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Abstract

O crescimento exponencial das tecnologias e da geração de dados produzem mudanças, impulsionando empresas e pessoas a adaptarem-se para usufruir eficazmente esses dados, buscando novas formas de crescimento e melhorias para qualidade de vida. A inteligência, através do monitoramento do ambiente, alavanca a captação de informações e posterior análise para criação de sentido, contribuindo para a identificação de insights, visando inovação. Nesse contexto de inteligência, Smart Cities e Smart Government têm sido uma constante em todo mundo, e no Brasil já se observa movimentos nessa direção. Diversos estudos têm sido realizados a respeito, contudo ainda é necessário abordá-los em diferentes contextos culturais e econômicos. Diante disso, optou-se por investigar como a Gestão do Conhecimento, a Inteligência e a convergência de ambos, podem contribuir para a inovação na Gestão Pública. Para tal, optou-se por uma pesquisa exploratória qualitativa, com coleta de dados via entrevistas com representantes dos 3 setores do conceito da Tríplice Hélice: Governo, Academia, Indústria. Os resultados apontam que tanto a Gestão do Conhecimento, a Inteligência e a convergência de ambas estão presentes na atuação desses setores, demonstrando que há integração dos setores e da sociedade civil no projeto de Smart City que vem sendo desenvolvido em Pato Branco-PR.
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A contribuição da Gestão do Conhecimento e da Inteligência para a Inovação no Setor
Público
Autoria
Katia Eloisa Bertol - kabertol@gmail.com
Prog de Mestr em Admin e Negócios/Faculdade de Admin, Contab e Economia - PPGAd/FACE/PUCRS - Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Prog de Pós-Grad em Admin/Esc de Admin - PPGA/EA/UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Raquel Janissek-Muniz - rjmuniz@ufrgs.br
Prog de Pós-Grad em Admin/Esc de Admin - PPGA/EA/UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Amanda de Souza Cainelli - amandacainelli@gmail.com
Prog de Pós-Grad em Admin/Esc de Admin - PPGA/EA/UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
CLAUDIA MELATI - cmelati@yahoo.com.br
Prog de Pós-Grad em Admin/Esc de Admin - PPGA/EA/UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Resumo
O crescimento exponencial das tecnologias e da geração de dados produzem mudanças,
impulsionando empresas e pessoas a adaptarem-se para usufruir eficazmente esses dados,
buscando novas formas de crescimento e melhorias para qualidade de vida. A inteligência,
através do monitoramento do ambiente, alavanca a captação de informações e posterior
análise para criação de sentido, contribuindo para a identificação de insights, visando
inovação. Nesse contexto de inteligência, Smart Cities e Smart Government têm sido uma
constante em todo mundo, e no Brasil já se observa movimentos nessa direção. Diversos
estudos têm sido realizados a respeito, contudo ainda é necessário abordá-los em diferentes
contextos culturais e econômicos. Diante disso, optou-se por investigar como a Gestão do
Conhecimento, a Inteligência e a convergência de ambos, podem contribuir para a inovação
na Gestão Pública. Para tal, optou-se por uma pesquisa exploratória qualitativa, com coleta
de dados via entrevistas com representantes dos 3 setores do conceito da Tríplice Hélice:
Governo, Academia, Indústria. Os resultados apontam que tanto a Gestão do Conhecimento,
a Inteligência e a convergência de ambas estão presentes na atuação desses setores,
demonstrando que há integração dos setores e da sociedade civil no projeto de Smart City
que vem sendo desenvolvido em Pato Branco-PR.
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A contribuição da Gestão do Conhecimento e da Inteligência
para a Inovação no Setor Público
RESUMO
O crescimento exponencial das tecnologias e da geração de dados produzem mudanças,
impulsionando empresas e pessoas a adaptarem-se para usufruir eficazmente esses dados,
buscando novas formas de crescimento e melhorias para qualidade de vida. A inteligência,
através do monitoramento do ambiente, alavanca a captação de informações e posterior análise
para criação de sentido, contribuindo para a identificação de insights, visando inovação. Nesse
contexto de inteligência, Smart Cities e Smart Government têm sido uma constante em todo
mundo, e no Brasil já se observa movimentos nessa direção. Diversos estudos têm sido
realizados a respeito, contudo ainda é necessário abordá-los em diferentes contextos culturais e
econômicos. Diante disso, optou-se por investigar como a Gestão do Conhecimento, a
Inteligência e a convergência de ambos, podem contribuir para a inovação na Gestão Pública.
Para tal, optou-se por uma pesquisa exploratória qualitativa, com coleta de dados via entrevistas
com representantes dos 3 setores do conceito da Tríplice Hélice: Governo, Academia, Indústria.
Os resultados apontam que tanto a Gestão do Conhecimento, a Inteligência e a convergência de
ambas estão presentes na atuação desses setores, demonstrando que há integração dos setores e
da sociedade civil no projeto de Smart City que vem sendo desenvolvido em Pato Branco-PR.
Palavras chave: Inteligência, Gestão do Conhecimento, Inovação, Smart Government, Smart
City.
INTRODUÇÃO
O cenário mundial atual é de crescimento tecnológico e inovações sem precedentes em todas
as áreas, as quais vêm proporcionando melhores oportunidades para viver, estudar, trabalhar e
evoluir de forma pessoal e profissional. Ao centrar o foco deste cenário para o setor público,
verifica-se que ainda há lacunas e grandes desafios a serem superados no uso das tecnologias
emergentes (Clausen, Dermicioglu e Alsos, 2019) visando seu aproveitamento para atender
demandas dos cidadãos por serviços inovadores. A inovação tem o potencial de melhorar não
só a eficácia, mas também as capacidades de resolução de problemas, onde o setor público pode
melhorar seu desempenho e produtividade, ganhar mais legitimidade e confiança da população
(Cavalcante e Cunha, 2017).
Afirma Demircioglu (2019) que os estudos sobre inovação no setor público trouxeram
contribuições muito limitadas até agora. De Vries et al. (2016) demonstram que pouco sabemos
sobre inovação do setor público, sugerindo que conhecimentos empírico e teórico são
necessários para entender as jornadas de inovação na qual muitos governos embarcaram.
Explicam que, para a compreensão da inovação no setor público, ainda uma base teórica
fraca, e que elas estão relacionadas apenas com as teorias voltadas às organizações. No entanto,
Bloch e Bugge (2013, p. 134) sugerem que “os insights derivados de outras vertentes da teoria
podem ser relevantes e ajudar a pensar em inovação no setor público.”
Para Rohrbeck e Schwarz (2013) é possível inovar radicalmente na criação de produtos
e serviços utilizando novas tecnologias. Em relação ao setor público, Garcia, Pardo e Nalda,
(2013) apontam que existem Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) para uma série
de finalidades que permitem a prestação de contas com mais transparência, especialmente a
coleta e utilização dos dados para tomar decisões e melhorar a prestação de serviços públicos.
Pode-se ilustrar esse fato com o exemplo da cidade de Lisboa11, em que o governo municipal
criou uma plataforma de gestão inteligente, uma infraestrutura fundamental para a
modernização e inovação dos serviços prestados pela cidade. Esta plataforma suporta quatro
1 http://dados.cm-lisboa.pt/
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iniciativas fundamentais: Centro Operacional Integrado; Portal de Dados Abertos; Projetos de
Smart Cities; Laboratório de Dados Urbanos de Lisboa.
Segundo Etzkowitz (2003), a criação de espaços em que os representantes de esferas,
tanto públicas quanto privadas, possam interagir e planejar novas iniciativas para a renovação
econômica, social e tecnológica, podem se tornar alternativas de desenvolvimento de novas
potencialidades regionais, reforçando a importância da interação entre diferentes atores para o
fomento da inovação. Neste sentido, o autor cita o modelo tríplice hélice que pode ser
considerado um sistema de inovação e de desenvolvimento regional baseado no conhecimento
e na aprendizagem, concebido como um conjunto de dinâmicas multilineares com base em
paradigmas tecnológicos alternativos.
