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Escrita científica em inglês para investigadores da área da psicologia e da educação: Orientações e recursos úteis [Scientific writing in English Language for psychology and education researchers: Orientations and useful resources ]

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Abstract and Figures

A publicação de artigos científicos em revistas especializadas é, atualmente, o veículo privilegiado para a disseminação da investigação científica. Ainda assim, muitos investigadores sentem receio e insegurança quando são solicitados a redigir artigos em inglês, principalmente os mais inexperientes no uso desta língua na escrita. Este artigo destina-se a investigadores, sobretudo das áreas da psicologia e da educação, que pretendam iniciar ou consolidar a sua escrita científica em inglês, e tem como objetivos centrais, por um lado, sensibilizá-los para a pertinência e a importância de publicarem os seus trabalhos em língua inglesa e, por outro, fornecer-lhes algumas orientações práticas e dicas úteis para serem bem-sucedidos nessa demanda. Para tal, iremos procurar desconstruir alguns mitos relacionados com a escrita científica em inglês e, posteriormente, iremos apresentar alguns exemplos de expressões frequentemente utilizadas em textos científicos naquelas áreas.
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Escrita científica em inglês para investigadores da área da
psicologia e da educação: Orientações e recursos úteis
Scientific writing in English Language for psychology and
education researchers: Orientations and useful resources
Daniel Ruivo Marques
Universidade de Aveiro, Departamento de Educação e Psicologia
CINEICC – Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental,
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade de Coimbra, Portugal
drmarques@ua.pt
Patrícia Christine Silva
Universidade de Aveiro, Departamento de Educação e Psicologia
CIDTFF – Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores,
Universidade de Aveiro, Portugal
christine.silva@ua.pt
Resumo
A publicação de artigos cientícos em revistas especializadas é, atualmente, o veículo privilegiado
para a disseminação da investigação cientíca. Ainda assim, muitos investigadores sentem receio e
insegurança quando são solicitados a redigir artigos em inglês, principalmente os mais inexperientes
no uso desta língua na escrita. Este artigo destina-se a investigadores, sobretudo das áreas da
psicologia e da educação, que pretendam iniciar ou consolidar a sua escrita cientíca em inglês, e
tem como objetivos centrais, por um lado, sensibilizá-los para a pertinência e a importância de publi-
carem os seus trabalhos em língua inglesa e, por outro, fornecer-lhes algumas orientações práticas
e dicas úteis para serem bem-sucedidos nessa demanda. Para tal, iremos procurar desconstruir
alguns mitos relacionados com a escrita cientíca em inglês e, posteriormente, iremos apresentar
alguns exemplos de expressões frequentemente utilizadas em textos cientícos naquelas áreas.
Palavras-chave: Escrita científica; inglês; psicologia; educação; artigos.
Abstract
The publication of scientic articles in specialized journals is currently the privileged vehicle for the
dissemination of scientic research. Nevertheless, many researchers struggle with fears and insecu-
rities when asked to write articles in English, especially those who are less experienced in writing in
this language. This article is aimed at researchers, especially those in the elds of psychology and
education, who intend to start or consolidate their scientic writing in English. The main objectives
are, on the one hand, to help the researchers become aware of the relevance and importance of
publishing their manuscripts in English and, on the other hand, to provide them with some practical
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guidance and useful tips to successfully reach their goal. To this end, we will seek to deconstruct
some myths associated to scientic or academic writing in English and, later, we will present some
examples of frequently used expressions in scientic texts, particularly related to the mentioned elds.
Keywords: Scientific writing; English language; psychology; education; scientific papers.
Résumé
La publication d’articles scientiques dans des revues spécialisées est actuellement le vecteur
privilégié de diffusion de la recherche scientique. Même ainsi, de nombreux chercheurs ressentent
de la peur et de l’insécurité lorsqu’on leur demande d’écrire des articles en anglais, en particu-
lier les moins expérimentés dans l’utilisation de cette langue par écrit. Cet article s’adresse aux
chercheurs, notamment dans le domaine de la psychologie et de l’éducation, qui ont l’intention de
débuter ou de consolider leur rédaction scientique en anglais, et vise, d’une part, à les sensibiliser
à la pertinence et à l’importance de publier leurs travaux en anglais et, d’autre part, leur fournir des
conseils pratiques et des conseils utiles pour réussir dans cette demande. À cette n, essayez de
déconstruire certains mythes liés à l’écriture scientique en anglais et, éventuellement, présentez
quelques exemples d’expressions utilisées dans des textes scientiques dans ces domaines.
Mot-clés: Rédaction scientifique; anglais; psychologie; education; articles .
Introdução
Na atualidade, é cada vez mais solicitado aos investigadores que divulguem os seus traba-
lhos científicos a nível internacional, tornando-se para isso necessário que os seus textos sejam
redigidos em língua inglesa (Neves & Guerra, 2015; Schuster et al., 2014). Esse é, para muitos
investigadores, um desafio evidente, sobretudo porque não são falantes nativos de inglês, como
é o caso da maioria dos autores portugueses e brasileiros (Hesson, 2015; Marlow, 2014). Com
este artigo, pretendemos fornecer dicas e orientações úteis para facilitar a redação de artigos em
língua inglesa, particularmente, na área da psicologia e da educação (ainda que o conteúdo deste
trabalho não se esgote apenas nestas áreas). Para tal, sugerimos algumas estratégias práticas
que resultam simultaneamente da revisão da literatura sobre a temática da escrita científica e da
nossa própria experiência enquanto autores (que publicam maioritariamente em inglês), enquanto
revisores de revistas internacionais da área da psicologia e da educação e enquanto docentes
e orientadores de trabalhos científicos. Este artigo inspira-se num formato de guião, tendo como
destinatários principais estudantes de mestrado e investigadores juniores. Espera-se que cons-
titua uma ferramenta de trabalho útil quer para os estudantes quer para os seus orientadores.
1. Escrita científica (em inglês)
A escrita científica distingue-se dos outros tipos de escrita por diversas razões. Uma
delas é pela sua peculiaridade de ser restrita e confinada, maioritariamente à comunidade de
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investigadores (Lindsay, 2011). É também, comummente, utilizada na comunicação e partilha de
investigações e resultados decorrentes delas, isto é, do conhecimento científico (Oliveira et al.,
2009). No campo da investigação, a escrita é uma tarefa obrigatória, justificada pela intenção de
retribuir à comunidade os resultados obtidos (Lindsay, 2011), sendo os artigos científicos um dos
meios privilegiados para a disseminação dos mesmos.
Apesar de não existirem regras estanques para a escrita cientíca (Guilford, 2001), trata-se de um
tipo de escrita que privilegia frases simples e claras, ainda que exigente, obedecendo a uma estrutura
especíca (Ädel & Erman, 2011; Skern, 2009). No caso da psicologia e da educação, são seguidas,
habitualmente, as normas da American Psychological Association - APA (2020). Destaca-se a clareza
das ideias a transmitir e a precisão no discurso (Blackwell & Martin, 2011; Lindsay, 2011). São vários
os estudos que demonstram a diculdade por parte dos investigadores menos experientes em dominar
este tipo de escrita, reetindo-se no escasso número de publicação de artigos (Guilford, 2001; Singh
& Mayer, 2014). Quando existe um desfasamento entre a qualidade do processo de investigação e a
qualidade da escrita, esta última compromete a investigação no seu todo pela falta de capacidade do
autor de descrever o processo de investigação convenientemente (Miller, 2014; Schuster et al., 2014).
