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Revista Eletrônica
de Negócios Internacionais
São Paulo, v.16, n. 1, p. 36-55, jan./abr. 2021 | e-ISSN: 1980-4865 | http://internext.espm.br
A INFLUÊNCIA DA INSTITUIÇÃO FORMAL NO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DAS MPMEs
EM UMA ECONOMIA EMERGENTE
Ane Izabelle Bezerra de Arruda1 e Viviane Santos Salazar
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Recife, (Brasil)
DETALHES DO ARTIGO
RESUMO
Histórico do Artigo:
Recebido em: 16 de janeiro de 2020
Aceito: 27 de agosto de 2020
Disponível online: 01 de janeiro de
2021
Sistema de revisão “Double blind
review”
Editor Científico
Ilan Avrichir
Objetivo: O objetivo desse artigo consiste em analisar como um programa
de promoção à exportação, enquanto instituição formal, influencia no
processo de internacionalização das MPMEs de uma economia emergente,
sob a perspectiva teórica da visão baseada em instituição.
Método: Foi realizado estudos de casos múltiplos, contemplando um corpus
de 9 entrevistas realizadas de forma semiestruturada, com representantes
da instituição formal em análise e MPMEs do setor têxtil e de confecção do
Agreste Pernambucano.
Principais Resultados: Foi identificado uma influência significativa da
instituição formal para a internacionalização das MPMEs do Setor T&C,
especialmente na desmistificação dos mitos da exportação, informações
sobre os procedimentos para internacionalizar, promoção e apoio em feiras,
ajustes em processos, produtos e gestão. Contudo há também influências
negativas como a incipiente atenção a temática de comércio exterior,
divulgação do programa com interesses políticos, poucos resultados práticos
de exportação, burocracia do Estado e volatilidade cambial.
Relevância: O enfoque no papel das instituições do país de origem,
especialmente, em economias emergentes, na internacionalização de
empresas, é um tema emergente, portanto, esse artigo pode colaborar para
a permanência da relevância local e global do tema
Contribuições Teóricas/ Metodológicas: Utiliza a perspectiva teórica da visão
baseada em instituição para compreender as interações entre instituição e
internacionalização, contemplando um ambiente institucional distinto,
trazendo novas perspectivas para análise.
Palavras-chaves:
Instituição formal
Visão baseada na instituição
Programa de promoção à exportação
Internacionalização
1
Contato do autor - E-mail: anearruda12@gmail.com DOI: 10.18568/internext.v16i1.592
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A Influência da Instituição Formal no Processo de Internacionalização das MPMEs em uma Economia Emergente
Internext | São Paulo, v.16, n. 1, p. 36-55, jan./abr. 2021
INTRODUÇÃO
O dinamismo dos mercados proporcionado pela
globalização, permitiu uma maior conexão entre os
países do mundo e possibilitou a expansão dos
negócios para mercados internacionais. O Brasil
experimentou essa ruptura de fronteiras na década
90, e apesar da internacionalização tardia, se
comparada ao mundo desenvolvido, às empresas
brasileiras vêm investindo no mercado externo e
obtendo resultados significativos com essa expansão
(COSTA et al., 2017; MORAES; STREHLAU; TUROLLA,
2015).
Por estratégia de internacionalização das
empresas entende-se como "o processo pelo qual a
empresa deixa de operar nos limites do mercado
nacional de origem e passa a explorar mercados
estrangeiros, atuando de diferentes modos, desde
mediante a simples exportação indireta até
operações estrangeiras mais complexas" (BORINI et
al., 2006). A decisão de entrar em um mercado
internacional demanda das empresas um
planejamento do processo e estabelecimento das
melhores estratégias visando à obtenção de
vantagem competitiva (DIAS, 2002), principalmente
quando estas empresas estão localizadas em
economias emergentes.
As economias emergentes estão aumentando a
sua importância na economia global (NGO et al.,
2016), pois além de receberem uma grande
quantidade de investimentos direto externo (IDE)
têm também investido diretamente em outros
países. Portanto, é possível observar uma mudança
no fluxo do processo de internacionalização que
passa a englobar também as economias emergentes
(XU; MEYER, 2013).
Contudo, fazia-se necessário a existência de
teorias de internacionalização que abrangessem o
ambiente institucional distinto das economias
emergentes em termos políticos, econômicos e
sociais. Pois grande parte das teorias existentes
foram desenvolvidas em países desenvolvidos que
possuem um ambiente político, social e econômico
totalmente diferente das economias emergentes
(WRIGHT; FILATOTCHEV; HOSKISSON, 2005). Uma
das teorias que emergiu sobre esta temática foi a
visão baseada em instituição que aliada a visão
baseada em recursos (BARNEY, 1991) e a visão
baseada na indústria (PORTER, 1980), compõe um
tripé estratégico que busca explicar a estratégia e o
desempenho das empresas nos mercados
internacionais (PENG; WANG; JIANG, 2008). Essa
perspectiva teórica reconhece as particularidades
que influenciam o processo de internacionalização
das empresas, especialmente, as de economias
emergentes, como as mudanças constantes nas
regras formais e informais do seu ambiente
institucional (CUERVO-CAZURRA, 2012; NGO et al.,
2016).
As transições institucionais constantes nas
economias emergentes fazem com que muitas
empresas se internacionalizem a fim de proteger-se
das incertezas ambientais (MONTICELLI et al., 2017).
Ademais, é possível perceber, também, nos últimos
anos, uma atitude proativa do governo das
economias emergentes no incentivo à exportação
das empresas, inclusive de Micro, Pequeno e Médio
porte.
Uma dessas iniciativas é a da Agência Brasileira
de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX)
que é uma Instituição Formal que conduz programas
como o Projeto Extensão Industrial Exportadora
(PEIEX) com vistas a preparar as MPMEs de forma
planejada e segura para o mercado externo e com
isso, criar uma expertise exportadora na região.
Diante do exposto, esse estudo busca responder a
seguinte pergunta de pesquisa: Como um programa
de promoção à exportação, enquanto instituição
formal, influencia no processo de
internacionalização das MPMEs em uma economia
emergente?
Portanto, o objetivo do estudo consiste em
analisar a influência de um programa de promoção à
exportação, enquanto instituição formal, no
processo de internacionalização das MPMES em
uma economia emergente.
Para tanto, escolheu-se como suporte teórico a
teoria neoinstitucional e a visão baseada em
instituição com foco nas instituições formais. De
modo a atender ao objetivo da pesquisa, adotou-se
a metodologia qualitativa (GUBA; LINCOLN, 2005), e
como estratégia de pesquisa, o estudo de casos
múltiplos que contemplou um corpus de nove
entrevistas semiestruturadas, com representantes
tanto da instituição formal em análise, quanto das
Micro, Pequenas e Médias Empresas( MPMEs) do
setor têxtil e de confecção (T&C) do Agreste
Pernambucano. Como fonte de dados secundários,
foram escolhidos artigos sobre o PEIEX, relatórios de
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gestão e atividades da APEX, bem como, matérias
divulgadas pela imprensa. Por fim, para a análise de
dados a opção foi pela análise de conteúdo, baseada
no sistema de categorias de Bardin (2016).
O campo empírico para execução desse estudo
é, portanto, o setor T&C, contemplando,
especialmente, as empresas do Polo têxtil e de
confecção do Agreste Pernambucano participantes
do PEIEX. A escolha pelo PEIEX se justifica pela
relevância para a internacionalização das empresas
brasileiras, especialmente as MPME's que são o tipo
de empresa mais comum no Polo de Confecções do
Agreste pernambucano; e pela abrangência regional
do programa, atuando em diversas cidades do
agreste pernambucano.