Baseando-se no modelo da tríplice hélice (Etzkowitz, 2003), Leydesdorff e Deakin
(2011) indicam que se pode esperar uma configuração em que a geração de capital intelectual
prevalece no ambiente acadêmico, com a criação de riqueza sendo associada à indústria,
enquanto o controle na esfera pública pode ser associado com o governo. A exemplo, a gestão
pública de Lisboa firmou parcerias com parques tecnológicos, startups e academia,
potencializando sinergias de recursos, conhecimento e experiência com o objetivo de ofertar a
melhoria dos serviços públicos e responder melhor às necessidades dos seus clientes e cidadãos.
Esta entrega de serviços aos cidadãos com eficiência e eficácia e com o objetivo de
solucionar questões de governo e sociedade através de colaboração interdepartamental é
definida por Liu e Zheng (2015) como Smart Government. Melati e Janissek-Muniz (2019)
consideram que o conceito se relaciona principalmente à questão de agilidade e eficiência em
Governo, impulsionada pela utilização de TICs e também pela participação e colaboração de
empresas e demais grupos de interesse. Dentro deste contexto, as smart cities surgem como um
ecossistema inteligente em que casas, edifícios e conjuntos maiores, como aeroportos, hospitais
ou campus universitários são equipados com uma infinidade de terminais móveis, dispositivos
incorporados e sensores conectados (Nam e Pardo, 2011), gerando dados que podem auxiliar
os governos nas suas tomadas de decisão.
Em pesquisa de Melati e Janissek-Muniz (2017), foram elencados aspectos relevantes
de Gestão do Conhecimento, Inteligência e a convergência de ambos na gestão pública, a qual
aponta que, “diante da análise dos conceitos de Inteligência e Gestão do Conhecimento em
Governo, é possível compreender alguns fatores fundamentais que permeiam ambos os
processos, como por exemplo, a utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação e
o papel das pessoas como agentes primordiais do processo de Inteligência e de Gestão do
Conhecimento” (p. 46). Em relação à Gestão do Conhecimento, o presente estudo abordará os
seguintes pontos: como se forma e se compartilha o conhecimento na organização, bem como,
qual sua importância e de que forma se estrutura o processo. Em relação à Inteligência, buscará
evidenciar a importância da coleta de dados nos ambientes, como é realizado o monitoramento
e análise desses dados e como influenciam na inovação.
A partir da análise da convergência entre Gestão do Conhecimento e Inteligência, será
explorado de que forma se estabelece o apoio da alta gestão, quanto às questões de
monitoramento do ambiente, análise dos dados e a referida utilização dos mesmos para a
tomada decisão, bem como, de que maneira a gestão pública passa a considerar a participação
dos cidadãos, universidades e empresas na gestão pública, além de buscar compreender de que
maneira é avaliada a eficiência e inovação do setor público a partir dos conhecimentos criados
e compartilhados. Neste sentido, a questão de investigação deste estudo é: De que forma a
Gestão do Conhecimento e a Inteligência contribuem para a inovação no setor público?
Por meio de uma revisão de literatura abordando conceitos de Inteligência Estratégica e
Inovação, transpassando conceitos de Smart Government e Smart Cities, este estudo tem como
objetivo identificar como a Gestão do Conhecimento e a Inteligência contribuem na inovação
da gestão pública da cidade de Pato Branco, Paraná.
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Na próxima seção apresenta-se o referencial teórico sobre Inteligência Estratégica,
Inovação, Smart Government e Smart Cities que fornecem elementos que contribuem para a
inovação no serviço público. Na sequência, explora-se a dinâmica do modelo da tríplice hélice
e sua aplicação nas esferas pública e privada. Na seção 3, o método de pesquisa é apresentado
e, posteriormente, na seção 4, são expostos os resultados da pesquisa a partir da análise das
entrevistas realizadas com representantes da sociedade de Pato Branco, sendo 5 do setor
empresarial, 5 da academia e 5 da gestão pública. Por fim, na seção 5, são expostas as principais
conclusões desta pesquisa.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção são apresentados os temas que embasam teoricamente esse artigo. Foram
organizados do assunto mais amplo ao mais específico, conduzindo o leitor ao foco da pesquisa.
São descritos conceitos de Inteligência Estratégica e como ela pode contribuir na Inovação do
Setor Público. Na sequência, os temas de Smart Government e Smart Cities são apresentados
através de diversos conceitos, assim como o modelo da tríplice hélice, além dos fatores que
compõem uma Smart City e exemplos dessas cidades no cenário mundial.
2.1 Inteligência Estratégica e Inovação no Setor Público
A Inteligência Estratégica (IE), segundo Lesca e Janissek Muniz (2016), tem como principal
objetivo conhecer melhor o ambiente e antecipar mudanças que nele podem ocorrer,
contribuindo para uma atuação antecipativa, através da detecção de sinais fracos (índices
antecipativos) em um processo coletivo de busca de informações e posterior criação coletiva de
sentido. Seu principal objetivo é identificar insights que podem potencialmente produzir ações
diferenciadas e potenciais inovações no ambiente organizacional.
Para Cainelli, Janissek-Muniz e Reichert (2019), o papel fundamental da IE para a
Inovação é identificar e avaliar potenciais desenvolvimentos de forma estruturada e sistemática
em relação à ciência, tecnologia, empresas e sociedade, preparando o terreno com respostas
sobre estes temas a tempo de agir estrategicamente. O potencial da Inteligência para a Inovação
reside na sua capacidade instrumental de identificar e avaliar alternativas para a concepção de
soluções que possam contribuir para alcançar os objetivos definidos na gestão estratégica (Bas
e Guillo, 2015) seja ela pública ou privada. Adegbile et al. (2017) apontam que, ao invés da
resultar diretamente em inovação, a IE tende a influenciá-la, moldando e dando forma a
ferramentas de gestão da inovação e criação de conhecimento orientada para o futuro. Os
autores também argumentam que a formulação de uma estratégia de inovação ideal é uma
função da visão estratégica efetiva. Assim, considerando que esta visão estratégica leva à
geração de conhecimento orientado para um futuro relevante, pode-se argumentar que ela pode
potencialmente impactar o desempenho da inovação.
Para Melati e Janissek-Muniz (2019), nos últimos anos, o processo de Inteligência
voltado ao Setor Público obteve atenção da academia, uma vez que se demonstrou importante
para o desenvolvimento mais eficiente da atividade pública e o referido retorno à sociedade.
Até meados dos anos de 1990 o termo inteligência em governo estava vinculado a questões de
segurança nacional, defesa, sigilo e relações internacionais, entretanto, a partir de estudo
relacionados, principalmente, a contribuição do uso de tecnologias de informação e
comunicação em governo, a inteligência na gestão pública passou a adquirir um novo papel de
importância quanto a utilização de dados e informações para qualificar a tomada de decisão dos
gestores públicos, bem como, para auxiliar em novas políticas pública, a partir da cocriação
governo-sociedade.
Com o intuito de tornar as cidades mais transparentes e inteligentes, os tomadores de
decisão adotam estratégias de inovação eficientes e mais abertas, e informam que tecnologias
emergentes e inovação para o setor público não são um fim em si, mas um meio para cumprir
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a promessa feita a seus cidadãos. Para Gil Garcia et al. (2014), novas tecnologias oferecem
constantemente uma infinidade de possibilidades para os gestores públicos, como a computação
em nuvem, aplicações para smartphones, governo móvel, blogs, mídias sociais, big data, dados
abertos do governo, programas de design, entre outros. Os autores afirmam que muitas delas
contam com a participação dos cidadãos, constituindo governos mais inteligentes,
transparentes, eficientes e resilientes, gerando valor para a gestão pública e melhorando as
operações em agências governamentais.
