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ONDE OS DIAMANTES OCORREM: PLANTAS INDICADORAS DE DIAMANTES NO BRASIL

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p>As plantas indicadoras são espécies adaptadas a determinados ambientes que podem ser utilizadas pelas populações humanas para a classificação destas paisagens de acordo com as suas caraterísticas ou potenciais usos. Entre estas plantas, algumas são utilizadas como indicadoras geobotânicas por estarem relacionadas à presença de determinados minerais ou propriedades do solo. Este trabalho faz um levantamento de espécies consideradas indicadores de diamantes no Brasil. A partir de ampla revisão de literatura foram identificadas cinco espécies vegetais relacionadas com a ocorrência de diamantes no país ( Babarcenia sp., Vellozia sp., Lageonocarpus adamantinus , Schwartzia adamantium e Norante guianensis ). Destas, três foram analisadas quanto as suas distribuições e comparadas com os locais com registro de ocorrência de diamantes no país. Existe uma sobreposição entre as áreas onde estas plantas ocorrem e locais diamantíferos. É provável que as espécies de ocorrência mais restrita ( L. adamantinus e S. adamantium ) são melhores indicadoras ambientais para a ocorrência de diamantes. Entretanto, com os dados obtidos neste trabalho, apenas a ocorrência destas plantas não é suficiente como indicador da presença de diamantes e são necessários outros estudos para a prospecção geológica de corpos kimberlíticos e de gemas de diamantes em fontes secundárias onde estas espécies ocorrem para confirmar esta correlação.</p
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ETHNOSCIENTIA
ETHNOSCIENTIA V. 5, 2020
www.ethnsocientia.com
ISSN: 2448-1998
D.O.I.: 10.22276/ethnoscientia.v5i1.321
ARTIGO DE REVISÃO REVIEW ARTICLE
ONDE OS DIAMANTES OCORREM: PLANTAS INDICADORAS DE DIAMANTES NO
BRASIL
WHERE THE DIAMONDS OCCUR: INDICATOR PLANTS OF DIAMOND GEMS IN BRAZIL
Bernardo TOMCHINSKY, Felipe Fernando da Silva SIQUEIRA
Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Instituto de Estudos em Saúde e Biológicas, Faculdade de Biologia. Folha 31, Quadra 07, Lote Especial, s/n -
Nova Marabá, Marabá, Pará, Brasil. CEP 68507-590. E-mail: btomchinsky@unifesspa.edu.br
Submitted: 15/07/2019; Accepted: 16/08/2020
RESUMO
As plantas indicadoras são espécies adaptadas a determinados ambientes que podem ser utilizadas pelas
populações humanas para a classificação destas paisagens de acordo com as suas caraterísticas ou
potenciais usos. Entre estas plantas, algumas são utilizadas como indicadoras geobotânicas por estarem
relacionadas à presença de determinados minerais ou propriedades do solo. Este trabalho faz um
levantamento de espécies consideradas indicadores de diamantes no Brasil. A partir de ampla revisão
de literatura foram identificadas cinco espécies vegetais relacionadas com a ocorrência de diamantes no
país (Babarcenia sp., Vellozia sp., Lageonocarpus adamantinus, Schwartzia adamantium e Norante
guianensis). Destas, três foram analisadas quanto as suas distribuições e comparadas com os locais com
registro de ocorrência de diamantes no país. Existe uma sobreposição entre as áreas onde estas plantas
ocorrem e locais diamantíferos. É provável que as espécies de ocorrência mais restrita (L. adamantinus
e S. adamantium) são melhores indicadoras ambientais para a ocorrência de diamantes. Entretanto, com
os dados obtidos neste trabalho, apenas a ocorrência destas plantas não é suficiente como indicador da
presença de diamantes e são necessários outros estudos para a prospecção geológica de corpos
kimberlíticos e de gemas de diamantes em fontes secundárias onde estas espécies ocorrem para
confirmar esta correlação.
