Em suas aceleradas transformações, o mundo contemporâneo se apresenta diante dos nossos olhos como algo disforme no qual o designer procura caminhos de atuação. Em nossa tese procuramos investigar, dentro do campo da arte-design, práticas de resistência à sociedade de controle ¿ tal como teorizada por autores como Foucault, Deleuze e Guattari, Negri ¿ a partir da metáfora do monstro, ou melhor de monstruações entendidas como processos que emanam diretamente da vida social e alcançam uma dimensão estética. No primeiro capítulo apresentamos experiências históricas: da mestiçagem tal como concebida por Freyre à antropofagia proposta por Oswald de Andrade para a cultura moderna, passando pelo fricção entre arte e etnografia empreendida por Bataille; e mais tarde, das derivas dos Situacionistas aos happennings dos Tropicalistas, passando pelos Parangolés de Oiticica. Sempre no mesmo capítulo, apresentamos nossa proposta teórica de uma estética constituinte ¿ estética da multidão ¿ assim como hipóteses de outros designs possíveis. Nesse sentido, pesquisamos no segundo capítulo práticas estéticas de um precariado constituído por movimentos sociais urbanos ¿ Sem Teto, Sem Emprego e Sem Máquinas Expressivas ¿ em luta nas metrópoles. Denominamos Multiformances suas carnavalizações, performances e ocupações, e as analisamos a partir da filosofia da linguagem. Contudo, a efemeridade dessas manifestações nos levou a investigar como manter algum nível de mobilização política e de consistência estética para além do evento. No terceiro capítulo, analisamos práticas expressivas constituídas imediatamente nas redes sociais e tecnológicas da internet. Denominamos Plataformas essas práticas que distribuem, dispõem e maquinam o evento estético-político. Sua monstruosa cooperação desafia as capturas que caracterizam o capitalismo contemporâneo, dito cognitivo. Para além de um design engajado, concluímos sobre um design encarnado. In its accelerated transformation, the contemporary world presents itself as something disform in which designers seek ways of acting. In our thesis we investigate, within the field of art-design, practices of resistance to the society of control ¿ as it was theorized by authors such as Foucault, Deleuze and Guattari, Negri ¿ inspired by the metaphor of the monster, or rather by monstruations understood as processes that emanate from social life and achieve an aesthetic dimension. In the first chapter, we present a few historical experiences: the miscegenation as conceived by Freyre, the friction between art and ethnography undertaken by Bataille and the antropofagia as proposed by Oswald de Andrade for modern culture; and later, derives by the Situationists, parangolés by Hélio Oiticica and happennings by the Tropicalists. In the same chapter, we present our theoretical proposal of a constituent aesthetics ¿ aesthetics of the multitude ¿ as well as hypotheses of other possible designs. Accordingly, in the second chapter, we search for aesthetic practices of a precariate constituted by urban social movements ¿ Homeless, Jobless and Medialess ¿ fighting in the metropolis. We call Multiformances their carnivalizations, performances and squattings, and we analyze them with the philosophy of language. However, the ephemerality of these manifestations led us to investigate how to maintain some level of political mobilization and aesthetic consistency beyond the event. In the third chapter, we analyze expressive practices incorporated immediately in social and tecnological networks of the Internet. We call Platforms these practices that distribute, dispose and machinate aesthetic-political events. The monstrous cooperation of the multitude challenges contemporary capitalism, known as cognitive. Aside from an engaged design, we conclude on an incarnated design.