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DOI: https://dx.doi.org/10.1590/0102.3772e37217
Psicologia: Teoria e Pesquisa
2021, v.37, e37
* E-mail: dmmalavazzi@gmail.com
Submetido: 07/02/2019; Revisado: 13/05/2020; Aceito: 04/06/2020
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CiênCias do Comportamento
Interpretação: Um Objetivo e um Método da Ciência de B. F. Skinner
Dante Marino Malavazzi* & Nilza Micheletto
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
RESUMO – Este artigo tem por finalidade geral apresentar a visão de Skinner sobre a interpretação, seja como objetivo ou
como método. Além disso, tem como propósitos específicos (a) definir a interpretação, conforme Skinner, (b) apontar quando
e como o autor defende a sua realização, (c) relacionar a interpretação a outros objetivos e métodos propostos por Skinner
e (d) indicar contribuições e limites da interpretação, segundo o autor. Para isso, examinamos 35 textos de Skinner ligados
ao assunto, publicados entre 1931 e 1990. Seja como objetivo ou como método, mostramos que a interpretação oferece
contribuições teóricas, metodológicas e tecnológicas à ciência de Skinner, ainda que ela apresente limites relacionados à
sua natureza inferencial e especulativa, bem como ao seu caráter plausível e, às vezes, temporário.
PALAVRAS-CHAVE: interpretação, Análise do Comportamento, B. F. Skinner
Interpretation: An Aim and a Method of B. F. Skinner’s Science
ABSTRACT – This paper has the general purpose of presenting Skinner’s vision of interpretation, both as aim and method.
Besides, it has as specific purposes (a) to define interpretation, according to Skinner; (b) to indicate when and how the author
defends its accomplishment; (c) to relate interpretation with other aims and methods proposed by Skinner; (d) to indicate
contributions and limits of interpretation, according to the author. In this regard, we examined 35 texts of Skinner related
to the subject, published between 1931 and 1990. Both as aim and method, we show that interpretation offers theoretical,
methodological, and technological contributions to Skinner’s science, although it presents limits related to its inferential
and speculative nature, as well as to its plausible and sometimes temporary format.
KEYWORDS: interpretation, Behavior Analysis, B. F. Skinner
Ao contrário do que se imagina, a ciência proposta por
B. F. Skinner não tem como únicos objetivos a previsão e
o controle do comportamento humano. Da mesma forma,
ela não adota como único método a análise experimental.
Nessa linha, algumas revisões da literatura indicam
diferentes objetivos e métodos nessa ciência (e.g., Baum,
2011; Donahoe, 1998; Holland, 1992; Moore, 2011), dentre
eles a interpretação. Em particular, a interpretação ora
é apontada como objetivo (Hayes &Brownstein, 1986),
ora é indicada como método (Andery, 2010). Apesar de
Skinner ter dedicado boa parte de sua obra à interpretação,
esta é uma atividade pouco explorada pelos analistas do
comportamento. Assim, vale perguntar: a interpretação
é um objetivo e/ou um método dessa ciência? Se for um
objetivo, ela é equivalente ou secundária a outros objetivos?
Se for um método, ela é equiparável ou subordinada à
análise experimental? Ainda, o que signica interpretar
nessa ciência?
Hayes considerou, em 2010, a interpretação um método.
Para o autor, ela é um meio de atingir os ns principais da
análise do comportamento: a previsão e o controle. Já Morris
(1992) inclui a interpretação entre os objetivos dessa ciência,
atribuindo-lhe o mesmo valor da previsão e do controle.
Segundo o autor, os diferentes objetivos representam formas
de compreensão do objeto de estudo. Logo, compreende-se
um comportamento quando é possível prevê-lo, controlá-lo
ou interpretá-lo. Na mesma direção, Donahoe e Palmer
(1989) denem a interpretação como o uso de princípios
formulados por meio de análise experimental para explicar
fenômenos complexos. Os autores defendem a sua realização
quando os pré-requisitos da análise experimental (e.g.,
observação, mensuração e manipulação) não são possíveis
ao investigar o objeto de estudo. Contudo, Palmer e Donahoe
(1991) não consideram a interpretação secundária em relação
à análise experimental. Esta, na verdade, estaria a serviço
daquela. De acordo com eles, uma interpretação adequada
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DM Malavazzi & N Micheletto
respeita o escopo destinado a ela (e.g., comportamentos
passados e privados), bem como os conceitos formulados
no laboratório. “Engajamo-nos em análise experimental
para podermos interpretar o mundo. Nossa compreensão
da natureza seria frágil, na verdade, se fosse limitada aos
fenômenos analisados experimentalmente. A maior parte da
nossa compreensão cientíca do mundo é interpretação”,
ressaltam (p. 125).
Donahoe (2004) acrescenta que a interpretação aponta
novos rumos à pesquisa básica e aplicada. Segundo o autor,
quando os princípios se mostram insucientes para explicar
o objeto de estudo, realizam-se outras análises experimentais
de fenômenos mais simples, tanto para completar a
caracterização dos princípios quanto para formular novos
conceitos. A esse respeito, Palmer (2011) destaca que a
interpretação não revela a verdade sobre um fenômeno,
mas permite compreendê-lo com base nos princípios
disponíveis. Trata-se de uma prática comum na ciência, útil
para solucionar problemas humanos. Em síntese, arma: “A
prática em uma ciência normativa, quando deparada com
fenômenos não sujeitos à análise experimental, é se engajar
em interpretação cientíca, isto é, oferecer explicações
plausíveis que apelam apenas a princípios ou a observações
estabelecidas em laboratório” (p. 206).
Dito isso, cabe perguntar: quais são as contribuições
e os limites da interpretação na ciência de Skinner? Além
disso, quando e como se deve interpretar? Segundo Palmer
(2009), enquanto a análise experimental é responsável pela
descoberta e pelo renamento de princípios no laboratório,
a interpretação estende tais princípios à vida diária, na qual
a observação, a mensuração e a manipulação de variáveis
raramente são possíveis, práticas ou éticas, mas informações
incompletas estão disponíveis. O autor, entretanto, aponta
seus limites:
Interpretações não nos dizem como a natureza funciona, mas
como ela pode funcionar; elas são apenas cenários plausíveis,
não fatos sobre o mundo. Interpretações são apenas a extensão
de princípios estabelecidos para domínios além do laboratório
e não podem descobrir nada de novo. Consequentemente,
elas não devem avançar quando estudo empírico é possível.
Interpretação deve ser reservada apenas para aqueles
fenômenos cujo controle experimental não é prático, ético ou
possível. (pp. 14-15).
