Introdução: Os animais de companhia são, hoje, uma presença frequente na vida dos portugueses. Segundo os dados mais recentes, 2 milhões de lares albergam um total de 6,7 milhões de animais, sobretudo cães e gatos. Ademais, também a ligação a estes animais tem sofrido uma transformação, passando de prestadores de serviços (guarda, caça, etc.) a membros da família e, em alguns casos, como um
... [Show full abstract] filho. Esta cada vez maior ligação emocional aos animais tem reclamado dos médicos veterinários a aplicação de competências de comunicação para as quais nunca foram treinados. Aliás, ainda hoje não existe, nos planos de estudos de medicina veterinária, uma unidade curricular que aborde directamente este tema. Objectivo: Este estudo pretendeu, assim, avaliar a percepção dos estudantes de medicina veterinária em fim de ciclo quanto às suas competências de comunicação clínica em cinco dimensões: (1) comunicação de más notícias, (2) comunicação de erro médico, (3) lidar com as reacções emocionais dos clientes, (4) negociar decisões de eutanásia com os seus clientes e (5) responder às necessidades de um cliente em luto pela perda do seu animal de companhia. Metodologia: Aplicou-se um questionário estruturado, com recurso a uma escala de Likert, aos estudantes dos 5.º e 6.º anos de todas as escolas nacionais de medicina veterinária. Resultados/Conclusões: De um modo geral, os estudantes de medicina veterinária que responderam ao questionário (n=136) sentem-se relativamente ou pouco preparados nas cinco dimensões, embora apresentem pontuações mais baixas nas dimensões (2) e (5), com uma média de 1,79 e 2,16, respectivamente. Por outro lado, quando questionados sobre a importância do treino de competências comunicacionais ao nível do ensino pré-graduado, 47,0% concorda que o tema devesse ser abordado no âmbito das unidades curriculares da área clínica, enquanto que 39,8% considera que devesse constituir uma unidade curricular autónoma e obrigatória.