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2020 – Estado da Questão
Coordenação editorial: José Morais Arnaud, César Neves e Andrea Martins
Design gráfico: Flatland Design
AA P – ISBN: 978-972-9451-89-8
CITCEM – ISBN: 978-989-8970-25-1
Associação dos Arqueólogos Portugueses e CITCEM
Lisboa, 2020
O conteúdo dos artigos é da inteira responsabilidade dos autores. Sendo assim a As sociação dos
Arqueólogos Portugueses declina qualquer responsabilidade por eventuais equívocos ou questões
de ordem ética e legal.
Desenho de capa:
Planta do castro de Monte Mozinho (Museu Municipal de Penafiel).
Apoio:
Índice
15 Prefácio
José Morais Arnaud
1. Historiografia e Teoria
17 Território, comunidade, memória e emoção: a contribuição da história da arqueologia
(algumas primeiras e breves reflexões)
Ana Cristina Martins
25 Como descolonizar a arqueologia portuguesa?
Rui Gomes Coelho
41 Arqueologia e Modernidade: uma revisitação pessoal e breve de alguns aspetos da obra
homónima de Julian Thomas de 2004
Vítor Oliveira Jorge
57 Dados para a História das Mulheres na Arqueologia portuguesa, dos finais do século XIX
aos inícios do século XX: números, nomes e tabelas
Filipa Dimas / Mariana Diniz
73 Retractos da arqueologia portuguesa na imprensa: (in)visibilidades no feminino
Catarina Costeira / Elsa Luís
85 Arqueologia e Arqueólogos no Norte de Portugal
Jacinta Bugalhão
101 Vieira Guimarães (1864-1939) e a arqueologia em Tomar: uma abordagem sobre
o território e as gentes
João Amendoeira Peixoto / Ana Cristina Martins
115 Os memoráveis? A arqueologia algarvia na imprensa nacional e regional na presente
centúria (2001-2019): características, visões do(s) passado(s) e a arqueologia
enquanto marca
Frederico Agosto / João Silva
129 A Evolução da Arqueologia Urbana e a Valorização Patrimonial no Barlavento Algarvio:
Os casos de Portimão e Silves
Artur Mateus / Diogo Varandas / Rafael Boavida
2. Gestão, Valorização e Salvaguarda do Património
145 O Caderno Reivindicativo e as condições de trabalho em Arqueologia
Miguel Rocha / Liliana Matias Carvalho / Regis Barbosa / Mauro Correia / Sara Simões / Jacinta
Bugalhão / Sara Brito / Liliana Veríssimo Carvalho / Richard Peace / Pedro Peça / Cézer Santos
155 Os Estudos de Impacte Patrimonial como elemento para uma estratégia sustentável
de minimização de impactes no âmbito de reconversões agrícolas
Tiago do Pereiro
165 Salvaguarda de Património arqueológico em operações florestais: gestão e sensibilização
Filipa Bragança / Gertrudes Zambujo / Sandra Lourenço / Belém Paiva / Carlos Banha / Frederico Tatá
Regala / Helena Moura / Jacinta Bugalhão / João Marques / José Correia / Pedro Faria / Samuel Melro
179 Os valores do Património: uma investigação sobre os Sítios Pré-históricos de Arte
Rupestre do Vale do Rio Côa e de Siega Verde
José Paulo Francisco
189 Conjugando recursos arqueológicos e naturais para potenciar as visitas ao Geoparque
Litoral de Viana do Castelo (Noroeste de Portugal)
Hugo A. Sampaio / Ana M.S . Bettencourt / Susana Marinho / Ricardo Carvalhido
203 Áreas de Potencial Arqueológico na Região do Médio Tejo: Modelo Espacial Preditivo
Rita Ferreira Anastácio / Ana Filipa Martins / Luiz Oosterbeek
223 Património Arqueológico e Gestão Territorial: O contributo da Arqueologia para
a revisão do PDM de Avis
Ana Cristina Ribeiro
237 A coleção arqueológica do extinto Museu Municipal do Porto – Origens, Percursos
e Estudos
Sónia Couto
251 Valpaços – uma nova carta arqueológica
Pedro Pereira / Maria de Fátima Casares Machado
263 Arqueologia na Cidade de Peniche
Adriano Constantino / Luís Rendeiro
273 Arqueologia Urbana: a cidade de Lagos como caso de Estudo
Cátia Neto
285 Estratégias de promoção do património cultural subaquático nos Açores. O caso
da ilha do Faial
José Luís Neto / José Bettencourt / Luís Borges / Pedro Parreira
297 Carta Arqueológica da Cidade Velha: Uma primeira abordagem
Jaylson Monteiro / Nireide Tavares / Sara da Veiga / Claudino Ramos / Edson Brito /
Carlos Carvalho / Francisco Moreira / Adalberto Tavares
311 Antropologia Virtual: novas metodologias para a análise morfológica e funcional
Ricardo Miguel Godinho / Célia Gonçalves
3. Didáctica da Arqueologia
327 Como os projetos de Arqueologia podem contribuir para uma comunidade
culturalmente mais consciente
Alexandra Figueiredo / Claúdio Monteiro / Adolfo Silveira / Ricardo Lopes
337 Educação Patrimonial – Um cidadão esclarecido é um cidadão ativo!
Ana Paula Almeida
351 A aproximação da Arqueologia à sala de aula: um caso de estudo no 3º ciclo
do Ensino Básico
Luís Serrão Gil
363 Arqueologia 3.0 – Pensar e comunicar a Arqueologia para um futuro sustentável
Mónica Rolo
377 “Conversa de Arqueólogos” – Divulgar a Arqueologia em tempos de Pandemia
Diogo Teixeira Dias
389 Escola Profissional de Arqueologia: desafios e oportunidades
Susana Nunes / Dulcineia P into / Júlia Silva / Ana Mascarenhas
399 Os Museus de Arqueologia e os Jovens: a oferta educativa para o público adolescente
Beatriz Correia Barata / Leonor Medeiros
411 O museu universitário como mediador entre a ciência e a sociedade: o exemplo
da secção de arqueologia no Museu de História Natural e da Ciência da Universidade
do Porto (MHNC-UP)
Rita Gaspar
421 Museu de Lanifícios: Real Fábrica de Panos. Atividades no âmbito da Arqueologia
Beatriz Correia Barata / Rita Salvado
427 Arqueologia Pública e o caso da localidade da Mata (Torres Novas)
Cláudia Manso / Ana Rit a Ferreira / Cristiana Ferreira / Vanessa Cardoso Antunes
431 Do sítio arqueológico ao museu: um percurso (também) didático
Lídia Fernandes
447 Estão todos convidados para a Festa! E para dançar também… O projecto do Serviço
Educativo do Museu Arqueológico do Carmo na 5ª Edição da Festa da Arqueologia
Rita P ires dos Santos
459 O “Clã de Carenque”, um projeto didático de arqueologia
Eduardo Gonzalez Rocha
469 Mediação cultural: peixe que puxa carroça nas Ruínas Romanas de Troia
Inês Vaz Pinto / Ana Patrícia Magalhães / Patrícia Brum / Filipa Santos
481 Didática Arqueológica, experiências do Projeto Mértola Vila Museu
Maria de Fátima Palma / Clara Rodrigues / Susana Gómez / Lígia R afael
4. Arte Rupestre
497 Os inventários de arte rupestre em Portugal
Mila Simões de Abreu
513 O projeto FIRST-ART – conservação, documentação e gestão das primeiras manifestações
de arte rupestre no Sudoeste da Península Ibérica: as grutas do Escoural e Maltravieso
Sara Garcês / Hipólito Collado / José Julio García Arranz / Luiz Oosterbeek / António Carlos Silva /
Pierluigi Rosina / Hugo Gomes / Anabela Borralheiro Pereira / George Nash / Esmeralda Gomes /
Nelson Almeida / Carlos Carpetudo
523 Trabalhos de documentação de arte paleolítica realizados no âmbito do projeto
PalæoCôa
André Tomás Santos / António Fernando Barbosa / Luís Luís / Marcelo Silvestre / Thierry Aubry
537 Imagens fantasmagóricas, silhuetas elusivas: as figuras humanas na arte do Paleolítico
Superior da região do Côa
Mário Reis
551 Os motivos zoomórficos representados nas placas de tear de Vila Nova de São Pedro
(Azambuja, Portugal)
