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As faunas depositadas no Museu Arqueológico do Carmo provenientes de Vila Nova de São Pedro (Azambuja): as campanhas de 1937 a 1967

Authors:
  • School of Arts and Humanities of the University of Lisbon
  • Uniarq - Centro de Arqueologia

Abstract

The archaeological site of Vila Nova de São Pedro (Azambuja) was discovered in 1936 through the surveys carried out by Hipólito Cabaço. In 1937, the first excavation campaign was led by Eugénio Jalhay and Afonso do Paço. With the death of the first, in 1950, Paço assumed, with occasional collaborations, the direction of the archaeological works on the site, until 1967. This article intends to analyse the fauna collected and described by Afonso do Paço during these campaigns, about which, however, there is no information on the stratigraphic provenance of artifacts and ecofacts. The data from these campaigns are also compared with the fauna collected during the 2017 and 2018 excavations, carried out under the VNSP3000 project. From this faunistic material without context, it was still possible to acquire some knowledge about species present in the vicinity of Vila Nova de São Pedro during the Chalcolithic.
2020 – Estado da Questão
Coordenação editorial: José Morais Arnaud, César Neves e Andrea Martins
Design gráfico: Flatland Design
AA P – ISBN: 978-972-9451-89-8
CITCEM – ISBN: 978-989-8970-25-1
Associação dos Arqueólogos Portugueses e CITCEM
Lisboa, 2020
O conteúdo dos artigos é da inteira responsabilidade dos autores. Sendo assim a As sociação dos
Arqueólogos Portugueses declina qualquer responsabilidade por eventuais equívocos ou questões
de ordem ética e legal.
Desenho de capa:
Planta do castro de Monte Mozinho (Museu Municipal de Penafiel).
Apoio:
Índice
15 Prefácio
José Morais Arnaud
1. Historiografia e Teoria
17 Território, comunidade, memória e emoção: a contribuição da história da arqueologia
(algumas primeiras e breves reflexões)
Ana Cristina Martins
25 Como descolonizar a arqueologia portuguesa?
Rui Gomes Coelho
41 Arqueologia e Modernidade: uma revisitação pessoal e breve de alguns aspetos da obra
homónima de Julian Thomas de 2004
Vítor Oliveira Jorge
57 Dados para a História das Mulheres na Arqueologia portuguesa, dos finais do século XIX
aos inícios do século XX: números, nomes e tabelas
Filipa Dimas / Mariana Diniz
73 Retractos da arqueologia portuguesa na imprensa: (in)visibilidades no feminino
Catarina Costeira / Elsa Luís
85 Arqueologia e Arqueólogos no Norte de Portugal
Jacinta Bugalhão
101 Vieira Guimarães (1864-1939) e a arqueologia em Tomar: uma abordagem sobre
o território e as gentes
João Amendoeira Peixoto / Ana Cristina Martins
115 Os memoráveis? A arqueologia algarvia na imprensa nacional e regional na presente
centúria (2001-2019): características, visões do(s) passado(s) e a arqueologia
enquanto marca
Frederico Agosto / João Silva
129 A Evolução da Arqueologia Urbana e a Valorização Patrimonial no Barlavento Algarvio:
Os casos de Portimão e Silves
Artur Mateus / Diogo Varandas / Rafael Boavida
2. Gestão, Valorização e Salvaguarda do Património
145 O Caderno Reivindicativo e as condições de trabalho em Arqueologia
Miguel Rocha / Liliana Matias Carvalho / Regis Barbosa / Mauro Correia / Sara Simões / Jacinta
Bugalhão / Sara Brito / Liliana Veríssimo Carvalho / Richard Peace / Pedro Peça / Cézer Santos
155 Os Estudos de Impacte Patrimonial como elemento para uma estratégia sustentável
de minimização de impactes no âmbito de reconversões agrícolas
Tiago do Pereiro
165 Salvaguarda de Património arqueológico em operações florestais: gestão e sensibilização
Filipa Bragança / Gertrudes Zambujo / Sandra Lourenço / Belém Paiva / Carlos Banha / Frederico Tatá
Regala / Helena Moura / Jacinta Bugalhão / João Marques / José Correia / Pedro Faria / Samuel Melro
179 Os valores do Património: uma investigação sobre os Sítios Pré-históricos de Arte
Rupestre do Vale do Rio Côa e de Siega Verde
José Paulo Francisco
189 Conjugando recursos arqueológicos e naturais para potenciar as visitas ao Geoparque
Litoral de Viana do Castelo (Noroeste de Portugal)
Hugo A. Sampaio / Ana M.S . Bettencourt / Susana Marinho / Ricardo Carvalhido
203 Áreas de Potencial Arqueológico na Região do Médio Tejo: Modelo Espacial Preditivo
Rita Ferreira Anastácio / Ana Filipa Martins / Luiz Oosterbeek
223 Património Arqueológico e Gestão Territorial: O contributo da Arqueologia para
a revisão do PDM de Avis
Ana Cristina Ribeiro
237 A coleção arqueológica do extinto Museu Municipal do Porto – Origens, Percursos
e Estudos
Sónia Couto
251 Valpaços – uma nova carta arqueológica
Pedro Pereira / Maria de Fátima Casares Machado
263 Arqueologia na Cidade de Peniche
Adriano Constantino / Luís Rendeiro
273 Arqueologia Urbana: a cidade de Lagos como caso de Estudo
Cátia Neto
285 Estratégias de promoção do património cultural subaquático nos Açores. O caso
da ilha do Faial
José Luís Neto / José Bettencourt / Luís Borges / Pedro Parreira
297 Carta Arqueológica da Cidade Velha: Uma primeira abordagem
Jaylson Monteiro / Nireide Tavares / Sara da Veiga / Claudino Ramos / Edson Brito /
Carlos Carvalho / Francisco Moreira / Adalberto Tavares
311 Antropologia Virtual: novas metodologias para a análise morfológica e funcional
Ricardo Miguel Godinho / Célia Gonçalves
3. Didáctica da Arqueologia
327 Como os projetos de Arqueologia podem contribuir para uma comunidade
culturalmente mais consciente
Alexandra Figueiredo / Claúdio Monteiro / Adolfo Silveira / Ricardo Lopes
337 Educação Patrimonial – Um cidadão esclarecido é um cidadão ativo!
Ana Paula Almeida
351 A aproximação da Arqueologia à sala de aula: um caso de estudo no 3º ciclo
do Ensino Básico
Luís Serrão Gil
363 Arqueologia 3.0 – Pensar e comunicar a Arqueologia para um futuro sustentável
Mónica Rolo
377 Conversa de Arqueólogos” – Divulgar a Arqueologia em tempos de Pandemia
Diogo Teixeira Dias
389 Escola Profissional de Arqueologia: desafios e oportunidades
Susana Nunes / Dulcineia P into / Júlia Silva / Ana Mascarenhas
399 Os Museus de Arqueologia e os Jovens: a oferta educativa para o público adolescente
Beatriz Correia Barata / Leonor Medeiros
411 O museu universitário como mediador entre a ciência e a sociedade: o exemplo
da secção de arqueologia no Museu de História Natural e da Ciência da Universidade
do Porto (MHNC-UP)
Rita Gaspar
421 Museu de Lanifícios: Real Fábrica de Panos. Atividades no âmbito da Arqueologia
Beatriz Correia Barata / Rita Salvado
427 Arqueologia Pública e o caso da localidade da Mata (Torres Novas)
Cláudia Manso / Ana Rit a Ferreira / Cristiana Ferreira / Vanessa Cardoso Antunes
431 Do sítio arqueológico ao museu: um percurso (também) didático
Lídia Fernandes
447 Estão todos convidados para a Festa! E para dançar também… O projecto do Serviço
Educativo do Museu Arqueológico do Carmo na 5ª Edição da Festa da Arqueologia
Rita P ires dos Santos
459 O “Clã de Carenque”, um projeto didático de arqueologia
Eduardo Gonzalez Rocha
469 Mediação cultural: peixe que puxa carroça nas Ruínas Romanas de Troia
Inês Vaz Pinto / Ana Patrícia Magalhães / Patrícia Brum / Filipa Santos
481 Didática Arqueológica, experiências do Projeto Mértola Vila Museu
Maria de Fátima Palma / Clara Rodrigues / Susana Gómez / Lígia R afael
4. Arte Rupestre
497 Os inventários de arte rupestre em Portugal
Mila Simões de Abreu
513 O projeto FIRST-ART – conservação, documentação e gestão das primeiras manifestações
de arte rupestre no Sudoeste da Península Ibérica: as grutas do Escoural e Maltravieso
Sara Garcês / Hipólito Collado / José Julio García Arranz / Luiz Oosterbeek / António Carlos Silva /
Pierluigi Rosina / Hugo Gomes / Anabela Borralheiro Pereira / George Nash / Esmeralda Gomes /
Nelson Almeida / Carlos Carpetudo
523 Trabalhos de documentação de arte paleolítica realizados no âmbito do projeto
PalæoCôa
André Tomás Santos / António Fernando Barbosa / Luís Luís / Marcelo Silvestre / Thierry Aubry
537 Imagens fantasmagóricas, silhuetas elusivas: as figuras humanas na arte do Paleolítico
Superior da região do Côa
Mário Reis
551 Os motivos zoomórficos representados nas placas de tear de Vila Nova de São Pedro
(Azambuja, Portugal)