2.2 Smart Government e Smart Cities
Dentro do escopo de Inteligência em governo, o conceito de smart government e outros
conceitos relacionados (smart cities, smart regions) são relativamente novos na literatura. Eles
têm uma herança da literatura de e-governo e podem ser definidos de diversas maneiras (digital,
inteligente, conectado) e atendem a um largo espectro de valores teóricos que abordam a
utilização das TICs para implantação de melhores políticas públicas (Garcia, 2013). Da mesma
forma, Nam e Pardo (2011) defendem que as definições de smart cities são diversas. Como o
conceito vem sendo utilizado popularmente, com diferentes nomes e em diferentes
circunstâncias, há variantes de conceitos pela substituição de ‘inteligente’ por outros adjetivos.
Os rótulos podem ser classificados em três dimensões: tecnologia, pessoas e comunidade,
conforme apresentados no Quadro 1.
Dimensão Conceitos
Tecnologia Cidade digital
Cidade inteligente
Cidade onipresente
Cidade conectada
Cidade híbrida
Cidade da informação
Pessoas Cidade criativa
Cidade de aprendizagem (ou que aprende)
Cidade humana
Cidade do conhecimento
Comunidade
Quadro 1: Conceitos relativos a Smart Cities (traduzido de Nan e Pardo, 2011)
Leydesdorff e Deakin (2011) argumentam que as cidades podem ser consideradas em
três dinâmicas relevantes: o capital intelectual das universidades, a criação de riqueza de
indústrias e o governo democrático da sociedade civil. Os autores sugerem que estas interações
entre academia, indústria e governo geram espaços dinâmicos dentro das cidades, em que o
conhecimento pode ser explorado para introduzir a tecnologia em sistemas regionais de
inovação. “Essas cidades são mais "inteligentes" na exploração das tecnologias da informação
e da comunicação e não são apenas criativas ou inteligentes na geração de capital intelectual e
na criação de riqueza, mas também na seleção de ambientes que governam sua produção de
conhecimento, tornando-os parte integrante dos sistemas de inovação emergentes.”
(Leydesdorff e Deakin, 2011, p.10).
Este regime, que tipicamente começa quando universidade, indústria e governo entram
em um relacionamento recíproco entre si, na tentativa de melhorar o desempenho um do outro,
é chamado de tríplice hélice (Etzkowitz, 2003). O princípio organizador da tríplice hélice, é que
o empreendedorismo da Universidade venha a desempenhar um maior papel na sociedade,
reproduzindo e estendendo seu conhecimento produzido em um contexto mais amplo, como
parte de seu novo papel na promoção da inovação. Organizações híbridas, como centros de
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pesquisas, startups, alianças estratégicas e incubadoras, foram criadas na interface da academia
para estimular a inovação entre os outros atores da tríplice hélice. A figura 2 explica a evolução
do conceito sugerido pelo autor.
Figura 1: Modelo da Tríplice Hélice (traduzido de Etzkowitz, 2003)
Ao trazer um conceito mais amplo em relação às smart cities, Harrison et al. (2010)
consideram os vários dispositivos tecnológicos e as possibilidades de uso desses para construir
uma cidade instrumentada, interconectada e inteligente. Os autores explicam que esta
instrumentação inclui sensores implantados, recursos de processamento distribuído e
centralizado, largura de banda de transmissão e modelos de software e lógica de apresentação
que os acompanham para apoiar os tomadores de decisão humanos. Esta infraestrutura de
cidade virtual e a tomada de decisões aprimorada, possibilita um grande impacto na vida da
cidade, pois permite a captura e a integração de transmissões do mundo real, por meio do uso
de sensores, quiosques, medidores, dispositivos pessoais, eletrodomésticos, meras,
smartphones, dispositivos médicos implantados, eletrodomésticos, a web e outros sistemas de
aquisição de dados semelhantes, incluindo redes sociais como redes de sensores humanos. Os
autores pontuam também a interconexão e a integração desses dados em uma plataforma de
computação, com comunicação dessas informações entre os vários serviços da cidade,
permitindo a realização de análises complexas, otimizando e visualizando os processos
organizacionais para melhorar a tomada de decisões.
Para Hall et al. (2000), uma cidade inteligente é aquela que monitora e integra as
condições de todas as suas infraestruturas críticas, incluindo estradas, pontes, túneis, trilhos,
metrôs, aeroportos, portos marítimos, comunicações, água, energia e até grandes edifícios. Esta
integração permite melhor organização de recursos, planejamento de atividades de manutenção
preventiva e monitoramento de aspectos de segurança, maximizando os serviços para seus
cidadãos. O conceito de Wasburn et al. (2009, p.2) aponta que “o uso das tecnologias Smart
Computing para criar os componentes e serviços críticos de infraestrutura de uma cidade mais
inteligente, interconectadas e eficientes, incluem a administração da cidade, educação, saúde,
segurança pública, imóveis, transporte e utilidades”. Caragliu e Del Bo (2012) complementam,
indicando que um centro urbano seguro, protegido e eficiente no futuro, com infraestrutura
avançada, como sensores, dispositivos e redes eletrônicas, permite estimular o crescimento
econômico sustentável e uma alta qualidade de vida.
Tais conceitos já foram aplicados, e é possível identificar cidades que operam com
sucesso em uma maneira mais inteligente de resolver diversas preocupações da população.
Como exemplo, Nam e Pardo (2011) destacam cidades que realizaram estratégias para tornar
as cidades melhores para viver e que se tornaram casos de sucesso em estratégias de
desenvolvimento. Dentre as smart cities listadas pelos autores nos cinco continentes, é possível
destacar Curitiba (Paraná) e Porto Alegre (Rio Grande do Sul), ambas cidades no Brasil. Os
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autores salientam que é preciso aprender com o sucesso das práticas progressivas dessas cidades
e destacam os principais componentes de uma smart city (Figura 2).
Figura 2: Componentes fundamentais de uma Smart City (Nam e Pardo, 2011)
Os componentes conceituais da cidade inteligente apresentados são categorizados em
três fatores principais: tecnologia (infraestrutura de hardware e software), pessoas (criatividade,
diversidade e educação) e instituição (governança e política). Considerando a conexão entre os
fatores, uma cidade pode ser considerada inteligente quando investimentos em capital humano
social e infraestrutura de TI impulsionam o crescimento sustentável e aprimoram a qualidade
de vida, por meio da governança participativa (Nam e Pardo, 2011).
Wasburn et al. (2009) demonstram que, em todo o mundo, as cidades existentes estão
reformulando sua infraestrutura e serviços críticos e priorizando projetos de maneira
escalonada; há igualmente cidades mais novas que tiveram a oportunidade de incorporar a visão
de cidade inteligente em sua totalidade a partir do zero. Estas cidades têm muitas coisas em
comum, como uma zona econômica livre, energia renovável, edifícios inteligentes, transportes
inteligentes, conectividade de banda larga, equilíbrio entre espaços verdes e cobertos e áreas
geográficas posicionadas estrategicamente. Existem alguns exemplos notáveis em todo o
mundo: PlanIT Vallei - Portugal; Malta; Hwaseong Dogtan - Coréia do Sul; Songdo IBD -
Coréia do Sul e Masdar City - Abu Dhabi. Essas cidades implantaram vários sistemas de
informações e comunicações e componentes de tecnologia, tais como: identificação por
radiofrequência (RFID), sistemas embarcados, WiFi, Wi Max, LTE, Zig Bee, comunicação
máquina a máquina, gerenciamento de ativos, gerenciamento de energia, comunicações
unificadas e colaboração de todos os envolvidos.
