quintana & Yorio, 1997;
Sick, 1997; Favero et al., 2000; Hilty & Brown, 2001;
Hilty, 2003; Silva Rodriguez et al., 2005 in de la Peña,
2019; Dunning Jr., 2008; Gatto & Yorio, 2009; Lenzi et
al., 2010; Silva et al., 2010; Garcia et al., 2014; Spaans
et al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
262
Larus dominicanus
Rynchops niger
Vista frontal do bico
lateralmente comprimido
de Rynchops niger.
Forma de forrageio de
Rynchops niger, voando com
a mandíbula imersa na água.
263
Ordem Eurypygiformes
Família Eurypygidae
Família que possui apenas uma espécie,
popularmente conhecida como pavãozinho-do-
pará. um fóssil datado do Eoceno (entre 56 e
34 milhões de anos atrás), dos Estados Unidos,
que possivelmente é de uma espécie pertencente
à essa família.
Eurypyga helias (Pallas, 1781)
Nome popular: pavãozinho-do-pará
Comprimento: 46-48 cm.
Peso: 178-295 g.
Habitat: Ocorrem em áreas florestais com
sub-bosque aberto, próximo de córregos de
águas pedregosos, também riachos lentos,
bancos de areia em rios, brejos e margens de
lagos.
Alimentação: Alimentam-se de
vertebrados como peixes, lagartos, anfíbios
(adultos e girinos), crustáceos (caranguejos) e
insetos.
Dentre os anfíbios consomem espécies dos
seguintes gêneros: Eleutherodactylus, Incilius,
Lithobates, Smilisca.
Dentre os lagartos consomem espécies dos
seguintes gêneros: Ameiva, Norops.
Dentre os insetos consomem: formigas-
leão Megaloptera: Corydalidae (larvas); moscas
Diptera; libélulas Odonata (larva); borboleta
Lepidoptera (adultos e larvas): Nymphalidae,
Pieridae; besouros Coleoptera: Scarabaeidae;
gafanhotos Orthoptera.
Comportamento e observações:
Deslocam-se sozinhos ou em pares. Não são
migratórias, mas podem realizar deslocamentos
durante períodos de seca em suas áreas de
ocorrência. Procuram suas presas sozinhos e de
forma ativa, podem ciscar o chão. Lavam a
comida antes de ingerí-la.
Em caso de ameaça abrem as asas e
levantam a cauda aberta, expondo o colorido de
suas penas e também fazendo a ave parecer
muito maior do que é, deste comportamento
advém seu nome popular. Ao realizarem esse
comportamento emitem um som similar ao
sibilar de uma serpente. Outro comportamento
usado é fingir que está com uma asa quebrada,
deixando-a semiaberta para atrair a atenção de
um potencial predador e afastá-lo do ninho.
Predadores: ariranha (Pteronura
brasiliensis), falcão-relógio (Micrastur
semitorquatus).
Reprodução: Reprodução registrada de
março a dezembro, variando a depender da
região. Ambos os sexos participam da construção
do ninho, incubação e cuidado com os filhotes. A
reprodução ocorre na estação chuvosa. Possuem
diversos comportamentos de corte, que incluem
voos ritualizados, vocalizações, limpeza mútua,
entre outros.
O ninho é uma tigela rasa, quase esférica,
feito com folhas em decomposição, lodo, musgo
e galhos. Geralmente é construído em um galho
horizontal a 1-7 m acima do solo. Colocam um a
três ovos e a incubação dura 26 a 30 dias. Os
filhotes permanecem 21 a 25 dias no ninho.
Distribuição: Ocorrem do México à Bolívia
e Brasil, região Norte e Centro-Oeste, também
Minas Gerais, Piauí e Maranhão.
Altitude: Até 1.200 m, ocasionalmente até
1.800 m.
Fontes: Riggs, 1948; Lyon & Fogden, 1989;
Thomas & Strahl, 1990; Stotz et al., 1996; Sick, 1997;
Gómez-Serrano, 1999 in Álvarez-León, 2009; Hilty &
Brown, 2001; Lewis, 2002; Hilty, 2003; Gómez-
Serrano, 2004 in Álvarez-León, 2009; Mayr, 2009;
Dunning Jr., 2008; Pinheiro & Cintra, 2017; Rocha et
al., 2017; Wikiaves, 2019.
264
Eurypyga helias
265
Ordem Phaethontiformes
Família Phaethontidae
Família de aves marinhas conhecidas como
rabos-de-palha. Seus fósseis mais antigos datam
de fins do Paleoceno e começo do Eoceno, entre
59 e 49 milhões de anos atrás. Inclusos nos
gêneros Prophaethon e Lithoptila.
Características e comportamento
Família composta por aves marinhas. São
muito rápidos em voo, não sendo perturbados
por tempestades. Usam os pés como lemes
durante o voo e podem “peneirar” o ar (ficar
parados em voo) em exibições no período
reprodutivo. Possuem um bico forte, pontiagudo,
com bordas serrilhadas e com narinas externas.
Não possuem dimorfismo sexual, as pernas
ficam posicionadas bem atrás no corpo, por isso
evitam caminhar e aterrissam de barriga.
Descansam de cauda levantada, pousados sobre
a água e bóiam com facilidade. Decolam com
alguma dificuldade. Fora do período reprodutivo
em geral deslocam-se sozinhos.
Ocorrem em áreas de águas costeiras de
regiões tropicais ou temperadas. Fora da época
de reprodução vagam pelas regiões costeiras e de
alto mar. Consta que indivíduos anilhados no
Havaí (EUA) foram recapturados em alto mar a
uma distância de 8.000 km do local inicial. Podem
viver mais de 28 anos.
Alimentação
Fazem mergulhos rasos, às vezes de grande
altura, para capturar seu alimento. Forrageiam
sozinhos ou em casais, podem se associar com
grandes bandos de outras aves. Alimentam-se de
peixes, lulas e crustáceos capturados próximo à
superfície da água. Consta que em Abrolhos seu
principal alimento são peixes-voadores.
Reprodução
Reproduzem-se em ilhas oceânicas.
