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Do perigo em se criar heróis: a desumanização dos profissionais da Saúde em meio à pandemia

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Abstract

p class="normal">Em meio à pandemia gerada pela COVID-19 (Coronavirus Disease 2019), o cuidado direto às pessoas acometidas por esta doença é prestado por profissionais da saúde nos diferentes serviços. Enfermeiros, técnicos, médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais são algumas das categorias que desenvolvem serviços essenciais e, por isso, estão expostas diariamente ao risco de contaminação. Em meio ao caos, medos e incertezas gerados por esta emergência sanitária, esses profissionais acabaram assumindo publicamente o papel de super-heróis, reforçado pela grande mídia, desconsiderando seu processo formativo e sua ética profissional. Este artigo objetiva refletir sobre esse processo de heroificação vivenciado pelos profissionais da saúde, seus propósitos e consequências.</p
Suiane Costa Ferreira
Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
sucacosta02@gmail.com
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons
Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
DO PERIGO EM SE CRIAR HERÓIS: A
DESUMANIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS
DA SAÚDE EM MEIO À PANDEMIA
RESUMO
Em meio à pandemia gerada pela COVID-19 (Coronavirus Disease 2019), o cuidado
direto às pessoas acometidas por esta doença é prestado por profissionais da saúde
nos diferentes serviços. Enfermeiros, técnicos, médicos, nutricionistas, fisioterapeutas,
psicólogos e assistentes sociais são algumas das categorias que desenvolvem serviços
essenciais e, por isso, estão expostas diariamente ao risco de contaminação. Em meio
ao caos, medos e incertezas gerados por esta emergência sanitária, esses profissionais
acabaram assumindo publicamente o papel de super-heróis, reforçado pela grande
mídia, desconsiderando seu processo formativo e sua ética profissional. Desse modo,
este artigo objetiva refletir sobre esse processo de heroificação vivenciado pelos
profissionais da saúde durante a pandemia e suas consequências na formação
profissional e no cuidado em saúde.
Palavras-chave: Super-herói. Profissionais da saúde. Pandemia. Desumanização.
THE DANGER OF CREATING HEROES: THE
DEHUMANISATION OF HEALTH
PROFESSIONALS IN THE MIDST OF THE
PANDEMIC
ABSTRACT
In the midst of the pandemic generated by COVID-19 (Coronavirus Disease 2019),
direct care for people affected by this disease is provided by health professionals in
different services. Nurses, nursing technicians, doctors, nutritionists, physiotherapists,
psychologists and social workers are some of the categories that carry out essential
services and, therefore, are daily exposed to the risk of contamination. Amid the
chaos, fears and uncertainties generated by this health emergency, these professionals
ended up publicly assuming the role of superheroes, reinforced by the mainstream
media, disregarding their formative process and professional ethics. Thus, this article
aims to reflect on this process of heroization experienced by health professionals
during the pandemic and its consequences on professional education and health care.
Keywords: Super-hero. Health Professional. Pandemic. Dehumanisation.
Submetido em: 20/05/2020
Aceito em: 06/07/2020
Ahead of print em: 09/07/2020
Publicado em: 18/08/2020
http://dx.doi.org/10.28998/2175-6600.2020v12n28p63-76
Vol. 12 | Nº. 28 | Set./Dez. | 2020
Do perigo em se criar heróis: a desumanização dos profissionais da Saúde em meio à pandemia
Suiane Costa Ferreira
Debates em Educação | Maceió | Vol. 12 | Nº. 28 | Set./Dez. | DOI: 10.28998/2175-6600.2020v12n28p63-76
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1 INTRODUÇÃO
Em dezembro de 2019, casos de pneumonia por causa desconhecida surgiram na cidade de
Wuhan, na China, e, a partir da análise do material genético, constatou-se que o vírus causador dessa
infecção era um novo betacoronavírus, inicialmente denominado pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) de 2019-nCoV. Tratava-se de uma nova cepa de coronavírus que não havia sido identificada antes
em seres humanos. Posteriormente, o vírus passou a ser chamado de SARS-CoV-2, do inglês Severe
Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 (BRASIL, 2020a).
Os coronavírus estão por toda parte e até as últimas décadas raramente causavam algo além de
resfriado comum (OPAS, 2020). Esse novo coronavírus é o responsável por causar a doença COVID-19
(do inglês Coronavirus Disease 2019), uma infecção cujos principais sintomas são febre, fadiga e tosse
seca, podendo evoluir para dispnéia e, em casos mais graves, Síndrome Respiratória Aguda Grave.
A COVID-19 se espalhou rapidamente pelo território chinês e, posteriormente, para outros
países, como Itália, Espanha, Estados Unidos, Canadá e Brasil. Em janeiro de 2020, a OMS declarou a
doença como uma emergência de saúde pública global e, em março do mesmo ano, passou a considerá-
la uma pandemia (BRASIL, 2020a). O termo “pandemia” refere-se à distribuição geográfica de uma doença
e não à sua gravidade, o que reconhece que, no momento, existem surtos de COVID-19 em vários países
e regiões do mundo (OPAS, 2020).
Segundo dados do Painel Coronavírus (2020), desenvolvido pelo Ministério da Saúde para atuar
como veículo oficial de comunicação sobre a situação epidemiológica no país, no dia 01 de julho, o Brasil
possuía 1.448.753 casos confirmados da COVID-19 e 60.632 óbitos pela doença. Diante da
indisponibilidade de medicamentos e vacinas específicas que curem e impeçam a transmissão do novo
coronavírus, a OMS preconiza medidas de distanciamento social, etiqueta respiratória e de higienização
das mãos como as únicas e mais eficientes medidas no combate à pandemia (BRASIL, 2020a).