Considerando a relevância do tema e o número limitado
de trabalhos dedicados a ele, este artigo tem por nalidade
geral apresentar a visão de Skinner sobre a interpretação,
seja como objetivo ou como método. Além disso, tem como
propósitos especícos: (a) denir a interpretação, conforme
o autor; (b) apontar quando e como Skinner defende a sua
realização; (c) relacionar a interpretação a outros objetivos
e métodos propostos pelo autor; (d) indicar contribuições e
limites da interpretação, segundo Skinner.
O fato é que a análise do comportamento envolve um
domínio teórico. Esse domínio não se opõe à pesquisa
experimental (básica ou aplicada). Pelo contrário, baseia-
se nela e a estende a outros fenômenos. Como ressalta
Leigland (2010), a pesquisa teórica (como esta) contribui
para o desenvolvimento de uma ciência por meio da revisão
crítica de suas práticas. Com este artigo, esperamos colaborar
nessa direção. Destacar a importância da interpretação
na obra de Skinner é uma forma de esclarecer eventuais
mal-entendidos sobre sua ciência, bem como uma maneira
de estimular novas pesquisas sobre o tema − uma vez que
o autor apontou em diferentes momentos as contribuições
teóricas, metodológicas e tecnológicas da interpretação à
análise do comportamento.
Como se sabe, a produção bibliográca de Skinner
é vasta. Isso impôs um desao à seleção de textos do
autor ligados aos propósitos deste trabalho. No entanto,
as revisões da literatura citadas anteriormente permitiram
a construção de uma lista de palavras-chave usada para
identicar alguns desses textos. O critério para incluir um
termo na lista foi a recorrência do vocábulo. Dessa forma,
a lista foi composta pelas seguintes palavras: description
(descrição), explanation (explicação), prediction (previsão),
control (controle), interpretation (interpretação), knowledge
(conhecimento), understanding (compreensão), theory
(teoria), concepts (conceitos), principles (princípios), science
(ciência), behavior analysis (análise do comportamento),
experimental analysis (análise experimental), aims
(objetivos) e methods (métodos). Após a construção da
lista, examinamos a compilação de publicações de Skinner
feita por Andery et al. (2004). Adotando a classicação
sugerida pelas autoras, elegemos, como primeiro critério
de inclusão, artigos e capítulos de livro teóricos (e.g.,
históricos, conceituais e interpretativos), dada a natureza
deste trabalho. Assim, excluímos tanto artigos e capítulos
de livro empíricos (e.g., relatos de pesquisa, descrições
de equipamentos e discussões de pesquisas de terceiros)
quanto outros (e.g., resenhas, entrevistas e cartas a editores).
Uma vez pré-selecionados os artigos e os capítulos de livro
teóricos, recorremos à lista de palavras-chave para examinar
detalhadamente cada uma das publicações. Como segundo
critério de inclusão, elegemos a presença de pelo menos uma
das palavras-chave no título, no resumo, nos descritores, nos
subtítulos ou no corpo dos textos pré-selecionados. Para
identicá-las, usamos a ferramenta “Localizar” nos arquivos
digitalizados dos artigos e dos capítulos. Após encontrar ao
menos uma das palavras-chave nos textos pré-selecionados,
lemos os parágrafos correspondentes, a m de vericar a
compatibilidade com o tema deste trabalho. Quando os
parágrafos lidos permitiram responder a pelo menos uma
das questões registradas neste artigo − o que constituiu
o terceiro critério de inclusão −, acrescentamos o texto à
amostra deste trabalho, composta por 35 textos de Skinner,
publicados entre 1931 e 1990.
Aqui, o termo objetivo se refere ao signicado tradicional
de meta, propósito e nalidade (cf. Caldas, 2011). Já o termo
método, conforme sugerido por Andery et al. (1988/2003),
3Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, 2021, v. 37, e37217
Interpretação: Objetivo e Método
alude tanto aos procedimentos (e.g., observação, mensuração
e manipulação) usados pelos cientistas para atingir
certos objetivos (e.g., previsão e controle) quanto aos
pressupostos losócos que embasam uma determinada
ciência (e.g., concepção do objeto de estudo, modelo de
causalidade e critério de validade do conhecimento). Dito
isso, mostraremos como Skinner introduz e desenvolve a
interpretação ao longo dos anos.
Inicialmente, a ciência de Skinner (1931/1999) tem como
objetivo a descrição do comportamento. A descrição não se
limita à ação; ela inclui a relação funcional entre estímulos
do ambiente e respostas do organismo. Segundo o autor,
esse tipo de descrição é sinônimo de explicação. Trata-se
de uma noção herdada do lósofo Ernst Mach (1838-1916).
Para explicar o objeto de estudo, Skinner defende a
elaboração de novos conceitos ou a redenição de conceitos
antigos. De acordo com ele, isso exige a identicação de
relações funcionais por meio de análise experimental. Esta
inclui procedimentos como a manipulação de variáveis
independentes, a observação e a mensuração de eventuais
efeitos sobre a variável dependente. Em The Behavior of
Organisms, Skinner (1938/1991c) arma que a análise
do comportamento deve ultrapassar a identificação de
regularidades. Ela precisa oferecer uma descrição simples e
econômica do objeto de estudo, isto é, com o menor número
possível de conceitos.
Além da explicação do comportamento, a ciência de
Skinner (1938/1991a) tem como objetivos a previsão e o
controle. Os três objetivos estão relacionados, uma vez que
(a) a previsão exige a identicação de relações funcionais e
(b) o controle requer a manipulação das variáveis das quais
o comportamento é função. Para Skinner (1938/1991b),
a identicação das variáveis relevantes – alcançada via
análise experimental – permite a previsão e orienta o
controle. Ao nal do livro, o autor diz que praticamente
não extrapolou os dados obtidos com organismos mais
simples, no laboratório, para o comportamento humano, na
vida diária. Ainda assim, faz uma ressalva: “A importância
de uma ciência do comportamento resulta largamente da
possibilidade de uma extensão nal a assuntos humanos” (p.
441). Tal extensão, como cará mais claro adiante, refere-
se à interpretaçãodo comportamento – seja no âmbito da
produção de conhecimento (e.g., formulação de uma teoria),
seja no contexto da aplicação tecnológica (e.g., solução de
problemas cotidianos).
