Conference PaperPDF Available

Mesma mensagem, diferentes percepções: influência da orientação de valores individuais na percepção de valores de um anúncio ambiental

Authors:

Abstract

Os problemas ambientais que ameaçam o planeta requerem a mudança de comportamento da sociedade. Um dos principais fatores que influenciam o comportamento humano é o conceito de valor. Diversas pesquisas já foram realizadas com o objetivo de entender a relação entre comportamentos ambientais e valores individuais, mas pouco se tem feito para entender a relação entre a orientação de valores individuais e a percepção de valores transmitidos em anúncios ambientais, os quais podem ser considerados difusores dessa mudança de comportamento. O objetivo da pesquisa é identificar a influência das orientações de valores individuais “altruístas”, “egoístas” e “bioesféricos” nos valores percebidos em um anúncio de sensibilização quanto ao uso da água. Para isso, foram utilizados a escala reduzida de valores humanos de Schwartz e o protocolo EVA®, seguidos de análises de regressão logística binária, em uma amostra de 56 indivíduos. Encontrou-se que a orientação “altruísta” está associada a uma menor probabilidade de perceber a “equidade”, enquanto para a orientação “egoísta” isso acontece na percepção de “deveres”. Já a orientação “biosférica” foi a que apresentou mais relações significativas e todas positivas. O estudo apresenta considerações importantes para o alcance do desenvolvimento sustentável.
MESMA MENSAGEM, DIFERENTES PERCEPÇÕES:
INFLUÊNCIA DA ORIENTAÇÃO DE VALORES
INDIVIDUAIS NA PERCEPÇÃO DE VALORES DE
UM ANÚNCIO AMBIENTAL
PEDRO AUGUSTO BERTUCCI LIMA – pedro.ab.lima@unesp.br
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP – BAURU – FEB
FERNANDA PEREIRA SARTORI FALGUERA – fernanda.sartori@unesp.br
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP – BAURU – FEB
SUELY MACIEL - suely.maciel@unesp.br
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP – BAURU – FAAC
ENZO BARBERIO MARIANO - enzo.mariano@unesp.br
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP – BAURU – FEB
Área: 9 – ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE
Sub-Área: 9.7 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Resumo: OS PROBLEMAS AMBIENTAIS QUE AMEAÇAM O PLANETA REQUEREM A
MUDANÇA DE COMPORTAMENTO DA SOCIEDADE. UM DOS PRINCIPAIS
FATORES QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO HUMANO É O CONCEITO DE
VALOR. DIVERSAS PESQUISAS FORAM REALIZADAS COM O OBJETIVO DE
ENTENDER A RELAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTOS AMBIENTAIS E VALORES
INDIVIDUAIS, MAS POUCO SE TEM FEITO PARA ENTENDER A RELAÇÃO ENTRE A
ORIENTAÇÃO DE VALORES INDIVIDUAIS E A PERCEPÇÃO DE VALORES
TRANSMITIDOS EM ANÚNCIOS AMBIENTAIS, OS QUAIS PODEM SER
CONSIDERADOS DIFUSORES DESSA MUDANÇA DE COMPORTAMENTO. O
OBJETIVO DA PESQUISA É IDENTIFICAR A INFLUÊNCIA DAS ORIENTAÇÕES DE
VALORES INDIVIDUAIS “ALTRUÍSTAS”, “EGOÍSTAS” E “BIOESFÉRICOS” NOS
VALORES PERCEBIDOS EM UM ANÚNCIO DE SENSIBILIZAÇÃO QUANTO AO USO
DA ÁGUA. PARA ISSO, FORAM UTILIZADOS A ESCALA REDUZIDA DE VALORES
HUMANOS DE SCHWARTZ E O PROTOCOLO EVA®, SEGUIDOS DE ANÁLISES DE
REGRESSÃO LOGÍSTICA BINÁRIA, EM UMA AMOSTRA DE 56 INDIVÍDUOS.
ENCONTROU-SE QUE A ORIENTAÇÃO “ALTRUÍSTA” ESTÁ ASSOCIADA A UMA
MENOR PROBABILIDADE DE PERCEBER A “EQUIDADE”, ENQUANTO PARA A
ORIENTAÇÃO “EGOÍSTA” ISSO ACONTECE NA PERCEPÇÃO DE “DEVERES”. JÁ A
ORIENTAÇÃO “BIOSFÉRICA” FOI A QUE APRESENTOU MAIS RELAÇÕES
SIGNIFICATIVAS E TODAS POSITIVAS. O ESTUDO APRESENTA CONSIDERAÇÕES
IMPORTANTES PARA O ALCANCE DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
Palavras-chaves: PROTOCOLO EVA®; MARKETING AMBIENTAL;
COMPORTAMENTO HUMANO; SUSTENTABILIDADE; ECONOMIA DE ÁGUA.
XXVII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Economia Circular e suas Interfaces com a Engenharia de Produção
Bauru, SP, Brasil, 11 a 13 de novembro de 2020
SAME MESSAGE, DIFFERENT PERCEPTIONS:
INFLUENCE OF INDIVIDUAL VALUES
ORIENTATION IN THE VALUES’ PERCEPTION OF
AN ENVIRONMENTAL ADVERTISEMENT
Abstract: THE ENVIRONMENTAL PROBLEMS, WHICH THREATEN THE PLANET,
REQUIRE A SOCIETY’S BEHAVIORAL CHANGE. ONE OF THE MAIN FACTORS
INFLUENCING HUMAN BEHAVIOR IS THE CONCEPT OF VALUES. MANY
RESEARCHERS HAVE ALREADY STUDIED THE RELATIONSHIP BETWEEN
SUSTAINABLE BEHAVIORS AND INDIVIDUAL VALUES, HOWEVER, LITERATURE IS
SCARCE CONCERNING INDIVIDUAL VALUES ORIENTATION AND VALUES’
PERCEPTION IN GREEN ADVERTISEMENTS, WHICH CAN SPREAD THIS
BEHAVIOR CHANGE. THIS PAPER’S OBJECTIVE IS TO IDENTIFY THE INFLUENCE
OF THE FOLLOWING INDIVIDUAL VALUES ORIENTATION: “ALTRUISTIC”,
“EGOISTIC”, AND “BIOSPHERIC” IN THE VALUES PERCEIVED IN AN
ADVERTISEMENT ABOUT WATER SAVING. THEREFORE, WE USED THE SHORT
VERSION OF SCHWARTZ’S VALUES SCALE AND THE EVA PROTOCOL®,
FOLLOWED UP BY BINARY LOGISTIC REGRESSIONS IN A SAMPLE OF 56
INDIVIDUALS. WE FOUND THAT THE “ALTRUISTIC” ORIENTATION IS RELATED
WITH LOWER PROBABILITY OF PERCEIVING “EQUITY", WHILST FOR AN
“EGOISTIC” ORIENTATION THIS OCCURS IN THE PERCEPTION OF THE
“DUTIES” VALUE. THE “BIOSPHERIC” ORIENTATION PRESENTED MORE
STATISTICAL SIGNIFICANCE, BEING ALL POSITIVE. THIS STUDY PRESENTS
IMPORTANT IMPLICATIONS FOR ACHIEVING SUSTAINABLE DEVELOPMENT.
