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Abstract and Figures

A presente investigação tem como objetivo analisar o consumo estimado pelos portugueses na época de Natal. O Natal transporta em si uma contradição, por ser considerado um feriado religioso mas também uma das ocasiões mais consumistas e lucrativas para o mundo cristão. Utilizou-se uma metodologia quantitativa baseada num questionário, onde os inquiridos, para além de responderem a um conjunto de questões de índole sociodemográfica, indicaram com quem passariam a festividade. Indicaram também o valor a gastar em presentes para oferecer e em bens de consumo na época de Natal. A amostra é constituída por 1.077 indivíduos portugueses, maiores de 18 anos. Os resultados demonstram que esses indivíduos estimam gastar mais em presentes para oferecer do que em bens de consumo. Verifica-se também que o consumo estimado para essa época do ano aumenta com a idade, com o número de elementos do agregado familiar, com o nível de escolaridade e com o rendimento mensal do agregado familiar. Os indivíduos que estimam gastar mais na época de Natal são: homens; os que têm religião; os que possuem familiar direto com menos de 16 anos; e os que são casados ou vivem em união de fato. O estudo ajuda a perceber as motivações do consumo na época natalina e a sua importância no desenvolvimento econômico. Espera-se que este estudo venha a contribuir para desvendar o espírito de Natal e expor o simbolismo presente nas variadas manifestações sociais e culturais da sociedade. Palavras-chave: Natal. Consumo. Materialismo. Afetividade familiar. Mercado de Natal. Artigo submetido em 29 de março de 2020 e aceito para publicação em 22 de setembro de 2020.
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Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa, v. 19, nº 3, p. 163-179, Rio de Janeiro, Set./Dez. 2020
ISSN 2674-5895
Percepção do consumismo dos
portugueses na época de Natal
EULÁLIA SANTOS 1
FERNANDO OLIVEIRA TAVARES 2
1 Instituto Politécnico de Leiria / Escola Superior de Tecnologia e Gestão
(ESTG), Leiria – Portugal
2 Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo (ISCET), Porto
Portugal
Resumo
A presente investigação tem como objetivo analisar o consumo
estimado pelos portugueses na época de Natal. O Natal transporta
em si uma contradição, por ser considerado um feriado religioso
mas também uma das ocasiões mais consumistas e lucrativas para
o mundo cristão. Utilizou-se uma metodologia quantitativa baseada
num questionário, onde os inquiridos, para além de responderem
a um conjunto de questões de índole sociodemográca, indicaram
com quem passariam a festividade. Indicaram também o valor a
gastar em presentes para oferecer e em bens de consumo na época
de Natal. A amostra é constituída por 1.077 indivíduos portugueses,
maiores de 18 anos. Os resultados demonstram que esses indivíduos
estimam gastar mais em presentes para oferecer do que em bens de
consumo. Verica-se também que o consumo estimado para essa
época do ano aumenta com a idade, com o número de elementos do
agregado familiar, com o nível de escolaridade e com o rendimento
mensal do agregado familiar. Os indivíduos que estimam gastar
mais na época de Natal são: homens; os que têm religião; os que
possuem familiar direto com menos de 16 anos; e os que são
casados ou vivem em união de fato. O estudo ajuda a perceber as
motivações do consumo na época natalina e a sua importância no
desenvolvimento econômico. Espera-se que este estudo venha a
contribuir para desvendar o espírito de Natal e expor o simbolismo
presente nas variadas manifestações sociais e culturais da sociedade.
Palavras-chave: Natal. Consumo. Materialismo. Afetividade familiar.
Mercado de Natal.
Artigo submetido em 29 de março de 2020 e aceito para publicação em 22 de setembro de 2020.
DOI: http://dx.doi.org/10.12660/rgplp.v19n3.2020.81233
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Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa
Consumerism perception in Portugal at Christmas time
Abstract
e research analyzes the estimated consumption at Christmas time in Portugal.
Christmas is a religious holiday and also one of the most consumerist and protable
occasions in Christian countries, which may be considered a contradiction. A
quantitative methodology based on a questionnaire was used, where participants
answered a set of sociodemographic questions and indicated with whom they
would spend the next Christmas. ey also indicated the estimated amount
they will spend on gis and consumer goods. e sample consists of 1077 Portuguese
individuals over 18 years old. e results show that Portuguese individuals expect
to spend more on gis than on other consumer goods. In addition, the estimated
consumption over the Christmas holidays increases with age, the number of people
in the household, level of education, and monthly household income. Individuals
who estimate spending more are men, religious people, individuals who have
a direct family member under the age of 16, married people (or those with a
long-term partner). e study helps to understand the motivations of consumption
at Christmas time and its importance in economic development. Finally, the
research intends to contribute to unravel the spirit of Christmas and expose the
symbolism present in society’s social and cultural expressions.
Keywords: Christmas. Consumption. Materialism. Family Aectivity. Christmas Market.
Percepción del consumismo portugués en la temporada navideña
Resumen
La presente investigación tiene como objetivo analizar el consumo estimado por los
portugueses en Navidad. La Navidad conlleva una contradicción, ya que es al mismo
tiempo una esta religiosa y una de las ocasiones más consumistas y rentables para el
mundo cristiano. Se utilizó una metodología cuantitativa basada en un cuestionario,
en el que los encuestados además de responder un conjunto de preguntas de carácter
sociodemográco e indicar con quién pasarían la próxima Navidad, también
informaron la cantidad estimada que gastarían en regalos y en bienes de consumo en
la época navideña. La muestra constó de 1 077 individuos portugueses mayores de
18 años. Los resultados demostraron que los portugueses estiman gastar más en
regalos que en bienes de consumo. También se vericó que el consumo estimado para
esa época aumenta con la edad, con el número de miembros de la familia, con el nivel
de educación y con el ingreso mensual del hogar. Las personas que estiman gastar más
en Navidad son: hombres; los que tienen religión; los que tienen un familiar directo
menor de 16 años; y los casados o parejas de hecho. El estudio ayuda a comprender las
motivaciones del consumo en Navidad y su importancia en el desarrollo económico.
Se espera que este estudio contribuya a desvelar el espíritu navideño y exponer el
simbolismo presente en las variadas manifestaciones sociales y culturales de la sociedad.
Palabras clave: Navidad. Consumo. Materialismo. Afectividad familiar. Mercado
navideño.
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Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa
INTRODUÇÃO
O Natal é a festa da família, das crianças e do consumismo. Hoje existe um Natal religioso e um
Natal consumista, apesar de a religião rejeitar o materialismo. O Natal é constituído por uma
variedade de práticas e rituais diferenciados entre culturas. No caso de Portugal, a celebração
envolve festa em família, troca de prendas, envio de mensagens, decorações especiais típicas
dessa época do ano, entre outros costumes. Percebe-se que a data tem um forte simbolismo e
tem sido usado como uma grande oportunidade para o aumento da procura de bens e serviços.
Embora, por excelência, seja a festa da família, das crianças, dos amigos, da generosidade,
do relaxar e desfrutar da atmosfera do Natal, há também quem aproveite para viajar para locais
paradisíacos, num claro corte com a rotina quotidiana.
No entanto, no entender de Cruz (2013), o nascimento de Jesus divide a história do
mundo e dos homens em duas partes: o antes e o depois. Nos dias que correm o Natal está a
transformar-se numa festa laica, onde por vezes a família já nem se reúne. Existe um crescente
desaparecimento do religioso (CRUZ, 2013).