Andrea Martins / César Neves / José M. Arnaud / Mariana Diniz
571 Arte Rupestre do Monte de Góios (Lanhelas, Caminha). Síntese dos resultados dos
trabalhos efectuados em 2007-2009
Mário Varela Gomes
599 Gravuras rupestres de barquiformes no Monte de S. Romão, Guimarães, Noroeste
de Portugal
Daniela Cardoso
613 Círculos segmentados gravados na Bacia do Rio Lima (Noroeste de Portugal):
contributos para o seu estudo
Diogo Marinho / Ana M.S. Bettencourt / Hugo Aluai Sampaio
631 Equídeos gravados no curso inferior do Rio Mouro, Monção (NW Portugal).
Análise preliminar
Coutinho, L.M. / Bettencourt, A.M.S / Sampaio, Hugo A.S
645 Paletas na Arte Rupestre do Noroeste de Portugal. Inventário preliminar
Bruna Sousa Afonso / Ana M. S. Bettencourt / Hugo A. Sampaio
5. Pré-História
661 O projeto Miño/Minho: balanço de quatro anos de trabalhos arqueológicos
Sérgio Monteiro-Rodrigues / João Pedro Cunha-Ribeiro / Eduardo Méndez-Quintas / Carlos Ferreira /
Pedro Xavier / José Meireles / Alberto Gomes / Manuel Santonja / Alfredo Pérez-González
677 A ocupação paleolítica da margem esquerda do Baixo Minho: a indústria lítica do sítio
de Pedreiras 2 (Monção, Portugal) e a sua integração no contexto regional
Carlos Ferreira / João Pedro Cunha-Ribeiro / Sérgio Monteiro-Rodrigues / Eduardo Méndez-Quinta s /
Pedro Xavier / José Meireles / Alberto Gomes / Manuel Santonja / Alfredo Pérez-González
693 O sítio acheulense do Plistocénico médio da Gruta da Aroeira
Joan Daura / Montserrat Sanz / Filipa Rodrigues / Pedro Souto / João Zilhão
703 As sociedades neandertais no Barlavento algarvio: modelos preditivos com recurso
aos SIG
Daniela Maio
715 A utilização de quartzo durante o Paleolítico Superior no território dos vales dos rios
Vouga e Côa
Cristina Gameiro / Thierry Aubry / Bárbara Costa / Sérgio Gomes / Luís Luís / Carmen Manzano /
André Tomás Santos
733 Uma perspetiva diacrónica da ocupação do concheiro do Cabeço da Amoreira (Muge,
Portugal) a partir da tecnologia lítica
Joana Belmiro / João Cascalheira / Célia Gonçalves
745 Novos dados sobre a Pré-história Antiga no concelho de Palmela. A intervenção
arqueológica no sítio do Poceirão I
Michelle Teixeira Santos
757 Problemas em torno de Datas Absolutas Pré-Históricas no Norte do Alentejo
Jorge de Oliveira
771 Povoamento pré-histórico nas áreas montanhosas do NO de Portugal: o Abrigo 1
de Vale de Cerdeira
Pedro Xavier / José Meireles / Carlos Alves
783 Apreciação do povoamento do Neolítico Inicial na Baixa Bacia do Douro. A Lavra I
(Serra da Aboboreira) como caso de estudo
Maria de Jesus Sanches
797 O Processo de Neolitização na Plataforma do Mondego: os dados do Sector C do Outeiro
dos Castelos de Beijós (Carregal do Sal)
João Carlos de Senna-Martinez / José Manuel Quintã Ventura / Andreia Carvalho / Cíntia Maurício
823 Novos trabalhos na Lapa da Bugalheira (Almonda, Torres Novas)
Filipa Rodrigues / Pedro Souto / Artur Ferreira / Alexandre Varanda / Luís Gomes / Helena Gomes /
João Zilhão
837 A pedra polida e afeiçoada do sítio do Neolítico médio da Moita do Ourives
(Benavente, Portugal)
César Neves
857 Casal do Outeiro (Encarnação, Mafra): novos contributos para o conhecimento
do povoamento do Neolítico final na Península de Lisboa.
Cátia Delicado / Carlos Maneira e Costa / Marta Miranda / Ana Catarina Sousa
873 Stresse infantil, morbilidade e mortalidade no sítio arqueológico do Neolítico Final/
Calcolítico (4º e 3º milénio a.C.) do Monte do Carrascal 2 (Ferreira do Alentejo, Beja)
Liliana Matias de Carvalho / Sofia N. Wasterlain
885 Come together: O Conjunto Megalítico das Motas (Monção, Viana do Castelo) e as
expressões Campaniformes do Alto Minho
Ana Catarina Basílio / Rui Ramos
899 Trabalhos arqueológicos no sítio Calcolítico da Pedreira do Poio
Carla Magalhães / João Muralha / Mário Reis / António Batarda Fernandes
913 O sítio arqueológico de Castanheiro do Vento. Da arquitectura do sítio à arquitectura
de um território
João Muralha Cardoso
925 Estudo zooarqueológico das faunas do Calcolítico final de Vila Nova de São Pedro
(Azambuja, Portugal): Campanhas de 2017 e 2018
Cleia Detry / Ana Catarina Francisco / Mariana Diniz / Andrea Martins / César Neves /
José Morais Arnaud
943 As faunas depositadas no Museu Arqueológico do Carmo provenientes de Vila Nova
de São Pedro (Azambuja): as campanhas de 1937 a 1967
Ana Catarina Francisco / Cleia Detr y / César Neves / Andrea Martins / Mariana Diniz /
José Morais Arnaud
959 Análise funcional de material lítico em sílex do castro de Vila Nova de S. Pedro
(Azambuja, Portugal): uma primeira abordagem
Rafael Lima
971 O recinto da Folha do Ouro 1 (Serpa) no contexto dos recintos de fossos calcolíticos
alentejanos
António Carlos Valera / Tiago do Pereiro / Pedro Valério / António M. Monge Soares
6. Proto-História
987 Produção de sal marinho na Idade do Bronze do noroeste Português. Alguns dados
para uma reflexão
Ana M. S. Bettencourt / Sara Luz / Nuno Oliveira / Pedro P. Simões / Maria Isabel C . Alves /
Emílio Abad-Vidal
1001 A estátua-menir do Pedrão ou de São Bartolomeu do Mar (Esposende, noroeste de Portugal)
no contexto arqueológico da fachada costeira de entre os rios Neiva e Cávado
Ana M. S. Bettencourt / Manuel Santos-Estévez / Pedro Pimenta Simões / Luís Gonçalves
1015 O Castro do Muro (Vandoma/Baltar, Paredes) – notas para uma biografia de ocupação
da Idade do Bronze à Idade Média
Maria Antónia D. Silva / Ana M. S. Bettencourt / António Manuel S. P. Silva / Natália Félix
1031 Do Bronze Final à Idade Média – continuidades e hiatos na ocupação de Povoados
em Oliveira de Azeméis
João Tiago Tavares / Adriaan de Man
1041 As faunas do final da Idade do Bronze no Sul de Portugal: leituras desde o Outeiro
do Circo (Beja)
Nelson J. Almeida / Íris Dias / Cleia Detry / Eduardo Porfírio / Miguel Serra
1055 A Espada do Monte das Oliveiras (Serpa) – uma arma do Bronze Pleno do Sudoeste
Rui M. G. Monge Soares / Pedro Valério / Mariana Nabais / António M. Monge Soares
1065 São Julião da Branca (Albergaria-a-Velha) - Investigação e valorização de um povoado
do Bronze Final
António Manuel S. P. Silva / Paulo A. P. Lemos / Sara Almeida e Silva / Edite Martins de Sá
1083 Do castro de S. João ao Mosteiro de Santa Clara: notícia de uma intervenção arqueológica,
em Vila do Conde
Rui Pinheiro
1095 O castro de Ovil (Espinho), um quarto de século de investigação – resultados e questões
em aberto
Jorge Fernando Salvador / António Manuel S. P. Silva
1111 O Castro de Salreu (Estarreja), um povoado proto-histórico no litoral do Entre Douro
e Vouga
Sara Almeida e Silva / António Manuel S. P. Silva / Paulo A. P. Lemos / Edite Martins de Sá
1127 Castro de Nossa Senhora das Necessidades (Sernancelhe): uma primeira análise artefactual
Telma Susana O. Ribeiro
1141 A cividade de Bagunte. O estado atual da investigação
Pedro Brochado de Almeida
1153 Zoomorfos na cerâmica da Idade do Ferro no NW Peninsular: inventário, cronologias
e significado
Nuno Oliveira / Cristina Seoane
1163 Vasos gregos em Portugal: diferentes maneiras de contar a história do intercâmbio
cultural na Idade do Ferro
Daniela Ferreira
1175 Os exotica da necrópole da Idade do Ferro do Olival do Senhor dos Mártires (Alcácer
do Sal) no seu contexto regional
Francisco B. Gomes
7. Antiguidade Clássica e Tardia
1191 O uso de madeira como combustível no sítio da Quinta de Crestelos (Baixo Sabor):
da Idade do Ferro à Romanização
Filipe Vaz / João Tereso / Sérgio Simões Pereira / José Sastre / Javier Larrazabal Galarza /
Susana Cosme / José António Pereira / Israel Espi
1207 Cultivos de Época Romana no Baixo Sabor: continuidade em tempos de mudança?
João Pedro Tereso / Sérgio Simões Pereira / Filipe Santos / Luís Seabra / Filipe Vaz
1221 A casa romana na Hispânia: aplicação dos modelos itálicos nas províncias ibéricas
Fernanda Magalhães / Diego Machado / Manuela Martins
1235 As pinturas murais romanas da Rua General Sousa Machado, n.º 51, Chaves
José Carvalho
1243 Trás do Castelo (Vale de Mir, Pegarinhos, Alijó) – Uma exploração agrícola romana
do Douro
Tony Silvino / Pedro Pereira
1255 A sequência de ocupação no quadrante sudeste de Bracara Augusta: as transformações
de uma unidade doméstica
Lara Fernandes / Manuela Martins
1263 Os Mosaicos com decoração geométrica e geométrico-vegetalista dos sítios arqueológicos
da área do Conuentus Bracaraugustanus. Novas abordagens quanto à conservação,
restauro, decoração e datação
Maria de Fátima Abraços / Licínia Wrench
1277 “Casa Romana” do Castro de São Domingos (Cristelos, Lousada): Escavação, Estudo
e Musealização
Paulo André de P. Lemos
1291 A arqueobotânica no Castro de Guifões (Matosinhos, Noroeste de Portugal): O primeiro
estudo carpológico
Luís Seabra / Andreia Arezes / Catarina Magalhães / José Varela / João Pedro Tereso
1305 Um Horreum Augustano na Foz do Douro (Monte do Castelo de Gaia, Vila Nova de Gaia)
Rui Ramos
1311 Ponderais romanos na Lusitânia: padrões, formas, materiais e contextos de utilização
Diego Barrios Rodríguez
1323 Um almofariz centro-itálico na foz do Mondego
Marco Penajoia
1335 Estruturas romanas de Carnide – Lisboa
Luísa Batalha / Mário Monteiro / Guilherme Cardoso
1347 O contexto funerário do sector da “necrópole NO” da Rua das Portas de S. Antão (Lisboa):
o espaço, os artefactos, os indivíduos e a sua interconectividade na interpretação do passado
Sílvia Loja, José Carlos Quaresma, Nelson Cabaço, Marina Lourenço, Sílvia Casimiro,
Rodrigo Banha da Silva, Francisca Alves-Cardoso
1361 Povoamento em época Romana na Amadora – resultados de um projeto pluridisciplinar
Gisela Encarnação / Vanessa Dias
1371 A Arquitectura Residencial em Mirobriga (Santiago do Cacém): contributo a partir
de um estudo de caso
Filipe Sousa / Catarina Felício
1385 O fim do ciclo. Saneamento e gestão de resíduos nos edifícios termais de Mirobriga
(Santiago do Cacém)
Catarina Felício / Filipe Sousa
1399 Balsa, Topografia e Urbanismo de uma Cidade Portuária