A esta complexidade acresce a pressão e importância de publicar em revistas internacionais
com fator de impacto, exigindo a maior parte das vezes a publicação em língua inglesa. Esta realidade
soma-se àquilo que é conhecido na literatura como o paradigma “publish or perish”. Genericamente,
refere-se à pressão sentida pelos professores e investigadores para publicar em quantidade, dado
que é o mais valorizado em detrimento, muitas vezes, da qualidade de outras funções associadas
ao seu trabalho, como a docência, por exemplo (Rawat & Meena, 2014). Esta situação torna-se,
deste modo, desaadora para os autores não nativos de língua inglesa (Blackwell & Martin, 2011),
causando uma notória insegurança por não dominarem aquela língua (Paltridge, 2004). Apesar da
diculdade associada a este processo, trata-se de uma competência que pode e necessita de ser
desenvolvida e aperfeiçoada. Na verdade, para alguns autores, escrever academicamente em inglês
não torna necessariamente os falantes nativos de inglês numa vantagem assim tão signicativa,
dado que a escrita académica tem características próprias que exigem aprendizagem quer de na-
tivos quer de não nativos (Hyland, 2016; Zhao, 2017). Para muitos linguistas, dever-se-ia falar em
“primeira” e “segunda” línguas e não tanto em falantes “nativos” e “não nativos” (Hyland, 2016). Isto
porque habitualmente se consideram falantes nativos os indivíduos que nasceram em países como
os Estados Unidos da América, a Inglaterra, Austrália ou o Canadá. No entanto, surgem dúvidas
quanto à classicação de outros grupos como o de crianças que nasceram noutro país, mas que
frequentaram uma escola bilingue, por exemplo (Clemens, 2021). Uma reexão crítica mais aprofun-
dada sobre a “hegemonia” do inglês na escrita académica pode ser consultada em Ammon (2012),
Araújo e Sá e Pinto (2020), Bennet (2015), Hamel (2007), Ludi (2015) e Pinto e Araújo e Sá (2020).
2. Principais vantagens da escrita científica em inglês
O inglês constitui a língua oficial da ciência (Rezaeian, 2015). Segundo Skern (2009),
isso deve-se a razões históricas (Tardy, 2004). Nesta secção irá focar-se as principais razões
que deverão levar o investigador a publicar os seus trabalhos em língua inglesa.
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2.1. Amplitude das investigações: esta é uma das razões principais e mais fortes, dado
que se a publicação for feita em inglês, qualquer leitor (investigadores, clínicos, professores,
educadores, etc.), em teoria, deverá conseguir ler o trabalho. Neste caso, o investigador não
se encontra restrito apenas aos falantes da sua língua (caso não seja o inglês);
2.2. Reconhecimento na área científica: publicar em inglês em revistas de circulação inter-
nacional torna o investigador conhecido no seu domínio de investigação, trazendo-lhe oportuni-
dades de colaboração (networking) com equipas de investigação internacional que se dediquem
aos mesmos temas de estudo (Silvia, 2015);
2.3. Exigência da maioria das revistas que os artigos sejam publicados em inglês: as prin-
cipais revistas das áreas científicas da psicologia e da educação exigem que as submissões
sejam feitas em inglês, independentemente do país de origem da revista. A título de exemplo, no
que respeita a revistas portuguesas, refira-se o caso da “Análise Psicológica”, uma publicação
periódica da chancela do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) que, recentemente, de-
finiu que as submissões deverão ser feitas exclusivamente com manuscritos redigidos em língua
inglesa (http://publicacoes.ispa.pt/index.php/ap) tal como a revista “Psicologia” publicada pela
Associação Portuguesa de Psicologia (https://revista.appsicologia.org/index.php/rpsicologia/index);
2.4. Possibilidade de publicar em inglês em revistas portuguesas: A maior parte das revistas
portuguesas, por exemplo, aceita também submissões em inglês. De referir que existem revistas
portuguesas na área da psicologia e da educação que estão indexadas nas principais bases de
dados internacionais e, como tal, mesmo que o investigador opte por publicar numa revista por-
tuguesa, será viável e conveniente que escreva em inglês;
2.5. Potencialidade para ser revisor ad hoc e/ou membro do corpo editorial de publicações
periódicas: o facto de o investigador (pelo menos) submeter os seus trabalhos para revistas inter-
nacionais faz com que tenha uma probabilidade significativa de ser contactado pelos editores das
revistas para servir como revisor no futuro, mesmo que o autor nunca tenha publicado qualquer
artigo nessas mesmas revistas;
2.6. Aperfeiçoamento de uma competência: à semelhança do que acontece em outras
línguas, o facto de se escrever em inglês de maneira sistemática e exaustiva torna o investiga-
dor mais proficiente; esta é uma competência que se treina e que melhora à medida que se vai
escrevendo e lendo cada vez mais em inglês (Zhao, 2017).
3. Obstáculos à escrita científica em inglês: Quatro mitos
De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa (2015), um mito pode ser uma “ideia
que é geralmente aceite, mas que não corresponde à realidade” (p. 525). De facto, existem
cognições frequentes que os estudantes e os investigadores mais inexperientes têm e que, em
rigor, constituem mitos que deverão ser desconstruídos em relação à escrita científica em inglês.
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Mito #1. “Preciso de ser nativo em inglês para publicar artigos científicos em inglês!”
A ideia de que escrever em inglês é exclusivo aos nativos é provavelmente uma das ideias
mais enraizadas e mais comuns nos investigadores. Será razoável pensar que um autor falante
nativo de inglês estará em condições privilegiadas para escrever em inglês (Zhao, 2017). No
entanto, como mais adiante iremos explicar, não é necessário ser nativo para escrever bem e de
forma compreensível em inglês (Clemens, 2021). De acordo com Lindsay (2011), a linguagem
científica caracteriza-se por ser objetiva e sucinta, construída recorrendo a frases simples (Skern,
2009). Nesse sentido, o nível de inglês que é exigido a um investigador em ciência não poderá ser
o nível exigido a um autor que escreva um texto literário em língua inglesa, por exemplo. Como
será explicitado oportunamente, existem estratégias que permitem escrever de maneira correta
e clara em inglês e que não exigem um nível aprofundado de inglês.
Mito #2. “Ou se nasce com a capacidade ou nada feito!”
A questão do “inato vs. adquirido” reporta-se a um debate clássico em psicologia (Gottes-
man & Hanson, 2015). Escrever (ou falar) em inglês, ou em qualquer outra língua estrangeira,
não representa uma competência apenas disponível aos indivíduos que nascem com um “talento
específico para as línguas”. Existem indivíduos que, de facto, poderão mostrar uma predisposição
para este tipo de competências, no entanto, tal não significa que esta seja uma condição dico-
tómica de “tudo ou nada” (Mamiya et al., 2016). O mesmo se poderia dizer em relação a outras
capacidades como, por exemplo, a proficiência em tocar um instrumento musical, como o piano.
Existem indivíduos que aprenderão mais facilmente ao passo que outros precisarão, eventualmente,
de mais tempo para consolidar essa aprendizagem. No fundo, torna-se necessária uma modifica-
ção de mentalidade (mindset). Dweck (2006), define dois tipos de mentalidade que caracterizam,
genericamente, teorias implícitas da inteligência: a mentalidade fixa (fixed) e a mentalidade de
crescimento (growth). A primeira assume que o nível de competências de um indivíduo é inato,
fixo, estável e que o esforço é inútil, ao passo que a última assume que a competência requer
esforço e aprendizagem e que cada fracasso é visto como uma oportunidade para o sucesso.
Mito #3. “Tenho de estar motivado para escrever em inglês!”
A psicologia, sobretudo a de cariz mais comportamentalista (behaviorista), tem demonstrado ao
longo da história que a motivação para realizar alguma atividade surge a partir da ação (Silva et al.,
2008; Todorov & Moreira, 2015). Se se analisar as recomendações para o tratamento das perturba-
ções depressivas, compreende-se que a ativação comportamental (behavioral activation) – estratégia
de primeira linha para o tratamento desta casuística – precede a motivação (Turner & Leach, 2012).
Será com base no feedback das ações que surge aquilo a que se convencionou chamar “motivação”
(Todorov & Moreira, 2015). A ideia de estar à espera que a motivação surja no indivíduo para que
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apenas depois se proceda à ação – neste caso, à escrita propriamente dita – é uma crença limitado-
ra. Deste modo, pode armar-se que a motivação para escrever em inglês surgirá à medida que se
começar a escrever em inglês (cf. Ponto 4). Alguns autores, no âmbito da escrita académica, denem
esta mobilização para a ação como “butt in the chair technique” (Neves & Guerra, 2015).
Mito #4. “Sempre fui habituado a escrever em português, agora não consigo mudar!”