PALAVRAS-CHAVE: etnoecologia, etnopedologia, indicador geobotânico, conhecimento tradicional
ABSTRACT
Indicator plants are species adapted to determinate environments that can be used by human populations
to classify these environments. Among these plants, some are used as geobotanical indicators and are
related to the presence of certain minerals or soil properties. This work is a survey of species considered
indicators of diamond gems in Brazil. From literature review, five species of plants related to the
occurrence of diamonds in Brazil were identified (Babarcenia sp., Vellozia sp., Lageonocarpus
adamantinus, Schwartzia adamantium e Norante guianensis). Of three of these species their distribution
were analyzed and compared with diamond areas in Brazil. We found an overlap between the areas
where these plants grown and diamond sites. We believe that more restricted species (L. adamantinus e
S. adamantium) are better environmental indicator for the occurrence of diamond. However, with the
data used in this work, we can´t say that just the occurrence of these plants is sufficient as an indicator
of the presence of diamonds. Further field studies are needed with geological prospecting of kimberlite
bodies and diamond gems in secondary sources where these plants occur to confirm this correlation.
KEYWORDS: ethnoecology, ethnopedology, geobotany indicator, traditional knowledge
INTRODUÇÃO
As espécies vegetais evoluíram nos mais diversos tipos de ambiente, adaptando-se às características
locais (LEIMU e FISCHER, 2008). Altitude, características do solo (como textura, disponibilidade
hídrica, nutrientes e pH), atmosfera, pluviosidade, umidade relativa do ar, temperatura, polinizadores,
dispersores, luminosidade e fotoperíodo podem ser alguns dos fatores limitantes ao desenvolvimento
dos vegetais nestes diferentes ambientes (GUREVITICH et al., 2009). Modelos biogeográficos tentam
explicar a distribuição de cada espécie em função destas diversas variáveis. Desta forma, a ocorrência
de determinadas espécies pode estar associada a algumas destas características limitantes, fazendo
destas plantas potenciais indicadoras da paisagem. Cabe, entretanto, ao ser humano aprender a observar
e identificar tais espécies bioindicadoras de acordo com suas necessidades e especificidades.
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Indicadores geobotânicos são plantas com ocorrência limitada, associada ou com diagnose foliar
visual de toxidez ou deficiência de nutrientes, relacionadas a condições específicas das propriedades
geológicas dos ecossistemas, como a presença e acúmulo de determinados elementos no solo,
distribuição de rochas no terreno, profundidade e perfil do solo, presença de corpos de água
subterrâneos, áreas halófitas, depósitos minerais, entre outros (MARTIN e GOUGHTREY, 1982;
ALLABY, 2020).
Desde o século XVII, a espécie Silene suecica (Lodd.) Greuter & Burdet. (Caryophyllaceae),
conhecida como planta-pirita, é associada à ocorrência de minas de cobre na Escandinávia, o que
atualmente compreende-se que ocorre devido a sua tolerância a níveis tóxicos neste minério (NORDAL
et al., 1999). Na África, Ocimum centraliafricanum R.E.Fr., conhecida localmente como copper plant,
também é associada a áreas com cobre (BROOKS, 1992). Cannon (1971) lista 122 espécies indicadoras
de reservas de minério (indicadoras geobotânicas) em todo o mundo e Brooks (1979) analisa 85 espécies
plantas consideradas indicadoras de diversos minerais (Al, Co, Cu, Au, Fe, Mg, Ni, Bo, Se, Ag, U, Zn),
e observa que, entre elas, as famílias Caryophyllaceae, Fabaceae e Lamiaceae são as mais frequentes.
No Brasil, é comum o uso de plantas ruderais como indicadoras da fertilidade do solo por agricultores
(LORENZI, 2008; PRIMAVESI, 2017). Entre os povos indígenas, Posey (1986) descreve como os
Kayapó classificam os diferentes tipos de ambientes que ocupam a partir da ocorrência de diferentes
espécies de plantas indicadoras de paisagens.