Vítor Silva Dias / João Pedro Bernardes / Celso Candeias / Cristina Tété Garcia
1413 No Largo das Mouras Velhas em Faro (2017): novas evidências da necrópole norte
de Ossonoba e da sua ocupação medieval
Ricardo Costeira da Silva / Paulo Botelho / Fernando Santos / Liliana Nunes
1429 Instrumentos de pesca recuperados numa fábrica de salga em Ossonoba (Faro)
Inês Rasteiro / Ricardo Costeira da Silva / Paulo Botelho
1439 A Necrópole Romana do Eirô, Duas Igrejas (Penafiel): intervenção arqueológica de 2016
Laura Sousa / Teresa Soeiro
1457 Ritual, descarte ou afetividade? A presença de Canis lupus familiaris na Necrópole
Noroeste de Olisipo (Lisboa)
Beatriz Calapez Santos / Sofia Simões Pereira / Rodrigo Banha da Silva / Sílvia Casimiro /
Cleia Detry / Francisca Alves Cardoso
1467 Dinâmicas económicas em Bracara na Antiguidade Tardia
Diego Machado / Manuela Martins / Fernanda Magalhães / Natália Botica
1479 Cerâmicas e Vidros da Antiguidade Tardia do Edifício sob a Igreja do Bom Jesus
(Vila Nova de Gaia)
Joaquim Filipe Ramos
1493 Novos contributos para a topografia histórica de Mértola no período romano e na
Antiguidade Tardia
Virgílio Lopes
8. Época Medieval
1511 Cerâmicas islâmicas no Garb setentrional “português”: algumas evidências e incógnitas
Constança dos Santos / Helena Catarino / Susana Gómez / Maria José Gonçalves / Isabel Inácio /
Gonçalo Lopes / Jacinta Bugalhão / Sandra Cavaco / Jaquelina Covaneiro / Isabel Cristina Fernandes /
Ana Sofia Gomes
1525 Contributo para o conhecimento da cosmética islâmica, em Silves, durante a Idade Média
Rosa Varela Gomes
1537 Yábura e o seu território – uma análise histórico-arqueológica de Évora entre os séculos VIII-XII
José Rui Santos
1547 A encosta sul do Castelo de Palmela – resultados preliminares da escavação arqueológica
Luís Filipe Pereira / Michelle Teixeira Santos
1559 A igreja de São Lourenço (Mouraria, Lisboa): um conjunto de silos e de cerâmica medieval
islâmica
Andreia Filipa Moreira Rodrigues
1571 O registo material de movimentações populacionais no Médio Tejo, durante os séculos
XII-XIII. Dois casos de “sunken featured buildings”, nos concelhos de Cartaxo e Torres Novas
Marco Liberato / Helena Santos / Nuno Santos
1585 O nordeste transmontano nos alvores da Idade média. Notas para reflexão
Ana Maria da Cost a Oliveira
1601 Sepulturas escavadas na rocha do Norte de Portugal e do Vale do Douro: primeiros
resultados do Projecto SER-NPVD
Mário Jorge Barroca / César Guedes / Andreia Arezes / Ana Maria Oliveira
1619 “Portucalem Castrum Novum” entre o Mediterrâneo e o Atlântico: o estudo dos materiais
cerâmicos alto-medievais do arqueossítio da rua de D. Hugo, nº. 5 (Porto)
João Luís Veloso
1627 A Alta Idade Média na fronteira de Lafões: notas preliminares sobre a Arqueologia
no Concelho de Vouzela
Manuel Luís Real / Catarina Tente
1641 Um conjunto cerâmico medieval fora de portas: um breve testemunho aveirense
Susana Temudo
1651 Os Lóios do Porto: uma perspetiva integrada no panorama funerário da Baixa Idade Média
à Época Moderna em meios urbanos em Portugal
Ana Lema Seabra
1659 O Caminho Português Interior de Santiago como eixo viário na Idade Média
Pedro Azevedo
1665 Morfologia Urbana: Um exercício em torno do Castelo de Ourém
André Donas-Botto / Jaqueline Pereira
1677 Intervenção arqueológica na Rua Marquês de Pombal/Largo do Espírito Santo
(Bucelas, Loures)
Florbela Estêvão / Nathalie Antunes-Ferreira / Dário Ramos Neves / Inês Lisboa
1691 O Cemitério Medieval do Poço do Borratém e a espacialidade funerária na cidade de Lisboa
Inês Belém / Vanessa Filipe / Vasco Noronha Vieira / Sónia Ferro / Rodrigo Banha da Silva
1705 Um Espaço Funerário Conventual do séc. XV em Lisboa: o caso do Convento de São
Domingos da Cidade
Sérgio Pedroso / Sílvia Casimiro / Rodrigo Banha da Silva / Francisca Alves Cardoso
9. Época Moderna e Contemporânea
1721 Arqueologia Moderna em Portugal: algumas reflexões críticas em torno da quantificação
de conjuntos cerâmicos e suas inferências históricas e antropológicas
Rodrigo Banha da Silva / André Bargão / Sara da Cruz Ferreira
1733 Faianças de dois contextos entre os finais do século XVI e XVIII do Palácio dos Condes
de Penafiel, Lisboa
Martim Lopes / Tomás Mesquita
1747 Um perfil de consumo do século XVIII na foz do Tejo: O caso do Mercado da Ribeira, Lisboa
Sara da Cruz Ferreira / Rodrigo Banha da Silva / André Bargão
1761 Os Cachimbos dos Séculos XVII e XVIII do Palácio Mesquitela e Convento dos Inglesinhos
(Lisboa)
Inês Simão / Marina Pinto / João Pimenta / Sara da Cruz Ferreira / André Bargão / Rodrigo Banha da Silva
1775 «Tomar os fumos da erua que chamão em Portugal erua sancta». Estudo de Cachimbos
provenientes da Rua do Terreiro do Trigo, Lisboa
Miguel Martins de Sousa / José Pedro Henriques / Vanessa Galiza Filipe
1787 Cachimbos de Barro Caulínitico da Sé da Cidade Velha (República de Cabo Verde)
Rodrigo Banha da Silva / João P imenta / Clementino Amaro
1801 Algumas considerações sobre espólio não cerâmico recuperado no Largo de Jesus (Lisboa)
Carlos Boavida
1815 Adereços de vidro, dos séculos XVI-XVIII, procedentes do antigo Convento de Santana
de Lisboa (anéis, braceletes e contas)
Joana Gonçalves / Rosa Varela Gomes / Mário Varela Gomes
1837 Da ostentação, luxo e poder à simplicidade do uso quotidiano: arqueologia e simbologia
de joias e adornos da Idade Moderna Portuguesa
Jéssica Iglésias
1849 Os amuletos em Portugal – dos objetos às superstições: o coral vermelho
Alexandra Vieira
1865 Cerâmicas de Vila Franca de Xira nos séculos XV e XVI
Eva Pires
1879 «Não passa por teu o que me pertence». Marcas de individualização associadas a faianças
do Convento de Nossa Senhora de Aracoeli, Alcácer do Sal
Catarina Parreira / Íris Fragoso / Miguel Martins de Sousa
1891 Cerâmica de Leiria: alguns focos de produção
Jaqueline Pereira / André Donas-Botto
1901 Os Fornos na Rua da Biquinha, em Óbidos
Hugo Silva / Filipe Oliveira
1909 A casa de Pêro Fernandes, contador dos contos de D. Manuel I: o sítio arqueológico da Silha
do Alferes, Seixal (século XVI)
Mariana Nunes Ferreira
1921 O Alto da Vigia (Sintra) e a vigilância e defesa da costa
Alexandre Gonçalves / Sandra Santos
1937 O contexto da torre sineira da Igreja de Santa Maria de Loures
Paulo Calaveira / Martim Lopes
1949 A Necrópole do Hospital Militar do Castelo de São Jorge e as práticas funerárias na Lisboa
de Época Moderna
Susana Henriques / Liliana Matias de Carvalho / Ana Amarante / Sofia N. Wasterlain
1963 SAND – Sarilhos Grandes Entre dois Mundos: o adro da Igreja e a Paleobiologia dos ossos
humanos recuperados
Paula Alves Pereira / Roger Lee Jesus / Bruno M. Magalhães
1975 Expansão urbana da vila de Cascais no século XVII e XVIII: a intervenção arqueológica
na Rua da Vitória nº 15 a 17
Tiago Pereira / Vanessa Filipe
1987 Novos dados para o conhecimento do Urbanismo de Faro em época Moderna
Ana Rosa
1995 Um exemplo de Arqueologia Urbana em Alcoutim: o Antigo Edifício dos CTT
Marco Fernandes / Marta Dias / Alexandra Gradim / Virgílio Lopes / Susana Gómez Martínez
2007 Palácio dos Ferrazes (Rua das Flores/Rua da Vitória, Porto): a cocheira de Domingos
Oliveira Maia
Francisco Raimundo
2021 As muitas vidas de um edifício urbano: História, Arqueologia e Antropologia no antigo
Recreatório Paroquial de Penafiel
Helena Bernardo / Jorge Sampaio / Marta Borges
2035 O convento de Nossa Senhora da Esperança de Ponta Delgada: o contributo da arqueologia
para o conhecimento de um monumento identitário
João Gonçalves Araújo / N’Zinga Oliveira
2047 Arqueologia na ilha do Corvo… em busca da capela de Nossa Senhora do Rosário
Tânia Manuel Casimiro / José Luís Neto / Luís Borges / Pedro Parreira
2059 Perdidos à vista da Costa. Trabalhos arqueológicos subaquáticos na Barra do Tejo
Jorge Freire / José Bettencourt / Augusto Salgado
2071 Arqueologia marítima em Cabo Verde: enquadramento e primeiros resultados do
projecto CONCHA
José Bettencourt / Adilson Dias / Carlos Lima / Christelle Chouzenoux / Cristóvão Fonseca /
Dúnia Pereira / Gonçalo Lopes / Inês Coelho / Jaylson Monteiro / José Lima / Maria Eugénia Alves /
Patrícia Carvalho / Tiago Silva
2085 Trabalhos arqueológicos na Cidade Velha (Ribeira Grande de Santiago, Cabo Verde):
reflexões sobre um projecto de investigação e divulgação patrimonial
André Teixeira / Jaylson Monteiro / Mariana Mateus / Nireide Tavares / Cristovão Fonseca /
Gonçalo C. Lopes / Joana Bento Torres / Dúnia Pereira / André Bargão / Aurélie Mayer / Bruno Zélie /
Carlos Lima / Christelle Chouzenoux / Inês Henriques / Inês Pinto Coelho / José Lima /
Patrícia Carvalho / Tiago Silva
2103 A antiga fortificação de Quelba / Khor Kalba (E.A.U.). Resultados de quatro campanhas
de escavações, problemáticas e perspectivas futuras
Rui Carita / Rosa Varela Gomes / Mário Varela Gomes / Kamyar Kamyad
2123 Colónias para homens novos: arqueologia da colonização agrária fascista no noroeste ibérico
Xurxo Ayán Vila / José Mª. Señorán Martín
551 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão
os motivos zoomórficos
representados nas placas de
tear de vila nova de são pedro
(azambuja, portugal)
Andrea Martins1, César Neves2, José Morais Arnaud3, Mariana Diniz4
RESUMO
Do abundante espólio recolhico nas escavações realizadas entre 1936 e 1967 no povoado calcolítico de Vila
Nova de São Pedro destacam-se cerca de 500 elementos em cerâmica comummente designados por “placas
de tear” que apresentam distintas tipologias, dimensões e, a maioria, as superfícies decoradas. O dispositi-
vo iconográfico presente nas placas é bastante diversificado, sendo predominantes os motivos geométricos,
existindo também motivos soliformes, antropomórficos e zoomórficos. Desta última categoria encontram-se
identificados 11 exemplares, no espólio depositado no Museu Arqueológico do Carmo, cuja tipologia se divide
em dois tipos: quadrúpedes – cuja espécie não é identificável – e representações de cervídeos.