O mito de que quem foi habituado a escrever na sua língua nativa (que não o inglês) e
que, por isso, agora não consegue escrever em inglês é tendencialmente associado aos investi-
gadores mais seniores. É verdade que grande parte dos investigadores portugueses na área da
psicologia e da educação foram fazendo os seus percursos académicos publicando em revistas
portuguesas. No entanto, a globalização e os avanços tecnológicos que se deram nas últimas
décadas mudaram significativamente o panorama científico. Consequentemente, hoje em dia, os
trabalhos publicados em revistas internacionais que tenham o inglês como principal língua são
a regra a privilegiar principalmente pelo alcance da disseminação das investigações; para além
disso, os autores/investigadores são avaliados de acordo com a sua produção científica neste
tipo de publicações periódicas para efeitos de progressão de carreira, avaliação de desempenho
e candidaturas a projetos de investigação e concursos para vagas profissionais. Existem, entre
outros, três motivos para contrariar este mito: (1) em virtude da proliferação de artigos publicados
em inglês, abrangendo as diversas áreas do conhecimento, é consensual afirmar que ler em inglês
é uma das competências fulcrais no campo académico para se escrever em inglês; (2) a neuro-
plasticidade ou a capacidade para o cérebro se alterar estrutural e funcionalmente em função da
experiência e que não é característica apenas das idades mais precoces como anteriormente se
acreditava (Macdonald et al., 2017); e (3) sendo que a escrita científica é simples, como tal, pode
ser construída baseada em algumas expressões e vocábulos que são massivamente utilizados
em artigos publicados em inglês, como será ilustrado no ponto 5 deste trabalho.
4. Orientações práticas para a redação e submissão de manuscritos
A próxima secção sistematiza treze práticas que o investigador poderá adotar para facilitar a
escrita de artigos em inglês. No entanto, estas são também estratégias transversais ao processo
de escrita no geral.
#1. Ser organizado
Quando se planeia a escrita de um artigo científico, visando a submissão a uma revista
internacional, é importante que o investigador seja disciplinado e metódico (Miller, 2014). Uma
das principais estratégias que nos tem ajudado na preparação de manuscritos passa por: (1)
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criar uma pasta por cada artigo em que se esteja a trabalhar; (2) criar, dentro da pasta referente
a cada artigo, documentos separados por cada secção de submissão – isto é, podemos ter um
documento chamado “Title Page”, outro “Main Manuscript”, outro “Table 1” e assim sucessivamente.
Esta metodologia tem a vantagem de permitir ao autor trabalhar nos documentos em formato de
submissão exigido nas plataformas das revistas e, por outro lado, tem uma forte componente au-
to-motivacional, na medida em que dá uma noção da porção de trabalho já realizado, funcionando
como um documento autorregulador. Na prática, acaba por ajudar a atenuar os “bloqueios” típicos
do autor e que, frequentemente, este último tende a associar à falta de “inspiração” (Silvia, 2007).
#2. Escrever regularmente
Diversos autores têm indicado que o aspeto mais importante da escrita científica se prende
com a regularidade e a rotina e não tanto com a escrita enquanto processo que ocorre quando se
está inspirado ou motivado (Silvia, 2007). Para além da regularidade, um outro aspeto essencial
é escrever sem preocupações de editar ou corrigir o texto simultaneamente (Neves & Guerra,
2015; Silvia, 2007). É imprescindível que o investigador escreva regularmente (e.g., diariamente)
durante um período estipulado previamente e, se possível, que abranja o período em que este
se sente no pico das suas capacidades cognitivas, isto é, respeitando o seu cronótipo (Rosnow
& Rosnow, 2012). Este último refere-se a características individuais associadas aos ritmos circa-
dianos. Uma das dimensões do cronótipo diz respeito à preferência dos indivíduos para realizar
determinadas atividades em momentos específicos do dia. Habitualmente, distinguem-se os tipos
matutinos, vespertinos e intermédios (Roenneberg, 2012).
#3. Ler regularmente artigos em inglês da(s) respetiva(s) área(s) de investigação
Por mais simples que possa parecer esta dica, ela é uma das mais importantes e que melhor
prediz a escrita com sucesso dos investigadores. Da mesma maneira que um indivíduo português
escreverá melhor se for um leitor regular de textos em português, o mesmo se aplica no domínio
académico. A realização de leituras constantes e sistemáticas fará com que o autor se familiarize com
os principais vocábulos e construções sintáticas mais utilizadas (Miller, 2014; Neves & Guerra, 2015).
#4. Criar uma tabela personalizada com termos frequentes
Uma das estratégias mais úteis para quem está a iniciar a escrita científica em inglês – e
mesmo para quem tem já alguma experiência na publicação de artigos em inglês – diz respeito à
criação de tabelas personalizadas. Esta estratégia está fortemente relacionada com a estratégia
anterior. Após leituras regulares de artigos em inglês publicados na área de interesse do autor e
nas principais revistas-alvo, o investigador começará a perceber que existem expressões e palavras
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que surgem frequentemente nestes trabalhos. Quando o leitor encontrar estas “redundâncias” de-
verá anotá-las, assim como o seu significado. Este processo possibilitará ao investigador construir
uma base de dados personalizada e adaptada aos seus domínios de investigação que o ajudará
aquando do processo de redação do seu trabalho. Estas tabelas, que se pretende que sejam re-
gularmente atualizadas e ampliadas, vão constituir um instrumento indispensável para o autor. No
fundo, trata-se de uma análise qualitativa informal aos textos em inglês que vai lendo (cf. Ponto 7).
#5. Adiantar o que se puder adiantar
Uma das principais metodologias que privilegiamos quer em trabalhos da nossa autoria
quer em orientações de estudantes é a organização e planificação dos conteúdos. Na prática,
significa que todos os elementos do artigo que puderem ser adiantados deverão sê-lo (Neves &
Guerra, 2015). Tomando o exemplo dos estudantes de mestrado, é habitual que estes guardem
determinadas secções do seu trabalho para as datas-limite de entrega, juntando nesses últimos
dias ou semanas o trabalho que não poderia ter sido realizado antes com tarefas que poderiam
ter sido elaboradas previamente (e.g., formatação de tabelas, ideias-chave da discussão que
não necessitam da análise de dados, etc.). É fundamental que os estudantes saibam rentabilizar
estrategicamente estes momentos nos quais estão “parados” no processo de investigação por
estarem à espera de autorização de pareceres de conselhos de ética ou de autorização de au-
tores para utilizar um determinado instrumento de recolha de dados (Rosnow & Rosnow, 2012).
#6. Fomentar Networkinge apostar em revisões especializadas
Na escrita científica, é habitual que os artigos sejam escritos em coautoria, sendo que
essa coautoria pode resultar da criação de redes de contactos entre investigadores. No entanto,
é muito importante que os esboços (drafts) dos artigos assim como as versões finais dos textos
sejam revistos por pessoas fora da área académica dos autores e com conhecimentos da língua
inglesa, mesmo que não muito aprofundados (Neves & Guerra, 2015; Silvia, 2015). Lembremos
que a escrita científica em inglês (e no geral) é uma escrita constituída por frases curtas e simples
e com vocabulário objetivo. Excluindo as partes mais técnicas, o texto deverá poder ser lido e
percebido por qualquer leitor (Miller, 2014). Adicionalmente, é cada vez mais importante que os
investigadores prevejam no âmbito dos seus projetos de investigação, por exemplo, orçamento
dedicado a tarefas de revisão e tradução especializadas.
#7. Conhecer a revista e as normas de publicação
É importante que o investigador estude aprofundadamente as revistas para onde deseja
submeter o seu trabalho (Silvia, 2007). De especial importância é a leitura da secção referente às
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“instruções aos autores” que diversas vezes é negligenciada, o que causa atrasos desnecessários
na revisão do artigo (Marlow, 2014) e, consequentemente, na publicação do mesmo (Miller, 2014).
#8. Ser moderadamente desconfiado dos softwares informáticos
Enquanto investigadores, somos frequentemente sensibilizados para a utilidade dos pro-
gramas de gestão de referências bibliográficas (e.g., Mendeley™, Endnote™, Zotero™, entre
outros). De facto, estes programas facilitam a morosa tarefa de elaborar as referências de forma
manual. Por outro lado, têm uma outra vantagem inegável, pois permitem mudar automaticamente
o estilo de referências consoante a revista para a qual o investigador pretende submeter o seu
trabalho, o que facilita o processo de formatação e de organização das referências (Sarah et
al., 2019). No entanto, é frequente que os investigadores mais jovens confiem “cegamente” nas
“decisões” que o software toma, não obstante haver, na maior parte das vezes, a necessidade
de corrigir o output do programa.