Nidificam em falésias de encostas rochosas,
cavidades em rochas, na vegetação, sobre a areia
ou entre pedras. Os ninhos no solo são uma
cavidade rasa e geralmente são feitos em
colônias. Competem com outras aves marinhas
por locais de reprodução e podem até desalojá-
las de seus ninhos (e.g. Procellariidae).
Reproduzem-se pela primeira vez com dois a
quatro anos.
Realizam comportamentos ritualizados em
interações sociais com outros indivíduos.
Colocam um ovo. Podem se reproduzir uma ou
duas vezes por ano. A incubação é realizada por
ambos os sexos e dura de 40 a 46 dias. Ao
contrário de outras aves que pode usar uma
placa de incubação na região abdominal para
aquecer os ovos nesse período, estas aves
usando os pés para essa transferência de calor.
Os filhotes eclodem semialtriciais, recobertos por
plumas. Ambos os adultos auxiliam nos cuidados
com os filhotes.
Os filhotes podem ser mortos por outros
indivíduos da mesma espécie ou de outras
espécies em busca de um local de nidificação.
Fontes: Sick, 1997; Brinkley & Humann, 2001e;
Freedman, 2002; Beletsky, 2006; Mayr, 2009; Hart et
al., 2016.
Phaethon aethereus Linnaeus, 1758
Nome popular: rabo-de-palha-de-bico-
vermelho
Comprimento: 90-105 cm, sendo
aproximadamente 40 cm de cauda.
Peso: 750 g.
Habitat: Ocorrem em áreas oceânicas.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
cefalópodes (e.g. Loligo e Hyaloteuthis) e
crustáceos (e.g. caranguejos).
Dentre os peixes consomem espécies dos
seguintes gêneros: Caranx, Cynoscion, Cypselurus,
Decapterus, Exocoetus, Haemulon, Halocentrus,
Hemiramphus, Hirundichthyes, Oxyporhamphus,
Ophioblennius, Pellona, Stellifer, Strongilura.
Comportamento e observações:
Forrageiam sozinhos ou em pares. Voam sobre o
mar até algumas dezenas de metros de altura em
busca de peixes, que capturam mergulhando.
Nadam bem, quando pousados na água mantêm
a cauda para fora dela. Possuem dificuldade para
andar em terra. Protegem-se em buracos ou
fendas em paredões rochosos.
Dentre seus predadores estão ratos (Rattus
rattus) e ratazanas (Rattus norvegicus),
introduzidos acidentalmente em ilhas.
Reprodução: Reprodução registrada de
outubro a maio, geralmente se reproduzem a
266
cada nove ou 12 meses. Nidificam em colônias,
quase sempre nas mesmas, geralmente com
menos de 1.000 casais, em ilhas tropicais. No
Brasil, nidificam em Abrolhos (Bahia) e Fernando
de Noronha (Pernambuco). Os ninhos ficam em
buracos entre rochas ou protegidos na vegetação
herbácea. Estes locais de nidificação são
disputados intensamente.
A corte envolve voos pairados no ar e
manobras e vocalizações. Colocam um ovo. A
incubação dura 42 dias e após a eclosão os
filhotes deixam o ninho após 80 a 104 dias. Os
filhotes podem eclodir mesmo após o ovo ter
ficado por um período de cinco dias sem a
presença dos adultos incubando. Atingem a
maturidade com dois ou três anos.
Distribuição: Ocorrem em águas tropicais
no leste do Oceano Pacífico, principalmente costa
oeste do México e Galápagos; áreas tropicais do
Oceano Atlântico e noroeste do Oceano Índico.
No Brasil registros no Maranhão, Rio de
Janeiro, Abrolhos (Bahia) e Fernando de Noronha
(Pernambuco).
Fontes: Diamond, 1975; Sick, 1997; Hilty &
Brown, 2001; Freedman, 2002; Hilty, 2003; Serrano &
Azevedo-Júnior, 2005; Nelson, 2005; Dunning Jr.,
2008; Castillo-Guerrero et al., 2011; Sarmento et al.,
2014; Spaans et al., 2015; Wikiaves, 2019.
Phaethon rubricauda Boddaert, 1783
Nome popular: rabo-de-palha-de-cauda-
vermelha
Comprimento: 78-81 cm.
Peso: 659 g.
Habitat: Ocorrem em áreas oceânicas.
Alimentação: Alimentam-se de peixes e
cefalópodes.
Dentre os peixes consomem espécies das
seguintes famílias e gêneros: Antennariidae:
Antennarius; Belonidae: Ablennes, Tylosurus;
Carangidae: Caranx, Decapterus, Naucrates,
Selar; Coryphaenidae: Coryphaena; Exocoetidae:
Cheilopogon, Cypselurus, Hirundichthys,
Paraxocoetus, Oxyphoramphus; Gonostomatidae;
Hemiramphidae: Oxyporamphus; Mullidae;
Scaridae; Scombridae: Auxis, Sarda;
Tetraodontidae: Lagocephalus.
Dentre os moluscos Cephalopoda
consomem espécies dos seguintes gêneros:
Argonauta, Chiroteuthis, Ornithoteuthis,
Sthenoteuthis, Tremoctopus, Thysanoteuthis.
Comportamento e observações: No Brasil
é considerada uma espécie vagante, de
ocorrência irregular no país. Podem viver mais de
23 anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Nidificam em ilhas em áreas tropicais dos
Oceanos Pacífico e Índico. A reprodução não é
sazonal, porém possuem picos de atividade
reprodutiva entre dezembro e fevereiro, e abril e
maio. Formam colônias com até 5.000 casais,
apesar disso os ninhos ficam sozinhos ou
dispersos em pequenos grupos. Em geral se
reproduzem sempre na mesma colônia ou na que
nasceram, mas podem mudar de colônia.
Os ninhos ficam em locais rochosos, em
buracos, fendas ou abaixo de alguma planta. A
corte envolve voos pairados no ar, manobras e
vocalizações, feita de forma comunal com até 20
indivíduos. Colocam um ovo, raramente dois. A
incubação dura 42 a 51 dias. Após a eclosão os
filhotes deixam o ninho com 77 a 123 dias. Se
reproduzem pela primeira vez com nove meses a
seis anos.