A data de 25 de dezembro é coincidente com o solstício de inverno no calendário romano e
justica-se pelo sincretismo entre o cristianismo e os cultos solar de Mitras e do Sol Invictus no
império romano (ROQUE, 2013). Assim, Cruz (2013) entende que o Natal cristão batizou uma
festa pagã ao longo do tempo, e espiritualidade e mundanidade estiveram sempre associados.
Na literatura, não se encontram muitos estudos relacionados com o Natal. Em particular,
existe uma carência de estudos que relacionem o Natal com a área da administração. O consumo
está relacionado em termos de economia com o rendimento disponível das famílias. Esse
rendimento, em Portugal, de acordo com a Pordata (2020), aumentou de 2014 (29.245,5 euros)
até 2018 (33.196,0 euros), mas continua inferior à média europeia. Assim, considera-se
pertinente a realização do presente estudo.
Este artigo tem como objetivo analisar o consumo estimado pelos portugueses na época de
Natal. Para concretizar esse objetivo, para além desta introdução, o artigo apresenta em seguida a
revisão da literatura. Na terceira seção é exposta a metodologia, onde se começa por apresentar
a população e a amostra, os instrumentos de recolha de dados e os procedimentos levados em
consideração na realização do trabalho de investigação. Na quarta seção são apresentados os
resultados e a sua discussão. É também analisado o consumo e o endividamento na época de Natal,
e são testadas as hipóteses de investigação. No nal do artigo, são apresentadas as conclusões.
REVISÃO DE LITERATURA
A celebração do Natal carrega em si um paradoxo, por ser considerado um proeminente feriado
religioso e uma das ocasiões mais lucrativas para o mundo cristão. Há quem inclua também
o mundo não cristão, uma vez que, graças à inuência da hegemonia norte-americana e à
popularidade da gura mítica do Papai Noel, a data também proporciona aumento nas vendas
em países onde o cristianismo não é a religião maioritária (BATINGA, PINTO e RESENDE,
2017). Robinot, Ertz e Durit (2017) referem que a atmosfera de Natal leva as pessoas a consumir
mais nessa fase do ano, e que elas necessitam mudar sua atitude para se comportar de forma
racional e responsável.
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Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa
No entender de Clarke (2007), o Natal assumiu em todo o mundo relevância em termos de
consumo, tornando-se num momento em que as pessoas gastam de forma mais livre, espontânea
e generosa em aspectos ligados à sua preparação e seu desfrute.
É reconhecido que o materialismo e o consumismo intensicam-se nessa época do ano, o
que é um paradoxo com o espírito natalino, uma vez que a religião cristã rejeita o materialismo
(DEACY, 2016). Isso é visível durante a época de Natal, uma vez que os centros comerciais e as
lojas de rua aumentam suas vendas. Segundo Batinga, Pinto e Resende (2017), o materialismo
é entendido como a importância que o consumidor atribui às posses mundanas, que conferem
status, distinção e poder. O consumismo é o ato de consumir, por vezes desmedido.
O Natal enquadra-nos como sujeitos religiosos, porque assim tem sido difundido na
América (BURROUGHS, 2019). Hoje há um capitalismo religioso e o Natal é mais que um
feriado cristão, é um feriado consumista secular. Os aspectos favoritos do Natal são a reunião de
família, as tradições, as festas e a comida. O Natal serve para algumas funções, como ensinar às
crianças a importância de doar, incentivar a compaixão e o amor ao próximo.
Para Ribeiro (2018), a religião cristã é colocada como uma forma de vida que pode inverter
o quadro caótico da cultura consumista. A autora questiona se será a cultura consumista que
está imersa no cristianismo ou se será o cristianismo que está imerso na cultura consumista.
Schuster, Dias e Battistella (2016) entendem que, no consumismo, embora exista diferenças em
nível de gênero, elas não são signicativas, isto é, o modelo de mensuração não as detecta. Simões
e Amaral (2018) concluem que quanto mais elevada é a escolaridade, maior é o rendimento das
famílias, e maior a tendência para o consumo. Referem que investir na educação é um degrau
para erradicar as desigualdades e melhorar as condições de vida das pessoas. É normal nas
famílias de maior rendimento haver uma maior tendência para o consumo (BARR, 2020).
Miller (2017) refere que o Natal é uma festa vivida intensamente nas famílias. É tradição
oferecer presentes aos familiares e amigos. As pessoas oferecem presentes porque se permitem
expressar, de forma vincada, sua identidade (ROBINOT, ERTZ e DURIT, 2017). Dyble, Van
Leeuwen e Dunbar (2015) concluíram que no Natal os entrevistados compravam presentes de
maior valor para familiares próximos e indivíduos de suas relações sociais. Embora homens e
mulheres gastem quantias semelhantes em presentes para parentes e pessoas das relações sociais
próximas, há uma grande diferença no que é gasto com amigos e relações sociais distantes entre
gêneros, gastando as mulheres signicativamente mais. Ganassali (2019) concluiu que crianças
e jovens vivem intensamente o Natal. Nas cartas que escrevem ao Papai Noel há quatro tipo
de mensagens: gourmet (reetem o desejo de pedir um único presente, normalmente caro);
gulosices (sweet tooth); brinquedos; e rebuçados de marca.
Segundo um estudo da Deloitte (2018), os principais fatores que incentivam a despesa
durante as festividades de Natal são as promoções e o fato de os europeus, em geral, quererem
se divertir sem pensar na situação econômica. Essa consultoria refere ainda que Portugal é um
dos países da Europa que mais armam gastar do seu orçamento de Natal e Ano Novo, em datas
especiais como a Black Friday. O estudo refere ainda que no topo das prendas em Portugal estão
os chocolates e os livros, mas existem diferenças de gênero (homens recebem mais alimentação
e bebidas e mulheres perfumes). Ainda segundo o estudo, os portugueses privilegiam as
compras nos centros comerciais, seguindo-se pela ordem de preferência os hipermercados ou
supermercados, as lojas de rua, os retalhistas especializados, os outlets e as lojas de luxo. Os
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Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa
portugueses preferem fazer os pagamentos em dinheiro, por cartão de débito, recorrendo uma
pequena parte ao cartão de crédito.
No entender de Tavares, Pacheco e Sousa (2014), a procura de centros comerciais está
relacionada com sete fatores: a publicidade; os níveis de consumismo; a praça de restauração; o
cinema; a higiene e segurança do centro comercial; o acesso a produtos e bens de tecnologia; e
a existência de hipermercado no centro comercial.
Segundo outro estudo efetuado pela Deloitte (2019), o mercado on-line tem vindo a crescer
em Portugal e prevê-se que possa vir a representar 25% das compras de Natal. Apesar dessa
tendência crescente, as famílias portuguesas continuam a eleger as lojas físicas como locais
preferenciais de compra de prendas devido ao serviço personalizado de atendimento, às políticas
de devolução e a uma maior conança no método de pagamento utilizado. Ainda nesse estudo
é referido que a primeira quinzena de dezembro é o período eleito para fazer as compras de
Natal, havendo uma tendência para antecipar para novembro, tendo impacto nessas compras o
período de Black Friday.
Cunha, Tavares e Durão (2019) concluem que o principal atributo das redes sociais é a
proximidade com o cliente e o contato permanente que potencializa o relacionamento entre
a empresa e os consumidores. As marcas utilizam as redes sociais como plataformas privilegiadas
de comunicação B2C, valorizando a transmissão rápida das mensagens e a facilidade em
interagir e receber feedbacks dos fãs e consumidores.
Brida, Meleddu e Tokarchuk (2017) referem que os principais motivos na comemoração
do Natal é passar tempo com a família e os amigos, relaxar e apreciar a atmosfera de Natal.