#9. Antecipar o fator “novidade”
Quando se inicia um projeto de investigação, parte-se do pressuposto de que os investiga-
dores vão acrescentar algo de novo ao estado da arte na sua área científica. Uma das estratégias
que pensamos ser de particular utilidade para o investigador que dá os seus primeiros passos na
investigação e, em particular, na escrita científica em inglês, será a de encontrar revistas interna-
cionais que privilegiem ideias novas de investigação, que deem espaço para o debate de hipóteses
e ideias que poderão ser investigadas no futuro ou que estejam já a decorrer, mas sem resultados
ainda oficialmente divulgados. Este tipo de artigo permite que o investigador defenda oficialmente
a ideia do seu projeto (e.g., mestrado, doutoramento), tendo simultaneamente a oportunidade de
receber feedback dos revisores, assim como fazer uma publicação em “full-text” do seu projeto
de investigação mesmo ainda antes de ter dados para apresentar. Outra possibilidade passa por
escrever as ideias do projeto de investigação em formato de “editorial” ou em “carta ao editor”,
consoante as normas estabelecidas por cada publicação periódica.
#10. Priorizar e hierarquizar as revistas “alvo”
Uma outra estratégia prática e eficiente passa por selecionar a priori três revistas para
as quais se pretende submeter o trabalho e hierarquizá-las, seguindo a lógica de enviar para a
revista mais forte em termos de fator de impacto ou outros indicadores similares. Pode revelar-se
muito útil nesta etapa utilizar algumas ferramentas como o Journal Suggester da SpringerNa-
ture (https://journalsuggester.springer.com), o Journal Finder da Elsevier (https://journalfinder.
elsevier.com/), o Journal Finder da Wiley (https://journalfinder.wiley.com/search?type=match) ou
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o InCites Journal Citation Reports da Clarivate Analytics (https://jcr.clarivate.com/JCRJourna-
lHomeAction.action), que auxiliarão o investigador a escolher as revistas mais adequadas para
a submissão do manuscrito. Neste sentido, existem campos obrigatórios a preencher: título,
área científica, resumo e palavras-chave sendo que com essa informação é feita uma filtragem
criteriosa, resultando em sugestões de revistas pertinentes. Também nesta linha, refira-se a
ferramenta PoolText™ (cf. Ponto 8).
#11. Procurar formação
De forma a complementar o seu nível de inglês, será importante que o investigador invis-
ta em formação, nomeadamente em cursos de inglês. Estes cursos podem assumir a forma de
cursos gratuitos disponibilizados a partir de várias plataformas, sítios e aplicações na internet,
assim como cursos livres que algumas instituições de Ensino Superior disponibilizam, tais como a
oportunidade de frequência de cursos livres de línguas (e.g., Universidade de Aveiro, Universida-
de Lusófona, Universidade de Coimbra, Universidade de Lisboa). Destacamos, ainda, os cursos
certificados com obtenção de grau de domínio da língua (e.g., IELTS, Londonschool, Cambridge e
EF – Education First). Por fim, existem canais de YouTube, por exemplo, que se poderão revelar
também muito úteis.
#12. Assumir, por defeito, que o artigo será rejeitado
Uma das atitudes mais adaptativas quando se elabora um artigo é assumir, por defeito,
que este será rejeitado (Silvia, 2007). Este é, de facto, o cenário mais provável, principal-
mente se o investigador tiver como alvo as revistas com uma taxa de aceitação baixa (Silvia,
2015). Este “mindset” servirá para desconstruir a ideia de que quando se elabora um artigo
este vai ser publicado na primeira revista para a qual for enviado. O investigador deve en-
carar as rejeições como acontecimentos normativos e formativos do seu percurso enquanto
investigador e do percurso dos próprios artigos. Se as suas ideias estiverem confusas em
português, provavelmente também estarão confusas em inglês. Muitos artigos são rejeitados
apenas porque saem fora do escopo editorial da revista naquele momento, ou por que existe
um elevado número de submissões, tendo os editores de estabelecer critérios de aceitação
mais rígidos. Assim, o facto de o artigo ser rejeitado não significa impreterivelmente que
o artigo é mau ou de pouco interesse para a comunidade científica. Para além disso, um
dos comentários mais frequentes dos revisores é o de que o inglês deverá ser revisto. De
acordo com a nossa experiência, isto poderá ocorrer por duas razões: (1) é um comentário
já estandardizado e quase “obrigatório” nas suas revisões mesmo que o artigo esteja bem
redigido e, nesse caso, há que responder justificadamente por que razão não se concorda
com esse comentário (e.g., houve uma revisão feita por um nativo previamente à submissão,
etc.); e (2) o facto de o artigo ter sido revisto por um autor nativo em inglês não faz com que
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obrigatoriamente o artigo esteja bem redigido (tal como, por exemplo, no caso dos autores
portugueses, o facto de serem autores nativos portugueses não faz com que obrigatoriamente
estes escrevam bem na sua própria língua materna) e, nesse caso, a crítica é fundamentada.
Acontece também, frequentemente, que os próprios editores e revisores sugiram correções
eles mesmos ao inglês escrito (quando são correções menores), facilitando este processo.
Por fim, é importante referir que grande parte das vezes, o lapso temporal que vai da sub-
missão do manuscrito até à sua aceitação para publicação poderá ser muito longo, podendo,
por vezes, ultrapassar um ano.
#13. Organizar e sistematizar conceitos-chave
É sabido que, para uma área específica de investigação, é-lhe inerente um conjunto de
conceitos-chave que, por norma, não são de origem portuguesa. Com o objetivo de acautelar a
utilização ou associação incorreta de conceitos que aparentemente parecem ter o mesmo sig-
nificado, sugere-se, por exemplo, a construção de um mapa de conceitos (Rosnow & Rosnow,
2012). Esta prática aprimorada garante uma organização congruente com conceitos-chave e as
respetivas relações hierárquicas entre eles na língua original, evitando possíveis erros concetuais.
A título de exemplo, na área da educação, quando associamos a componente lúdica, podemo-
-nos referir a diversos termos que, ainda que possam parecer sinónimos, em rigor, não o são.
Os serious games, por exemplo, são videojogos com um fim educativo, tratando-se, portanto,
de uma atividade educativa onde se recorre às tecnologias digitais. A gamification, por sua vez,
não implica a utilização das tecnologias digitais, tratando-se de uma característica de um tipo
de ensino baseado nas mecânicas e características do jogo. Neste sentido, surge o conceito
Game-Based Learning”, um construto mais abrangente do que os demais que se distingue pela
usabilidade efetiva de jogos, sejam eles digitais ou não, no processo de ensino (cf. Figura 1).
Esta distinção de conceitos, e associação com as suas possíveis traduções, é essencial para
uma clarificação concetual.
Figura 1. Mapa de conceitos-chave
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5. Recursos linguísticos úteis para desenvolver um artigo cientíco em inglês
Silvia (2007) refere, com humor, que “writing a journal article is like writing a screenplay for
a romantic comedy: You need to learn a formula” (p. 78). De facto, a escrita de um artigo científico
de cariz empírico obedece a uma estrutura que está relativamente bem definida e estandardizada
(Rosnow & Rosnow, 2012). Como já referido anteriormente, no caso da psicologia e da educação,
esta estrutura segue tradicionalmente as normas da APA (American Psychological Association
[APA], 2020). Nesta secção, apresentamos essa estrutura com exemplos de palavras e expres-
sões em inglês que são frequentemente utilizadas pelos autores (Hesson, 2015; Marlow, 2014).
5.1. Carta de apresentação (Cover Letter) – Regra geral, a carta de apresentação é um
dos documentos a que menos importância se dá; todavia, ela pode representar o sucesso ou
insucesso da submissão, isto é, se o editor se interessa ou é convencido pelo autor em relação
à relevância do artigo; em caso positivo, o editor iniciará o processo da escolha dos revisores.