Neste sentido, este artigo contribui do ponto de
vista teórico e empírico ao utilizar a perspectiva
teórica da visão baseada em instituição, para
compreender as interações entre instituição e
internacionalização, envolvendo empresas de uma
economia emergente que contempla um ambiente
institucional distinto (PENG, 2002). No Polo T&C, foi
possível ressaltar o papel das instituições na
determinação das trocas econômicas e sociais em
função das estruturas formais e informais, que ora
agem como impulsionadoras, ora como inibidoras da
internacionalização (PENG, 2002). Portanto, analisar
o contexto institucional particular da região agreste
no setor T&C, oferece à visão baseada em
instituição, novos insights institucionais em um
contexto local, para o exame das decisões
empresariais pela internacionalização (PENG;
KHOURY, 2008). E com isso, possibilita, dentre
outras oportunidades, compreender porque as
decisões estratégicas de internacionalização, no Polo
T&C permanecem incipientes na região agreste; e a
aplicação de políticas públicas de
internacionalização e programas de promoção à
exportação mais alinhados a localidade e a estrutura
institucional existente (NGO et al., 2016). Ademais,
enfocar o papel das instituições do país de origem,
especialmente em economias emergentes, no
processo de internacionalização das empresas, ainda
é um assunto emergente, quando comparado ao
volume de estudos que se concentram na influência
institucional do país de destino. Dessa forma, esse
estudo colabora para a permanência da relevância
local e global do tema (MONTICELLI et al., 2017;
NGO et al., 2016).
Sendo assim, o objetivo de analisar a influência
de um programa de promoção à exportação,
enquanto instituição formal, no processo de
internacionalização das MPMES em uma economia
emergente, perpassa, nesse artigo, pela análise do
ambiente institucional do Polo de Confecções e pela
análise da influência institucional da APEX/PEIEX no
processo de internacionalização das MPMEs
participantes do programa. Preliminarmente, os
principais achados desse estudo estão na existência
de instituições formais e informais dentro do Polo de
Confecções, mas que tem agido de modo divergente
no estímulo à internacionalização. Além disso, foram
observadas tanto influências positivas, quanto
negativas do programa da APEX que precisam ser
melhor avaliadas para a obtenção de melhorias em
sua finalidade de exportação.
Esse artigo está estruturado em mais quatro
seções, para além desta seção introdutória. A
segunda seção contempla o referencial teórico com
as perspectivas teóricas das instituições; mas
também as dificuldades para internacionalizar e o
papel dos programas de promoção à exportação. A
terceira, contempla os aspectos metodológicos e
perfaz a caracterização do setor T&C. A quarta,
apresenta a discussão e análise dos resultados; e o
estudo é finalizado com a quinta seção, que
compreende às conclusões, envolvendo também as
limitações e sugestões deste artigo.
REFERENCIAL TEÓRICO
A escola institucional passou por uma evolução
desde o seu surgimento no final do século XIX e
início do século XX, deixando contribuições em
diversas áreas das ciências sociais como a economia,
sociologia e política. Nos estudos organizacionais,
traz o elemento ambiente como uma variável
importante para interpretar a realidade
organizacional (CARVALHO; VIEIRA, 2003), e ingressa
no estudo dos negócios internacionais de modo a
complementar as teorias existentes, contemplando
ambientes institucionais distintos, como os das
economias emergentes, na internacionalização das
empresas (PENG; WANG; JIANG, 2008).
Esse estudo procura compreender essas relações
dentro de um contexto específico de uma economia
emergente, e que se refere, especialmente, ao setor
T&C e a região Agreste de Pernambuco. Com isso,
traz novas perspectivas a análise, uma vez que o
ambiente institucional pode variar entre diversas
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regiões de um mesmo país e, assim, fornecer novas
contribuições empíricas e teóricas ao estudo (NGO
et.al., 2016).
Teoria Institucional
As instituições guiam as ações humanas, pois
fornecem as estruturas cognitivas que irão restringir
ou permitir a ação. As ações são restringidas por
meio de regras e são permitidas ao tornar as ações
significativas (LAWRENCE; SHADNAM, 2008). Para
North (p.3, 1990) “as instituições são as regras do
jogo e as organizações são os jogadores”. Ainda
segundo North (1990) um dos teóricos da
perspectiva da economia institucional, as
instituições agem no intuito de minimizar os custos
de transação que surgem em decorrência da
incerteza presente nas interações sociais. Nesse
sentido, as instituições fornecem as condições para
que os empreendedores se aventurem no processo
de trocas de mercado que por natureza é incerto.
Portanto, é possível reconhecer que as
organizações não operam no vácuo, em vez disso,
elas lidam com diversas influências externas como as
próprias diferenças culturais, os requisitos legais,
normas, demandas dos atores envolvidos com os
negócios da empresa, como fornecedores, clientes,
agências reguladoras, dentre outros (BERTHOD,
2016).
As instituições atuam por meio de três pilares,
que são de natureza: regulativa, normativa e
cognitiva, cujos quais proporcionam estabilidade e
dão significado à vida social (SCOTT, 2005). O pilar
regulador possui ênfase na fixação de normas e
ações de coerção para o controle da organização por
meio da força e regularização dos comportamentos.
Portanto, a força temor e o oportunismo fazem
parte deste pilar, porém é regulado pela existência
de normas, seja no âmbito formal de leis ou
costumes informais (SCOTT, 2005); o pilar
normativo, por sua vez, corresponde a elementos
institucionais como os valores e normas, sendo o
primeiro, aquilo que é preferível ou desejado, e o
segundo, indicam como as coisas deveriam ser
realizadas de acordo com o que é legítimo
(CARVALHO; VIEIRA, 2003). Esse pilar busca
compreender se as ações organizacionais são
motivadas pelas pressões das normas e dos valores
que no decorrer do tempo foram internalizadas
pelos indivíduos, tornando-se uma obrigação social;
por fim, o pilar cognitivo é formado pelas normas
que constituem a realidade e onde os significados
são construídos. Esse pilar apoia-se em crenças e
pressupostos profundamente estabelecidos no
ambiente social (SCOTT, 2005).
Uma outra compreensão importante dentro do
estudo das instituições, é que as empresas
competem não só por recursos e clientes, mas
também por poder político e legitimidade
institucional, tornando-se isomórficas com o
ambiente para obtenção deste fim. Segundo
Dimaggio e Powell (1983), o isomorfismo pode
ocorrer por meio de três mecanismos. O primeiro é
o coercitivo, que é uma mudança que resulta das
pressões formais e informais, como força,
persuasão, direcionadas às organizações. O segundo
é o normativo, traduz-se no âmbito da
profissionalização e compartilhamento de normas e
conhecimentos com os demais. E o terceiro, é o
mimético que leva em consideração a questão da
incerteza para a adoção pela organização de práticas
semelhantes às outras organizações, no intuito de
minimizar as incertezas e os riscos.
Tomando como base os conceitos mencionados
anteriormente, é possível observar a relação
existente entre os pilares de apoio preconizados por
Scott (2005), com o isomorfismo institucional
(DIMAGGIO; POWELL, 1983) e a base de
legitimidade presente em cada uma delas (MEYER;
ROWAN, 1977). Sendo assim, o pilar regulador ao se
estabelecer por meio de regras e leis, conduz a
sociedade e organizações a um comportamento
isomórfico coercitivo em busca de uma legitimidade
legalmente sancionada (SCOTT, 2005). Enquanto
que o pilar normativo, que condiciona o
comportamento devido a obrigação social, baseada
nos valores e expectativas sociais, resulta no
isomorfismo normativo em busca da legitimidade
moralmente governada (SCOTT, 2005). Por fim, o
pilar cognitivo é composto pelo o que é socialmente
construído, portanto, são práticas tidas como certas
e compartilhadas, remetendo a um comportamento
isomórfico mimético, sendo o meio pelo qual os
atores sociais buscam a legitimidade amparados na
aceitação cultural (SCOTT, 2005).
A teoria institucional e especialmente o
neoinstitucionalismo embasaram a visão
institucional de gestão estratégica que intervém no
ambiente dos negócios internacionais e que será
tratado na seção seguinte.
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Visão Baseada na Instituição
A visão baseada na instituição proporcionou
valiosas contribuições à disciplina de estratégia
(PENG, 2002; PENG et al., 2009), principalmente, ao
considerar as relações complexas e mutáveis entre
instituições e organizações, e compreender as
escolhas estratégicas das empresas como resultado
dessa interação (PENG, 2002). Essa visão foi
integrada ao campo da estratégia dos negócios
internacionais (PENG; WANG; JIANG, 2008) após os
autores perceberem que as instituições são
importantes no processo de internacionalização das
empresas, especialmente, em economias
emergentes, onde as instituições são mais voláteis,
visto que há um processo maior de transições
institucionais (PENG et al., 2009).