Entendem também que o Natal tem o potencial de inuenciar positivamente a cultura,
o desenvolvimento econômico e fomentar o turismo numa época baixa. Esse mercado turístico
de Natal cria, além de impactos econômicos, um valor de conhecimento para a comunidade
antriã, que se benecia do intercâmbio cultural trazido pelos turistas e da revitalização urbana
durante a época baixa.
Brida, Disegna e Osti (2013), ao estudarem três mercados turísticos no período de Natal no
norte de Itália, concluíram que o objetivo da viagem, a região de origem, a percepção do evento,
o tempo de permanência e a idade são fatores signicativos que inuenciam a propensão para o
consumo e a quantidade de dinheiro gasta durante as visitas.
Com base nos objetivos denidos e na revisão da literatura efetuada no presente estudo,
formularam-se as hipóteses de investigação listadas a seguir, acompanhadas com a respetiva
fundamentação teórica que serão testadas na parte empírica.
Hipótese 1: A estimativa do valor a gastar em presentes para oferecer é superior à estimativa
do valor a gastar em bens de consumo na época de Natal.
Os estudos efetuados pela consultora Deloitte em 2018 e 2019 concluíram que os portugueses
e os europeus estimam gastar mais em presentes comparativamente a bens de alimentação.
Hipótese 2: Existe relação positiva entre a idade e o consumo estimado para a época de Natal.
Robinot, Ertz e Durif (2017) registram que na época de Natal as pessoas consomem mais,
sendo naturalmente esperado, que com o aumento da idade e do rendimento disponível,
aumente também o consumo.
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Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa
Hipótese 3: Existe relação positiva entre o número de elementos do agregado familiar e o
consumo estimado para a época de Natal.
Segundo Miller (2017), as famílias vivem intensamente o Natal, sendo esperado que
o consumo aumente nos agregados familiares de maior número de elementos.
Hipótese 4: Existe relação positiva entre os níveis de escolaridade e o consumo estimado para
a época de Natal.
Simões e Amaral (2018) mencionam que quanto mais elevada a escolaridade, maior tenderá
a ser o rendimento familiar, e maior a tendência para o consumo.
Hipótese 5: Existe relação positiva entre os rendimentos mensais do agregado familiar e o
consumo estimado para a época de Natal.
Barr (2020) refere que as famílias com maior rendimento apresentam uma tendência para
maior consumo.
Hipótese 6: Existem diferenças no consumo estimado na época de Natal entre os homens e
as mulheres.
Schuster, Dias e Battistella (2016) registram que, embora existam diferenças no consumo em
relação ao gênero, elas não são estatisticamente signicativas.
Hipótese 7: Os indivíduos que têm familiar direto com menos de 16 anos estimam gastar
mais na época de Natal.
Ganassali (2019) concluiu que as crianças e os jovens vivem intensamente o Natal, sendo
assim esperado que as famílias com crianças e jovens gastem mais no Natal.
Hipótese 8: Existem diferenças no consumo estimado na época de Natal entre os diferentes
estados civis.
Dyble, Leeuwen e Bunbar (2018) concluíram que no Natal as pessoas compram presentes
de maior valor para familiares próximos e indivíduos das suas relações sociais próximas.
Hipótese 9: Existem diferenças no consumo estimado na época de Natal entre os indivíduos
da religião cristã, os ateus e os das restantes religiões.
Ribeiro (2018) refere que a cultura cristã está ligada (hoje confundindo-se) com o
consumismo.
Hipótese 10: Existem diferenças no consumo na época de Natal entre as várias regiões de
Portugal.
Estudos efetuados pela consultora Deloitte em 2018 e 2019 referem que existem diferenças
nos padrões de consumo nas várias regiões de Portugal (DELOITTE, 2018, 2019).
METODOLOGIA
População e amostra
A população-alvo do presente estudo são os portugueses maiores de 18 anos. Para efetuar a
recolha de dados, recorreu-se ao método não aleatório de amostragem por conveniência devido
à facilidade de acesso aos elementos da amostra e ao baixo custo associado.
Após a aplicação dos questionários, apenas foram considerados para análise 1.077 indivíduos
com idades compreendidas entre 18 e 73 anos, sendo a média de aproximadamente 36 anos
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Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa
(SD = 12,37). A maioria dos indivíduos é do sexo feminino (56,3%, n = 606). No que respeita ao
nível de escolaridade, 47,5% (n = 512) têm licenciatura, 25,6% (n = 276) têm o 12º ano, 22,5%
(n = 242) têm mestrado ou doutoramento, e 4,4% (n = 47) têm até o 9º ano. Quanto ao estado
civil, 46,1% (n = 496) são indivíduos solteiros, 44,9% (n = 484) são casados ou vivem em união
de fato, e os restantes 9% (n = 97) são separados, divorciados ou viúvos.
O número de elementos do agregado familiar varia de 1 a 9, sendo a média de
aproximadamente 3 elementos (SD = 1,31), e a maioria não possui familiar direto com menos
de 16 anos (60,4%, n = 651). No que concerne ao rendimento mensal do agregado familiar, tem-se
que 41,1% (n = 443) recebem de 1.001 a 2.000 euros, 24% (n = 258) recebem de 2.001 a 3.000
euros, 17,5% (n = 189) recebem mais de 3.000 euros e 17,4% (n = 187) recebem até 1.000 euros.
Relativamente à religião, tem-se que 87,1% (n = 938) são cristãos, 9,6% (n = 103) indicam
ser ateus e 3,3% (n = 136) dizem ser de outras religiões.
Agruparam-se os diferentes distritos de Portugal em cinco regiões, sendo que 27,6%
(n = 297) dos indivíduos são da região Norte (Braga, Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila
Real), 44,8% (n = 482) são da região Centro (Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e
Viseu), 9,6% (n = 103) são da região de Lisboa (Lisboa e Setúbal), 15,2% (n = 164) são da região
do Alentejo (Beja, Évora, Portalegre e Santarém) e 2,9% (n = 31) são da região do Algarve (Faro).
A esmagadora maioria dos indivíduos (96,3%, n = 1.037) indica que passa o Natal com a
família, 12 (1,1%) indicam passar o Natal sozinhos, 11 (1%) com amigos, 11 (1%) com colegas de
trabalho, 3 (0,3%) com família e amigos, 2 (0,2%) com vizinhos e 1 (0,1%) não comemora o Natal.
Instrumentos de recolha de dados
A metodologia empregada na presente investigação é quantitativa, sendo o instrumento utilizado
um inquérito por questionário, constituído por quatro partes. Na primeira parte, os inquiridos
indicam com quem vão passar o Natal de 2019 e se possuem ou não familiares dependentes
com menos de 16 anos. A segunda parte questiona os inquiridos sobre o valor que estimam
gastar em presentes para oferecer e em bens de consumo no Natal de 2019. A terceira parte
analisa a importância atribuída aos locais de compra, a aspectos relacionados com promoções
(promoções e descontos, atendimento, opções de pagamento, facilidade de acesso à loja e sorteio
de prêmios) e aos diferentes momentos festivos da época natalícia: noite de Natal (do dia 24
para o dia 25 de dezembro), dia de Natal (dia 25 de dezembro), passagem do ano (do dia 31
de dezembro para o dia 1º de janeiro) e Dia de Reis (dia 6 de janeiro). A quarta e última parte
analisa o perl sociodemográco dos inquiridos: sexo, idade, nível de escolaridade, estado civil,
religião, número de elementos do agregado familiar, rendimento mensal do agregado familiar e
distrito de residência.
