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Os "Ecossistemas" na área das Ciências Sociais: tipologias e particularidades

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Abstract and Figures

Observa-se um aumento do número de pesquisas acerca dos diversos conceitos de ecossistemas nas Ciências Sociais nos últimos anos, em especial na área de Administração. Diversos autores em várias áreas do conhecimento buscaram adaptar o conceito de ecossistema da biologia para compreenderem a interação entre os organismos vivos e não-vivos dentro de um determinado contexto. Dessa maneira, este ensaio teórico se propõe a analisar, de maneira conceitual, o percurso na utilização do termo ?ecossistema? na área de Ciências Sociais e realizar um debate acerca das diferentes unidades de análise utilizadas para conceituar os ecossistemas, considerando o sentido restrito (organização focal) ou amplo, territorial (região geográfica). A análise percorreu os conceitos de ecossistemas de negócios, de inovação e empreendedores. Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre os ecossistemas com o objetivo de comparar os conceitos existentes na literatura. Foi identificado que os conceitos divergem quanto à unidade de análise adotada, especialmente no que se refere ao Ecossistema de Inovação, que dispõe de estudos com duas unidades diferentes. Espera-se, então, que haja a uma ampliação do debate sobre os ecossistemas e a comunidade acadêmica realize mais estudos para esclarecer as particularidades de cada tipo, permitindo uma conceituação mais adequada.
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Os ?Ecossistemas? na área das Ciências Sociais: tipologias e particularidades
Autoria
Ingrid de Matos Martins - iingridmartins@hotmail.com
Mestr Acad em Admin/Prog de Pós-Grad em Admin - PROPADM/UFS - Universidade Federal de Sergipe
MARIA ELENA LEON OLAVE - mleonolave@gmail.com
Mestr Acad em Admin/Prog de Pós-Grad em Admin - PROPADM/UFS - Universidade Federal de Sergipe
PROFIAP/UFS - Universidade Federal de Sergipe
Resumo
Observa-se um aumento do número de pesquisas acerca dos diversos conceitos de
ecossistemas nas Ciências Sociais nos últimos anos, em especial na área de Administração.
Diversos autores em várias áreas do conhecimento buscaram adaptar o conceito de
ecossistema da biologia para compreenderem a interação entre os organismos vivos e
não-vivos dentro de um determinado contexto. Dessa maneira, este ensaio teórico se propõe
a analisar, de maneira conceitual, o percurso na utilização do termo ?ecossistema? na área de
Ciências Sociais e realizar um debate acerca das diferentes unidades de análise utilizadas
para conceituar os ecossistemas, considerando o sentido restrito (organização focal) ou
amplo, territorial (região geográfica). A análise percorreu os conceitos de ecossistemas de
negócios, de inovação e empreendedores. Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica
sobre os ecossistemas com o objetivo de comparar os conceitos existentes na literatura. Foi
identificado que os conceitos divergem quanto à unidade de análise adotada, especialmente
no que se refere ao Ecossistema de Inovação, que dispõe de estudos com duas unidades
diferentes. Espera-se, então, que haja a uma ampliação do debate sobre os ecossistemas e a
comunidade acadêmica realize mais estudos para esclarecer as particularidades de cada tipo,
permitindo uma conceituação mais adequada.
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Os “Ecossistemas” na área das Ciências Sociais: tipologias e particularidades
RESUMO
Observa-se um aumento do número de pesquisas acerca dos diversos conceitos de
ecossistemas nas Ciências Sociais nos últimos anos, em especial na área de Administração.
Diversos autores em várias áreas do conhecimento buscaram adaptar o conceito de
ecossistema da biologia para compreenderem a interação entre os organismos vivos e não-
vivos dentro de um determinado contexto. Dessa maneira, este ensaio teórico se propõe a
analisar, de maneira conceitual, o percurso na utilização do termo “ecossistema” na área de
Ciências Sociais e realizar um debate acerca das diferentes unidades de análise utilizadas para
conceituar os ecossistemas, considerando o sentido restrito (organização focal) ou amplo,
territorial (região geográfica). A análise percorreu os conceitos de ecossistemas de negócios,
de inovação e empreendedores. Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre os
ecossistemas com o objetivo de comparar os conceitos existentes na literatura. Foi
identificado que os conceitos divergem quanto à unidade de análise adotada, especialmente no
que se refere ao Ecossistema de Inovação, que dispõe de estudos com duas unidades
diferentes. Espera-se, então, que haja a uma ampliação do debate sobre os ecossistemas e a
comunidade acadêmica realize mais estudos para esclarecer as particularidades de cada tipo,
permitindo uma conceituação mais adequada.