Keywords: EVA PROTOCOL®; GREEN MARKETING; HUMAN BEHAVIOR;
SUSTAINABILITY; WATER SAVING.
2
XXVII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Economia Circular e suas Interfaces com a Engenharia de Produção
Bauru, SP, Brasil, 11 a 13 de novembro de 2020
1. Introdução
Segundo a abordagem das capacidades de Sen (2010), os indivíduos podem ser
considerados como agentes de transformação de suas próprias vidas e do mundo, desde que
dotados com as capacidades necessárias. Pensando no impacto ambiental originado das ações
humanas (BLANKENBERG; ALHUSEN, 2019), é fundamental que os indivíduos passem a
agir de forma mais sustentável, para melhorar as condições de vida no planeta (SEN, 2013),
sendo igualmente importante a participação das organizações, que também precisam agir da
mesma forma (D’SOUZA; TAGHIN, 2005).
O entendimento das bases que compõem o comportamento humano é fundamental
para alcançar um patamar mais elevado de sustentabilidade (BLANKENBERG; ALHUSEN,
2019). Um dos fatores que influenciam o comportamento humano é o conceito de valor, que,
de acordo com algumas teorias, age como guias no processo de tomada de decisão
(CHRYSSOHOIDIS, KRYSTALLIS, 2005; SCHWARTZ, 2012). Embora os valores sejam
um conceito fundamental em diferentes áreas do conhecimento (MANCHÓN et al., 2016),
ainda há lacunas na literatura sobre o assunto (CHEKIMA et al., 2016; FREIRE;
LOUSSAÏEF, 2018).
Anúncios ambientais podem ser um fator bastante relevante no estímulo de
comportamentos mais sustentáveis (YOON; KIM, 2016), tendo sido estudados à luz da
abordagem das capacidades, em que se coloca o indivíduo como agente de transformação
(SAUNDERS; BARRINGTON; SRIDHARAN, 2015). Embora se saiba que as organizações
cujos valores são congruentes com os valores ambientais dos consumidores tendem a ter
melhores performances (GOTLIEB, 2019; MAGEE, 2019; MURALIDHARAN; SHEEHAN,
2017), ainda não há uma maneira precisa de avaliar como esses valores se relacionam.
Deste modo, o objetivo desta pesquisa é identificar a influência dos valores
individuais nos valores percebidos em um anúncio ambiental. Para isso, utilizaram-se a
escala de valores individuais de Schwartz (DE GROOT; STEG, 2007; 2008) e o Protocolo
EVA®, instrumento de pesquisa que mensura quais valores estão presentes em uma
mensagem, a partir da percepção da audiência (BRAVO et al., 2013; MANCHÓN et al.,
2016).
Ao que tudo indica, a relação entre valores individuais e valores percebidos, tendo
como base o Protocolo EVA®, ainda não foi realizada na literatura. Além disso, a presente
pesquisa traz como contribuições teóricas a aplicação do Protocolo EVA® no Brasil, o qual,
3
XXVII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Economia Circular e suas Interfaces com a Engenharia de Produção
Bauru, SP, Brasil, 11 a 13 de novembro de 2020
embora tenha sido desenvolvido no cenário ibero-americano, foi mais pesquisado na Espanha,
e a inclusão da temática de sustentabilidade dentro do Protocolo EVA®. Ademais,
reconhecendo os valores como peças fundamentais nos estudos sobre comportamento
(BRAVO et al., 2013), um melhor entendimento sobre o seu funcionamento pode auxiliar no
desenvolvimento de campanhas sobre sustentabilidade (MURALIDHARAN; SHEEHAN,
2017; YOON; KIM, 2016), trazendo implicações práticas para estudos de engenharia de
produção.
2. Teoria de valores
A teoria dos valores humanos sicos de Schwartz utilizada neste trabalho tem por
objetivo entender as razões para os diferentes comportamentos humanos e organizar os
valores comuns a todas as sociedades (SCHWARTZ, 2011). De acordo com Schwartz (2012,
p. 3, tradução nossa): “Valores são usados para caracterizar grupos culturais, sociedades e
indivíduos, para rastrear mudanças ao longo do tempo, e para explicar as bases motivacionais
para atitudes e comportamentos”.
Esta teoria preconiza dezenove grupos de valores, que se baseiam em necessidades
humanas universais1. Quando alguém se comporta de certa maneira, esse comportamento
geralmente se deve a um conflito entre valores opostos, de modo que os valores individuais
são priorizados de diferentes formas e de acordo com cada situação exposta (SCHWARTZ,
1992).
Como poucos valores são analisados durante os processos de tomada de decisão
comportamental, estudos que avaliam a questão ambiental devem focar apenas nos aspectos
de autotranscendência e autoaprimoramento (DE GROOT; STEG, 2008). Neste contexto,
com base em uma escala reduzida dos valores de Schwartz (STERN, 1999), de Groot e Steg
(2008) desenvolveram e validaram um instrumento que foca em três orientações de valores:
“egoístas”, “altruístas” e “biosféricos”, que são os três grupos que a literatura indica terem
maior relacionamento com o comportamento ambiental (DE GROOT; STEG, 2007, 2008).
Por exemplo, ao optar por um veículo automotor energeticamente eficiente, a orientação
“egoísta” resultaria no benefício individual de economizar energia e dinheiro, a orientação
“altruísta” motivaria a redução da poluição que afeta os demais seres humanos, enquanto a
orientação “biosférica” buscaria a mitigação dos danos ao meio ambiente e à biosfera (DE
GROOT; STEG, 2010).