170
Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa
PROCEDIMENTOS
Os questionários foram aplicados a indivíduos portugueses maiores de 18 anos, entre os dias
e 23 de dezembro de 2019. Foram apresentados aos participantes acompanhados de um
pequeno resumo introdutório denindo os objetivos do estudo e garantindo o anonimato e a
condencialidade das informações prestadas.
Para efetuar a análise dos dados, recorreu-se ao soware IBM SPSS Statistics 25, e utilizaram-se
as técnicas de estatística descritiva para detalhar a amostra e para efetuar a análise descritiva de
algumas variáveis que caracterizam o consumo estimado para a época de Natal.
Utilizou-se a técnica de inferência estatística para comparar médias entre grupos e estudar
a relação entre variáveis. Para a análise das diferenças de médias entre o valor estimado a gastar
em presentes para oferecer e o valor estimado a gastar em bens de consumo, usou-se o teste t
de Student para amostras emparelhadas. Para a análise das diferenças de médias entre grupos
independentes aplicou-se o teste t de Student ou a Analysis of Variance (ANOVA), dependendo
se a comparação estabelecida era entre dois ou três grupos. Sempre que foram encontradas
diferenças signicativas a partir da ANOVA, utilizou-se o teste de comparação múltipla de
Tukey (HAIR, BLACK, BABI et al., 2014; MARÔCO, 2018; PESTANA e GAGEIRO, 2014).
Para calcular o tamanho do efeito das diferenças das médias dos grupos usou-se o eta quadrado
de Cohen, que representa a proporção de variação da variável dependente que é explicada pela
variável independente. Segundo Pallant (2013), os valores do eta quadrado de Cohen podem ser
classicados como: 0,01 (efeito pequeno), 0,06 (efeito moderado) e 0,14 (efeito grande).
No sentido de averiguar a existência de relações entre as variáveis, recorreu-se à correlação
de Pearson e de Spearman. De um modo geral, nas ciências sociais e humanas, considera-
se a magnitude das correlações: i) fraca, quando; ii) moderada, quando; iii) forte, quando; e
iv) muito forte, quando (MARÔCO, 2018).
Realça-se que os pressupostos estatísticos para a aplicação dos diferentes testes foram
analisados previamente, o que permitiu a sua aplicação com conança.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Consumo e endividamento na época de Natal
Os 1.077 inquiridos que responderam ao questionário estimaram gastar, em média,
aproximadamente 418 euros (SD = 409,47) na época de Natal, onde se estima que 249 euros
(SD = 260,82) em média sejam gastos em presentes para oferecer e 169 euros (SD = 199,68)
sejam gastos em bens de consumo. Os valores obtidos neste estudo são um pouco superiores aos
obtidos no estudo de Natal realizado com a participação de 786 portugueses pela consultoria
Deloitte, em 2019, onde cada família portuguesa previa gastar em média 387 euros (9 euros a
mais do que no estudo de Natal da mesma consultoria relativamente a 2018), e situa-se abaixo
da média europeia, que é de 461 euros (DELOITTE, 2018, 2019).
No sentido de analisar se os 1.077 inquiridos se endividam na época de Natal, comparou-se o
consumo estimado com o rendimento mensal do agregado familiar. Na Tabela 1, apresentam-se
os consumos médios estimados por rendimento mensal do agregado familiar, vericando-se
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Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa
que os consumos médios estimados se encontram enquadrados dentro dos rendimentos
mensais do agregado familiar, não mostrando evidências de endividamento. Efetuando uma
análise em maior pormenor, vericou-se que apenas 3 (0,3%) indivíduos apresentam evidências
para o endividamento, pois estimam gastar mais na época de Natal do que o rendimento mensal
do agregado familiar. Note-se que os inquiridos não atribuem muita importância às opções de
pagamento em prestações (M = 1,96, SD = 1,22).
TABELA 1
Consumos médios estimados para a época de natal por rendimento mensal do
agregado familiar
Presentes Bens Total
Até 1.000 euros (n = 187)
M134,52 112,14 246,66
SD 105,78 135,33 207,18
De 1.001 a 2.000 euros (n = 443)
M197,71 133,70 331,41
SD 146,94 135,78 239,63
De 2.001 a 3.000 euros (n = 258)
M299,26 190,87 490,14
SD 276,93 183,36 410,68
Mais de 3.000 euros (n = 189)
M413,39 279,10 692,48
SD 415,68 319,03 649,50
Fonte: Elaborada pelos autores.
Na amostra em estudo, verica-se que os indivíduos atribuem bastante importância à
promoção de preços (M = 3,90, SD = 1,19), atendimento (M = 3,87, SD = 1,10), desconto no
preço à vista (M = 3,76, SD = 1,24) e facilidade de acesso à loja (M = 3,70, SD = 1,23).
No que respeita aos locais de compra, os indivíduos preferem lojas de rua próximas da
sua residência (M = 3,67, SD = 1,17), centros comerciais ou shoppings (M = 3,55, SD = 1,23)
e supermercados (M = 3,40, SD = 1,19). Às lojas on-line via computador (M =2,92, SD = 1,35) e
m-commerce via smartphone ou tablet (M = 2,62, SD = 1,31) os indivíduos atribuem níveis mais
baixos de importância. Isso está de acordo com os estudos efetuados pela consultoria Deloitte (2019).
Testar hipóteses
Por meio da aplicação do teste t de Student para amostras emparelhadas vericou-se que o
valor estimado a gastar em presentes para oferecer difere estatisticamente do valor estimado
a gastar em bens de consumo na época de Natal (t(1,076) = 11,93, p < 0,001). A magnitude
das diferenças médias apresenta um tamanho de efeito grande (= 0,12). Assim, pode-se inferir
que os indivíduos portugueses estimam gastar mais em presentes para oferecer (M = 248,92,
SD = 260,82) do que em bens de consumo (M = 169,17, SD = 199,68), o que suporta empiricamente
a Hipótese 1, corroborando com os resultados dos estudos efetuados em Portugal (DELOITTE,
2018, 2019). Realça-se também que, a partir da correlação de Pearson, se verica que existe uma
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Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa
relação positiva e estatisticamente signicativa entre o valor estimado a gastar em presentes
para oferecer e o valor a gastar em bens de consumo (r = 0,57, p < 0,001), sendo a correlação
classicada de forte, o que signica que quanto maior é o valor que se estima gastar em presentes
para oferecer, maior será o valor estimado a gastar em bens de consumo. Tudo isso conrma
que no Natal as pessoas consomem mais (ROBINOT, ERTZ e DURIT, 2017), o que faz com que
nessa época do ano as pessoas gastem de forma livre e espontânea (CLARKE, 2007).
Da aplicação da correlação de Pearson (Tabela 2) verica-se que existe relação estatisticamente
signicativa e positiva de magnitude moderada entre a idade e o valor do consumo estimado para a
época de Natal (p < 0,001) e de magnitude fraca entre o número de elementos do agregado familiar
e o valor do consumo estimado para a época de Natal (p < 0,05). De acordo com a aplicação da
correlação de Spearman (Tabela 2), verica-se que existe relação estatisticamente signicativa e
positiva de magnitude fraca entre os níveis de escolaridade e o valor do consumo estimado para a
época de Natal (p < 0,001) e de magnitude moderada entre os rendimentos mensais do agregado
familiar e o valor do consumo estimado para a época de Natal (p < 0,001). Assim, pode-se inferir
que o consumo estimado para a época de Natal aumenta com a idade, com o número de elementos
do agregado familiar, com o nível de escolaridade e com o rendimento mensal do agregado
familiar. Isso suporta empiricamente as Hipóteses 2, 3, 4 e 5, corroborando com os resultados
dos estudos de Robinot, Ertz e Durif (2017), que armam que na época de Natal o consumo é
maior; de Miller (2017), que considera que as pessoas vivem o Natal de forma intensa, o que
poderá aumentar o consumo nas famílias com maior número de elementos; e de Simões e Amaral
(2018), que concluíram que os indivíduos com maior nível de escolaridade apresentam uma maior
tendência para o consumo, sendo consequência de um maior rendimento (BARR, 2020).