Estes motivos iconográficos fazem parte do universo simbólico e conceptual das comunidades peninsulares
do 3º milénio a.C., surgindo igualmente em diversas categorias artefactuais tais como cerâmicas, estatuetas,
placas, gravuras e pinturas rupestres. Compreender os mecanismos que potenciam esta uniformidade temáti-
ca, bem como a importância do cervídeo para estes grupos agro-pastoris, permitirá mais uma aproximação ao
enquadramento cultural e social destas comunidades.
Palavras-chave: Vila Nova de São Pedro, Placas de tear, Zoomorfos, Cer vídeos, Iconografia.
ABSTRACT
From the excavations carried out bet ween 1936 and 1967 in the Chalcolithic settlement of Vila Nova de São Pedro
(Azambuja, Portu gal), there were recovered more than 500 ceramic elements usually known as “loom weights”
with different shapes, dimensions and, in the majority, with decorated surfaces . The iconographic repertoire is
quite diverse, with the geometric motifs in higher representation, followed by soliforms, anthropomorphic and
zoomorphic motifs. For the zoomorphic motifs there were identified eleven decorated surfaces, whose typol-
ogy is split into two categories: quadr uped – whose species are not identifiable; deer representations.
These iconographic motifs are part of the symbolic and conceptual universe of Iberian communities from the
3rd Millennium BC, also appearing in several artifactual categories such as ceramics, figurines, plates, engrav-
ings and rock art paintings. Understanding the mechanisms that create and increase this thematic uniformity,
as well as the meaning of the deer for these agro pastoral groups, will allow a closer approach to the cultural and
social behavior of these communities.
Keywords: Vila Nova de São Pedro, Loom weights, Zoomorphic figures, Cervids, Iconography.
1. Uniarq, Centro de Arqueologia da Faculdade de Letra s da Universidade de Lisboa / FCT/ Associação dos Arqueólogos Port ugue-
ses; andrea.arte@gmail .com
2.Assoc iação dos Arqueólogos Portugueses / Centro de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa;
c.augustoneves@gmail.com
3. Associação dos Arqueólogos Portugueses; jemarnaud@gmail.com
4. Uniarq, Centro de Arqueologia da Faculdade de Letr as da Universidade de Lisboa / FCT/ Associ ação dos Arqueólogos Portugue-
ses; m.diniz@fl.ul.pt
DOI: https://doi.org/10.21747/978-989-8970-25-1/arqa43
552
1. VILA NOVA DE SÃO PEDRO E AS
PLACAS DE TEAR: ÍCONES DESDE A
PRIMEIRA HORA
Escrever sobre o espólio de Vila Nova de São Pedro
(Azambuja, Portugal) (Figura 1) implica obrigato-
riamente referir um dos ícones desta colecção – as
placas de tear. Estes artefactos foram identificados
logo em 1937, sendo referidos ao longo das 31 cam-
panhas de escavações realizadas por Afonso do Paço
e Eugénio Jalhay (este último até 1950), bem como
nas intervenções efectuadas no âmbito do projecto
VNSP 3000 – Vila Nova de São Pedro, de novo, no
3º milénio (Arnaud et al, 2017; Martins et al, 2019).
Este trabalho visa a apresentação de 11 placas, deposi-
tadas no Museu Arqueológico do Carmo (MAC), que
apresentam em uma das suas superfícies represen-
tações iconográficas interpretadas como zoomórfi-
cas. No espólio existente no Museu Hipólito Cabaço
(Alenquer), encontra-se outra com representação de
cervídeo, placa esta publicada por A. Paço e E. Jalhay
em 1939 e recolhida numa das duas primeiras cam-
panhas (Paço e Jalhay, 1939: fig. 21 – nº 1). Até à data,
não temos conhecimento de outras representações
zoomórficas nos pequenos conjuntos de placas de
VNSP que se encontram em outras instituições, po-
dendo por isso este número ser aumentado em tra-
balhos futuros.
A sua singularidade levou a que, logo em 1940, estas
fossem apresentadas por Afonso do Paço no Con-
gresso do Mundo Português, realçando as suas par-
ticularidades face a outros exemplares da Península
Ibérica (Paço, 1941). Nessa publicação, os desenhos
esquemáticos de 58 placas encontram-se organiza-
dos por categorias iconográficas, apresentando para-
lelos com representações em outros artefactos (va-
sos cerâmicos ou pinturas rupestres), da Península
Ibérica. Neste primeiro trabalho é também abordada
a temática funcional, realçando que as perfurações
não apresentam sinais de desgastes, levantando a hi-
pótese de que Vila Nova de São Pedro fosse também
um centro produtor destes objectos (Paço, 1941).
Ao longo das últimas décadas as placas de tear de
VNSP foram sendo referidas em diversos trabalhos
(e.g. Diniz, 1994), encontrando-se a sua sistemati-
zação tipológica, iconográfica e enquadramento cro-
no-cultural num artigo de síntese (Arnaud, 2013),
antecedendo o trabalho monográfico de inventaria-
ção e estudo que se encontra em preparação pelos
signatários.
2. O OBJECTO DE ESTUDO: AS PLACAS COM
REPRESENTAÇÕES ZOOMÓRFICAS
Na colecção de placas de tear do MAC estão identi-
ficadas 11 placas com 13 representações zoomórficas,
sete destas de cervídeos (machos) e seis de quadrú-
pedes sem identificação da espécie.
2.1. Técnica de execução e decoração
No MAC encontram-se 515 placas de tear, todas elas
de cerâmica, claramente padronizadas, de formato
quadrangular ou rectangular, apresentando na gran-
de maioria quatro perfurações. A técnica de execu-
ção da placa é manual, efectuando-se a perfuração
com um objecto de perfil circular, procedendo-se ao
alisamento das superfícies e arestas, bem como dos
rebordos das perfurações. Foi possível observar em
alguns destes objectos um pequeno rebordo exte-
rior à perfuração, revelando-nos assim a direcção de
perfuração e que, como esperado, esta foi feita pre-
viamente à cozedura.
Das 515 placas 246 não apresentam decoração, estan-
do identificados 364 motivos iconográficos, existin-
do placas com apenas uma das superfícies e outras
com as duas superfícies decoradas. No conjunto do
MAC a maior percentagem de placas decoradas po-
deria ser entendida como resultante de uma opção
de recolha, no campo porém, os trabalhos efectua-
dos no âmbito do projeto VNSP3000, não levaram
à identificação de placas lisas entre os vários “depó-
sitos” de materiais ainda visíveis nas imediações do
sítio arqueológico, como acontece com a cerâmica
lisa ou com os restos de fauna (Martins et al, 2019;
Francisco et al, 2020). Consideramos por isso que
esta paridade, ou ligeira predominância, das placas
decoradas face às lisas corresponde a uma opção téc-
nica e ideo-tipológica nesta categoria artefactual. Os
futuros trabalhos de inventariação de placas deposi-
tadas noutros museus poderão proporcionar novas
leituras (Gráfico 1).
Relativamente à técnica de execução da decoração
verifica-se que a grande maioria foi realizada atra-
vés de incisão e apenas em 38 motivos foi usada a
impressão. As incisões mostram as margens bem
definidas, tendo perfil em V ou U, podendo ser de
reduzida espessura, correspondendo a uma incisão
filiforme. Terão sido realizadas por elementos vege-
tais ou objectos metálicos num momento prévio à
cozedura, sendo alisadas juntamente com a super-
fície da placa.
553 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão
Através do programa de arqueologia experimen-
tal realizado no âmbito do projecto VNSP3000
podemos afirmar que a decoração é realizada num
momento posterior à execução da placa, numa fase
adiantada da secagem, estando a argila já mais com-
pactada e resistente. A incisão feita imediatamente
depois da placa estar moldada apresenta as margens
indefinidas e com rebordos exteriores, ficando o
motivo iconográfico imperfeito e irregular.
Algumas placas mostram ainda o motivo secciona-
do pela perfuração, revelando-nos que a abertura do
orifício foi realizada num momento posterior ao da
execução da decoração.
Os motivos decorativos encontram-se, por agora,
divididos em quatro tipologias iconográficas funda-
mentais: antropomórficos; zoomórficos; soliformes
ou astrais e geométricos. A última categoria é a mais
representada no conjunto.
Para efeitos descritivos foi designada como Super-
fície A aquela que tem o motivo zoomórfico e como
Superfície B a oposta, podendo esta apresentar ou
não gravações.
2.2. Descrição iconográfica dos motivos
zoomórficos
VNSP3000/MAC/236 – Placa rectangular, com
cantos arredondados, alisada e parcialmente frac-
turada. Apresenta marcas de acção de fogo e as su-
perfícies estão muito erodidas. As perfurações não
apresentam evidências de desgaste, nem o rebordo
do processo de execução(Figura 2)5.
Superfície A – Motivo interpretado como uma re-
presentação zoomórfica – um cervídeo, orientado
para a esquerda. É formado por uma linha horizon-
tal com 6,5 cm, localizada no centro da placa, exis-
tindo na parte inferior desta linha dois conjuntos de
traços verticais, paralelos entre si, com cerca de 1 cm
de comprimento e 0,5 cm de distância entre cada
conjunto de traços – as patas. O conjunto de traços
mais à esquerda é oblíquo. Na parte superior da linha
horizontal, na área à esquerda, surgem dois traços
verticais, paralelos entre si, com cerca de 2,5 cm de
comprimento e 0,5 cm de distância, dos quais parte
um conjunto de pequenos traços oblíquos – as has-
tes. O primeiro tem 4 traços oblíquos e o segundo 6
traços. A técnica de execução utilizada foi a incisão,
5. Os desenhos das placas com representações zoomórficas
foram realizados por César Neves.
sendo as hastes e os membros inferiores filiformes.
Estamos assim perante a representação de um cer-
vídeo – macho/adulto, caracterizado pelas hastes
ramificadas e membros inferiores dianteiros e tra-
seiros. A disposição oblíqua dos membros inferio-
res dianteiros revela movimento, não sendo uma
figura estática.