Andrea Martins / César Neves / José M. Arnaud / Mariana Diniz
571 Arte Rupestre do Monte de Góios (Lanhelas, Caminha). Síntese dos resultados dos
trabalhos efectuados em 2007-2009
Mário Varela Gomes
599 Gravuras rupestres de barquiformes no Monte de S. Romão, Guimarães, Noroeste
de Portugal
Daniela Cardoso
613 Círculos segmentados gravados na Bacia do Rio Lima (Noroeste de Portugal):
contributos para o seu estudo
Diogo Marinho / Ana M.S. Bettencourt / Hugo Aluai Sampaio
631 Equídeos gravados no curso inferior do Rio Mouro, Monção (NW Portugal).
Análise preliminar
Coutinho, L.M. / Bettencourt, A.M.S / Sampaio, Hugo A.S
645 Paletas na Arte Rupestre do Noroeste de Portugal. Inventário preliminar
Bruna Sousa Afonso / Ana M. S. Bettencourt / Hugo A. Sampaio
5. Pré-História
661 O projeto Miño/Minho: balanço de quatro anos de trabalhos arqueológicos
Sérgio Monteiro-Rodrigues / João Pedro Cunha-Ribeiro / Eduardo Méndez-Quintas / Carlos Ferreira /
Pedro Xavier / José Meireles / Alberto Gomes / Manuel Santonja / Alfredo Pérez-González
677 A ocupação paleolítica da margem esquerda do Baixo Minho: a indústria lítica do sítio
de Pedreiras 2 (Monção, Portugal) e a sua integração no contexto regional
Carlos Ferreira / João Pedro Cunha-Ribeiro / Sérgio Monteiro-Rodrigues / Eduardo Méndez-Quinta s /
Pedro Xavier / José Meireles / Alberto Gomes / Manuel Santonja / Alfredo Pérez-González
693 O sítio acheulense do Plistocénico médio da Gruta da Aroeira
Joan Daura / Montserrat Sanz / Filipa Rodrigues / Pedro Souto / João Zilhão
703 As sociedades neandertais no Barlavento algarvio: modelos preditivos com recurso
aos SIG
Daniela Maio
715 A utilização de quartzo durante o Paleolítico Superior no território dos vales dos rios
Vouga e Côa
Cristina Gameiro / Thierry Aubry / Bárbara Costa / Sérgio Gomes / Luís Luís / Carmen Manzano /
André Tomás Santos
733 Uma perspetiva diacrónica da ocupação do concheiro do Cabeço da Amoreira (Muge,
Portugal) a partir da tecnologia lítica
Joana Belmiro / João Cascalheira / Célia Gonçalves
745 Novos dados sobre a Pré-história Antiga no concelho de Palmela. A intervenção
arqueológica no sítio do Poceirão I
Michelle Teixeira Santos
757 Problemas em torno de Datas Absolutas Pré-Históricas no Norte do Alentejo
Jorge de Oliveira
771 Povoamento pré-histórico nas áreas montanhosas do NO de Portugal: o Abrigo 1
de Vale de Cerdeira
Pedro Xavier / José Meireles / Carlos Alves
783 Apreciação do povoamento do Neolítico Inicial na Baixa Bacia do Douro. A Lavra I
(Serra da Aboboreira) como caso de estudo
Maria de Jesus Sanches
797 O Processo de Neolitização na Plataforma do Mondego: os dados do Sector C do Outeiro
dos Castelos de Beijós (Carregal do Sal)
João Carlos de Senna-Martinez / José Manuel Quintã Ventura / Andreia Carvalho / Cíntia Maurício
823 Novos trabalhos na Lapa da Bugalheira (Almonda, Torres Novas)
Filipa Rodrigues / Pedro Souto / Artur Ferreira / Alexandre Varanda / Luís Gomes / Helena Gomes /
João Zilhão
837 A pedra polida e afeiçoada do sítio do Neolítico médio da Moita do Ourives
(Benavente, Portugal)
César Neves
857 Casal do Outeiro (Encarnação, Mafra): novos contributos para o conhecimento
do povoamento do Neolítico final na Península de Lisboa.
Cátia Delicado / Carlos Maneira e Costa / Marta Miranda / Ana Catarina Sousa
873 Stresse infantil, morbilidade e mortalidade no sítio arqueológico do Neolítico Final/
Calcolítico (4º e 3º milénio a.C.) do Monte do Carrascal 2 (Ferreira do Alentejo, Beja)
Liliana Matias de Carvalho / Sofia N. Wasterlain
885 Come together: O Conjunto Megalítico das Motas (Monção, Viana do Castelo) e as
expressões Campaniformes do Alto Minho
Ana Catarina Basílio / Rui Ramos
899 Trabalhos arqueológicos no sítio Calcolítico da Pedreira do Poio
Carla Magalhães / João Muralha / Mário Reis / António Batarda Fernandes
913 O sítio arqueológico de Castanheiro do Vento. Da arquitectura do sítio à arquitectura
de um território
João Muralha Cardoso
925 Estudo zooarqueológico das faunas do Calcolítico final de Vila Nova de São Pedro
(Azambuja, Portugal): Campanhas de 2017 e 2018
Cleia Detry / Ana Catarina Francisco / Mariana Diniz / Andrea Martins / César Neves /
José Morais Arnaud
943 As faunas depositadas no Museu Arqueológico do Carmo provenientes de Vila Nova
de São Pedro (Azambuja): as campanhas de 1937 a 1967
Ana Catarina Francisco / Cleia Detr y / César Neves / Andrea Martins / Mariana Diniz /
José Morais Arnaud
959 Análise funcional de material lítico em sílex do castro de Vila Nova de S. Pedro
(Azambuja, Portugal): uma primeira abordagem
Rafael Lima
971 O recinto da Folha do Ouro 1 (Serpa) no contexto dos recintos de fossos calcolíticos
alentejanos
António Carlos Valera / Tiago do Pereiro / Pedro Valério / António M. Monge Soares
6. Proto-História
987 Produção de sal marinho na Idade do Bronze do noroeste Português. Alguns dados
para uma reflexão
Ana M. S. Bettencourt / Sara Luz / Nuno Oliveira / Pedro P. Simões / Maria Isabel C . Alves /
Emílio Abad-Vidal
1001 A estátua-menir do Pedrão ou de São Bartolomeu do Mar (Esposende, noroeste de Portugal)
no contexto arqueológico da fachada costeira de entre os rios Neiva e Cávado
Ana M. S. Bettencourt / Manuel Santos-Estévez / Pedro Pimenta Simões / Luís Gonçalves
1015 O Castro do Muro (Vandoma/Baltar, Paredes) – notas para uma biografia de ocupação
da Idade do Bronze à Idade Média
Maria Antónia D. Silva / Ana M. S. Bettencourt / António Manuel S. P. Silva / Natália Félix
1031 Do Bronze Final à Idade Média – continuidades e hiatos na ocupação de Povoados
em Oliveira de Azeméis
João Tiago Tavares / Adriaan de Man
1041 As faunas do final da Idade do Bronze no Sul de Portugal: leituras desde o Outeiro
do Circo (Beja)
Nelson J. Almeida / Íris Dias / Cleia Detry / Eduardo Porfírio / Miguel Serra
1055 A Espada do Monte das Oliveiras (Serpa) – uma arma do Bronze Pleno do Sudoeste
Rui M. G. Monge Soares / Pedro Valério / Mariana Nabais / António M. Monge Soares
1065 São Julião da Branca (Albergaria-a-Velha) - Investigação e valorização de um povoado
do Bronze Final
António Manuel S. P. Silva / Paulo A. P. Lemos / Sara Almeida e Silva / Edite Martins de Sá
1083 Do castro de S. João ao Mosteiro de Santa Clara: notícia de uma intervenção arqueológica,
em Vila do Conde
Rui Pinheiro
1095 O castro de Ovil (Espinho), um quarto de século de investigação – resultados e questões
em aberto
Jorge Fernando Salvador / António Manuel S. P. Silva
1111 O Castro de Salreu (Estarreja), um povoado proto-histórico no litoral do Entre Douro
e Vouga
Sara Almeida e Silva / António Manuel S. P. Silva / Paulo A. P. Lemos / Edite Martins de Sá
1127 Castro de Nossa Senhora das Necessidades (Sernancelhe): uma primeira análise artefactual
Telma Susana O. Ribeiro
1141 A cividade de Bagunte. O estado atual da investigação
Pedro Brochado de Almeida
1153 Zoomorfos na cerâmica da Idade do Ferro no NW Peninsular: inventário, cronologias
e significado
Nuno Oliveira / Cristina Seoane
1163 Vasos gregos em Portugal: diferentes maneiras de contar a história do intercâmbio
cultural na Idade do Ferro
Daniela Ferreira
1175 Os exotica da necrópole da Idade do Ferro do Olival do Senhor dos Mártires (Alcácer
do Sal) no seu contexto regional
Francisco B. Gomes
7. Antiguidade Clássica e Tardia
1191 O uso de madeira como combustível no sítio da Quinta de Crestelos (Baixo Sabor):
da Idade do Ferro à Romanização
Filipe Vaz / João Tereso / Sérgio Simões Pereira / José Sastre / Javier Larrazabal Galarza /