O distanciamento social visa, principalmente, reduzir a velocidade da transmissão do vírus, pois
diminui a interação entre as pessoas de uma comunidade. É uma estratégia importante quando existem
indivíduos já infectados, mas ainda assintomáticos (sem sintomas) ou oligossintomáticos (poucos sintomas),
que não se sabem portadores da doença (TELESSAÚDERS, 2020). Exemplos de medidas de
distanciamento social são fechamento de escolas, universidades e mercados públicos; o cancelamento de
eventos e o estímulo ao trabalho no modo remoto ou home office, a fim de evitar aglomerações de
pessoas. Com isso, espera-se que o sistema de saúde tenha tempo para reforçar seus recursos físicos e
humanos, a fim de atender às demandas de saúde da população.
Outras medidas também estão sendo implementadas no combate à pandemia, como a
quarentena, que é a restrição de atividades ou separação de pessoas que foram presumivelmente expostas
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ao vírus, mas que não estão doentes (porque não foram infectadas ou porque estão no período de
incubação), podendo ser aplicada em nível individual (como entre os contatos domiciliares de caso suspeito
ou confirmado) ou em nível coletivo (como na quarentena em um navio); o isolamento social, que consiste
em separar as pessoas doentes (sintomáticos respiratórios, casos suspeitos ou confirmados) das não
doentes para também evitar a propagação do vírus. O isolamento pode ocorrer em domicílio ou em
ambiente hospitalar, conforme o estado clínico da pessoa; o bloqueio total (também chamado
lockdown, em inglês), que surge quando as medidas de distanciamento social, quarentena individual e
isolamento foram insuficientes, consistindo na restrição da circulação da população de modo imposto pelo
Estado, onde ninguém tem a permissão para entrar ou sair do perímetro isolado (TELESSAÚDERS, 2020).
Exercendo o cuidado direto às pessoas acometidas pela COVID-19, estão os profissionais da
saúde. Enfermeiros, técnicos, médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais são
algumas das categorias que desenvolvem serviços essenciais e estão expostas diariamente ao risco de
contaminação. Em meio ao caos, medos e incertezas gerados por esta emergência sanitária, os
profissionais da saúde foram publicamente transformados em super-heróis desconsiderando seus
processos formativos e a ética profissional.
Esse processo de heroificação amplamente divulgado pela mídia (veículos de notícias
impressos/televisivos, publicidade e internet) influencia na formação da subjetividade dos profissionais da
saúde e nas relações de trabalho. Desse modo, este artigo objetiva refletir sobre esse processo de
heroificação vivenciado pelos profissionais da saúde durante a pandemia e suas consequências na formação
profissional eno cuidado em saúde.
2 A HEROIFICAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE
Os super-heróis ficaram amplamente conhecidos através das histórias em quadrinhos nas primeiras
décadas do século passado. Segundo Reblin (2005), sua popularização ocorreu entre 1929 e 1939
quando, historicamente, ocorria a grande depressão americana e os primórdios da Segunda Guerra
Mundial.
Após a Grande Depressão, em 1929, os Estados Unidos da América (EUA) passavam por um
delicado processo de recuperação econômica. Quando a Segunda Guerra Mundial iniciou na Europa, o
clima do país era de não envolvimento em uma guerra distante, custosa e que não dizia respeito à América.
Nesse contexto, em 1938 surge o primeiro super-herói, o Superman, dotado de poderes sobre-humanos
e um forte senso de justiça e liberdade, emergindo como símbolo do ideal estadunidense em um
momento de recuperação da confiança e da economia nacional. Em 1941, o ataque à Pearl Harbor pelos
japoneses muda os rumos da Guerra e da política dos EUA, que declara guerra ao Japão. A repercussão
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nos quadrinhos é imediata, surgindo o Capitão América, um super-herói concebido não mais como um
alienígena, mas como um herói patriótico que lutava contra as potências do Eixo na Segunda Guerra
Mundial, estimulando os norte-americanos de carne e osso a também sacrificarem suas vidas na guerra
(CORRÊA, 2019).
Para Reblin (2005), super-heróis são seres (humanos e não-humanos) com poderes
extraordinários, além das qualidades inerentes aos heróis comuns, como a coragem e a força, buscando
equilibrar a equação do bem versus o mal. Seus poderes podem ser inatos (quando deuses, alienígenas,
mutantes) ou provenientes da tecnologia ou do contato com uma fonte de energia ou ainda da magia.
Os super-heróis resguardam a liberdade, a ordem, a justiça, o bem-estar físico das pessoas e
surgem para atender aos anseios e desejos do ser humano de ultrapassar suas próprias barreiras e limites,
superando os problemas imediatos. Desde março de 2020, vivemos oficialmente uma pandemia causada
pela COVID-19 com números alarmantes de contaminação e mortalidade que colocam a sociedade frente
ao medo iminente da finitude, sobre a qual não se possui nenhuma proteção ou gestão, performando a
necessidade de criação de heróis salvadores para resolver os problemas e atender as aspirações e
exigências sociais do momento. Segundo Schotten (2014), em períodos críticos os heróis exercem com
maior intensidade o seu poder de atração por gerarem sentimento de esperança para a humanidade.
No dia 28 de abril, é celebrado o Dia Nacional do Super-herói nos EUA e a Marvel, que é
atualmente a empresa responsável por uma das maiores franquias de super-heróis do cinema, resolveu
prestar homenagem aos profissionais da saúde (médica, enfermeira e farmacêutica) e de áreas essenciais
que “lutam” na linha de frente no combate à pandemia, como os policiais, produzindo uma ilustração que
nos lembra a posição organizada por um grupo de super-heróis para iniciar o confronto em uma batalha.