Nesta seção, os conceitos de Inteligência Estratégica (IE) e Inovação nos serviços
públicos, Smart Government e Smart Cities foram demonstrados com o propósito de
fundamentar teoricamente os temas que constituem a pesquisa.
3 MÉTODO
Considerando o objetivo da pesquisa de analisar a contribuição da Gestão do Conhecimento e
Inteligência na inovação do setor público, optou-se pela abordagem exploratória e qualitativa.
A pesquisa exploratória é importante em situações em que o pesquisador não tem conhecimento
suficiente para prosseguir e pela flexibilidade dos métodos (Malhotra, 2001). Para Churchill et
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al. (2011), um estudo exploratório, além de fornecer insights e ideias, também pode ser utilizado
para esclarecer conceitos. Para Creswell (2010), o processo de pesquisa qualitativo é um meio
para explorar e entender o significado que os indivíduos e grupos atribuem a um problema
social. É principalmente indutivo, quando o investigador gera resultados a partir dos dados
coletados em campo. Yasuda e Oliveira (2012) definem características da pesquisa qualitativa,
dentre as quais se destacam uma interação informal entre pesquisador e pesquisados, em uma
conversa fluida, aberta, dinâmica e até certo ponto espontânea e criativa; também está aberta
para diferentes pontos de vista, na medida em que exige que se desafie o status atual do
conhecimento para poder superá-lo e acrescentar interpretações relevantes.
A partir do embasamento teórico da seção anterior, optou-se pela realização de
entrevistas com representantes de empresas, academia e governo. Uma vez a entrevista em
profundidade para Churchill, Brown e Suter (2011), serve para incentivar os entrevistados a
fornecer o máximo de informações possíveis, possibilitando maior interação entre pesquisador
e respondente. A escolha dos respondentes se deu de maneira intencional (não probabilística),
selecionando-se pessoas que atendem aos critérios que foram estabelecidos e que os
pesquisadores consideram importantes para o projeto. Para as entrevistas, foi definido um
roteiro semiestruturado adaptado de Melati (2017). Conforme Barquette e Chaoubah (2007),
estes roteiros são guias usados para coletar informações com tópicos sobre assuntos
relacionados aos objetivos da pesquisa, permitindo liberdade para modificar a ordem ou inserir
questões de acordo com o andamento da entrevista. A ideia por trás da pesquisa qualitativa,
conforme Creswell (2010), é a seleção intencional dos participantes. Os atores escolhidos nesta
pesquisa fazem parte da tríplice hélice da cidade de Pato Branco (PR), sendo 5 representantes
da gestão pública, 5 representantes da academia e 5 representantes da iniciativa privada.
De acordo com o tipo de pesquisa definida para este estudo, os dados foram analisados
por meio da cnica de análise de conteúdo. Segundo Mozzato e Grzybovski (2011), é uma
técnica de análise que tem sido cada vez mais legitimada nas pesquisas qualitativas no campo
da Administração. Para Bardin (2009), o campo desse tipo de análise é vasto e qualquer
comunicação entre emissor e receptor que transmitem significados controlados ou não podem
ser descritos e decifrados pelas técnicas de análise de conteúdo. Bardin (2009) explica que a
análise de conteúdo no método qualitativo tem um procedimento intuitivo e maleável, mais
adaptável e válido na elaboração de deduções específicas sobre um acontecimento ainda em
exploração. Assim, a partir da análise dos dados coletados, a próxima seção traz os principais
resultados da pesquisa.
4 RESULTADOS
Esta seção apresenta os resultados do estudo realizado na cidade de Pato Branco (Paraná,
Brasil), abrangendo os três setores que compõem a tríplice hélice proposta por Etzkowitz
(2003): Academia, Empresa e Gestão Pública. Na subseção 4.1 descreve-se o contexto da
cidade de Pato Branco para que o leitor conheça um pouco da história e características do
município. Na subseção 4.2 são demonstrados a análise da Gestão do Conhecimento, avaliando
a importância, produção, implementação, gestão e compartilhamento do conhecimento na
cidade. Sequencialmente, na subseção 4.3, a análise dos resultados quanto a Inteligência,
ressaltando de que forma se estabelece a coleta de dados, o reconhecimento da importância dos
mesmos, bem como a análise e utilização desses dados para a inovação na cidade. E, por fim,
na subseção 4.4, apresenta-se a convergência entre essas ambas, em que buscou-se saber: de
que maneira os dados são utilizados na tomada de decisão, como é a utilização das TICs, a
importância da participação dos cidadãos, empresas e universidades na inovação do setor
público e a eficácia da gestão pública na utilização de dados e informações advindas do
ambiente.
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Foram realizadas 15 entrevistas, sendo 5 com representantes do setor empresarial, 5 da
academia e 5 da gestão pública que responderam pessoalmente um roteiro semiestruturado
(Anexo 1) adaptado de Melati (2017), contendo questões em três perspectivas: Conhecimento,
Inteligência e Convergência entre Inteligência e Gestão do Conhecimento. São apresentados
análises e quadros resumos decorrentes dos dados coletados nos três setores pesquisados:
Academia, Empresas e Gestão Pública. A seguir alguns pontos da história, características e
conquistas da Smart City Pato Branco (Paraná - Brasil)
4.1 Contexto da cidade de Pato Branco - PR
Pato Branco2, na região Sudoeste do Paraná, é um Município que adotou a inovação e o
empreendedorismo para se desenvolver. Possui mais de 81 mil habitantes e destaca-se como
polo regional de Educação, com mais de 90 cursos superiores ofertados em Universidades
Públicas e Privadas. Sua economia é baseada nos setores de comércio, serviços, agronegócios
e a área industrial, principalmente os ramos metal-mecânico, tecnológico e moveleiro. São
cerca de 100 indústrias de softwares, de aparelhos e componentes eletrônicos, que se somam às
ações de universidades locais e da municipalidade, garantindo que a cidade tenha um Parque
Tecnológico instalado e reconhecido em nível nacional. A cidade ocupa o lugar do Paraná
no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), com destaque para a Saúde, Educação
e geração de emprego e renda. Entre os 5.571 municípios brasileiros, Pato Branco assume a 19ª
posição no País, liderando na região Sudoeste do Paraná – desde 2013, o município subiu 32
posições no ranking nacional.
O Município de Pato Branco é reconhecido atualmente como Cidade Digital pela Rede
Cidades Digitais, assim como a 5ª cidade mais inteligente do Brasil, segundo a Revista Exame,
em estudo divulgado em 2017 e que considerou cidades com até 100 mil habitantes. no
ranking geral da Revista IstoÉ, que relaciona as melhores cidades de médio porte do Brasil,
Pato Branco está na 25ª posição. Em 2016, a cidade foi destaque na revista britânica The
Economist. Destaque ainda para a Rede Municipal de Educação, que atingiu a média de 7.5 no
Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb) em 2017. Com o resultado, Pato Branco
está em lugar no Ideb no Estado do Paraná, considerando as cidades de médio porte, que
possuem entre 50 mil e 100 mil habitantes.
Algumas ações que foram feitas e conduziram a cidade a receber premiações e
destaques: a população que vive em Pato Branco conta com tablets e oficinas de robótica nas
escolas municipais, Internet livre e árvore digital na praça central, câmeras de vigilância,
limpeza pública modernizada, prontuário eletrônico em toda rede da Secretaria Municipal de
Saúde e programas de inclusão digital, como o Escola Pato Branco Digital. Além disso, o poder
público em união com as Universidades, empresários e sociedade civil organizada, criaram uma
feira com o objetivo de disseminar inovações tecnológicas e conhecimento, a Feira de Ciência,
Tecnologia e Inovação – INVENTUM, que reuniu mais de 180 mil visitantes em 2017, quando
recebeu a primeira experiência tecnológica realizada pelo Instituto Campus Party em uma
cidade interiorana. Por apresentar tais características de cidade inteligente, buscou-se realizar
entrevistas nos três setores (tríplice hélice) propostos no método deste artigo. A seguir, há uma
breve descrição geral de cada setor, seguido por um quadro resumo com falas de alguns
entrevistados. Na sequência são apresentados os resultados obtidos a partir da análise do
conteúdo destas entrevistas.
