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Entoação das perguntas no espanhol da Argentina, Chile e México: estudo comparativo

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Proponemos el análisis y comparación de la entonación de preguntas a partir de 15 conversaciones telefónicas espontáneas y coloquiales, grabadas en 1995 (corpus Fischer) entre hablantes de Argentina, Chile y México. Se analizan a partir de la metodología SP_ToBI, cuatro tipos de contornos entonativos: preguntas informativas, preguntas confirmativas, preguntas con foco informativo y preguntas con cortesía. Los resultados confirman tres acentos nucleares contrastivos para las preguntas totales informativas: tónicas altas para las variedades de Buenos Aires y Santiago de Chile y tónica baja para Ciudad de México. Las preguntas confirmativas se caracterizan por tonemas convergentes en las tres variedades dialectales, menos en la mexicana. Las preguntas con foco informativo se caracterizan por el acento circunflejo en la última sílaba tónica y se confunden en las tres variedades con el tonema de las preguntas sin foco del portugués de Brasil. La pregunta cortés se caracteriza por el tono medio y alargamiento final. Palabras clave: entonación del español, variación dialectal, foco informativo, lingüística comparativa.
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Entoação das perguntas no espanhol da Argentina, Chile e
México: estudo comparativo
Letícia Rebollo Couto16
Carolina Gomes da Silva17
Diana Pereira Guimarães18
Resumo: Este trabalho propõe a análise entonacional e comparativa do contorno melódico de
perguntas produzidas em 15 conversas telefônicas espontâneas e coloquiais, todas do corpus
Fischer, gravadas em 1995 entre falantes da Argentina, do Chile e do México. O trabalho
analisa, a partir da metodologia SP_ToBI, quatro tipos de contornos melódicos interrogativos:
perguntas informativas, perguntas confirmativas, perguntas com foco informativo e perguntas
com cortesia. Os resultados de fala espontânea confirmam três acentos nucleares contrastivos
para as perguntas informativas: tônicas altas para as variedades de Buenos Aires e Santiago de
Chile e tônica baixa para Ciudad de México. As confirmativas se caracterizam por acentos
nucleares convergentes nas três variedades com contornos descendentes, menos no mexicano.
As perguntas totais com foco informacional caracterizam-se pelo acento circunflexo na última
sílaba tônica e se confundem assim com as perguntas totais sem foco do português do Brasil. A
pergunta com cortesia se caracteriza pelo tom médio e alongamento final.
Palavras-chave: entoação do espanhol, variação dialetal, foco informacional, linguística
comparativa.
Resumen: Proponemos el análisis y comparación de la entonación de preguntas a partir de 15
conversaciones telefónicas espontáneas y coloquiales, grabadas en 1995 (corpus Fischer) entre
hablantes de Argentina, Chile y México. Se analizan a partir de la metodología SP_ToBI, cuatro
tipos de contornos entonativos: preguntas informativas, preguntas confirmativas, preguntas con
foco informativo y preguntas con cortesía. Los resultados confirman tres acentos nucleares
contrastivos para las preguntas totales informativas: tónicas altas para las variedades de Buenos
Aires y Santiago de Chile y tónica baja para Ciudad de México. Las preguntas confirmativas se
caracterizan por tonemas convergentes en las tres variedades dialectales, menos en la mexicana.
Las preguntas con foco informativo se caracterizan por el acento circunflejo en la última sílaba
tónica y se confunden en las tres variedades con el tonema de las preguntas sin foco del
portugués de Brasil. La pregunta cortés se caracteriza por el tono medio y alargamiento final.
Palabras clave: entonación del español, variación dialectal, foco informativo, lingüística
comparativa.
Introdução
18 Mestre em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos em Espanhol) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). E-mail: dipereiragui@gmail.com.
17 Doutora em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos em Língua Espanhola) pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). E-mail: carolinagsufpb@gmail.com.
16 Doutora em Ciências da Linguagem pela Universidade de Estrasburgo. Professora da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ). E-mail: leticiarebollocouto@letras.ufrj.br.
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A descrição prosódica da entoação e sua variação dialetal é um campo da
fonética que já conhece alguns resultados comparativos bem interessantes para o
espanhol. O objetivo deste trabalho é descrever alguns desses resultados com dados de
fala espontânea, a fim de dar a conhecer quais os elementos entonacionais que
diferenciam claramente os falantes de espanhol de acordo com sua origem geográfica.
Segundo SOSA (1999), a entoação das perguntas totais, aquelas que são
respondidas com “sim” ou “não”, corresponde aos tipos de enunciados mais marcados
pela prosódia dialetal, sobretudo considerando o movimento melódico do final do
enunciado (o tonema, em espanhol, ou o acento nuclear, em português). O acento
nuclear, ou seja, as variações da curva entonacional a partir da última sílaba tônica do
enunciado são contrastivas para os tipos de frase: declarativos (quando se dá uma
informação), interrogativos (quando se pede uma informação) ou imperativos (quando
se pede que alguém faça alguma coisa).
Depois da tese de SOSA (1999), muito trabalhos se dedicaram a descrever a
variação da entoação do espanhol a partir da Fonologia Métrica Autossegmental. Em
sua maioria, estes trabalhos descritivos estão baseados em corpus de fala atuada,
realizados em contextos experimentais de gravação. Nós tivemos acesso ao corpus
Fischer de conversas telefônicas e, a partir desses dados de fala espontânea, realizamos
uma série de trabalhos de pesquisa (GOMES DA SILVA, 2014; GUIMARÃES, 2018)
no intuito de confirmar com este tipo de fala não experimental os resultados já obtidos
com dados de fala elicitada, ou seja, provocada a partir de situações pragmáticas de
interação, para fins experimentais. Vamos analisar, a seguir, dados de conversas
telefônicas da Argentina, do Chile e do México e observar, comparando essas três
variedades, como a curva melódica nestas perguntas se distingue claramente segundo a
origem geográfica do falante de espanhol no acento nuclear.
Na primeira parte, apresentamos os resultados das pesquisas publicadas por
PRIETO e ROSEANO (2010), no âmbito do Atlas Interactivo de la Entonación del
Español , para a descrição da entoação de perguntas totais do espanhol argentino,
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chileno e mexicano. Na segunda parte, apresentamos a descrição metodológica da nossa
19 http://prosodia.upf.edu/atlasentonacion/. (23/04/2021).