Distribuição: Ocorrem em áreas tropicais
dos Oceanos Pacífico e Índico, eventualmente
alguns indivíduos se dispersam para o Oceano
Atlântico. No Brasil essa espécie foi registrada no
Arquipélago de Abrolhos (Bahia).
Fontes: Diamond, 1975; Le Corre et al., 2003;
Nelson, 2005; Sigrist, 2006; Dunning Jr., 2008;
Piacentini et al., 2015; Flores et al., 2017.
Phaethon lepturus Daudin, 1802
Nome popular: rabo-de-palha-de-bico-
laranja
Comprimento: 70-82 cm, a maior parte
sendo das penas da cauda.
Peso: 334 g.
Habitat: Ocorrem em áreas oceânicas.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
cefalópodes (Tremoctopus) e outros
invertebrados marinhos.
Dentre os peixes consomem espécies das
seguintes famílias e gêneros: Belonidae;
Carangidae; Coryphaenidae; Exocoetidae:
Exocoetus, Oxyporhamphus, Cypselurus;
Gempylidae; Gonorhynchidae; Hemirhamphidae;
Scombridae; Stromatidae.
Comportamento e observações:
Forrageiam realizando mergulhos rasos e podem
capturar peixes-voadores em voo. Vivem 10 a 15
anos.
Dentre os predadores de seus filhotes
estão caranguejos (e.g. Ocypode sp. e Gecarcinus
sp.) e possivelmente lagartos que possam ocorrer
em ilhas (e.g. Mabuya sp. e Salvator sp.).
267
Reprodução: A reprodução ocorre ao longo
de todo o ano em colônias de quase 1.000 casais
em ilhas tropicais. No Brasil se reproduzem em
Fernando de Noronha e Abrolhos. A corte
envolve voos pairados no ar e vocalizações,
realizada de forma comunal com até 10
indivíduos. A reprodução não é sazonal, mas
possuem picos entre junho e julho. Em algumas
colônias nidificam sempre no mesmo local com o
mesmo parceiro, em outras alguns locais de
nidificação podem ficar vários anos sem ser
usados.
Os ninhos são cavidades rasas que ficam
em buracos e escarpas de paredões rochosos ou
entre rochas. Colocam um ovo. A incubação dura
40 a 42 dias. Ambos os adultos participam da
incubação. Após a eclosão os filhotes deixam o
ninho com 67 a 89 dias, ao sair do ninho voam
sozinhos direto em direção ao mar. Ao contrário
de algumas aves que possuem uma placa de
incubação na região abdominal para aquecer os
ovos durante a reprodução, esta espécie faz a
transferência de calor para os ovos usando seus
pés. Reproduzem-se pela primeira vez com dois a
quatro anos.
Distribuição: Ocorrem em áreas tropicais
dos Oceanos Atlântico, Pacífico e Índico. No Brasil
possuem registros em Fernando de Noronha
(Pernambuco) e na costa da Bahia.
Fontes: Diamond, 1975; Phillips, 1987; Sick,
1997; Hilty & Brown, 2001; Freedman, 2002; Nelson,
2005; Sigrist, 2006; Dunning Jr., 2008; Leal, 2013; Hart
et al., 2016; Leal et al., 2016; Wikiaves, 2019.
Phaethon lepturus
268
Ordem Sphenisciformes
Família Spheniscidae
Nesta família estão inclusas as aves
popularmente conhecidas como pinguins. Aves
oceânicas exclusivas do hemisfério sul. Os
pinguins provavelmente surgiram durante o
Cretáceo, 71 milhões de anos atrás, conforme
indicam dados moleculares. Originários de aves
que podiam voar, mas também nadar sob a água
para capturar alimento. Com fósseis
característicos dessas aves datando do Paleoceno,
entre 61 e 58 milhões de anos atrás, inclusos no
gênero Waimanu.
Muitos fósseis dessa família datam do
Eoceno de 40 milhões de anos atrás. De fato o
período entre 40 e 10 milhões de anos atrás é
quando os pinguins “floresceram” tendo ocorrido
sua maior diversificação, provavelmente pela
liberação de muitos nichos ecológicos devido à
extinção de diversos répteis marinhos no fim do
Cretáceo. Já no Mioceno (15 milhões de anos
atrás) muitas espécies haviam se extinguido,
período em que evoluíram as focas e baleias e que
podem ter exercido pressões de competição e
predação sobre os pinguins, tendo prejudicado
sua diversidade.
Características e comportamento
Os pinguins não possuem capacidade de
voar, mas nadam com muita facilidade e agilidade
embaixo da água. Ao contrário de outras aves
seus ossos não são pneumáticos e são pesados,
uma adaptação para o mergulho. As asas
evoluíram para um formato de aletas e as usam
como se voassem embaixo da água. Os pés
possuem membrana interdigital e são usados para
impulsionar o nado.
As narinas dos pinguins são fendas quase
imperceptíveis e possuem glândulas nasais bem
desenvolvidas para a excreção do excesso de sais
que são absorvidos da água do mar e de seus
alimentos.
Possuem penas curtas e rígidas, que
impermeabilizam o corpo e promovem o
isolamento térmico. Ao contrário de outras aves,
cujas penas se originam de pontos específicos do
corpo as pterilas, deixando vários pontos de pele
sem inserção de penas no pinguins as penas
estão distribuídas por toda superfície da pele.
Exceto na região da placa de incubação localizada
na barriga. A maioria das espécies de pinguins
realiza uma muda de penas anualmente, durante
este período permanecem em terra por um
período que varia de 13 a 34 dias.
Além do isolamento térmico das penas, os
pinguins também possuem uma camada de
gordura abaixo da pele. Para liberar o excesso de
calor produzido durante sua atividade é usado o
sistema sanguíneo das asas e dos pés.
Passam a maior parte do tempo no mar,
retornam a terra para descansar, reproduzir e
cuidar dos filhotes. Os habitat reprodutivos se
estendem desde a Antártida até regiões
equatoriais (Galápagos). Por serem sociais, a
maioria das espécies formam colônias,
principalmente em áreas abertas e planas. Porém,
espécies que nidificam em encostas rochosas
(Eudyptes), buracos no solo ou entre a vegetação
(Spheniscus).