A publicação da homenagem foi realizada nas redes sociais (Twitter® e Instagram®) da Marvel e
dizia:
[...] o poderoso Universo Marvel é para onde vamos voar. É onde vamos construir, lutar, amar,
aprender, chorar, sonhar. Mas as torres de Asgard e as luzes de Wakanda e a força do escudo do
Capitão América e as imperfeições de Peter Parker e a compaixão de Kitty Pryde não são o
resultado de uma geração espontânea. Essas pessoas, seus lares e suas virtudes, são encontradas
primeiro no mundo, do lado de fora da sua janela. (JORNAL DE BOAS NOTÍCIAS, 2020).
Esta postagem evidencia uma relação de pertencimento, pois o herói vive em sociedade com os
humanos, mas também de agenciamento (LATOUR, 2012), pois o mesmo estabelece conexões com os
mortais e, a partir disso, desenvolve suas condutas e disposição
constante para exercer o bem e evitar o mal. Super-herói e humanos o estão distanciados, pois
intrinsecamente compartilham qualidades morais.
No dia 06 de maio, o Portal Terra® (2020) publicou uma matéria que noticiava a pintura de um
artista de rua que estava sendo exposta no Hospital da Universidade de Southampton, no sul da Inglaterra.
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Entre bonecos do Batman e do Homem-Aranha, um menino escolhe uma enfermeira como super-
heroína para brincar, resumindo a gratidão que os britânicos estão sentindo pelo Serviço Nacional de
Saúde durante a pandemia.
No dia 12 de maio, para lembrar o Dia Mundial da Enfermagem e do Enfermeiro, um hospital em
Campinas elaborou uma série de ações incluindo a presença de pessoas fantasiadas de Capitão América e
Homem-Aranha no hospital, a fim de homenagear esses profissionais que estão na linha de frente no
combate ao novo coronavírus. (JORNAL CORREIO, 2020).
Esses são apenas três exemplos da associação direta que a sociedade e a mídia vêm fazendo entre
os profissionais da saúde e os super-heróis, destacando nos noticiários palavras como lutar e combater.
Magalhães, Silva e Batista (2007, p. 19) apontam que:
[...] a produção literária, particularmente, a ocidental sobre a figura do herói assenta-se no
maniqueísmo, na unilateralidade e no sucesso do herói. Estes elementos são centrais para
compreensão da criação discursiva do herói pela reiteração de determinados traços semânticos
como a imortalidade, a invencibilidade, a superação do conflito moral e ético, incidindo sobre a
ativação de um sentimento de identidade coletiva: o herói fala aos anseios de uma maioria,
contornos precisos ao que num dado momento representa os seus anseios e angústias.
No dicionário Priberam online (2020), herói é um substantivo masculino que indica um
personagem nascido de um ser divino e de outro mortal, um semideus. É um ser que embora até se
pareça com humano possui algum super poder que o eleva à condição de não mais um mero mortal.
Partindo dessa definição, os profissionais que estão na linha de frente no cuidado da saúde, diante da
pandemia não são semideuses. São seres humanos que cursaram uma graduação na área da saúde,
capacitados, treinados e especializados para exercerem suas profissões com ética e qualidade, guiados pela
ciência.
Segundo Margarites e Sperotto (2011), todos os sujeitos e coletivos humanos, todas as tecnologias,
instituições e produtos culturais produzem subjetividades, que nunca são “dadas” ou “acabadas”, mas
sempre um processo. Assim, os diversos espaços por onde circulamos e os grupos com quem convivemos
nos “co-produzem” como um determinado tipo de sujeito. O processo de heroificação, amplamente
divulgado através da televisão, internet e redes sociais contribui para produzir nos profissionais da saúde
novos modos de ser, novas subjetividades, ancorados na ideia de super poder, indestrutibilidade,
individualidade e auto-suficiência, o que, por sua vez, aumenta a responsabilidade das instituições de
ensino.
No espaço viabilizado pela universidade, os sistemas produtores de subjetividade formam sujeitos
que atendem a determinadas demandas, levando-os a desenvolverem um conjunto de habilidades
técnicas, repertórios culturais e demais ferramentas que serão utilizados em seu exercício profissional
(MARGARITES; SPEROTTO, 2011). Alinhada às diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), as
universidades produzem subjetividades opostas à ideia do herói, pois estão voltadas para o trabalho
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multidisciplinar como forma de atingir o cuidado integral, tanto no sentido de dar conta dos aspectos
curativos, preventivos e de reabilitação quanto em relação à transformação das práticas em saúde,
passando da tutela para o acolhimento e o cuidado (PEREIRA;BARROS; AUGUSTO, 2011). Em meio à
pandemia, as instituições de ensino são atravessadas por essa construção social de heroificação dos
profissionais da saúde, mas enquanto dispositivos de construção de subjetividades, devem mobilizar atores,
tecnologias e políticas cognitivas para formar profissionais da saúde que reconheçam a interdependência e
complementaridade das ações de outros profissionais para melhorar a qualidade da assistência em saúde
prestada.
Para Ornell et. AL. (2020) este status de super-herói transmite aos profissionais o reconhecimento
do seu trabalho, mas por outro lado, acaba gerando uma pressão adicional, porque os super-heróis não
falham, não desistem, não cansam. Contudo, os profissionais da saúde que estão na linha de frente no
enfrentamento da pandemia cansam e adoecem, pois são os mais suscetíveis à contaminação. Segundo o
Ministério da Saúde (BRASIL, 2020b), até o dia 14 de maio, o Brasil registrava um total de 31.790
profissionais contaminados pela COVID-19.