Geralmente, as cartas de apresentação começam com “Dear Editor (ou o nome do editor)” e
deverão focar três aspetos essenciais: (1) identificação do artigo que é submetido; (2) apresen-
tação de argumentos a favor da potencial publicação do artigo naquela revista, assim como a
importância do estudo para a área científica em questão e (3) um agradecimento ao editor pela
atenção e tempo despendidos com a submissão.
5.2. Página de título (Title Page) – A página de título é frequentemente escrita separada do
manuscrito de forma a assegurar que a identificação dos autores não seja revelada aos revisores
(double-blind peer review). Nesta página, é indicado o título do manuscrito, os nomes dos autores
e respetivos endereços institucionais assim como os contactos detalhados do autor responsá-
vel pela correspondência relativa ao artigo. Por vezes, pode também ser solicitado, consoante
a revista, que se indique outros aspetos como os agradecimentos, declaração de conflitos de
interesse, contagem do número de palavras do manuscrito, entre outros.
5.3. Resumo (Abstract) – O resumo deve ser elaborado cuidadosamente, dado que é o que
vai incitar o leitor a interessar-se ou não pelo estudo. Existem revistas que exigem que se faça
um resumo estruturado (e.g., “background”, “objectives”, “methods”, “results”, “conclusion”) e ou-
tras que não o requerem. O resumo é acompanhado por um conjunto variável de palavras-chave
(key-words) que deverão refletir os tópicos fundamentais onde o trabalho se insere. Nas revistas
que não exigem um resumo estruturado, é importante que o autor tenha ainda assim os tópicos
presentes, uma vez que tal ajuda na concretização dos aspetos essenciais da investigação a
incluir no resumo.
5.4. Introdução (Introduction) – A introdução dos artigos, por norma, não vem explícita
como um tópico, ainda que algumas revistas o exijam. Geralmente, nesta secção descrevem-se
aspetos de revisão da literatura que fundamentem o estudo que doravante se vai apresentar.
Na parte final da introdução, poderão apresentar-se hipóteses (se fizer sentido), assim como o
último parágrafo deverá fazer referência ao(s) objetivos(s) central(ais) do artigo ou à finalidade
do trabalho. Na Tabela 1, demonstram-se algumas das expressões mais comuns que se podem
encontrar na escrita científica em inglês relativamente a esta secção, acompanhadas da respetiva
tradução em português.
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Tabela 1. Expressões em inglês passíveis de serem utilizadas na “introdução” de um artigo
Exemplos de expressões comuns
Introduction - According to
[De acordo com …]
- Regarding
[Quanto à/ao …]
- It is common knowledge that … / The literature shows that … /
There is evidence that
[É bem conhecido/sabido que … / A literatura mostra que … /
Há evidência de que …]
- Many studies have shown that …
[Muitos estudos têm mostrado que …]
- On the one hand… on the other hand,
[Por um lado, … por outro …]
- Another study by
[Outro estudo por …]
- Several studies suggest / confirm / replicate
[Diversos estudos sugerem / confirmam / replicam …]
- As posited by
[Como postulado por …]
- Other authors emphasize / stress / point out
[Outros autores realçam / destacam …]
- To our knowledge,
[Que seja do nosso conhecimento, …]
Hypotheses - It is expected that… [É esperado que …]
- We hypothesize that… [Nós hipotetizamos que …]
Objectives / aims - The major goal / aim / the purpose of the current study is
[O objetivo principal / propósito do presente estudo é …]
to conduct / conducting [realizar / conduzir]
to carry out / carrying out [levar a cabo]
to perform / performing [levar a cabo]
to examine / examining [examinar]
to observe / observing [observar]
… to address / addressing [abordar]
to analyze / analyzing [analisar]
to develop / developing [desenvolver]
to provide / providing [fornecer]
to construct / constructing [construir]
to test / testing [testar]
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5.5. Método (Methods / Methodology) – A metodologia ou o método de um artigo descreve
os principais passos levados a cabo para a execução da investigação. Geralmente, dentro deste
tópico existem subsecções, a saber: Participantes (Participants), Medidas / Instrumentos (Mea-
sures / Instruments), Procedimentos (Procedures) e Análise de dados / Análise estatística (Data
analysis / Statistical analysis). Na Tabela 2, demonstram-se algumas das expressões mais comuns
que se podem encontrar na escrita científica em inglês relativamente a esta secção.
Tabela 2. Expressões em inglês passíveis de serem utilizadas na secção dos “métodos” de um artigo
Methods Exemplos de expressões comuns
- Participants - Two hundred and seventy-three participants were recruited for the study
[Para este estudo, foram recrutados 273 participantes …]
- Data were collected from 837 patients / students [Foram recolhidos dados
de 837 doentes / estudantes …]
- Measures / Instruments - The scale consists of 10 items
[A escala é constituída por 10 itens …]
- The GSES comprises seven items measured on a three-point Likert-type
scale
[A GSES é composta por sete itens medidos numa escala de tipo Likert de
três pontos]
For the current study, the Cronbach´s alpha was
[Para o presente estudo, o valor do alfa de Cronbach foi de …]
- Procedure - The total sample was divided into two subgroups
[A amostra total foi dividida em dois grupos…]
- Participants had access to the results of the research upon completion of
the study
[Os participantes tiveram acesso aos resultados da investigação após a
conclusão do estudo]
- Data analysis - to calculate [calcular]
- to compute [computar / calcular]
- the assumption of normality distribution was met
[O pressuposto da normalidade da distribuição foi cumprido]
- All interviews were transcribed by the researchers and analyzed using the
WebQDA 3.0 / NVivo 12 software
[Todas as entrevistas foram transcritas pelos investigadores e analisadas
com recurso ao software WebQDA 3.0 / NVivo 12]
- All analyses were performed using the IBM SPSS software statistical
package (version 27).
[Todas as análises foram realizadas com o pacote estatístico IBM SPSS].
5.6. Resultados (Results) – A secção dos resultados visa apresentar e descrever os prin-
cipais resultados obtidos com o estudo, normalmente acompanhados por tabelas e gráficos com
dados numéricos. Na Tabela 3, demonstram-se algumas das expressões mais comuns que se
podem encontrar na escrita científica em inglês relativamente a esta secção.
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Tabela 3. Expressões em inglês passíveis de serem utilizadas na secção dos “resultados” de um artigo
Exemplos de expressões comuns
Results - As observed in Table X, …
[Como se pode observar/verificar na Tabela X, …]
- As observed in Figure X,
[Como pode ser observado/verificado na Figura X, …]
- Data show that
[Os dados mostram que …]
- Concerning / regarding / As to…
[No que respeita a …]
- Regarding the correlation analyses,
[Quanto às análises de correlação, …]
- X is correlated with Y
[X está relacionado com Y …]
- To a certain degree /extent, the findings
[Em certa medida, os resultados ...]
- As shown in Figure X,
[Como se mostra na Figura X, …]
- As illustrated in Table X, …
[Como ilustrado na Tabela X, …]
- Table X depicts,
[A Tabela X retrata / ilustra …]
- Men exhibited lower levels of self-reported depression than women
[Os homens exibiram níveis mais baixos de depressão autorreportada
do que as mulheres …]
- Greater than …
[Maior que …]
- Higher than… [Mais elevado que …]
- Increases [aumenta …]*
- Decreases [diminui …]*
* Este verbo é frequentemente mal utilizado. Vejamos em que medida
difere o verbo “increase” de outros com signicado semelhante:
to increaseà aumentar, tornar maior em número, grau ou tamanho
(e.g., the prevalence of the disorder has increased in the last years)
to enhanceà adicionar valor a alguma coisa que já é boa (e.g.,
Serious games enhanced the learning curve of the children)
to improveà melhorar, mudar de nível, de qualidade (e.g., Cognitive
training improved patient´s condition)
- Above the cut-off point … [acima do ponto de corte …]
- Below the cut-off point [abaixo do ponto de corte …]
- In evaluating the total sample … [Ao avaliar a amostra total…]
- It was found that [Foi descoberto / encontrado…]
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5.7. Discussão (Discussion) – Na parte da discussão pretende-se que os autores relacio-
nem os dados que obtiveram com os dados que foram analisados na revisão da literatura e que
estarão na sua maioria indicados na introdução do artigo. Por norma, esta secção contempla as
limitações do estudo bem como sugestões para investigações futuras. Na Tabela 4, demonstram-se
algumas das expressões mais comuns que se podem encontrar na escrita científica em inglês
relativamente a esta secção.