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pesquisa. Na terceira parte, discutimos os resultados encontrados, para cada uma das
três variedades, em perguntas informativas. Na quarta parte, discutimos os resultados
encontrados para cada variedade em perguntas com foco informacional; na quinta e
última parte, ainda que não seja o objetivo central deste artigo, parece-nos interessante
discutir os resultados comparando-os com pesquisas similares feitas para o português do
Brasil, uma vez que os leitores da revista, em sua maioria, são docentes e discentes de
espanhol neste país. O trabalho se encerra com uma síntese conclusiva.
A entoação de enunciados interrogativos em estudos prévios
Os estudos sobre a entoação do espanhol que apresentamos a seguir estão
baseados no sistema de análise Sp_ToBI (Spanish Tones and Break Indices), um tipo de
etiquetagem prosódica para a descrição entonacional das variedades da língua
espanhola. O Sp_ToBI (ESTEBAS VILAPLANA; PRIETO, 2008) propõe sete tipos de
acentos nucleares, dois monotonais: H* e L* e cinco bitonais: H+L*, L*+H, L+H*,
L+¡H* e L+>H*. Neste caso o * marca a sílaba tônica. O sistema de notação Sp_ToBI
propõe também sete tons de fronteira de frases entonacionais que se atribuem à fronteira
final de um enunciado marcada com o sinal de %, os tons de fronteira são: dois
monotonais, L% e M%; quatro bitonais, HH%, HL%, LH% e LM% e um tritonal,
LHL%. Esta complexidade ao final do enunciado e na sua fronteira delimitadora
assinalam a complexidade deste acento nuclear e sua centralidade na interpretação
melódica do enunciado (modalidade de frase, função informativa, função delimitadora,
função conversacional, função expressiva, função identitária da entoação). Tudo se
no alongamento final dos enunciados e nas modulações que estes comportam.
Vejamos os resultados dessas pesquisas no que diz respeito à descrição da
entoação das variedades de Buenos Aires, Santiago de Chile e Ciudad de México para
as perguntas totais.
Para a variedade argentina do espanhol, GABRIEL et al (2010), em seu trabalho
junto ao projeto Atlas Lingüístico de la Entonación del Español (PRIETO; ROSEANO,
2010), descrevem enunciados interrogativos totais em diferentes contextos e com
diferentes atitudes. Os autores propõem um contorno final ascendente-descendente para
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os enunciados interrogativos totais “neutros”, ou seja, sem marcas de expressividade,
que funcionam como pedidos de informação; são as chamadas perguntas informativas
(seeking questions).
Na figura 1, observamos que o acento inicial, da primeira sílaba tônica do
enunciado (acento pré-nuclear), apresenta um movimento ascendente (L+H*). Já ao
final do enunciado, o acento nuclear apresenta um contorno ascendente-descendente.
Figura 1 – Oscilograma, espectrograma e curva melódica do enunciado interrogativo
total neutro (information seeking), “¿Tiene mandarinas?”, de Buenos Aires
(GABRIEL et al 2010: 296). Acento e contorno nuclear: L+¡H*HL%
Fonte: GABRIEL et al 2010: 296.
Verificamos que a sílaba pré-tônica do acento nuclear: “mandarinas” tem um
tom baixo (L), seguido de uma sílaba tônica com escalonamento ascendente (¡H*) em
“mandarinas”, que continua alta na sílaba pós-tônica final “mandarinas” onde começa o
movimento de descida até a fronteira (HL%). GABRIEL et al (2010) propõem a
notação nuclear: L+¡H*HL% para as interrogativas totais de Buenos Aires neutras, do
tipo seeking question. FIGUEIREDO (2011) também com corpus de fala atuada,
representada a partir de contextos pragmáticos de interação, descreve o mesmo contorno
circunflexo na configuração nuclear, L+H*HL%.
Para a variedade chilena do espanhol, ORTIZ et al (2010), também em seu
trabalho junto ao projeto Atlas Lingüístico de la Entonación del Español (PRIETO;
ROSEANO 2010), descrevem enunciados interrogativos totais produzidos em
diferentes contextos e com diferentes atitudes. Os autores propõem um contorno final
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ascendente para os enunciados interrogativos totais “neutros”, ou seja, sem marcas de
expressividade, que funcionam como pedidos de informação.
Na figura 2, observamos que o acento inicial, da primeira sílaba tônica do
enunciado (acento pré-nuclear), apresenta um movimento ascendente (L+H*). E, ao
final do enunciado, o acento nuclear também apresenta um contorno ascendente.
Figura 2 – Oscilograma, espectrograma e curva melódica do enunciado interrogativo
total neutro (information seeking), “¿Ya llegó María?”, de Santiago de Chile (ORTIZ
et al 2010: 264). Acento e contorno nuclear: L+H*HH%.
Fonte: ORTIZ et al 2010: 264
Verificamos que a sílaba pré-tônica do acento nuclear “María” tem um tom
baixo (L), seguido de uma sílaba tônica com escalonamento ascendente (H*) em
“Maa” que continua alta na sílaba pós-tônica final “María” até a fronteira (HH%).
Ortiz et al (2010) propõem a notação nuclear: L+H*HH% para as interrogativas totais
de Santiago de Chile neutras, do tipo seeking question.
Para a variedade mexicana do espanhol, DE-LA-MOTA et al (2010), em seu
trabalho junto ao projeto “Atlas Lingüístico de la Entonación del Español” (PRIETO;
ROSEANO 2010), também descrevem enunciados interrogativos totais produzidos em
diferentes contextos e com diferentes atitudes. Os autores propõem um contorno final
ascendente na fronteira para os enunciados interrogativos totais “neutros”, ou seja, sem
marcas de expressividade, que funcionam como pedidos de informação.
Na figura 3, observamos que o acento inicial, da primeira sílaba tônica do
enunciado (acento pré-nuclear), apresenta um movimento ascendente (L+H*). Já ao
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final do enunciado, o acento nuclear apresenta um contorno ascendente na fronteira do
enunciado.
Verificamos que a sílaba pré-tônica do acento nuclear “mermelada” tem um tom
baixo (L), seguido de uma sílaba tônica também baixa (L*) em “mermelada” que
continua baixa na sílaba pós-tônica final “mermelada”, onde começa o movimento de
subida até a fronteira (LH%). DE-LA-MOTA et al (2010) propõem a notação nuclear:
L*LH% para as interrogativas totais da Ciudad de México neutras, do tipo seeking
question.
Figura 3 – Oscilograma, espectrograma e curva melódica do enunciado interrogativo
total neutro (information seeking), “¿Tiene mermelada”, da Ciudad de México
(DE-LA-MOTA et al 2010: 330). Acento e contorno nuclear: L*LH%
Fonte: DE-LA-MOTA et al 2010: 330.