TABELA 2
Correlação de pearson e de spearman
Consumo
Correlação de Pearson Correlação de Spearman
Idade
Número de
elementos
do agregado
familiar
Nível de
escolaridade
Rendimento
mensal do
agregado
familiar
Presentes 0,26*** 0,06*0,20*** 0,37***
Bens 0,26*** 0,07*0,12*** 0,28***
Total 0,30*** 0,07*0,19*** 0,37***
Nota: ***p < 0,001, *p < 0,05.
Fonte: Elaborada pelos autores.
Na Tabela 3, apresentam-se os dados relativos à aplicação do teste t de Student para amostras
independentes, para comparar o consumo estimado entre homens e mulheres, vericando-se
a existência de diferenças estatisticamente signicativas (p < 0,05). Os homens estimam gastar
mais na época de Natal, o que suporta empiricamente a Hipótese 6, corroborando com os
resultados do estudo de Schuster, Dias e Battistella (2016), que vericaram a existência de
diferenças no consumo em nível de gênero, embora não signicativas. Note-se que neste estudo,
embora as diferenças sejam estatisticamente signicativas, a magnitude das diferenças médias,
segundo Pallant (2013), apresenta um tamanho de efeito pequeno (η2 = 0,01).
173
Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa
TABELA 3
Comparação do consumo estimado na época de natal entre homens e mulheres
Consumo
Sexo
Teste
Tamanho
do efeitoMasculino (n = 471) Feminino (n = 606)
M SD M SD t
Presentes 272,41 302,27 230,66 221,89 2,52*0,01
Bens 196,52 241,46 147,90 156,80 3,79*** 0,01
Total 468,94 485,07 378,56 334,41 3,46** 0,01
Nota: ***p < 0,001, **p < 0,01, *p < 0,05.
Fonte: Elaborada pelos autores.
A partir da Tabela 4, vericou-se a existência de diferenças estatisticamente signicativas no
consumo estimado na época de Natal entre os indivíduos que possuem um familiar direto com
menos de 16 anos e os que não possuem (p < 0,01). Os indivíduos que possuem familiar direto
com menos de 16 anos são os que estimam gastar mais na época de Natal, o que vai ao encontro
do estudo de Dyble, Van Leeuwen e Dunbar (2015), que consideram que no Natal as pessoas
compram presentes de maior valor para familiares próximos e indivíduos das suas relações sociais.
Isso é o esperado, de acordo com Ganassali (2019), pois as crianças e os jovens vivem intensamente
o Natal, o que faz com que as famílias com crianças e jovens (com menos de 16 anos) gastem mais
nessa época do ano. Assim, a Hipótese 7 é suportada empiricamente. No entanto, a magnitude das
diferenças médias, segundo Pallant (2013), apresenta um tamanho de efeito pequeno.
TABELA 4
Comparação do consumo estimado na época de natal entre os que possuem ou não
familiar direto com menos de 16 anos
Consumo
Possuir familiar direto com menos de 16 anos Teste Tamanho
de efeito
Não (n = 651) Sim (n = 426)
M SD M SD t
Presentes 219,48 205,61 293,91 322,81 -4,23*** 0,02
Bens 152,86 167,08 194,09 239,21 -3,10** 0,01
Total 372,33 322,79 488,00 506,98 -4,19*** 0,02
Nota: ***p < 0,001, **p < 0,01.
Fonte: Elaborada pelos autores.
O teste de Levene não revelou a homogeneidade de variâncias, o que levou à aplicação do
teste de Welch (Tabela 5), vericando-se a existência de diferenças signicativas no consumo
estimado na época de Natal entre os diferentes estados civis (p < 0,001). Por meio do teste de
comparações múltiplas de Games-Howell, foram vericadas diferenças signicativas entre os
indivíduos solteiros e os casados ou que vivem em união de fato (p < 0,001) e entre os indivíduos
solteiros e os separados, divorciados e viúvos (p < 0,01). Os casados ou os que vivem em união
de fato são os que estimam gastar mais na época de Natal. Assim, suporta-se empiricamente
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Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa
a Hipótese 8, o que seria o esperado, pois, de acordo com os resultados do estudo de Dyble,
Leeuwen e Bunbar (2018), no Natal as pessoas compram presentes de maior valor para familiares
próximos e indivíduos das suas relações sociais próximas.
TABELA 5
Comparação do consumo estimado na época de natal entre os diferentes estados civis
Consumo
Estado civil
Teste de
Welch
Solteiros(as) (n = 496) Casados(as) e união
de fato (n = 484)
Separados(as),
divorciados(as) e
viúvos(as) (n = 97)
M SD M SD M SD F
Presentes 167,80 145,07 326,57 324,05 276,22 245,91 53,60***
Bens 113,81 146,99 217,58 216,41 210,67 265,49 41,02***
Total 281,62 248,93 544,14 482,55 486,89 455,05 61,81***
Notas:***p < 0,001
Fonte: Elaborada pelos autores.
O teste de Levene revelou a homogeneidade de variâncias, o que levou à aplicação da
ANOVA (Tabela 6), vericando-se a existência de diferenças signicativas no consumo
estimado na época de Natal entre os indivíduos da religião cristã, os ateus e os das restantes
religiões (p < 0,05). A magnitude das diferenças médias, segundo Pallant (2013), apresenta um
tamanho de efeito pequeno ( = 0,01). Através da aplicação do teste de comparações múltiplas de
Tukey, vericou-se a existência de diferenças signicativas no consumo estimado na época
de Natal entre os que têm religião (cristianismo e outras religiões) e os que não têm (ateísmo).
Assim, os indivíduos que têm religião são os que mais estimam gastar na época de Natal, o que
comprova empiricamente a Hipótese 9, corroborando com o estudo de Ribeiro (2018), que refere
que a cultura cristã está ligada ao consumismo. Nessa época, o materialismo e o consumismo
intensicam-se, algo considerado paradoxal com o espírito de Natal, uma vez que a religião
cristã rejeita o materialismo (DEACY, 2016).
TABELA 6
Comparação do consumo estimado na época de natal entre os que possuem ou não
familiar direto com menos de 16 anos
Consumo
Religião Teste Tamanho
do efeito
Cristã (n = 938) Ateu (n = 103) Outra (n = 36)
M SD M SD M SD F
Presentes 259,58 269,67 179,48 169,13 169,67 193,34 6,16** 0,01
Bens 174,23 198,06 122,95 140,00 169,47 333,97 3,07*0,01
Total 433,81 417,03 302,43 279,82 339,14 466,98 5,52** 0,01
Nota: **p < 0,01, *p < 0,05.
Fonte: Elaborada pelos autores.
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Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa
O teste de Levene não revelou a homogeneidade de variâncias, o que levou à aplicação do
teste de Welch (Tabela 7), vericando-se a existência de diferenças signicativas no consumo
estimado na época de Natal entre as diferentes regiões do país (p < 0,05). A partir do teste
de comparações múltiplas de Games-Howell, vericaram-se diferenças signicativas entre os
indivíduos da região de Lisboa e do Alentejo (p < 0,05), o que suporta empiricamente a Hipótese 10,
corroborando com os resultados dos estudos da consultoria Deloitte em 2018 e 2019. Note-se
ainda que os indivíduos da região de Lisboa (distritos de Lisboa e Setúbal) e do Algarve (distrito
de Faro) são os que estimam gastar mais na época de Natal.