Susana Cosme / José António Pereira / Israel Espi
1207 Cultivos de Época Romana no Baixo Sabor: continuidade em tempos de mudança?
João Pedro Tereso / Sérgio Simões Pereira / Filipe Santos / Luís Seabra / Filipe Vaz
1221 A casa romana na Hispânia: aplicação dos modelos itálicos nas províncias ibéricas
Fernanda Magalhães / Diego Machado / Manuela Martins
1235 As pinturas murais romanas da Rua General Sousa Machado, n.º 51, Chaves
José Carvalho
1243 Trás do Castelo (Vale de Mir, Pegarinhos, Alijó) – Uma exploração agrícola romana
do Douro
Tony Silvino / Pedro Pereira
1255 A sequência de ocupação no quadrante sudeste de Bracara Augusta: as transformações
de uma unidade doméstica
Lara Fernandes / Manuela Martins
1263 Os Mosaicos com decoração geométrica e geométrico-vegetalista dos sítios arqueológicos
da área do Conuentus Bracaraugustanus. Novas abordagens quanto à conservação,
restauro, decoração e datação
Maria de Fátima Abraços / Licínia Wrench
1277 Casa Romana” do Castro de São Domingos (Cristelos, Lousada): Escavação, Estudo
e Musealização
Paulo André de P. Lemos
1291 A arqueobotânica no Castro de Guifões (Matosinhos, Noroeste de Portugal): O primeiro
estudo carpológico
Luís Seabra / Andreia Arezes / Catarina Magalhães / José Varela / João Pedro Tereso
1305 Um Horreum Augustano na Foz do Douro (Monte do Castelo de Gaia, Vila Nova de Gaia)
Rui Ramos
1311 Ponderais romanos na Lusitânia: padrões, formas, materiais e contextos de utilização
Diego Barrios Rodríguez
1323 Um almofariz centro-itálico na foz do Mondego
Marco Penajoia
1335 Estruturas romanas de Carnide – Lisboa
Luísa Batalha / Mário Monteiro / Guilherme Cardoso
1347 O contexto funerário do sector da “necrópole NO” da Rua das Portas de S. Antão (Lisboa):
o espaço, os artefactos, os indivíduos e a sua interconectividade na interpretação do passado
Sílvia Loja, José Carlos Quaresma, Nelson Cabaço, Marina Lourenço, Sílvia Casimiro,
Rodrigo Banha da Silva, Francisca Alves-Cardoso
1361 Povoamento em época Romana na Amadora – resultados de um projeto pluridisciplinar
Gisela Encarnação / Vanessa Dias
1371 A Arquitectura Residencial em Mirobriga (Santiago do Cacém): contributo a partir
de um estudo de caso
Filipe Sousa / Catarina Felício
1385 O fim do ciclo. Saneamento e gestão de resíduos nos edifícios termais de Mirobriga
(Santiago do Cacém)
Catarina Felício / Filipe Sousa
1399 Balsa, Topografia e Urbanismo de uma Cidade Portuária
Vítor Silva Dias / João Pedro Bernardes / Celso Candeias / Cristina Tété Garcia
1413 No Largo das Mouras Velhas em Faro (2017): novas evidências da necrópole norte
de Ossonoba e da sua ocupação medieval
Ricardo Costeira da Silva / Paulo Botelho / Fernando Santos / Liliana Nunes
1429 Instrumentos de pesca recuperados numa fábrica de salga em Ossonoba (Faro)
Inês Rasteiro / Ricardo Costeira da Silva / Paulo Botelho
1439 A Necrópole Romana do Eirô, Duas Igrejas (Penafiel): intervenção arqueológica de 2016
Laura Sousa / Teresa Soeiro
1457 Ritual, descarte ou afetividade? A presença de Canis lupus familiaris na Necrópole
Noroeste de Olisipo (Lisboa)
Beatriz Calapez Santos / Sofia Simões Pereira / Rodrigo Banha da Silva / Sílvia Casimiro /
Cleia Detry / Francisca Alves Cardoso
1467 Dinâmicas económicas em Bracara na Antiguidade Tardia
Diego Machado / Manuela Martins / Fernanda Magalhães / Natália Botica
1479 Cerâmicas e Vidros da Antiguidade Tardia do Edifício sob a Igreja do Bom Jesus
(Vila Nova de Gaia)
Joaquim Filipe Ramos
1493 Novos contributos para a topografia histórica de Mértola no período romano e na
Antiguidade Tardia
Virgílio Lopes
8. Época Medieval
1511 Cerâmicas islâmicas no Garb setentrional “português”: algumas evidências e incógnitas
Constança dos Santos / Helena Catarino / Susana Gómez / Maria José Gonçalves / Isabel Inácio /
Gonçalo Lopes / Jacinta Bugalhão / Sandra Cavaco / Jaquelina Covaneiro / Isabel Cristina Fernandes /
Ana Sofia Gomes
1525 Contributo para o conhecimento da cosmética islâmica, em Silves, durante a Idade Média
Rosa Varela Gomes
1537 Yábura e o seu território – uma análise histórico-arqueológica de Évora entre os séculos VIII-XII
José Rui Santos
1547 A encosta sul do Castelo de Palmela – resultados preliminares da escavação arqueológica
Luís Filipe Pereira / Michelle Teixeira Santos
1559 A igreja de São Lourenço (Mouraria, Lisboa): um conjunto de silos e de cerâmica medieval
islâmica
Andreia Filipa Moreira Rodrigues
1571 O registo material de movimentações populacionais no Médio Tejo, durante os séculos
XII-XIII. Dois casos de “sunken featured buildings”, nos concelhos de Cartaxo e Torres Novas
Marco Liberato / Helena Santos / Nuno Santos
1585 O nordeste transmontano nos alvores da Idade média. Notas para reflexão
Ana Maria da Cost a Oliveira
1601 Sepulturas escavadas na rocha do Norte de Portugal e do Vale do Douro: primeiros
resultados do Projecto SER-NPVD
Mário Jorge Barroca / César Guedes / Andreia Arezes / Ana Maria Oliveira
1619 Portucalem Castrum Novum” entre o Mediterrâneo e o Atlântico: o estudo dos materiais
cerâmicos alto-medievais do arqueossítio da rua de D. Hugo, nº. 5 (Porto)
João Luís Veloso
1627 A Alta Idade Média na fronteira de Lafões: notas preliminares sobre a Arqueologia
no Concelho de Vouzela
Manuel Luís Real / Catarina Tente
1641 Um conjunto cerâmico medieval fora de portas: um breve testemunho aveirense
Susana Temudo
1651 Os Lóios do Porto: uma perspetiva integrada no panorama funerário da Baixa Idade Média
à Época Moderna em meios urbanos em Portugal
Ana Lema Seabra
1659 O Caminho Português Interior de Santiago como eixo viário na Idade Média
Pedro Azevedo
1665 Morfologia Urbana: Um exercício em torno do Castelo de Ourém
André Donas-Botto / Jaqueline Pereira
1677 Intervenção arqueológica na Rua Marquês de Pombal/Largo do Espírito Santo
(Bucelas, Loures)
Florbela Estêvão / Nathalie Antunes-Ferreira / Dário Ramos Neves / Inês Lisboa
1691 O Cemitério Medieval do Poço do Borratém e a espacialidade funerária na cidade de Lisboa
Inês Belém / Vanessa Filipe / Vasco Noronha Vieira / Sónia Ferro / Rodrigo Banha da Silva
1705 Um Espaço Funerário Conventual do séc. XV em Lisboa: o caso do Convento de São
Domingos da Cidade
Sérgio Pedroso / Sílvia Casimiro / Rodrigo Banha da Silva / Francisca Alves Cardoso
9. Época Moderna e Contemporânea
1721 Arqueologia Moderna em Portugal: algumas reflexões críticas em torno da quantificação
de conjuntos cerâmicos e suas inferências históricas e antropológicas
Rodrigo Banha da Silva / André Bargão / Sara da Cruz Ferreira
1733 Faianças de dois contextos entre os finais do século XVI e XVIII do Palácio dos Condes
de Penafiel, Lisboa
Martim Lopes / Tomás Mesquita
1747 Um perfil de consumo do século XVIII na foz do Tejo: O caso do Mercado da Ribeira, Lisboa
Sara da Cruz Ferreira / Rodrigo Banha da Silva / André Bargão
1761 Os Cachimbos dos Séculos XVII e XVIII do Palácio Mesquitela e Convento dos Inglesinhos
(Lisboa)
Inês Simão / Marina Pinto / João Pimenta / Sara da Cruz Ferreira / André Bargão / Rodrigo Banha da Silva
1775 «Tomar os fumos da erua que chamão em Portugal erua sancta». Estudo de Cachimbos
provenientes da Rua do Terreiro do Trigo, Lisboa
Miguel Martins de Sousa / José Pedro Henriques / Vanessa Galiza Filipe
1787 Cachimbos de Barro Caulínitico da Sé da Cidade Velha (República de Cabo Verde)
Rodrigo Banha da Silva / João P imenta / Clementino Amaro
1801 Algumas considerações sobre espólio não cerâmico recuperado no Largo de Jesus (Lisboa)
Carlos Boavida
1815 Adereços de vidro, dos séculos XVI-XVIII, procedentes do antigo Convento de Santana
de Lisboa (anéis, braceletes e contas)
Joana Gonçalves / Rosa Varela Gomes / Mário Varela Gomes
1837 Da ostentação, luxo e poder à simplicidade do uso quotidiano: arqueologia e simbologia
de joias e adornos da Idade Moderna Portuguesa
Jéssica Iglésias