Recentemente, Haggerty (2015) comprovou que a espécie Pandanus candelabrum P. Beauv
(Pandanaceae) ocorre exclusivamente em áreas com afloramento de diamantes na África Ocidental
(Libéria), conforme o conhecimento tradicional previa. O autor descobriu que sua ocorrência é restrita
às localidades com afloramento de chaminés de kimberlito, uma formação geológica proveniente de
rochas magmáticas sob alta temperatura e pressão e que ocasionalmente forma diamantes (JEANSEN e
SHEAHAN, 1995; NIXON, 1995; MITCHELL, 2008). Estes kimberlitos podem ser ricos em diferentes
minerais, como mica, calcita, diopsídio e apatita (BULANOVA, 1995; GRIFFIN e RYAN, 1995), o que
pode gerar um solo de composição e fertilidade especifica contribuindo para o estabelecimento de uma
vegetação adaptada a estas condições ambientais.
A associação entre P. candelabrum e as chaminés de kimberlito foi relacionada da seguinte forma:
devido às formações tubulares encontradas no kimberlito ocorre um aumento da capacidade de retenção
d’água, tornando-o mais argiloso do que os horizontes adjacentes; as raízes de P. candelabrum penetram
nessas chaminés para se fixar; durante o crescimento de P. candelabrum as raízes absorvem
seletivamente íons de Mg, K, P e diminuem a concentração de Fe; e durante o crescimento das raízes
desta espécie ocorre a elevação de rochas ígneas (e.g. ilmenita: mineral de magnetismo fraco [FetiO3])
e eventualmente pequenos diamantes (KLAPPA, 1980; HAGGERTY, 2015). Esta associação está
auxiliando os governos dos países da África Ocidental na localização de depósitos de diamantes
(HAND, 2015).
No Brasil, país com áreas de exploração de diamante conhecidas desde o século XVIII associado a
uma atividade de mineração artesanal, tem-se registrado relatos sobre espécies vegetais relacionadas à
ocorrência desta pedra preciosa (SPIX e MARTIUS, 1824; CORREA, 1984; SILVA JUNIOR, 2005;
PECKOLT e PECKOLT, 2007). Entretanto, a falta de um levantamento sistemático das espécies
vegetais relacionadas à ocorrência de diamantes no Brasil dificulta a produção de estudos que procurem
confirmar esta correlação.
Desta forma, este trabalho tem como objetivo realizar um levantamento das espécies de plantas
relatadas como indicadoras de diamantes no Brasil a fim de fornecer subsídios para futuros estudos que
relacionem as possíveis espécies candidatas com variáveis geológicas.
MATERIAL E MÉTODOS
As espécies vegetais indicadoras de diamantes no Brasil foram levantadas a partir de extensa revisão
de literatura em livros, periódicos e teses. Foram utilizadas as seguintes bases de dados de literatura
científica: Scopus (https://www.scopus.com), Google Scholar (http://scholar.google.com.br), Scielo:
(http://www.scielo.org), Periódicos da capes (http://www.periodicos.capes.gov.br) para a combinação
das palavras “diamantes”, “Brasil”, “plantas bioindicadoras”, “plantas geobotânica” e “plantas
indicadoras”, sem limitação por ano por ano de publicação.
As espécies identificadas tiveram o seu nome atualizado de acordo com a APG IV na Flora do Brasil
2020 (2020) e trópicos (2019) e foram realizadas buscas especificas nas bases de dados já citadas com
o nome válido e sinônimos para identificação de outros usos e descrição morfológica.
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A distribuição e áreas de ocorrência destas espécies foram conferidas a partir das bases de dados do
Herbário Virtual (INCT, 2020), CNCFlora (2018, 2020), trópicos (2019) e Flora do Brasil 2020 (2020)
e comparado com regiões de ocorrência de diamantes no Brasil, a partir dos mapas e documentos
elaborados pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e de outras fontes consultadas.