Ao analisar o desempenho internacional das
empresas, os autores (PENG et al., 2009; PENG;
WANG; JIANG, 2008) propuseram uma integração
entre as três visões: a visão baseada em instituição,
a visão baseada em recursos (BARNEY, 1991) e a
visão baseada na indústria (PORTER, 1980). Com
isso, as instituições passam a compor o chamado
tripé da estratégia, que agora considera a
importância das instituições no processo de
internacionalização das empresas, especialmente de
economias emergentes. As empresas dessas
economias possuem um alto nível de incerteza em
seu contexto institucional, logo, enfrentam
dificuldades para encontrar os parâmetros que
possam orientar as suas decisões estratégicas (XU;
MEYER, 2013) aumentando a importância das
instituições formais.
As estruturas institucionais contemplam as
instituições formais (regras, políticas, contratos
econômicos, leis); e as instituições informais
(normas, aspecto cultural, ética).
Essas instituições possuem caráter
compensatório, pois na ausência de uma instituição
formal forte, as instituições informais tomam seu
lugar, no intuito de reduzir as incertezas causadoras
dos custos de transação. Por fim, no processo de
internacionalização, são as estruturas formais que
guiarão as escolhas dos agentes, seja no intuito de
promover a internacionalização, de impedi-la ou
ainda, agir de maneira indiferente (MONTICELLI et
al., 2017). Portanto, nesse artigo, apenas a
instituição formal do país de origem será
considerada.
Instituições Formais
As instituições formais do país de origem
possuem um impacto profundo na estratégia global
das empresas (BEYER; FENING, 2012), portanto, são
consideradas componentes centrais dos sistemas de
negócios e inovação, desempenhando um
importante papel na manutenção da vantagem
competitiva das empresas no exterior, como
também, na influência dos processos cognitivos
gerenciais e permitindo ou restringindo a aquisição e
a implantação de recursos e capacidades
estratégicas para uma melhor relação entre os
atores no mercado externo (MARANO et al., 2016;
CUERVO-CAZURRA, 2011).
As instituições formais compreendem as regras e
padrões que foram codificados e que por sua vez,
guiarão os comportamentos sociais por meio de
estruturas regulatórias, políticas e econômicas
(NORTH, 1990), inclusive para mercados
internacionais (MARANO et al., 2016).
As instituições formais domésticas influenciam na
internacionalização das empresas, tornando-se
crucial nos seguintes pontos: a) moldar a
mentalidade geral dos gerentes locais para os
negócios internacionais; b) atuar como incentivador
ou inibidor dos procedimentos necessários para
exportação; c) determinar a estrutura de custos e
preços das empresas; d) afetar o grau de risco e
incerteza nas transações comerciais internacionais;
e e) incentivar as empresas para entrar nos
mercados internacionais (NORTH, 1990; NGO et al.,
2016).
Contudo, existem dificuldades de nível
institucional e interno às organizações que podem
funcionar como inibidoras de um processo efetivo
de internacionalização, especialmente, quando se
trata de empresas de economia emergente. Na
seção seguinte, essas dificuldades são melhor
explicitadas.
Dificuldades para Internacionalização
Apesar dos benefícios provenientes da
internacionalização, as empresas enfrentam
também, diversas dificuldades e ameaças
decorrentes tanto do ambiente interno, quanto do
ambiente externo à empresa (PROZCZINSKI;
STEINBRUCH, 2014; MARANO et al., 2016; CAO,
2012). Essas dificuldades são maiores,
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especialmente, para as empresas localizadas em
economias emergentes como é o caso do Brasil
devido às condições específicas que acabam
afetando no processo de internacionalização das
empresas (CAO, 2012; CUERVO-CAZURRA, 2012).
Essas condições específicas no que se refere ao
ambiente externo, está presente em quatro
diferentes contextos, segundo Prahalad e Mashelkar
(2010). O primeiro é o social, caracterizado por
níveis baixos de desenvolvimento social, saúde,
renda e educação. O segundo é o político-
regulatório, destacando-se a instabilidade devido ao
risco-país e o custo-Brasil. O terceiro é a geografia
dos países em desenvolvimento, com predominância
de infraestrutura precária, gerando maiores custos
para as empresas. E o quarto e último contexto é o
econômico, refere-se ao mercado de capital, sistema
simples de inovação e fornecedores menos
desenvolvidos.
De um modo geral, as economias emergentes
possuem uma fraca estrutura institucional (WRIGHT;
FILATOTCHEV; HOSKISSON, 2005). Mas também,
características do ambiente interno podem
funcionar como impeditivo para que as empresas de
economias emergentes busquem os mercados
internacionais, como as relacionadas aos recursos
tangíveis e intangíveis da empresa (CAO, 2012).
As dificuldades de adentrar em um novo
mercado, são muito maiores para as MPMEs,
decorrentes, na maioria das vezes, do seu porte e
falta de recursos tangíveis, mas também falta de
experiência dos seus gestores, desconhecimento dos
mercados, baixo volume de produção, ausência de
mão de obra capacitada, dentre outros. Tudo
isso, tem comprometido as iniciativas de
internacionalização desse grupo de empresas
(SEBRAE, 2015; RECKLIES, 2001; SPERS et al., 2008;
GUIMARÃES; AZAMBUJA, 2017).
Ainda assim, empresas de maior e menor porte
nas economias emergentes, vem utilizando as
dificuldades mencionadas anteriormente, como
incentivos para buscar os mercados externos. Nesse
sentido, tem havido investimentos recentes em
educação profissional, uma nova geração com
habilidades linguísticas e de experiência no exterior
(CARNEIRO; BAMIATZI; CAVUSGIL, 2018). Portanto,
muitas empresas têm investido no exterior, para
obter ativos estratégicos e evitar as falhas
institucionais do país de origem (CUERVO-CAZURRA,
2012; CAO, 2012).
No Brasil para incentivar as empresas a
internacionalizarem suas operações, surgem os
Programas de Promoção à Exportação, que integram
políticas governamentais destinadas a auxiliar a
atividade de exportação das empresas (GENÇTURK;
KOTABE, 2001).
Programas de Promoção à Exportação
O governo de países desenvolvidos e emergentes
tem desenvolvido programas de assistência à
exportação que tem como objetivo fundamental,
servir como recurso externo às empresas de modo a
fornecer informações vitais para um desempenho
efetivo no mercado externo (GENÇTURK; KOTABE,
2001).
Sendo assim, os programas de promoção à
exportação reduzem a incerteza e o risco de
mercado e de possíveis atitudes oportunistas das
empresas localizadas no exterior, tudo isso ao
fornecer informações de mercado e coordenar
atividades que facilitem as transações comerciais
entre os países (KÖNIG, 2016).
Em termos gerais, eles podem ser definidos
como "medidas públicas destinadas a auxiliar a
atividade de exportação das empresas, desde o
aconselhamento, incentivos fiscais e financiamento
de exportações, até feiras comerciais e vendas"
(GENÇTURK; KOTABE, 2001. p. 51). Não obstante, os
programas têm servido de apoio ao
desenvolvimento de suas economias (KÖNIG, 2016).
Outro ponto relevante, é que esses programas
surgem também como facilitadores das MPMEs que
representam uma parcela significativa da economia
mundial, mas sofrem com a falta de conhecimento
sobre o tema e com as diversas dificuldades
inerentes à sua constituição (SERINGHAUS;
BOTSCHEN, 1991).
Mas para reduzir as dificuldades e incertezas das
MPMEs, o governo brasileiro tem fornecido apoio e
financiamento para as empresas exportadoras ou
que possuem potencial para exportação. Para isso,
órgãos como a APEX, tem desenvolvido diversas
ações de promoção comercial e valorização dos
produtos e serviços brasileiros no mercado externo
e conduzido programas como o PEIEX dentro de
diversos setores potenciais.
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METODOLOGIA
Tomando como ponto de partida o objetivo da
presente pesquisa, qual seja, identificar como um
programa de promoção a exportação, enquanto
instituição formal, influencia no processo
de internacionalização das MPMEs de uma
economia emergente, considera-se a metodologia
de pesquisa qualitativa a mais adequada, e como
estratégia de pesquisa, optou-se pelo estudo de
casos múltiplos. Em relação a coleta de dados, foram
utilizadas fontes primárias e secundárias e, por fim,
para a análise de dados foi realizada a análise de
conteúdo baseada no sistema de categorias de
Bardin (2016).