1 Para uma apresentação completa, veja Schwartz et al. (2012).
4
XXVII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Economia Circular e suas Interfaces com a Engenharia de Produção
Bauru, SP, Brasil, 11 a 13 de novembro de 2020
Schwartz (1992) acredita que seja importante integrar elementos específicos das
pesquisas de valores, a fim de aumentar o entendimento sobre o tema estudado. Neste sentido,
existe uma abordagem recente na literatura para analisar como os valores estariam presentes
dentro de uma mensagem, sendo que os valores seriam definidos como:
Aqueles elementos de seus conteúdos e aqueles aspectos de suas características
formais que configuram o conjunto de qualidades que dão importância, validade ou
mérito a uma produção comunicativa, fazendo com que seja apreciada por sua
adaptação às necessidades humanas e da sociedade (Bravo et al., 2013, p. 168;
tradução nossa).
Dentro deste cenário, pesquisadores do Laboratorio de Análisis Instrumental de la
Comunicación (LAICOM), da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB) desenvolveram o
Protocolo EVA®, instrumento para identificar e mensurar os valores presentes em uma
mensagem. Ele foi desenvolvido no contexto ibero-Americano, a partir de três principais
documentos: Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Constituição do Brasil e a
Constituição da Espanha. Assim, acredita-se que ele tenha congruência com direitos sociais e
valores destas culturas e possa ser usado de forma praticamente universal, desde que feitas
algumas adaptações (BRAVO et al., 2013; BRAVO et al., 2017).
O Protocolo EVA® é composto por 25 valores que podem ser percebidos em uma
mensagem: amizade; bem-estar; cooperação; cultura; deveres; democracia; direitos;
dignidade; educação; esforço; família; identidade; igualdade; independência; intimidade;
justiça-equidade; liberdade; moralidade/honra; ordem; paz; pluralismo; progresso; respeito;
responsabilidade; saúde. Cada indivíduo avaliando a mensagem indica se determinado valor
foi observado em uma mensagem. Em caso afirmativo, solicita-se a indicação da intensidade
do valor percebido, a partir de uma escala de -3 a 3 (MANCHÓN et al. 2016).
Esta pesquisa toma como premissa o fato de que essa abordagem, estudada de forma
integrada aos valores individuais, permitirá um melhor entendimento sobre a percepção de um
anúncio. Dada a relevância das teorias de Schwartz para a literatura sobre valores e as novas
possibilidades de mensuração de valores advindas do Protocolo EVA®, acredita-se que o uso
conjunto das duas abordagens tende a gerar importantes contribuições teóricas e práticas.
3. Materiais e Métodos
3.1 Amostra
Para alcançar o objetivo da pesquisa, julgou-se adequado uma amostra de
conveniência, composta por estudantes de graduação e pós-graduação de Engenharia de uma
universidade pública, localizada em Bauru, no interior do Estado de São Paulo. Trabalhou-se
5
XXVII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Economia Circular e suas Interfaces com a Engenharia de Produção
Bauru, SP, Brasil, 11 a 13 de novembro de 2020
apenas com estudantes de uma mesma área do conhecimento como forma de tentar controlar
outras variáveis externas, tendo em vista que a temática da pesquisa foi pouco explorada na
literatura, precisando ser mais bem entendida. Assim como em outros estudos da literatura
(ATKINSON; KIM, 2015; DE GROOT; STEG, 2010; PICKETT-BAKER; OZAKI, 2008;
VERMEIR; VERBEKE, 2008), o Protocolo EVA® foi analisado com base em grupos
específicos (MANCHÓN et al., 2016). Optou-se pelos estudantes da Faculdade de Engenharia
por ela ter o maior número de pessoas de uma mesma área do conhecimento dentro da
universidade escolhida, o que aumenta as chances de se obter uma maior amostra. Outros
estudos presentes na literatura do tema utilizaram com sucesso estudantes como amostra
(BAILEY; MISHRA; TIAMIYU, 2016; GOTLIEB, 2019; MAGEE, 2019; PARKER et al.,
2018), incluindo estudantes na mesma área do conhecimento (BIRAU; FAURE, 2018; KIM;
YOON, 2017; YOON; KIM, 2016).
3.2 Instrumento de pesquisa
Foi desenvolvido um instrumento de pesquisa contendo todas as informações e
questionários necessários para a pesquisa, utilizando recomendações e questionários
testados na literatura. O instrumento foi criado a partir do Google Forms, sistema gratuito
muito empregado nesse tipo de pesquisa (WEI et al., 2017). Para alcançar o maior número
possível de respondentes, o instrumento foi enviado via sistema acadêmico da universidade
em questão e por outros recursos digitais, o que impossibilitou aos autores terem
conhecimento do número total de alunos que receberam as mensagens, sendo um
procedimento similar ao encontrado na literatura (DE GROOT; STEG, 2007).
A primeira parte do instrumento consistiu em uma breve explicação sobre a pesquisa,
assim como a apresentação do termo de consentimento livre e esclarecido. A segunda parte
apresentou perguntas, na forma de questionário, sobre a orientação de valores individuais,
com utilização da mesma adaptação da escala reduzida de valores individuais de Schwartz
(STERN, 1999), elaborada por De Groot e Steg (2008). O questionário é composto por 13
perguntas, em uma escala de -1 (oposto a meus valores) a 7 (extremamente importante para
meus valores), sendo cinco sobre valores “egoístas” (exemplo: “ambicioso: trabalhador, ter
aspirações na vida”), quatro sobre valores “altruístas” (exemplo: “prestativo: trabalhar para o
bem-estar dos outros”) e quatro sobre valores “biosféricos” (exemplo: “proteção do meio
ambiente: preservação da natureza) (DE GROOT; STEG, 2008).
A escala de valores reduzida de valores de Schwartz foi traduzida para o português
6
XXVII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Economia Circular e suas Interfaces com a Engenharia de Produção
Bauru, SP, Brasil, 11 a 13 de novembro de 2020
através do método de tradução reversa. Primeiramente, um dos autores traduziu o questionário
para o português. Em seguida, uma professora de língua inglesa fez a tradução reversa para o
inglês alcançando uma tradução quase idêntica à original. Este resultado foi discutido entre
ambos, sendo posteriormente debatido com outra autora da pesquisa, a fim de obter um
consenso. Este método foi similar ao utilizado em outros trabalhos na área (KIM; YOON,
2017; WEI et al., 2017).