Superfície B – Não apresenta decoração. A superfície
está bastante deteriorada não sendo possível afirmar
se possuiu originalmente algum motivo iconográfico.
VNSP3000/MAC/269 – Placa rectangular, com
cantos arredondados, alisada e parcialmente fractu-
rada. Apresenta marcas de acção de fogo dissemina-
das e as superfícies erodidas. Apenas tem uma per-
furação, de pequena dimensão, que não apresenta
sinais de desgaste (Figura 3).
Superfície A – Motivo decorativo interpretado como
uma representação zoomórfica – um cer vídeo, orien-
tado para a esquerda. É formado por duas linhas ho-
rizontais com cerca de 2,3 cm de comprimento, pa-
ralelas entre si que representam o dorso e ventre do
animal. Na zona inferior surgem dois traços verticais
de disposição oblíqua, paralelos entre si, com 0,5 cm
de distância e 1, 8 cm de comprimento. Na parte supe-
rior surge representado o pescoço e com outros dois
traços paralelos a cabeça com representação do olho e
focinho. Sobre a extremidade da cabeça surgem onze
traços verticais e oblíquos, com cerca de 1,5 cm de
comprimento, que representam as hastes ramifica-
das. A técnica de execução utilizada foi a incisão.
Trata-se de uma representação de um cervídeo – ma-
cho/adulto, caracterizado pelas hastes ramificadas e
membros inferiores dianteiros que estão dispostos
obliquamente revelando movimento. A cabeça mos-
tra pormenores anatómicos como o olho e focinho.
Superfície B – Não apresenta decoração. A superfície
está bastante deteriorada não sendo possível afirmar
se possuiu originalmente algum motivo iconográfico.
VNSP3000/MAC/305 – Placa rectangular, com
cantos angulosos, alisada e parcialmente fractu-
rada. Apresenta marcas de fogo disseminadas e as
superfícies erodidas. Possui duas perfurações, sem
evidências de desgaste, mostrando uma delas ainda
sedimento no seu interior (Figura 4).
Superfície A – Motivo interpretado como uma re-
presentação zoomórfica – um cervídeo, orientado
para a direita. É formado por um conjunto de linhas
horizontais com cerca de 4 cm de comprimento,
554
paralelas entre si que representam o dorso e ventre
do animal. Na zona inferior surgem dois traços ver-
ticais, paralelos entre si, com 0,5 cm de distância e
2 cm de comprimento, existindo outro traço vertical
com a mesma dimensão na área mais à esquerda – as
patas. Na parte superior surgem dois traços verti-
cais, com cerca de 1,2 cm de comprimento, paralelos
entre si, tendo o traço mais à esquerda 4 pequenos
traços oblíquos e o traço mais à esquerda 3 traços
oblíquos – as hastes. A técnica de execução utilizada
foi a incisão, sendo as hastes filiformes.
Corresponderá a uma representação de um cervídeo
– macho/adulto, caracterizado pelas hastes rami-
ficadas, mostrando os membros inferiores rígidos
correspondendo a uma figura estática.
Superfície B – Superfície muito erodida, com gra-
vação por incisão de um motivo considerado geo-
métrico. É formado por dois traços horizontais
paralelos entre si tendo na zona inferior dois pares
de traços paralelos dispostos na vertical, estando a
extremidade superior direita partida. Esta morfo-
logia poderá ser caracterizada como zoomórfica,
porém, não apresenta pormenores como as outras
representações (cabeça ou hastes), por se encontrar
fracturada no centro superior direito. Por questões
estilísticas, optou-se, nest a fase, por incluir est a mor-
fologia nos motivos geométricos estando, assim , fora
des ta análise.
VNSP3000/MAC/306 – Placa rectangular com
cantos ângulosos e superfície alisada, estando frac-
turada no centro, mas permitindo a sua reconsti-
tuição integral. Mostra quatro perfurações que não
apresentam evidências de desgaste, nem o rebordo
da perfuração, indicando um alisamento pré-coze-
dura. Apresenta marcas de fogo pontuais e a decora-
ção foi realizada por incisão (Figura 5).
Superfície A – Motivo interpretado como uma re-
presentação zoomórfica – um quadrúpede, orienta-
do para a esquerda. É formado por uma linha hori-
zontal com 6,5 cm, que atravessa toda a superfície
da placa. Na parte inferior desta linha surgem dois
conjuntos de traços verticais, paralelos entre si, com
cerca de 2cm de comprimento e 0,5 cm de distância
entre cada conjunto de traços. O último traço – mais
à direita – poderá corresponder ao prolongamen-
to do traço horizontal superior. Na parte superior
da linha horizontal, na área mais à direita, surgem
dois traços verticais, paralelos entre si, com cerca de
1,5 cm de comprimento e 0,5 cm de distância, dis-
postos na oblíqua. É uma figura que ocupa todo o
espaço operativo.
Confirma-se a representação de um quadrúpede,
sendo impossível determinar a espécie. Tem mem-
bros inferiores dianteiros e posteriores, e os dois
traços na área superior poderão representar orelhas
ou chifres.
Superfície B – Morfologia enquadrável na categoria
de motivos geométricos. Enquadrado nas linhas
zig-zagueantes, com 7,2 cm de comprimento, com-
posto por 9 segmentos curvos, tendo uma pequena
bifurcação no topo. Este motivo poderia também
ficar incluído nos motivos zoomórficos, correspon-
dendo a um serpentiforme. No entanto, condicio-
nantes estilísticas e interpretativas levam-nos a co-
locá-lo, por agora, nos motivos geométricos. Ocupa
todo o espaço operativo estando ao centro da placa.
VNSP3000/MAC/345 – Fragmento de placa com
uma perfuração, com cantos angulosos e superfície
polida. Mostra marcas de fogo em toda a superfície
e a decoração foi realizada por incisão. A perfuração
não apresenta sinais de desgaste (Figura 6).
Superfície A – Motivo interpretado como uma re-
presentação zoomórfica – parte das hastes de um
cervídeo, orientado para a direita. Trata-se de uma
peça muito fracturada, estando apenas conservada
a porção superior direita de uma placa que deveria
ter formato rectangular. A decoração é formada por
um traço vertical, inclinado obliquamente e com
cerca de 2 cm de comprimento, unindo uma série
de 12 pequenos traços paralelos entre si, com cerca
de 0,5 cm, dispostos obliquamente. Corresponderá
assim à representação parcial das hastes ramificadas
de um cervídeo.
Superfície B – Não apresenta decoração. A superfície
está bastante deteriorada não sendo possível afirmar
se teve originalmente algum motivo iconográfico.
VNSP3000/MAC/403 – Placa rectangular, com
cantos angulosos, alisada e parcialmente fractu-
rada. Não tem marcas de fogo mas as superfícies
encontram-se muito erodidas. Apresenta duas per-
furações, com algum desgaste, mostrando rebordo
resultante da perfuração pré-cozedura (Figura 7).
Superfície A – Motivo interpretado como uma re-
presentação zoomórfica – um cervídeo, orientado
para a esquerda. É formado por duas linhas hori-
zontais com cerca de 2 cm de comprimento, parale-
las entre si que representam o dorso e ventre do ani-
555 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão
mal. Na zona inferior surgem dois traços verticais,
de disposição oblíqua, paralelos entre si, com 0,5 cm
de distância e 2 cm de comprimento – as patas. Na
parte superior surge um traço vertical, com cerca de
1,5 cm de comprimento, tendo do lado direito qua-
tro traços horizontais, paralelos entre si, e do lado
esquerdo seis traços horizontais, paralelos entre si
– as hastes. A técnica de execução utilizada foi a in-
cisão, sendo as hastes filiformes.
Considera-se estar perante a representação de um
cervídeo – macho/adulto, caracterizado pelas hastes
ramificada s, mostrando os membros inferiores dian -
teiros numa posição oblíqua revelando movimento.
Superfície B – Não apresenta decoração. A superfície
está bastante deteriorada não sendo possível afirmar
se teve originalmente algum motivo iconográfico.
VNSP3000/MAC/409 – Fragmento de placa com
uma perfuração, com cantos arredondados e super-
fície erodida. Mostra marcas de fogo disseminadas
e a decoração foi realizada por incisão. A perfuração
não apresenta sinais de desgaste (Figura 8).
Superfície A – Motivo interpretado como uma re-
presentação zoomórfica – um quadrúpede, orienta-
do para a direita . Localiza-se na parte direita da placa
entre as duas perfurações. É formado por uma linha
horizontal com 1,5 cm, existindo na área inferior
desta linha dois conjuntos de traços verticais, para-
lelos entre si, com cerca de 2 cm de comprimento e
0,2cm de distância entre cada conjunto de traços. Na
parte superior da linha horizontal, na área mais à es-
querda, surgem dois traços verticais, paralelos entre
si, com cerca de 0,8 cm de comprimento e 0,2 cm de
distância. À direita desta figura surgem dois traços
verticais que poderiam fazer parte de um outro mo-
tivo, impossibilitando a sua caracterização devido
ao mau estado de conservação e fractura da placa.
Interpretado como uma representação de um qua-
drúpede, não sendo possível determinar a espécie.
Possui membros inferiores dianteiros e posteriores,
e os dois traços na área superior poderão representar
orelhas ou cornos.
Superfície B – Não apresenta qualquer decoração.
VNSP3000/MAC/446 – Placa quadrangular, com
cantos arredondados, alisada e parcialmente fractu-
rada. Apresenta as quatro perfurações sem marcas
de desgaste. As marcas de acção de fogo são cobri-
doras e a decoração foi feita por incisão (Figura 9).
Superfície A – Motivo interpretado como uma re-
presentação zoomórfica – um quadrúpede, orien-
tado para a direita. É formado por duas linhas ho-
rizontais, com 5,5 cm de comprimento, paralelas
entre si, existindo na área inferior desta linha dois
conjuntos de traços verticais, paralelos entre si, com
cerca de 3 cm de comprimento e 0,7 cm de distân-
cia entre cada conjunto de traços. Na parte superior
da linha horizontal, na área mais à direita, surgem
dois traços verticais, paralelos entre si, com cerca de
1,7 cm de comprimento e 0,4 cm de distância. Ocu-
pa todo o espaço operativo da placa, estando enqua-
drada entre as 4 perfurações.
Estamos assim perante a representação de um qua-
drúpede, sendo impossível determinar a espécie.
Tem membros inferiores dianteiros e posteriores, e
os dois traços na área superior poderão representar
orelhas ou cornos.
Superfície B – Não apresenta decoração. A superfície
está bastante deteriorada, não sendo possível afirmar
se teve originalmente algum motivo iconográfico.