No âmbito da produção de conhecimento, Skinner
(1945/1999) rejeita a verdade por consenso entre
observadores. Contrapondo-se aos operacionistas, o autor
arma que um conceito válido permite ao cientista agir de
maneira ecaz sobre o objeto de estudo (e.g., previsão e
controle). Segundo ele, os sistemas psicológicos que baseiam
a elaboração de conceitos em relatos de eventos privados
apresentam limites. Para Skinner, “qualquer tentativa do
orador de falar consigo mesmo sobre o seu mundo privado
(como no sistema psicológico) está repleta de autoengano”
(p. 337). Afinal, como ensinar um indivíduo a emitir
respostas verbais sob controle de estímulos privados, uma
vez que a privacidade diculta o reforçamento diferencial
daquelas respostas por parte da comunidade verbal? O autor
indica algumas possibilidades. Aqui, destacaremos apenas
a inferência de estímulos privados, com base em respostas
públicas correlatas. Acreditamos que esse procedimento,
adotado pela comunidade verbal, é suciente para ilustrar
como a interpretação– enquanto método de inferência de
relações funcionais entre eventos públicos e privados –
contribui para a produção de (auto)conhecimento. Neste caso,
a interpretação favorece o aprendizado de comportamento
verbal sob controle de estímulos privados. Contudo, Skinner
aponta um limite desse método: “A inferência não é sempre
correta, e a acurácia da referência é novamente limitada pelo
grau de associação [entre o estímulo privado e a resposta
pública correlata]” (p. 421). Assim, conclui: “É, portanto,
impossível estabelecer um vocabulário cientíco rigoroso
para uso público, tampouco o falante pode claramente
‘conhecer-se’ no sentido em que conhecer identica-se com
comportar-se discriminativamente” (p. 422).
Somando-se à explicação, à previsão e ao controle,
outro objetivo da ciência de Skinner (1947/1999) é a
compreensão. Segundo o autor, a compreensão talvez
seja sinônimo de explicação, já que exige descobrir como
o comportamento se relaciona com outros eventos. Em
especial, requer a demonstração de relações funcionais.
Essas relações, observa Skinner, representam os fatos
da ciência. “Todavia, o catálogo de relações funcionais
não é suficiente” (p. 301) à compreensão. Esta exige
ultrapassá-los e construir uma teoria. Para o autor, tal
construção cabe principalmente à análise experimental,
envolvendo três etapas: (1) identicar o dado básico; (2)
formular leis, isto é, relações entre dados que alcançam
generalidade; e (3) renar conceitos “derivados” das leis
sobre o comportamento individual. Baseada em fatos, uma
teoria não se limita a eles; transcende-os. “Uma teoria é
essencial à compreensão cientíca do comportamento como
objeto de estudo”, destaca (p. 348). Ao organizar, articular
e transcender os fatos descobertos experimentalmente, a
interpretação colabora para o desenvolvimento de uma
teoria do comportamento e a compreensão do objeto
de estudo para além dos limites impostos pelo método
experimental, como a necessidade de observação,
mensuração e manipulação. Nesse sentido, conforme será
aprofundado à frente, análise experimental e interpretação
se complementam enquanto métodos da ciência de Skinner,
voltados não apenas aos objetivos práticos (i.e., previsão
e controle), mas também aos propósitos teóricos (e.g.,
explicação ou compreensão).
Assim como a interpretação, a previsão e o controle se
relacionam com uma teoria do comportamento. A respeito
do tema, Skinner (1951/1999) avalia:
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DM Malavazzi & N Micheletto
Quando estendemos uma análise experimental a assuntos
humanos em geral, é uma grande vantagem ter um sistema
conceitual que se refere ao indivíduo singular, preferencialmente
sem comparação com um grupo. Uma aplicação mais direta à
previsão e ao controle do indivíduo é assim alcançada. (p. 105)
Segundo Skinner (1951/1999), os resultados observados
no laboratório podem ser extrapolados para fora dele, tanto
para ns teóricos (e.g., explicação ou compreensão) quanto
para metas práticas (e.g., previsão e controle). A propósito,
diz:
O que transferimos dos nossos experimentos para um mundo
casual no qual quanticação satisfatória é impossível é o
conhecimento de que certos processos básicos existem, são
ordenados e provavelmente explicam os fatos desagradáveis e
caóticos com que deparamos. O ganho em efetividade prática
derivado de tal transferência de conhecimento deve ser, como
as ciências físicas mostram, enorme. (pp. 106-107).
Estender resultados do laboratório à vida diária ou
transferir conhecimento de processos básicos ao mundo
geral é interpretar. Esta atividade oferece contribuições
metodológicas (Skinner, 1945/1999), teóricas (Skinner,
1947/1999) e tecnológicas (Skinner, 1951/1999). No
entanto, a interpretação enfrenta objeções. Há quem
questione a extensão dos achados experimentais a situações
mais complexas. Embora reconheça a diferença entre o
laboratório e a vida diária, Skinner (1953/1965a) defende
tal extensão. Ao mesmo tempo, o autor admite os limites
de sua ciência ao explicar fatos passados. Nesses casos, a
impossibilidade de realizar análise experimental permite
apenas “suposições plausíveis” (Skinner, 1953/1965b, p.
40), isto é, interpretações sobre as variáveis de controle. Para
ele, um exemplo disso é a prática clínica. Na ausência de
informações adequadas sobre a história genética e ambiental
do cliente, o terapeuta interpreta seu comportamento com
as informações atualmente disponíveis.
Portanto, para Skinner (1953/1965b), a interpretação é
uma suposição plausível. Ela não constitui um fato, pois
informações adicionais são necessárias para conrmá-la.
Ainda assim, será válida se promover uma ação ecaz do
cientista com o objeto de estudo. Ou, no caso da prática
clínica, se favorecer uma ação ecaz do cliente na vida
diária. Nesta situação, a interpretação mediará a relação entre
análise experimental e aplicação tecnológica. Paralelamente,
a interpretação envolverá a inferência sobre os processos
de variação e seleção nos três níveis de determinação (i.e.,
logênese, ontogênese e cultura), dado que fatos ocorridos
no passado não são passíveis de observação, mensuração
e manipulação (Skinner, 1953/1965a). Conforme o autor
desenvolve o modelo de seleção por consequências, a
análise experimental cada vez mais se unirá à interpretação
enquanto métodos voltados à explicação e à intervenção
sobre o objeto de estudo.
Outro objetivo desta ciência é o conhecimento do objeto
de estudo. Há dois tipos de comportamento denominados
conhecimento. Um deles resulta da exposição direta
às contingências de reforçamento. O outro decorre da
formulação de regras, isto é, descrições de contingências.
No livro Verbal Behavior, Skinner (1957/1992) é claro
a esse respeito: quanto mais próximo de um tato for o
comportamento verbal do cientista, melhor. A propósito,
arma:
A teoria da evolução não pode ser conrmada por um conjunto
de tatos aos reais eventos ocorridos em um passado remoto,
mas um único conjunto de respostas verbais que aparentam
ser tatos daqueles eventos se torna mais plausível – é
fortalecido – por diversos tipos de construção baseados em
respostas verbais na geologia, paleontologia, genética, entre
outros. Apenas um evento atual da mesma natureza (por
exemplo, o surgimento ou a produção de uma nova espécie
sob circunstâncias apropriadas) geraria um tato de mesma
forma e converteria a teoria em um fato naquele sentido.