RESULTADOS
Ocorrência de diamantes no Brasil
O Brasil possui registros da exploração de diamantes desde o início do século XVIII, quando foram
descobertos depósitos na região de Diamantina no estado de Minas Gerais. Até o século XIX o país
figurava entre os maiores produtores mundiais, quando foram descobertas jazidas na África do Sul
(SVISERO e CHIEREGATI, 1991; VALE, 2003; COSTA e LUZ, 2005). Ao longo dos séculos foram
encontrados depósitos de diamante em diversas regiões do Brasil, desde o Sul do país em Tibaji, no
estado do Paraná; Itararé e Patrocínio Paulista em São Paulo; Alto Parnaíba e região Central de Minas
Gerais; Aragarças e Piranhas em Goiás; Barra dos Garças, Chapada dos Guimarães, Aripuanã e Juína
no Mato Grosso; Coxim no Mato Grosso do Sul; Chapada Diamantina na Bahia; Gilbués no Piauí;
Imperatriz no Maranhão; Marabá no Pará; Oeste de Rondônia, além de localidades menores no Amapá
e Roraima; com destaque para os estados de Minas Gerais, com 71% das reservas oficiais Brasileiras, e
Mato Grosso com 85% da produção nacional (SVISERO e CHIEREGATI, 1991; VALE, 2003; LIMA,
2016; CABRAL NETO et al., 2017; NANNINI et al., 2017) (Figura 1). O projeto Diamantes do Brasil,
do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), concluído em 2017, mapeou 804 ocorrências de diamantes,
142 garimpos, 42 campos e 1.344 corpos kimberlíticos no país (SILVEIRA et al., 2018).
Figura 1 mapa de ocorrência de diamantes no Brasil (Fonte: SILVEIRA et al., 2018).
Espécies vegetais indicadores de diamante no Brasil
Segundo a literatura consultada, foram identificadas cinco espécies vegetais relacionadas pelas
populações locais com áreas de ocorrência de diamantes no Brasil, duas pertencentes à família
Velloziaceae, uma pertencente à família Cyperaceae (Lagenocarpus adamantinus) e duas à família
Marcgraviaceae (Schwartzia adamantium e Norantea guianensis). As duas espécies de Velloziaceae
(Babarcenia Vand. e Vellozia Vand.), foram mencionadas por Spix e Martius (1824) e não foram
analisadas quanto a sua distribuição, já que os autores não determinaram as espécies e há pelo menos
89 espécies destes gêneros que ocorrem na região de Diamantina descrita pelos autores (INCT, 2020).
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Lagenocarpus adamantinus Nees (Cyperaceae)
Nome popular: capim-dos-diamantes, brilhante, capim-brilhante, capim-diamante, tiririca-dos-
diamantes.
Descrição e ocorrência: Erva terrícola ou rupícola, perene, de 70 cm a 1,1 m de altura, formando
pequenas touceiras laxas, endêmica de campos rupestres do Cerrado no estado de Minas Gerais, com
ocorrências registradas apenas na região de Diamantina e na Serra do Cipó (Figuras 2a e 2b). Ocorre
sobre afloramentos quártzicos como colonizadora primária (ALVES et al, 2009). Por ocupar uma área
restrita, é classificada como Vulnerável (VU) (FLORA DO BRASIL, 2020; CNCFlora, 2018). É crença
popular que vegeta de preferência nos terrenos diamantíferos do estado de Minas Gerais na região de
Diamantina (CORREA, 1982; PECKOLT e PEKCOLT, 2006).
Figura 2ª (esquerda): Coletas de Lagenocarpus adamantinus Nees (Cyperaceae) no Brasil. Fonte: (INCT, 2020).
Figura 2b (direita): Ocorrência e distribuição de Lagenocarpus adamantinus Nees (Cyperaceae) no Brasil (CNCFlora, 2018).
Schwartzia adamantium (Cambess.) Bedell ex Gir.-Cañas (Marcgraviaceae).