Tabela 4. Expressões em inglês passíveis de serem utilizadas na secção da discussão de um artigo
Exemplos de expressões comuns
Discussion - The key objectives of this study were
[Os objetivos centrais deste estudo foram …]
- In general, it is observed that
[No geral, observa-se que …]
- Overall, the results suggest
[No geral, os resultados sugerem …]
- The results are in accordance / are congruent with
[Os resultados estão de acordo / são congruentes / estão em conformidade com …]
- The values of _______ were identical to the ones found in the study by …
[Os valores de __________ foram semelhantes àqueles encontrados no estudo de …]
- It is worth mentioning that …
[Vale a pena mencionar / é importante referir que …]
- As previously mentioned
[Como anteriormente / previamente mencionado / referido …]
- It should be noted that …
[Deve ser notado / destacado / realçado que …]
- These results provide insight into the issue of X
[Estes resultados fornecem informação acerca do assunto X
- These findings shed light / cast light on the issue of X
[Estes resultados dão algum esclarecimento acerca do assunto X
- The results underscore the fact that
[Os resultados sublinham o facto de …]
- It is particularly interesting that …
[É particularmente interessante que …]
- Limitations - Despite the promising findings, some limitations should be highlighted. For
example, …
[Apesar de os resultados serem promissores, devemos realçar algumas limitações
importantes. Por exemplo, …]
- Future studies - It is important that future research
[Será importante que estudos futuros …]
- Further research should
[Investigações futuras deverão …]
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- Conclusion - Overall, … [No geral, …]
- In general, … [Em geral, …]
- In sum, … [Em suma, …]
- In conclusion, … [Em conclusão, …]
- Concluding, [Concluindo, …]
5.8. Referências (References) – Na área da psicologia e da educação, a norma é utilizar-se
o sistema APA (American Psychological Association [APA], 2020). No entanto, existem outros
sistemas que poderão ser exigidos aos autores (e.g., Vancouver e Harvard). É importante que o
investigador esteja consciente dos vários formatos e seja coerente ao longo do seu documento
com o estilo pretendido. Programas de gestão de referências bibliográficas como os já mencio-
nados no tópico #8 do ponto 4 do presente trabalho poderão constituir uma ajuda importante.
5.9. Agradecimentos (Acknowledgements) – Este é o bloco de texto no qual os autores
expressam o seu agradecimento a pessoas ou instituições pelo apoio ao trabalho realizado.
Exemplos de frases que podem ser redigidas nesta secção são: “The authors are grateful to Dr.
X for his useful comments”; “The authors would like to thank to all the students and teachers
who made possible the data collection / for their co-operation”.
5.10. Declaração de interesses (Disclosure of interests) – Esta é uma secção obrigatória
que, normalmente, tem um texto predefinido consoante a política editorial das revistas.
5.11. Anexo/Anexos (Appendix / Appendices) – Embora não obrigatória, esta secção encon-
tra-se no próprio documento do artigo, geralmente após as referências. Na área da psicologia e
da educação, por exemplo, pode ser útil para apresentar um questionário ou a sua tradução (no
caso da validação de uma escala para outro país).
5.12. Material suplementar (Supplementary material) – Todo o material que seja relevante
para o leitor do artigo, mas que devido à sua extensão não seja passível de ser integrado no
corpo principal do artigo, pode ser colocado num documento à parte que os leitores interessados
poderão descarregar num formato pdf ou docx, por exemplo. Na área da educação é comum
apresentar transcrições de entrevistas.
6. “Erros” frequentes na escrita científica em inglês
Existe uma variedade de erros comuns na escrita científica em inglês (ainda que muitos
deles sejam transversais à escrita científica em geral) que poderão ser resolvidos de maneira
simples, a partir do momento em que os autores estejam conscientes dos mesmos (Miller,
2014; Rosnow & Rosnow, 2012). Ainda que não possamos ser exaustivos, apresentamos al-
gumas expressões e erros mais frequentes, assim como possíveis estratégias para lidar com
os mesmos (cf. Tabela 5).
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Tabela 5. “Erros” mais frequentes e propostas de resolução
“Erros” frequentes Como solucionar?
- Linguagem informal Exemplo:kidsàchildren
wrong / rightàincorrect / correct
enoughàsufficient
wholeàentire
- Uso excessivo e/
ou omissão de “the
e “that
Um hábito difícil de ultrapassar para o investigador português que escreve em
inglês é usar demasiados “the” e “that” que, na maior parte das vezes, são
omitidos na escrita em inglês (Marlow, 2014). É importante estar consciente deste
problema e solicitar apoio de alguém com conhecimentos técnicos em inglês. De
referir que um outro problema se prende com a omissão destas palavras quando,
de facto, são necessárias.
- Uso de contrações Na escrita académica, os autores não deverão recorrer ao uso de contrações
(que é habitual em linguagem mais informal)
Exemplo:don´tàdo not
isn´tàis not
shouldn´tàshould not
- Uso de “phrasal
verbs
Na escrita académica, os autores deverão evitar ou minimizar o uso de “phrasal
verbs” (que é habitual em linguagem mais informal).
Exemplo:go upàincrease
asked foràrequested
find outàdetermine
looks intoàinvestigate
- Repetição
excessiva de
palavras
É importante que os investigadores utilizem sinónimos das expressões a que mais
recorrem em inglês de maneira a imprimir riqueza à sua escrita.
Algumas sugestões muito utilizadas:
- pertaining to … / concerning / regarding / as far as ___ is concerned …
(todas estas palavras significam “no que concerne ou no que diz respeito a…”)
- moreover… / besides… / furthermore… / further… / in addition to(todas estas
palavras significam “para além disso”)
- in spite of… / despite… / notwithstanding… / (todas estas palavras significam
“apesar de”)
- therefore… / thus / hence / consequently (todas estas palavras
significam “portanto ou em consequência de…”)
- article / paper / manuscript / work*… / (todas estas palavras signicam “artigo” ou
o trabalho que estamos a apresentar ou, eventualmente, a citar, de outros autores)
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* “work” é uma palavra que, geralmente, os autores nativos não utilizam para se
referirem a “artigo”; no entanto, se a expressão usada for “in the work reported
here” em vez de “in this work”, ganha o sentido de trabalho apresentado dentro
do artigo científico.
- authors / researchers / investigators / (todas estas palavras significam autores
ou investigadores)
Tabela 5. “Erros” mais frequentes e propostas de resolução (cont.)
“Erros” frequentes Como solucionar?
- Voz ativa vs. Voz
passiva
Por norma, a utilização da voz passiva na construção frásica em inglês é
considerada “weak English” (Marlow, 2014). Exemplo disso é o facto de o
nosso processador de texto sugerir correções quando deteta voz passiva nos
textos. Na verdade, a utilização da voz passiva, pela sua simplicidade, tem
sido adotada na escrita científica, muito em particular quando se descreve a
metodologia de um artigo científico (Hesson, 2015).
Exemplo:
Português: «Calculámos médias e desvios-padrão para os dois grupos».
“Voz ativa”: «The researchers calculated means and standard deviations for both
groups».
“Voz passiva”: «Means and standard deviations were calculated for both groups».
- Uso conjunto do
British English” e do
American English
Uma das gralhas mais frequentes encontradas em manuscritos em inglês
prende-se com a utilização simultânea do inglês britânico e do inglês americano.
Por exemplo, se estamos a escrever utilizando o “British English”, deveremos
escrever “behaviour” e não “behavior”. Do mesmo modo, a disciplina Matemática,
de acordo com o “British English” deverá escrever-se “maths”, e não “math
como no “American English” ou ainda a palavra “amongst” e “among” que são
utilizadas no inglês britânico e americano, respetivamente. Outro exemplo
bastante recorrente é o dos verbos terminados em “-ise” vs. “-ize”. Outro exemplo
é “acknowledgement” e “acknowledgment”. A ideia fundamental será seguir uma
linha coerente dentro do mesmo texto. A maior parte das revistas pede que se
utilize ou um ou outro, embora existam revistas que privilegiem uma variante em
detrimento da outra.