A Medida Provisória (MP) nº 927 (BRASIL, 2020c) publicada no dia 22 de março, dispõe sobre as
medidas trabalhistas a serem adotadas para enfrentamento do estado de calamidade e emergência de
saúde pública de importância internacional decorrente da COVID-19. Esta MP permite que os
trabalhadores da saúde façam jornadas sem limites de horas com direito à compensação em até 18 meses,
que as empresas suspendam normas relacionadas à saúde e segurança no trabalho, e, assim, a heroificação
dos profissionais da saúde permite impor a estes uma sobrecarga extenuante de trabalho.
Através de uma ação conjunta entre a Federação Nacional dos Enfermeiros e a Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Saúde reivindica-se junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) a análise de
inconstitucionalidade das regras trazidas pela MP 927/2020, que, segundo as entidades, afrontam o
princípio da igualdade e proporcionalidade, o direito à saúde e à dignidade humana, protegidos
constitucionalmente (CUT, 2020). Ao tomar os profissionais da saúde como heróis, incansáveis, fortes e
infalíveis, mesmo diante de longas horas de trabalho estressante, perigoso e desafiador, reduzimos o
cuidado direcionado para essas pessoas e aumentamos a possibilidade de erros na assistência à saúde, auto
inoculação e absenteísmo por doença.
Nas histórias em quadrinhos, os super-heróis não adoecem e aqui reside um grande problema.
De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN, 2020), no Brasil existem mais de dois
milhões de trabalhadores da enfermagem atuantes, entre auxiliares, enfermeiros, técnicos e obstetrizes.
Neste cenário de pandemia, esses profissionais da saúde são os que mais correm o risco de serem
infectados. De acordo com dados do Observatório de Enfermagem (2020) - site organizado pelo COFEN
para concentrar os números de infectados, mortes e internações destes profissionais - até o dia 01 de julho
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existiam 8.916 casos confirmados, 12.005 casos suspeitos e 227 óbitos entre os profissionais da
enfermagem.
O International Council of Nurses (ICN, 2020) descreve que, em todo o mundo, mais de 260
profissionais de enfermagem morreram e 90 mil estão infectados com o novo coronavírus. O ICN
aponta ainda que a falta de transparência por parte dos governos sobre dados mais robustos sobre as taxas
de infecção e mortes dos enfermeiros sugere uma subnotificação e essa falha coloca mais profissionais e
pacientes em perigo.
No Brasil, já morreram mais enfermeiros pela COVID-19 do que em países como EUA, Itália e
Espanha juntos. Para efeito de comparação, em maio de 2020, os Estados Unidos, país com maior número
de vítimas da pandemia, perdeu 46 profissionais de enfermagem, segundo entidades de classe. A Itália teve
35 óbitos, de acordo com informações da Federazione Nazionale degli Ordini delle Professioni
Infermieristiche. A Espanha teve apenas quatro óbitos entre profissionais da área, segundo o Consejo
General de Enfermería (COFEN, 2020). É notável como o Brasil corresponde à maior fatia do total de
óbitos na profissão em todo o mundo. (41,5%).
A pandemia pelo novo coronavírus evidencia um antigo problema do Brasil que agora tem
prejudicado ainda mais a saúde dos profissionais de enfermagem. Historicamente, o setor da saúde vem
apresentando situações como condições de trabalho precárias, o déficit de profissionais, a jornada de
trabalho excessiva e o descaso dos governantes em relação aos direitos dos trabalhadores da enfermagem,
que agora se intensificam diante dos problemas relacionados à pandemia, como falta de equipamentos de
proteção individual (EPIs) e de capacitação para o manejo seguro, falta de testes de detecção, o não
afastamento dos trabalhadores que fazem parte do grupo de risco (idade avançada, acima de 60 anos, e
com comorbidades) e a falta de protocolo de atendimento para lidar de forma segura com o coronavírus.
Um novo relatório da OMS, intitulado The State of the World’s Nursing 2020 (O Estado da Enfermagem
no Mundo 2020) descreve a necessidade de mais investimentos em educação, condições de trabalho e
liderança para profissionais de enfermagem, fortalecendo suas contribuições aos sistemas de saúde (OPAS,
2020).
Quando denominamos os profissionais da saúde de heróis, imaginamos ainda que durante seus
cansativos plantões eles trabalham com super poderes. O que não é verdade, eles trabalham apoiados na
ciência, na formação em saúde, na sistematização da assistência. É cognição e habilidade humana, portanto
não se trata de heróis como a Mulher Maravilha ou Batman que aparecem nos momentos de catástrofe
quando a humanidade não dá conta sozinha dos seus problemas.
Os cursos de formação na área da saúde promovem o desenvolvimento de habilidades motoras
e cognitivas assim como fomentam o caráter essencialmente relacional do cuidado, privilegiando a
produção de sentidos resultante do encontro das subjetividades, de quem cuida e de quem é cuidado.
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Não super poderes, mas profissionais da saúde que trabalham diariamente suprindo nossas
necessidades de saúde, mesmo fora das pandemias, lidando com inúmeras dificuldades como hospitais
lotados, Sistema Único de Saúde sucateado, falta de infraestrutura, déficit de recursos humanos e
microorganismos diversos.