Nome local: agarra-pé, mel-de-arara, pau-de-papagaio.
Descrição e ocorrência: É um arbusto ou pequena árvore de até quatro metros de altura, caule tortuoso,
geralmente com raízes adventícias, subcaducifólia ou caducifólia, terrícola, folhas simples, alterno-
espiraladas, subsésseis e glabras, nativa do Brasil e endêmica do Cerrado, com ocorrência em vegetação
de campos rupestres, cerrado (Strictu sensu) e florestas ciliares em terrenos rochosos a mais de 900
metros de altitude (FLORA DO BRASIL, 2020, 2020). Possui 212 registros de coletas no Brasil (Figura
3) (INCT, 2020). Silva Junior (2005) relata que esta é uma espécie considerada indicadora de áreas com
diamante na Chapada dos Veadeiros. Através de sua dispersão (Figura 3), é possível observar que ela
ocorre em municípios da região da Chapada Diamantina, no estado da Bahia, Cristalina, Pirenópolis e
Alto Paraíso, em Goiás e Diamantina em Minas Gerais, locais onde historicamente foi realizada
exploração de diamantes e cristais.
Figura 3: Ocorrência e distribuição de Schwartzia adamantium (Cambess.) Bedell ex Gir.-Cañas (Marcgraviaceae) no Brasil
(INCT, 2020).
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Norantea guianensis Aubl. (Marcgraviaceae)
Nome local: flor-de-papagaio, planta-dos-diamantes, parreira-da-pedra, rabo-de-arara.
Descrição e ocorrência: Arbustiva volúvel com ramos horizontais a decumbentes, emitindo raízes
avermelhadas ao longo do caule, hemiepífita, folhas obovais com base cuneada e ápice retuso,
inflorescência em racemos terminais multiflorais com ocorrência desde o Suriname até o Brasil Central
e Bolívia, com maior frequência na região amazônica, além de Caatinga e Cerrado em vegetação de
campos rupestres, floresta ciliar, floresta de terra firme, savana amazônica e áreas de canga aberta
(afloramento ferrífero) (TROPICOS, 2020; FLORA DO BRASIL, 2020, 2020). É uma espécie com
ampla distribuição no Brasil e 446 coletas registradas (Figura 4) (INCT, 2020).
Correa (1982) e Silva Junior (2005) dizem que ela vegeta em terras áridas, às vezes diamantíferas,
e por isso, o povo considera-a indicadora, sobretudo na Chapada dos Veadeiros. Entretanto, observamos
que sua distribuição é muito mais ampla do que as áreas diamantíferas, ao comparar com as áreas com
registro de ocorrência de diamantes no Brasil (Fig. 1).
Figura 4: Ocorrência e distribuição de Norantea guianensis Aubl. (Marcgraviaceae) no Brasil (INCT, 2020).
DISCUSSÃO
Nenhumas das três espécies estudadas haviam sido citadas nos trabalhos mais completos
relacionados anteriormente (CANNON, 1971; BROOKS, 1979) e tampouco pertencem às famílias mais
frequentes (Lamiaceae, Fabaceae, Caryophyllaceae) apontadas por Brooks (1979) como geoindicadoras.
As Velloziaceae (Barbacenia sp. e Vellozia sp.) relatadas por Spix e Martius (1824) também não haviam
sido consideradas nestes trabalhos.
Os nomes científicos (válidos e sinônimos) das espécies podem carregar diversos significados
atribuídos por seus autores. L. adamantinus e S. adamantium têm epíteto específico referente a diamante,
que poderia ser relacionado tanto a região onde são encontradas (Diamantina na Serra do Espinhaço,
estado de Minas Gerais) ou a sua relação com a ocorrência de diamante. Nas obras de referência onde
foram publicadas as descrições destas espécies é feita relação apenas à região de ocorrência (SAINT
HILAIRE, 1825; MARTIUS, 1842). Em pesquisa na Flora do Brasil 2020 (2020), é possível encontrar
outras espécies vegetais nativas do Brasil com epíteto semelhante (Camponanesia adamantium, Croton
adamantinus, Hyptis adamantium, Koanophyllon adamantium, Lavoisiera adamantium, Lepidaploa
adamantium e Senecio adamantinus), todas com coletas significativas na região de Diamantina, sendo
que destas C. adamantinus e S. adamantinus possuem apenas um registro de coleta cada, ambos na
região de Diamantina (INCT, 2020).