Palavras-chave: Ciências Sociais. Ecossistema de Inovação. Ecossistema de Negócios.
Ecossistema Empreendedor. Ecossistemas.
Introdução
O conceito de ecossistema se tornou popular nas Ciências Sociais com o trabalho de
Moore (1993), a partir da adaptação da metáfora originária da Biologia, para descrever
relações interdependentes entre organizações e atores (fornecedores, stakeholders, empresas
complementares, dentre outros) e, assim, definir um ecossistema de negócios. De acordo com
Moore (1993) era necessário inovar na competição entre as empresas, que passariam então a
cooperar e competir simultaneamente como nas redes de cooperação porém a partir da
compreensão que uma inovação numa determinada empresa impacta numa mudança em todo
o ambiente. Como se trata de um tema ainda recente, não existe uma única definição ampla e
compartilhada, nem consenso sobre o seu conceito. Nota-se também que estudos aplicados a
este tema ainda são bastante incipientes, especialmente no que se refere à comparação dos
tipos de ecossistemas.
O presente ensaio teórico tem como objetivo analisar a inserção do termo
“ecossistema” na área das Ciências Sociais, e o seu percurso até o surgimento do Ecossistema
Empreendedor, além de promover um debate a respeito do construto dos diferentes
ecossistemas nas Ciências Sociais e diferenciar os conceitos da literatura a partir da unidade
de análise utilizada. Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica em âmbito nacional e
internacional até o ano de 2019 na base de dados Scopus acerca dos temas Ecossistema de
Negócios (sob o termo Business Ecosystem), Ecossistema de Inovação (Innovation
Ecosystem) e Ecossistema Empreendedor (Entrepreneur* Ecosystem), além de utilizar o
estudo de Gomes, Facin, Salerno e Ikenami (2018) que realizaram uma revisão sistemática da
literatura e identificaram os estudos mais citados.
Na próxima seção é apresentado o surgimento da metáfora de “ecossistemas” nas
Ciências Sociais e na teoria organizacional, além do debate acerca da conceituação de
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Ecossistema de Negócios. Em seguida, é exposta a literatura acerca de Ecossistema de
Inovação e as divergências conceituais em decorrência das unidades de análise diferentes.
Posteriormente, são apresentados os diferentes estudos acerca de Ecossistema Empreendedor,
além do debate entre os conceitos para identificar as convergências e divergências. E
finalmente encerra-se com as considerações finais com as conclusões da revisão bibliográfica.
Ressalta-se ainda que uma literatura voltada ao público acadêmico pode colaborar para
tornar o campo de pesquisa sobre ecossistema reconhecido e, consequentemente, gerar novas
pesquisas empíricas.
1. Ecossistema nas Ciências Sociais e a Evolução do Termo Ecossistema
Inicialmente, o vocábulo ecossistema foi utilizado na biologia. O criador do termo,
Tansley (1935), o definiu como sendo um conjunto de organismos vivos e não-vivos que
interagem uns com os outros e com o ambiente. Estabelecem, então, um sistema de interação
e relações de interdependência. O termo ecossistema pode ser utilizado em diferentes
perspectivas e é uma metáfora atraente para descrever uma série de interações e interligações
entre múltiplas organizações (THOMAS; SHARAPOV; AUTIO, 2016).
Nas Ciências Sociais, mais especificamente na teoria organizacional, o termo
ecossistema ganhou projeção a partir de Moore, em 1993, que o utilizou para se referir a
ecossistemas de negócios (IKENAMI, 2016). Em seu artigo Predators and Preys: a new
ecology of competition”, Moore (1993) afirma que empresas de sucesso são as que evoluem
de forma rápida e efetiva. Porém, as empresas inovadoras não conseguem evoluir no vácuo,
sem considerar o ambiente em que estão presentes. Portanto, uma das estratégias para
alcançar o sucesso e garantir seus recursos é a formação de redes cooperativas entre parceiros,
fornecedores e clientes.
No entanto, a estrutura de redes não proporciona a ideia de dinamicidade que ocorre
na interação entre seus atores (MOORE, 1993). Moore (1993) utiliza uma metáfora do
conceito de coevolução de Bateson. A coevolução significa que as espécies interdependentes
evoluem em um ciclo infinito e recíproco, ou seja, as mudanças que ocorrem em uma espécie
refletem nas outras. Entende-se, então, que o ambiente gerado pelas mudanças realizadas por
um ator do ecossistema pode transformar todo o ambiente e, assim, proporcionar o progresso
de todos os outros atores, visto que são interdependentes, ainda que não façam parte do
mesmo setor.