(pp. 426-427)
A teoria da evolução é uma interpretação, e não um
fato. Parafraseando Skinner (1957/1992), quanto mais
próxima de um tato for uma interpretação – entendida como
uma armação plausível sobre relações funcionais entre
estímulos do ambiente passado e respostas do organismo
à época –, melhor. Ou, quanto mais próxima de um fato
for uma interpretação – entendida como a inferência
sobre processos de variação e seleção nos três níveis de
determinação –, maior a probabilidade de contribuir para
uma ação ecaz. Se promover tal ação, a interpretação será
válida. Nesse sentido, colaborará para o desenvolvimento
teórico (e.g., explicação, compreensão ou conhecimento) e
para a aplicação tecnológica (e.g., previsão e controle) da
análise do comportamento.
Enquanto armação plausível e, às vezes, temporária,
a interpretação representa uma parte do comportamento
verbal do cientista. Tal comportamento é modelado por
uma comunidade especíca, responsável por aprimorar
o controle de estímulos das armações feitas por seus
membros. Segundo Skinner (1957/1992), a comunidade
cientíca pune ou coloca em extinção eventuais guras
de linguagem, mas tolera certas “extensões genéricas” (p.
419). Ao mesmo tempo, incentiva o uso de autoclíticos
para revelar a natureza do controle de estímulos não verbal
(p. 420) ou verbal (p. 422) das armações. Isso porque os
cientistas descrevem contingências com base (a) na própria
experiência com o objeto de estudo (e.g., modelagem pelas
contingências) e (b) na experiência de outros cientistas
com seus objetos de estudo (e.g., controle por regras). No
entanto, qualquer armação cientíca (e.g., interpretação)
requer conrmações, sobretudo “quando resposta [verbal]
emergente nunca foi possuída como um tato ou como um
intraverbal” (Skinner, 1957/1992, p. 426).
5Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, 2021, v. 37, e37217
Interpretação: Objetivo e Método
Tanto no laboratório quanto na vida diária, a interpretação
do objeto de estudo tem origem na análise experimental do
comportamento não humano. Relacionando-a a outros
objetivos, Skinner (1958/1999) arma:
Além da previsão e do controle possíveis graças à pesquisa
[experimental] recente sobre reforçamento está o campo
mais amplo da interpretação. É um tipo de interpretação tão
intimamente ligado à previsão e ao controle que ação positiva
e bem-sucedida frequentemente está ao alcance. (pp. 173-174)
Entretanto, Skinner (1958/1999) adverte: “O paralelo
entre as contingências atualmente estudadas no laboratório e
aquelas da vida diária requer atenção – e medidas corretivas”
(p. 171). De acordo com o autor, em qualquer situação social,
é necessário descobrir quem está reforçando quem, com o
que e com qual efeito.
No livro The Analysis of Behavior: A Program for
Self-Instruction, Holland e Skinner (1961) destacam três
metas desta ciência: “Uma ciência do comportamento tem
como seu objetivo a previsão, o controle e a interpretação
do comportamento dos organismos vivos” (p. 279). A
relação entre os objetivos explicita-se na seguinte armação:
“Conhecendo-se um conjunto de condições, podemos prever
o comportamento; manipulando um conjunto de condições,
podemos controlar o comportamento; conhecendo-se um
efeito, é possível que sejamos capazes de o interpretar em
relação a suas causas” (p. 276).
Para Holland e Skinner (1961), os três objetivos
citados – previsão, controle e interpretação – associam-se
à explicação. Isso porque, avaliam, “um fenômeno está
explicado cienticamente quando podemos formular as
maneiras de prevê-lo, controlá-lo ou interpretá-lo” (p. 280).
Sobre a interpretação, em particular, os autores esclarecem:
“Quando mostramos que uma relação estabelecida
[experimentalmente] entre o comportamento e um dado
conjunto de condições pode ser exemplicada em um caso
particular, estamos interpretando” (p. 279). Conforme
Skinner (1966/1969a), perguntas, suposições plausíveis
e armações provisórias (i.e., interpretações) marcam a
investigação do cientista. Sobre a diferença em relação às
hipóteses do método dedutivo, o autor anota:
Em acréscimo à manipulação sistemática de contingências, a
interpretação de assuntos humanos é uma rica fonte de sugestões
para experimentos. As condições detectadas em algum episódio
da vida diária realmente produzem os efeitos observados quando
controladas de forma mais cuidadosa? Pode-se demonstrar
que uma certa história de reforçamento é responsável por uma
performance atual? Quais mudanças nas contingências terão
resultados diferentes e possivelmente mais aceitáveis? As
suposições e palpites com que o experimentador prossegue para
responder a questões desse tipo não são as hipóteses formais
do método cientíco; são apenas armações provisórias para
as quais suporte adicional é buscado. (pp. 82-83)
Ao mesmo tempo, Skinner (1966/1969a) alerta: “O uso
de conceitos e leis derivadas de uma análise experimental
na interpretação da vida diária também é uma fonte de
mal-entendidos” (p. 100). Segundo o autor, o objetivo da
interpretação é “oferecer uma explicação plausível de fatos
que não estão sob controle experimental no momento”
(p. 100). Em alguns casos, tal explicação não poderá ser
demonstrada no laboratório. Ainda assim, argumenta,
ela é preferível a alternativas não baseadas em conceitos
derivados da experimentação. A extrapolação de resultados
do laboratório para assuntos humanos, sublinha Skinner,
lança outro olhar sobre o objeto de estudo. Dessa forma,
“extrapolamos de condições relativamente simples para
relativamente complexas, não para conrmar o que alguém
afirma ter visto no caso complexo, mas para começar
pela primeira vez a vê-lo sob uma nova luz” (p. 103).
Comparadas às contingências ontogenéticas, acrescenta
Skinner (1966/1969b), as contingências filogenéticas
dicilmente são submetidas à análise experimental. Anal, o
caráter remoto destas últimas impõe obstáculos aos métodos
experimentais. Não por acaso, o autor rearma: “A seleção
natural de uma determinada forma de comportamento, não
importa quão plausivelmente argumentada, permanece uma
inferência” (p. 181).