Os pinguins possuem diversos
comportamentos para interagir uns com os
outros, que servem para apaziguar agressões,
realizar a corte, reconhecer o companheiro e os
filhotes em meios aos demais indivíduos.
Os pinguins se alimentam de peixes,
crustáceos e moluscos (e.g. lulas). Porém
espécies que alimentam principalmente de krill
(Crustacea: Euphausiacea). Quando mergulham
capturam diversas presas antes de retornarem à
superfície para respirar.
Os pinguins são trazidos para as águas da
costa brasileira por correntes marítimas de águas
frias (corrente de Falkland) e tempestades, mas
também migram ativamente. Dos indivíduos que
chegam ao Brasil, aproximadamente 95% dos
casos são indivíduos jovens. Quando são
encontrados geralmente estão enfraquecidos,
provavelmente por inanição no mar tropical
distrófico.
Reprodução
Os pinguins se reproduzem quando
possuem entre dois e cinco anos de idade.
Geralmente são monogâmicos, às vezes por mais
de uma estação reprodutiva, porém cópulas
extrapar também ocorrem. A incubação dura de
33 a 64 dias. Um dos adultos cuida do filhote,
enquanto o outro sai para procurar alimento.
Algumas espécies cuidam dos filhotes por até 12
meses.
269
Fontes: Sick, 1997; Berger, 2002; Baker et al., 2006;
Mayr, 2009.
Aptenodytes patagonicus Miller, 1778
Nome popular: pinguim-rei
Comprimento: 90-100 cm.
Peso do macho: 10,20-15,30 kg.
Peso da fêmea: 8,60-13,70 kg.
Habitat: Aves oceânicas, descansam em
áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de moluscos
(Cephalopoda) e peixes.
Comportamento e observações: Espécie
considerada vagante no Brasil, de ocorrência
irregular, não se reproduz no país. Raramente
visitam a costa continental da América do Sul.
Reprodução: A reprodução ocorre de
outubro a março. Não constroem ninho, incubam
os ovos em uma dobra no abdômen e entre os
pés. Colocam um ovo e a incubação dura até 55
dias.
Reproduzem-se na região circumpolar
antártica, região do Cabo Horn, ilhas dos Estados,
Geórgia do Sul, Sandwich do Sul, Malvinas, Heard,
Macquarie, Crozet e Marion. Dispersam-se
moderadamente após o período reprodutivo
pelos mares do hemisfério sul.
Distribuição: No Brasil possuem registros
no Rio Grande do Sul e um no Rio de Janeiro.
Fontes: Pacheco et al., 1995 in Barquete et al.,
2006; Sick, 1997; Barquete et al., 2006; de la Peña,
2016.
Spheniscus magellanicus (Forster, 1781)
Nome popular: pinguim-de-magalhães
Comprimento: 65-75 cm.
Peso do macho: 3,13-5,60 kg.
Peso da fêmea: 2,95-4,15 kg.
Habitat: Aves oceânicas, repousam em
áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de peixes e
seus ovos, crustáceos, moluscos, urocordados,
insetos e algas. Também acabam engolindo penas,
plásticos, papéis e linhas de pesca.
Consomem peixes das seguintes famílias e
gêneros: Ariidae: Genidens; Atherinopsidae:
Odontesthes; Carangidae: Chloroscombrus,
Oligoplites, Trachinotus; Engraulidae: Anchoa,
Engraulis, Lycengraulis; Mugilidae: Mugil;
Pomatomidae: Pomatomus; Scianidae: Cynoscion,
Menticirrhus; Trichiuridae: Trichiurus.
Dentre os invertebrados consomem:
crustáceos (Decapoda, Isopoda, Stomatopoda e
Cirripedia), moluscos (Cephalopoda: Argonauta
sp., Dorytheutis, Histiotheutis, Illex, Loligo,
Semirossia, Tremoctopus; Gastropoda:
Potamolithus, Littoridina), urocordados
(Thaliaceae: Salpa), insetos (Coleoptera, Diptera,
Hemiptera: Belostomatidae).
Comportamento e observações: Espécie
migratória na costa do Brasil, originária do sul do
continente. Durante as migrações não se afastam
muito da terra, permanecendo nos domínios da
plataforma continental (60 a 100 km distante da
costa). Área esta onde as águas são menos
profundas e maior quantidade de peixes e
outros organismos aquáticos. Forrageiam em
bandos, às vezes logo além ou dentro da
rebentação.
Estima-se que cheguem ao litoral do Rio
Grande do Sul anualmente 19.500 indivíduos
mortos de S. magellanicus, dos quais 7.000
morrem por causas humanas e climáticas. No Rio
Grande do Sul e em Santa Catarina, a depender do
ano, 30% a 96% dos indivíduos aparecem
contaminados com petróleo em suas penas.
Outros estudos registraram que desses indivíduos
mortos 37% tinham materiais sintéticos no
estômago, principalmente náilon e plástico. Os
indivíduos mortos aparecem principalmente entre
junho e janeiro, com maior quantidade de mortes
no mês de novembro.
Reprodução: Reproduzem-se na costa e nas
ilhas da região da Patagônia na Argentina, nas
províncias de Chubut, Santa Cruz, também Terra
do Fogo e ilhas Malvinas. A reprodução ocorre em
outubro e novembro. O ninho é uma depressão ou
uma toca no chão, algumas vezes sob vegetação
para proteção contra o sol. Colocam dois ovos e a
incubação dura 39 a 41 dias.
Distribuição: Vindos do sul, chegam na
costa do Brasil durante o inverno, podendo chegar
até o Rio de Janeiro e Bahia, excepcionalmente
Alagoas.
Fontes: Daciuk, 1976 in de la Peña, 2019; Sick,
1997; Fonseca et al., 2001; Pinto et al., 2007; Mäder et
al., 2007; Dunning Jr., 2008; Mäder et al., 2010;
Michels-Souza et al., 2010; Baldassin et al., 2010; Silva,
2013; de la Peña, 2016; Marques et al., 2018; Wikiaves,
2019.
Eudyptes chrysolophus (Brandt, 1837)
Nome popular: pinguim-macaroni
Comprimento: 45-71 cm.
Peso do macho: 2,30-6,00 kg.