Entende-se, então, que os ecossistemas se diferenciam das redes de cooperação tendo
em vista a maior dinamicidade, a interdependência e a coevolução (MOORE, 1993). Neste
ponto, todos os membros de um ecossistema desempenham um papel fundamental para o
desenvolvimento do mesmo e impactam diretamente no ambiente em que estão situados. A
partir da ideia de ecossistema, Moore (1993) os define como Ecossistemas de Negócios,
sendo o primeiro ecossistema abordado na literatura que compreende a área das Ciências
Sociais.
2. O Ecossistema de Negócios
Ecossistema de negócios, segundo Moore (1996, p. 9) é conceituado como “uma
comunidade econômica apoiada por uma fundação de organizações e indivíduos interagindo -
os organismos do mundo dos negóciose inclui clientes, produtores, concorrentes, ou seja,
seus stakeholders. Destaca-se que, depois de Moore (1993, 1996), o termo não foi mais
utilizado. Apenas uma década depois outros pesquisadores (ADNER, 2006; ISENBERG,
2010, 2011; ADNER; OXLEY; SILVERMAN, 2013) passaram a demonstrar interesse no
trabalho de Moore (1993, 1996) e na metáfora de ecossistema.
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Em 2004, no artigo “Strategy as Ecology”, Iansiti e Levien adaptaram seu conceito. A
partir de então, ecossistemas de negócios são definidos como redes soltas” entre
fornecedores, distribuidores, empresas terceirizadas, fabricantes de produtos ou serviços
relacionados, provedores de tecnologia e uma série de outras organizações que afetam e são
afetadas pela criação e entrega de propostas das próprias empresas (IANSITI; LEVIEN,
2004). Neste mesmo sentido, Vargo (2009) define-os como redes entre organizações-chave e
outras organizações que são interligadas de maneira “frágil”, ou seja, uma rede com as
interações menos intensas.
Nos trabalhos revisados na análise da literatura, observa-se que os conceitos se
assemelham no que se refere às ligações entre os atores que são identificadas como mais
frouxas do que em redes de cooperação (IANSITI; LEVIEN, 2004; VARGO, 2009) e
consideram que a existência de ecossistemas de negócios são criados a partir de empresas-
chave que influenciam e são influenciadas por outras organizações e atores, além dos
stakeholders (MOORE, 1993; 1996; IANSITI; LEVIEN, 2004; TEECE, 2007; VARGO;
2009). Compreende-se, então, que ecossistemas de negócios utilizam como unidade de análise
a organização focal a que se referem, como os exemplos dos ecossistemas da Apple, IBM
(MOORE, 1993), do Walmart e da Microsoft (IANSITI; LEVIEN, 2004).
Segundo Moore (1993), a evolução de um ecossistema de negócios passa por quatro
estágios de maturidade, sendo eles: 1- Nascimento; 2- Expansão; 3- Liderança; e 4-
Renovação ou Morte. O estágio denominado Nascimento é composto geralmente por um
empreendimento pequeno que inicia suas atividades. No estágio Expansão, a operação do
modelo de negócio e são iniciados os movimentos para o escalonamento das ofertas. Quando
os empreendimentos conseguem se firmar no mercado a partir da criação de demandas e
entrega das mesmas, surge a necessidade de lidar com os conflitos internos do ecossistema e,
assim, trata-se do estágio de Liderança. Por fim, existem duas opções para o estágio final,
visto que o ecossistema apresenta um declínio e, caso consiga mitigar a obsolescência o
estágio é denominado Renovação e caso não obtenha êxito, o ecossistema passa pelo estágio
Morte. Pode-se analisar ainda os atores que são inseridos num dado ecossistema de negócios,
que compreendem desde as referidas organizações-chave como o conjunto de instituições e
indivíduos que influenciam tal organização central (MOORE, 1993; 1996), conforme exposto
na Figura 1.
Figura 1 O Ecossistema de Moore (1996)
Fonte: Ikenami (2016) adaptado de Moore (1996).
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Na Figura 1, os atores do ecossistema, além da organização focal, denominada de
contribuidores centrais são os fornecedores, distribuidores, empresas terceirizadas, fabricantes
de produtos ou serviços relacionados também chamados de complementares no presente
ensaio teórico, provedores de tecnologia, clientes, concorrentes, organizações reguladoras,
órgãos normativos e instituições educacionais e de pesquisa (MOORE, 1996; IANSITI;
LEVIEN, 2004; TEECE, 2007), conforme pode ser observado no Quadro 1 que sintetiza os
conceitos e os atores do Ecossistema de Negócio da literatura analisada. Portanto, conclui-se
que o Ecossistema de Negócios abrange os indivíduos e organizações relacionados a uma
determinada organização-chave, ponto central do ecossistema.