Cabe destacar a relação bilateral entre análise
experimental e interpretação. De um lado, a interpretação
do comportamento fora do laboratório se torna possível
graças à prévia formulação de conceitos por meio de análise
experimental. De outro lado, a interpretação do objeto de
estudo na vida diária levanta questões a serem investigadas
no laboratório. Esta contrapartida da interpretação à análise
experimental contribui para o aperfeiçoamento teórico e
renamento metodológico dessa ciência. Observa-se tanto o
movimento do simples (e.g., laboratório, análise experimental
e comportamento não humano) ao complexo (e.g., vida
diária, interpretação e comportamento humano), quanto
o movimento contrário. O intercâmbio entre os métodos
é fundamental para se alcançar os diferentes objetivos da
análise do comportamento. Skinner (1969) também propõe
o uso de conceitos formulados no laboratório para aprimorar
a tecnologia em diversas áreas. Para Skinner, a análise do
comportamento tem por objetivo nal a construção de uma
cultura ecaz. Sobre isso, arma: “A ciência básica sempre
leva, nalmente, a uma tecnologia aprimorada, e uma ciência
do comportamento não é exceção. Ela deve fornecer uma
tecnologia do comportamento adequada à utópica meta
nal: uma cultura ecaz” (p. 22). De fato, as contingências
de reforçamento planejadas pelo cientista no laboratório
são mais simples do que as contingências de reforçamento
existentes na vida diária. Todavia, a análise experimental
no primeiro ambiente orienta a interpretação no segundo.
“É apenas quando analisamos comportamento sob contingências
de reforçamento conhecidas que podemos começar a ver o
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DM Malavazzi & N Micheletto
que está acontecendo na vida diária. Coisas que uma vez
negligenciamos começam então a comandar nossa atenção,
e coisas que uma vez atraíram nossa atenção aprendemos a
descartar ou ignorar.” (Skinner, 1969, p. 10).
Essas colocações de Skinner (1969) sugerem que a análise
experimental no laboratório altera o controle de estímulos na
vida diária. Isso se torna possível, provavelmente, graças ao
conhecimento adquirido (e.g., modelado pelas contingências
e controlado por regras) em um ambiente simplicado.
Fora do laboratório, o cientista interpreta a realidade sob
controle de estímulos cujas propriedades foram salientadas
pela pesquisa básica ou aplicada. A interpretação, por sua
vez, orienta a aplicação tecnológica em inúmeros campos
(e.g., educação e clínica), além de formular questões para a
investigação experimental (Skinner, 1966/1969a).
No livro Beyond Freedom and Dignity, Skinner
(1971/2002) volta a reconhecer as diferenças entre o
laboratório e a vida diária. Para o autor, o primeiro é
mais articial, simples e ordenado. A simplicação das
condições de trabalho, frisa, marca o início de qualquer
ciência experimental. Não é diferente com a análise do
comportamento. Diz ele:
Uma análise do comportamento naturalmente começa com
organismos simples, comportando-se de maneira simples,
em ambientes simples. Quando um grau razoável de ordem
aparece, os arranjos podem se tornar mais complexos.
Avançamos apenas tão rapidamente quanto nosso sucesso
permite, e o progresso geralmente não parece rápido o
suciente (p. 159).
Comportamentos complexos são alvo tanto de análise
experimental quanto de interpretação. Em geral, suas
variáveis de controle se caracterizam por não serem
observáveis, mensuráveis e manipuláveis. Ainda assim,
o cientista especula a seu respeito, utilizando princípios
elaborados via análise experimental. De fato, a análise
experimental permite uma interpretação ecaz do objeto
de estudo. Ao arranjar contingências mais simples e estudar
seus efeitos no laboratório, ela contribui à inferência de
contingências mais complexas na vida diária. A compreensão
alcançada dessa forma orienta, por sua vez, a aplicação
tecnológica. Quanto a isso, Skinner (1971/2002) observa:
“Além da interpretação está a ação prática. As contingências
são acessíveis e, à medida que compreendemos as relações
entre organismo e ambiente, descobrimos novas formas
de alterar o comportamento” (p. 149). A modicação de
comportamento complexo exige, pois, tanto a inferência
quanto a manipulação das variáveis de que ele supostamente
é função.
No livro About Behaviorism, Skinner (1974/1976a)
também defende um avanço gradual do simples ao
complexo. Segundo o autor, isso permite não apenas
reconhecer processos comuns a diferentes espécies, mas
também identicar características exclusivamente humanas.
Skinner (1974/1976b) observa que qualquer informação
sobre a herança genética e a história individual de um
organismo colabora com os objetivos de previsão, controle
e interpretação. No entanto, informações sobre a logênese
e a ontogênese geralmente são inacessíveis, o que diculta
a previsão e o controle. Nesses casos, o cientista atém-se à
interpretação.
Assim como em outras ciências, muitas vezes não temos a
informação necessária para a previsão e o controle e devemos
nos satisfazer com a interpretação, mas nossas interpretações
terão o suporte da previsão e do controle que teriam sido
possíveis sob outras condições. (Skinner, 1974/1976c, p. 194)
Mais uma vez, Skinner (1974/1976a) identica uma
resistência à extrapolação dos resultados do laboratório à
vida diária, onde a previsão e o controle não são alcançáveis
com a mesma precisão. Entretanto, o autor lembra que a
interpretação é uma prática comum. Não representa uma
metaciência. Nas palavras dele:
Obviamente não podemos prever ou controlar o comportamento
humano na vida diária com a precisão obtida no laboratório,
mas ainda assim podemos usar os resultados do laboratório para
interpretar comportamento em outro lugar. Tal interpretação
do comportamento humano na vida diária tem sido criticada
como uma metaciência, mas todas as ciências recorrem a algo
muito parecido com ela (p. 251).
O caráter plausível e (às vezes) temporário da interpretação
representa um de seus limites na análise do comportamento.
Ainda assim, para Skinner (1974/1976d), trata-se de uma
abordagem preferível às explicações mentalistas.
Quando o comportamento humano é observado sob condições
que não podem ser exatamente descritas e quando as histórias
[genética e ambiental] estão fora do alcance, é possível prever
e controlar muito pouco, mas uma abordagem comportamental
é ainda mais útil do que uma mentalista ao interpretar o que
uma pessoa está fazendo ou por que ela se comporta do modo
que se comporta sob tais condições (pp. 230-231).