As revisões propostas para as três variedades nacionais estão baseadas em dados
experimentais e elicitados, que procuram descrever a relação entre a entoação e a
função pragmática ou discursiva do enunciado na interação. Além da descrição acústica
e da proposta de notação fonológica para as perguntas totais neutras ou informativas
(que pedem uma informação nova), também há descrição para as perguntas totais
confirmativas (que pedem a confirmação de uma informação nova).
Para Buenos Aires, GABRIEL et al (2010) propõem para as perguntas
confirmativas o mesmo padrão das perguntas informativas com núcleo
ascendente-descendente: L+H*HL% a partir do enunciado “la una me dijiste?”
(GABRIEL et al 2010: 299). Para Santiago de Chile, ORTIZ et al (2010) propõem para
as perguntas confirmativas um padrão diferente do das perguntas informativas com
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núcleo descendente: H+L*L% a partir do enunciado “verdad que vas a venir?” (ORTIZ
et al 2010: 269). E para a variedade da Ciudad de México, DE-LA-MOTA et al (2010)
também propõem para as perguntas confirmativas um padrão diferente do das perguntas
informativas com núcleo baixo e uma fronteira ascendente: L*H% a partir do enunciado
“entonces sí vienes a cenar?” (DE-LA-MOTA et al 2010: 334).
Considerando este conjunto de estudos prévios, as variações de frequência
fundamental (F0) medidas em semitons ou Herz, desde um ponto de vista fonético, bem
como os acentos nucleares e os tons de fronteira, desde um ponto de vista fonológico,
nosso objetivo neste trabalho é descrever os enunciados interrogativos totais a partir de
conversas e fala espontânea. Nesse sentido, nos perguntamos se os dados de fala obtidos
em conversas telefônicas, coloquiais e espontâneas, produzidas por falantes das
variedades do espanhol argentino (Buenos Aires), chileno (Santiago de Chile) e
mexicano (Ciudad de México) convergem com os contornos produzidos em situações
de fala experimental ou elicitada (vide descrições de GABRIEL et al 2010; ORTIZ et al
2010; DE-LA-MOTA et al 2010).
Corpus e metodologia
Nas pesquisas em prosódia, podemos optar pela elaboração de um corpus a
partir de três modos diferentes de produção do discurso: leitura em voz alta, fala atuada
e fala espontânea (BLANCHE-BENVENISTE 1998), considerando os objetivos e as
hipóteses do estudo. A leitura é entendida como uma oralização de um texto escrito
planejado previamente. A fala atuada (ou representada ou elicitada), por sua vez, é um
estilo que consiste na repetição de um texto escrito já elaborado anteriormente. Mas,
diferentemente da leitura, a atuação pressupõe uma interpretação a partir de contextos
definidos previamente (MORAES; RILLIARD 2018). Ou seja, o informante atua a
partir de determinados contextos de interação. Esse estilo de coleta de dados favorece o
controle do contexto de ocorrência dos dados através do planejamento das relações
entre o falante e os interlocutores, os objetivos do ato de fala, além de evitar baixa
qualidade do sinal acústico, já que é possível controlar também os recursos da gravação.
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Finalmente, a fala espontânea se caracteriza pela oralização de um texto
simultaneamente ao momento da sua elaboração ou produção. Os enunciados orais
resultantes da fala espontânea podem ser enunciados pertencentes a gêneros mais
experimentais, como entrevistas sociolinguísticas e maptask ou a gêneros
não-experimentais, declarações em entrevistas em reportagens para a mídia, por
exemplo, ou conversas coloquiais.
Para este estudo, optamos por analisar um corpus por amostras conversacionais
que se caracterizam por apresentar um discurso oral, dialogal, imediato, cooperativo e
sem alternância de turnos pré-determinada (BRIZ 2002). Trata-se de conversas
coloquiais, no sentido de que se estabelecem entre interlocutores que têm uma relação
de proximidade, igualdade e experiências compartilhadas (família, amigos). Os estudos
descritos na seção anterior trabalharam com fala atuada, ou seja, são comportamentos
reativos a estímulos identificáveis. Não é o caso deste trabalho, baseado em dados
conversacionais de fala espontânea.
Ocorpus analisado nesta pesquisa foi coletado a partir da metodologia do
projeto Fischer. Tal projeto foi desenvolvido nos Estados Unidos, durante o ano de
1995, e consistiu em oferecer aos estudantes hispanos a oportunidade de falar, por
ligação de longa distância, com seus familiares e/ou amigos nos respectivos países de
origem. A ligação de 15 minutos era gratuita, com a condição de que se autorizasse sua
gravação e ser utilizada a posteriori para fins experimentais.
Das 79 gravações do corpus Fischer, selecionamos 15 para compor a amostra do
nosso estudo: duas da variedade de Buenos Aires; duas da variedade de Santiago de
Chile e onze da variedade da Ciudad de México. É importante mencionar que não há
informações claras sobre os locutores, nomes, cidade ou região de origem, idade ou
nível de escolaridade, já que o corpus Fischer não as fornece. Entretanto, tais dados
podem ser deduzidos a partir das conversas gravadas, quando os próprios interlocutores
citam algo sobre si mesmos durante as interações.
A partir dessas 15 conversas, detectamos e analisamos um total de 139
enunciados interrogativos totais produzidos por um total de 28 locutores, como ilustra a
figura 4. Os dados não foram selecionados, de modo que todos os enunciados
interrogativos totais que apareceram na conversa (sem ruído) foram analisados.
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Figura 4 – Total dos dados analisados nesta pesquisa
Fonte: Fonte: elaboração própria.
A partir desses 139 dados de conversas coloquiais, pretendemos: (i) comparar o
acento e a configuração nuclear de enunciados interrogativos totais de Buenos Aires,
Santiago de Chile e Ciudad de México; (ii) comprovar se os dados conversacionais e
espontâneos confirmam os resultados já descritos em contexto de leitura ou fala
elicitada (SOSA 1999; GABRIEL et al 2010; ORTIZ et al 2010; DE-LA-MOTA et al
2010; FIGUEIREDO 2011) e (iii) verificar se a curva melódica dos enunciados
interrogativos analisados contrasta ou não de acordo com a origem dialetal dos falantes.
As gravações de conversas coloquiais analisadas contemplam dados produzidos
por falantes de espanhol de três variedades: Buenos Aires, Santiago de Chile e Ciudad
de México, e os resultados apresentados aqui são uma síntese comparativa de dois
trabalhos de pesquisa anteriores: GOMES DA SILVA (2014) e GUIMARÃES (2018).