1849 Os amuletos em Portugal – dos objetos às superstições: o coral vermelho
Alexandra Vieira
1865 Cerâmicas de Vila Franca de Xira nos séculos XV e XVI
Eva Pires
1879 «Não passa por teu o que me pertence». Marcas de individualização associadas a faianças
do Convento de Nossa Senhora de Aracoeli, Alcácer do Sal
Catarina Parreira / Íris Fragoso / Miguel Martins de Sousa
1891 Cerâmica de Leiria: alguns focos de produção
Jaqueline Pereira / André Donas-Botto
1901 Os Fornos na Rua da Biquinha, em Óbidos
Hugo Silva / Filipe Oliveira
1909 A casa de Pêro Fernandes, contador dos contos de D. Manuel I: o sítio arqueológico da Silha
do Alferes, Seixal (século XVI)
Mariana Nunes Ferreira
1921 O Alto da Vigia (Sintra) e a vigilância e defesa da costa
Alexandre Gonçalves / Sandra Santos
1937 O contexto da torre sineira da Igreja de Santa Maria de Loures
Paulo Calaveira / Martim Lopes
1949 A Necrópole do Hospital Militar do Castelo de São Jorge e as práticas funerárias na Lisboa
de Época Moderna
Susana Henriques / Liliana Matias de Carvalho / Ana Amarante / Sofia N. Wasterlain
1963 SAND – Sarilhos Grandes Entre dois Mundos: o adro da Igreja e a Paleobiologia dos ossos
humanos recuperados
Paula Alves Pereira / Roger Lee Jesus / Bruno M. Magalhães
1975 Expansão urbana da vila de Cascais no século XVII e XVIII: a intervenção arqueológica
na Rua da Vitória nº 15 a 17
Tiago Pereira / Vanessa Filipe
1987 Novos dados para o conhecimento do Urbanismo de Faro em época Moderna
Ana Rosa
1995 Um exemplo de Arqueologia Urbana em Alcoutim: o Antigo Edifício dos CTT
Marco Fernandes / Marta Dias / Alexandra Gradim / Virgílio Lopes / Susana Gómez Martínez
2007 Palácio dos Ferrazes (Rua das Flores/Rua da Vitória, Porto): a cocheira de Domingos
Oliveira Maia
Francisco Raimundo
2021 As muitas vidas de um edifício urbano: História, Arqueologia e Antropologia no antigo
Recreatório Paroquial de Penafiel
Helena Bernardo / Jorge Sampaio / Marta Borges
2035 O convento de Nossa Senhora da Esperança de Ponta Delgada: o contributo da arqueologia
para o conhecimento de um monumento identitário
João Gonçalves Araújo / N’Zinga Oliveira
2047 Arqueologia na ilha do Corvo… em busca da capela de Nossa Senhora do Rosário
Tânia Manuel Casimiro / José Luís Neto / Luís Borges / Pedro Parreira
2059 Perdidos à vista da Costa. Trabalhos arqueológicos subaquáticos na Barra do Tejo
Jorge Freire / José Bettencourt / Augusto Salgado
2071 Arqueologia marítima em Cabo Verde: enquadramento e primeiros resultados do
projecto CONCHA
José Bettencourt / Adilson Dias / Carlos Lima / Christelle Chouzenoux / Cristóvão Fonseca /
Dúnia Pereira / Gonçalo Lopes / Inês Coelho / Jaylson Monteiro / José Lima / Maria Eugénia Alves /
Patrícia Carvalho / Tiago Silva
2085 Trabalhos arqueológicos na Cidade Velha (Ribeira Grande de Santiago, Cabo Verde):
reflexões sobre um projecto de investigação e divulgação patrimonial
André Teixeira / Jaylson Monteiro / Mariana Mateus / Nireide Tavares / Cristovão Fonseca /
Gonçalo C. Lopes / Joana Bento Torres / Dúnia Pereira / André Bargão / Aurélie Mayer / Bruno Zélie /
Carlos Lima / Christelle Chouzenoux / Inês Henriques / Inês Pinto Coelho / José Lima /
Patrícia Carvalho / Tiago Silva
2103 A antiga fortificação de Quelba / Khor Kalba (E.A.U.). Resultados de quatro campanhas
de escavações, problemáticas e perspectivas futuras
Rui Carita / Rosa Varela Gomes / Mário Varela Gomes / Kamyar Kamyad
2123 Colónias para homens novos: arqueologia da colonização agrária fascista no noroeste ibérico
Xurxo Ayán Vila / José Mª. Señorán Martín
943 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão
as faunas depositadas no museu
arqueológico do carmo
provenientes de vila nova de são
pedro (azambuja): as campanhas
de 1937 a 1967
Ana Catarina Francisco1, Cleia Detry2, César Neves2,3, Andrea Martins2,3,4, Mariana Diniz2,3, José Morais Arnaud3
RESUMO
O sítio arqueológico de Vila Nova de São Pedro (Azambuja) foi descoberto em 1936 através das prospecções
realizadas por Hipólito Cabaço. Em 1937, tem lugar a primeira campanha de escavação dirigida por Eugénio
Jalhay e Afonso do Paço. Com a morte do primeiro, em 1950, Paço a ssume, com pontuais colaborações , a direc-
ção dos trabalhos arqueológicos no sítio, até 1967.
O presente artigo tenciona fazer a análise da fauna recolhida e descrita por Afonso do Paço ao longo dessas
campanhas, sobre as quais não existe, no entanto, informação sobre a proveniência estratigráfica de artefactos
e ecofactos. Comparam-se ainda os dados destas campanhas com a fauna recolhida durante as escavações de
2017 e 2018 , realizados no âmbito do projecto VNSP3000. A partir deste material faunístico sem contexto, foi,
ainda assim, possível adquirir algum conhecimento sobre espécies presentes nas imediações de Vila Nova de
São Pedro durante o Calcolítico.
Palavras-chave: Zooarqueologia, Afonso do Paço, Calcolítico, Vila Nova de São Pedro.
ABSTRACT
The archaeological site of Vila Nova de São Pedro (Azambuja) was discovered in 1936 through the surveys car-
ried out by Hipólito Cabaço. In 1937, the first excavation campaign was led by Eugénio Jalhay and Afonso do
Paço. With the death of the first, in 1950, Paço assumed, with occasional collaborations, the direction of the
archaeological works on the site, until 1967.
This article intends to analyse the fauna collected and described by Afonso do Paço during these campaigns,
about which, however, there is no information on the stratigraphic provenance of artifacts and ecofacts. The
data from these campaigns are also compared with the fauna collected during the 2017 and 2018 excavations,
carried out under the VNSP3000 project. From this faunistic material without context, it was still possible to
acquire some knowledge about species present in the vicinity of Vila Nova de São Pedro during the C halcolithic.
Keywords: Zooarchaeology, Afonso do Paço, Chalcolithic, Vila Nova de São Pedro.
1. Aluna de Mestrado d a Universidade do Alg arve; af rancisco1@campus.ul.pt
2. Un iarq, Cent ro de Arque ologia da Un iversidad e de Lisboa , Faculd ade de Letr as da Unive rsidade de L isboa; cdet ry@ gmail .com;
m.diniz@letras.ulisboa.pt
3. As sociação dos Arque ólogos Portu gueses; c .augustoneves @gmail.com; d ireccao @arqueolog os.pt
4. Fu ndação para a Ciênc ia e a Tecnologia ; andrea.arte@g mail.c om
DOI: https://doi.org/10.21747/978-989-8970-25-1/arqa68
944
1. INTRODUÇÃO
O sítio de Vila Nova de São Pedro (VNSP) é um
povoado que tem, identificadas, três linhas de mu-
ralha de cronologia calcolítica. Após os primeiros
trabalhos de terreno, dirigidos em 1936, por Hipóli-
to Cabaço, as escavações arqueológicas realizaram-
-se entre 1937 e 1967 por Eugénio Jalhay e Afonso do
Paço com o apoio de várias instituições, como a da
Associação dos Arqueólogos Portugueses.
A descoberta de um possível “ritual de fundação
constituído por um excepcional recipiente cerâmi-
co e grandes cornos de bovídeo, despertou o inte-
resse para os restos osteológicos faunísticos (Paço,
1943: 6), muito abundantes no sítio, dada a natureza
básica dos calcários onde assenta, favorável à pre-
servação desses restos. No entanto, por opção dos
responsáveis das intervenções, recolha de restos
faunísticos foi muito selectiva (Figura 3) não sendo
hoje, possível avaliar a real dimensão do conjunto
detectado. Ainda assim, alguns materiais faunísti-
cos foram recolhidos e depositados no Museu Ar-
queológico do Carmo (Lisboa), sede da Associação
dos Arqueólogos Portugueses, onde, para além de
referências breves nas publicações de Paço, perma-
neceram inéditos.
No âmbito do seminário da Licenciatura em Ar-
queologia da Faculdade de Letras da Universidade
de Lisboa, a primeira autora analisou, sob supervi-
são de C. Detry, o conjunto de faunas depositado
no Museu Arqueológico do Carmo (MAC), prove-
nientes das escavações dirigidas por Eugénio Jalhay
e Afonso do Paço.