A terceira parte do instrumento consistiu na apresentação do anúncio comercial. Foi
utilizado o comercial de uma companhia sanitária brasileira, responsável pelo abastecimento
de água. O anúncio tem menos de um minuto e apresenta o cenário de grave crise hídrica
enfrentada pelo Estado de São Paulo, entre 2013 e 2015. O anúncio foi veiculado em 2014,
ano auge da crise (JACOBI; CIBIM; LEÃO, 2015; MARENGO et al., 2015). Durante o
anúncio, são apresentadas diversas ações que a população pode adotar para reduzir o consumo
doméstico de água. Enquanto o narrador fala, são mostradas pessoas agindo no contexto
proposto. Também aparecem textos curtos, nos quais as letras das palavras têm um design
para simular uma mangueira. Enquanto são apresentadas as ações, também é indicada a
quantidade de água economizada em decorrência de cada uma das atitudes que a pessoa pode
tomar.
Após o anúncio, foi aplicada a quarta parte do questionário, que consistiu no emprego
do Protocolo EVA®. Foram apresentados todos os valores, acompanhados de suas respectivas
definições, seguindo as recomendações de uso do instrumento. Ele possui uma versão oficial
em espanhol e uma em português (BRAVO et al., 2013; BRAVO et al., 2017; MANCHÓN et
al., 2016). A mesma professora que participou do processo de tradução reversa também é
revisora de língua portuguesa e averiguou a versão em português, de modo que apenas uma
pequena adaptação foi realizada em uma das definições de um dos valores.
Antes da aplicação do instrumento completo para toda a amostra, foi realizado um
teste-piloto com quatro participantes: um aluno do doutorado na mesma universidade da
amostra do estudo, um aluno de graduação em Engenharia de outra universidade, uma pessoa
que trabalha com marketing e é formada em Engenharia e um psicólogo. Não foram relatadas
dificuldades com o preenchimento do questionário, de modo que apenas foram feitas
pequenas modificações de formatação, para a posterior aplicação do mesmo, no estudo.
7
XXVII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Economia Circular e suas Interfaces com a Engenharia de Produção
Bauru, SP, Brasil, 11 a 13 de novembro de 2020
3.2 Análise estatística
Reunidas as respostas do questionário, inicialmente foi gerada a tabela de
frequência,com seu respectivo percentual, para entender a distribuição dos valores percebidos
na mensagem. Os valores com mais de 95% de percepção positiva (no máximo 2, 56
participantes, indicaram que não os perceberam) foram entendidos como “unânimes” para a
amostra em questão.
Para os valores da mensagem em que foi possível observar uma variação na amostra,
foi realizada a análise de regressão logística binária utilizando o software STATA (versão 13).
O modelo logístico binário é considerado adequado para análise econométrica da relação
entre uma variável dependente dicotômica e uma ou mais variáveis independentes (GARSON
2016; AGRESTI e FINLAY, 2009).
Além do nível de significância e do coeficiente de cada variável regressora, também
foi realizada a análise de sua razão de chances (Odds Ratio - OR). Essa medida retrata a
probabilidade de ocorrência de um evento dividida pela probabilidade da não ocorrência do
mesmo evento. Quanto mais próximo do valor 1, maior o equilíbrio entre a probabilidade de
perceber e de não perceber o valor na mensagem; e quanto mais próximo de zero, maior a
tendência de não perceber o valor.
4. Resultados e discussão
Após o envio do questionário, foram obtidas 56 respostas válidas, sendo 29 (51%) do
gênero feminino e 27 (49%), do masculino. Quanto à idade, 26 (46%) tem até 24 anos e 30
(54%) têm 25 anos ou mais. A grande maioria, 43 (77%), é solteira, sendo o restante casado
ou divorciado. Apenas quatro (7%) pessoas declararam participar de algum projeto ligado ao
meio ambiente.
A orientação de valor “egoísta” apresentou um alfa de Cronbach (indicador de
confiabilidade aplicado a questionários) de 0,69; o “altruísta”, de 0,73 e o biosférico, de 0,85,
sendo considerados valores adequados à pesquisas sobre orientação de valores encontrados na
literatura (DE GROOT; STEG, 2008, 2010).
A Tabela 1 apresenta a frequência em que cada valor do Protocolo EVA® foi ou não
percebido pelos participantes. Observa-se que três valores se destacaram: “cooperação”,
“responsabilidade” e “educação”, com 55 respostas positivas e apenas uma resposta negativa.
Tal resultado sugere que este anúncio é capaz de transmitir esses valores, independentemente
8
XXVII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Economia Circular e suas Interfaces com a Engenharia de Produção
Bauru, SP, Brasil, 11 a 13 de novembro de 2020
da orientação de valor individual do receptor. No entanto, é possível perceber que valores
como “pluralismo”, que foi percebido por exatamente 50% da amostra, “liberdade” e
“identidade”, que também ficaram próximos de 50%, bem como os valores menos percebidos,
como “intimidade” (25%) e “Independência” (32%), dependem da percepção individual para
serem percebidos na mensagem.
Tabela 1 – Frequência da Percepção de Valores no Anúncio
Valor na Mensagem Percepção do Valor = Sim Percepção do Valor = Não
Freq. Perc. Freq. Perc.
Cooperação 55 98,21 1 1,79
Responsabilidade 55 98,21 1 1,79
Educação 55 98,21 1 1,79
Deveres 53 94,64 3 5,36
Respeito 53 94,64 3 5,36
Bem-estar 49 87,50 7 12,50
Esforço 49 87,50 7 12,50
Cultura 43 76,79 13 23,21
Saúde 42 75,00 14 25,00
Amizade 40 71,43 16 28,57
Equidade 39 69,64 17 30,36
Progresso 39 69,64 17 30,36
Moralidade 38 67,86 18 32,14
Ordem 38 67,86 18 32,14
Igualdade 35 62,50 21 37,50
Direitos 33 58,93 23 41,07
Dignidade 32 57,14 24 42,86
Democracia 31 55,36 25 44,64
Liberdade 30 53,57 26 46,43
Pluralismo 28 50,00 28 50,00
Identidade 27 48,21 29 51,79
Paz 27 48,21 29 51,79
Família 26 46,43 30 53,57
Independência 18 32,14 38 67,86
Intimidade 14 25,00 42 75,00
Para os valores da mensagem em que se verifica esta variação, faz sentido analisar se
as orientações de valores individuais influenciam nessa percepção. Dessa forma, é possível
identificar como a recepção de uma mensagem ocorre, considerando diferentes motivações
intrínsecas dos indivíduos expostos a ela.