As curvas melódicas dos 139 enunciados foram analisadas no programa
computacional de análise acústico, PRAAT (BOERSMA; WEENINK 1993-2019). Para
a análise fonética consideramos os movimentos de frequência fundamental (F0) no
acento nuclear dos enunciados interrogativos e a configuração nuclear desse enunciado
(acento nuclear + tom de fronteira). Para a análise fonológica, nos baseamos na versão
do Sp_ToBI, Spanish Tones and Break Indices (ESTEBAS VILAPLANA; PRIETO
2008), modelo no qual a letra H (high) representa um tom alto, a letra M, um tom médio
e a letra L (low), um tom baixo.
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Além disso, desde uma perspectiva pragmática e discursiva, isto é, a partir da
função que a pergunta ocupa na conversa, consideramos as categorias propostas por
PRIETO e ROSEANO (2010), a saber: (i) pergunta informativa; (ii) pergunta
confirmativa; (iii) pergunta imperativa; (iv) pergunta reiterativa e (v) pergunta
reiterativa antiexpectativa. Dessas cinco categorias, só encontramos duas nas interações
dos dados de fala espontânea em conversas telefônicas do corpus Fischer: pergunta
informativa e pergunta confirmativa. Entretanto, encontramos outros dois tipos de
perguntas: perguntas com foco informacional e a pergunta com cortesia ou polidez, não
previstas nas descrições com fala elicitada.
Para essa classificação pragmática, observamos o contexto de produção da
pergunta na conversa, a fim de distinguir a função que ocupa no discurso. Assim, do
ponto de vista pragmático chegamos à descrição de quatro categorias de perguntas que
aparecem nas conversas telefônicas coloquiais do corpus Fischer, conforme se descreve
no quadro 1: pergunta informativa (seeking question), pergunta confirmativa
(confirmation seeking question), pergunta com foco informacional e pergunta com
cortesia ou polidez.
Essa distribuição e classificação pode nos dar pistas sobre o funcionamento
conversacional e a função das perguntas nas interações conversacionais coloquiais e
espontâneas. uma diferença notável no comportamento das perguntas considerando
as duas conversas de Buenos Aires e Santiago de Chile frente às onze conversas da
Ciudad de México. Nas conversas do México predominam as perguntas confirmativas
enquanto nas perguntas de Buenos Aires e Santiago predominam as perguntas
informativas.
Quadro 1 – Categorias pragmáticas das perguntas em conversas telefônicas
Classificação Pragmática e/ou
Estrutura Informativa
Buenos
Aires
Santiago de
Chile
Ciudad de
México
Total
Pergunta Informativa
29
33
10
72
Pergunta Confirmativa
7
5
44
56
Pergunta com Foco informacional
2
1
7
10
Pergunta com Cortesia
1
-
-
1
Total
39
39
61
139
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Fonte: Fonte: elaboração própria.
As perguntas confirmativas apresentaram nas três variedades acentos tonais
baixos, com final ascendente para a Ciudad de México ou descendente no caso de
Buenos Aires e Santiago de Chile, o que converge com o contorno nuclear das
declarativas, ou seja, são perguntas realizadas com um contorno nuclear de declarativas
(quando se uma informação e não se pede). Assim como COUPER-KUHLEN
(2012), acreditamos que a variação na configuração nuclear dos enunciados
interrogativos pode estar relacionada ao grau de certeza epistêmica estabelecida pelo
contexto, ou seja, ao grau de certeza do locutor sobre a verdade do conteúdo
proposicional de seu enunciado.
Nas conversas telefônicas coloquiais que compõem o corpus deste artigo,
observamos dois tipos de certeza epistêmica que se distinguem pelo movimento da
curva de F0 no núcleo do enunciado. No caso das perguntas com pedido de informação
(seeking questions) o grau de segurança é não marcado, já no caso das perguntas
confirmativas (confirmation seeking questions), o locutor expressa através de uma curva
baixa no final do enunciado maior assertividade, maior segurança sobre a verdade do
conteúdo proposicional de seu enunciado e pede não uma informação nova, mas a
confirmação do que foi asseverado, com sim ou não.
Quadro 2 – Contornos nucleares das perguntas confirmativas em conversas telefônicas
Classificação Pragmática e/ou
Estrutura Informativa
Buenos
Aires
Santiago de
Chile
Ciudad de
México
Total
Pergunta Confirmativa
L*L%
(n=7)
H+L*L%
(n=5)
L*H%
(n=44)
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Fonte: dos autores
Nas perguntas confirmativas a sílaba tônica do acento nuclear é baixa (L*), ao
contrário do que encontramos nas perguntas informativas. Nesse sentido, nossos
resultados com dados de fala conversacional e espontânea diferem dos encontrados para
Buenos Aires por GABRIEL et al (2010), que propuseram para as perguntas
confirmativas o contorno melódico: L+H*HL%. Para Santiago de Chile, nossos
resultados corroboram os de ORTIZ et al (2010), que propõem para as perguntas
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confirmativas um padrão descendente: H+L*L%. E para a variedade da Ciudad de
México, nossos resultados corroboram os de DE-LA-MOTA et al (2010), que propõem
para as perguntas confirmativas com núcleo baixo e uma fronteira ascendente: L*H%.
Só encontramos um caso de pergunta com cortesia, é o caso da pergunta de
interesse no início da interação pela saúde ou bem-estar de um membro da família.
Trata-se de uma topicalização conversacional frequente em rituais de abertura
conversacional, que advém do trabalho inicial de face (cortesia) para iniciar a interação.
Nessa única pergunta com cortesia do corpus, o fator contrastivo é o alongamento do
tom médio final de fronteira (M%).
Quadro 3 – Contornos nucleares das perguntas com cortesia em conversas telefônicas
Classificação Pragmática e/ou
Estrutura Informativa
Buenos
Aires
Santiago de
Chile
Cidade de
México
Total
Pergunta com Cortesia
L+H*M%
(n=1)
-
-
1
Fonte: Fonte: elaboração própria.
Este único caso de pergunta com cortesia, numa conversa de Buenos Aires, foi
produzido no diálogo anteriormente como uma pergunta informativa, bem no começo
da conversa (1), em meio a rituais de abertura conversacional tais como saudações e
perguntas de interesse pela vida e família do interlocutor:
(1) [B pregunta por el hermano de A]
B: ¿y con tu hermanito?
A: ¿ehn?
B: ¿con tu hermanito?
A: ah mi (her)manito re bien
Neste momento inicial da interação conversacional os falantes provavelmente se
adaptam ao canal e ao tempo de transmissão e recepção da voz por satélite, por tais
razões foi necessário repetir a pergunta, pois a partícula discursiva ou o marcador
conversacional “¿ehn?” assinala que o falante A no entendeu a pergunta.