Assim, Skinner (1974/1976b) ultrapassa os fatos e
especula sobre o comportamento, pois considera essa
atividade indispensável ao desenvolvimento de métodos
responsáveis por aumentar o controle sobre o objeto de
estudo. Diz ele:
Todo campo cientíco apresenta uma fronteira além da qual
a discussão, embora necessária, não pode ser tão precisa
como se gostaria. Um escritor recentemente disse que “mera
especulação que não pode ser submetida ao teste da vericação
experimental não faz parte da ciência”, mas se isso fosse
verdade uma grande parte da astronomia, por exemplo, ou da
física atômica não seria ciência. Especulação é necessária, de
7Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, 2021, v. 37, e37217
Interpretação: Objetivo e Método
fato, para inventar métodos que trarão um objeto de estudo sob
melhor controle. (p. 21)
Segundo Skinner (1974/1976a), o desenvolvimento de
tecnologia muitas vezes inclui um exercício anterior de
interpretação. A esse respeito, o autor avalia:
Aqueles familiarizados com pesquisa de laboratório serão
mais propensos a olhar para coisas importantes e saberão quais
outras coisas perguntar; terão uma melhor compreensão do que
veem. É por isso que podem interpretar mais precisamente
a vida diária. A análise de laboratório torna possível
identicar variáveis relevantes e descartar outras que, embora
possivelmente mais fascinantes, ainda assim têm pouco ou
nada a ver com o comportamento sob observação. Muitos dos
avanços tecnológicos derivados do estudo do comportamento
operante têm se beneciado desse tipo de interpretação. (p. 253)
Embora ressalte a contribuição da interpretação ao
desenvolvimento de tecnologia, Skinner (1974/1976a) faz
uma observação. Para o autor, os princípios derivados da
análise experimental e aplicados à compreensão e à solução
de problemas humanos não apresentam todas as informações
necessárias a casos particulares. A solução de problemas
cotidianos exige aliar o conhecimento dos princípios gerais
às especicidades das situações práticas. Nessa direção,
Skinner (1977/1978a) avalia que as decisões tomadas em
diversos âmbitos seriam mais ecazes se aplicassem os
princípios formulados pela análise do comportamento.
Conforme Skinner (1977/1978b), o objetivo nal de sua
ciência é a transformação do mundo em que as pessoas
vivem, e não de suas “mentes e corações” (p. 112). Avesso
a explicações mentalistas, Skinner (1978) frisa que o
conhecimento dos ambientes logenético e ontogenético
permite explicar o objeto de estudo, colaborando para sua
previsão, seu controle e sua interpretação. Sobre isso, arma:
O erro recai, argumento, na sobrevivência do mentalismo.
Quanto antes abandonarmos explicações do comportamento
em termos de sentimentos e estados da mente, antes devemos
nos voltar às condições genéticas e ambientais das quais o
comportamento é função. O suciente já é sabido sobre essas
condições para assegurar razoável sucesso na interpretação,
na previsão e no controle do comportamento humano. Uma
recusa em levar vantagem do que está ao alcance pode signicar
a diferença entre a sobrevivência e a destruição da nossa
civilização ou até mesmo da espécie. (pp. 94-95)
No texto Selection by Consequences, Skinner (1981/1987)
apresenta integralmente seu modelo de causalidade. O autor
destaca os processos de variação e seleção nos três níveis
de determinação e ressalta a importância da história na
determinação do comportamento. Como já sinalizado,
enquanto o método interpretativo envolve uma inferência
sobre a história do comportamento, o método experimental
inclui a observação, a mensuração e a manipulação
de variáveis de controle no presente. Complexo e
multideterminado, o objeto de estudo exige um intercâmbio
constante entre análise experimental e interpretação, sem o
qual a explicação caria incompleta.
Apesar disso, Skinner (1983/1987) avalia que a
interpretação (a) não foi bem examinada pelos metodologistas
cientícos e (b) foi mal-entendida pelos críticos do campo
operante. Preocupado com a relevância de sua ciência para
os problemas do mundo, o autor crê que as soluções serão
encontradas com a compreensão inicialmente oferecida
pela análise experimental e com a aplicação tecnológica
posteriormente orientada pela interpretação. No capítulo
The Evolution of Behavior, Skinner (1984/1987) interpreta
a evolução dos processos pelos quais o comportamento
mudaria. Trata-se de uma explicação plausível, de natureza
inferencial, e não de fatos demonstrados experimentalmente.
Articulando hipóteses e transcendendo fatos, ele “reconstrói”
o processo evolutivo. Naturalmente, o autor não observou
essa transformação histórica. Ele apenas supôs como as
contingências filogenéticas, ontogenéticas e culturais
teriam evoluído. Graças ao método interpretativo, Skinner
elaborou armações prováveis sobre a multideterminação
do objeto de estudo. Tais armações podem ou não ter um
caráter temporário, sendo conrmadas ou refutadas por
novos achados experimentais. O fato é que elas levantam
questões a serem investigadas no laboratório, assim como os
dados produzidos nesse ambiente modelam novas respostas
verbais dos cientistas.
Referindo-se à análise experimental, Skinner
(1984/1988b) também atesta: “Ela proporcionou termos e
princípios de grande valor prático e, acredito, de igual valor
na interpretação de comportamento humano observado sob
circunstâncias menos favoráveis fora do laboratório” (p.
253). Na mesma linha, Skinner (1984/1988e) arma que há
diversos campos “além da previsão e do controle” (p. 26).
Em seguida, indaga:
Permanecemos em silêncio a respeito deles? Não, interpretamos
observações nesses campos usando o que aprendemos da
pesquisa na qual podemos prever e controlar. A maioria
das pessoas instruídas aceita tais interpretações no lugar de
explicações que chegaram até nós da cultura popular e da
religião. O comportamento humano é um desses campos... (p. 26)
Paralelamente, Skinner (1984/1988a) apresenta uma
denição explícita de interpretação: “Uso de termos e
princípios cientícos ao falar sobre fatos a respeito dos
quais muito pouco é conhecido para tornar a previsão e o
controle possíveis” (p. 207). Novamente, exemplo disso é
a teoria da evolução, vista por Skinner (1984/1988b) como
uma interpretação ecaz.
Tanto quanto estou preocupado, a ciência não estabelece
verdade ou falsidade; ela busca a maneira mais ecaz de
lidar com os objetos de estudo. A teoria da evolução não é
verdadeira ou falsa; ela é a melhor interpretação possível de
uma vasta gama de fatos à luz de princípios que aos poucos
8Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, 2021, v. 37, e37217
DM Malavazzi & N Micheletto
estão se tornando mais conhecidos na genética e em ciências
relacionadas. (p. 241)
Segundo Skinner (1984/1988c), a análise de fenômenos
semelhantes aos da vida diária, realizada no laboratório,
permite explicar comportamentos não suscetíveis à previsão
e ao controle. A esse respeito, o autor arma:
Assim como na astronomia moderna, um laboratório de ciência
do comportamento continuará, acredito, a oferecer a melhor
explicação possível de fatos além do controle experimental
– eventos do mundo em geral no caso do comportamento,
ondas e partículas atingindo a Terra do espaço sideral no caso
da astronomia. A profundidade e a amplitude dos dois campos
dependerão não de aperfeiçoamentos na teoria, mas de sucesso
na análise de fenômenos presumivelmente similares em que
algum grau de previsão e controle seja possível. (p. 468)
Portanto, quando a previsão e o controle não são
possíveis, a análise do comportamento detém-se na
interpretação, isto é, no uso de conceitos e princípios
estabelecidos em situações mais simples para explicar
fenômenos mais complexos. Ao mesmo tempo, sublinha
Skinner (1984/1988d), “o valor heurístico de uma
interpretação deve ser julgado pela qualidade da teoria e da
pesquisa a que ela leva” (p. 307).