270
Spheniscus magellanicus
Peso da fêmea: 3,10-6,80 kg.
Habitat: Aves oceânicas, descansam em
áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
crustáceos, Chaethognatha e moluscos
(Cephalopoda).
Comportamento e observações: Espécie
vagante, de ocorrência irregular no Brasil,
originária do sul do continente. Não se reproduz
no país.
Reprodução: Nidificam nas regiões
antárticas, península Antártica, ilhas Malvinas,
Georgias, Sandwich, Orcadas, Shetland do Sul,
Negra, Bouvet, Príncipe Eduardo, Marion, Crozet,
Kerguelen, Heard e Macquarie. Reprodução
registrada em novembro e dezembro. Os ovos são
colocados no solo em meio ao cascalho. Colocam
dois ovos e a incubação dura 32 a 37 dias.
Distribuição: No Brasil ocorrem
acidentalmente no extremo sul no Rio Grande do
Sul.
Fontes: Sick, 1997; Dunning Jr., 2008; Piacentini
et al., 2015; de la Peña, 2016.
Eudyptes chrysocome (Forster, 1781)
Nome popular: pinguim-de-penacho-
amarelo
Comprimento: 40-60 cm.
Peso do macho: 2,43 kg.
Peso da fêmea: 2,23 kg.
Habitat: Aves oceânicas, descansam em
áreas costeiras.
Alimentação: Alimentam-se de peixes,
crustáceos, Chaethognatha e moluscos
(Cephalopoda).
Comportamento e observações: Espécie
vagante no Brasil, de ocorrência irregular no país,
originária do sul do continente. Não se reproduz
no país.
Reprodução: Nidificam nas regiões
antárticas, na ilha dos Estados, arquipélago Cabo
de Hornos, ilha dos Pinguins, Puerto Deseado
(província de Santa Cruz, Argentina), ilhas Crozet,
Heard, Macquarie, Príncipe Eduardo, Marion,
Tristão da Cunha e ilhas circumpolares até a Nova
Zelândia. Os ovos são colocados no solo, às vezes
com matéria vegetal ou cascalho. A nidificação
ocorre entre outubro e dezembro. Colocam dois
ovos e a incubação dura entre 32 e 34 dias.
Distribuição: Possuem diversos registros em
praias do Rio Grande do Sul.
Fontes: Sick, 1997; Dunning Jr., 2008; Barquete
et al., 2006; de la Peña, 2016.
271
Ordem Procellariiformes
Família Diomedeidae
As aves dessa família são conhecidas
popularmente como albatrozes. fósseis dessa
família datados do Oligoceno (25 milhões de anos
atrás), originários dos Estados Unidos e da
Alemanha. No entanto, fósseis da ordem
Procellariiformes que datam de 60 milhões de
anos atrás, enquanto estudos com DNA mostram
que essa ordem é anterior à extinção dos
dinossauros não avianos, tendo sobrevivido à essa
catástrofe que ocorreu no final do período
Cretáceo.
Características e comportamento
Os albatrozes são aves oceânicas, com a
maioria das espécies atuais ocorrendo no
Hemisfério Sul. Nesta família estão algumas das
maiores aves voadoras do mundo, como
Diomedea exulans que pode exceder três metros e
meio de envergadura e pesar até nove quilos.
registro de um exemplar de Diomedea sanfordi
que viveu por 62 anos.
Mais de 70% do tempo de vida de um
albatroz é passado no oceano, se alimentando,
migrando ou descansando. Estas aves evitam as
áreas oceânicas tropicais devido às regiões sem
ventos que possuem. Pois para voar os albatrozes
precisam de brisa ou ventos.
Para decolar essas aves correm vários
metros sobre a superfície da água e conduzem seu
voo planando. Quase não batem asas em voo,
usam as correntes atmosféricas que se formam
sobre a superfície do mar para planar. Devido a
isso voam em baixa altura sobre a superfície da
água, seguindo uma trajetória ondulada, subindo
e descendo transversalmente ao vento. Em geral,
m a terra apenas para nidificar.
Alimentação
Alimentam-se de pequenos animais, como
peixes, moluscos (e.g. Cephalopoda: Kondakovia,
Moroteuthis, Histioteuthis, Octopus), urocordados
e crustáceos (e.g. krill). Suas presas são
capturadas próximo à superfície da água, pois não
mergulham fundo, apesar de haver registros de
mergulhos de algumas espécies a até quase 13 m
de profundidade. registros de captura de
outras aves marinhas menores como petréis e
pinguins, também de carniça de baleias e focas.
Ao forragear muitos Procellariiformes
acabam ficando presos em anzóis de pesca e
espinhéis usados em navios pesqueiros que
atraem essas aves devido às iscas usadas nesses
equipamentos. As aves então podem se enroscar
nos anzóis e morrer afogadas ou por ferimentos.
Reprodução
Durante vários períodos do ano é possível
encontrar representantes de Procellariiformes em
águas brasileiras, pois estas aves ficam vários anos
vagando pelos oceanos até atingirem a
maturidade sexual, que em algumas espécies
pode demorar até nove anos (e.g. Diomedea
exulans).
Constroem os ninhos fazendo montes de
gramíneas e arbustos ligados ao solo, também
com turfa e penas de pinguins. Algumas espécies
não constroem ninhos ou o fazem de forma bem
rudimentar.
Reproduzem-se anualmente ou em anos
alternados. Em geral são monogâmicos por toda a
vida, apenas eventualmente mudando o parceiro,
quando não obtêm sucesso reprodutivo muitas
vezes seguidas. Algumas espécies de Thalassarche
mudam de parceiro a cada três ou quatro
estações reprodutivas. O parceiro reprodutivo é
escolhido ao longo de muitas estações
reprodutivas realizando comportamento de corte
entre muitos indivíduos até enfim ser estabelecido
o parceiro. Os cortejos são bastante complexos e
envolvem uma série de movimentos ritualizados.