TABELA 7
Comparação do consumo estimado na época de natal entre as diferentes regiões do país
Presentes Bens Total
Norte (n = 297)
M257,45 163,12 420,57
SD 307,79 167,85 424,25
Centro (n = 482)
M240,24 168,98 409,21
SD 222,94 206,17 375,65
Lisboa (n = 103)
M324,08 221,35 545,43
SD 369,62 307,69 617,92
Alentejo (n = 164)
M200,13 138,78 338,91
SD 164,81 127,07 273,71
Algarve (n = 31)
M310,48 217,42 527,90
SD 240,63 209,25 407,66
Teste de Welch F 4,27** 3,26*4,70***
Nota: ***p < 0,001, **p < 0,01, *p < 0,05.
Fonte: Elaborada pelos autores.
Na Tabela 8, apresenta-se uma análise da importância dos diferentes momentos festivos
da época natalícia, vericando-se que os inquiridos atribuem maior importância à noite de
Natal, do dia 24 para o dia 25 de dezembro (M = 4,51, SD = 0,87), e ao dia de Natal, 25 de
dezembro (M = 4,34, SD = 0,91). Atribui-se uma menor importância ao Dia de Reis, no dia 6
de janeiro (M = 2,79, SD = 1,31), o que leva a concluir que os inquiridos vivenciam com maior
intensidade as festas de Natal.
176
Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa
TABELA 8
Análise da importância dos momentos festivos na época de natal
M SD
Noite de Natal (do dia 24 para o dia 25 de dezembro) 4,51 0,87
Dia de Natal (dia 25 de dezembro) 4,34 0,91
Passagem de ano (do dia 31 de dezembro para o dia 1º de janeiro) 3,85 1,15
Entrada no novo ano (dia 1º de janeiro) 3,70 1,16
Dia de Reis (dia 6 de janeiro) 2,79 1,31
Fonte: Elaborada pelos autores.
Da aplicação da correlação de Pearson, vericou-se a existência de relação estatisticamente
signicativa entre a importância dada ao Natal e o consumo estimado (p < 0,001). A correlação
positiva (r = 0,12) signica que quanto mais importância os indivíduos dão à noite de Natal e ao
dia de Natal, maiores serão os níveis de consumo estimado para essa época do ano.
CONCLUSÕES
O presente estudo apresentou como objetivo analisar o consumo estimado pelos portugueses na
época de Natal. De acordo com os resultados obtidos, a grande maioria dos indivíduos (96,3%)
passa o Natal com a família. Verica-se, também, que os 1.077 indivíduos que responderam ao
questionário estimam gastar, em média, aproximadamente 418 euros na época de Natal, dos
quais cerca de 249 euros estimados para gastos em presentes para oferecer, e cerca de 169 euros
para gastos em bens de consumo. Tais valores situam-se abaixo da média europeia, que é de
461 euros. O fato de estar abaixo da média europeia não surpreende, pois o rendimento líquido
das famílias em Portugal também é inferior a essa média.
Do presente estudo pode-se inferir que os portugueses estimam gastar mais em presentes
para oferecer do que em bens de consumo. Quanto maior é o valor que estimam gastar em
presentes para oferecer, maior é o valor estimado para gastar em bens de consumo.
Sobre a existência de relações entre o consumo e as variáveis sociodemográcas, pode-se
inferir que são os homens que estimam gastar mais na época de Natal. O consumo estimado
para essa época do ano aumenta com a idade, o número de elementos do agregado familiar,
o nível de escolaridade e o rendimento mensal do agregado familiar. Os indivíduos casados
ou que vivem em união de fato são os que estimam gastar mais. Em termos de região do país,
vericou-se que os indivíduos da região de Lisboa e do Algarve são os que estimam maiores
gastos. Tal como seria de esperar, o fato de possuir um familiar direto com menos de 16 anos,
e, consequentemente, a compra de um presente para lhe oferecer, leva os indivíduos a estimar
maiores valores a gastar no Natal. Embora as conclusões anteriores fossem mais ou menos
esperadas, estes são assuntos nunca estudados na gestão, na administração e no marketing em
Portugal. O consumo está relacionado, em termos de economia, com o rendimento disponível
das famílias, sendo o rendimento das famílias em Portugal inferior à média europeia. Lisboa é
a região do país com maior rendimento, e o Algarve a região de férias do país, por excelência.
177
Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa
No que concerne ao credo, são os indivíduos que têm religião os que mais estimam gastar
na época de Natal, comparativamente com os que não têm religião. Como referem Cruz (2013) e
Roque (2013), o Natal batizou uma festa pagã, e o secretismo e o casamento da espiritualidade
e mundanidade mantiveram-se ao longo do tempo. Assim, essa data não é só religiosa, mas
também propícia ao convívio familiar, ao consumo e ao materialismo, hoje mais observável.
Isso se deve às férias escolares e familiares, que muitas famílias fazem, por ser um período de
maior convívio.
O artigo contribui para conhecer melhor como se comporta o povo português relativamente
ao consumo no Natal, percebendo-se algum materialismo em seus atos. Também permite
perceber que, apesar do grau de consumismo e materialismo do povo português nessa data
festiva, apenas 0,3% dos indivíduos apresenta tendência para o endividamento em função das
comemorações natalinas.
Em suma, os portugueses vivenciam, com grande intensidade, as festas de Natal quando
comparadas com a passagem do ano e com o Dia de Reis, o que signica que quanto mais
importância os indivíduos dão à época de Natal, maior é o nível de consumo estimado para
gastar nessa época.
Considerando as caraterísticas do trabalho, algumas limitações foram observadas. Assim,
não existem muitos trabalhos de investigação sobre o Natal, especialmente em Portugal, o que
torna este trabalho ainda exploratório, não sendo possível a comparação de alguns aspetos
abordados com a literatura existente, o que empobrece a discussão.
Futuramente, pretende-se averiguar a importância da simbologia da festividade e sua
inuência no consumismo na época especíca do Natal. Pretende-se também investigar que
tipo de prendas mais se oferecem no natal, e qual a importância de oferecer presentes. O estudo
realizado na presente investigação pode ajudar acadêmicos, investigadores e prossionais a
compreender melhor o consumismo da população portuguesa na época de Natal.
178
Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa
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EULÁLIA SANTOS
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8069-2657
Professor na Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do Politécnico de Leiria.
E-mail: eulalia.santos@ipleiria.pt
FERNANDO OLIVEIRA TAVARES
ORCID: http://orcid.org/0000-0002-9672-8770
Professor no Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo (ISCET). E-mail: ftavares@iscet.pt
... Regarding the estimate to be spent on consumer goods, this is, on average, approximately V196 (SD 5 150.00). In the study by Santos and Tavares (2020), in 2019, no separation was made between the estimates of spending on gifts for the family and for other elements not belonging to the family, but the values obtained in this study are higher, which shows that even in the face of a pandemic, the traditions of offering gifts to family members continue to apply. Family businesses must therefore be attuned to the JFBM specific needs of the local community in order to offer them products and services that can be given as gifts at Christmas ( Zivojinovi c et al., 2020). ...
... These results are in line with what is recommended by Faria (2013) who considers that at family gatherings to celebrate Christmas, a festive dinner cannot be dispensed with. Literature also reinforces Christmas associated with family celebrations (Mesquita, 1982;Pinto and Cruz, 2014;Santos and Tavares, 2020), which transforms the family gathering into a Christmas tradition (Burroughs, 2019;Carbayas and Castillo, 2020). ...