Como Skinner (1986/1987) indica no capítulo The
Evolution of Verbal Behavior, “observamos os produtos da
evolução, mas não muito do processo. A maioria da história
ocorreu bastante tempo atrás e pouco permanece dos estágios
iniciais” (p. 75). Em razão disso, admite, “provavelmente
nunca saberemos com precisão o que aconteceu, mas
devemos ser capazes de dizer o que poderia ter acontecido”
(p. 75). Nessa linha, acrescenta, “a plausibilidade de uma
reconstrução depende em parte do tamanho das variações
que se assume terem ocorrido. Quanto menor as variações,
mais plausível a explicação” (p. 76).
Para Skinner (1987), então, a maioria das explicações do
comportamento permanece uma questão de interpretação.
A espécie humana se diferencia das outras por conta
do comportamento verbal, ou seja, ela não apenas
responde a contingências de reforçamento, mas também
as descreve. Assim, tanto no laboratório quanto na vida
diária, o comportamento humano deve ser visto como um
produto das contingências de reforçamento prevalentes e
do que as pessoas falam sobre elas. Entretanto, o que as
pessoas dizem aos outros e a si mesmas resulta de uma
história pessoal fora de alcance. Por esse motivo, o autor
argumenta:
Por um longo tempo, o comportamento humano provavelmente
permanecerá um objeto para interpretação em vez de [um
objeto] para previsão e controle. Em razão disso, podemos ver
a importância de uma ciência que estuda o comportamento de
organismos cujos processos comportamentais básicos estão
livres de complicações verbais – isto é, espécies não verbais
ou participantes humanos que não adquiriram comportamento
verbal extensivo. (p. 10)
Ainda conforme Skinner (1987/1989), a interpretação é
uma prática legítima.
Os astrônomos interpretam as ondas e as partículas que
atingem a Terra, provenientes do espaço exterior, através do
que aprenderam sob condições controláveis do laboratório –
como, por exemplo, na física de alta energia. De modo similar,
utilizamos o que aprendemos com a análise experimental
para explicar comportamentos que, ao menos por enquanto,
não podemos colocar sob controle experimental, como, por
exemplo, o comportamento encoberto ou o comportamento
observado casualmente na vida diária. (p. 63)
Em seu último texto, Skinner (1990/1999) rearma os
três níveis de determinação do comportamento, atribuindo
ao modelo de seleção por consequências a explicação do
objeto de estudo. Ao mesmo tempo, o autor sinaliza que
a interpretação representa um objetivo complementar à
previsão e ao controle, assim como um método suplementar
à análise experimental, constituindo uma atividade
fundamental na análise do comportamento.
DISCUSSÃO
A exemplo da revisão da literatura citada no início deste
artigo (e.g., Baum, 2011; Donahoe, 1998; Holland, 1992;
Moore, 2011), a leitura de 35 textos de Skinner permitiu
identificar diferentes objetivos e métodos na ciência
proposta pelo autor. A seguir, indicamos alguns textos em
que Skinner aponta os diferentes objetivos. Os exemplos
não são exaustivos. Eles apenas ilustram, entre parênteses,
momentos em que o autor se referiu aos diferentes propósitos
de sua ciência: a descrição, explicação ou compreensão (e.g.,
Skinner, 1931/1999, 1947/1999, 1981/1987), a previsão
(e.g., 1938/1991a), o controle (e.g., Skinner, 1938/1991b),
a interpretação (e.g., Holland & Skinner, 1961) e o
conhecimento (e.g., Skinner, 1957/1992).
Enquanto objetivo da análise do comportamento, a
interpretação apresentou um status equivalente ao dos
demais objetivos (e.g., Morris, 1992; Skinner, 1958/1999),
estabelecendo com eles uma relação de complementaridade
(e.g., Skinner, 1990/1999). Denida por Skinner (1966/1969a,
1974/1976d) como uma explicação plausível e (às vezes)
temporária, a interpretação costuma ser realizada quando
9Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, 2021, v. 37, e37217
Interpretação: Objetivo e Método
a previsão e o controle do objeto de estudo (ainda) não são
possíveis (Donahoe & Palmer, 1989; Palmer, 2009, 2011;
Skinner, 1974/1976c, 1984/1988e, 1987/1989). Apesar
da natureza inferencial e especulativa, a interpretação não
constitui especulação irrestrita, uma vez que se baseia nas
leis, conceitos e princípios derivados da análise experimental
(e.g., Skinner, 1966/1969b, 1984/1988b, 1986/1987).
Trata-se de uma parte do conhecimento cientíco (Skinner,
1957/1992). Isso porque o conhecimento produzido na análise
do comportamento é tanto experimental quanto interpretativo
(e.g., Skinner, 1947/1999, 1984/1987). Juntos, os diferentes
objetivos desta ciência convergem para uma meta maior: o
desenvolvimento de uma cultura ecaz, por meio da aplicação
tecnológica dos princípios descobertos no laboratório (Palmer,
2011; Skinner, 1969, 1977/1978a, 1977/1978b).
Quanto aos métodos da ciência de Skinner, a leitura de
35 textos do autor revelou destaque tanto para a análise
experimental (e.g., Skinner, 1931/1999) quanto para a
interpretação (e.g., Skinner, 1945/1999, 1957/1992).
Geralmente realizada no laboratório com organismos não
humanos, a análise experimental visa à identicação e
à demonstração de relações funcionais, a m de prever
e controlar o objeto de estudo, aplicando-se sobretudo a
comportamentos públicos, mais simples e necessariamente
presentes (Palmer, 2009; Skinner, 1938/1991a, 1938/1991b).
Para isso, exige a manipulação de variáveis independentes,
a observação e a mensuração de eventuais efeitos sobre
a variável dependente. Este método se destaca pelo fato
de o comportamento de um organismo ser comparado
ao comportamento do próprio organismo em diferentes
condições experimentais. Dessa forma, opõe-se à tradicional
comparação entre um grupo controle e um grupo experimental,
por meio de testes estatísticos (Skinner, 1951/1999). Graças
à análise experimental, é possível formular indutivamente
as leis, conceitos e princípios que compõem uma teoria do
comportamento (Skinner, 1938/1991a, 1938/1991b). Já
o método interpretativo possibilita o desenvolvimento do
conhecimento cientíco para além dos limites impostos pela
análise experimental, sendo fundamental para a investigação
de comportamentos passados, privados e mais complexos
(e.g., Donahoe & Palmer, 1991; Skinner, 1945/1999,
1953/1965b, 1987). Aplicado no laboratório e na vida diária,
ele envolve a inferência de relações funcionais, a suposição
de variáveis de controle e a especulação sobre processos
de variação e seleção nos três níveis de determinação (e.g.,
Skinner, 1957/1992, 1966/1969a, 1966/1969b). Enquanto
método, a interpretação tende a ser adotada quando a análise
experimental (ainda) não é possível (e.g., Palmer, 2011;
Skinner, 1987/1989).