A pergunta com cortesia se diferencia do pedido de informação pela forma da
curva melódica e pela duração, sendo a cortesia marcada por um alongamento da sílaba
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final de fronteira do enunciado como se vê em parte na figura 5. A parte final se
distingue pela interrupção da curva ao final (que corresponde ao silêncio da plosiva [t]),
seguido de uma curva baixa-alta-baixa para a pergunta informativa (em rosa) e de um
platô médio para a pergunta com cortesia (em azul).
A curva melódica da pergunta com cortesia apresenta uma sílaba tônica alta H*
(em subida na parte azul), seguida de um platô médio final M% (alongado na parte
azul).
Figura 5 – Superposição das curvas melódicas dos enunciados “¿con tu hermanito?”,
de Buenos Aires (GOMES DA SILVA 2014). Em azul, a pergunta com cortesia e em
rosa, a pergunta informativa
Fonte: GOMES DA SILVA 2014
Na repetição cortês do mesmo enunciado há um alongamento de +35% da sílaba
pós-tônica de “tu hermanito” (que tem uma duração de 275ms na primeira pergunta
informativa e de 421ms na pergunta com cortesia). De acordo com
ESTEBAS-VILAPLANA e PRIETO (2008: 277), esse tom de fronteira mediano é
encontrado quando há marcas de cortesia ou em contornos de dúvida (ou seja, com
menos certeza epistêmica do ponto de vista pragmático sobre o valor de verdade
proposicional).
Neste caso, trata-se de uma pergunta de interesse, ou seja, perguntar pela família
ao início de uma interação é parte de um ritual social, mais ou menos esperado e
realizado com elementos discursivos mais formulaicos ou com clichês melódicos. O
momento do início da interação é um momento que pede maior trabalho de face
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(cortesia) de acordo com as diferentes culturas, embora seja menos comprometedor para
a face que o fechamento da interação, as despedidas.
O desenvolvimento de nosso trabalho está centrado na análise comparativa das
perguntas informativas e das perguntas com foco informacional porque acreditamos que
sejam, como veremos a seguir, um elemento que pode causar confusão pragmática com
relação à curva entonacional da questão total em português do Brasil.
As perguntas informativas (seeking questions)
A noção da dimensão “informativa” se relaciona à perspectiva discursiva da
informação “nova” (CARNAVAL 2017: 27-28 e CARNAVAL 2021: 6-21). Sendo
assim, as perguntas informativas dizem respeito aos enunciados interrogativos totais que
funcionam pragmaticamente como pedidos de informação, o seja, o locutor pede uma
informação nova sobre o tópico conversacional já dado do qual estão falando.
Para as análises das duas conversas da variedade de Buenos Aires, verificamos
que 29 dos 39 enunciados analisados funcionam como perguntas informativas como no
diálogo (2). Nesses casos, a curva melódica desse tipo de pergunta é
ascendente-descendente.
(2) [A y B conversan sobre la metodología de la grabación]
A: entonces te dan sesenta segundos y después te preguntan si están de acuerdo
en grabar la conversación y qué sé yo
B: sí escuché hablan en español
A: ah sí sí sí
B: risas
A: sí
B: che y contame ¿con tus amigos todo bien?
Nesse exemplo do diálogo (2), observamos, em negrito, uma pregunta que busca
uma informação sobre o tópico inicial da conversa o ritual de perguntar como estão
todos, ou seja, funciona como um pedido de informação. Verificamos que a sílaba
pré-tônica é baixa (L), a sílaba tônica apresenta um movimento ascendente (H*) que
continua até a sílaba pos-tônica antes de começar o movimento descendente, com
configuração nuclear L+¡H*HL%, como ilustra a figura 6.
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68
Figura 6 – Curva melódica do enunciado interrogativo total neutro ou pergunta
informativa (information seeking), “¿Con tus amigos todo bien?”, de Buenos Aires
(GOMES DA SILVA 2014). Acento e contorno nuclear: L+¡H*HL%
Fonte: GOMES DA SILVA 2014
Esta configuração ascendente-descendente corrobora os estudos de GABRIEL et
al (2010) e FIGUEIREDO (2011), para os enunciados interrogativos totais neutros que
funcionam pragmaticamente como pedidos de informação, ou perguntas informativas
que se respondem com sim ou não (yes-no seeking questions).
Para as análises das duas conversas da variedade de Santiago de Chile,
verificamos que 33 dos 39 enunciados analisados funcionam como perguntas
informativas como no diálogo (3). Nesses casos, a curva melódica desse tipo de
pergunta é ascendente.
(3) [A y B conversan sobre las llamadas telefónicas]
A: igualmente Graciela mira aprovechando esta oportunidad antes las llamé
pero no estaban
B: ¿ahn?
A: y entonces me dijeron que como a las dos y media iban a llegar pero a esa
hora no podía llamar así que
B: ¿quién te contestó? ¿la empleada?
A: yo creo
Nesse exemplo do diálogo (3), observamos, em negrito, uma pregunta que busca
uma informação sobre o tópico da conversa, a tentativa de contato com uma ligação
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infrutífera anterior, ou seja, funciona como um pedido de informação. Verificamos que a
sílaba pré-tônica é baixa (L), a sílaba tônica apresenta um movimento ascendente (H*)
que continua até a sílaba pós-tônica, com configuração nuclear L+H*HH%, como
ilustra a figura 7.
Figura 7 – Curva melódica do enunciado interrogativo total neutro ou pergunta
informativa (information seeking), “¿La empleada?”, de Santiago de Chile (GOMES
DA SILVA 2014). Acento e contorno nuclear: L+H*HH%
Fonte: GOMES DA SILVA 2014
Esta configuração ascendente corrobora os estudos de ORTIZ et al (2010), para
os enunciados interrogativos totais neutros que funcionam pragmaticamente como
pedidos de informação, ou perguntas informativas que se respondem com sim ou não
(yes-no seeking questions).
Para as análises das onze conversas da variedade da Ciudad de México,
verificamos que apenas 10 dos 61 enunciados analisados funcionam como perguntas
informativas como no diálogo (4). Nesses casos, a curva melódica desse tipo de
pergunta é ascendente.
(4) [A y B conversan sobre A regresar a México en junio]
B: Y si te van a dejar venir si te va a dejar el asesor ¿venirte en junio?
A: pues yo creo que sí
B: ¿No le ha dicho?
