O presente artigo busca tecer uma reflexão sobre o processo criativo intrínseco à intervenção com garrafas de refrigerante Coca-Cola, na Petite Galerie, apresenta-da no contexto da exposição A Nova Crítica (1970), pelo crítico de arte Frederico Morais. À época, o referido crítico empenhava-se em promover uma renovação na crítica brasileira, com o intuito de atualizar sua função e de torná-la mais apta ao diálogo com a arte contemporânea dos anos 1970. Além disso, o artigo discute de que maneira esse trabalho se configura como desdobramento poético e comen-tário crítico aberto de Inserções em Circuitos Ideológicos: Projeto Coca-Cola, de Cildo Meireles. Frederico Morais, nova crítica, Projeto Coca-Cola Pois há uma regra e uma exceção: a cultura é a regra; e a arte, a exceção. (Jean-Luc Godard, Je Vous Salue Sarajevo) Milhares de garrafas de Coca-Cola foram depositadas sobre o piso da Petite Galerie, no Rio de Janeiro, cobrindo-o por completo. Ao contrário do que se poderia supor num primeiro mo-mento sobre essa intervenção, não se tratava de obra de artista, mas de crítico. Ou melhor, de um crítico que se faz artista, segundo palavras do próprio propositor do trabalho (MORAIS, 1975, p. 50-52). Frederico Morais intitulou de A Nova Crítica a exposição que, em agosto 1970,