O conjunto em análise apresenta algumas limitações
que importam ser mencionadas. Claramente trun-
cado, e sem possuir um contexto arqueológico pre-
ciso, o conjunto denuncia um critério de selecção,
no campo, evidente com uma recolha selectiva dos
restos de maior dimensão e mais completos. No en-
tanto, e apesar destes condicionalismos, este estudo
procurará recuperar alguma informação zooarqueo-
lógica proveniente das extensas escavações realiza-
das no sítio que, no futuro, poderá ser complemen-
tada com os dados recolhidos nas escavações mais
recentes, decorrentes do projecto de investigação
VNSP3000 (Arnaud, et al., 2017; Martins et al. 2019)
(Figura 1).
2. ENTÃO E OS OSSOS? TRÊS DÉCADAS
DE ESCAVAÇÕES EM VILA NOVA
DE SÃO PEDRO
Como referido anteriormente, durante três décadas
foram efectuadas campanhas sistemáticas que re-
moveram toneladas de sedimento arqueológico do
povoado de Vila Nova de São Pedro. Foram reco-
lhidos e transportados para os depósitos do Museu
Arqueológico do Carmo (MAC) e do Museu de Alen-
quer milhares de fragmentos de cerâmica, de artefac-
tos de pedra lascada, de pedra polida e de osso sendo,
nesses depósitos, residual a fauna mamalógica e ma-
lacológica. Encontramos, depositados no MAC, al-
gumas centenas de restos faunísticos, sabendo que,
necessariamente, esta amostra é demasiado reduzi-
da para o sítio em questão (Figura 2). A metodologia
da época, que privilegiava a recolha de artefactos de
mais óbvio significado crono-cultural, aliada a um
efectivo problema de depósito dos materiais recolhi-
dos, tornam-se justificações possíveis (mas não acei-
táveis actualmente) para esta opção. Realça-se que
estes critérios de escolha foram aplicados também a
outros materiais, nomeadamente bojos de cerâmica
lisa, que ficaram “armazenados” em pequenos con-
juntos em áreas limítrofes da escavação.
Encontramos em todas as publicações de A. Paço e
colaboradores, relativas às campanhas de escavação,
referência à presença de “ossos” de animais, sendo
realçado logo desde o primeiro artigo a existência de
abundante indústria em osso (punções, alisadores,
espátulas, alfinetes, agulhas) (Paço e Jalhay, 1939),
que surge frequentemente representada graficamen-
te nas estampas dos artigos.
Na campanha de 1939, foi identificado um contexto
que se tornou icónico, pela sua singularidade, refor-
çada depois por uma deturpação do contexto que se
tornaria vox populi entre a comunidade arqueológi-
ca, de que dentro de um vaso de grandes dimensões
estariam depositados os chifres de um grande auro-
que, estando-se assim perante um ritual de funda-
ção do povoado com influências orientais. Porém,
re-analisando a descrição estratigráfica publicada
por A. Paço (Diniz et al., 2016; Paço, 1943), que cor-
responde a uma das descrições mais pormenoriza-
das de contextos arqueológicos de VNSP, percebe-
mos que o grande auroque não se encontrava dentro
do recipiente. Segundo A. Paço foi aberto um fosso
945 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão
profundo5, com cerca de 2,60m de profundidade,
onde depositaram um bovídeo (Bos) com a cabe-
ça orientada a Sul e restos de outros animais como
Cervus, Sus e Capra e um Pecten (Paço, 1943:13), so-
bre os quais se acendeu uma fogueira e foi colocado
um pote cerâmico. Sobre esta fogueira e animais foi
deitada uma camada de barro compacto e amassado,
com cerca de 50cm, estando no momento desta de-
posição a fogueira ainda em combustão. Na zona do
ventre do bovídeo foi colocada ainda uma camada
de pedras, sendo sobre este nível que se localizava
o vaso de grandes dimensões, sem decoração, e com
apenas uns fragmentos pequenos de fauna no inte-
rior. Estes foram classific ados por Henri Breuil como
Cervus e Sus, estando ainda no interior do recipiente
pequenos fragmentos cerâmicos, um fragmento de
um machado de pedra polida e uma valva de amei-
joa (Paço, 1943: 14). O vaso foi rodeado de elemen-
tos pétreos criando uma maior estabilização da peça,
sendo posteriormente todo o fosso colmatado pelo
barro amassado, adicionando-se ainda uma nova
camada de pedras sobre a área do recipiente cerâ-
mico, coberta por mais barro até ao nível de topo.
É ainda referido que no mesmo fosso, na direcção
Leste, a uma cota idêntica, foram identificados res-
tos de outro grande bovídeo, que deverá fazer parte
do mesmo ritual (Paço, 1943: 15). Tendo em conta a
estratigrafia identificada e a deposição quer da fau-
na mamalógica, como do grande recipiente que se
encontrava inteiro, este contexto foi interpretado
como um ritual de fundação do povoado.
Na campanha de 1940, foram escavados três silos,
na área entre 1ª e 2ª linha de muralha, sendo referi-
da a presença de “fauna, cinzas, conchas e cerâmi-
ca” (Paço e Jalhay, 1942: 6). Nas observações sobre
enquadramento económico social deste povoado é
referida a abundante presença de fauna, espalhada
por todas as áreas intervencionadas, predominando
veado, boi, javali, cavalo e cabra, classificação esta
feita por H. Breuil (Paço e Jalhay, 1942: 24), surgin-
do também fauna malacológica.
É, porém, na publicação de 1943, relativa à 6ª campa-
nha de escavação, decorrida em 1942 (Paço e Jalhay,
1943: 21), que surge a primeira listagem da fauna en-
contrada – realizado pelo pré -historiador francês e
repetida posteriormente – onde é referida a presen-
ça de “Bos (boi)– muito abundante e de grandes di-
5. A questão do fosso, e não fossa, de VNSP foi abordada
anteriormente pela equipa VNSP3000 (Diniz et al., 2016).
mensões, Capra (cabra), Equus (cavalo)– abundante,
Asinus (burro)– raro, Canis (cão)– raro, Cervus (vea-
do) – muito abundante, Sus scrofa (javali) – muito
abundante, Lupus (lobo) – raro, Ursus – restos de
um grande urso e de outro mais pequeno, Hystrix
(porco -espinho), Lynx (lince) e Meles taxus (texu-
go). Esta listagem é antecedida por uma justificação
metodológica para a escassez de mater iais recolhidos
e guardados – “Os despojos faunísticos que temos
recolhido até hoje formam montões enormes (…)”.
Nas seguintes campanhas, a descrição da identifica-
ção de fauna é semelhante (sempre montões enor-
mes, que, na sua maior parte , deixamos junto ao perí-
metro escavado, por impossibilidade de transporte”
(Paço e Jalhay, 1943: 21). Estes “montões” foram
registados durante as escavações (Figura 3), e hoje
ainda é possível encontrar restos destas deposições
na área limítrofe do sítio. Nas seguintes campanhas
a descrição da identificação de fauna é semelhante
(sempre muito abundante), referindo na campanha
de 194 4 que durante a escavação de um dos habituais
“cinzeiros” localizados no reduto central surgiu um
grande depósito de ossos queimados e fogareiros
de barro (Paço, 1954). Os “cinzeiros” escavados em
1946, na área entre o reduto central e 2 ª linha de mu-
ralha, apresentam pouco espólio, mas muita fauna.
Entre 1947 e 1952, decorreram as grandes campanhas
de escavação do reduto central sendo aí identificadas
numerosas estruturas (“cinzeiros”, silos, “cisterna”,
estruturas pétreas), nas quais foram recolhidos mi-
lhares de artefactos arqueológicos (indústria óssea
incluída, destacando-se os recipientes de osso de-
corado), bem como abundante fauna mamalógica,
alguma da qual queimada ou mesmo calcinada como
no interior do poço/cisterna (Paço, 1954).
Na 15ª campanha, a primeira realizada em colabora-
ção com Mª Lourdes Costa Arthur, que decorreu no
reduto central, é referida a cl assificação feita por Hen-
ri Breuil e Octávio Veiga Ferreira a diversa fauna ma-
lacológica: Glyceneris glycimeris, Pecten maximus,
Mytilus edulis e Tapes decussata (Paço e Arthur, 1952).
No final da campanha de 1953 A. Paço enviou para o
Instituto de Antropologia da Universidade de Coim-
bra, ao cuidado do Prof. A. Xavier da Cunha, um
conjunto de fauna mamalógica para ser estudada. No
relatório, enviado pelo investigador é referido que
os ossos analisados estavam bastante fragmentados
tendo sido a classificação efectuada principalmente
através da dentição dos animais. Tendo por base o
anterior inventário feito por H. Breuil verific a-se que
946
não foram localizados nesta amostra lobo, lince, por-
co-espinho, texugo e burro, mas identificou-se pela
primeira vez, através dos primeiros molares inferio-
res direito e esquerdo, o castor (Ca stor fiber L.) (Paço,
1958: 76). Relativamente ao boi, que Henri Breui já
tinha assinalado como de grande dimensão, é refe-
rido agora que os fragmentos analisados – a metade
próximal de um fémur esquerdo, a metade distal de
um úmero direito e alguns molares de invulgares di-
mensões – levam mesmo a propor a presença de Bos
primigenius (Paço, 1958: 76) ou seja, auroque. Além
deste sucinto relatório A. Paço refere ainda que os
ossos longos surgem fracturados a meio com o ob-
jectivo de extrair a medula, enquanto os restantes
surgem muito partidos não sendo predominantes
os ossos queimados. Concluindo assim que a carne
poderia ser confeccionada através de cozedura e não
grelhada com acção directa do fogo (Paço, 1958).