No dicionário, o herói também é aquela pessoa de grande coragem, autora de grandes feitos,
capaz de suportar exemplarmente infortúnios e sofrimentos, ou ainda que arrisca sua vida pelo dever. Mais
uma vez não é isso que os profissionais da saúde são. Estes sujeitos são humanos com medos, angústias,
tristezas que têm direito de enfraquecer, cansar, temer.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2020), estamos vivenciando o aumento nos sintomas
de depressão e ansiedade em vários países devido à pandemia da COVID-19 e um estudo realizado na
Etiópia em abril de 2020, relata o aumento de três vezes na prevalência de sintomas de depressão em
comparação com as estimativas anteriores à epidemia. Os profissionais de saúde da linha de frente, além
das mulheres, crianças, adolescentes, idosos e pessoas com condições de saúde mental pré-existentes,
estão em risco particular.
Segundo Ornell et. AL. (2020), atualmente, devido a essa pandemia e ao aumento exponencial da
demanda por assistência médica, os profissionais da saúde enfrentam longos turnos de trabalho, com
infraestrutura precária e com a necessidade de usar EPIs que podem causar desconforto físico e dificuldade
em respirar. Além disso, alguns profissionais podem sentir-se despreparados, para realizar a intervenção
clínica de pacientes infectados com o novo vírus, sobre o qual pouco se sabe e para o qual não
evidências clínicas, protocolos ou tratamentos. Além disso, existe o medo da auto- inoculação e a
preocupação com a possibilidade de disseminar o vírus para suas famílias. Todos esses fatores podem
resultar em diferentes níveis de pressão psicológica, que podem desencadear sentimentos de solidão e
desamparo ou uma série de estados emocionais negativos, como estresse, irritabilidade, fadiga física e
mental e desespero, aumentando a chance de desenvolver transtornos psiquiátricos.
Empresas também estão explorando esse processo de heroificação dos profissionais da saúde para
estimular suas vendas, agregando um significado positivo ao seu marketing ao gerar humanização da sua
marca. Como exemplo, temos a empresa DuPont® que vende os EPIs e em seu site anuncia o slogan ‘A
proteção que todo herói merece’.
Assumir os trabalhos mais difíceis requer uma pessoa ainda mais resistente. Pois alguns trabalhos
são reservados aos bravos, destemidos e heroicos. E para aqueles que se dedicam a superar os
limites, o EPI da DuPont dedica-se a mantê-los protegidos em cada etapa do caminho
(DUPONT®, 2020).
Em meio à pandemia, empresas, governo e mídia tentam associar a todo o tempo suas imagens à
do personagem principal que é o profissional da saúde, o mocinho da história que luta pela solução do
problema, enquanto o antagonista (o vírus) procura causar mais conflitos e agravar a situação. Esta é uma
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narrativa que cria uma conexão emocional com a mensagem e, segundo Shmitz, Orsso e Ribeiro (2019),
quando bem utilizada contribui para o resultado positivo das campanhas publicitárias, atendendo aos
diversos interesses. As propagandas capturam e alienam os sujeitos em sua rede de persuasão, produzindo
um consumo massivo seja dos EPIs, do álcool em gel, de máscaras de tecidos com estampas diversas, de
termômetros, entre outros, aumentando o lucro das empresas.
Moreira (2010) aponta que essas campanhas publicitárias possuem grande influência sobre a
produção de subjetividades, produzindo hábitos e verdades. As propagandas possuem o poder de criar
um diálogo quase unilateral com os sujeitos, reforçando esse processo de heroificação, sensibilizando e
provocando uma internalização desse imaginário épico, que, por sua vez, cria uma rede de significações
que podem gerar comportamentos de desresponsabilização da população diante do combate à
transmissão do vírus e exigência de que os profissionais da saúde, e suas instituições formadoras, dêem
conta da resolução dos problemas gerados pela emergência sanitária da COVID-19.
Ao contrário dos heróis, os profissionais da saúde não possuem a obrigação de arriscar suas vidas
pela humanidade. Os mesmos devem sair para o trabalho e voltar pra casa em segurança, para os seus,
para sua vida. Equipamentos de proteção individual e condições dignas de trabalho são imprescindíveis
porque os profissionais da saúde podem morrer, não por criptonita ou um sabre de luz, mas por um vírus
transmitido por gotículas que causa aguda infecção respiratória. Freire afirma que ao contrário dos animais
que são “seres em si mesmos”, os seres humanos são “seres para si”. E que são desumanizados quando
submetidos a processos que os tornem em “seres para o outro” (FREIRE, 1969). O processo de
heroificação retira do profissional de saúde o direito de olhar para si, perceber seus limites, a necessidade
de receber ajuda ou proteção, expondo-o, assim, ao risco e à morte.
As instituições de ensino na área da saúde precisam ter um projeto educativo pautado na
humanização, o que implica reconhecer a desumanização, ainda que seja uma dolorosa constatação,e
buscar a viabilização da humanização desde o processo formativo até a oferta do cuidado no contexto real,
concreto, do Brasil. Nessa perspectiva, em termos de políticas públicas, a Política Nacional de
Humanização se apresenta como uma estratégia de valorização dos usuários, trabalhadores e gestores,
através de um projeto de corresponsabilidade, da criação de vínculos solidários, da participação coletiva
nos processos de gestão e de produção de saúde. (PEREIRA; BARROS; AUGUSTO, 2011). O processo
de heroificação dos profissionais aponta em uma direção oposta a isso, desumanizando o cuidador e
deslegitimando o encontro das subjetividades (do profissional e do sujeito cuidado), o que se constituiria
como um poderoso instrumento para a emancipação dos sujeitos e participação mais ativa da população
na produção de sua saúde em meio à pandemia.