Arestas – As quatro arestas estão também decoradas
com traços incisos horizontais.
VNSP3000/MAC/475 – Placa quadrangular, com
cantos angulosos, alisada e parcialmente fractura-
da. Apresenta marcas de acção de fogo pontuais e
as três perfurações não mostram sinais de desgaste.
A decoração foi realizada por incisão. Encontra-se
em muito mau estado de conservação (Figura 10).
Superfície A – Motivo zoomórfico interpretado
como um cervídeo, orientado para a esquerda. É for-
mado por duas linhas horizontais com cerca de 4 cm
de comprimento, paralelas entre si que representam
o dorso e ventre do animal. Na zona inferior sur-
gem dois conjuntos de traços verticais de disposição
oblíqua, paralelos entre si, com 0,2 cm de distância e
1,8 cm de comprimento – as patas. Na extremidade
esquerda do traço superior inicia-se outro, de dispo-
sição vertical, ramificando-se na extremidade por 12
traços de disposição oblíqua, paralelos entre si e com
cerca de 1,5 cm de comprimento – as hastes. Surgem
ainda de ambos os lados dois pares de pequenos tra-
ços horizontais.
Representação de um cervídeo – macho/adulto, ca-
racterizado pela haste ramificada e membros infe-
riores dianteiros que estão dispostos obliquamente,
revelando movimento. O conjunto de pequenos tra-
ços laterais poderão estar relacionados com a cabeça
do animal.
Superfície B – Morfologia enquadrável na categoria
556
de motivos geométricos, formado por um conjunto
de quatro linhas quebradas.
VNSP3000/MAC/490 – Placa rectangular, com
cantos angulosos, alisada e parcialmente fractura-
da. Apresenta marcas de fogo pontuais e as quatro
perfurações não mostram evidências de desgaste. A
decoração foi realizada através de incisão (Figura 11).
Superfície A – Motivo interpretado como uma re-
presentação zoomórfica – um quadrúpede, orien-
tado para a direita. É formado por uma linha hori-
zontal com 5,7 cm, que atravessa toda a superfície
da placa. Na parte inferior desta linha surgem dois
conjuntos de traços verticais, paralelos entre si, com
cerca de 2cm de comprimento e 0,5 cm de distância
entre cada conjunto de traços. Na parte superior da
linha horizontal, na área mais à direita, surgem dois
traços verticais, paralelos entre si, com cerca de 2 cm
de comprimento e 0,5 cm de distância. Ocupa todo
o espaço operativo da superfície da placa.
Representação de um quadrúpede, não sendo pos-
sível determinar a espécie. Apresenta membros in-
feriores dianteiros e posteriores, surgindo no mem-
bro direito um pequeno traço horizontal que poderá
corresponder à representação de pata. Os dois traços
na área superior representarão orelhas ou cornos.
Superfície B – Morfologia enquadrável na categoria
de motivos soliformes, formado por um conjunto
de linhas radiais. Encontra-se muito fracturada.
VNSP3000/MAC/491 – Placa rectangular, com
cantos angulosos, alisada e parcialmente fracturada.
Apresenta marcas de fogo pontuais e três perfura-
ções, sem evidência de desgaste. A decoração foi rea-
lizada através de incisão (Figura 12).
Superfície A – Apresenta três motivos zoomórficos.
No topo da peça surge um motivo zoomórfico muito
esquemático, orientado para a direita e formado por
duas linhas horizontais, paralelas entre si, com cerca
de 3 cm de comprimento, que se juntam à esquerda.
Neste ponto iniciam-se duas linhas verticais, com
1 cm de comprimento. Trata-se assim de um quadrú-
pede muito esquemático, tendo representado corpo
e extremidades na cabeça – cornos ou orelhas.
Ao centro da placa surge outro motivo zoomórfico,
orientado para a direita, sendo observáveis dois tra-
ços, paralelos entre si e com 5 cm de comprimento,
existindo na extremidade esquerda outros dois, com
1,5 cm de comprimento, de disposição vertical com
inclinação oblíqua. Trata-se da representação de um
quadrúpede muito esquemático, que mostra ventre
e dorso e os membros inferiores traseiros.
Sob o zoomorfo anterior, na área central da placa, sur-
ge a terceira representação zoomórfica. Está orienta-
da para a esquerda e é formada por um conjunto de
traços horizontais, com cerca de 2 cm de compri-
mento, paralelos entre si, sendo que na área mais à
esquerda surgem outros dois pequenos traços de dis-
posição vertical com inclinação oblíqua. Na parte su-
perior, dois traços verticais, paralelos entre si e com
cerca de 1,3 cm de comprimento, formam o pescoço,
surgindo da extremidade seis traços de reduzida di-
mensão e disposição circular. Estamos perante um
quadrúpede, possivelmente um veado com início
de hastes ou cornos, mostrando pormenores como a
cabeça e focinho. Os membros inferiores dianteiros
dispostos obliquamente revelam movimento.
Superfície B – Morfologia enquadrável na categoria
de motivos geométricos. Trata-se de um espinhado
formado por um conjunto de seis linhas horizon-
tais, paralelas entre si, cruzada s por uma série de tra-
ços oblíquos de diferentes orientações. Ocupa todo
o espaço operativo da superfície da placa.
3. PROVENIÊNCIA E CONTEXTO
ARQUEOLÓGICO
O povoado calcolítico de Vila Nova de São Pedro foi
escavado de forma intensiva durante 31 anos, sendo
que a metodologia utilizada não permite uma clara
correlação estratigráfica entre materiais arqueológi-
cos recolhidos e contextos de proveniência. Como
referido anteriormente, desde a primeira publicação
em 1939 que as placas de tear são descritas e repre-
sentadas quer por desenho esquemático, quer em
fotografia (Paço e Jalhay, 1939; 1942; 1943; Jalhay e
Paço, 1945; Paço, 1941, Paço e Costa Arthur, 1952),
não sendo, no entanto, referida a origem, no campo,
destes materiais.
Através da análise dos dados publicados sabemos
que as placas foram recolhidas na zona entre o re-
duto central – “1ª linha de muralha” – e “2ª linha de
muralha”, espaço onde foram identificadas diversas
áreas habitacionais com fundos de cabana e outras
estruturas pétreas mas, também, no centro do po-
voado, no interior do reduto central, surgindo dis-
persas por toda a área escavada. Não foi referida ne-
nhuma concentração de placas que poderia indicar
áreas funcionais de execução, armazenamento ou
produção têxtil.
557 Arqueologia em Portug al / 2020 – Estado da Questão
Na descrição estratigráfica do corte efectuado por
H. Savory é referida a presença de placas perfura-
das nos três estratos identificados (Savory, 1970),
revelando assim que esta categoria artefactual en-
contrava-se presente desde a fundação do povoado
até ao seu abandono, enquadrando-se cronologica-
mente ao 3º milénio A.C.. Outras correlações pos-
síveis entre placas decoradas e placas lisas ou entre
motivos iconográficos não são referidas nos regis-
tos disponíveis.
Nas sondagens realizadas no âmbito do projecto
VNSP 3000, foram recolhidos alguns destes ele-
mentos artefactuais, a maioria fragmentados. Num
contexto datado de meados do 3º milénio cal BC foi
recolhida uma placa inteira quadrangular com ape-
nas duas perfurações – em ângulos opostos da mes-
ma extremidade – e um fragmento com decoração
geométrica (Martins et al, 2019).
Das 11 placas aqui apresentadas quatro encontra-
vam-se inéditas (placas 236, 305, 403 e 409), sendo
que a placa 269 poderá corresponder à peça publi-
cada em 1940 e 1945, surgindo incompleta sem a
representação da cabeça e hastes do cervídeo (Paço,
1941: 48 – fig. 1 nº 7; Jalhay e Paço, 1945: 66 – fig. 8
nº 7). As placas 4 46, 475 e 490 foram também dadas
à estampa mais recentemente (Arnaud, 2013: 453)
(Figura 13).
Em suma, as placas de tear, constituem em VNSP
um artefacto de ampla dispersão cronológica e es-
pacial no entanto, o papel dos factores pós-depo-
sicionais na dispersão destes materiais não é fácil
de avaliar.
4. REPRESENTAÇÕES ZOOMÓRFICAS
DAS SOCIEDADES CAMPONESAS:
ARTEFACTOS MÓVEIS E IMÓVEIS,
ANIMAIS MITIFICADOS E ANIMAIS REAIS
Estudar as sociedades agro-pastoris implica neces-
sariamente uma abordagem de conjunto, onde o
debate sobre os elementos da cultura material se re-
laciona com os dados sobre restos faunísticos e com
as manifestações rupestres, móveis ou imóveis. Os
motivos representados em diferentes suportes tais
como recipientes domésticos, objectos ideotécnicos
ou grafismos rupestres esquemáticos farão parte do
mesmo universo conceptual e simbólico destas co-
munidades, levando-nos a aceitar que poderão ter
significados e papéis similares.
O esquematismo inerente a estas representações im-
pede-nos de, em algumas destas placas, identificar
categoricamente a espécie representada, e por isso
o motivo é classificado apenas como figura quadrú-
pede. Nestes casos, a ausência de pormenores ana-
tómicos foi uma opção prévia à execução do motivo,
e fez parte de um discurso gráfico reconhecido pela
comunidade onde a determinação da espécie não pa-
rece ser valorizada.
A identificação do quadrúpede é-nos permitida pela
presença de membros posteriores ou anteriores,
corpos geralmente alongados e de formato sub-rec-
tangular, sendo que outros pormenores anatómicos
como hastes, cornos, focinho, cauda, pelagem, patas
e cascos poderão permitir a identificação da espécie.
A representação de pormenores anatómicos como as
hastes, o falo ou morfologia do ventre permitirá uma
atribuição sexual, sendo que a associação entre ani-
mais semelhantes de diferentes tamanhos poderá re-
presentar machos e fêmeas ou adultos e juvenis. Para
além destes pormenores anatómicos, em diferentes
suportes, encontram-se também relacionados quer
com o meio natural envolvente (coberto vegetal e
estações do ano), quer com cenas de cópula ou fases
do ciclo reprodutivo dos animais, demonstrando o
cruzamento sistemático entre as actividades econó-
mico-sociais e simbólicas destas comunidades.