- Começar uma frase
com dígitos
Exemplo:
Incorreto: «279 participants took part in the current study».
Correto: «Two hundred and seventy-nine participants took part in the current
study».
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- Exagero dos
resultados através
de palavras
(“overstatement”)
Evitar o uso de palavras como “never”, “always”,
“completely”, “fully”, “only”, “everyone”, “absolutely”, “definitely”, “clearly”,
“undoubtedly”, “certainly” e “surely” (Hesson, 2015).
Tabela 5. “Erros” mais frequentes e propostas de resolução (cont.)
“Erros” frequentes Como solucionar?
- Tradução literal de
expressões da língua
portuguesa para o
inglês
Este é, talvez, o maior desafio com que o autor se depara: a tendência para
traduzir literalmente para o inglês expressões do português.
Exemplos (retirados de Hesson, 2015):
Incorreto: «These findings are in concordance to other studies».
Correto: «These findings are consistent with other studies».
Incorreto: «With base in these findings, ».
Correto: «Based on these findings, …».
Nesta linha, chama-se particular atenção para alguns erros ortográficos que
poderão ser frequentes como no caso de “especificamente”:
Especifically”[incorreto] àSpecifically” [correto]
- Complexificação da
linguagem
Note-se que a linguagem cientíca que deve nortear um artigo cientíco deverá
ser clara, objetiva e direta. Assim, o investigador deverá ser o mais simples
possível nas palavras e expressões a usar. Vejamos alguns exemplos de
simplicação de linguagem, ou aquilo que é conhecido como escrever em Plain
English” (i.e., substituir expressões complexas por expressões mais simples):
«in order to …» à «to»
«for the reason that » à «because»
«at the present moment » à «now»
«the majority » à «most»
Outros Exemplos (retirados de Hesson, 2015):
«Considering the fact that » à «because»
«with the aim of evaluating » à «to evaluate»
«It is frequently the case that …» à «often»
«For this reason …» à «consequently»
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- Utilização inadequada
de palavras
ortograficamente
semelhantes
O investigador deverá estar atento para não confundir significados e/ou
grafias de palavras que se escrevem de forma muito semelhante. Vejamos um
exemplo frequente:
throughà através, por intermédio
thoroughà cuidadoso, completo
thoughà contudo, não obstante
- Pronomes possessivos
em inglês ou o
“problema” de onde
colocar o apóstrofo
Este é um tópico muito permeável a erros pelo que deixamos aqui um exemplo
simples:
- O apóstrofo deve ser colocado antes do “s” se disser respeito a um único
objeto, pessoa, proprietário:
Exemplo: The patient´s score à 1 resultado de 1 pessoa
[O resultado do doente]
The patient´s scores à vários resultados de 1 pessoa
[Os resultados do doente]
- O apóstrofo deve ser colocado depois do “s” se disser respeito a mais do
que um objeto, pessoa, proprietário:
Exemplo: The patients´ score à 1 resultado de várias pessoas
[O resultado dos doentes]
The patients´ scores à vários resultados de várias pessoas
[Os resultados dos doentes]
Quando usar os
pronomes relativos
who”, “which” e “that”?
Quando escrevemos em inglês, independentemente do género de texto
produzido, existem palavras que inevitavelmente teremos de usar frequentemente.
Os pronomes relativos mencionados, podem ser traduzidos por “que” em
português em múltiplos contextos. Vejamos alguns exemplos.
O pronome relativo “who” deve ser usado quando nos referimos a pessoas:
Exemplo:
The questionnaire was filled out by all individuals who scored greater than 5
points in the PSQI”.
[O questionário foi preenchido por todos os indivíduos que pontuaram acima
de 5 pontos no PSQI].
Charles Morin was the author who developed the ISI”.
[Charles Morin foi o autor que desenvolveu a ISI].
Já o pronome relativo “which” deve ser usado sempre que nos referimos a
objetos ou conceitos:
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Exemplo:
All the scales which included missing data were discarded from the protocol”.
[Todas as escalas que incluíam dados omissos foram retiradas do protocolo].
Nos exemplos acima, os pronomes relativos estão a ser usados em frases
em que toda a informação é necessária (aquilo que em Inglês se denomina
por “Defining relative clauses”, e nestes casos, ambos os pronomes relativos
(“who” e “which”) podem ser substituídos pelo pronome relativo “that”, que não
altera o significado, nem a gramaticalidade das frases.
Exemplo:
All the scales that included missing data were discarded from the protocol”.
[Todas as escalas que incluíam dados omissos foram retiradas do protocolo].
Todos os exemplos apresentados até aqui constituem exemplos das
mencionadas “Defining relative clauses”, em que toda a informação é
necessária; veja-se, por exemplo, a última frase, em que se retirássemos o
texto que se encontra a sublinhado da frase, daríamos a entender que todas
as escalas foram retiradas do protocolo, e não apenas as que incluíam dados
omissos.
Todavia, se pretendemos acrescentar informação extra, sendo que esta
informação não é absolutamente necessária para a compreensão da
mensagem, então poderemos recorrer a uma “Non-defining relative clause”,
uma frase que estruturalmente se diferencia das até agora apresentadas, por
incluir a informação introduzida pelo pronome relativo entre vírgulas.
Exemplo:
Some of the scales, which included missing data, were discarded from the
protocol”.
[Todas as escalas, que incluíam dados omissos, foram retiradas do protocolo]
– sendo que neste caso, todas as escalas foram retiradas, porque todas
continham dados omissos, e portanto essa informação não é relevante para a
compreensão da mensagem, apenas informativa.
Nas “Non-defining relative clauses”, os pronomes relativos “who” e “which” não
podem nunca ser substituídos pelo pronome relativo “that”.
Assim sendo, poderá ser mais útil aos autores mais inexperientes na
formulação deste tipo de estruturas centrarem-se apenas no uso dos
pronomes relativos “who” e “which”, numa fase inicial, uma vez que estes
pronomes relativos podem ser usados corretamente quer nas “Defining
Relative Clauses” quer nas “Non-defining relative clauses”, evitando assim
potenciais erros.
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Para saber mais sobre este tipo de estruturas aconselha-se o estudo da
informação apresentada no sítio do British Council, por ser uma fonte segura
e com informação analisada por especialistas e docentes da Língua Inglesa:
- sítio Web para as “Defining”: https://learnenglish.britishcouncil.org/grammar/
intermediate-to-upper-intermediate/relative-clauses-defining-relative-clauses;
- sítio Web para as “Non-defining”: https://learnenglish.britishcouncil.org/
grammar/intermediate-to-upper-intermediate/relative-clauses-non-defining-
relative-clauses].
Importa referir que algumas das questões apontadas não se referem a erros propriamente ditos,
mas mais à escrita de um “weak English” comparativamente a um “strong English” (Marlow, 2014).
7. Faz sentido escrever sempre em inglês?
Temos vindo a argumentar ao longo deste trabalho que a escrita em inglês representa uma
mais-valia para o investigador e para a comunidade científica (Hesson, 2015). No entanto, existirão
casos em que o artigo poderá (e até deverá) ser escrito na língua nativa do investigador (e.g.,
português). Este ponto assenta essencialmente em duas razões: (1) existem investigações que
retratam aspetos específicos da população portuguesa e que não faz tanto sentido que sejam
publicados internacionalmente e (2) existe a possibilidade de divulgação de textos e pósteres em
congressos e livros de atas que poderão servir para recolher feedback e melhorar os trabalhos que,
posteriormente, poderão servir de publicação mais desenvolvida (full-text) a ser escrita em inglês.
8. Recursos úteis para o investigador
Nesta secção elencamos alguns recursos úteis que poderão auxiliar o investigador que
escreve regularmente em inglês.
- “Writefull” ™ – É uma aplicação cuja base de dados se apoia na correção da escrita
científica em inglês. Para além desta funcionalidade, possibilita ao utilizador ouvir o texto
escrito, traduzir os seus textos para inglês, pesquisar sinónimos, entre outras ferramentas
de apoio para a construção e correção de um texto escrito em inglês (Castro et al., 2020).
- Grammarly™ – Uma extensão que pode ser associada ao Gmail, Outlook, Google Docs
e redes sociais, corrigindo a escrita a nível de gramática e ortografia.