Nidificam em colônias que podem ter
centenas de indivíduos até mais de 100.000
indivíduos. Ambos os sexos constroem o ninho,
consistindo em geral de uma estrutura de forma
cônica com uma depressão central, feito de barro,
musgos e gramíneas. Reproduzem-se apenas uma
vez por ciclo reprodutivo. Colocam um ovo
grande, que pode equivaler de 5 a 10% do peso da
fêmea, a incubação dura de 60 a 90 dias, a
depender da espécie. Ambos os sexos participam
da incubação, o casal se reveza entre vários dias
incubando e vários dias em alto mar se
alimentando. Os filhotes ao eclodirem são
altriciais, cobertos com uma camada de plumas.
Reproduzem-se pela primeira vez com cinco a 12
anos de vida.
272
Fontes: Sick, 1997; Brinkley & Humann, 2001b;
Robertson, 2002; Double, 2002; Onley & Scofield, 2007;
Lindsey, 2008; Mayr, 2009; de la Peña, 2016; Abbud et
al., 2018.
Diomedea epomophora Lesson, 1825
Nome popular: albatroz-real
Comprimento: 110-120 cm.
Envergadura: 300-350 cm.
Peso: 7,70-11,00 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas oceânicas e
ilhas.
Alimentação: Alimentam-se de moluscos
(e.g. lula), crustáceos, urocordados (e.g.
Pyrosoma), peixes e carniça. Acabam também
ingerindo plástico.
Dentre os moluscos Cephalopoda
consomem espécies dos seguintes gêneros:
Alluroteuthis, Ancistrocheirus, Architeuthis,
Batoteuthis, Brachioteuthis, Chiroteuthis,
Cycloteuthis, Enteroctopus, Galiteuthis, Gonatus,
Histioteuthis, Kondakovia, Martialia,
Mastigoteuthis, Moroteuthis, Moroteuthopsis,
Nototodarus, Octopoteuthis, Octopus, Ocythoe,
Ommastrephes, Onychoteuthis, Pholidoteuthis,
Taningia, Taonius, Teuthowenia.
Dentre os crustáceos consomem espécies
dos seguintes táxons: Nectocarcinus, Isopoda,
Lepas.
Dentre os peixes consomem: Merluciidae:
Macruronus; Ophidiidae: Genypterus;
Scorpaenidae: Helicolenus.
Comportamento e observações: No Brasil é
considerada uma espécie migratória, visitante
sazonal do sul do continente. As aves fora do
período reprodutivo podem circumnavegar o
globo diversas vezes. Em geral solitários, podem
se reunir em bandos ao seguir navios de pesca ou
onde existem recursos alimentares.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Nidificam apenas em ilhas da Nova Zelândia. A
reprodução ocorre a cada dois anos, em
novembro e dezembro.
Distribuição: Ocorrem entre o Trópico de
Capricórnio e o Círculo Polar Antártico. Um filhote
anilhado na Nova Zelândia foi encontrado morto
no Rio Grande do Sul em 1976. Estado onde
atualmente possuem registros.
Fontes: Sick, 1997; Imber, 1999; Sigrist, 2006;
Onley & Scofield, 2007; Dunning Jr., 2008; Piacentini et
al., 2015; de la Peña, 2016; Wikiaves, 2019.
Diomedea sanfordi Murphy, 1917
Nome popular: albatroz-real-do-norte
Sinonímia recente: Diomedea epomophora
sanfordi
Comprimento: 115 cm.
Peso: 6,53-6,80 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas oceânicas e
ilhas.
Alimentação: Alimentam-se de moluscos
(e.g. lulas), crustáceos, urocordados (e.g.
Pyrosoma) e peixes. Acabam também ingerindo
plástico.
Dentre os moluscos Cephalopoda
consomem espécies dos seguintes gêneros:
Argonauta, Ancistrocheirus, Architeuthis,
Batoteuthis, Brachioteuthis, Chiroteuthis,
Cycloteuthis, Discoteuthis, Galiteuthis, Gonatus,
Histioteuthis, Kondakovia, Lepidoteuthis,
Lycoteuthis, Martialia, Mastigoteuthis,
Moroteuthis, Moroteuthopsis, Nototeuthis,
Nototodarus, Octopoteuthis, Octopus, Ocythoe,
Ommastrephes, Onychoteuthis, Pholidoteuthis,
Taningia, Taonius, Teuthowenia, Todarodes.
Dentre os peixes consomem: Gempylidae:
Thyrsites; Geotridae: Geotria; Merluciidae:
Macruronus; Macrouridae: Lepidorhynchus,
Caelorinchus, Moridae: Pseudophycis,
Halargyreus; Coryphaenoides; Serranidae:
Caesioperca; Tachichthyidae: Hoplostethus.
Dentre os crustáceos consomem espécies
dos seguintes gêneros: Munida, Livoneca, Lepas.
Comportamento e observações: No Brasil é
considerada espécie migratória, visitante sazonal
do sul do continente. As aves fora do período
reprodutivo podem circumnavegar o globo
diversas vezes. Em geral solitários, podem se
reunir em bandos ao seguir navios de pesca ou
onde existem recursos alimentares.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Nidificam apenas em ilhas da Nova Zelândia.
Reproduzem-se a cada dois anos, entre outubro e
dezembro.
Distribuição: Ocorrem entre o Trópico de
Capricórnio e o Círculo Polar Antártico.
Atualmente possui registro na área costeira do Rio
Grande do Sul e Santa Catarina.
Fontes: Imber, 1999; Olmos, 2002 in Piacentini
et al., 2015; Carlos et al., 2004; Onley & Scofield, 2007;
Dunning Jr., 2008; Piacentini et al., 2015; de la Peña,
2016; Wikiaves, 2019.
Diomedea exulans Linnaeus, 1758
Nome popular: albatroz-errante
273
Comprimento: 120-135 cm.
Envergadura: 350 cm.
Peso: 6,25-11,30 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas oceânicas e
ilhas.
Alimentação: Alimentam-se de moluscos
(e.g. lulas), crustáceos (Copepoda: Sphyrion),
peixes e carniça.
Dentre os moluscos Cephalopoda
consomem espécies dos seguintes gêneros:
Alloposus, Alluroteuthis, Ancistrocheirus,
Architeuthis, Bathothauma, Batoteuthis,
Brachioteuthis, Chiroteuthis, Cycloteuthis, Egea,
Galiteuthis, Gonatus, Histioteuthis, Illex,
Kondakovia, Lepidoteuthis, Loligo, Lycoteuthis,
Martialia, Mastigoteuthis, Mesonychoteuthis,
Moroteuthis, Megalocranchia, Octopoteuthis,
Onychoteuthis, Psychroteuthis, Mesonychoteuthis,
Pholidoteuthis, Taningia, Taonius, Teuthowenia,
Vampyroteuthis.