Enquanto L. adamantinus tem distribuição mais restrita, ocorrendo apenas em uma pequena extensão
de área onda há registro de ocorrência de diamantes, S. adamantium tem distribuição mais ampla, mas
também sobreposta a regiões diamantíferas. Norantea guianesnsis, entretanto, tem a distribuição mais
ampla, com registros em outras regiões do país não diamantíferas (INCT, 2020; TROPICOS, 2020). A
distribuição mais restrita de algumas espécies pode ser um bom indicativo daquelas com maior potencial
de indicador geobotânico, uma vez que essa distribuição restrita pode estar relacionada com variáveis
geológicas locais.
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Morfologicamente, nenhuma das três espécies possui raízes escoras ou superficiais como P.
candelabrum, que Haggerty (2015) relaciona com o soerguimento de gemas de diamante da superfície
do solo.
Além dos fatores ambientais e ecológicos, outras questões podem estar envolvidas com a distribuição
destas plantas, como o seu manejo e outras atividades antrópicas conforme sugerem Levis et al. (2017)
para espécies arbóreas hiperdominantes na região amazônica, e Baléé (1989, 2013) para formações
florestais amazônicas. Entretanto, não foram encontrados registros de uso por populações humanas para
as três espécies estudadas nas referências consultadas, ainda que as plantas da família
Marckgravariaceae (N. guianensis e S. adamatinum) tenham grande potencial ornamental, podendo, por
isso, eventualmente ser cultivadas ou manejadas de alguma forma.
É interessante observar que no Brasil a exploração de diamantes foi feita historicamente de forma
artesanal em fontes secundárias, na superfície do solo ou em aluvião (mineração em rios) (VALE, 2003;
COSTA e LUZ, 2005), de modo que a maior parte das pedras garimpadas é proveniente de rochas
desgastadas e podem ter sido arrastadas por longa distância da rocha matriz (MARSHALL e BAXTER-
BROWN, 1995) e, desta forma, o relato de garimpo de diamantes em determinada região no Brasil pode
não ser necessariamente um indicativo da existência de chaminés de kimberlito e outros minerais
associados na área.
É possível que outros indicadores geológicos sejam utilizados por garimpeiros para a identificação
de áreas com diamantes como a ocorrência de cascalhos diamantíferos (CABRAL NETO et al., 2017).
Esta hipótese pode ser válida e deve ser testada em outros estudos, pois no garimpo se dedica a maior
parte do tempo analisando justamente as rochas. Em vídeos disponíveis na Internet são apresentados
diferentes tipos de cascalho associados à presença de gemas, usualmente com nomes relacionados a sua
forma, como feijão, figo/fígado-de-galinha, chiclete mascado e amendoim, ou a sua composição como
quartzo, ferragem, cristal e hematita. A etnopedologia, área das etnociências que estuda a relação entre
sociedades e solos (ALVES, 2005; ARAÚJO et al., 2013), pode contribuir com este trabalho a partir da
identificação dos diferentes tipos de solo e rochas e seus potenciais de uso pelas populações locais.
Haggerty (2015) observou in loco o adensamento de P. candelabrum em áreas sobre chaminés de
kimberlito já prospectadas e conhecidas na Libéria, o que não pode ser feito neste estudo que os mapas
de distribuição das plantas neste trabalho foram realizados a partir de coletas conhecidas destas espécies,
sem a confirmação de ocorrência de kimberlitos nestes mesmos locais.