As Tabelas 2 e 3 apresentam os resultados das regressões com relações significativas
(considerando 10% de significância), juntamente com seu coeficiente e sua razão de chances
(OR). Na Tabela 2, são apresentados os modelos com relações significativas negativas ou
mistas (negativas e positivas) e, na Tabela 3, os modelos com apenas relações significativas
positivas.
9
XXVII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Economia Circular e suas Interfaces com a Engenharia de Produção
Bauru, SP, Brasil, 11 a 13 de novembro de 2020
Tabela 2 – Relações Significativas Negativas ou Mistas
VALORES
INDIVIDUAIS
VALORES PERCEBIDOS NA MENSAGEM
DEVERES RESPEITO EQUIDADE MORALIDADE
Coef. O.R. Coef. O.R. Coef. O.R. Coef. O.R.
Constant 5,177**
*177,1 4,761*** 116,9 3,230* 25,2
80,754 2,127
EGOÍSTA -1,053** 0,349 0,231 1,260 -0,0686 0,93
40,561** 1,752
ALTRUÍSTA -0,128 0,879 -0,640** 0,527 -0,975** 0,37
7-0,872** 0,418
BIOSFÉRICO 0,529 1,698 0,203 1,225 0,646* 1,90
70,574* 1,776
Regressão Logística Binária com erros padrão robustos à heterocedasticidade
*** p<0,01; ** p<0,05; * p<0,1
A orientação de valor individual “altruísta” aparece sempre com relações significativas
negativas na Tabela 2, ou seja, essa orientação está associada a uma menor probabilidade de
perceber valores como “respeito”, “equidade” e “moralidade” na mensagem. Também é
possível verificar que a menor OR se encontra na percepção da “equidade” (0,37). Tal fato
pode ser explicado por essa orientação estar ligada à justiça e a oportunidades iguais. Tendo
isto como uma motivação intrínseca, e, portanto, natural, pode-se tornar mais difícil para o
indivíduo enxergar tal valor em um anúncio, de modo que a mensagem precisaria passar algo
mais intenso para despertar essa percepção, como se os indivíduos fossem mais exigentes
quanto ao que é ser altruísta ou não. Para a orientação “egoísta”, é possível observar que ela
está associada a uma menor probabilidade de perceber o valor “deveres” e a uma maior
probabilidade de perceber o valor “moralidade” na mensagem. Por fim, observa-se que a
orientação “biosférica” tem relações positivas com a percepção da “moralidade” e
“equidade”, sendo que é praticamente duas vezes maior a probabilidade de percebê-la do que
a de não perceber (OR = 1,907).
Na Tabela 3, observa-se que a orientação “altruísta está associada a uma maior
probabilidade de perceber a “democracia” na mensagem. Essa é a única relação positiva para
esta orientação. Além disso, é importante destacar que a orientação “biosférica” é a que
apresenta mais relações significativas, e todas elas são positivas. É importante indicar que o
anúncio é voltado para a sensibilização da economia de água, sendo necessário interpretar os
resultados sob essa ótica ambiental.
1
XXVII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Economia Circular e suas Interfaces com a Engenharia de Produção
Bauru, SP, Brasil, 11 a 13 de novembro de 2020
Tabela 3 – Relações Significativas Positivas
VALORES
INDIVIDUAI
S
VALORES PERCEBIDOS NA MENSAGEM
BEM-ESTAR DEMOCRACI
A
IGUALDAD
E
INDEPENDÊNCI
A
PLURALISM
O
Coef. O.R. Coef. O.R. Coef. O.R. Coef. O.R. Coef. O.R.
Constant -
2,465
0,085
0-2,983 0,050
6
-
1,217 0,296 -3,484** 0,0307 -1,955 0,142
EGOÍSTA 0,099
31,104 -0,351 0,704 0,083
21,087 0,101 1,106 -0,255 0,775
ALTRUÍSTA -
0,229 0,795 0,506* 1,658 -
0,455 0,635 -0,155 0,857 -
0,0297 0,971
BIOSFÉRICO 1,038
** 2,824 0,274 1,315 0,733
** 2,081 0,575* 1,777 0,538* 1,713
Regressão Logística Binária com erros padrão robustos à heterocedasticidade
*** p<0,01; ** p<0,05; * p<0,1
Neste sentido, a orientação “biosférica” é baseada na preservação da natureza.
Considerando que tais indivíduos tenham uma maior tendência de realizar ações em prol do
meio ambiente, torna-se especialmente importante analisar o impacto do anúncio nos
indivíduos com a orientação “egoísta”, associada à riqueza e à autoridade, por exemplo. Nesse
contexto, enfatizar o aspecto moral envolvido pode surtir mais efeito do que focar em
obrigações e deveres. Da mesma forma, ao observar que a orientação “altruísta” é a que mais
aparece com relações significativas negativas, verifica-se que é mais difícil ativar sua
percepção em valores muito próximos às suas motivações intrínsecas, com exceção da
“democracia”, sugerindo que o anúncio possa ter conseguido trazer a importância da
participação e do empoderamento de todos os indivíduos. Este tipo de anúncio costuma
colocar o indivíduo com um papel de agente ativo de transformação (MURALIDHARAN;
SHEEHAN, 2017; SAUNDERS; BARRINGTON; SRIDHARAN, 2015).
5. Considerações finais
Acredita-se que a pesquisa tenha cumprido o seu objetivo de indicar as primeiras
impressões sobre a relação entre a percepção de valores em uma mensagem e a orientação de
valores individuais. Foi possível comprovar empiricamente que a orientação de valores dos
indivíduos influencia na percepção da mensagem. Nesse sentido, foram encontradas relações
significativas com nove valores (“deveres”, “respeito”, “equidade”, “moralidade”, “bem-
estar”, “democracia”, “igualdade”, “independência” e “pluralismo”).