Dentre os peixes consomem:
Channichthyidae: Chaenocephalus,
Champsocephalus, Pseudochaenichthys;
Macrouridae; Moridae; Muraenolepsidae:
Muraenolepis; Nototheniidae: Notothenia,
Pagothenia.
Comportamento e observações: No Brasil é
considerada uma espécie migratória, visitante
sazonal do sul do continente. Podem seguir navios
de pesca por longas distâncias.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Reprodução registrada a cada dois anos entre os
meses de outubro e fevereiro. Nidificam nas ilhas
South Georgia, Príncipe Eduardo, Marion, Crozet,
Kerguelen, Heard e McDonald. O ninho é
construído com terra e matéria vegetal, onde
colocam um ovo e a incubação dura 78 dias.
Distribuição: Ocorrem entre o Trópico de
Capricórnio e o Círculo Polar Antártico. Registrado
nas áreas costeiras do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.
Fontes: Rodhouse et al., 1987; Croxall et al.,
1988; Carboneras, 1992 in de la Peña, 2019; Ridoux,
1994; Sick, 1997; Sigrist, 2006; Onley & Scofield, 2007;
Dénes et al., 2007; Dunning Jr., 2008; Piacentini et al.,
2015; de la Peña, 2016; de la Peña, 2019; Wikiaves,
2019.
Diomedea dabbenena Mathews, 1929
Nome popular: albatroz-de-tristão
Sinonímia recente: Diomedea exulans
dabbedena
Comprimento: 110 cm.
Peso: 6,90 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas oceânicas e
ilhas.
Alimentação: Possivelmente cefalópodes
(Mollusca), peixes e crustáceos.
Comportamento e observações: No Brasil é
considerada espécie migratória, visitante sazonal
do sul do continente. Dentre os predadores de
seus filhotes estão o rato Mus musculus
introduzido acidentalmente nas ilhas onde
nidifica. Eventualmente filhotes feridos por ratos
podem ainda ser mortos por outras aves marinhas
como Macronectes giganteus.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Nidificam nas ilhas Diego Álvarez (Gough) e Tristão
da Cunha (e Ilha Inacessível).
Distribuição: Ocorrem no Atlântico Sul,
abaixo do Trópico de Capricórnio e não chegando
a alcançar o Círculo Polar Antártico.
Eventualmente se deslocam até o Oceano Índico e
Austrália. No Brasil possuem registros nas áreas
costeiras do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e
São Paulo.
Fontes: Nunn & Stanley, 1998 in de la Peña,
2019; Neves & Olmos, 2001; Onley & Scofield, 2007;
Dénes et al., 2007; Piacentini et al., 2015; Davies et al.,
2015; de la Peña, 2016; de la Peña, 2019; Wikiaves,
2019.
Phoebetria fusca (Hilsenberg, 1822)
Nome popular: piau-preto
Comprimento: 82-89 cm.
Envergadura: 203 cm.
Peso: 2,10-3,40 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas oceânicas e
ilhas.
Alimentação: Alimentam-se de moluscos
(e.g. lulas), crustáceos, peixes e carniça (e.g. de
Spheniscidae: Eudyptes e Procellariidae:
Pachyptila).
Dentre os crustáceos consomem das
seguintes famílias e gêneros: Gammaridae:
Eurythenes; Hyperiidae: Hyperia, Themisto;
Euphausiidae: Euphausia; Mysidae:
Gnathophausia; Pasiphaeidae: Pasiphaea.
Dentre os moluscos Cephalopoda
consomem espécies dos seguintes gêneros:
Alluroteuthis, Ancistrocheirus, Architeuthis,
Bathothauma, Chiroteuthis, Cycloteuthis,
Galiteuthis, Gonatus, Histioteuthis Kondakovia,
Lepidoteuthis, Lycoteuthis, Mastigoteuthis,
Mesonychoteuthis, Moroteuthis, Octopoteuthis,
Onychoteuthis, Taningia.
274
Dentre os peixes consomem os seguintes
gêneros: Lepidonothen, Paradiplospinus.
Comportamento e observações: No Brasil é
considerada espécie migratória, visitante sazonal
do sul da América do Sul. Deslocam-se sozinhos,
às vezes em bandos ou com outras aves
oceânicas. Em seu forrageio podem se deslocar
até 1.200 km. Podem seguir navios e cetáceos.
Na ilha Cough, umas das quais se
reproduzem, seus filhotes podem ser predados
por ratos introduzidos acidentalmente por
humanos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Reproduzem-se em ilhas do sul dos oceanos
Atlântico e Índico, como ilhas Diego Álvarez
(Gough), Tristão da Cunha, Príncipe Eduardo
(África do Sul), Marion, Crozet, Kerguelen,
Amsterdam e Saint Paul. A reprodução ocorre a
cada dois anos, em julho e agosto. Durante a corte
o casal voa a poucos centímetros de distância um
do outro próximo de penhascos das ilhas em que
nidificam.
Distribuição: Ocorrem em águas
subantárticas mais aquecidas no Oceano Atlântico
e Índico. No Brasil atualmente possuem registros
no litoral do Rio Grande do Sul.
Fontes: Ridoux, 1994; Sick, 1997; Sigrist, 2006;
Onley & Scofield, 2007; Dunning Jr., 2008; Cuthbert et
al., 2013; Piacentini et al., 2015; de la Peña, 2016; de la
Peña, 2019; Wikiaves, 2019.
Phoebetria palpebrata (Forster, 1785)
Nome popular: piau-das-costas-claras
Comprimento: 72-73 cm.
Envergadura: 180-220 cm.
Peso: 2,85-3,60 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas oceânicas e
ilhas.
Alimentação: Alimentam-se de moluscos
(e.g. lulas), crustáceos, peixes e carniça (e.g. de
Spheniscidae e mamíferos).