Quadro 1 Quadro síntese dos conceitos de Ecossistema de Negócios
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).
Entretanto, foi observado que existiam redes de atores que tinham como objetivo
exclusivo a geração de valor agregado a partir da inovação. Por isso, em 2006, com a
finalidade de reduzir as incertezas e os ricos que envolvem o campo da gestão da inovação,
Adner criou o termo Ecossistema de Inovação (IKENAMI, 2016), que é apresentado na
próxima seção.
3. O Ecossistema de Inovação
A expressão Ecossistema de Inovação, segundo Adner (2006), refere-se a arranjos
colaborativos em que as organizações cooperam com o objetivo de que, juntas, sejam capazes
de criar o valor que não conseguiriam individualmente. Apesar de o conceito ser similar ao de
redes de cooperação, salienta-se que a interdependência entre os atores faz com que seja
criado um ambiente favorável à inovação e ao crescimento das empresas. Desta forma,
ecossistemas de inovação são, por definição, sistemas interorganizacionais, políticos,
econômicos, ambientais e tecnológicos da inovação, em que ocorre a catalisação, sustentação
e apoio ao crescimento de negócios e são gerados pela união de dois ecossistemas: o
ecossistema do conhecimento (voltado para pesquisa e desenvolvimento) e o ecossistema de
negócios (RUSSELL; STILL; HUHTAMÄKI; YU; RUBENS, 2011).
Os atores que interagem no ecossistema de inovação são empresas privadas, como
fornecedoras; Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), ou seja, universidades e institutos
de pesquisa; Organizações Não-Governamentais e cooperativas, como parceiras e
fornecedoras; governo, com as instituições de apoio financeiro, os órgãos reguladores que
impactam em projetos de inovação, entidades de classe e associações, ou seja, as instituições
de apoio às atividades de inovação; e habitats e suporte, formado por instituições que apoiam
o relacionamento com startups (ANPEI, 2018).
Autor
Conceito
Moore (1993,1996)
Comunidade econômica apoiada por uma fundação de organizações e indivíduos
interagindo - os organismos do mundo dos negócios.
Iansiti e Levien
(2004)
“Redes soltas” entre fornecedores, distribuidores, empresas terceirizadas, fabricantes
de produtos ou serviços relacionados, provedores de tecnologia e uma série de outras
organizações que afetam e são afetadas pela criação e entrega de propostas das próprias
empresas.
Teece (2007)
A comunidade de organizações, instituições e indivíduos que impactam a organização
focal, como clientes, concorrentes, fornecedores, organizações reguladoras, órgãos
normativos, judiciário e instituições educacionais e de pesquisa.
Vargo (2009)
Rede de organizações-chave e organizações de nicho unidas de maneira “frágil” que
detectam e respondem as sistêmicas dinâmicas dos quais fazem parte.
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Compreende-se, então, que os ecossistemas buscam agregar atores de diversos setores
(MOORE, 1993), com a finalidade de criar um valor maior do que a soma de suas ofertas
individuais (ADNER, 2006; IKENAMI, 2016). Ao atuar de forma sinérgica, esses atores
podem fornecer uma solução coerente voltada para o cliente e gerar um ambiente propício à
inovação. Sendo assim, todos podem ser beneficiados a partir dos esforços em conjunto, por
conta da relação de interdependência entre os atores.
Entretanto, enquanto existe uma unanimidade entre a literatura analisada de que a
unidade de análise do Ecossistema de Negócios é uma organização-chave, a literatura de
Ecossistema de Inovação apresenta dois níveis de unidade de análise: um mais restrito, a
organização focal (ADNER, 2006; ADNER; KAPOOR, 2010; ALEXY; GEORGE;
SALTER, 2013; THOMAS; AUTIO, 2014) e um mais amplo, a região geográfica local,
cidade, estado, região, país denominada de territorial (WANG, 2010; JISHNU;
GUILHORTA; MISHRA, 2011; RUSSELL et al., 2011; SPINOSA; SHCLEMM; REIS,
2015). Alguns autores (WANG, 2010; JISHNU; GUILHORTA; MISHRA, 2011; RUSSELL
et al., 2011; SPINOSA; SHCLEMM; REIS, 2015) se referem ao Ecossistema de Inovação de
uma determinada região, com o objetivo de proporcionar o desenvolvimento tecnológico,
econômico (WANG, 2010) e social (SPINOSA; SCHLEMM; REIS, 2015) do ambiente, além
de apoiar o crescimento dos negócios (RUSSELL et al., 2011). Com isso, observa-se que o
Ecossistema de Inovação a nível territorial tem seu conceito mais amplo e o objetivo de
desenvolver a região em que está situado, enquanto o Ecossistema de Inovação a nível
organizacional visa analisar a interação entre os diferentes atores vinculados à organização
focal. A partir do exposto, foi elaborado o Quadro 2 com a síntese dos diferentes conceitos de
Ecossistema de Inovação.