No dicionário Priberam online (2020), o herói é ainda aquela figura central de um acontecimento
ou período, um protagonista. Não, os profissionais da saúde também não devem ocupar esse lugar. Eles
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trabalham porque fizeram um juramento profissional, o que significa a sua adesão e comprometimento
com a categoria profissional que escolheram e ao conjunto de regras estabelecidas adequadas para o seu
exercício. Contudo, o enfrentamento da pandemia exige a articulação e comprometimento do coletivo,
governo e sociedade civil.
Quando os profissionais da saúde se tornam os heróis, assumindo o papel de detentores de uma
força ou de um saber que lhes possibilita realizar feitos irrealizáveis pelo homem comum, sintetiza o mito
do super-homem e exercem sobre a sociedade, mais do que o fascínio, as condições para uma ideologia
da dependência, onde em meio às medidas de prevenção para a transmissão do vírus, os não-heróis
podem se desresponsabilizar, assumindo atitudes passivas ou mesmo aquelas que contrariam as
recomendações de saúde como aglomerações e o não uso (ou uso incorreto) das máscaras faciais ou até
mesmo o não provimento adequado dos hospitais com um número ideal de ventiladores mecânicos ou
leitos de terapia intensiva, pois existe um herói salvador zelando por todos, na linha de frente.
Por fim, o dicionário Priberam online (2020) descreve ainda que herói é aquele que provoca
admiração, um sentimento agradável que surge diante de algo extraordinário, acompanhado de
consideração ou reverência. Embora seja este um sentimento de respeito, a sociedade não precisa de
ídolos ou pessoas para venerar. Em meio a esta pandemia, a sociedade precisa entender a importância do
profissional da saúde e admirá-lo, mas acima de tudo, respeitá-lo reconhecendo o seu papel no cuidado à
saúde do coletivo, mesmo fora da pandemia. Se compreendermos como suas atividades em equipe
cotidianamente são necessárias, por que apenas os profissionais médicos são socialmente admirados e
respeitados fora da pandemia? Por que a enfermagem ainda não tem sua jornada de trabalho
regulamentada no Brasil? Por que muitas profissões da saúde não têm legalmente um piso salarial? Por que
durante um protesto pacífico em Brasília, enfermeiros foram agredidos quando apenas homenageavam
colegas mortos pela COVID-19 e defendiam o isolamento social como forma de combate ao avanço da
doença, não havendo uma intensa resposta da sociedade em defesa destes importantes profissionais
(JORNAL O GLOBO, 2020)? Seria porque heróis existem para proteger e cuidar, não precisando de
proteção e cuidados? Pois bem, chamá-los de profissionais da saúde, ao invés de heróis, não nos permite
desumanizá-los e reafirma o significado da ética, da ciência, da competência e do profissionalismo que
permeiam todo o cuidado em saúde.
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Análise Global de Doenças Infecciosas (MRC, na sigla em
inglês) estima que as medidas de distanciamento social no Brasil têm conseguido frear apenas metade do
avanço esperado pela pandemia no país, o que significa que a velocidade de contágio ainda é crescente
(JORNAL CORREIO BRAZILIENSE, 2020). Neste contexto, Ornell et. AL. (2020) afirmam que mais
estratégias de proteção à saúde devem ser assumidas para os profissionais da saúde. Se não forem
Do perigo em se criar heróis: a desumanização dos profissionais da Saúde em meio à pandemia
Suiane Costa Ferreira
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priorizados, além do possível colapso do sistema de saúde, os profissionais correm o risco de sofrer um
colapso emocional e transtornos de estresse pós-traumático.
Como estratégias complementares, os autores apontam ser possível estabelecer parcerias com
instituições da sociedade civil e implementar sistemas de assistência remota. Atualmente, diferentes
iniciativas estão sendo desenvolvidas por universidades e clínicas privadas de saúde mental, para fornecer
suporte telefônico para profissionais da saúde. Ações que não nos permite esquecer que somos humanos
cuidando de humanos.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A heroificação dos profissionais da saúde serve a vários propósitos. Inicialmente, atende às
expectativas de milhares de cidadãos angustiados pela pandemia da COVID-19 e suas letais consequências,
trazendo sentimentos de amparo, cuidado e assistência. Entretanto, esse papel de super-herói tem como
consequência a desumanização desse profissional e lhe retira direitos humanos básicos como segurança,
saúde e proteção.
A divulgação midiática da ideia do profissional da saúde como um herói contribui para produzir um
tipo de subjetividade marcada por uma individualidade e um sentimento de auto-suficiência o que, por usa
vez, pode induzir a uma limitada abordagem uniprofissional, no processo de saúde-doença, contrariando
o que é preconizado pelo Sistema Único de Saúde. Desse modo, as instituições formadoras em saúde,
apesar de serem atravessadas pelas construções sociais, precisam exercer seu papel de produtoras de
subjetividade pautada em um cuidado integral em saúde, no trabalho em equipe multiprofissional e na
política de humanização.
A ideia do profissional da saúde enquanto herói no imaginário social atende ainda ao capital, que,
ao fornecer tecnologias, não objetiva exclusivamente a melhoria da qualidade da assistência à saúde, mas
também busca a obtenção de vantagens econômicas para setores industriais e comerciais que suprem as
demandas tecnológicas geradas pela emergência sanitária. Nesse contexto, as empresas que possuem uma
narrativa de marketing com melhor conexão emocional com o controle da pandemia podem conseguir
maior vantagem econômica no mercado. Por fim, o herói pode servir ainda para que governos, mídia e
sociedade civil se desresponsabilizem frente às diversas medidas de controle do novo coronavírus, pois
existe um salvador na linha de frente da batalha.