Article
Purpose – Christmas is the most consumed event of the year, always full of traditions, namely family ones, which are very significant. In this way, it is intended to find out the importance of traditions at Christmas time and analyze their implications for family businesses. Design/methodology/approach – The study is quantitative in nature, based on a questionnaire survey carried out with 551 Portuguese individuals, over 18 years of age, where different issues related to Christmas traditions and family are addressed. Findings – The results demonstrate that the Christmas traditions scale is made up of four factors: family traditions on Christmas Eve, aspects related to the Christmas spirit, changes in Christmas traditions with the COVID-19 pandemic and traditions of participating in events with family at Christmas. Cod and octopus dishes are the most popular dishes on Christmas Eve. In relation to sweets/desserts, king cake, rabanadas, vermicelli, children’s bread and sponge cake are the most common on Christmas Eve. Originality/value – The study helps to understand Portuguese Christmas traditions, providing knowledge that allows defining strategies for family businesses, improving the experience and relationship with consumers at a special time of year. It is hoped that the trends in Christmas traditions in this study will contribute to unveiling the Christmas spirit, also serve as a marketing image and create curiosity and motivation on the part of other cultures to visit Portugal during this festive season, in order to experience Christmas traditions
... O paradigma seguido foi o da análise e tratase de um estudo de caso intrínseco, regendo-se por uma pesquisa básica e descritiva documental indireta de fontes secundárias contemporâneas (Bell, 2010;Lakatos & Marconi, 2002). A metodologia consistiu numa análise temática de texto e análise de conteúdo de imagens fixas Lakatos & Marconi, 2002;Lee & Weder, 2021;Santos & Tavares, 2020). ...
... Examinou-se este hashtag para realizar uma análise temática e de conteúdo das publicações no período temporal delimitado. A amostra não probabilística e intencional foi selecionada dado que o universo de análise é bastante numeroso e que a quadra natalícia promove o consumismo por impulso, em contradição ao consumo consciente e sustentável (Santos & Tavares, 2020;. ...
Conference Paper
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Esta comunicação dá conta de um projeto de investigação em curso (1) que problematiza a participação dos estudantes nas instituições de ensino superior, com o duplo propósito de desenvolver conhecimento sobre a temática e de propor medidas que levem a uma melhoria quantitativa e qualitativa da participação. O projeto insere-se no quadro político e educativo do Espaço Europeu do Ensino Superior, reconhecendo as alterações que este tem vindo a introduzir no ensino superior português, nomeadamente no que toca à governação, ao paradigma educativo e à política da qualidade que atribuem aos estudantes o papel de atores e stakeholders-chave. Tendo presente as três dimensões mencionadas, o projeto analisa o desfasamento entre o discurso político presente nos documentos oficiais no espaço europeu do ensino superior e os dados da participação dos estudantes na vida das instituições, mobilizando conceitos teóricos tais como ação pública (Commaille, 2004; Delvaux, 2009) e a terceira geração da gestão da qualidade (Foster & Jonker, 2003). O universo do estudo abrange as comunidades estudantis dos Politécnicos de Setúbal e de Portalegre, onde uma multiplicidade de métodos qualitativos e quantitativos tem estado a ser aplicada, nomeadamente: pesquisa documental, entrevista e questionário. A triangulação dos métodos permitirá não só obter dados reais da participação como também conhecer as perspetivas dos estudantes no que toca a fatores de facilitação e constrangimentos colocados à sua participação. Prevê-se que a divulgação dos resultados seja acompanhada de propostas de ação para alteração de práticas institucionais e de recomendações para as políticas do ensino superior nacionais. O foco da comunicação é a apresentação dos resultados obtidos até ao momento a partir dos métodos mencionados. Palavras-chave: ensino superior; estudantes; participação; qualidade
... Regarding the estimate to be spent on consumer goods, this is, on average, approximately V196 (SD 5 150.00). In the study by Santos and Tavares (2020), in 2019, no separation was made between the estimates of spending on gifts for the family and for other elements not belonging to the family, but the values obtained in this study are higher, which shows that even in the face of a pandemic, the traditions of offering gifts to family members continue to apply. Family businesses must therefore be attuned to the JFBM specific needs of the local community in order to offer them products and services that can be given as gifts at Christmas ( Zivojinovi c et al., 2020). ...
... These results are in line with what is recommended by Faria (2013) who considers that at family gatherings to celebrate Christmas, a festive dinner cannot be dispensed with. Literature also reinforces Christmas associated with family celebrations (Mesquita, 1982;Pinto and Cruz, 2014;Santos and Tavares, 2020), which transforms the family gathering into a Christmas tradition (Burroughs, 2019;Carbayas and Castillo, 2020). ...
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The purpose of this investigation is to study the Christmas symbology importance and its relationship with consumerism in the Christmas season. An exploratory study is carried out, and it is based on a questionnaire survey consisting of three parts: estimated consumption in the Christmas season, the importance of the Christmas symbology and some sociodemographic variables. The sample in this study is composed of 1086 Portuguese individuals, who are over 18 years old. The results show that the variable Christmas symbology presents good reliability and a structure with three factors: Christmas season Ornaments, Prosperity and Abundance, and Nativity and History of Jesus. The Christmas tree, the Christmas lights and the nativity of Jesus are the symbols to which people grant higher levels of importance. The greater the importance given to Christmas symbols, the greater the estimated consumption value in the Christmas season, while the factor Nativity and History of Jesus is the one which contributes the most to consumerism. This chapter develops a comprehensive study that is expected to contribute to understand the Christmas symbology importance for the Portuguese population and its relationship with consumerism. This chapter explores an area in which there are few studies, because it is not only about the Christmas symbology importance but also about its relationship with consumerism in the Christmas season. The different symbols which characterize this season are filled with stories and meaning, giving the people’s lives importance. Therefore, this study is both groundbreaking and relevant for the Portuguese population.
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A compra por pânico assume cada vez mais destaque na temática do comportamento de consumo, mais ainda associada ao Covid-19. Apesar da necessidade crescente da compreensão deste fenómeno, raras são as pesquisas levadas a cabo em Portugal. Este estudo tem como principais objetivos verificar (1) se existe uma relação entre a Ansiedade face à morte, a Intolerância à incerteza e a Compra por pânico, (2) se há diferenças em função do Sexo nas variáveis em estudo, e (3) se a relação entre a Ansiedade face à morte e a Compra por pânico é mediada pela Intolerância à incerteza. Participaram neste estudo 485 portugueses (340 mulheres e 145 homens, com média de idades 41.97, DP=12.92). Todos os participantes responderam a um questionário com questões sociodemográficas e aos instrumentos das variáveis em estudo: Compra por pânico, Ansiedade face à morte e Intolerância à incerteza. Os resultados obtidos indicam, primeiramente, que todas as variáveis se correlacionam positiva e significativamente entre si, no entanto não se verificam diferenças em função do Sexo. Verificou-se, ainda, que existe, efetivamente, um efeito total da Ansiedade face à morte na Compra por pânico, porém quando a variável mediadora, Intolerância à incerteza, é introduzida na equação este efeito deixa de ser significativo. Perante estas conclusões, este estudo incita à discussão de importantes questões sobre o que influencia o comportamento de consumo e as implicações do mesmo, assim como a reconhecer quais estratégias que podem minimizar o impacto causado, e de que forma deverão ser tidas em conta no futuro.