Quadro 2 Quadro síntese dos conceitos de Ecossistema de Inovação
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).
Na literatura sobre Ecossistema de Inovação aparecem dois objetivos divergentes para
o mesmo conceito: o primeiro sobre desenvolvimento do território (quando a unidade de
Conceito
Arranjos colaborativos por meio dos quais as empresas combinam suas ofertas
individuais em uma solução coerente e voltada para o cliente.
Compreensão da coordenação entre parceiros em redes de trocas que são
caracterizadas por cooperação e competição simultâneas.
O sistema dinâmico de instituições e pessoas interconectadas necessárias para
impulsionar o desenvolvimento tecnológico e econômico.
Referem-se aos sistemas interorganizacionais, políticos, econômicos, ambientais e
tecnológicos por meio dos quais um ambiente propício ao crescimento dos negócios
é catalisado, sustentado e apoiado.
Sistemas de inovação interorganizacionais, políticos, econômicos, ambientais e
tecnológicos, por meio dos quais ocorre a catalisação, sustentação e apoio ao
crescimento de negócios.
Arranjos colaborativos por meio dos quais as empresas combinam suas ofertas
individuais em uma solução coerente e voltada para o cliente (ADNER, 2006) e
dependem do comportamento de outros atores para obter retornos positivos à
inovação.
Rede de organizações interconectadas que são vinculadas ou operam em torno de
uma organização ou serviço focal.
Podem ser considerados como uma opção estratégica capaz de promover a
produção e a inovação do conhecimento em harmonia com o desenvolvimento
social e econômico.
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análise é uma região geográfica) e o segundo quando se fala em possibilitar a inovação entre
diferentes atores vinculados a uma organização focal (quando a unidade de análise é a
organização). Nesse sentido, conclui-se que não há consenso dos autores analisados quanto à
unidade de análise e quanto ao objetivo de Ecossistemas de Inovação.
Posteriormente, com uma nova ordem econômica global, onde grandes empresas
estruturam estratégias para se manterem competitivas, surge também o empreendedorismo
como um fenômeno fundamental para o desenvolvimento econômico, e para a criação de
novas empresas, cientes de que dita atividade empreendedora, leva consigo enfrentar
adversidades (SANTOS, 2017), sendo necessário, que seja criado um ambiente propício ao
surgimento e crescimento de novos empreendimentos (ISENBERG, 2010). Surge, então, a
abordagem do ecossistema empreendedor.
4. O Ecossistema Empreendedor
A partir de 2010, no artigo How to Start an Entrepreneurial Revolution de Daniel
Isenberg, o termo ecossistema empreendedor começou a ser utilizado e várias pesquisas
passaram a ser realizadas sobre o tema (STAM, 2015). Isenberg (2010, p.3) define
ecossistema empreendedor como “um conjunto de elementos individuais, como liderança,
cultura, mercados e clientes que se relacionam de maneira complexa”. Afirma-se que de
maneira isolada cada elemento é apto para fortalecer o empreendedorismo, mas não consegue
sustentá-lo. Os elementos juntos, no entanto, impulsionam a criação e o crescimento de
empreendimentos (ISENBERG, 2010).
A análise do ecossistema empreendedor é o primeiro passo para se estruturar um
ambiente propício para o surgimento de novos negócios (IRINA; ALINA, 2015). Shane
(2012) afirma que o ecossistema empreendedor é muito relevante por criar oportunidades para
a atividade empreendedora se desenvolver, visto que esta não surge espontaneamente.
Portanto, é fundamental estabelecer um ecossistema empreendedor para que exista um
contexto favorável que facilite a criação de novos negócios.
Isenberg (2010) afirma que não existe uma fórmula que garanta o sucesso de um
ecossistema. Porém, com o objetivo de facilitar a criação de outros ecossistemas, o autor
identificou algumas regras básicas que devem ser seguidas na sua construção. Assim, propõe
nove recomendações para a criação de um ecossistema empreendedor, como podem ser
observadas no Quadro 3.