O estudo mostrou que uma orientação "altruísta" está negativamente relacionada à
percepção de diferentes valores ligados a “equidade” na mensagem, porém positivamente
1
XXVII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Economia Circular e suas Interfaces com a Engenharia de Produção
Bauru, SP, Brasil, 11 a 13 de novembro de 2020
relacionados a “democracia”, sugerindo que, para indivíduos com esta orientação, o anúncio
foi capaz de ativar a percepção de empoderamento da população (democracia como soberania
popular), porém não trouxe a noção de justiça, considerando as diferentes necessidades do
indivíduo. Para a orientação “egoísta”, o aspecto da “moralidade” foi ativado, mas ele não
veio acompanhado do senso de “dever”. a orientação "biosférica" obteve mais relações
significativas e todas positivas, o que pode ter sido motivado pela conotação de preservação
ambiental do anúncio. No entanto, é importante ressaltar que a percepção dos valores
“cooperação”, “responsabilidade” e “educação” mostrou-se praticamente unânime (55 de 56
participantes), não variando conforme a orientação de valores para a amostra em questão.
Como implicações práticas, entendemos que tais resultados podem apoiar na
elaboração de anúncios ambientais similares. No entanto, entendemos que a maior
contribuição nesse sentido está no processo de análise da percepção da mensagem,
considerando as orientações de valores individuais. Em especial, entender as motivações
intrínsecas dos indivíduos pode fazer com que as mensagens ambientais atinjam um maior
número de pessoas e, dessa forma, elas possam afetar os indivíduos de maneira a desencadear
ações e ajudar a alcançar um patamar mais elevado de sustentabilidade.
Como contribuições teóricas, destaca-se que não há conhecimento de outras pesquisas
na literatura que tenham buscado esta abordagem, em especial com a utilização do Protocolo
EVA® e do questionário de orientação de valores adaptado de Schwartz. Como continuidades
importantes, indica-se ir além da percepção (sim ou não) e analisar a influência dos valores
individuais na intensidade da percepção de cada valor, bem como introduzir a intenção de
comportamento nessa relação, o que pode fomentar resultados importantes para as temáticas
do desenvolvimento sustentável, da gestão ambiental e de marketing.
Não é a intenção da pesquisa fazer qualquer tipo de generalização quanto aos
resultados, visto que se trata de uma amostra pouco heterogênea e foi aferida a percepção
quanto a um único anúncio. Futuros estudos com tais propósitos devem utilizar outros
anúncios ou tipos de mensagem, incluindo outras mídias (imagens estáticas em vez de
produções audiovisuais, por exemplo), e também buscar amostras diversificadas de audiência.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) pelo financiamento disponibilizado à pesquisa.
1
XXVII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Economia Circular e suas Interfaces com a Engenharia de Produção
Bauru, SP, Brasil, 11 a 13 de novembro de 2020
Referências
ATKINSON, L.; KIM, Y. “I drink it anyway and I know I shouldn't”: Understanding green consumers' positive
evaluations of norm-violating non-green products and misleading green advertising. Environmental
Communication, v.9, n.1, p.37-57, 2015.
BAILEY, A. A.; MISHRA, A.; TIAMIYU, M. F. GREEN consumption values and Indian consumers’ response
to marketing communications. Journal of Consumer Marketing, v.33, n.7, p.562-573, 2016.
BIRAU, M. M.; FAURE, C. It is easy to do the right thing: Avoiding the backfiring effects of advertisements
that blame consumers for waste. Journal of Business Research, v.87, n.1, p.102-117, 2018.
BRAVO, A. R.; VILAR, N. M.; MANCHÓN, L. M.; MORANTE, F. M.; DA SILVA, E. L.; MARTINS, G.;
PEIXOTO, M.; MÜLLER, K. Medición y evaluación de valores contenidos audiovisuales desde un abordaje
interdisciplinar (Evaluation and measuring of values in audiovisual contents rom an interdisciplinary approach).
Revista de Investigación Social, v. 11, n.1, p.158-204, 2013.
BRAVO, A. R.; VILAR, N. M.; MORANTE, F. M.; MACHÓN, L. M.; DA SILVA, E. L. ProtocoloEva:
Desarrollo y validación de una herramienta científica para la medición y evaluación de valores en contenidos
audiovisuales. Laboratorio de Análisis Instrumental de la Comunicación. Universitat Autònoma de Barcelona,
2017.
BRAVO, Á. R.; VILAR, N. M.; LADAGA, S. A. C.; BEDOYA, P. P.; CASTILLO, E. M. R. Valores
corporativos de los principales bancos españoles: localización y medición de su recepción. Revista Prisma
Social, v.28, p.44-73, 2020.
BLANKENBERG, A-K.; ALHUSEN, H. On the Determinants of Pro-Environmental Behavior: A Literature
Review and Guide for the Empirical Economist. Center for European, Governance, and Economic Development
Research (CEGE), n.350, 2019.
CHEKIMA, B.; CHEKIMA, S.; WAFA, S. A. W. S. K.; IGAU, O. A.; SONDOH JR., S. L. Sustainable
consumption: The effects of knowledge, cultural values, environmental advertising, and demographics.
International Journal of Sustainable Development & World Ecology, v.23, n.2, p.210-220, 2016
CHRYSSOHOIDIS, G. M.; KRYSTALLIS, A. Organic consumers’ personal values research: Testing and
validating the list of values (LOV) scale and implementing a value-based segmentation task. Food Quality and
Preference, v.16, n.7, p.585-599, 2005.
DE GROOT, JUDITH I. M., STEG, L. Value orientations and environmental beliefs in five countries: Validity
of an instrument to measure egoistic, altruistic and biospheric value orientations. Journal of Cross-Cultural
Psychology, v.38, n.3, p.318-332, 2007.
DE GROOT, J. I. M.; STEG, L. Value orientations to explain beliefs related to environmental significant
behavior: How to measure egoistic, altruistic, and biospheric value orientations. Environment and Behavior,
v.40, n.3, p.330-354, 2008.
DE GROOT, J. I.M.; STEG, L. Relationships between value orientations, self-determined motivational types and
pro-environmental behavioural intentions. Journal of Environmental Psychology, v.30, n.4, p.368-378, 2010.
D’SOUZA, C.; TAGHIN, M. Green advertising effects on attitude and choice of advertising themes. Asia
Pacific Journal of Marketing and Logistics, v.17, n.3, p.51-66, 2005.