2 http://www.patobranco.pr.gov.br/
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4.2 Conhecimento
Na perspectiva do Conhecimento foram exploradas questões relacionadas com a produção de
conhecimentos, sua importância, como é feita a implementação e gestão e de que forma
acontece o compartilhamento de informações.
Na academia, tanto na esfera pública quanto privada, o processo de criar o
conhecimento e torná-lo disponível e amplificado ocorre em reuniões de planejamento dentro
do período letivo e durante as férias. Nessas reuniões é determinado um foco e são chamados
especialistas a falarem sobre isso. A partir de tais reuniões, várias questões são discutidas e
geram conhecimento, que depois é repassado aos coordenadores, professores e colaboradores
do setor administrativo, conforme os conteúdos que foram abordados. Em relação à gestão do
conhecimento organizacional, ambas instituições, pública e privada, a consideram primordial
em suas atividades, procurando constantemente atualizar informações quanto a sua forma de
atuação e à sociedade em que estão inseridas, a fim de traçar novas estratégias na busca de um
ensino mais inovador e conectado com as novas tecnologias.
Nas empresas o conhecimento é gerado e compartilhado em forma de reuniões
periódicas e também por ferramentas desenvolvidas dentro do ambiente organizacional.
Também foi citado o repasse de informações dos colaboradores que participam de eventos
nacionais e internacionais. Na área do Direito, por exemplo, foram citadas novas formas de
ampliar o conhecimento gerado entre os profissionais, que facilitam o acesso à informação e
reduzem custos como forma de democratizar ainda mais o conhecimento gerado.
Na gestão pública foi possível coletar dados nas esferas estadual e municipal. Na
estadual, há uma estrutura matricial de inovação transversal a todas as secretarias, em que se
estimula o diálogo constante para esta governança, em um esforço de fazer com que todas as
secretarias se envolvam para coletar e gerar informações e conhecimentos que possam ser úteis
para a população. A esfera municipal segue o modelo do governo estadual e criou a secretaria
de Ciência, Tecnologia e Inovação que se comunica com as demais secretarias sobre assuntos
referentes aos serviços ofertados para a população. Para o prefeito, para que isso se concretize,
são necessárias reuniões sistemáticas e treinamento de colaboradores, inclusive no que se refere
a novas tecnologias, para que dessa forma as informações e conhecimentos sejam bem
utilizados por todos.
O chefe do Núcleo Regional de Educação informa que o órgão atua como um
intermediador entre a Secretaria Estadual de Educação e as escolas, oferecendo cursos,
treinamentos e troca de informações e que nesse ano várias inovações foram implantadas com
o intuito de desburocratizar e proporcionar maior acesso de conhecimento aos professores. O
professor acrescenta que hoje, no estado do Paraná, são mais de um milhão de alunos e em
torno de 100 mil professores, e salienta que é um desafio enorme a enfrentar sobre a inclusão
das tecnologias nas salas de aula do ensino público por conta da aceitação e dificuldade dos
professores com as novas tecnologias, bem como a condição financeira dos alunos que não têm
acesso a essas tecnologias. No quadro 2 são apresentadas algumas falas de entrevistados dos
três setores dentro da perspectiva do Conhecimento.
Setor / Local Informação
Academia - Centro
Universitário
Privado
“Qualquer projeto que vai sair da X, sai do trabalho dos próprios colaboradores...
Inclusive na medicina nós temos uma matriz, na qual se contratou alguns pensadores
médicos que construíram o esqueleto da matriz curricular e agora ela está sendo
trabalhada pelos médicos profissionais da academia.” (Reitora)
Academia -
Universidade
Pública Federal
“Através da extensão, trazer os problemas reais da sociedade para dentro da academia,
com isso através da pesquisa a gente procura soluções a esses problemas envolvendo os
alunos, a isso chamamos de ensino. Buscar resolução do problema através de um trabalho
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de conclusão de curso, ou através de uma pesquisa de iniciação científica, por exemplo
por um aluno de Mestrado, que tem um tempo maior para buscar soluções desses
problemas.” (Reitor)
Empresa de
Tecnologia
“Temos a Universidade Y, uma ferramenta que a gente se mobiliza na intranet onde todo
o colaborador pode acessar conteúdos que a gente disponibiliza, tanto de cursos que a
gente já fez ou já contratou e teve acesso; ou então algum tipo de conhecimento que a
gente mesmo tenha gerado, alguma vídeo aula que a gente tenha feito e tudo mais fica
nessa plataforma onde todos podem acessar.” (CEO)
Empresas - Sebrae “Elaborar um resumo desses eventos e troca de experiência com a equipe, essa é uma
prática adotada por essa Regional, ou seja, foi para uma viagem técnica, participou de
um congresso técnico, de um evento cnico, volta e compartilha o conhecimento em
relação à gestão do conhecimento organizacional.” (Diretor Regional - Sebrae Pato
Branco/PR)
Empresas -
OAB
“Um outro tipo de geração e amplificação do conhecimento é através da oferta de cursos
online, reduzindo o tempo e despesas dos profissionais para se deslocarem.
Acompanhamos as determinações da Seccional e do Conselho Federal, então é como uma
escola, ela tem a preocupação de levar conhecimentos para os profissionais da nossa área,
então nós temos hoje inúmeros cursos, inclusive vários cursos que são sem custo.”
(Presidente da OAB
-
Seccional Pato Branco/PR)
Gestão Pública -
Superintendência
de Inovação e
Tecnologia do
Estado do PR
“O que a gente está fazendo e vai começar agora é um banco de projetos de inovação que
é um lugar onde qualquer pessoa que tem uma sugestão ou uma ideia ou um produto que
possa melhorar o serviço público e possamos ir por aquele caminho.” (Secretário de
Inovação do Estado do PR)
Gestão Pública -
Prefeitura
Municipal
“Eu creio que o poder público tem um papel preponderante nisso porque quando uma
empresa adota inovação ela trabalha com os seus produtos, a visão dela é muito comercial
e a nossa tem que ser uma visão social. Então, estabelecer metas como foi o nosso caso
para criar uma estrutura básica; para isso, a Secretaria de Tecnologia e Inovação foi criada
e a partir daí fazer com que todo o organismo do sistema público possa entrar nesse
sistema.” (Prefeito Muni
cipal)
Gestão Pública -
Secretário de
Ciência,
Tecnologia e
Inovação
“As linhas estruturantes são o que nós fizemos em todas as secretarias; nós fizemos o
plano diretor de tecnologia da informação e planejamento estratégico. A gente se reúne
com o setor elabora uma entrevista, verifica pontos fortes, pontos fracos, oportunidades
e ameaças. Esse plano estratégico a gente tem que fazer a cada 2 ou 3 anos.” (Secretário
de Ciência, Tecnologia e Inovação)
Gestão Pública -
Núcleo Regional
de Educação
“Nesse ano surgiu bastante coisa nova a respeito de inovação nas escolas, que vem
agregando dos anos anteriores, das gestões anteriores da secretaria da educação básica
para diminuir um pouco a burocracia junto aos professores, tanto nas atividades
relacionadas à sala de aula (app Prova PR), quanto na formação online, não necessitando
o professor se ausentar da sala para se deslocar para fazer cursos.” (Chefe do NRE)
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020)
4.3 Inteligência
Sobre a abordagem de Inteligência, foram explorados os pontos: forma de coleta de dados,
importância dos dados, análise e utilização desses dados na inovação. Em geral, constatou-se
que nos três setores pesquisados há métodos formais e informais na coleta e análise de dados,
todos atribuem importância para o uso dos dados como fonte de informações para a tomada de
decisões e os consideram essenciais para a inovação, tanto na gestão pública, nas empresas e
nas universidades. Em nenhuma delas há um setor específico que execute a atividade de
inteligência.