A pesquisa qualitativa torna-se pertinente, uma
vez que ela procura compreender como a realidade
ocorre dentro de determinado contexto e como é
construída socialmente (GUBA; LINCOLN,
2005). Considerando essa multiplicidade,
compreende-se ser adequada a estratégia de estudo
de caso para a presente pesquisa, pois permite o
conhecimento de características particulares de
culturas e países, como os de economias
emergentes (ELG; GHAURI; TARNOVSKAYA, 2008) e
a compreensão dos fenômenos sociais complexos
relacionados com o contexto em que estão
inseridos, especialmente em negócios
internacionais, pela diversidade de países e
situações históricas envolvendo esse processo
(PIEKKARI; WELCH; PAAVILAINEN, 2009).
A pesquisa é caracterizada ainda, como um
estudo de casos múltiplos, ou seja, que contempla
dois ou mais sujeitos e organizações, não buscando
necessariamente compará-los, mas antes,
analisando o objeto de estudo de forma particular
(TRIVIÑOS, 1987). Dessa forma, o estudo de casos
múltiplos oferece resultados mais convincentes
tornando-se mais robusto (YIN, 2001).
A coleta de dados ocorreu tanto por fontes
secundárias, como artigos que contemplam a
instituição pesquisada; relatórios de gestão e
desempenho da APEX em nível nacional, do período
de 2009 a 2018, acessíveis no portal da agência;
relatórios de atividades, do período de 2009 a 2018,
disponibilizados pelas instituições responsáveis pelo
PEIEX que desenvolveram tal tipo de documento, a
exemplo do ITEP; matérias divulgadas pela imprensa
como no portal de notícias da globo (G1), do MDIC,
da AD DIPER e no site das instituições que operam o
PEIEX; também foram utiizados estudos de
competitividade setorial da ABIT, IEMI e SEBRAE-PE.
Quanto por fontes primárias, por meio de
entrevistas semiestruturadas com pelo menos dois
tipos de atores: i) empresários e/ou tomadores de
decisão das empresas participantes do projeto; e ii)
representantes do PEIEX na região, seja
coordenadores, técnicos extensionistas ou
monitores.
Com isso, foi possível acessar as diferentes
perspectivas sobre o fenômeno investigado,
compondo um corpus de 9 entrevistas, sendo 5
compostas pelas empresas objeto do estudo de
caso, e 4 compostas por representantes do PEIEX. As
entrevistas semiestruturadas dispõem de um roteiro
com questões pré-estabelecidas e baseadas em
teorias pertinentes aos objetivos e ao referencial
teórico da pesquisa. E tem como grande vantagem,
a flexibilidade de alteração da ordem das questões e
incremento de novas (GODOY, 2006). Como critério
de rigor científico, foi utilizado a triangulação dos
dados primários e secundários, que ajudou a
enriquecer a compreensão do fenômeno estudado
(PAIVA; LEÃO; MELLO, 2007).
Por fim, na análise de dados, optou-se pela
análise de conteúdo (AC) baseada no sistema de
categorias, que visa compreender a construção de
significado que os indivíduos externalizam na fala
(SILVA; GOBBI; SIMÃO, 2005). Para tanto, utiliza-se
procedimentos sistemáticos na descrição de
conteúdo que visa obter indicadores para inferir
conhecimentos (BARDIN, 2016). As categorias de
análise foram elaboradas com base na
fundamentação teórica, utilizada na formação do
roteiro de questões e para a análise e discussão dos
resultados, são elas: Caracterização dos casos
(história, relevância para o setor); Papel e Influência
da Instituição Formal (papel e influência da
instituição, importância para o Setor T&C); e
Ambiente Institucional (relação com a instituição
formal; fatores institucionais que afetam o
desempenho internacional; isomorfismo no setor;
instituição informal). Conforme demonstrado na
Tabela 1.
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A Influência da Instituição Formal no Processo de Internacionalização das MPMEs em uma Economia Emergente
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Tabela 1 – Categorias de Análise utilizadas para roteiro de
entrevistas
Categorias
Subcategorias
Referências
Caracterização
História; relevância
para o setor T&C.
Dornelas, 2016;
Gençturk; Kotabe,
2001; CNI, 2019; Site
das instituições
Papel e
Influência da
Instituição
Formal
Papel e influência da
instituição formal;
importância para o
setor T&C.
Beyer; Fening, 2012;
Marano et al., 2016;
Cuervo-Cazurra,
2011; Ngo et al.,
2016; Peng; Wang;
Jiang, 2008; Site das
Instituições.
Ambiente
Institucional
Relação com a
instituição formal;
fatores institucionais
que afetam o
desempenho
internacional;
isomorfismo no
setor; instituição
formal.
Peng; Wang; Jiang,
2008; Scott, 2005;
Dimaggio; Powell,
1983; Meyer; Rowan,
1977; Peng, 2002;
Peng; Khoury, 2008;
Peng et al., 2009; Xu;
Meyer, 2013; Cuervo-
Cazurra, 2012; North
(1990).
Fonte: Elaboração Própria.
A análise dos dados dessa pesquisa se
desenvolveu em três etapas, conforme Bardin
(2016). A primeira, é a pré-análise onde as
pesquisadoras sistematizaram as ideias iniciais,
escolheram os documentos do corpus da análise e
formularam os objetivos. A segunda, é a exploração
do material, nessa etapa o material coletado foi
dividido por enumeração e classificados e agregados
às categorias temáticas estabelecidas previamente.
E por fim, o tratamento de resultados, onde foi
realizado a interpretação do material coletado das
diversas fontes, respaldadas no referencial teórico.
O Setor Têxtil e de Confecção
O setor têxtil e de confecção é considerado um
dos mais tradicionais e complexos na atualidade. No
Brasil, esse setor representa a quarta maior cadeia
produtiva integrada e verticalizada do mundo e a
maior do hemisfério ocidental (CNI, 2017).
Embora o Brasil esteja entre os maiores
produtores mundiais do setor T&C, a sua
participação mundial ainda é tímida, possuindo
apenas 0,3% da participação (em valor exportado)
(CNI, 2017).
Realizando um recorte geográfico para o Estado
de Pernambuco, é possível observar um dos
principais Polos do setor T&C, que está localizado na
região agreste do Estado e que tem como principais
cidades: Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e
Caruaru. Além destas, outras sete cidades atuam no
referido setor. O Polo é constituído por cerca de 18
mil empresas, entre formais e informais e é formado
predominantemente por micro, pequenas e médias
empresas. Além disso, emprega mais de 100 mil
pessoas que representam a maior parte da
produção do Estado.
Os três principais municípios do Polo, possuem
resultados de exportação ainda muito baixos,
mantendo a balança deficitária. Silva (2011)
identificou como um dos maiores entraves às
exportações locais de confecção, a questão da
informalidade. Apesar da informalidade na produção
funcionar bem no Brasil, o mesmo não ocorre nas
tratativas para exportação devido ao rigor da
fiscalização alfandegária (SILVA, 2011).
O autor aponta ainda, um outro aspecto do Polo,
que é a força da concorrência chinesa que consegue
oferecer preços mais baixos do que os oferecidos
pelas empresas do Polo de confecções, que
corrobora com os apontamentos feitos pelo SEBRAE
(2013). Portanto, um dos principais desafios do Polo
é o desenvolvimento de políticas públicas, com
vistas a dar suporte e alongar a vida das MPMEs,
fomentando seu crescimento e sustentabilidade,
principalmente diante da competitividade nacional e
internacional (DIEESE, 2010). É nesse sentido que o
PEIEX foi pensado para a região agreste de
Pernambuco, com vistas a capacitar as micro,
pequenas e médias empresas da região.
Tendo em vista as perspectivas teóricas utilizadas
para esse estudo, serão expostos no tópico seguinte,
a descrição dos casos e a análise dos resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Descrição dos Casos
Agência Promotora de Exportação e o Programa
PEIEX
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações
e Investimentos (APEX-Brasil), possui como objetivo,
executar junto ao poder público, políticas de
promoção de exportações, ações para promoção de
investimentos, gerar empregos e apoiar às empresas
de pequeno porte, conforme as políticas nacionais
de desenvolvimento. As ações da agência ocorrem
por meio de missões prospectivas e comerciais,
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rodadas de negócios, apoio à participação de
empresas brasileiras em feiras internacionais,
organização de visitas de compradores estrangeiros
para conhecer a estrutura de produção brasileira,
com vistas ao fortalecimento da marca Brasil.