FINLAY, B; AGRESTI, A. Statistical methods for the social sciences. Dellen, 1986
1
XXVII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Economia Circular e suas Interfaces com a Engenharia de Produção
Bauru, SP, Brasil, 11 a 13 de novembro de 2020
FREIRE, N. A.; LOUSSAÏEF, L. When Advertising highlights the binomial identity values of luxury and CSR
principles: The examples of Louis Vuitton and Hermès. Corporate Social Responsibility and Environmental
Management, v.25, n.4, p.565-582, 2018.
GOTLIEB, M. R. Environmental action at the checkout line: a functional approach to green consumer behavior.
Social Marketing Quarterly, v.25, n.2, p.160-175, 2019.
JACOBI, P. R.; CIBIM, J.; LEÃO, R. D. S. Crise hídrica na Macrometrópole Paulista e respostas da sociedade
civil. Estudos avançados, v.29, n.84, p.27-42, 2015.
KIM, Y. J.; YOON, H. J. Predicting green advertising attitude and behavioral intention in South Korea. Social
Behavior and Personality, v.45, n.8, p.1345-1364, 2017.
MAGEE, R. G. Environmental worldview beliefs and CSR advertising. Social Responsibility Journal, v.15, n.3,
p.379-394, 2019.
MARENGO, J. A.; NOBRE, C. A.; SELUCHI, M. E.; CUARTAS, A.; ALVES, L. M.; MENDIONDO, E. M.;
OBREGÓN, G.; SAMPAIO, G. A seca e a crise hídrica de 2014-2015 em São Paulo. Revista USP, n.106, p.31-
44, 2015.
MURALIDHARAN, S.; SHEEHAN, K. “Tax” and “Fee” Frames in Green Advertisements: The influence of
self-transcendence in reusable bag usage. Journal of Promotion Management, v.23, n.6, p.851-871, 2017.
PARKER, J. M.; SAMS, D.; PADDAR, A.; MANOYLOV, K. Water conservation behavior: Is what we say
what we do. Journal of Consumer Marketing, v.35, n.6, p.644-652, 2018.
PICKETT-BAKER, J.; OZAKI, R. Pro-environmental products: marketing influence on consumer purchase
decision. Journal of Consumer Marketing, v.25, n.5, p.281-293, 2008.
SCHWARTZ, S. H. Universals in the content and structure of values: Theoretical advances and empirical tests
in 20 countries. Advances in experimental social psychology, v.25, n.1, p.1-65, 1992.
SCHWARTZ, S. H. Values: Cultural and individual. In: VAN DE VIJVER, F. J.R.; CHASIOTIS, A.;
BREUGELMANS, S. M. (Ed.). Fundamental questions in cross-cultural psychology, p. 463-493, Cambridge
University Press, 2011.
SCHWARTZ, S. H. An overview of the Schwartz theory of basic values. Online readings in Psychology and
Culture, v. 2, n. 1, p. 2307-0919.1116, 2012.
SCHWARTZ, S. H. et al. Refining the theory of basic individual values. Journal of Personality and Social
Psychology, v.103, n.4, p.663-688, 2012.
SAUNDERS, S. G.; BARRINGTON, D. J.; SRIDHARAN, S. Redefining social marketing: beyond behavioural
change. Journal of Social Marketing, v.5,n.2, p.160-168, 2015.
SEN, A. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia de Bolso, 2010.
SEN, A. The ends and means of sustainability. Journal of Human Development and Capabilities, v.14, n.1, p.6-
20, 2013.
VERMEIR, I.; VERBEKE, W. Sustainable food consumption among young adults in Belgium: Theory of
planned behaviour and the role of confidence and values. Ecological Economics, v.64, n.3, p.542-553, 2008
WEI, C-F.; CHIANG, C-T.; KOU, T-C.; LEE, B. C. Y. Toward sustainable livelihoods: Investigating the drivers
of purchase behavior for green products. Business Strategy and the Environment, v.26, n.5, p.626-639, 2017.
YOON, H. J.; KIM, Y. J. Understanding green advertising attitude and behavioral intention: An application of
the health belief model. Journal of Promotion Management, v.22, n.1, p.49-70, 2016.
1
ResearchGate has not been able to resolve any citations for this publication.
Article
Full-text available
Tras una primera aproximación contextual y teórica desde las perspectivas: ética, psicosocial, sociotécnica y comunicológica sobre la investigación en valores, en esta investigación se mide la carga de valores transmitida por los cuatro principales bancos españoles: CaixaBank, Banco de Sabadell, Banco de Santander y BBVA, mediante un procedimiento on-line basado en test de recepción. El testeo se desarrolló a través de Internet, a partir de la exposición de 147 sujetos (87 españoles/as y 60 iberoamericanos/as) a los cuatro spots publicitarios que fueron divulgados simultáneamente por los canales institucionales en YouTube de cada banco y en los principales canales españoles de TV abierta durante el mes de abril de 2018 por esas entidades. El estudio localiza cuáles son los valores transmitidos por cada banco, los compara y mide sus respectivas potencias de transmisión. Con el apoyo de entrevistas en profundidad realizadas a los responsables de comunicación de los cuatro bancos, en este estudio se explora, también, la coherencia que logran los bancos entre los planteamientos básicos de su comunicación estratégica y los valores transmitidos por sus spots. This research measures the charge of values transmitted by the 4 main Spanish banks: CaixaBank, Banco de Sabadell, Banco de Santander and BBVA, through an on-line procedure based on reception tests. It starts from a deep contextual and theoretical approach to research in social values, from an ethical, psychosocial, sociotechnical and communicological perspective. The test consisted of an online questionnaire to 147 participants (87 Spanish and 60 Latin American), who watched 4 advertising spots shown on Youtube and broadcasted on open TV by the 4 main Spanish banks, all were aired during April 2018. The study locates the values transmitted by each bank spot, compares them and measures their respective transmission capability. With the support of in-depth interviews with the heads of communication of the 4 banks, our study also explores the coherence that banks achieve between their strategic communication and the values transmitted by their spots.