Transformar profissionais da saúde em heróis consiste em um processo perigoso e por vezes letal,
não apenas para eles, mas para toda a sociedade.
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Do perigo em se criar heróis: a desumanização dos profissionais da Saúde em meio à pandemia
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Do perigo em se criar heróis: a desumanização dos profissionais da Saúde em meio à pandemia
Suiane Costa Ferreira
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COMO CITAR ESSE ARTIGO
FERREIRA, Suiane Costa. Do perigo em se criar heróis: a desumanização dos profissionais da Saúde em
meio à pandemia. Debates em Educação, Maceió, v. 12, n. 28, p. 63-76, Set./Dez. 2020. ISSN 2175-
6600. Disponível em: https://www.seer.ufal.br/index.php/debateseducacao/article/view/10286. Acesso
em: dd mmm. aaaa.
... Quanto a escolaridade, os 20 profissionais (100%) são graduados em instituição privada e 19 (95%) possuem pós-graduação, exceto 1 profissional (5% Porém, no período da pandemia essa perspectiva teve um preço elevado, em que houve a sobrecarga de trabalho, associada às péssimas condições de trabalho, normalizado por um discurso de "heroificação" dos profissionais da saúde, que na realidade os desumanizou, tornando-os incapazes de reivindicar seus direitos ou de expressar suas angústias e dificuldades. Ser considerado um herói pode ser uma forma de reconhecimento, mas não é suficiente para garantir a dignidade e o bem-estar dos trabalhadores da saúde, que precisam de condições adequadas para desempenhar seu trabalho com segurança e qualidade (Ferreira, 2020 (Araújo, 2020), que se caracteriza pelo desgaste físico e emocional decorrente do trabalho (Granato, 2019). ...
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A pandemia do COVID-19 promoveu novas formas de pensar o papel da Psicologia e de sua práxis, afetando o campo de atuação. Objetivou-se caracterizar e compreender o perfil dos profissionais de Psicologia atuantes na pandemia em plataforma de atendimento on-line. Participaram 20 profissionais, sendo 17 mulheres e 3 homens, com idade média de 32 anos, graduados em Psicologia, desses 5 eram recém-formados, ao qual foram aplicados questionário sociodemográfico e entrevista semiestruturada. Todos buscaram trabalho institucionalizado em ambiente home office. Nenhum profissional havia formação específica para modalidade de atendimento psicológico on-line e/ou em contextos de crise; eles enfrentaram alta demanda de pacientes graves, metas de número de atendimentos diário, com duração de tempo reduzido. A terceirização do vínculo terapêutico, adveio da busca por estabilidade financeira, evitar o contágio da doença e do desemprego. No entanto, a urgência e o desejo de ingressar no mercado de trabalho, mesmo sem formação específica, é intensificado nos recém-formados, o que os expõe a atender às demandas do mercado, que perversamente reconhecem a vulnerabilidade da profissão e naturaliza relações de trabalho precárias. A capacidade de escolha da área de interesse e competência profissional, pode ser limitada no início da carreira, principalmente em contexto de crise. A compreensão do campo de atuação, dificuldades e dinâmica do mercado de trabalho e o reconhecimento dos limites profissionais e pessoais, possibilita a construção de uma identidade e uma postura ética, como um fator protetivo acerca da práxis, o que fortalece a categoria para transformações mais dialéticas.
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O trabalho que ora se apresenta é o resultado inaugural da pesquisa A educação no horizonte pós-pandêmico: contributos para a construção de pautas investigativas e práticas, levada a cabo no Programa Ano Sabático do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo durante 2022. O estudo devota-se a perspectivar as racionalidades em circulação no campo educacional brasileiro durante o triênio 2020-2022, depois da eclosão da pandemia de Covid-19, ou seja, desde a interrupção do atendimento escolar, passando pela implementação do ensino remoto emergencial, até a retomada das atividades presenciais. Neste trabalho, apenas 2020 é focalizado, devendo o tratamento dos dois anos subsequentes ser dado a público de modo sequencial em futuro próximo.
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Objetivou-se avaliar as pretensões dos discentes no contexto da pandemia e do retorno às atividades presenciais. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, tipo inquérito realizado com 106 acadêmicos em 2020. Foi realizada a análise de classificação hierárquica descendente no discurso dos discentes, resultando nas seguintes classes de palavras: “Atenção aos sinais e sintomas”; “Relações humanas”; “Relação profissional-paciente”; “Biossegurança”; e “Retorno das atividades”. Destaca-se a frase que sintetiza a percepção dos discentes: “essa pandemia veio para nos mostrar que somos todos iguais”. Conclui-se que os acadêmicos demonstraram insegurança no retorno às práticas presenciais, principalmente nas relações interpessoais e nas rotinas de biossegurança.
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Resumo: Através de uma das imagens veiculada pela mídia, relativa ao rosto dos profissionais de saúde representados como “verdadeiros heróis” na linha de frente no combate ao Coronavírus, a máscara de proteção facial será problematizada enquanto artefato político, que ao esconder determinadas peles revela a hierarquização de certas vidas. A perspectiva epistemológica é baseada principalmente em autores, como Michel Foucault, Giorgio Agamben e em estudos sobre a temática com foco nas interseccionalidades. A máscara, instrumento das práticas discursivas bélicas em torno do viver e morrer, é posicionada na ambiguidade proteção/segregação, vidas sacralizadas/vidas não choráveis, reiterando (in)visibilidades sociais, políticas e econômicas a determinados corpos. Palavras-chaves: Máscara de proteção; Pandemia; Interseccionalidades. Abstract Through one of the images published by the media regarding the faces of health professionals represented as “real heroes” on the front lines in the fight against the Coronavirus, the facial protection mask will be problematized as a political artifact, which, by hiding certain skins, reveals the hierarchization of certain lives. The epistemological perspective is based mainly on authors, such as Michel Foucault, Giorgio Agambem and on studies on the subject with a focus on intersectionalities. The mask, an instrument of warlike discursive practices around living and dying, is positioned in the ambiguity of protection/segregation, sacred lives/non-crying lives, reiterating social, political and economic (in)visibilities of certain bodies. Keywords: Protection mask; pandemic; intersectionalities.