De forma a melhor se aproximar das empresas
brasileiras, a agência utiliza de alguns projetos
relevantes para aumentar a capilaridade no Brasil,
dentre eles, destaca-se o Programa Extensão
Industrial Exportadora (PEIEX). Esse programa tem
como principal objetivo a preparação de micro e
pequenas empresas para atuar no comércio exterior
de forma planejada e segura.
O PEIEX ajuda a estimular a competitividade e
promover a cultura exportadora nas empresas por
meio da qualificação dos empresários iniciantes em
comércio exterior. Esse programa prioriza o
atendimento às empresas que possuem potencial
para inserir-se no mercado internacional,
privilegiando assim, setores com potencial para a
exportação.
O programa existe em todas as regiões do país
em parceria com instituições de ensino ou
federações de indústria. Um dos locais de atuação
do PEIEX é o Agreste Pernambucano, que desde
2009 trabalha na capacitação de MPMEs em
diversos municípios do interior do Estado que
compõe o Polo de Confecções, mas
prioritariamente, tem atendido aos municípios de
Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama.
O programa já ocorreu na região em três ciclos
diferentes. O primeiro, junto ao Instituto de
Tecnologia de Pernambuco (ITEP); o segundo, em
parceria com a UFPE; e o terceiro e atual, com a
Associação Caruaruense de Ensino Superior (ASCES-
UNITA).
Caracterização das Empresas
Empresa A
É uma empresa de pequeno porte que produz
moda praia infantil na cidade de Santa Cruz do
Capibaribe. O interesse da empresa pelo mercado
internacional surgiu após a associação com a ASCAP
(Associação Empresarial de Santa Cruz do
Capibaribe) que lhes apresentou à outras
instituições como o SEBRAE (Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Por meio do
SEBRAE a empresa foi apresentada ao PEIEX e,
também, participou da sua primeira feira
internacional, a ExporComer. Além dessa
experiência, a empresa já vendeu informalmente
para Portugal, por meio de atravessador, e
atualmente, exporta para o Chile ainda que
pontualmente e em pouca quantidade.
Empresa B
Empresa de pequeno porte e que atua na
produção de moda infantil na cidade de Surubim-PE.
A convite do SEBRAE, participou do EINNE (Encontro
Internacional de Negócios do Nordeste), onde
conheceu a AD DIPER que o indicou para participar
da curadoria da ABIT, que, por sua vez, o apresentou
ao PEIEX. Atualmente, a empresa encontra-se
preparada para atender toda a América do Sul até o
Caribe e pretende ter sua primeira experiência
internacional em três anos. Enquanto isso, busca
focar nas demandas internas pelos seus produtos.
Empresa C
É uma empresa de médio porte, localizada em
Santa Cruz do Capibaribe-PE e especializada no
seguimento surfwear. Foi por meio da ASCAP e do
SEBRAE que a empresa tomou conhecimento do
PEIEX e resolveu participar da capacitação. Em 2018
a empresa teve a oportunidade de realizar vendas
para países da América do Sul, oportunizado por
meio de uma trader. Apesar do valor pequeno, o
empresário considera que a experiência foi bastante
significativa, porém, seu foco atual é atender ao
mercado interno e só então, partir para um segundo
passo que seria a exportação.
Empresa D
A empresa é especializada em moda praia e
caracteriza-se como de pequeno porte. A sua
primeira exportação ocorreu após participar de uma
rodada de negócios em Recife. Desde então, a
empresa participa de exposições em feiras na
Espanha, França e Panamá. Além desses, já exportou
para países como Estados Unidos, Portugal e
Uruguai. Também foi por meio de sua participação
em feiras e rodadas de negócios que conheceu o
PEIEX e decidiu participar das capacitações como
forma de aperfeiçoamento. Atualmente as
exportações são realizadas esporadicamente.
Empresa E
A empresa é de médio porte, especializada em
camisaria masculina e funciona em Caruaru há mais
de dez anos. Seu interesse pelo mercado
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internacional foi despertado pelo PEIEX que lhes foi
apresentado em uma rodada de negócios do
SEBRAE. Contudo, a empresa decidiu por não seguir
com as capacitações do programa para dedicar-se
ao mercado interno, e apenas investir em outros
mercados quando estiver bem estabelecido no país
de origem.
Análise dos Resultados
Ambiente Institucional do Polo de Confecção
Esforços governamentais, na instituição de
programas como o PEIEX, surgiram no setor no
intuito de combater a concorrência e criar uma
expertise de exportação nas empresas da região.
Essas instituições formais objetivam sobretudo a
disseminação de regras e regulamentos que são
comportamentos comuns desse tipo de instituição.
O setor têxtil brasileiro conta com um ambiente
institucional repleto de instituições formais que
buscam direcionar as empresas em suas atividades
(NORTH, 1990; PENG, 2009). Com o Polo de
confecções do agreste não é diferente, foi
identificado instituições de nível nacional, estadual e
municipal que se propõem a agir nesta frente
apoiando as empresas tanto para o mercado
nacional, quanto internacional. A APEX na
institucionalização do PEIEX é uma instituição
federal e que foi considerada pelos entrevistados
como de fundamental importância na promoção à
exportação das empresas do Polo, e bastante
lembrada como idealizadora e apoiadora de diversas
feiras que congregam compradores internacionais.
Configurando-se na região como um importante
componente dentro do domínio regulatório, no
estabelecimento de normas e regras para um
comportamento internacional dos empresários
(SCOTT, 1995).
As instituições parceiras da APEX na
operacionalização do PEIEX, trabalham no apoio às
empresas em particularidades que o Programa,
sozinho, não consegue alcançar. Elas também foram
citadas como fundamentais, tanto no apoio às
empresas junto ao PEIEX, quanto de modo
individual, atuando ativamente dentro das
organizações com consultorias, cursos e divulgação
de feiras e eventos.
No nível nacional, foi citada a Associação
Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) e
o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (SEBRAE), sendo esta última citada de
forma unânime por todos os entrevistados, como
instituição importante na prestação de consultorias,
disposição de cursos de aperfeiçoamento e
capacitações. No âmbito Estadual, foi citada a
Agência de Desenvolvimento Econômico de
Pernambuco (AD DIPER); enquanto que em nível
Municipal, a Associação Empresarial de Santa Cruz
do Capibaribe (ASCAP) foi a mais referendada entre
os entrevistados.
É importante ressaltar, que os empresários
entrevistados tomaram conhecimento do PEIEX por
meio de algum desses parceiros institucionais. O que
demonstra que essa parceria da APEX com as
entidades já reconhecidas e que possuem
credibilidade junto aos empresários do Polo, remete
a um apelo da agência por legitimidade institucional
em prol da aceitação do programa pelos
empresários da região, reduzindo o risco de sua
atuação junto a este público (DIMAGGIO; POWELL,
1983). Como é possível observar na fala do
entrevistado a seguir: “Tanto é que quando tinham
essas reuniões da APEX/PEIEX né? Sempre vinha alí
AD DIPER, sempre vinha o SEBRAE [...] e dizia: ó,
vamos fazer, ó estamos incentivando a ação tal”
(Monitor do PEIEX da Fase II).
Não obstante, foi possível observar uma pressão
institucional coercitiva das instituições parceiras, por
meio de convites e cobranças aos empresários para
participar do PEIEX ou de eventos ligados ao
comércio exterior (DIMAGGIO; POWELL, 1983).
Além da participação institucional do governo
numa tentativa de integrar e regular o setor por
meio das instituições formais que promovem o
programa, foi possível observar, entretanto,
condições do contexto político, geográfico e
econômico que afetam o ambiente institucional do
Polo de Confecções e tem funcionado como
inibidores de uma decisão efetiva dos empresários
no que tange às exportações (CUERVO-CAZURRA,
2012).
No que se refere às características
político/regulatórias foram citados: forte burocracia
do Estado, carga tributária elevada, altas exigências
do governo, informação mal distribuída para a classe
empresarial, ausência de barreiras para importação
(especialmente China), insegurança decorrente das
recentes transições governamentais e sobreposição
de iniciativas do governo para o comércio exterior.
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No contexto econômico, a volatilidade cambial e a
crise econômica foram os aspectos mais citados. No
geográfico, a infraestrutura precária do Estado e a
logística deficiente e cara se destacaram. E no nível
social, foram citadas: a falta de segurança e
educação precária.