Article
Full-text available
In a controversial context, luxury houses have followed the ancestral values of artisanal production, with respect for materials, the environment, and people, thereby facilitating their current application of the principles promoted by Corporate Social Responsibility (CSR). They used to publish their CSR results in their annual reports and via their websites but can also do it implicitly through their advertisements. For the first time, the advertising creation and decoding process together with a semiotic analysis of two Louis Vuitton and Hermès advertisements bring out the semiotic wealth of the discourse of the images and the identity narratives of each label, as well as listing the implicit identity values of luxury and linking them to the various principles of CSR. Copyright © 2018 John Wiley & Sons, Ltd and ERP Environment
Article
Full-text available
We used the health belief model (HBM) to investigate predictors of green advertising attitude and behavioral intention, and to explain the influence of these factors on environmentally friendly consumption. We conducted a survey with a college student sample (N = 236) in South Korea. Regression analysis results showed that the inclusion of both HBM factors and consumption-related factors, as opposed to just 1 type of factor, was associated with superior prediction ability in relation to environmentally friendly consumption. In addition, the inclusion of HBM factors, consumption-related factors, and green advertising attitude in the model resulted in a better predictor of behavioral intention. Our findings suggest that ecological consumption is influenced by consumers’ past experience with green marketing as well as their beliefs about environmental issues. Implications of the findings and suggestions for future research are discussed. © 2017 Scientific Journal Publishers Limited. All Rights Reserved.
Article
Full-text available
A maior parte da estação chuvosa de 2014 transcorreu com valores de chuva inferiores à média histórica sobre a porção sudeste do país, incluindo o Sistema Cantareira. A causa principal para a grande falta de chuva foi a atuação de um intenso, persistente e anômalo sistema de alta pressão atmosférica que prejudicou o transporte de umidade da Amazônia, assim como a passagem/ desenvolvimento dos principais sistemas causadores de chuva, como a Zona de Convergência do Atlântico Sul e as frentes frias. Esse sistema, denominado de bloqueio atmosférico, teve uma duração de 45 dias, fato que resulta extremamente raro. A combinação dos baixos índices pluviométricos, o grande crescimento da demanda de água e o ineficiente gerenciamento desse recurso têm gerado uma “crise hídrica” durante os anos 2014 e 2015
Article
This study applies functional theories of attitudes to suggest how distinct needs of the private, public, and collective facets of self may differently guide green consumer behavior in the pursuit of value-expressive, social-approval, and social-identification needs and how this may have implications for whether interest in purchasing eco-friendly products leads to action or stops short at desire. In particular, it examines how advertising manipulated to increase the relative salience of these needs alters how they each relate to purchase intention and willingness to pay for an eco-friendly product. The findings revealed that when the product was positioned as aiding in the expression of environmental concern, value-expressive needs motivated greater purchase intention and willingness to pay; however, when the product was positioned as aiding in self-enhancement, social-approval needs motivated greater purchase intention but not willingness to pay. Conversely, when the product was positioned as aiding in identification, social-identification needs did not motivate either outcome. This provides evidence that targeting more internalized sources of motivation (i.e., environmental concern) is an effective strategy for increasing both desire and action, whereas targeting less internalized sources of motivation (i.e., self-enhancement needs) may increase desire but is not sufficient to overcome the higher cost of eco-friendly products as a barrier to actual purchase. This study has important implications for identifying best practices for the development of social marketing, activist, and advertising campaigns that will more effectively promote environmental action at the checkout line.
Article
Purpose This paper aims to show how environment-related worldview beliefs, in addition to specific persuasion knowledge, can influence how a consumer responds to ads about corporate social responsibility (CSR) projects. Design/methodology/approach Two experiments manipulated ad copy and consumers’ persuasion knowledge to examine the effects of consumers’ environmental worldview beliefs on their judgments of a firm’s CSR reforestation project. Findings When an ad presented ambiguous information, both consumers’ persuasion knowledge and their environmental worldview influenced the attribution of the firm’s motives. When an ad presented environment-specific information, however, consumers’ worldview did not influence their attribution of motives. Attributions, in turn, predicted attitudes toward the ad and attitudes toward the brand and were associated with intentions for information-seeking and referral behavior. Research limitations/implications A consumer’s core beliefs can play an important role in understanding the application of persuasion knowledge, and the reinforcement-of-meaning principle expands the persuasion knowledge model’s explanatory power. Practical implications Marketing communications that involve social responsibility projects must take into account how core beliefs can influence the way consumers respond to projects. Social implications This research demonstrates the importance of worldview beliefs in communication that takes place in the public sphere. Originality/value The experiments’ results contribute to a more robust understanding of the persuasion knowledge model, particularly as it applies to CSR messages and introduces the reinforcement-of-meaning principle.
Article
This paper investigates the backfiring effects of waste-prevention advertising that blames consumers for waste. Five experimental studies provide evidence that message focus (on close versus distant social actors) has an impact on message perception—and, further, on waste intentions and behaviors. Providing information on transgressions incurred by close social actors makes consumers hold less negative attitudes toward waste and feel less able to implement tasks that help reduce waste; this may explain higher transgression rates. Furthermore, simple manipulations of perceived task difficulty through advertising are shown to help mitigate these negative effects and increase the effectiveness of anti-waste campaigns.
Article
Increasing the use of reusable shopping bags is one of many actions that consumers can take to reduce waste and conserve energy. However, this goal is somewhat daunting because it requires a significant behavior change on the part of consumers. Taking their self-transcendence into consideration, the current study used an experimental method to examine which type of message frame best influenced shoppers to use reusable bags: a fee (gain) or a tax (loss). Findings show that high self-transcendent participants were more environmentally conscious and that, overall, a penalty framed as a tax was more effective. Implications are discussed.
Article
Purpose This paper aims to report on a study that assessed Indian consumers’ response to green marketing communications, based on their GREEN consumption values. GREEN (Haws et al., 2014) refers to consumers’ tendency to express their environmental concern through their consumption behaviors. This study applies this construct in a marketing communications context. Design/methodology/approach Two conceptual models involving GREEN were developed, and data to test the models were collected in a survey conducted among a convenience sample of 284 Indian consumers. Findings The results show that GREEN can enhance understanding of consumers’ green attitudes and intentions. GREEN consumption values have an impact on how Indian consumers respond to advertising and public relations stimuli, as GREEN influences perceptions of green brand trust, attitudes toward green marketing communications and green brand support and purchase intentions. Research limitations/implications The research adds to the growing literature on green marketing in emerging economies and extends the application of the GREEN construct from the domain of consumer behavior to that of green marketing communications. Practical implications The results suggest that marketers should focus on developing green marketing communications strategy, rather than just green advertising strategies, and they can position their green products to appeal to consumers based on GREEN consumption values. Originality/value The study is the first to apply the GREEN construct in assessing consumer response to a brand’s green marketing communications; it also explores this issue in an emerging economy.