Quadro 3 Recomendações de Isenberg (2010) para criar um ecossistema empreendedor
Recomendações
Explicação
Parar de imitar o Vale do Silício
Não é possível reproduzir o mesmo ecossistema em outro lugar, visto que
cada região tem suas particularidades. Além disso, o Vale do Silício não é
um forte gerador de empreendimentos locais, é um ímã de empreendedores
prontos.
Moldar o ecossistema de acordo
com as condições locais
É necessário analisar as especificidades, ou seja, as dimensões, o estilo e o
clima do empreendedorismo de cada local para maior adequação à
realidade do ambiente e sucesso do ecossistema.
Envolver o setor privado desde
o início
O governo não pode desenvolver o ecossistema sozinho e apenas o setor
privado tem motivação suficiente para desenvolver mercados
autossustentáveis e lucrativos.
Favorecer os grandes potenciais
Não alocar os recursos, normalmente escassos, em empreendimentos que
pertençam à base da pirâmide (tradicionais). Os empreendimentos de alto
potencial devem ser priorizados, visto que a geração de riquezas é maior,
além de inspirar outros empreendedores a criarem startups.
Continua
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Conclusão
Ter um caso de sucesso no
ecossistema
Um caso de sucesso no ecossistema pode ter um efeito
surpreendentemente estimulante sobre um ecossistema, além de
proporcionar legitimidade.
Enfrentar os desafios e
promover mudanças culturais
empreendedoras
Apesar de difícil, é possível mudar a cultura empreendedora de uma região
a partir de uma cultura de tolerância ao fracasso e de casos de sucesso, o
que transforma a visão da sociedade em relação ao empreendedorismo.
Fortalecer as raízes
Empresas orientadas ao crescimento não devem ser inundadas com
“dinheiro fácil” por precisarem ser rentáveis e sustentáveis, além de uma
boa gestão financeira.
Não criar clusters
Os clusters não devem ser criados para que não haja escolha de
“vencedores”. Devem surgir de forma orgânica, independentemente da
ação do governo, por meio de empresas já existentes.
Reformar o quadro legal,
burocrático e regulatório
O quadro deve ser reformado para eliminar barreiras administrativas e
legais e não existir impedimentos desnecessários ao empreendedorismo.
Fonte: Adaptado de Isenberg (2010).
Tais regras apontam papéis do governo e do setor privado, necessidade de analisar
as particularidades do local em que o ecossistema empreendedor será criado, as possíveis
consequências de um caso de sucesso, a importância de uma cultura local favorável ao
empreendedorismo e a necessidade de um ambiente com menos burocracia. Destaca-se
também o fato de que Isenberg (2010) já sinalizou que o recurso deve ser investido em
empreendimentos de alto crescimento, em detrimento dos empreendimentos tradicionais.
Nessa linha de pensamento, no ano seguinte, Isenberg submeteu a proposta da tese
para a Babson College, onde defende que o ecossistema empreendedor é uma estratégia nova
para estimular a prosperidade econômica. No entanto, o autor destaca que existe uma questão
de semântica envolvendo o termo empreendedorismo, mas se refere ao empreendedor apenas
como uma pessoa que busca continuamente o valor econômico por meio do crescimento e que
está sempre insatisfeito com o status quo. Então, o trabalho autônomo e a propriedade de
empresas por si não são caracterizados como empreendedorismo, apenas se for aliado à
ambição do empreendedor (ISENBERG, 2011).
Vogel (2013, p. 446) define o ecossistema empreendedor como “uma comunidade
interativa dentro de uma região geográfica, composta por diferentes atores e fatores, que
evolui ao longo do tempo e cujos atores e fatores coexistem e interagem para promover nova
criação de valor”. Stam e Spigel (2016) adicionam ao conjunto de fatores e atores
interdependentes o fato de que devem ser coordenados de uma maneira que possibilite o
empreendedorismo dentro de um determinado território.
O ecossistema empreendedor ainda, é entendido como o conjunto de atores,
organizações orientadas ao empreendedorismo (empresas, investidores, bancos), instituições
(universidades, agências do setor público), e processos empreendedores (taxas de criação de
novos negócios, números de empresas de alto crescimento, dentre outros) (MASON;
BROWN, 2014).