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Na academia, a coleta de dados é feita a partir de pesquisas online ou por alunos em
iniciação científica. A análise é feita por grupos de coordenadores e professores que, a partir
das informações geradas, definem estratégias organizacionais, bem como alinham matrizes
curriculares e estudam possibilidades da oferta de novos cursos conforme as demandas do
ambiente externo.
As empresas utilizam ferramentas mais tecnológicas, como por exemplo Google
Analytics. Algumas criam suas próprias ferramentas de captura de dados que registram o que
os usuários estão fazendo, frequência de acesso e comportamentos de consumo dos seus
produtos. Com base nestas informações, criam uma base de conhecimento e a usam como um
insumo para a tomada de decisão, resultando em melhores produtos e otimização de recursos
materiais, humanos e financeiros.
Na gestão pública, a cidade de Pato Branco possui um sistema interligado de
informações do SUS, em que qualquer funcionário, de qualquer posto de saúde, pode acessar o
histórico de pacientes. A prefeitura e suas secretarias buscam ampliar os sistemas de
informações, para outros serviços públicos, inicialmente para as escolas municipais, em que
cada aluno tem um tablet para estudar e, a partir disso, são geradas informações a respeito do
desenvolvimento do aluno. Também já está em teste um aplicativo para captura de informações
de uso do transporte público e para o setor da agricultura, um dos setores fortes na economia da
cidade. A seguir, no quadro 3, são apresentadas algumas falas de entrevistados dos três setores
dentro da perspectiva da Inteligência.
Setor / Local Informação
Academia -
Universidade
Pública
“A academia não é isolada, ela responde às demandas da comunidade externa e para
isso buscamos formas de financiamentos, agentes de fomento para a melhoria da
qualidade de vida das pessoas. Acho que esse entendimento a sociedade deve ter.
(Reitor)
Academia - Centro
Universitário
Privado
“Hoje à tarde estava em uma videoconferência representantes do grupo discutindo um
determinado assunto. Então você não vem com uma pesquisa pronta, ela foi construída,
é muito bom por isso que o grupo é esse sucesso, né?” (Reitora)
Empresa - Empresa
Jornalística
“Fazemos há mais de dez anos pesquisa de mercado: pesquisa quantitativa e uma
pesquisa qualitativa… Com base nessas informações a gente vai fazendo as correções
de rumo no dia a dia. Uma vez por ano a gente faz análise mais profunda da nossa
pesquisa e a gente tem que a partir disso vamos ver como a gente vai seguir.” (CEO)
Gestão Pública -
Secretaria Estadual
de Inovação
“Temos o programa PIA (Paraná Inteligência Artificial), que oferece uma forma
inovadora de acessar serviços públicos e informações oficiais pela internet. O acesso
pode ser feito em qualquer navegador ou pelo aplicativo.” (Superintendente de
Inovação do PR)
Gestão Pública -
Secretaria de
Ciência,
Tecnologia e
Inovação
“Mas a gente tem uma outra ação que é então a coleta de dados na saúde, podemos
saber em tempo real o que está acontecendo no posto de saúde. Informa quantos
minutos dura um atendimento na UPA na saúde, quem são os pacientes, quem é o
médico, etc. Descobrimos que tinha um desperdício gigantesco, a tecnologia
possibilitou isso.” (Secretário de Inovação de Pato Branco/PR)
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020)
4.4 Convergência entre Gestão do Conhecimento e Inteligência
Sobre a perspectiva de identificar a convergência entre a Gestão do Conhecimento e a
Inteligência, procurou-se descobrir como os dados são utilizados (ou não) na tomada de decisão,
a utilização das TICs, a importância da participação dos cidadãos, empresas e universidades na
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inovação do setor público e a eficácia da gestão pública na utilização de informações advindas
dos ambientes interno e externo.
De acordo com as entrevistas realizadas nos três setores, pode-se inferir que existe a
convergência entre o conhecimento e a inteligência, acontecendo de forma instrumentalizada,
e também mais informal, porém ambas apresentam resultados satisfatórios na percepção dos
entrevistados. Observa-se que está ocorrendo um aprendizado de todos os setores em relação a
isso e que há bastante empenho e vontade por parte do poder público, empresários e academia
em adaptar-se e utilizar as novas TICs que vêm surgindo, no intuito de alavancar cada vez mais
a inovação no município.
Na academia existem diferenças entre a pública e a privada. A primeira utiliza mais
pesquisas online e pessoalmente, envolvendo alunos e professores em projetos de extensão. As
informações geradas são compartilhadas dentro da Instituição e servem de apoio para decisões
estratégicas no que se refere a novos cursos, matrizes curriculares e projetos que insiram a
Universidade na comunidade de Pato Branco. Na privada, as informações são geradas por um
software interno que coleta dados de todo o Brasil, pois trata-se de um grupo com várias
unidades dentro do país. As informações são analisadas periodicamente em reuniões por
videoconferência e há uma reunião presencial por semestre entre os gestores do grupo. Assim
como acontece com a pública, a Instituição privada também tem boa inserção e participação
nos projetos do município, com boas relações com o poder executivo e demonstrando-se aberta
a colaborar no crescimento e na inovação do projeto de cidade inteligente de Pato Branco.
Nas empresas observa-se que uma cultura de utilização de dados provenientes do
ambiente externo. O conhecimento gerado é utilizado para criar novos produtos e serviços,
melhorar relacionamento com clientes e contribuir em projetos de inovações, tanto para a
empresa, quanto para a cidade. As formas de coleta variam de acordo com a característica de
cada empresa: algumas já estão bastante adiantadas no uso das TICs e outras ainda aprendendo
a usufruir das vantagens que a tecnologia proporciona.
Na Gestão pública, a convergência de inteligência e gestão do conhecimento já
acontece há algum tempo. Esta prática teve início há mais de 20 anos quando o governo federal
autorizou a criação do campus da UTFPR e o polo Tecnológico CETIS para a cidade. Desde
então, Pato Branco tem se destacado como uma cidade inovadora e polo de produção de
software e hardware no Brasil. Também é um polo regional de educação superior. Durante
vários mandatos, o poder executivo mantém contato com as Instituições de Ensino Superior,
empresários e sociedade civil, mostrando-se aberto a sugestões e envolvendo os cidadãos no
“pensar e crescer” para a cidade. Além do Sebrae, OAB e outras entidades, existem grupos
mistos de vários setores da sociedade empresarial e civil que se reúnem periodicamente para
discutir pontos fortes e fracos do município e traçar novos rumos para o crescimento e expansão
dos projetos de smart city para a cidade de Pato Branco.
No quadro 3 são apresentadas algumas falas de entrevistados dos três setores dentro da
perspectiva da convergência entre Inteligência e Gestão do Conhecimento.