Mas há também, aspectos ligados ao ambiente
interno da organização que podem dificultar os
investimentos nos mercados internacionais. Nesse
sentido, foram identificados durante a entrevista: a
ausência de conhecimento de outros idiomas e de
profissionais com esta habilidade na organização,
falta de recursos financeiros, baixo volume de
produção para atender outros mercados, empresa
familiar enrijecida e foco na produção para o
mercado interno.
Essas dificuldades e ameaças decorrentes tanto
do ambiente interno, quanto do ambiente externo
às empresas, costumam ser maiores em economias
emergentes como o Brasil, devido às condições
específicas e frágeis que atuam no contexto social,
político-regulatório, geográfico, econômico (JANKOV
et al., 2002; CUERVO-CAZURRA, 2012), e na
condição de ser uma empresa de micro, pequeno ou
médio porte, principalmente no contexto de
economia emergente (SPERS et al., 2008).
Contudo, identificou-se na realidade do Polo,
alguns aspectos que estão começando a mudar, de
modo a minimizar essas dificuldades resultantes do
contexto institucional. Essas mudanças têm sido
influenciadas pela segunda geração, estimulada pelo
ensino superior, e que vem gerando um despertar
na mentalidade dos seus pais para as novas
possibilidades de negócios.
O que demonstra a presença do pilar de apoio
cognitivo formado pelas normas que constituem a
realidade e onde os significados são construídos
(CARVALHO; VIEIRA, 2003). E resultando em
pressões normativas no âmbito da profissionalização
da segunda geração, e no consequente
compartilhamento de normas (DIMAGGIO; POWELL,
1983).
Além disso, a recente leva de empresários da
primeira e segunda geração que estão visitando o
exterior, tem fornecido um percurso de descobertas
de um mundo antes visto como impossível e
assustador, e que agora tem despertado o interesse
dos empresários para novas oportunidades em
outros mercados. O Monitor do PEIEX da Fase II
comenta: “[...] a gente tem relatos de empresários
que participou de viagens internacionais, que
quando vai nas gôndolas das empresas observa que
o produto dele é melhor do que o que está sendo
vendido e se questiona, poxa, porque esse produto
tá aqui e o meu não tá?”.
Sendo assim, uma explicação teórica é possível,
quando apesar das dificuldades presentes no
ambiente institucional, as empresas de economias
emergentes, sejam de maior ou menor porte,
utilizam-se dos obstáculos como estímulos para
superarem as barreiras impostas no país de origem e
buscarem os mercados externos (CAVUSGIL, 2018;
CUERVO-CAZURRA, 2012). Os investimentos dos
gerentes em diversas habilidades linguísticas e de
experiência no exterior, tem sido uma das formas de
eliminar as dificuldades institucionais do país de
origem (CARNEIRO; BAMIATZI; CAVUSGIL, 2008).
Não obstante, foi identificado no ambiente
institucional do Polo de Confecções, um aspecto
bastante forte na região que é a questão cultural,
constituindo-se como uma instituição informal que
tem influenciado na decisão dos empresários sobre
internacionalizar (PENG et al., 2009). Um exemplo é
a informalidade muito comum na região agreste,
que tem limitado o desenvolvimento tanto em
âmbito nacional, quanto internacional, já que
diversas exigências legais não são cumpridas,
impedindo uma negociação efetiva com outros
mercados.
Para piorar, a informalidade na região, muitas
vezes, é associada ao empreendedorismo,
supervalorizando esse modus operandi como um ato
heroico, uma atitude de garra e perseverança, mas
que é prejudicial aos empresários ao longo prazo e
também ao país pelo não recolhimento dos tributos
devidos. Essa atitude tem reforçado um
comportamento isomórfico mimético, pois as
empresas repetem esse comportamento por
perceberem que é algo natural e legítimo na região,
sendo a melhor forma de desvencilhar-se das
incertezas inerentes ao início de qualquer negócio
(DIMAGGIO; POWELL, 1983).
Como consequência, esse aspecto cultural tem
sido um fator limitador do processo de
internacionalização, já que para se internacionalizar
é preciso tornar-se formal, e isso, muitos
empresários não estão dispostos, pois afeta
diretamente na sua competitividade em preço na
região. Como é relatado pela Coordenadora da fase
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II do PEIEX: “ a gente sabe que um empecilho do
empresário tem a ver com a cultura, ele quer vender
aqui, ele não quer adaptar o produto, ele não quer
ter custo para enviar o produto pro exterior...”
As instituições informais compreendem as
normas socialmente aceitas e o aspecto cultural e
possuem caráter compensatório, pois na ausência
de uma restrição formal forte, as instituições
informais tomam seu lugar, no intuito de reduzir as
incertezas (PENG et al., 2009). Na seção seguinte,
será explicitado, mais precisamente, sobre a
influência da instituição formal, o PEIEX, na
internacionalização das empresas do setor T&C.
Influência da Instituição Formal na
Internacionalização das MPMEs
Esse estudo permitiu constatar, com base nas
entrevistas e nos dados secundários, um importante
papel do programa PEIEX na condução de estímulos
e capacitações para a abertura de consciência dos
empresários, com vistas ao mercado internacional.
Mas, seus esforços, nos últimos onze anos, ainda
não têm acarretado na internacionalização de fato,
muito menos em uma cultura exportadora no setor
T&C.
O PEIEX tem atuado no Polo de confecções de
modo conjunto à outras instituições formais de
apoio, configurando-se como um projeto que busca
a integração do setor, porém, percebe-se que a
legitimidade da instituição não foi conquistada, pois
ainda há muita desconfiança dos empresários sobre
o processo de internacionalização e também
frustrações decorrentes de iniciativas anteriores da
própria instituição na região.
Segundo os representantes do PEIEX, a APEX
sugere que sejam atendidas as empresas mais
estruturadas que possuam um maior potencial de
exportação, embora a própria agência e parceiros
institucionais também induzam listas de empresas
que não possuem o mínimo interesse ou mesmo
condições mínimas de exportar.
Essa atitude configura-se como contraditória,
pois vai de encontro com às especificações formais
da APEX e gera dispêndios de recursos financeiros,
de tempo e de esforços das equipes do PEIEX. Além
disso, a imagem institucional da APEX acaba
perdendo legitimidade, afastando empresas
potenciais da rota de capacitação. O empresário B
reforça essa preocupação: “[...] então, às vezes, a
seleção tem que ser criteriosa, de dizer assim, bicho,
você tem perfil, mas você quer? Porque ter perfil e
não querer é a mesma coisa[...]”.
O programa tem sido visto pela maioria dos
entrevistados como importante, principalmente ao
desmistificar a respeito da exportação, no
esclarecimento sobre os processos que conduzem à
internacionalização, na entrega de possibilidades de
mercados potenciais para os produtos dessas
empresas, promoção e apoio em feiras e rodadas de
negócios, e adaptações em processos e produtos.
Nesse sentido, a empresária A relata: “O PEIEX que
esteve aqui e fez um trabalho muito bacana dentro
da nossa empresa, até porque eles não pegam só a
parte de internacionalização, eles abrangem a
empresa como um todo”. Esses benefícios também
foram encontrados no estudo de Dornelas (2016) e
Leonidou, Katsikeas e Piercy (1998).
As instituições formais como a APEX na
formatação do PEIEX, possui um esforço significativo
junto às empresas em prol de sua
internacionalização, e que podem contribuir em
algumas frentes: a) ao moldar a mentalidade geral
dos gerentes locais para os negócios internacionais;
b) atuar como incentivador ou inibidor dos
procedimentos necessários à exportação; c)
determinar a estrutura de custos e preços das
empresas; e d) afetar o grau de risco e incerteza das
transações comerciais internacionais (NORTH, 1990;
NGO et al., 2016).
Para os representantes do PEIEX, são as
empresas de menor porte e que, geralmente, não
possuem condições de exportar, que mais tem se
beneficiado das capacitações, já que devido ao seu
reduzido porte e escasso conhecimento de gestão e
processos organizacionais (RECKLIES, 2001; SEBRAE,
2015), o programa pode atuar com orientações
válidas e fundamentais para essas empresas, como:
necessidade de site, alocação de recursos e
equipamentos, questões ambientais, estagiário,
dentre outros.
Contudo, algumas críticas também foram
dirigidas ao programa, como: a incipiente atenção
no quesito comércio exterior, pois há um foco maior
nas deficiências organizacionais no aspecto gestão.