Um aspecto importante do ecossistema empreendedor é a interconexão entre os atores
empreendedores (MOTOYAMA; KONCZAL; BELL-MASTERSON; MORELIX, 2014;
SPIGEL, 2017), que formal ou informalmente se aglutinam para se conectar, mediar e gerir o
desempenho dentro do ambiente empresarial local (MASON; BROWN, 2014). Para que haja
a interação entre os atores, é indispensável que eles estejam situados próximos uns dos outros,
para facilitar a comunicação, o compartilhamento de conhecimento e a cooperação (ZAHRA;
WRIGHT; ABDELGAWAD, 2014).
Os ecossistemas empreendedores também são conceituados como um conjunto de
elementos internos (sociais, políticos, econômicos e culturais) de uma região que apoiam a
criação e o crescimento de startups inovadoras e de novos negócios, por meio do incentivo
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aos empreendedores a assumir riscos (PARRACHO, 2017; SPIGEL, 2017). Assim,
impulsionam o desenvolvimento social e econômico da região, permitindo o acesso a
mercados, capital humano e financiamento para startups (THOMAS; SHARAPOV; AUTIO,
2016). A partir da literatura analisada, foi elaborado o Quadro 4 com o objetivo de sintetizar
diferentes conceitos e componentes do ecossistema empreendedor.
Quadro 4 Quadro síntese dos conceitos de Ecossistema Empreendedor
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).
Alguns autores divergem quanto ao tipo de empresas que o ecossistema empreendedor
abrange. Neste sentido, Isenberg (2010), ao criar o termo, considerou negócios de alto
potencial e negócios tradicionais pertencentes à base da pirâmide , apesar de recomendar
que os negócios de alto potencial devem ser prioridade de um ecossistema empreendedor.
Porém, em 2011, Isenberg defendeu que o ecossistema empreendedor se refere apenas ao
empreendedorismo ambicioso. Outros autores concordam com a ideia de que apenas o
empreendedorismo ambicioso deve ser levado em conta na análise do ecossistema
empreendedor (MASON; BROWN, 2014; STAM, 2015; STAM; SPIGEL, 2016) e se referem
principalmente às startups (ISENBERG, 2010; THOMAS; SHARAPOV; AUTIO, 2016;
PARRACHO, 2017; STAM; SPIGEL, 2016; SPIGEL, 2017).
Entretanto, há um consenso quanto à unidade de análise, visto que é possível observar
que todos os autores analisados (ISENBERG, 2010; 2011; VOGEL, 2013; MASON;
BROWN, 2014; STAM; SPIGEL, 2016; THOMAS; SHARAPOV; AUTIO, 2016;
PARRACHO, 2017; SPIGEL, 2017) atribuem ao conceito de Ecossistema Empreendedor a
ideia de localização geográfica. Por isso, entende-se que a unidade de análise dos referidos
ecossistemas é o território, uma vez que é delimitado a partir de determinado território.
Conceito
Conjunto de recursos humanos, financeiros e profissionais que um empreendedor
necessita, e um ambiente institucional no qual as políticas públicas incentivam e
protegem os empreendedores. Isoladamente, cada um é propício ao
empreendedorismo, mas insuficiente para sustentá-lo. Juntos, no entanto, esses
elementos impulsionam a criação e o crescimento de empreendimentos.
Uma comunidade interativa dentro de uma região geográfica, composta por
diferentes atores e fatores, que evolui ao longo do tempo e cujos atores e fatores
coexistem e interagem para promover nova criação de valor.
Um conjunto de atores, organizações voltadas ao empreendedorismo, instituições e
processos empreendedores que se agrupam de maneira formal ou informal com o
objetivo de se conectar, mediar e governar o desempenho dentro do ambiente
empreendedor local.
Conjunto de atores e fatores interdependentes, coordenados de tal forma que
possibilitam o empreendedorismo de alto crescimento dentro de um determinado
território.
Ecossistemas empreendedores se referem aos recursos humanos, financeiros e
profissionais e ambiente institucional que apoiam e nutrem novos empreendimentos
em localizações geográficas específicas, além de impulsionarem o desenvolvimento
social e econômico, permitindo o acesso a mercados, capital humano e fundos e
financiamento para startups.
Fatores de dentro de uma região que apoiam o desenvolvimento e crescimento de
startups inovadoras e criação de novos negócios.
Combinações de elementos sociais, políticos, econômicos e culturais dentro de uma
região que apoiam o desenvolvimento e o crescimento de startups inovadoras e
encorajam empreendedores e outros atores a assumirem os riscos de começar,
financiar e ajudar empreendimentos de alto risco.
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5. Discussão
A partir do exposto, buscou-se comparar os conceitos da literatura analisada a partir da
unidade a que se referem, com o objetivo de facilitar o entendimento acerca de cada
ecossistema e fortalecer o campo de estudos sobre o tema, a partir da ampliação do debate.