Na denominada “campanha das muralhas” realiza-
da em 1955, em colaboração com E. Sangmeister é
referida que na camada pré-campaniforme, na base
das muralhas, surge, a par da cerâmica incisa, co-
pos canelados, machados de pedra polida, pontas
de seta e abundante fauna. Sendo predominante os
bovídeos na base da muralha e cervídeos em níveis
superiores (Paço e Sangmeister, 1956).
A campanha de 1956 – a 20ª – foi a última descrita
nas habituais publicações de A.Paço apresentando
um inventário de fauna produzido, tal como em
1953, pelo Prof. A. Xavier da Cunha e Drª Maria Ma-
nuela Gama que sucintamente referem a classifica-
ção das seguintes espécies: porco, coelho, cão, boi,
carneiro, cavalo, burro, cabra, veado e gamo (Paço,
1958: 54). Nesta campanha, onde se intervencionou
a área entre o torreão 4 e 5, identificou-se um estrato
de tufo calcário que protegia um conjunto de restos
de animais que, segundo A. Paço, poderiam ter feito
parte de algum festim ritual, surgindo além de ossos
longos, chifres de bovino e dentes (Paço, 1958: 5 4).
Esta “escavação” à extensa bibliografia deixada por
A. Paço revela-nos por um lado a importância das
releituras de documentação bem conhecida, bem
como o reconhecimento pelo próprio da importân-
cia da recolha e caracterização da fauna como meio
de contextualização da vida económica e social dos
habitantes deste povoado calcolítico. Algumas ob-
servações e descr ições mais pormenorizadas de con-
textos específicos possibilitam uma aproximação à
realidade arqueológica, sendo fundamental na inter-
pretação do sítio.
3. O ESTUDO DE UMA COLECÇÃO ANTIGA
– A METODOLOGIA
A abordagem a esta colecção, começou com a inven-
tariação dos restos faunísticos encontrados no MAC
atribuídos às escavações de Afonso do Paço. Os ele-
mentos analisados foram registados numa base de
dados Excel. A realização deste inventário permitiu
uma triagem mais selectiva de ossos identificáveis
e não identificáveis, bem como a distinção de fauna
malacológica e mamalógica. Sendo também possí-
vel recolher posteriormente dados sobre a idade de
abate, Osteometria e Tafonomia.
Os restos de vertebrados foram identificados ao ní-
vel da espécie ou género. Quando isso não foi pos-
sível efectuou-se a classificação ainda por tamanho
atribuindo os restos a Macrofauna, no caso da fauna
de grande porte, e Mesofauna no caso de serem ele-
mentos provavelmente pertencentes a animais de
médio porte.
Em relação à contabilização dos moluscos, estes fo-
ram registados apenas quando a charneira se apre-
sentava conservada ou quando o fragmento per-
mitisse identificar até à espécie, género ou grupo
taxonómico.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
No espólio das campanhas de escavação realizadas
entre 1937 e 1967, depositado no MAC, analisaram-
-se 675 restos, de entre os quais 522 foram determi-
nados taxonomicamente (ver Tabela 1).
4.1. Fauna malacológica
Quanto a moluscos foram identificadas as seguin-
tes espécies (139 restos): Anomia ephippium, Ostrea
edulis, Glycymeris sp., Pec ten maximus (fig. 4), Rudi-
tapes decussatus (=Tapes decussata), Cerastoderma
edule, Mytilus edulis e Venus verrucosa. A maioria
já referidas e identificadas por Paço e Arthur (1952)
(Figura 4).
Todas estas espécies são típicas de ambiente mari-
nho de substrato rochoso ou arenoso, com origem
na costa atlântica, a cerca de 42km de distância do
povoado. Ao contrário do verificado em outros po-
voados calcolíticos das penínsulas de Lisboa e Setú-
bal onde as mesmas espécies são encontradas, como
um produto de quase imediata captação, como se
verifica no Zambujal (Driesch & Boessneck, 197 6), a
cerca de 22km da costa, Leceia (Guerreiro e Cardoso,
947 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão
2001/2002), a c. 4km, e Chibanes (Coelho, 2014), a
c. 5km. Os moluscos em VNSP percorrem um tra-
jecto de média distância, obtidos seguramente num
quadro mais amplo de trocas/captações e contactos
com o litoral.
4.2. Fauna mamalógica
O conjunto possui, no seu total, 536 restos de ver-
tebrados, dos quais 366 são ossos e 170 dentes (ver
tabela 2 e 3). As espécies identificadas são: Bos sp.,
Ovis/Capra, Sus sp., Cervus elaphus, Equus sp.,
Oryc tolagus cuniculus, Ursus arctos, Lynx pardinus
e Canis sp.
Os bovinos, caprinos e suídeos parecem ser os mais
comuns neste contexto de Vila Nova de São Pedro, tal
como seria esperado para uma comunidade de agri-
cultores-pastores do Calcolítico. O mesmo se veri-
fica em outros sítios do Calcolítico na Estremadura,
nomeadamente no Zambujal (Driesch e Boessneck,
1976), Leceia (Cardoso e Detry, 2001/2002), Lexim
(Moreno-Garcia e Sousa, 2015), (Pereira et al., 2017),
bem como no estudo das faunas das escavações de
V. Gonçalves, em VNSP (Wright et al., in press).
As várias partes do esqueleto estão presentes, de-
monstrando que provavelmente toda a carcaça se-
ria desmontada no povoado e abandonada no mes-
mo local.
A caça parece ser relativamente frequente com a
presença de restos de veado, auroque, javali e ain-
da carnívoros como o urso e o lince. Note-se que a
grande abundância de restos de veado se deve muito
à presença de hastes (ver Tabela 2), algumas traba-
lhadas, o que pode sobrevalorizar a percentagem
desta espécie no conjunto (Figura 5). As hastes dos
cervídeos são largadas anualmente pelos machos a
seguir à época de cio, não sendo por isso necessário
abater um animal para as obter.
Nos dados das escavações mais recentes podemos
ver confirmada a tendência de uma elevada percen-
tagem de animais caçados (Detry et al., neste volu-
me). No entanto, o número significativo de restos
de espécies domésticas torna o peso exacto da pas-
torícia versus caça uma questão ainda em aberto.
4.3. Revisão dos dados
No relato das campanhas de 1939, 1940, 1941 e 1942,
mencionou-se a presença de bovinos, suídeos, equí-
deos e caprinos (Paço, 1942: 24; Paço e Sangmeister,
1956), o que coincide com o encontrado nas reservas
do MAC, com excepção de burro que não foi identi-
ficado nos materiais de VNSP. Foi ainda referida a
presença de vários carnívoros como o cão (Canis lu-
pus familiaris), lobo (Canis lupus), urso (Ursus arc-
tos), lince-ibérico (Lynx pardinus) e texugo (Meles
meles) (Paço, 1964: 137-138). Restos de castor (Castor
fiber), também são referidos por Afonso do Paço na
sua lista de espécies recuperadas (P aço, 1958), mas no
material depositado no MAC não encontrámos o ele-
mento por ele mencionado. No entanto, nas escava-
ções recentes de VNSP (Detry et al., neste volume),
identificámos esta espécie de roedor. Assim, é muito
provável que essa peça tivesse existido, mas não foi
encontrada durante a realização deste trabalho.
A presença de castor reflecte a existência de uma
paisagem mais aquática que a actual, onde se fa-
zem ainda sentir as consequências da transgressão
flandriana na ribeira de Almoster, que corre a W do
povoado e na linha de água, hoje sem caudal, que o
define a NE.
O texugo, pelo contrário, não foi achado, nem nos
restos do MAC, nem nas escavações do séc. XXI,
mas é uma espécie muito frequente na fauna portu-
guesa e normalmente intrusiva na s camadas arqueo-
lógicas devido a ser um animal fossador, produzin-
do tocas bastante profundas, por isso é natural que
tenha existido no conjunto recuperado por Afonso
do Paço. Já o porco-espinho referido em Paço e Ja-
lhay (1943: 21) é possível que tenha sido confundi-
do com o castor dado que não é referido nenhum
elemento desta espécie no Calcolítico da Península
Ibérica e não foram registados restos nas escavações
antigas ou recentes de VNSP. Do mesmo modo, o
gamo (Dama dama) provavelmente foi confundi-
do com o corço (Capreolus capreolus), uma espécie
autóctone e que foi encontrada nas escavações dos
últimos anos. O gamo é dado como extinto no Plis-
tocénico e reintroduzido pelos romanos (Davis e
Mackinon, 2009).
Um terceiro molar superior de canídeo foi encontra-
do nas colecções antigas do MAC, este dente prova-
velmente pertence a cão, mas não é possível excluir
que se trate de lobo.