A: No sé si en Junio pero pues a ver cuándo
abehache - nº 18 - 2º semestre 2020
70
Nesse exemplo do diálogo (4), observamos, em negrito, uma pregunta que busca
uma informação sobre o tópico da conversa, a viagem de A em junho, ou seja, funciona
como um pedido de informação. Verificamos que a sílaba pré-tônica é baixa (L), a
sílaba tônica também é baixa (L*), sendo que o movimento ascendente começa na
sílaba pós-tônica, com configuração nuclear L*HH%, como ilustra a figura 8.
Figura 8 – Oscilograma, espectrograma e curva melódica do enunciado interrogativo
total neutro ou pergunta informativa (information seeking), “¿Venirte en junio?”, de
Ciudad de México (GUIMARÃES 2018). Acento e contorno nuclear: L*HH%
Fonte: GUIMARÃES, 2018
Esta configuração ascendente corrobora os estudos de DE-LA MOTA et al
(2010), para os enunciados interrogativos totais neutros que funcionam
pragmaticamente como pedidos de informação, ou perguntas informativas que se
respondem com sim ou não (yes-no seeking questions).
Podemos, portanto, afirmar que os acentos e contornos nucleares das perguntas
informativas produzidos em conversas telefônicas coloquiais e espontâneas confirmam
os resultados descritos por estudos anteriores (GABRIEL et al 2010; ORTIZ et al 2010;
DE-LA-MOTA et al 2010), como se vê no quadro 4, exceto para os contornos
confirmativos de Buenos Aires. Nossos resultados também confirmam a asseveração
principal da tese de SOSA (1999), de acordo com a qual a configuração nuclear das
perguntas totais é a marca principal de diferenciação dialetal em espanhol do ponto de
vista da entoação. Ou seja, o final do enunciado de uma pergunta total (pedido de
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71
informação que se responde com sim ou não) é o ponto nevrálgico onde se vê (no
traçado acústico) e onde se ouve nitidamente (percepção) o contraste de entoações
dialetais do espanhol. A pergunta informativa total é a que se responde com sim ou não
e é pelo evento tonal em torno da última sílaba tônica desse tipo de perguntas que
distinguimos de onde é o pássaro ou a que grupo pertence, se pensarmos numa analogia
entre o canto dos pássaros e o canto dos “sotaques” de uma língua.
Quadro 4 – Contornos nucleares das perguntas informativas em conversas telefônicas
Classificação Pragmática e/ou
Estrutura Informativa
Santiago de
Chile
Total
Pergunta Informativa
L+H*HH%
(n=33)
72
Fonte: Fonte: elaboração própria.
As perguntas interrogativas de Buenos Aires e de Santiago de Chile convergem
na marcação de uma tônica alta (H*), mas divergem nos segmentos seguintes pelo
subida-descida de Buenos Aires, que se opõe à subida contínua sem descida de
Santiago. O acento nuclear da Ciudad de México é o único que tem uma tônica baixa
(L*) que continua baixa na pós-tônica e sobe apenas tardiamente ao final da pós-tônica
tendo uma curva ascendente como a de Santiago de Chile, mas que começa muito
depois, caracterizando-se pela tônica baixa. Tais resultados confirmam SOSA (1999) no
que diz respeito às marcas de identidade dialetal e pertencimento que podem ser
inferidas a partir do contorno entonacional das perguntas totais do tipo seeking
questions, ou seja, perguntas informativas.
As perguntas com foco informacional
Os enunciados interrogativos classificados como “foco informacional”
correspondem a perguntas que suscitam uma possibilidade de um foco entre um grupo,
que funciona como uma unidade (LADD 1996: 163). Trata-se de um foco estreito de
constituinte em que apenas uma parte do enunciado é apresentada como informação
nova (LADD 2008). O foco informacional pode recair sobre um constituinte lexical,
uma sílaba, um grupo entonacional ou parte dele (CARNAVAL 2017: 28).
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Para FROTA (2000) o foco informacional introduz informação nova,
expressando identificação, no caso com relação ao tópico conversacional, como
acontece no diálogo (5), na amostra da variedade de Buenos Aires, em que o falante B
quer confirmar se o falante A virá para as festas de fim de ano.
(5) [A y B conversan sobre el viaje de A]
A: sí mirá tengo pasaje reservado para el dieciséis pero lo tengo que pagar
todavía
B: ¿de qué?
A: de diciembre
B: ah falta todavía
A: sí sí
B: ¿venís para las fiestas?
A: para las fiestas exacto me quedaré hasta el dos o el tres
O tópico conversacional é a viagem de dezembro, mas o falante B introduz uma
informação nova identificadora para esse tópico, as festas de fim de ano com o
sintagma: ¿las fiestas? Esse elemento está focalizado o que se traduz por uma curva
circunflexa no contorno nuclear do enunciado como se vê na figura 9.
Figura 9 – Curva melódica do enunciado interrogativo total com foco informacional,
“¿Venís para las fiestas?”, de Buenos Aires (GOMES DA SILVA 2014). Acento e
contorno nuclear: L+H*L%
Fonte: GOMES DA SILVA, 2014
A curva melódica do enunciado interrogativo total com foco informacional da
variedade de Buenos Aires se caracteriza por uma sílaba pré-tônica baixa “las fiestas”,
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seguida da sílaba tônica com movimento ascendente-descendente “las fiestas”. Por essa
razão, o contorno recebe a configuração nuclear L+H*L%, como ilustra a figura 9.
Esse contorno se repete na marcação do foco informacional de Santiago de
Chile. O foco informacional introduz informação nova, expressando identificação, no
caso com relação ao tópico conversacional, como acontece no diálogo (6), na amostra
da variedade de Santiago de Chile em que o falante B quer identificar qual a mensagem
que o falante A diz que recebeu.
(6) [A y B conversan sobre mensajes y correos]
A: eh recibí tu mensaje ayer ¿te dieron (( ))?
B: sí
A: ¿ahn?
B: ¿cómo?
A: que recibí tu mensaje ayer
B: ya ¿los mails?
A: sí
O tópico conversacional são as mensagens enviadas e recebidas, mas o falante B
introduz uma informação nova identificadora para esse tópico, o tipo de mensagem,
com o sintagma: ¿los mails? Esse elemento está focalizado o que se traduz por uma
curva circunflexa no contorno nuclear do enunciado como se vê na figura 10.
Figura 10 – Curva melódica do enunciado interrogativo total com foco informacional,
“¿los mails?”, de Santiago de Chile (GOMES DA SILVA 2014). Acento e contorno
nuclear: L+H*L%
Fonte: GOMES DA SILVA, 2014
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A curva melódica do enunciado interrogativo total com foco informacional da
variedade de Santiago de Chile se caracteriza por uma sílaba pré-tônica baixa “los
mails”, seguida da sílaba tônica com movimento ascendente-descendente “los mails”.