Além disso, colaborar para que futuras pesquisas utilizem a literatura de acordo com a
unidade de análise a ser adotada. Dessa maneira, foi elaborada a Figura 2, diferenciando os
ecossistemas a partir da unidade de análise dos seus conceitos.
Figura 2 Autores da literatura de Ecossistemas com base na unidade de análise
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).
Inicialmente, pode-se observar que foram comparados os estudos dos três tipos de
ecossistemas: de Negócios, de Inovação e o Empreendedor, já expostos nas seções 2, 3 e 4,
respectivamente. A partir da revisão bibliográfica foi possível perceber que os conceitos se
divergiam quanto a sua abrangência. Sendo assim, a literatura foi analisada de acordo com a
unidade de análise a que se referia: a organização ou o território. A unidade de análise
organização consiste nos ecossistemas são criados a partir de uma organização focal,
enquanto o território se refere à delimitação espacial do ecossistema, como cidade, estado,
região ou país. Ao todo foram analisados 19 (dezenove) estudos, com o objetivo de
compreender as similaridades quanto ao conceito do ecossistema abordado na pesquisa.
Sendo assim, conclui-se que autores como Moore (1993, 1996), Iansiti e Levien
(2004), Teece (2007) e Vargo (2009) se referem ao Ecossistema de Negócios a partir de uma
determinada organização-chave. O mesmo pode ser observado com o Ecossistema de
Inovação a partir de conceitos de Adner (2006), Adner e Kapoor (2010), Alexy, George e
Salter (2013) e Thomas e Autio (2015), cujos conceitos estão vinculados a uma organização
centro do ecossistema. Portanto, caso pesquisas futuras utilizem como unidade de análise uma
determinada organização, tais autores são mais indicados para conceituação e compreensão do
tema. Por outro lado, estudos como os de Wang (2010), Jishnu, Guilhorta e Mishra (2011),
Russell et al. (2011) e Spinosa, Schlemm e Reis (2015) atribuem ao conceito de Ecossistema
de Inovação um sentido mais amplo, referindo-se a um determinado território. Isso se deve ao
fato de que Ecossistemas de Inovação com unidade de análise o território têm como objetivo
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desenvolver o ambiente. Quanto ao Ecossistema Empreendedor, destaca-se que desde a
criação do conceito no estudo de Isenberg (2010) o mesmo já estava delimitado a partir do seu
território. Neste sentido, a unidade de análise organizacional não se aplica na literatura
analisada, visto que todos os autores utilizam a delimitação do território.
Considerações Finais
Este artigo teve como objetivo promover um ensaio teórico a respeito do construto dos
diferentes conceitos sobre ecossistemas, na área das Ciências Sociais, demonstrando as
particularidades de cada tipo, diferenciando os conceitos da literatura, a partir da unidade de
análise utilizada, para que seja ampliado o debate acerca desse tema com o objetivo de
estabelecer um conceito único e amplamente divulgado e, assim, fortalecer o campo de
pesquisa de ecossistemas.
A partir da análise da literatura selecionada, observa-se que o conceito de Ecossistema
de Inovação pode ser utilizado de maneiras distintas, podendo ter como centro do ecossistema
uma organização (unidade de análise organizacional) ou uma região geográfica (local, cidade,
estado, região ou país).
É possível observar ainda que para os conceitos de Ecossistema de Negócios e
Ecossistemas de Inovação tendo como unidade de análise uma organização, o objetivo
consiste em estabelecer relações menos densas que nas redes de cooperação com os diversos
atores que podem influenciar na atuação da empresa. Quanto aos conceitos de Ecossistema de
Inovação e Ecossistema Empreendedor que utilizam como unidade de análise uma região
geográfica o território o objetivo é o desenvolvimento econômico, social e tecnológico do
local. Considera-se que a conceituação sobre ecossistema empreendedor não é consensual, e
até se discute se este pode aparece naturalmente ou pode ser criado, havendo ainda um
percurso a percorrer neste contexto, especificamente com a identificação de tipologias de
ecossistemas que os possam categorizar de acordo com um conjunto de características.
É necessário que novas pesquisas sejam realizadas para que novos conceitos sejam
alocados de acordo com a unidade de análise e, assim, a comunidade acadêmica possa debater
acerca dos conceitos e esclarecer as particularidades de cada um, para que assim estes
diversos conceitos sejam amplamente divulgados e, consequentemente, fortaleça esse campo
de pesquisa.
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