Na ciência de Skinner, destaca-se o intercâmbio entre
os métodos. Afinal, como indicado anteriormente, a
interpretação exigiu a formulação prévia de leis, conceitos e
princípios derivado de análise experimental. Nesse sentido,
ela foi subordinada à primeira. Por outro lado, a interpretação
indicou novos rumos à análise experimental. Neste caso,
ela a subordinou (Donahoe, 2004; Skinner, 1966/1969a,
1974/1976b). Não se trata, pois, de uma via unilateral ou
de um caminho percorrido apenas do simples ao complexo,
da experimentação à interpretação, do laboratório à vida
diária (cf. Skinner, 1974/1976a). Trata-se, sim, de uma
relação bilateral (e.g., Skinner, 1981/1987). O fato é que
algumas relações funcionais inferidas via interpretação
serão demonstradas ou verificadas experimentalmente,
conforme as técnicas do laboratório se aperfeiçoarem.
Nesses casos, a interpretação terá uma função temporária.
Outras relações talvez nunca sejam demonstradas ou
verificadas experimentalmente – seja por envolverem
aspectos históricos, seja por não permitirem a observação,
a mensuração ou a manipulação de variáveis. Nesses casos,
a interpretação será primordial (Palmer & Donahoe, 1991;
Skinner, 1953/1965a, 1953/1965b). De fato, a relação
complementar entre os métodos se torna indispensável.
Até porque, como o próprio Skinner (1966/1969a) admitiu,
a ciência não é um processo estritamente ordenado em
que apenas um experimento leva a outro, mas também no
qual suposições plausíveis e armações provisórias (i.e.,
interpretações) orientam a busca de dados adicionais.
CONTRIBUIÇÕES E LIMITES
Seja como objetivo ou como método, a interpretação
ofereceu contribuições teóricas, metodológicas e tecnológicas
à ciência de Skinner. Do ponto de vista teórico, ela foi
responsável pela organização, articulação e extrapolação
dos fatos descobertos experimentalmente, ampliando o
conhecimento cientíco e permitindo uma compreensão
do comportamento na vida diária (Skinner, 1947/1999).
Já no laboratório, enquanto suposição plausível sobre as
variáveis de controle, a interpretação orientou a manipulação
experimental. Esta, por sua vez, buscou demonstrar
a plausibilidade das relações funcionais supostas via
interpretação (Skinner, 1957/1992). Assim, coube à análise
experimental conrmar ou não a natureza temporária das
interpretações feitas pelos cientistas (Skinner, 1966/1969a).
Se as interpretações promoviam uma ação eficaz, elas
eram consideradas válidas. Graças ao intercâmbio entre
os métodos, houve um aperfeiçoamento da teoria do
comportamento (Skinner, 1984/1987). Nessa linha, a
interpretação também ofereceu contribuições metodológicas
à ciência de Skinner. Isso ocorreu de diferentes formas: (a)
ao inferir estímulos privados ao examinar o comportamento,
superando limites metodológicos na denição do objeto de
estudo (Skinner, 1945/1999); (b) ao especular sobre processos
de variação e seleção nos três níveis de determinação,
10 Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, 2021, v. 37, e37217
DM Malavazzi & N Micheletto
suplementando a explicação via análise experimental
(Skinner, 1953/1965b, 1966/1969b); (c) ao constituir fonte
de sugestões para novos experimentos (Skinner, 1966/1969a);
(d) ao estimular o desenvolvimento de procedimentos
responsáveis por aumentar o controle sobre o objeto de
estudo (Skinner, 1974/1976b). Dessa forma, a interpretação
ainda proporcionou contribuições tecnológicas à ciência de
Skinner. Ao extrapolar os dados obtidos no laboratório, com
organismos mais simples, para o comportamento humano,
na vida diária, ela estabeleceu uma ponte entre análise
experimental e aplicação tecnológica (Skinner, 1969). Essa
transferência de conhecimento sobre processos básicos
ao mundo facilitou a previsão e orientou o controle do
objeto de estudo (e.g., Hayes, 2010; Skinner, 1951/1999).
Movendo-se do simples ao complexo, do comportamento
não humano ao comportamento humano, do laboratório
à vida diária, a interpretação colaborou à solução de
problemas em diferentes áreas, aprimorando uma tecnologia
do comportamento (Palmer, 2011; Skinner, 1974/1976a,
1977/1978a). Retornando do complexo ao simples, do
comportamento humano ao não humano, da vida diária
à análise experimental, a interpretação também expôs ao
laboratório os desaos da realidade externa, onde a previsão
e o controle requerem o constante aperfeiçoamento teórico e
metodológico desta ciência (Skinner, 1984/1988d). Em suma,
ao intermediar a relação bilateral entre análise experimental
e aplicação tecnológica, a interpretação fomentou uma ação
ecaz do analista do comportamento, tanto no laboratório
quanto na vida diária (Skinner, 1958/1999).
Por outro lado, é necessário reconhecer, a interpretação
também apresentou limites na ciência de Skinner. Por
constituir uma explicação plausível e às vezes temporária, de
natureza inferencial e especulativa, ela pode ser equivocada
(Skinner, 1945/1999). Anal, não traduz os fatos, sendo
apenas uma versão provável (Skinner, 1953/1965b). Nesse
sentido, a interpretação não é responsável por descobertas,
mas por especulações baseadas em dados do laboratório
(Palmer, 2009, 2011). Por mais plausíveis que sejam, tais
especulações ainda exigem conrmações experimentais
(Skinner, 1974/1976d). Aliás, Skinner (1986/1987) foi claro
a esse respeito, ao armar que as interpretações não dizem
como os fatos ocorreram, mas como poderiam ter ocorrido.
Ainda assim, cumpre lembrar, o valor de uma interpretação
está na possibilidade de gerar uma ação ecaz sobre os
problemas do mundo, e não em sua verdade (Skinner,
1984/1988b).
Fonte de objeções e de mal-entendidos, a interpretação
cumpre uma importante função na ciência de Skinner.
Trata-se de um objetivo complementar à previsão e ao
controle, assim como de um método suplementar à análise
experimental, oferecendo uma valiosa contribuição à análise
do comportamento (Skinner, 1990/1999).
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