Por essa razão, o contorno recebe a configuração nuclear L+H*L%, como ilustra a
figura 10.
Esse contorno se repete também na marcação do foco informacional de Ciudad
de México. Como vimos anteriormente, o foco informacional introduz informação
nova, expressando identificação, no caso com relação ao tópico conversacional, como
acontece no diálogo (7), na amostra da variedade de Ciudad de México, em que o
falante B quer identificar elementos novos na conversa da mansão que o falante A está
descrevendo.
(7) [A y B conversan sobre ir a pasear con la familia]
A: eston- entonces nos invitaban ahí a bañarnos nos invitaron como dos o tres
veces y no hombre felices ahí en la alberca.
B: Oye y luego luego ¿tiene ese bosque tan grande?
A: Ah sí nos fuimos al bosque
O tópico conversacional é o lugar onde foram convidados com piscina
(“alberca”), mas o falante B introduz uma informação nova identificadora para esse
tópico, a presença de árvores e de um grande bosque no lugar: ¿ese bosque tan grande?
Esse elemento está focalizado o que se traduz por uma curva circunflexa no contorno
nuclear do enunciado como se vê na figura 11.
Figura 11 Oscilograma, espectrograma e curva melódica do enunciado interrogativo
total com foco informacional, “¿Tiene ese bosque tan grande?”, da Ciudad de México
(GUIMARÃES 2018). Acento e configuração nuclear: L+H*L%
Fonte: GUIMARÃES, 2018.
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A curva melódica do enunciado interrogativo total com foco informacional da
variedade de Ciudad de México se caracteriza por uma sílaba pré-tônica baixa tan
grande”, seguida da sílaba tônica com movimento ascendente-descendente “tan
grande”. Por essa razão, o contorno recebe a configuração nuclear L+H*L%, como
ilustra a figura 11. Também encontramos duas vezes uma variante desta implementação,
com um ascenso da silaba tônica que continua na pós-tônica quando começa o
descenso, notamos essa variante como L+H*HL%.
Como podemos observar no quadro 5, a marcação de foco informacional é muito
regular em espanhol nas três variedades estudadas e se implementa com um acento
nuclear circunflexo que contrasta com o acento das perguntas informativas “neutras” de
cada variedade (descritas no quadro 4, anteriormente).
Quadro 5 – Contornos nucleares das perguntas com foco informacional em conversas
telefônicas
Classificação Pragmática e/ou
Estrutura Informativa
Buenos Aires
Santiago de
Chile
Ciudad de
México
Total
Pergunta com Foco informacional
L+H*L%
(n=2)
L+H*L%
(n=1)
L+H*L%
(n=5)
10
L+H*HL%
(n=2)
Fonte: Fonte: elaboração própria.
Como veremos a seguir essa configuração circunflexa na sílaba tônica no
português do Brasil corresponde ao contorno da pergunta informativa, o que pode
causar algum tipo de mal entendido pragmático relacionado a processos de focalização
em situação de contato linguístico português-espanhol.
Enunciados interrogativos: discussão dos resultados comparados à
entoação do português do Brasil
Os acentos nucleares do português do Brasil foram descritos por MORAES
(2008), a partir da variedade carioca. O acento nuclear proposto por MORAES (2008)
para as interrogativas totais é: L+H*L%, como se vê na figura 12.
abehache - nº 18 - 2º semestre 2020
76
Figura 12 – Curva melódica do enunciado interrogativo total neutro (information
seeking), “Renata jogava?”, do Rio de Janeiro (MORAES 2008: 393). Acento e
configuração nuclear: L+H*L%
Fonte: MORAES, 2008: 393.
A partir do enunciado interrogativo utilizado como exemplo “Renata jogava?”,
MORAES (2008) propôs um acento nuclear que foi confirmado em todas as regiões do
país com algumas diferenças de implementação através de projetos de atlas da entoação
tais como ALIB e AMPER (REBOLLO-COUTO; GOMES DA SILVA; MIRANDA
2017). Ora, este acento nuclear em espanhol já foi longamente descrito como sendo um
acento de foco em todas as variedades até agora descritas, o que foi confirmado por este
trabalho (cf. seção anterior).
Acrescentamos esta comparação ao nosso trabalho apenas para recordar que no
âmbito do ensino de espanhol como LE ou L2 é interessante perceber que o padrão da
interrogativa total neutra em português do Brasil equivale a um padrão que, do ponto de
vista da estrutura informacional, corresponde a uma pergunta com foco informacional,
ou seja, com foco na informação nova que está sendo pedida, discursiva e
prosodicamente (CARNAVAL 2021: 12).
Conclusões
Em síntese, verificamos que os dados de enunciados interrogativos totais
demonstram que em espanhol a variação do contorno melódico, particularmente o
acento nuclear e a configuração nuclear (ou seja, o final do enunciado, considerando a
abehache - nº 18 - 2º semestre 2020
77
última sílaba tônica e seu entorno) carrega marcas de identidade dialetal e da função
pragmática que esses enunciados têm no discurso, uma vez que, para cada variedade
analisada bem como para cada categoria pragmática, descrevemos diferentes padrões
nucleares para os enunciados interrogativos (cf. quadro 6).
A distribuição e classificação dos enunciados interrogativos e seus respectivos
contornos melódicos podem dar-nos pistas sobre o funcionamento conversacional e a
função das perguntas em interações conversacionais. Assim como COUPER-KUHLEN
(2012), acreditamos que a variação nas configurações nucleares de enunciados
interrogativos se relaciona ao grau de certeza epistêmica, isto é, em relação ao tópico da
conversa estabelecida pelo contexto, enunciado discursiva e prosodicamente de forma
mais asseverativa (baixo ou descendente) ou menos asseverativa (alto ou ascendente).
No quadro 6, sintetizamos as categorias pragmáticas e as configurações
encontradas para cada variedade analisada. Os resultados da análise evidenciam pistas
sobre o funcionamento conversacional e as funções das perguntas nessas interações.
Nos 139 dados analisados constatamos que 92% dos contornos confirmam a descrição e
a categorização proposta para os dados de leitura ou de fala elicitada, semi-dirigida
(GABRIEL et al 2010; ORTIZ et al 2010 e DE-LA-MOTA et al 2010), ou seja, 92%
dos dados funcionam como pedidos de perguntas informativas ou confirmativas.