Isso está atrelado ao recrutamento dos profissionais
que irão compor às equipes dos núcleos
operacionais, que tem se preocupado mais em
recrutar profissionais com competências de gestão,
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que de fato é importante, porém, acabam
negligenciando o conhecimento específico para o
qual se conduz as capacitações. Nesse sentido, o
Monitor da Fase II comenta: “[...] nenhum monitor
está habilitado pra isso, porque a gente não é
selecionado por ser especialista em ser um
negociador internacional, a gente é especialista em
alguma atividade ou é administração ou é algum
conhecimento de mercado”. No estudo de Dornelas
(2016) sobre o PEIEX, também foi encontrado a
mesma deficiência do corpo técnico de
extensionistas, apresentando-se como um problema
não só da região agreste de Pernambuco, mas
também de outros Estados brasileiros.
Além disso, um outro ponto abordado tanto por
representantes da instituição, quanto pelos
empresários, foi a divulgação do programa, muitas
vezes realizada por políticos que ao se promoverem
em cima do programa, prometem feitos milagrosos
que na realidade, o PEIEX não se propõe a realizar.
Com isso, muitos empresários ficam na expectativa
de exportarem rapidamente, o que na maioria das
vezes, não se concretiza, já que é um processo
deveras lento, causando frustrações em boa parte
da classe empresarial.
Nesse sentido, uma outra reclamação dos
empresários em relação ao programa, são os poucos
resultados práticos que culminem, de fato, em
exportação, tornando o programa pouco prático na
opinião dos empresários entrevistados. O
empresário C comenta: “[...] e as ações do PEIEX
pecam muito por isso, ficam muito na teoria e a
prática não gera o resultado esperado, não adianta
se qualificar e não efetivar vendas [...] então, isso as
vezes deixa até boa parte dos empresários daqui
frustrados”. Como consequência, apesar das
empresas reconheceram a importância do programa
dentro do setor têxtil e de confecção do agreste,
muitos encontram-se resistentes em participar de
outras fases do projeto.
Portanto, embora a literatura advogue que os
programas de promoção à exportação tenham a
função de reduzir a incerteza e o risco de mercado e
de possíveis atitudes oportunistas no exterior, por
meio da informação (KÖNIG, 2016; NGO et al.,
2016), ainda é possível observar uma carência dos
empresários de serem assistidos para além da fase
de diagnóstico, o que indica uma certa insegurança
ou mesmo comodismo dos empresários de seguirem
sozinhos. A empresária A explica: “ então é
importante vir, fazer a capacitação e depois dar uma
assistência, né? Porque é feito menino, vai pra
escola, se a mãe não tiver em cima da tarefa, ele não
faz não”.
Esse nível de insegurança e incerteza das
empresas do Polo, são características comuns de
empresas de economias emergentes, o que
aumenta a importância da efetividade das ações de
instituições formais na redução de incertezas (PENG
et al., 2009; PENG, 2002), sendo esta, uma das
atribuições dos programas de promoção à
exportação (KÖNIG, 2016).
Assim, percebeu-se que apesar dos benefícios do
programa, ele ainda tem contribuído de forma
incipiente para o processo efetivo de
internacionalização das MPME’s do Polo têxtil e de
confecção. O que se percebe, são as empresas ainda
em um estágio muito inicial, onde a maior influência
do PEIEX tem sido moldar a consciência do
empresário para o mercado internacional, com
informações, participação em feiras e adaptações
dos produtos para esses mercados.
Ademais, o PEIEX tem avançado no agreste, no
decorrer dos seus onze anos de atuação na região, e
identificado algumas dessas deficiências. Inclusive,
na fase atual do programa, a APEX colocou como
exigência, a filiação a uma instituição de ensino que
tivesse um curso voltado ao comércio exterior, o
que demonstra um maior interesse com a temática
central do programa e que possa produzir resultados
mais práticos de exportação.
Porém, ainda que não tenha gerado a ida ou
aumento nas vendas para mercados internacionais,
adotar uma posição de distância do PEIEX, só
tornará ainda mais difícil a preparação das
empresas, de seus produtos e o consequente êxito
nas exportações. Pois o programa proporciona uma
apropriação de conhecimento, aprendizado, e uma
rede de relacionamento única, por intermédio em
feiras nacionais e internacionais, rodadas de
negócios locais e demais eventos (KÖNIG, 2016;
GENÇTURK; KOTABE, 2001).
Por fim, pode-se concluir que a formação do
programa PEIEX, alterou ainda que de modo singelo,
a dinâmica dos negócios dos empresários do setor
têxtil e de confecção do Polo do Agreste, das mais
diferentes formas. Para as empresas que já haviam
atuado de alguma forma no mercado externo, o
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programa atuou como um reforço em
conhecimento, atualizações e networking.
Já para as empresas que não aderiram ao
programa, perceberam uma oportunidade de
negócio para além das fronteiras do mercado local e
que podem acarretar em diversos benefícios como a
melhoria da imagem dos produtos têxteis e
confeccionados, e diversificação de mercados e
riscos. Ademais, para todas as empresas, houveram
melhorias na gestão, processos, adaptações de
produtos para outros mercados, que gerou,
automaticamente, benefícios para o mercado
doméstico e consequente melhoria na vantagem
competitiva do setor têxtil e de confecção a nível
local e nacional. Portanto, entende-se a importância
do PEIEX como fundamental para as organizações e
suas consequentes escolhas estratégicas de
internacionalização (PENG, 2002).
CONCLUSÕES
Esse estudo se propôs a analisar como um
programa de promoção à exportação, enquanto
Instituição Formal, influencia na internacionalização
das MPMEs em uma economia emergente. Para
tanto, foi realizada uma análise do ambiente
institucional que permeia o Polo de Confecções do
Agreste Pernambucano, bem como, da influência da
APEX no âmbito do PEIEX na internacionalização das
MPMEs do Polo.
Dessa feita, foi observado no ambiente
institucional do Setor Têxtil e de Confecção,
instituições formais e informais que agem
predominantemente de modo divergente entre si.
Enquanto há instituições formais que se
demonstram importantes ao tentar integrar-se em
apoio ao PEIEX e às empresas do Polo de Confecções
em diversas frentes, tem, ao mesmo tempo,
instituições formais que vêm agindo por meio de
estruturas político/regulatórias, econômica, e
geográfica, de modo a inibir possíveis decisões de
internacionalização.
Além disso, há instituições informais, dentro do
aspecto cultural, que tem servido como inibidor da
decisão do empresário pela exportação, e também,
como limitadora do desenvolvimento dessas
empresas no próprio mercado nacional. O que
demonstra uma necessidade por uma maior
integração entre as instituições para que venham a
convergir em resposta e em apoio, às políticas
públicas de promoção à exportação.
Em relação a influência da instituição formal,
PEIEX, na internacionalização das MPMEs, foi
observado que há uma influência positiva,
sobretudo, na transmissão de conhecimentos sobre
o processo de internacionalização, nas sugestões de
melhorias de produtos e processos e na promoção
de feiras e rodadas que resulta em networking para
os empresários. Contudo, a internacionalização
efetiva ainda não foi obtida, pelo menos com as
empresas entrevistadas.
Ademais, algumas críticas também foram
direcionadas ao programa, como a incipiente
atenção ao comércio exterior no momento da
capacitação; forma de divulgação, que muitas vezes
inclui interesses políticos; resultados pouco práticos
em termos de exportação; e necessidade de uma
assistência após a qualificação, na condução das
melhorias e adaptações necessárias e nas primeiras
vendas internacionais das empresas. Ainda assim,
estimula-se a participação das empresas no
programa para que os benefícios provenientes dessa
instituição sejam devidamente apropriados pelas
empresas e contribua para futuros resultados
exitosos em termos de exportação.
Sendo assim, foi possível respaldar-se no
neoinstitucionalismo (SCOTT, 1995; DIMAGGIO;
POWELL, 1983) e na visão baseada em instituição
(PENG, 2002; PENG et al., 2009) para compreender
este fenômeno, trazendo novas perspectivas do
ambiente institucional de uma economia
emergente, aplicadas a um contexto específico.