Setor / Local Informação
Academia -
Universidade
Pública
“A gente tem um sistema que todos os gestores da universidade têm acesso. É uma base
de conhecimento. Por exemplo, agora nós estamos numa fase de ter mudanças de
currículo para o currículo por competência que está sendo montado em função dos
resultados que a gente obteve neste banco, olhamos exatamente o ambiente como um
todo nos aspectos emocional social e intelectual do aluno. Dessa forma, a gente começa
a trabalhar e o perfil do
egresso.” (Professora Titular)
Empresas - Sebrae Eu percebo que Pato Branco é um pouco fora da curva nesse aspecto, porque tem um
serviço público de boa qualidade, nós temos indicadores de desenvolvimento colocados
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através de sistemas e tecnologia implantada pela secretaria de Ciência Tecnologia no
município e em outras Secretarias de serviços públicos. Nos 51 municípios que nós
atendemos, digamos que Pato Branco realmente é o município que mais sabe aproveitar
os dados oriundos desse banco de informações. Eu acho que Pato Branco está
trabalhando a inteligência de dados de forma bem consciente, mas eu não vejo os
outros municípios fazendo isso, ainda estão trabalhando nos processos tradicionais e
clássicos.” (Gerente Regional
-
Sebrae Pato Branco
)
Gestão Pública -
Prefeitura
Municipal
“Nós criamos uma feira de Ciência, Tecnologia e Inovação (Inventum) que foi para
democratizar o conhecimento, para que as pessoas pudessem ter acesso a esse
conhecimento. E olhe que entrou o Governo nisso. Quanto mais apoio institucional se
tiver, mais força você tem. O Estado está iniciando na inovação, isso é muito
importante para nós. Primeiro porque é uma troca de informações. Veja, a vinda da
sede do Governo na nossa feira foi muito produtiva, serviu inclusive para tomar
medidas e acelerar o processo de implantação de inovação em nível de Estado.”
(Prefeito de Pato Branco/PR)
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste estudo foi explorar como a Gestão do Conhecimento, Inteligência e a
convergência de ambas pode contribuir na inovação da Gestão Pública. Para tal, foram
realizadas entrevistas utilizando roteiro semiestruturado com gestores públicos, acadêmicos e
empresários com a finalidade de capturar suas percepções a respeito dos temas propostos.
Em acordo com Melati (2017, p. 26), que indica que é “importante compreender que
cada organização possui sua forma de fomentar iniciativas de Gestão do conhecimento, bem
como, em manter um ciclo contínuo de criação, armazenamento e disseminação do
conhecimento entre as partes interessadas para obter vantagem competitiva”, foi possível
perceber que nos setores pesquisados, a Gestão do Conhecimento constitui-se em uma prática,
seja na Gestão Pública, Academia ou Empresas. Porém, salienta-se que cada um possui métodos
diferentes ao coletar as informações e produzir o conhecimento, advindo de fontes internas e
externas, e aplicá-lo. Além disso, consideram de suma importância a criação, gestão e
disseminação do conhecimento em seus ambientes. Na Gestão Pública, isso se manifesta na
oferta de melhores serviços públicos por meio de ações inovadoras, proporcionando benefícios
como melhor qualidade de vida, produtividade, entre outros. A interação produzida ao envolver
a Universidade e Empresas na gestão e disseminação desse conhecimento proporciona
crescimento mútuo a todos: a gestão eficaz do conhecimento exige a combinação de pessoas e
tecnologia, além do incentivo dos gestores e de políticas organizacionais (Davenport, 1997).
Em relação à Inteligência, Janissek-Muniz e Blanck (2014) ressaltam que apesar de
uma significativa oferta de informações no ambiente, compete às organizações a árdua e
complexa tarefa de identificar como e onde selecionar informações relevantes ao processo
decisório, tendo em vista a abundância não apenas de dados, mas de contextos nos quais eles
se inserem. No estudo, os resultados demonstram que o conceito de Inteligência é conhecido
pelos três setores pesquisados, porém sua aplicação ainda é feita de forma tímida, não havendo
em nenhum deles um setor específico de Inteligência. É possível destacar a Gestão Pública do
município está adiantada em relação à Academia e às Empresas. A coleta de dados e geração
de informações para otimizar recursos públicos e ofertar melhores serviços aos cidadãos é feita
de forma eficiente e novos projetos estão em curso objetivando cada vez mais a integração de
dados para gerar conhecimento: como exemplo, a coleta de dados na agricultura, transporte
coletivo e coleta de lixo otimizada. Em consonância, Liu e Zheng (2015) afirmam que um
Governo Inteligente é aquele que entrega serviços ao cidadão com eficiência e eficácia nos
serviços prestados e na resolução de questões de governo e sociedade, através da colaboração
interdepartamental.
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Nas Universidades pesquisadas, o processo de Inteligência é mais direcionado
logicamente para o contexto da educação, visando aprimorar as matrizes curriculares, projetos
e ofertas de cursos mais condizentes com a realidade do mercado em que estão inseridas. Nas
empresas, percebe-se maior uso efetivo da Inteligência: algumas utilizam softwares disponíveis
no mercado, outras criam seu próprio sistema de captura de informações; porém todas estão em
um processo crescente de aprendizado e dispostas a inovarem constantemente seus produtos e
serviços, para o que o monitoramento é essencial.
Nas empresas, o uso da Inteligência destaca-se nas do segmento de Tecnologia,
provavelmente por criarem sistemas que auxiliam outras empresas a coletar dados de
ambientes, clientes e outros stakeholders. Para Rios et al. (2011), um entendimento do
conceito de Inteligência como um processo com foco nas informações externas das
organizações, não apenas em monitoramento da concorrência, mas no ecossistema como um
todo. As outras empresas pesquisadas também coletam dados, de forma mais informal, mas
com consciência de que monitorar o ambiente é primordial para sua sobrevivência e melhor
atuação no mercado. Em razão disso, buscam aprimoramento por meio de cursos e adoção de
novas tecnologias que, aos poucos, vão fazendo parte da rotina empresarial.
Observando-se a convergência da Gestão do Conhecimento e a Inteligência,
procurou-se descobrir como os dados são utilizados (ou não) na tomada de decisão, a utilização
das TICs, a importância da participação dos cidadãos, empresas e universidades na inovação
do setor público e a eficácia da gestão pública na utilização de informações advindas dos
ambientes externo. Para Melati (2017, p.44) “a Gestão do Conhecimento possui uma
perspectiva mais interna, ou seja, seu foco principal está, principalmente, nas informações e
conhecimentos que são gerados e acumulados internamente à organização. Por sua vez, a
Inteligência possui foco na perspectiva externa, e seus processos estão voltados principalmente
para o monitoramento e internalização e interpretação de informações do ambiente.” Nesse
sentido, foi possível constatar por meio desta pesquisa, que existem duas formas de coleta de
dados nos três setores investigados. Nas Universidades, o foco é utilizar as informações para
seu melhor desempenho na área de Educação, bem como contribuir para os projetos nas regiões
que estão inseridas. Nas empresas, a gestão do conhecimento e a inteligência auxiliam na
prospecção de novos cenários, entendimento do comportamento de clientes, lançamento de
produtos e serviços. Todos estes resultados também são disponibilizados para contribuir no
projeto de cidade inteligente, que vem ocorrendo alguns anos no município, no qual a Gestão
Pública municipal é proativa em compartilhar decisões com os outros pilares da tríplice hélice.
Para Leydesdorff e Deakin (2011), a tripla hélice pode gerar capital intelectual e
proporcionar novas fontes de material para a dinâmica dos sistemas de inovação dos atores
envolvidos, podendo usar bases de conhecimento como um meio para combater a estagnação e
aproveitar estas redes para desenvolver um ao outro. Dessa forma, a Gestão Pública do
município de Pato Branco tem atuado ativamente para construir uma cidade inteligente que
proporcione à sua comunidade melhores formas de viver e produzir. Para isso, investe
continuamente em coleta de dados, análise de informações e projetos envolvendo diferentes
atores da sociedade – em especial, empresas e academia – como estratégia na busca de ações
inteligentes a fim de otimizar recursos materiais, tecnológicos e humanos, oferecendo serviços
públicos de qualidade, com investimentos na educação, saúde, transporte público, agricultura e
crescimento com qualidade de vida.