Entre os motivos zoomórficos, os quadrúpedes sur-
gem frequentemente na arte esquemática, da Penín-
sula Ibérica, em pintura e em gravura, surgindo nos
mais variados suportes (abrigos, rochas ao ar livre) e
com algumas variantes estilísticas como os motivos
pectiniformes (Sanchidrián, 2001: 447) ou, classifi-
cados como não quadrúpedes, nos quais se incluem
aves, anfíbios, peixes e colubrídeos. Encontramos
paralelos estilísticos com as representações de Vila
Nova de São Pedro, sugerindo uma efectiva unifor-
midade simbólica e conceptual das comunidades
agro-pastoris (Martins, 2016).
No território actualmente português destaca-se o
ciclo artístico de gravuras esquemáticas do Vale do
Tejo pela diversidade e quantidade de representações
zoomórficas cujas características estilísticas possibi-
litaram a definição de numerosas espécies, selvagens
e domésticas (Gomes, 2010), onde os quadrúpedes
são dominantes. De Norte a Sul do país encontram-
-se diversos abrigos com algumas representações
zoomórficas pintadas – Forno da Velha, Fonte Santa,
Fraga do Gato, Fraga d’Aia, Faia 1, Ribeiro das Casas,
Lapa dos Gaivões, Abrigo Pinho Monteiro (Martins,
2013), e entre uma maioria de quadrúpedes indeter-
558
minados, destacam-se os cervídeos como a espécie
mais identificável.
A semelhança iconográfica entre motivos presentes
em suportes rupestres e em artefactos móveis tem
sido abordada por diversos investigadores penin-
sulares, sendo de referir os trabalhos desenvolvidos
nas áreas de Valência e Alicante com a definição de
horizontes artísticos relacionando cerâmicas car-
diais com motivos macro-esquemáticos (Martí Oli-
ver e Hernández Pérez, 1988; Martí Oliver, 2006;
Hernández Pérez e Segura Martí, 2002). A utiliza-
ção de representações gráficas em artefactos prove-
nientes de contextos estratigráficos seguros permite
uma atribuição cronológica relativa a motivos idên-
ticos existentes em suportes rupestres e, para os
quais, não é possível efectuar uma datação directa.
Diversos estudos têm permitido a definição de se-
quências crono-estilísticas para alguns motivos es-
quemáticos, tendo em conta artefactos, contextos,
tipologias e semelhanças formais, levando a uma
aproximação dos conteúdos simbólicos destas co-
munidades agro-pastoris (Carrasco Rus et al, 2006;
Martins, 2016).
A nível estilístico encontram-se diferenças entre
representações em artefactos móveis e em suportes
rupestres. Se em artefactos, como as placas de tear ou
recipientes cerâmicos, os motivos são maioritaria-
mente lineares, sem profundidade ou espessura, nas
gravuras e pinturas surgem com contornos e preen-
chimento interior, correspondendo a figuras com
volume, formas anatómicas e uma maior impressão
de movimento. No caso dos quadrúpedes indiferen-
ciados torna-se ainda mais difícil efectuar paralelis-
mos entre figuras, pois a ambiguidade destas repre-
sentações não permite considerações objectivas.
4.1. Quadrúpedes indeterminados
No conjunto analisado foram definidas quatro re-
presentações de zoomorfos cujas características
tipológicas não permitem a atribuição de espécie,
ficando assim classificados como quadrúpedes in-
determinados. Nenhum deles apresenta pormeno-
res anatómicos claramente identificáveis, podendo
as extremidades existentes nas cabeças dos motivos
306, 409, 446 e 490 ser consideradas como cornos
ou chifres, e stando assim perante a represent ação de
um bovídeo ou de uma cabra/bode (Figuras 5 , 8, 9 e
11). Esta última hipótese é particularmente proposta
no quadrúpede da placa 306 cujos traços oblíquos
(cornos) têm paralelo estilístico com as representa-
ções de cabras do Vale do Tejo (Gomes, 2010: 273).
Os motivos existentes nas placas 306 e 490 mos-
tram grande semelhança formal, tendo ambos o pro-
longamento do traço central até à extremidade do
membro inferior posterior, podendo assim ter sido
executados pelo mesmo indivíduo (Figuras 5 e 11).
Na placa 409 observa-se uma cena em que partici-
pam, possivelmente, dois motivos zoomorfos, um
completo e de pequena dimensão, enquanto do
outro apenas temos a representação de dois traços
(Figura 8). Esta cena tem paralelo com a existente na
placa 491 (Figura 1 2), bem como em diversos painéis
com figurações rupestres onde está presente a asso-
ciação de zoomorfos, possivelmente relacionados
entre si por laços familiares – fêmea e cria.
Exceptuando o motivo existente na placa 409, to-
dos os zoomorfos indeterminados ocupam o espa-
ço operativo da superfície da placa, enquadrando-se
entre as quatro perfurações, sendo figuras equilibra-
das e facilmente reconhecíveis.
4.2. Cervídeos
Os cervídeos (veados, gamos e/ou corços), são a fa-
mília animal, identificável, mais representada na ico -
nografia das comunidades neolíticas e calcolíticas,
apresentando caracteres anatómicos que permitem
esta fácil identificação. A representação das hastes
ramificadas, típicas dos machos adultos, que atin-
gem o auge no Verão e caem no Inverno, reportam-
-nos imediatamente para o veado (Cervus elaphus)
macho, sendo mais difícil de definir as fêmeas, os
juvenis ou mesmo os machos adultos após acasala-
mento e perda de hastes. O dimorfismo sexual acen-
tuado nos veados permite uma maior diferenciação
sexual, factor menos presente no que diz respeito
aos corços (C. capreolos). Durante a maior parte do
ano, os veados reúnem-se em manadas, de machos,
fêmeas e crias, existindo, porém, alguns machos so-
litários, que apenas se reúnem em período de acasa-
lamento que ocorre no Outono.
Do ponto de vista simbólico seria certamente um
animal muito especial, selvagem, forte e que todos
os anos se regenera, mudando as grandes hastes e
recomeçando um novo ciclo. Seria uma importante
fonte de proteína mas também objecto de aprovei-
tamento de recursos secundários como as hastes,
matéria-prima base de utensilagem diversificada
e mesmo em possíveis cerimónias ou rituais com
manipulação de partes do esqueleto como o crânio
e respectivas hastes.
559 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão
O peso destes animais no universo simbólico
encontra -se plasmado nas inúmeras representações
existentes em todo o tipo de suportes: rupestres
(pintura e gravura), cerâmicas domésticas, indús-
tria óssea e artefactos ideotécnicos, mas é na de-
nominada cerâmica simbólica campaniforme que
encontramos diversas representações de cervídeos,
geralmente associados a motivos oculados ou soli-
formes, bem como a composições geométricas mais
ou menos elaboradas, gravadas por incisão nas áreas
mais visíveis e destacadas das taças ou vasos. Tradi-
cionalmente associada a contextos funerários, esta
cerâmica surge igualmente em níveis de habitat,
sendo os cenários da sua utilização e os possíveis
conteúdos muito discutidos (Bueno Ramírez et al,
2017; Garrido Pena e López -Astilleros, 2000).
Na Estremadura port uguesa encontramos represen-
tações de cervídeos em recipientes cerâmicos com
decoração simbólica campaniforme em contextos
funerários, como as taças provenientes do Casal do
Pardo – Palmela, sendo numa delas observáveis dois
cervídeos, um claramente macho e outro fêmea ou
juvenil (Horta e Bubner, 1974: 123) e ainda no Tholos
da Titu aria (Cardoso et al., 1996: fig. 58) com a repre-
sentação de um veado macho com hastes ramifica-
das. Este tipo de cerâmica simbólica surge também
em contextos domésticos, como no Castro da Por-
tucheira (Harrison, 197 7), ou na ocupação calcolítica
de Freiria (Cardoso et al., 2013: 532).
No Sul do território português, no sítio de planície
da Quinta do Estácio 14 (Beja), fazendo parte num
conjunto de recipientes de estilo Ciempozuelos, foi
identificado um fragmento de cerâmica simbólica
com a representação de dois veados machos caracte-
rizados pelas hastes ramificadas de cariz esquemáti-
co (Soares, 2017: 52).
Nos Perdigões foi também identificado, na fossa 7,
um fragmento de cerâmica com representação de
diversas hastes de cervídeos (Valera, 2015: 17), e
num contexto funerário – Tholos 2 – datado entre
2575-2200 BC, uma admirável estatueta de marfim
representando um cervídeo (Valera et al, 2014: 25).
No numeroso conjunto de artefactos ideotécnicos
recolhidos em contextos funerários deste complexo
sítio, surgem diversas falanges de cervídeos afeiçoa-
das e/ou decoradas com linha s zigzagueantes, idên-
ticas às existentes em ídolos cilíndricos com tatua-
gens faciais (Valera, 2015: 10).
Permanece como um dos exemplares mais icónicos
a taça do Tholos 15 de Los Millares que, além da re-
presentação dos olhos oculados/solares, apresenta
três veados, sendo um claramente macho e os res-
tantes, provavelmente, fêmeas (Leisner e Leisner,
1943, est.20). Esta mesma composição surge noutra
taça do Tholos 7 de Los Millares onde um veado ma-
cho com hastes ramificadas encontra-se rodeado por
outros cinco cervídeos, possivelmente fêmeas, apre-
sentando também possíveis representações solifor-
mes ou oculados (Leisner e Leisner, 1943, est. 12).
Nestas peças, temos uma composição que engloba
os dois motivos mais representados na decoração da
cerâmica simbólica calcolítica – cervídeos e motivos
solares –, mostrando a importância desta associação,
tal como se verifica na placa 409. Um pormenor des-
tas duas composições é que em ambas alguns dos
cervídeos encontram-se com a cabeça virada para
trás, olhando directamente para o grande macho,
podendo corresponder a algum tipo de diferenciação
sexual ou etária.
Outra peça icónica é a taça campaniforme com de-
coração simbólica do povoado de Las Carolinas (Ma-
drid), onde surgem diversos cervídeos, alinhados e
ao redor de toda a taça, acompanhados por motivos
soliformes (Leisner, 1961). As representações de cer-
vídeos mostram na extremidade superior as ramifi-
cações das hastes, sendo que os membros inferiores
surgem em número de seis, podendo representar
movimento. Estaremos assim perante uma parada
ou desfile de cervídeos relacionados directamente
com o astro solar, observáveis de todos os lados da
taça. Um dos motivos soliformes encontra-se exac-
tamente no meio das hastes de um cervídeo, lem-
brando a adição e transmutação verificada na rocha
158 do núcleo de São Simão do Vale do Tejo (Gomes,
2010: 266).