- PoolText™ – Esta é uma plataforma recente desenvolvida por investigadores da Univer-
sidade de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT) que permite aos
autores receber convites dos editores das revistas após a sua submissão neste sistema.
De referir que esta é uma plataforma de acesso livre sem quaisquer custos para o inves-
tigador (https://www.pooltext.com).
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- Journal of English for Academic Purposes – Esta revista publica vários tipos de docu-
mentos (e.g., artigos, relatórios de conferências, resenhas de livros...) sobre a descri-
ção linguística, sociolinguística e psicolinguística do inglês. Destacam-se os tópicos da
formação de professores e metodologias de ensino.
- Sítio de apoio à escrita em inglês da SpringerNature para auxiliar os autores: https://
www.springernature.com/gp/authors/campaigns/writing-in-english
- Manuais úteis para a escrita científica em inglês – Os livros de Beins e Beins (2012) e de
Sternberg e Sternberg (2010) são duas referências importantes para quem quer escre-
ver na área da psicologia e educação. Por outro lado, existem manuais específicos que
ajudam os investigadores a escrever textos científicos em inglês independentemente da
área científica. Neste âmbito destacamos os livros de Hesson (2015), Howe e Henriksson
(2007), Skern (2009) e Wallwork (2016).
Conclusões
Este trabalho fornece dicas e orientações úteis para facilitar a redação de artigos em língua
inglesa. Nesse sentido, foi pensado para os estudantes de mestrado e doutoramento (por norma,
jovens investigadores) que têm de realizar as suas dissertações e teses. Logicamente, o facto de
um artigo científico ser redigido em inglês não garante a qualidade do mesmo. Da mesma que
existem bons e maus artigos escritos em português, existem, de igual modo, artigos bem e mal
escritos em inglês (Marlow, 2014). Esperamos que este trabalho possa ser de utilidade principal-
mente para os investigadores em início de carreira, incentivando-os para as potencialidades de
escrever artigos científicos em inglês. Dadas as exigências descritas e a pressão sentida para
a publicação em revistas internacionais com fator de impacto, é imprescindível investir na com-
petência escrita (em inglês) dos jovens investigadores. Estes suportes podem-se configurar em
formato de disciplinas opcionais ou até serem incluídos em seminários, por forma a incentivar os
investigadores a iniciarem a sua carreira de publicação em revistas internacionais, divulgando as
suas investigações com o objetivo de atingir um publico mais amplo (Rezaeian, 2015).
O desafio de escrever bem em inglês em publicações científicas é muito bem ilustrado nas
palavras de Marlow (2014): “Can you identify a single colleague who has not had a manuscript
returned with the comment ‘‘needs to be reviewed by a native English speaker’’?” (p. 153). Com
este artigo pretende-se diminuir a probabilidade de o leitor receber comentários deste tipo.
Agradecimentos
Os autores gostariam de agradecer aos revisores anónimos pelas valiosas sugestões e comen-
tários ao presente artigo. Patrícia Christine Silva é bolseira de doutoramento pela FCT - Fundação
para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do projeto SFRH/BD/143370/2019.
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Article
Full-text available
Neuromyths are misconceptions about brain research and its application to education and learning. Previous research has shown that these myths may be quite pervasive among educators, but less is known about how these rates compare to the general public or to individuals who have more exposure to neuroscience. This study is the first to use a large sample from the United States to compare the prevalence and predictors of neuromyths among educators, the general public, and individuals with high neuroscience exposure. Neuromyth survey responses and demographics were gathered via an online survey hosted at TestMyBrain.org. We compared performance among the three groups of interest: educators (N = 598), high neuroscience exposure (N = 234), and the general public (N = 3,045) and analyzed predictors of individual differences in neuromyths performance. In an exploratory factor analysis, we found that a core group of 7 “classic” neuromyths factored together (items related to learning styles, dyslexia, the Mozart effect, the impact of sugar on attention, right-brain/left-brain learners, and using 10% of the brain). The general public endorsed the greatest number of neuromyths (M = 68%), with significantly fewer endorsed by educators (M = 56%), and still fewer endorsed by the high neuroscience exposure group (M = 46%). The two most commonly endorsed neuromyths across all groups were related to learning styles and dyslexia. More accurate performance on neuromyths was predicted by age (being younger), education (having a graduate degree), exposure to neuroscience courses, and exposure to peer-reviewed science. These findings suggest that training in education and neuroscience can help reduce but does not eliminate belief in neuromyths. We discuss the possible underlying roots of the most prevalent neuromyths and implications for classroom practice. These empirical results can be useful for developing comprehensive training modules for educators that target general misconceptions about the brain and learning.
Article
Full-text available
This paper joins the Native vs. Non-native writer dichotomy discussion of whether native speakers of English enjoy advantage in the academic writing context from the linguistic perspective by analyzing conjunctive realizations of four groups of writers: English L1 and L2 graduate students; English L1 and L2 scholars in applied linguistics. Fifteen essays from each group are compared on their explicit conjunctions and Logical Grammatical Metaphors (LGMs). Both graduate student groups employ explicit conjunctions more than the two scholar groups. For LGMs, not only do both graduate student groups differ from the two scholar groups, they also differ significantly from each other. In contrast, the two scholar groups show similar usage in explicit conjunctions and LGMs. Qualitative differences of conjunctive usage and lexical varieties are also found among the four groups. The study points out that writer experience overweighs their native-speaker status in academic writing. The findings question the native-speaker linguistic advantage to a certain extent and indicate complexity of this issue. As language for academic purposes is strikingly different from spoken language and cognitively more demanding, academic language needs to be learned and developed out of disciplinary studies with targeted instruction for all novice writers, regardless of their native or non-native speaker status.
Article
This paper reports on a study that looked at Portuguese public universities setting out to identify and discuss institutional stakeholders’ social representations concerning the use of languages in scientific research and the development of institutional language policies within this area of higher education activity. In order to do so, institutional stakeholders responsible for research activities at six Portuguese public universities completed a questionnaire and participated in in-depth interviews. The findings indicate there are common tendencies regarding the identified social representations that point, mainly, to a tension between, on one hand, the existence of reported practices that centre on “English-mainly” research language policies, reflecting the current monolingual scenario of global science and, on the other hand, the need for a more plurilingual science and the privileging of Portuguese as a science language.
Article
The several challenges posed to Higher Education Institutions by globalisation and internationalisation have been highlighting language issues within scientific research that are related to the naturalisation of English-only policies. Over the last years, this naturalisation has been questioned by some researchers in the area of social sciences, arts and humanities who have discussed the constraints of monolingualism versus the potential of multilingualism in knowledge production, dissemination and circulation. This special issue aims at contributing to a growing debate on language policy and planning within research, by addressing language management, ideologies and practices in diverse key dimensions of scientific research (knowledge construction and dissemination, research assessment, multilingual collaborative research and doctoral education), and bringing together contributors from diversified academic contexts (Brazil, France, Germany, Portugal and Switzerland).
Article
In the scholarly environment, research findings are disseminated as journal papers which support/dispute extant knowledge or add further to what is already known. The entire manuscript needs to be cited (in-text) and referenced (at the end of article), in order for readers to ascertain the validity of the research claim/s. This must be done in proper and accepted fashion as plagiarism is a serious misdeed and inappropriate referencing mars a paper. Recent advancements in technology have led to the development of bibliographic management software tools. These tools are available as both commercial and open source software, and constitute a database wherein researchers search, store and cite references. Furthermore, authors can not only create personalized databases but also cite stored articles when compiling a manuscript or report or indeed any other form of document. This software obviates human manual inputting errors and inaccurate referencing, while conveniently enabling citation and referencing in any referencing style required, for example, after rejection, when an author must almost perforce resubmit a prepared but rejected paper to a different journal after suitable amendments.
Book
Success in science depends nowadays on effective communication in English. This workbook is specifically designed to give under- and post-graduates confidence in writing scientific English. Examples and exercises show how to avoid common errors and how to rephrase and improve scientific texts. The generation of a model manuscript enables the reader to recognise how scientific English is constructed and how to follow the conventions of scientific writing. Guidelines for structuring written work and vocabulary lists will encourage young scientists to develop a concise and mature style. The workbook is accessible to students of many fields, including those of the natural and technical sciences, medicine, psychology and economics.