Assim, a partir da análise apresentada ao longo desta pesquisa, é possível concluir que
os objetivos foram alcançados ao apresentar como a Gestão do Conhecimento e a Inteligência
contribuem para a Inovação do Setor Público na cidade de Pato Branco, Paraná. Estes resultados
servem como um avanço no desenvolvimento de estudos relacionados à temática de
Inteligência e Inovação na Gestão Pública. No entanto, por tratar-se de um estudo realizado em
uma cidade específica, sugere-se que outras pesquisas, com diferentes contextos, prossigam
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nesse tema a fim de contribuir com mais exemplos brasileiros de Smart Cities e seus
desdobramentos frente aos novos cenários que surgem.
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ANEXO 1
ROTEIRO DE ENTREVISTA. Disponível em:
https://docs.google.com/document/d/1M4n5gNwr2GqT0fgILkWqftOcIP8FWtEHepdBHUZi
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The public sector is under pressure to provide new public services with increasingly scarce resources. In response, practitioners and academics have called for more innovation in the public sector. Our understanding of sources of innovation within public sector organizations, however, is inadequate. Motivated by this gap, we develop a conceptual model of how push and pull sources enable innovation within public sector organizations. Key to our theory is that push and pull sources of innovation are enabled by innovation capabilities. Five hypotheses are tested using cross‐country survey data from European public sector organizations. Empirical analysis offers strong support for the central role played by innovation capability in enabling push and pull sources of innovation within public sector organizations. This paper advances knowledge of the sources of innovation in the public sector and extends theorizing on push and pull mechanisms by examining their relevance to innovation in a public sector context. This article is protected by copyright. All rights reserved.
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Society has demonstrated a growing interest in the effectiveness of public management in the use of public resources in policies that bring results. The management and use of data, information and knowledge appears as the impeller of such social longing. This study seeks to identify how the processes of knowledge management and intelligence in public management and the said conceptual complementarity are established. For this, a thorough review of the literature on the themes was carried out, as explained in the method section. Afterwards, through the systematization of concepts, important factors for such processes were raised. Also, interviews were conducted with public managers to understand how the processes are being used in administrative practice. The results indicate that public management understands the concepts of the processes, but it lacks a structured application of the same ones for better effectiveness in the development of the public activity.
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The concept of strategic foresight has come to dominate contemporary management discourse in recent times with a remarkable upsurge in the number of scholarly papers reporting a positive influence of strategic foresight on innovation. This causal link has served not only as a point of convergence for many empirical and conceptual studies, but also the starting point for theorizing the relevance of strategic foresight in organizing. Drawing on an exhaustive sample of 258 academic publications from 1990–2014, this paper provides a comprehensive review of strategic foresight and its influence on innovation. Our review suggest that strategic foresight rather than directly resulting in innovation tend to rather influence it by shaping and giving form to innovation management tools, and future-oriented knowledge creation, which in turn cumulatively drive innovation performance. Our proposed integrative framework therefore specifies the conceptual linkages between strategic foresight and innovation performance.
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Cross-departmental collaboration is considered a critical means for government to solve complex public issues. By studying a one-stop service center in China, this paper examines the influencing factors, strategies and effectiveness of government cross-departmental collaboration. The study finds that, besides variables that have been found in existing studies, the effectiveness of cross-departmental collaboration in China is also affected by administrative reform and personal relations among officials and staff.
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This article brings together empirical academic research on public sector innovation. Via a systematic literature review we investigate 181 articles and books on public sector innovation, published between 1990 and 2014. These studies are analysed based on the following themes: (1) the definitions of innovation, (2) innovation types, (3) goals of innovation, (4) antecedents of innovation and (5) outcomes of innovation. Based upon this analysis, we develop an empirically-based framework of potentially important antecedents and effects of public sector innovation. We propose three future research suggestions: (1) more variety in methods: moving from a qualitative dominance to using other methods, such as surveys, experiments and multi-method approaches; (2) emphasize theory development and testing as studies are often theory-poor; and (3) conduct more cross-national and cross-sectoral studies, linking for instance different governance and state traditions to the development and effects of public sector innovation.
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Este artigo propõe a implantação de um sistema de monitoramento organizacional pelo uso de método específico para coleta, seleção e interpretação de informações relativas ao estado e à evolução do ambiente da empresa. Do francês "Veille Anticipative Stratégique - Intelligence Collective" e do inglês "Environmental Scanning", a Inteligência Estratégica Antecipativa e Coletiva (IEAc) busca prover representações pertinentes do ambiente organizacional. A IEAc visa a apoiar o processo decisório organizacional, identificando ameaças ou oportunidades de negócios, buscando adaptarse de forma rápida. O conceito IEAc está sendo gradativamente considerado, contudo ainda é grande o desafio das organizações em termos de sua prática. Neste artigo, discutem-se as principais idéias do conceito de IEAc (mode-lo, visoões conceitual, metodológica e processual), propiciando reflexão sobre a importância e a utilidade de tal abordagem sobre dados aparentemente sem serventia ou mesmo sem significado, quando vistos ou analisados isoladamente, mas potencialmente úteis, se observados coletivamente. A visão que se pode ter em relação a certo tema, ator ou situação pode alterar expressivamente se tivermos uma 'sistemática' de coleta e interpretação coletiva de dados potencialmente úteis ao tomador de decisão.
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Innovation is increasingly based upon a “Triple Helix” of university-industry-government interactions. The increased importance of knowledge and the role of the university in incubation of technology-based firms has given it a more prominent place in the institutional firmament. The entrepreneurial university takes a proactive stance in putting knowledge to use and in broadening the input into the creation of academic knowledge. Thus it operates according to an interactive rather than a linear model of innovation. As firms raise their technological level, they move closer to an academic model, engaging in higher levels of training and in sharing of knowledge. Government acts as a public entrepreneur and venture capitalist in addition to its traditional regulatory role in setting the rules of the game. Moving beyond product development, innovation then becomes an endogenous process of “taking the role of the other”, encouraging hybridization among the institutional spheres.
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This paper focuses on exploring the potential and empirically observable value creation of strategic foresight activities in firms. We first review the literature on strategic foresight, innovation management and strategic management in order to identify the potential value contributions. We use survey data from 77 large multinational firms to assess how much value is generated from formalized strategic foresight practices in these firms. We show that it is possible to capture value through an enhanced capacity to perceive change, an enhanced capacity to interpret and respond to change, influencing other actors, and through an enhanced capacity for organizational learning.
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This paper sets out to demonstrate how the triple-helix model enables us to study the knowledge base of an urban economy in terms of its civil society's support for the evolution of the city as a key component of an innovation system. It argues that cities can be considered as densities in networks among three relevant dynamics: the intellectual capital of universities, the wealth creation of industries, and the democratic government of civil society. It goes on to suggest that these interactions generate dynamic spaces within cities where knowledge can be exploited to bootstrap the technology of regional innovation systems. These dynamic spaces can best be understood as spaces of ubiquitous information and communication technologies (ICT) where knowledge is key to regional innovation systems, creating the notion of “smart cities.”
Conference Paper
Many cities are focused on becoming "smarter". They are exploring the power of information and communication technologies (ICTs) to become more efficient, effective, transparent, accountable and sustainable. However, there has not been a systematic effort to understand such city-level initiatives and the role they play in making cities smarter. A new global research partnership, Smart Cities and Smart Governments: A Research Practice Consortium, has been formed around an international network of researchers interested in theoretical and practical issues related to smart cities and smart governments. This workshop will offer an opportunity to learn about smart cities and smart government initiatives world-wide as well as to explore emerging concepts and frameworks being used by Consortium members. The workshop will also provide the opportunity to share related knowledge and experiences among all participants.