A temática de alinhamento de cervídeos está presen-
te em outros exemplares campaniformes, como na
taça de Brenes (Carmona) (Harrison et al, 1976), ou,
com apenas uma representação de cervídeo, como
em El Ventorro (Madrid) (Priego e Quero, 1992: 232)
ou em La Escarapela (Toledo) (Munoz, 1998). No
Tholos de San Blas (Cheles, Badajoz) foi identificado
um vaso globular com decoração impressa represen-
tando um alinhamento de zoomorfos esquemáticos
interpretados como cervídeos ou cabras (Hurtado,
2004: 107).
As representações de cervídeos presentes nas placas
de tear de Vila Nova de São Pedro apresentam igual-
mente paralelos estilísticos com as numerosas re-
presentações existentes em sítios com arte rupestre
560
em toda a Península Ibérica, quer em gravuras quer
em pinturas (Figura 14). Desde os grandes penedos
e blocos horizontais com arte Atlântica aos abrigos
inacessíveis com pinturas esquemáticas as repre-
sentações de cervídeos surgem como elemento es-
truturante de diversas cenas e mitografias.
Destacando o já referido núcleo de gravuras do Vale
do Tejo, axis mundi de um santuário rupestre, onde
as representações de cervídeos têm um papel estru-
turante na organização crono-cultural e simbólica,
surgem representações de grandes veados desde o
Epipaleolítco até ao Neolítico final, fazendo parte de
cenas e de transmutações simbólicas (Gomes, 2010:
263). As características ecológicas desta espécie são
referenciadas , surgindo animais adultos com as has-
tes no auge do seu desenvolvimento, animais juve-
nis, fêmeas que poderão estar grávidas e crias. Os
paralelos estilísticos com as representações de Vila
Nova de São Pedro são abundantes, destacando-se a
armação rígida do cervídeo da rocha 56.4 do Cachão
do Algarve com a existente na placa 305 (Figura 4),
ou as exuberantes hastes de vários veados da rocha
49 do Fratel (Gomes, 2010: 265), com as represen-
tações das placas 269, 345 e 475 (Figuras 3, 6 e 10).
Nos abrigos com arte esquemática pintada surgem
igualmente diversas cenas onde o cervídeo – o gran-
de veado – é o protagonista, quer numa cena explí-
cita de caça, como na Fraga d’Aia (Jorge et al, 1988),
ou numa cena de caracter ritual ou simbólico, como
na Lapa dos Gaivões (Martins, 2016). Neste grande
abrigo, do maciço quartzítico da Serra de São Ma-
mede (Arronches), temos uma cena onde uma fi-
gura antropomórfica, munida de uma corda ou laço,
encontra-se rodeada por quatro cervídeos – dois
veados machos e outros dois prováveis, fêmeas ou
juvenis (Idem, 2016). O antropomorfo lança a cor-
da sobre um dos veados, sendo esta acção possivel-
mente ritual ou mitográfica, visto dificilmente ser
possível este tipo de caçada, revelando assim a im-
portância desta espécie no universo simbólico des-
tas comunidades.
A caça ao veado surge também representada no inte-
rior de monumentos megalíticos, como observamos
na extraordinária cena existente num dos esteios da
Orca dos Juncais, onde um conjunto de antropo-
morfos, munidos de arco e acompanhados por ca-
nídeos, confrontam diversos zoomorfos definidos
como veados (Cruz, 2000).
5. OS ZOOMORFOS DAS PLACAS DE VILA
NOVA DE SÃO PEDRO E A TECELAGEM
As representações zoomórficas existentes nas pla-
cas de tear de Vila Nova de São Pedro integram-se
assim no vasto universo da simbólica das comuni-
dades do 3º milénio A.C., sendo que até ao momen-
to, no povoado, não foram registadas semelhantes
representações zoomórficas em outros artefactos,
podendo, porém, alguns objectos ser interpretados
como representações de animais (Arnaud e Fernan-
des, 2005: 213). Destaca-se ainda a estatueta de osso
classificada como antropo-zoomórfica, que repre-
sentará uma hibridação entre mulher/homem e fe-
lino, evidenciada pelo prognatismo da face, com na-
riz largo e longo e orelhas muito pequenas (Gomes,
2005: 168). Estes objectos móveis que representam
figuras mistas poderão estar relacionados com prác-
ticas rituais e simbólicas, de influências muito di-
versificadas, mas também com acções quotidianas
do grupo.
Outra questão que se levanta relativamente a VNSP
é que apesar da abundância de cerâmica campanifor-
me, dominando o estilo internacional ou marítimo,
não estão registados motivos zoomórficos nos frag-
mentos recuperados. Esta ausência pode traduzir
uma questão cronológica – em que os cervídeos são
representações próprias da cerâmica campaniforme
tardia? ou a representação destes animais é, sobre
vasos campaniformes, que para além de tardios, são
próprios de espaços de necrópole?
O papel que os animais possuem na construção dos
sistemas simbólicos pré-históricos e, a mais ou me-
nos, equívoca relação estabelecida com o seu signi-
ficado económico continua em discussão. Os cer-
vídeos fazem parte da abundante fauna de VNSP
(Detry et al, 2020; Francisco et al, 2020) resultante
da sua utilização quer como fonte primária de ali-
mentação, quer como de aproveitamento de recur-
sos secundários.
Na abundante indústria óssea (furadores, agulhas,
cabos) de VNSP, são numerosos os artefactos exe-
cutados sobre hastes de veados que podem ter sido
recolhidas no período pós-acasalamento, quando
estas caem naturalmente.
A presença de representações de cervídeos nas pla-
cas de tear insere-se num complexo universo gráfico
onde diversas tipologias de símbolos (geométricos,
antropomórficos, estiliformes), foram escolhidas
para ficarem gravadas na argila. Esta escolha, sem-
561 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão
pre intencional, corresponderá a programas compo-
sitivos que poderão ou não ser predefinidos antes da
execução, podendo também existir uma especiali-
zação técnica.
O desconhecimento dos sistemas de produção lo-
cais, bem como da organi zação social da comunidade
impedem-nos, por agora, de tecer mais considera-
ções sobre a produção das placas de tear e iconogra-
fia associada. Admite-se, no entanto, que a face gra-
vada pudesse ser vista por quem tece, sugerindo
assim uma posição particular para estes objectos,
num tear horizontal ou vertical. Ao mesmo tempo,
certos motivos podem representar um determinado
movimento na acção de tecer, que poderá originar
padrões distintos, funcionando como uma mnemó-
nica visual. Noutra hipótese, os próprios motivos
geométricos gravados nas placas corresponderão
ao padrão produzido por determinada organização
e disposição das mesmas no tear horizontal ou ver-
tical. A relação símbolo-artefacto-acção poderá ser
efectiva e esperamos levantar hipóteses através do
programa de arqueologia experimental que temos
vindo a desenvolver.
A escassez de representações explícitas da natureza
(elementos vegetais, nuvens, água, solo, entre ou-
tros) nos programas iconográficos das sociedades
pré-históricas é colmatada com a representação de
animais que fazem parte das paisagens quotidianas
e simbólicas destas comunidades.
Os zoomorfos, reais ou mitificados, eram represen-
tados em distintos suportes, fazendo parte do quo-
tidiano, quer pela presença efectiva, quer em relatos
transmitidos oralmente, materializados em grava-
ções ou pinturas. Mais do que uma possível atribui-
ção cronológica, os paralelos iconográficos permi-
tem confirmar uma uniformidade c ultural, em que o
universo conceptual e simbólico é idêntico, condu-
zindo à execução de motivos análogos em comuni-
dades distintas e espacialmente distantes.
As placas de tear de Vila Nova de São Pedro permi-
tem uma abordagem transdisciplinar, desde a cadeia
operatória da sua produção, execução iconográfica,
funcionalidade e método de utilização, levando a
que aspectos como organização social, económica e
simbólica sejam alcançados com o estudo desta ca-
tegoria artefactual.
Os cervídeos como elemento gráfico circulam entre
diferentes ambientes, presentes em habitats, necró-
poles e santuários rupestres. A sua funcionalidade
simbólica concretiza-se em ambientes formalmente
metafísicos como os esteios de uma anta ou um pai-
nel rochoso, mas também em objectos de eminente
natureza doméstica, como esses meios de produção
que são as placas de tear, numa demonstração óbvia
da rede complexa de significados e usos que marca
as sociedades humanas.
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Figura 1 – Vila Nova de São Pedro.
Placas de Tear – VNSP / MAC
Decoração
Gráfico 1 – Quantificação das placas de tear face à decoração.
Sem decoração
246; 48%269; 52%
Decorado
564
Figura 2 – Placa de tear VNSP3000/MAC/236. Autoria: César Neves.
Figura 3 – Placa de tear VNSP3000/MAC/269. Autoria: César Neves.
565 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão
Figura 4 – Placa de tear VNSP3000/MAC/305. Autoria: César Neves.
Figura 5 – Placa de tear VNSP3000/MAC/306. Autoria: César Neves.
566
Figura 6 – Placa de tear VNSP3000/MAC/345. Autoria: César Neves.
Figura 8 – Placa de tear VNSP3000/MAC/409. Autoria: César Neves.
Figura 7 – Placa de tear VNSP3000/MAC/403. Autoria: César Neves.
567 Arqueologia em Portugal / 2020 – Est ado da Questão
Figura 9 – Placa de tear VNSP3000/MAC/446. Autoria: César Neves.
568
Figura 10 – Placa de tear VNSP3000/MAC/475. Autoria: César Neves.
Figura 11 – Placa de tear VNSP3000/MAC/490. Autoria: César Neves.
569 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão
Figura 12 – Placa de tear VNSP3000/MAC/491. Autoria: César Neves.
Figura 13 – 1 – Placa VNSP3000/MAC/269 – publicada em 1941 (Paço, 1941: 48 – fig. 1 nº 7; 2 – placa VNSP3000/
MAC/306 – publicada em 1942 (Paço e Jalhay, 1942: fig. 25 – nº 2); 3 – placa VNSP3000/MAC/345 – publicada em 19 41
(Paço, 19 41: fig. 1 – nº 5); 4 – placa VNSP3000/MAC/446 – publicada em 19 42 (Paço e Jalhay, 1942: fig. 25 – nº 1); 5 – plac a
VNSP3000/MAC/475 – publicada em 1939 (Paço e Jalhay, 1939: fig. 25 – nº 1); 6 – placa VNSP3000/MAC/490 publica-
da em 1939 (Paço e Jalhay, 1939: fig. 25 – nº 2); 7 – placa VNS P3000/MAC/491 publicada em 19 41 (Paço, 194 1: fig. 1 – nº 4).
570
Figura 14 – Pormenor das representações das hastes de veados nas placas VNSP3000/MAC/236, VNSP3000/MAC/345 e
VNSP3000/MAC/475.
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