O lince ibérico está representado por dentes e uma
peça muito particular: um furador em osso feito a
partir de um cúbito (Figura 6). Desconhece-se a ocor-
rência de utensílios semelhantes produzidos sobre
esta espécie. Os furadores em osso são frequentes
em tíbias, metápodes e cúbitos de mamíferos de mé-
dio porte como a ovelha e cabra, mas muito raros em
ossos de carnívoros.
948
Em restos de bovinos, Bos sp., obtivemos medidas
de quatro tíbias. Comparámos essas com as medi-
das dos bovinos de Carnide (Lisboa), datados do
séc. XVII, e por isso certamente pertencentes a gado
bovino doméstico (Bos taurus), e com as medidas
dos bovinos de Muge, ossos datados do Mesolítico
e seguramente pertencentes a auroque (Bos primi-
genius). Na figura 7, podemos observar um gráfico
de dispersão das medidas obtidas, permitindo-nos
perceber que muito provavelmente três dos ossos
de Vila Nova de São Pedro pertencem a auroque e
apenas um à espécie doméstica.
Os ossos dos animais selvagens são normalmente
maiores que os da espécie doméstica, tornando -se
a osteometria uma metodologia muito fiável para
os distinguir. A maioria dos bovinos recolhidos em
VNSP é, assim, de origem selvagem. Esta preva-
lência pode dever -se à escolha por A. Paço e E. Ja-
lhay de ossos particularmente grandes, como são os
de auroque.
Neste conjunto, constatou-se ainda o óptimo esta-
do de conservação dos restos osteológicos. Percebe-
-se a escolha de materiais mais completos e, por
isso, mais apelativos. Quando observamos a figura
8 podemos constatar que, comparando com as es-
cavações mais recentes (Detry et al., neste volume),
temos muito menos restos não determinados taxo-
nomicamente e não existem vestígios de microfau-
na ou de restos indeterminados.
Estes últimos, que aparecem em elevado número
nas escavações recentes, não seriam simplesmente
recolhidos nestas primeiras escavações em VNSP.
Quando observamos a tendência em relação aos
restos identificados por espécie ou género (Figura 9)
podemos também ver que as espécies de maior por-
te parecem mais frequentes nas recolhas dos esca-
vadores, nomeadamente de bovinos, veado e equí-
deos. Atribuímos esta discrepância à escolha, pelos
arqueólogos, de materiais de maior tamanho e mais
bem conservados e, dessa forma, mais passíveis de
classificação fiável.
5. OBSERVAÇÕES FINAIS
Uma das principais limitações do conjunto analisa-
do é o desconhecimento do contexto de proveniên-
cia dos elementos faunísticos. A meritória e elevada
preocupação de Afonso do Paço e Eugénio Jalhay
em publicar as campanhas arqueológicas não foram,
infelizmente, acompanhadas pela minuciosidade
em divulgar o contexto arqueológico de onde os
elementos provêm. A este facto, junta-se a evidente
selecção, no campo, de peças em perfeitas condições
de conservação. Assim, estas características do con-
junto fragilizam a tentativa de interpretar a vivência
da comunidade ao longo da ocupação do sítio, apre-
sentando, por outro lado, alguns dados que dão uma
perspetiva historiográfica ao conjunto.
Podemos assim dizer que neste povoado calcolítico
a economia agro-pastoril terá tido um peso deter-
minante, com um suporte muito provavelmente
também dos produtos secundários, equilibrada com
a actividade cinegética. Neste período constata-se
a presença de algumas espécies domésticas, como
os bovídeos, suínos e caprinos. No entanto, pode-
-se identificar também uma relevante quantidade
de restos de fauna selvagem: javali, veado, auroque,
coelho, bem como alguns carnívoros.
A nossa análise demonstra que os restos de bovinos
(Bos sp. – auroque e gado bovino) e suínos (Sus sp. –
javali e porco) são os mais abundantes. Em seguida,
surge a ovelha (Ovis aries), cabra (Capra hircus), o
veado (Cervus elaphus), Equídeos (Equus sp. – cava-
lo ou burro), coelho (Oryctolagus cuniculus) e urso
(Ursus arctos).
Relativamente aos moluscos, as espécies domi-
nantes são a ameijoa (Ruditapes decussatus), vieira
(Pecten maximus) e mexilhão (Mytilus edulis). Apa-
recem ainda restos menos frequentes de castanhola
(Glycymeris sp.) e berbigão (Cerastoderma edule).
Com este trabalho pretendeu-se demonstrar as es-
pécies presentes numa colecção em particular de um
sítio de grande relevância no Calcolítico peninsular
que, até ao momento, não tinham sido alvo de estu-
do e, consequente, publicação, podendo constituir-
-se como o arranque para a formulação de novas
questões e trajectórias empíricas num estudo que se
requer, sempre, multidisciplinar.
AGRADECIMENTOS
Ao Museu Arqueológico do Carmo e Associação dos
Arqueólogos Portugueses pelo acesso aos materiais
e disponibilização de meios e recursos para o pre-
sente estudo.
Agradecemos a Elizabeth Wright pela partilha dos
seus dados não publicados sobre Vila Nova de São
Pedro.
949 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão
BIBLIOGRAFIA
ARNAUD, José M.; DINIZ, Mariana; NEVES, César; MAR-
TINS, Andrea (2017) – Vila Nova de São Pedro – de novo, no
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950
Tabela 1 – Número de Restos Determinados (NRD) e Número Mínimo de Indivíduos (NMI)
dos restos de vertebrados e invertebrados encontrados nas reserv as do Museu Arqueológico do
Carmo recolhidos em Vila Nova de São Pedro por Afonso do Paço e Eugénio Jalhay.
NRD NMI
N % N %
Mollusca
Gastropoda 0% 0%
Cf. Theba pisana 20% 0%
Bivalvia 0% 0%
Anomia epiphium 10% 11%
Ostrea edulis 10% 11%
Glycymeris sp. 51% 33%
Pecten maximus 14 2% 78%
Ruditapes decussata 101 15% 51 59%
Venus verrucosa 10% 11%
Cerastoderma edule 30% 22%
Mytilus edulis 11 2% 67%
Vertebrata 0% 0%
Mammalia 0% 0%
Bos sp. (vaca e auroque) 105 16% 33%
Ovis/Capra (ovelha/cabra) 77 11% 22%
Sus sp. (porco e javali) 85 13% 22%
Cervus elaphus (veado) 68 10% 11%
Equus sp. (cavalo e burro) 17 3% 11%
Oryctolagus cuniculus (coel ho) 18 3% 11%
Ursus arctos (u rso) 71% 22%
Canis sp. (cão ou lobo) 1 0% 11%
Lynx pardinus (lince-ibérico) 61% 11%
Macrofauna 119 18% 0%
Mesofauna 34 5% 0%
Tot a l 676 86
951 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão
Tabela 2 – Número de Restos Determinados por partes do esqueleto. Bos – gado bovino ou auroque; O/C – Ovis/Capra (ovelha
ou cabra); Sus sp. (porco ou javali); C.el. – Cervus elaphus (veado); Equus – cavalo ou burro; O.cun. – Oryctolagus cuniculus
(coelho); U. ar. – Ursus arctos (urso); Canis sp. (cão ou lobo); L.par. – Lynx pardinus; MAC – Macrofauna; MES – Mesofauna.
Bos O/C Sus C.el. Equus O.cun. U. ar. Canis L. par.
MAC MES
Esqueleto Cranial
Haste/Chifre 12 11 47
Crânio 1 8 3
Dentes 40 38 58 10 712 1 4
Esqueleto Axial
Áxis 2
Costelas 3 14 3
Vértebras 4 3
Vértebras Cervicais 7
Membro A nterior
Escápula 1 3 1 3
Úmero 1 3 3 1 2
Rádio 4 1 1 2
Cúbito 5 2 2 2 1 2 1
Carpo 2 1
Escafóide 1
Os crochu 1
Metacarpo 4 2 4 2
Membro Posterior
Pélvis 2 2 2 2 3 3
Fémur 7 1 1
Patella 1
Tíbia 811 1 1 1 1
Fíbula 1 1
Calcâneo 1 1 1
Astrágalo 1
Metatarso 2 3 1 1 1
Sesamóide 2
Fala nge I 4 2 2
Fala nge II 2
Falange III 5 1 11 2 2
Ossos longos 51 13
Ossos
indeterminados 25 7
TOTAL 104 77 85 68 17 18 7 1 6 119 34
MNI 3 2 2 1 1 1 2 1 1
952
Tabela 3 – Número de Restos de Dentes. Bos – gado bovino ou auroque; O/C – Ovis/Capra (ovelha ou cabra); Sus sp.
(porco ou javali); C.el. – Cer vus elaphus (veado); Equus sp. – cavalo ou burro; O.cun. – Or yctolagus cuniculus (coelho);
Canis sp. (cão ou lobo); L.par. – Lynx pardinus.
Bos O/C Sus C. el. Equus O. cun. Canis L. par.
Dentes Superiores
I 1 1
C 6
PM 2 2 1
P1 1
P2 1
P3 1 1 3
P4 2 2 2
M1 1 2 4
M2 1 2 3
M3 1 3 1
M1/2
M10 5 1 3 1
Dentes Inferiores
i 1
dp2 2
dp3 2 1
dp4 2
I1 11 1 2
C 17
P2 1
P3 2 1 2 1
P4 1 1 11 1
M1 2 1 1
M2 4 3 12 1
M3 8 5 2 1
M1/2 3 3 1
M 2 10
Dente Indeterminado 2 2
Tot a l 40 38 58 10 712 1 4
953 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão
Figura 1 – Vila Nova de São Pedro. Imagem aérea tirada em 2018 no âmbito do projecto VNSP 3000.