Dentre os crustáceos consomem das
seguintes famílias e gêneros: Gammaridae:
Eurythenes; Hyperiidae: Themisto; Euphausiidae:
Euphausia; Mysidae: Gnathophausia;
Pasiphaeidae: Pasiphaea.
Dentre os moluscos Cephalopoda
consomem espécies dos seguintes gêneros:
Alluroteuthis, Batoteuthis, Batothauma,
Chiroteuthis, Cycloteuthis, Galiteuthis, Gonatus,
Histioteuthis, Kondakovia, Lycoteuthis,
Mastigoteuthis, Megalocranchia,
Mesonychoteuthis, Moroteuthis, Onychoteuthis,
Psychroteuthis.
Comportamento e observações: No Brasil
provavelmente é um visitante sazonal originário
do sul do continente. Podem ser observados
seguindo navios, principalmente navios de pesca.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Reprodução registrada nas ilhas Geórgia do Sul,
Príncipe Eduardo, Crozet, Marion, Kerguelen,
Heard, McDonald, Macquarie, Auckland, Campbell
e Antipodes.
A reprodução ocorre a cada dois anos, entre
setembro e novembro. Colocam um ovo e a
incubação dura de 63 a 70 dias. Durante a corte o
casal voa a poucos centímetros de distância um do
outro próximo de penhascos das ilhas em que
nidificam ou sobre o mar.
Distribuição: Ocorrem na região
circumpolar, ocorrendo em águas antárticas e
subantárticas. No Brasil, possuem registros no Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Rio de
Janeiro.
Fontes: Ridoux, 1994; Sick, 1997; Roos &
Piacentini, 2003; Sigrist, 2006; Onley & Scofield, 2007;
Dunning Jr., 2008; Piacentini et al., 2015; Corrêa &
Pereira, 2016; de la Peña, 2016.
Thalassarche chlororhynchos (Gmelin, 1789)
Nome popular: albatroz-de-nariz-amarelo
Comprimento: 71-81 cm.
Envergadura: 190-256 cm.
Peso: 1,78-3,00 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas oceânicas e
ilhas.
Alimentação: Alimentam-se de moluscos
(e.g. lulas), crustáceos (e.g. Gnathophausia) e
peixes. Acabam ingerindo plásticos, o que pode
resultar em sua morte.
Dentre os moluscos Cephalopoda
consomem: Gonatus, Histotheutis, Illex,
Kondakovia, Ornithotheutis, Todarodes.
Dentre os peixes consomem espécies dos
seguintes táxons: Scianidae: Microsponia,
Umbrina; Batrachoididae: Porichthys;
Macrouridae: Malacocephalus; Elasmobranchii.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, originária do sul do
continente. Podem pousar na água para
descansar. Em geral não é visível na costa, sendo
comum em alto-mar. Durante a estação
reprodutiva forrageiam próximo das ilhas onde se
reproduzem. Reúnem-se em bandos próximo dos
locais de reprodução. Podem ser observados
275
forrageando junto de Procellariidae e cetáceos
(baleias, golfinhos). Podem mergulhar até 1 m.
Na ilha Cough, umas das quais se
reproduzem, seus filhotes podem ser predados
por ratos introduzidos acidentalmente por
humanos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Nidificam nas ilhas Diego Álvarez (Gough) e Tristão
da Cunha. Reprodução registrada entre setembro
e outubro.
Distribuição: Ocorrem no sul do Oceano
Atlântico. Eventualmente alguns indivíduos se
dispersam até o Oceano Índico e até Canadá e
Noruega. Possuem registros na região costeira de
diversos estados do Brasil.
Fontes: Belton, 1984; Carboneras, 1992 in de la
Peña, 2019; Ridoux, 1994; Sick, 1997; Sigrist, 2006;
Onley & Scofield, 2007; Colabuono & Vooren, 2007;
Dunning Jr., 2008; Cuthbert et al., 2013; Piacentini et
al., 2015; de la Peña, 2016; Dias et al., 2017; de la Peña,
2019; de la Peña, 2019. Wikiaves, 2019.
Thalassarche melanophris (Temminck, 1828)
Nome popular: albatroz-de-sobrancelha
Comprimento: 80-93 cm.
Envergadura: 200-240 cm.
Peso: 3,00-5,00 kg.
Habitat: Ocorrem em áreas oceânicas e
ilhas.
Alimentação: Alimentam-se de moluscos
(e.g. lulas), crustáceos (Decapoda: Litopenaeus),
peixes e aves (e.g. Sterna e Oceanites oceanicus).
Também acabam ingerindo plásticos e anzóis.
Dentre os moluscos Cephalopoda
consomem espécies dos seguintes gêneros:
Ancistrocheirus, Chiroteuthis, Gonatus, Haliphron,
Histioteuthis, Illex, Loligo, Lycoteuthis, Octopus,
Ocythoe, Psychroteuthis, Todarodes.
Dentre os peixes consomem: Ariidae;
Batrachoididae: Porichthys; Scianidae:
Ctenosciaena, Cynoscion, Macrodon,
Micropogonia, Paralonchorus, Pogonias; Triglidae:
Prionotus; Phycidae: Urophycis; Trichiuridae:
Trichiurus.
Comportamento e observações: No Brasil é
espécie migratória, visitante sazonal do sul do
continente. Deslocam-se em bandos. Podem
seguir navios de pesca. Atingem a maturidade
com sete a nove anos.
Reprodução: Não se reproduzem no Brasil.
Reproduzem-se em ilhas do Chile, ilhas Diego
Ramirez, Ildefonso, Diego de Almagro e
Evangelistas. Também nas ilhas Malvinas
(Falkland), South Georgia, South Sandwich, Crozet,
Kerguelen, Heard, McDonald, Macquarie, Bishop,
Clerk, Antipodes, Campbell e Snares.
Reprodução registrada entre os meses de
setembro e fevereiro. Colocam um ovo, às vezes
dois. A incubação dura de 68 a 71 dias.
Distribuição: Ocorrem nas áreas oceânicas
circumpolares antárticas. Há registros de alguns
indivíduos fora do período reprodutivo que se
dispersam até a Groenlândia, Irlanda e Islândia.
No Brasil possuem registros nas águas costeiras do