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Through one of the images published by the media regarding the faces of health professionals represented as "real heroes" on the front lines in the fight against the Coronavirus, the facial protection mask will be problematized as a political artifact, which, by hiding certain skins, reveals the hierarchization of certain lives. The epistemological perspective is based mainly on authors, such as Michel Foucault, Giorgio Agambem and on studies on the subject with a focus on intersectionalities. The mask, an instrument of warlike discursive practices around living and dying, is positioned in the ambiguity of protection/segregation, sacred lives/non-crying lives, reiterating social, political and economic (in)visibilities of certain bodies. Keywords: Protection mask; Pandemic; Intersectionalities. Resumo Através de uma das imagens veiculada pela mídia relativa ao rosto dos profissionais de saúde representados como “verdadeiros heróis” na linha de frente no combate ao Coronavírus, a máscara de proteção facial será problematizada enquanto artefato político, que ao esconder determinadas peles revela a hierarquização de certas vidas. A perspectiva epistemológica é baseada principalmente em autores, como Michel Foucault, Giorgio Agamben e em estudos sobre a temática com foco nas interseccionalidades. A máscara, instrumento das práticas discursivas bélicas em torno do viver e morrer é posicionada na ambiguidade proteção/segregação, vidas sacralizadas/vidas não choráveis, reiterando (in)visibilidades sociais, políticas e econômicas a determinados corpos. Palavras-chaves: Máscara de proteção; Pandemia; Interseccionalidades.
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Mental health has been severely affected by the COVID-19 pandemic. The study aims to determine the effects on mental health during the COVID-19 pandemic among health professionals. Through an online survey, we collected data on socio-demographic factors, workplace, isolation characteristics, psychological factors and psychiatric history, with which we assessed the degree of depression and anxiety. Conclusive statistical correlations were observed between the rate of anxiety and depression and various work-related factors. Overall anxiety and depression scores are within the range established by previous studies. Personal protective equipment was of significant importance in our study, both in terms of its availability and in terms of how staff perceived its effectiveness. Anxiety rating has contrastively correlated with the possibility of treating COVID-19 patients instead of directly interacting with them and depression rating correlates with imposed regulations such as having to suspend private medical activity. The results suggest that healthcare professionals should benefit from interventions that promote psychological support, which can mitigate the impact of the pandemic on mental health. © 2022, Romanian Society for Pharmaceutical Sciences. All rights reserved.
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A reflexão aqui apresentada se dá a partir de uma pesquisa realizada em 2010, que buscava acompanhar as interações - através de blogs, Twitter e Facebook - entre professor e estudantes dos cursos de Bacharelado em Design Gráfico e Digital da Universidade Federal de Pelotas. A metodologia referencia-se na cartografia, abordagem que problematiza os ideais de cientificidade, possibilitando outra aproximação com os “achados” do estudo. Considera-se que as redes operam não só como extensão da sala de aula, mas possibilitam aprendizagens com referências de tempo e espaço diferentes dos instituídos, viabilizando outros modos de ser estudante e professor.
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This short article represents an attempt to discuss the influence that media holds on subjectivity. We believe that thinking about historical conditions which influence and create modes of subjectivization is a responsibility of the psychological field of knowledge. The creation of the press has allowed for a larger number of individuals to have access to books, hence valuing the individual experience; for this reason we favor the thesis that states there is a historical co-dependence between media and subjectivity. All kinds of print and television-broadcast media determine modes of existence, of subjectivity and of relationship, but the new media, represented by the internet, broadens the potential of subjective production, modifying the subjects’ physical, mental and social experiences. We also highlight that the new media, connecting the subject through the internet, leads to more efficient impact on subjectivity, changing the perception of time and space and the idea of subjective autonomy.
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Having as principle that the literary art represents the ideological values of one determined group, we want in this article to reflect about the relations between the mass narratives personages profile consumed by the voters and the profile of the political sold / managed by the media during politics campaigns. We observed, using the Discourse Analysis theory, as much in the capitalists societies how much not capitalists, the existence of a media that constructs political heroes. This mystification of the political dimension corresponds symmetrically to the desires and to the protection necessities of voters, lost in a world deprived of basic values. © Ciências & Cognição 2007; Vol. 12: ??-??.
Secretaria de ciência, tecnologia, inovação e insumos estratégicos em saúde. Diretrizes para diagnóstico e tratamento da COVID-19
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  • Ministério Da Saúde
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de ciência, tecnologia, inovação e insumos estratégicos em saúde. Diretrizes para diagnóstico e tratamento da COVID-19. Brasília, 2020a.
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  • Medida
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Trabalho indecente leva país a recorde de morte de profissionais de enfermagem
  • Central Única
  • Trabalhadores
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Os Super-Heróis como propaganda de Guerra: os quadrinhos e a Segunda Guerra Mundial
  • L R A Corrêa
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INTERNATIONAL COUNCIL OF NURSES (ICN)
  • P Freire
  • Papel Da Educação Na Humanização
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