Figura 2 – Aspe cto geral da escavação e cr i-
vagem dos sedimentos em Vila Nova de
São Pedro, sob atenta supervisão de Eugé-
nio Jalhay, no centro da imagem de casaco
e boina (Fonte: SIPA – Sistema de Infor-
mação para o Património Ar qui tetónico).
954
Figura 3 – Acumulação de restos faunísti-
cos não recolhidos em Vila Nova de São
Pedro, no decorrer das escavações dirigi-
das por Eugénio Jalhay e Afonso do Paço
(Fonte: SIPA – Sistema de Informação pa-
ra o Património Arquitetónico).
Figura 4 – Concha de Pecten maximus (vieira) depositada no Museu Arqueológico do Carmo e pro-
veniente do povoado Calcolítico de Vila Nova de São Pedro. (Foto J. Arnaud)
955 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão
Figura 6 – Cúbito de Lince-ibérico (Lynx pardinus) trabalhado em forma de furador. (Foto J. Arnaud).
Figura 5 – Vários exemplos de hastes de Cer vus elaphus (veado) recolhidas nas escavações de A fonso do Paço em Vila Nova de
São Pedro. (Foto J. Arnaud).
956
Figura 7 – Medidas de tíbia distal de Bos sp. recuperados em Vila Nova de São Pedro nas escavações de Afonso
do Paço e Eugénio Jalhay, comparadas com medidas de auroque (Bos primigenius) do Mesolítico de Muge e com
medidas de gado bovino (Bos taurus) de Carnide (Lisboa, Séc. XVII – Detry et al., in press .).
Figura 8 – Número de restos osteológicos não determinados em termos taxonómicos sendo classificados por
tamanho: Macrofauna (animais de grande porte, eg. gado bovino, veado, cavalo) e Mesofauna (animais de mé-
dio porte, eg. ovelha, cabra, porco). Comparando-se os dados das escavações de Afonso do Paço e escavações
de 2017/2018 (Detry et al. neste volume).
957 Arqueologia em Portug al / 2020 – Estado da Questão
Figura 9 – Número de Restos Determin ados de mamíferos recuperados em Vi la Nova de São Pedro, comparan-
do-se os dados das escavações de Afonso do Paço e escavações de 201 7/2018 (Detry et al., 2020, neste volume).
Apoio:
... The Chalcolithic settlement of Vila Nova de Sao Pedro (Azambuja, Portugal) (VNSP) is one of the main fortified settlements of the third millennium BC of the Iberian Peninsula, being well known in the international bibliography since the first half of the 20 th century. (Figure 7) With archaeological fieldwork for 31 years, between 1937and 1967, by Eugenio Jalhay (until 1950 and Afonso do Pa~o, it is characterized by its defensive system of three lines of concentric walls, where thousands of archaeological artefacts were found, most of which deposited in the Carmo Archaeological Museum (Lisbon, Portugal) (Arnaud & Gon~a l ves, 1990;1995;Arnaud & Fernandes, 2005;Pa~o & Jalhay, 1939;Pa~o & Costa Arthur, 1952). ...
... The presence of these graphic elements on these domestic instruments may be related to the use of the loom itself, functioning as a mnemonic when the plates are rolled on the loom, a feature that we can confirm through experimental archeology activities. (Martins et al., 2020) . These are engraved on eight plates/ weights, seven of which deposited at the Carmo Archaeological Museum and the rest at the Alenquer Municipal Museum (n° 516). ...
Article
Full-text available
Schematic and zoomorphic representations on various supports In the current Portuguese territory, the iconographic representations of the 3rd millennium BC are characterized by their technical and typological diversity, occurring in the most varied backdrops and with formal characteristics that adapt to specific archaeological contexts. The schematism intrinsic to these representations often prevents us from carrying out a formal and interpretive classification, with human and animal motifs being more easily recognizable due to their formal characteristics, beside the anatomical details scarcely represented. In zoomorphs, the existence of stems or antlers, tails, or fur, as well as the morphological characteristics of the animal’s body allow us, in some cases, to differentiate animal species, with the red deer being classified in this category. In this work we will present some examples of schematic representations of red deer in portable artefacts and natural rock formations, starting from a scene present in Lapa dos Gaivões to the representations present the Vila Nova de São Pedro’s loom plates/weights1 (Figure 1).
... Ao olhar as evidências publicadas, salientam-se os conjuntos de maiores dimensões de sítios da Estremadura, como o Castro de Zambujal (Driesch, Boessneck, 1976), Leceia (Cardoso, Detry, 2001/2002 e Penedo do Lexim (Driesch, Richter, 1976;Sousa, 2010;Moreno-García, Sousa, 2015), assim como os conjuntos alentejanos dos Perdigões Valera et al., 2020;, Mercador (Moreno-García, 2013) e, provavelmente, Porto Torrão (Arnaud, 1993;Pereira, 2016). Outros conjuntos permitiram obter dados importantes, ainda que quantitativamente menos relevantes, tanto para a área estremenha (Driesch, 1973;Carvalho et al., 2010Carvalho et al., /2011Correia, 2015;Costa, Correia, 2015;Pereira et al., 2017;Francisco et al., 2020; como para a alentejana (Antunes, 1987;Davis, Mataloto, 2012;Mataloto et al., 2012;Cardoso, 2013;Costa, Mataloto, 2017;Delicado et al., 2017;Pereiro et al., 2021;Almeida et al., 2021a). ...
Chapter
Full-text available
http://www.nia-era.org/publicacoes/cat_view/18-monografias-livros
Article
Full-text available
Este trabalho constitui um contributo concreto para o conhecimento dos vários aspectos da economia, modo de vida e comportamento das populações que habitaram de forma continuada e intensa o povoado pré-histórico fortificado de Leceia, desde o Neolítico Final até ao Calcolítico Pleno. A fauna de ungulados, sobre a qual versa este artigo, é constituída por espécies domésticas e selvagens, estando assim presentes a ovelha (Ovis aries), cabra (Capra hircus), javali (Sus scrofa), porco (Sus domesticus), auroque (Bos primigenius), boi doméstico (Bos taurus) e ainda o veado (Cervus elaphus), no grupo dos Artiodáctilos. Quanto à ordem Perissodactyla esta encontra-se representada apenas por um género, Equus sp. As referidas espécies constituem a parte essencial da economia doméstica da população e do seu dia-a-dia, podendo o seu estudo carrear informações importantes, a começar pelo conhecimento das bases de subsistência e relações mantidas com o meio envolvente, do qual dependia, em parte a sua própria sobrevivência. Para além disso, beneficia de uma grande quantidade de material, que só foi possível obter pela escavação da quase totalidade do sítio, ultrapassando actualmente os 11000 m², ao longo dos últimos 20 anos, condições inéditas em Portugal, no concernente a qualquer outro sítio arqueológico objecto de análise arqueozoológica.
Trabalhos arqueológicos subaquáticos na Barra do
  • Costa Perdidos À Vista Da
Perdidos à vista da Costa. Trabalhos arqueológicos subaquáticos na Barra do Tejo Jorge Freire / José Bettencourt / Augusto Salgado
A fauna malacológica da ocupação calcolítica do Castro de Chibanes. Setúbal Arqueológica -II Encontro de Arqueologia da Arrábida. Homenagem a AI Marques da Costa
  • Manuela Coelho
COELHO, Manuela (2014) -A fauna malacológica da ocupação calcolítica do Castro de Chibanes. Setúbal Arqueológica -II Encontro de Arqueologia da Arrábida. Homenagem a AI Marques da Costa. 15, pp. 181-200.
A exploração de recursos faunísticos no Penedo do Lexim (Mafra) durante o Neolítico Final
  • Marta E Moreno-Garcia
  • Ana Sousa
  • Catarina
MORENO-GARCIA, Marta e SOUSA, Ana Catarina (2015) -A exploração de recursos faunísticos no Penedo do Lexim (Mafra) durante o Neolítico Final. In 5. º Congresso do Neolítico Peninsular. Actas. (pp. 67-76). UNIARQ-Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, pp. 67-76.
  • Afonso Paço
  • Do
PAÇO, Afonso do (1958) -Castro de Vila Nova de S. Pedro. X -Campanha de Escavações de 1956 (20ª), Lisboa: Academia Portuguesa da História ANAIS, II série, vol.8, pp. 50-54
Castro de Vila Nova de S. Pedro. Vida Económica, O Problema Campaniforme
  • Afonso Paço
  • Do
PAÇO, Afonso do (1964) -Castro de Vila Nova de S. Pedro. Vida Económica, O Problema Campaniforme, Metalurgia e Análises Espectrográficas, Lisboa: Separatas dos «Anais», série II, vol. 14, pp. 137-139.
Castro de Vila Nova de São Pedro. 1-15ª Campanha de Escavações
  • Costa Lourdes Maria Arthur
  • De
ARTHUR, Costa Lourdes Maria de (1952) -Castro de Vila Nova de São Pedro. 1-15ª Campanha de Escavações (1951), Brotéria, vol. 54(3), Lisboa, pp. 3-25.