Os resultados desse estudo demonstraram que
embora o ambiente institucional doméstico possua
um importante papel ao configurar os seus
mecanismos cognitivos, normativos e reguladores na
promoção a exportação em economias emergentes
(NGO et al., 2016), no Polo T&C, esses mecanismos
têm se apresentado mais como inibidores do que
facilitadores das exportações. Portanto, essas
considerações podem ampliar conceitualmente as
demais pesquisas de exportação, com os fatores do
ambiente doméstico seja político, econômico ou
social que influenciam positiva ou negativamente as
decisões estratégicas das empresas pela
internacionalização. Essa compreensão torna-se
ainda mais interessante ao entender os aspectos
externos e também internos de empresas de
economias emergentes, devido ao caráter
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transitório e específico do seu ambiente
institucional.
Além disso, observou-se uma tendência das
empresas do Polo T&C em superar os aspectos
frágeis do país de origem, por meio dos
investimentos em educação profissional, em novos
idiomas e vivência no exterior.
Não obstante, ao considerar o contexto
institucional particular da região Agreste no setor
T&C, tendo em vista que o ambiente institucional
pode variar não só entre países, mas também, entre
diversas regiões de um mesmo país (NGO, 2016),
possibilita a formulação de metodologias de
programas de promoção à exportação mais
assertivas para a localidade.
Além disso, o aperfeiçoamento do domínio
regulador no que tange às regras e regulamentos
apropriados da instituição APEX e do governo de
modo geral, que atue de forma integrada com as
instituições presentes no ambiente institucional do
Polo, de modo a convergir para resultados positivos
de exportação precisam ser melhor definidos. Com
isso, possibilita a redução de incertezas relacionadas
ao processo de internacionalização no Polo T&C e
estimula um desempenho positivo nos mercados
externos.
Para tanto, é primeiramente necessário que o
governo por meio da regulação do mercado, realize
acordos comerciais, desburocratize, invista cada vez
mais em projetos e instituições setoriais, fomente o
mercado nacional e internacional, estimule os
empresários por meio de políticas públicas a
direcionarem suas estratégias empresariais também
para outros países e com isso, consiga um resultado
positivo no médio e longo prazo.
Por fim, de modo a materializar os achados desse
estudo, foi elaborada uma representação do
ambiente institucional do Polo T&C, onde é possível
observar as principais instituições formais e
informais que tendem a ter uma influência mais
positiva (+) ou negativa (-) para a internacionalização
das empresas do Polo. Na representação, também
foram contemplados o mercado chinês, visto como
uma das principais ameaças às empresas do Polo; e
as pressões institucionais que ora apresentam
influência positiva, ora negativa, a depender do
contexto em que elas ocorrem. Conforme exposto
na Figura 1.
Figura 1 – Ambiente Institucional do Pólo de Confecções
Fonte: Elaboração Própria.
Limitações da Pesquisa
As principais limitações dessa pesquisa
compreendem o baixo número de entrevistas, nove
ao todo, entre empresas e representantes da
instituição formal. Sendo uma quantidade pequena
se comparada a quantidade de envolvidos no
ambiente institucional, incluindo representantes de
outras instituições formais parceiras da APEX. Outro
fator limitante, foi o sigilo de informações dos
representantes do PEIEX, que comprometeu o
achado de um maior número de empresas.
Sugestões de Pesquisas Futuras
De modo a produzir um aprendizado sistemático,
sugere-se o uso de mais instituições formais que
atuam no setor têxtil e de confecção, a exemplo do
SEBRAE e AD DIPER, entidades setoriais, como a
ASCAP e, também, buscar entrevistar
representantes da APEX que trabalham no núcleo do
Estado, para compor um quadro mais completo para
análise. Outra sugestão, é considerar para a
pesquisa outros setores da economia ainda na
região Agreste, para uma análise segmentada e
comparativa da influência do PEIEX nos diversos
setores e contextos institucionais. Ou ainda,
comparar a influência do PEIEX do Agreste com
cidades de outros Estados que possuem o programa
atuante também no setor T&C.
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Sobre os autores:
Ane Izabelle Bezerra de Arruda - Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, (Brasil). Email:
anearruda12@gmail.com. Orcid id: https://orcid.org/0000-0001-8665-7414
Viviane Santos Salazar - Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, (Brasil). Email:
viviane_salazar@yahoo.com.br. Orcid id: https://orcid.org/0000-0001-7046-3703
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THE INFLUENCE OF THE FORMAL INSTITUTION IN THE INTERNATIONALIZATION PROCESS OF THE
MSMEs IN AN EMERGING ECONOMY
Ane Izabelle Bezerra de Arruda e Viviane Santos Salazar
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Recife, (Brasil)
ARTICLE DETAILS
ABSTRACT
Article history:
Received: 16 January 2020
Accepted: 27 August 2020
Available online January: 01 th 2021
Double Blind Review System
Scientific Editor
Ilan Avrichir
Objective: The objective of this article is to analyze how an export promotion
program, as a formal institution, influences the internationalization process of
MSMEs in an emerging economy, under the theoretical perspective of the
institution-based view.
Method: Multiple case studies were carried out, comprising a corpus of 9
interviews conducted in a semi-structured manner, with representatives of
the formal institution under analysis and MSMEs from the textile and clothing
sector of Agreste Pernambucano.
Main Results: A significant influence of the formal institution for the
internationalization of MSMEs in the T&C Sector was identified, especially in
the demystification of export myths, information on procedures for
internationalization, promotion and support at fairs, adjustments in
processes, products and management. However, there are also negative
influences such as incipient attention to foreign trade issues, disclosure of the
program with political interests, few practical export results, state
bureaucracy and exchange rate volatility.
Relevance: The focus on the role of the institutions of the country of origin,
especially in emerging economies, in the internationalization of companies, is
an emerging theme, therefore, this article can collaborate for the permanence
of the local and global relevance of the theme
Theoretical / Methodological Contributions: Uses the theoretical perspective
of the institution-based view to understand the interactions between
institution and internationalization, contemplating a distinct institutional
environment, bringing new perspectives for analysis.
Keywords
Formal institution
Institution-based view
Export promotion program
Internationalization
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LA INFLUENCIA DE LA INSTITUCIÓN FORMAL EN EL PROCESO DE INTERNACIONALIZACIÓN DE
MPMEs EN UNA ECONOMÍA EMERGENTE
Ane Izabelle Bezerra de Arruda e Viviane Santos Salazar
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Recife, (Brasil)
HISTORIA DEL ARTÍCULO
RESUMEN
Historia del Artículo:
Recibido: 16 de Enero de 2020
Aceptado: 27 de Agosto de 2020
Disponible en línea: 01 de Enero 2021
Double Blind Review System
Editor Científico
Ilan Avrichir
Objetivo: El objetivo de este artículo es analizar cómo un programa de
promoción de exportaciones, como institución formal, influye en el
proceso de internacionalización de las MIPYMES en una economía
emergente, bajo la perspectiva teórica de la mirada institucional.
Método: Se realizaron múltiples estudios de caso, que comprenden un
corpus de 9 entrevistas realizadas de manera semiestructurada, con
representantes de la institución formal bajo análisis y MIPYMES del
sector textil y confección de Agreste Pernambucano.
Principales Resultados: Se identificó una influencia significativa de la
institución formal para la internacionalización de las MIPYMES en el
Sector T&C, especialmente en la desmitificación de mitos exportadores,
información sobre procedimientos de internacionalización, promoción y
acompañamiento en ferias, adecuaciones en procesos, productos y
gestión. Sin embargo, también existen influencias negativas como la
incipiente atención a los temas de comercio exterior, divulgación del
programa con intereses políticos, pocos resultados prácticos de
exportación, burocracia estatal y volatilidad del tipo de cambio.
Relevancia: El enfoque en el rol de las instituciones del país de origen,
especialmente en las economías emergentes, en la internacionalización
de las empresas, es un tema emergente, por lo que este artículo puede
colaborar para la permanencia de la relevancia local y global del tema.
Contribuciones Teóricas / Metodológicas: Utiliza la perspectiva teórica de
la visión institucional para comprender las interacciones entre institución
e internacionalización, contemplando un entorno institucional distinto,
aportando nuevas perspectivas de análisis.
Palabras-clave:
Institución formal;
Visión institucional;
Programa de promoción de
exportaciones; Internacionalización
Como citar este artigo:
de Arruda, A., & Salazar, V. (2021). A Influência da Instituição Formal no Processo de Internacionalização das
MPMEs em uma Economia. Internext, 16(1), 36-55. doi:http://dx.doi.org/10.18568/internext.v16i1.592