Quadro 6 – Categorias pragmáticas das perguntas nas conversas telefônicas e suas
respectivas configurações melódicas
Classificação Pragmática e/o
Estrutura Informativa
Buenos Aires
Santiago de
Chile
Ciudad de
México
Total
Pergunta Informativa
L+¡H*HL%
(n=29)
L+H*HH%
(n=33)
L*LH%
(n=10)
72
Pergunta Confirmativa
L*L%
(n=7)
H+L*L%
(n=5)
L*H%
(n=44)
56
Pergunta com Foco informacional
L+H*L%
(n=2)
L+H*L%
(n=1)
L+H*L%
(n=5)
10
L+H*HL%
(n=2)
Pergunta com Cortesia
L+H*M%
(n=1)
-
-
1
Total
39
39
61
139
Fonte: elaboração própria.
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A entoação das perguntas informativas diferencia claramente os falantes de
espanhol de acordo com sua origem geográfica. O alongamento final dos enunciados
interrogativos, já bastante descrito como mais importante que o de enunciados
declarativos (FACE 2008; 2011), demonstra a complexidade melódica que carrega esta
parte do enunciado, tanto para marcar modalidades de enunciado, estrutura informativa,
informação pragmática ou informação social identitária, como para indexação da
origem geográfica.
Confirmamos dois graus de certeza epistêmica para os enunciados
interrogativos, um com atitude proposicional neutra, no caso das perguntas
informativas, e outro com atitude proposicional confirmativa, no caso das perguntas
confirmativas, sendo que os dois contornos são contrastivos nas três variedades
estudadas, caracterizando o interrogativo neutro por uma subida do contorno e o
interrogativo confirmativo por tons baixos e em descida.
Além desses dois enunciados que diferem quanto ao grau de certeza epistêmica,
encontramos perguntas com foco informacional, com a configuração L+H*L% comum
a todas as variedades e a configuração L+H*M% para a pergunta com atitude social de
cortesia na variedade de Buenos Aires marcada pelo alongamento da pós-tônica. Esses
dois tipos de enunciados interrogativos, que totalizam 8% do total de 139 dados desta
pesquisa, poderiam ser categorias próprias de um corpus de fala espontânea,
conversacional, uma vez que não foram descritos nos estudos de fala elicitada ou lida.
Deste trabalho podemos inferir que as perguntas em conversas coloquiais
espontâneas se diferenciam tanto por seus padrões melódicos, configurações e acentos
nucleares, quanto pela função pragmática dos enunciados no desenvolvimento
conversacional: pergunta informativa, pergunta confirmativa, pergunta com foco
informacional e pergunta com cortesia.
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This work aims to analyze the correlation between prosodic form and pragmatic function of yes-no questions, extracted from telephone calls by Argentinean speakers (Buenos Aires) and Chilean speakers (Santiago do Chile). Our first goal is to verify what kinf of melodic contours of yes-no questions we can find in colloquial conversations in the Argentinean variety (Buenos Aires) and in the Chilean variety (Santiago) are. We used two acoustic parameters for that: fundamental frequency and duration. And, the second goal is to analyze if there is biunivocal relation between the prosodic form and the pragmatic function. The data were extracted from four colloquial long distance calls from USA to Buenos Aires or Santiago do Chile in which we found 78 examples of yes-no questions: 39 for Argentinean variety, made by 2 male and 2 female informants and 39 for Chilean variety, made by 2 male and 2 female informants too. The phonetic and phonologic results show that yes-no questions present different nuclear configurations: in the Buenos Aires’s variety, the occurrence of total interrogative sentences with circumflex curve in the nucleus is majority. As for the Chilean variety, the ascending curve in the nucleus is the most recurrent. Regarding the pragmatic analysis, we noticed that, for different pragmatic categories, similar nuclear configurations were found. We also noticed that for the same category, different nuclear configurations were found. Such variation of patterns in the nucleus is related to the degrees of epistemic certainty: information request and confirmation request.
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El principal objetivo de este artículo es presentar una nueva propuesta de etiquetaje prosódico del español mediante el modelo métrico-autosegmental de análisis entonativo, Sp_ToBI (Spanish ToBI). Para esta versión de Sp_ToBI nos hemos basado en 1) trabajos tradicionales sobre la entonación del español, 2) una revisión de artículos anteriores sobre el Sp_ToBI y 3) un análisis sistemático de las variedades de español peninsular de Madrid y Sevilla y de la variedad de Ciudad de México. Las unidades fonológicas que constituyen esta versión del Sp_ToBI son las siguientes. El sistema cuenta con dos acentos tonales monotonales (L* y H*) y cuatro acentos tonales bitonales (L*+H, L+H*, L+>H* y H+L*). Los tonos altos H pueden presentar escalonamiento ascendente o descendente. En cuanto a tonos de frontera destacamos tres tonos monotonales (L%, H%, M%), tres tonos bitonales (LH%, HL% y HH%) y un tono tritonal (LHL%). En línea con estudios anteriores descartamos la presencia de tonos de frase. Las novedades de esta propuesta en relación con la primera versión del Sp_ToBI son básicamente tres: 1) la presencia de L* como acento tonal, 2) el triple contraste de acentos tonales ascendentes (L*+H, L+H* y L+>H*) y 3) la existencia de tonos de frontera bitonales y tritonales.
Book
This second edition presents a completely revised overview of research on intonational phonology since the 1970s, including new material on research developments since the mid 1990s. It contains a new section discussing the research on the alignment of pitch features that has developed since the first edition was published, a substantially rewritten section on ToBI transcription that takes account of the application of ToBI principles to other languages, and new sections on the phonetic research on accent and focus. The substantive chapters on the analysis and transcription of pitch contours, pitch range, sentence stress and prosodic structure have been reorganised and updated. In addition, there is an associated website with sound files of the example sentences discussed in the book. This well-known study will continue to appeal to researchers and graduate students who work on any aspect of intonation.
Foco informacional e foco contrastivo no português do Brasil: uma abordagem prosódica
  • M Carnaval
CARNAVAL, M. Foco informacional e foco contrastivo no português do Brasil: uma abordagem prosódica. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Letras/UFRJ, Rio de Janeiro, 2017. https://drive.google.com/file/d/1zRhcu-LSteki3L3oenwcGc9ul_iVu33B/view (08/03/2021).
Focalização no português do Brasil: um estudo multimodal. Tese de Doutorado. Faculdade de Letras/UFRJ
  • M Carnaval
CARNAVAL, M. Focalização no português do Brasil: um estudo multimodal. Tese de Doutorado. Faculdade de Letras/UFRJ, Rio de Janeiro, 2021.