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O artigo ora apresentado intenciona analisar a democratização do acesso ao Ensino Superior no Brasil enquanto mecanismo de inclusão social das minorias e superação da pobreza. Tal perspectiva nasce num contexto neoliberal em que se relaciona a pobreza com a ausência da educação formal e conseguintemente a qualificação profissional como mola mestra para acesso ao trabalho e à renda. Como critério metodológico, o estudo foi realizado a partir de fontes bibliográficas, onde discute-se os conceitos de pobreza, bem como a lógica meritocrática em contraposição à igualdade de oportunidades, no que concerne às políticas de democratização do acesso ao ensino superior pós anos 90. Para tanto, fundamentar-se-á em John Rawls e seu princípio de igualdade equitativa de oportunidades e complementar-se-á o trabalho com a análise de dados disponíveis, no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), MEC (Ministério da Educação e Cultura) e INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), onde a partir de então se delimitará o público que tem acesso ao Ensino Superior, e ainda a relação existente entre pobreza e escolaridade. Diante aos resultados o estudo perpassará ainda pela discussão da dualidade público x privado e do público não estatal, pois verificou-se uma primazia da expansão do ensino superior privado em detrimento do público. Conclui-se, todavia que, apesar dessa dicotomia, a chamada democratização do ensino superior, tem proporcionado o acesso da população baixa renda aos cursos superiores, tendo evidente impacto do nível de escolarização deste público.
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This review takes stock of the development of Consumer Culture Theory (CCT) and provides a perspective from which this field of research can be framed, synthesized, and navigated. This review takes a conceptual and historical approach to map the rich theoretical inventory cultivated over almost 40 years of culturally-oriented research on consumption. The authors describe how CCT has emerged, chart various approaches to consumer culture studies, outline the dominant research domains, identify debates and controversies that circulate in the field, discuss the latest conceptual and methodological developments, and share managerial implications of a CCT approach. From this vantage point, they point to some promising directions for CCT research. © Eric Arnould, Melea Press, Emma Salminen and Jack S. Tillotson (2019).
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The purpose of the research is to identify some different consumption styles on the basis of a large collection of posts to Santa, written by some children and/or their families. One of our main interests focuses on the presence and weight of brands and licenses in their wish lists. We have had access to all the anonymous posts sent to Santa Claus on the French Post's website during the 2013 and 2014 Christmas holidays. We analyzed the nature of the wish lists as shown in the 43,000-post database, thanks to several textual data analysis techniques. Great heterogeneity was found among children’s and family’s postures regarding that specific ritual. The different types of emails reflect the meaning families associate to Christmas time but also, their different consumption styles or attitudes towards consumption: reasoned, educational, hedonistic or materialistic for example. When focusing on brands and licenses, we can also observe significant differences in the way families and children include them in their consumption decisions. Brands could have a very different weight in the Christmas wish lists and their natures reflect a number of various value transmission projects. The French market of Christmas children brands is rather stable and focuses on a few top leading global brands like Playmobil, Barbie or Lego. At least one of the ten leading brands is mentioned in half of the Christmas wish lists. The brands confirm they are very clearly gendered and associated to the children’s ages. Peak time for brand desire is alleged to be reached between the age of 7 and 9. To our knowledge, our research is the first to analyze such a huge amount of spontaneous data to capture children’s consumption styles and attitude towards brands. Thanks to our classification, a first typology of parental consumption styles has been identified.
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Socially responsible consumption (SRC) behaviors have progressed over the last few years and appear to show signs of a lasting trend. Situations of atypical consumption such as Christmas time, however, raise an important and as of yet unexplored question: What are the influences of unusual situations upon the relationship between people's socially responsible profile and their socially responsible purchase intentions? The objective of this article is thus to use the theory of planned behavior (Ajzen, 1991) and environment-based variables, called "atmospherics", to answer to this question. A Web survey on a total sample of 301 Canadian consumers, shows that people’s past SRC behaviors are positively related to their socially responsible purchase intentions in unusual situations. Moreover the atmosphere of the place consumers are situated in has a negative moderating influence upon this relationship. This result is explained by a change in people's attitude towards SRC. However, this negative moderating effect of atmosphere is contained and constrained by social desirability in the form of subjective norms on SRC and the level of behavioural control consumers perceive.
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O presente artigo objetiva validar duas medidas de mensuracao, uma de comportamento compulsivo e outra de consumismo e posterior verificacao da relacao entre elas. Alem disso, verificou a interpretacao das questoes das escalas por genero, visto que ha indicios de diferencas na percepcao e no comportamento entre homens e mulheres. A metodologia incluiu a aplicacao de uma survey online para 319 pessoas e analise por meio de equacoes estruturais multigrupo. Verificou-se que o comportamento compulsivo de compra nao possui relacao de causalidade com o consumismo. O pressuposto de que o comportamento compulsivo e maior nas mulheres nao se confirmou nessa amostra e o consumismo e igual para homens e mulheres. As duas escalas foram validadas e a analise comprovou diferenca na percepcao de variaveis por genero, indicando que essa metodologia auxilia na identificacao de pontos nao verificados em analises estatisticas
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In Christmas gift giving, the value of a gift is broadly representative of the strength of the relationship between gift-giver and recipient. In this study we examine the effects of relatedness, social proximity, and donor gender on self-reported patterns of Christmas gift-giving. As is consistent with kin selection and social network theory, respondents bought gifts of greater value for more closely related kin, and individuals in more proximate social network layers. Although men and women spent similar amounts on gifts for kin and close network layers, there was a striking gender difference in spending on friends and the most distant network layer, with women spending significantly more.
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Este artigo tem como objetivo analisar as variáveis responsáveis pela atratividade dos shoppings. O método utilizado é quantitativo e exploratório. Foi efetuado um inquérito por questionário à população residente na área metropolitana do Porto, em Portugal. Os shoppings dispõem de meios de atração e modernidade e tornam-se em grandes centros de lazer e convívio, onde a vida social ganha novos contornos e as vivências citadinas se reinventam, concorrendo entre si para atrair o maior número possível de visitantes. Os resultados apresentam nove fatores com relevância na atratividade dos shoppings: a publicidade, os níveis de consumismo, o lazer, o estatuto social, a praça de restauração, a higiene e segurança, os cinemas, os hipermercados e as lojas de tecnologia. Apesar de tratar-se de um estudo exploratório, os nove fatores encontrados são uma contribuição para estudos na área do varejo, merecendo a atenção por parte de planejadores e operadores de shoppings.
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Why does the festival of Christmas appear to be expanding worldwide while other festivals decline? Why do people emphasize their local rituals, given this is a global festival? Is this a religious festival whose values have been destroyed by materialism? What is the relationship between this family celebratory meal and the divine family to which it pays obeisance? These seemed to be questions that lent themselves to an anthropological perspective. For this reason in 1993 I brought together an edited volume Unwrapping Christmas, which was published by Oxford University Press. For that collection I also obtained permission from Claude Lévi-Strauss to include the first translation of his paper “Le Pere Noël supplicié.” Subsequently, on request from Suhrkamp Verlag, who had published several of my books in German, I submitted the following manuscript as part of their launch of a series of more popular academic works in a digital edition. This is the first publication of the manuscript in English.
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The Christmas market in Meran (Italy) is one of the top 27 European Christmas markets, attracting around 2000 visitors a day for 50 days. The Christmas market is a cultural and retail event that creates a recreational value for visitors. This paper, using the travel cost method, estimates the recreational use value of the Meran Christmas market for one-day and multiple-day visitors. The aim is to estimate the economic or social value (consumer surplus) of the Christmas market to understand in what way the event creates a benefit for society as a whole. The empirical data were collected via a survey administered at the end of a visit at the Christmas market during the 2011–2012 season. The empirical findings highlight that the use value differs—other than according to travel costs—according to the type of visit experience and to the perceived authenticity.