Apesar da comparação realizada entre as áreas de ocorrência das plantas estudadas e das áreas com
registro de diamantes no Brasil, este estudo possui limitações quanto à precisão dos dados geográficos
utilizados. O garimpo de diamantes ocorre em locais restritos e não em toda a extensão dos municípios
listados pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), e pela escala do mapa disponibilizado e utilizado
(SILVEIRA et al., 2018) é impossível precisar os pontos exatos onde foram realizados estes registros
de diamantes para aproximar dos locais onde as plantas foram coletadas, sendo que as chaminés de
kimberlito possuem no máximo poucas centenas de largura (NIXON, 1995). Ao mesmo tempo não são
todas as plantas coletadas, registradas e utilizadas neste trabalho que possuem localização precisa de sua
ocorrência, podendo ter sua localização ajustada para a sede do município na ausência desta informação
(INCT, 2020), dificultando a elaboração de mapas mais precisos. Também é necessário reconhecer que
o mapa do CPRM utilizado indica apenas os locais onde já há a ocorrência de diamantes confirmada e
não outros locais onde também poderiam ocorrer (SILVEIRA et al., 2018).
Para o aprimoramento da discussão deste trabalho seria interessante entrevistar garimpeiros na região
de ocorrência destas plantas e em locais tradicionais de garimpo. Entretanto, tanto a caracterização da
atividade do garimpo artesanal como ilegal quanto à discrição do garimpeiro com o local do garimpo
ou das técnicas desenvolvidas para evitar possíveis concorrentes, dificultariam esta abordagem.
CONCLUSÕES
Foram encontradas cinco espécies vegetais nativas do Brasil relacionadas à ocorrência de diamantes
no país nas referências consultadas, das quais apenas três foram identificadas até espécie. Apesar da
distribuição destas três plantas sobreporem áreas diamantíferas, não é possível afirmar que apenas sua
ocorrência é suficiente como indicadora de áreas diamantíferas e seriam necessários estudos de campo
para confirmar esta correlação. É provável que as espécies de distribuição mais restrita sejam melhores
indicadoras geobotânicas do que aquelas de ampla distribuição. Trabalhos de biogeografia a partir de
um maior número de amostras coletadas, mais variáveis ambientais analisadas, associada a estudos de
prospecção de minerais no Brasil devem contribuir no futuro para esta discussão.
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos aos revisores que leram este manuscrito e fizeram valiosas sugestões para a sua melhora.
REFERÊNCIAS
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... No território brasileiro, seus exemplares ocorrem com maior incidência no Cerrado e em áreas primárias e secundárias da Caatinga e Amazônia (LEHN; ALVES; DAMASCENO JUNIOR, 2008). Uma curiosidade sobre a espécie é que sua presença é comum em regiões de extração de diamantes, sendo atribuído à planta a fama de espécie indicadora de diamantes (PIRES; PIERANGELI, 2011;TOMCHINSKY;SIQUEIRA, 2020). ...
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O uso de plantas medicinais vem se tornando cada vez mais importante no quesito econômico e muito valorizado em países em desenvolvimento para atender demandas da área terapêutica. A família Marcgraviaceae possui espécies com relevância medicinal, como o potencial terapêutico antifúngico, antiviral e ação sobre o sistema nervoso central. As plantas do gênero Norantea, que ocorrem na América Central, América do Sul e Índia Ocidental, como os exemplares das espécies N. guianensis, N. brasiliensis e N. adamantium, são promissoras para o desenvolvimento de produtos terapêuticos, tanto para uso animal como humano. Portanto, a presente revisão de literatura foi desenvolvida através da consulta em bases de dados virtuais: Scielo, Google Acadêmico, PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde, utilizando os descritores “Norantea (Schwartzia - sinônimo), aspectos botânicos, constituintes químicos, uso terapêutico”, em inglês, espanhol e português, para buscar artigos na íntegra e publicados nos mesmos idiomas. Foram identificados ao total 181 artigos no período de 2002 a 2022, sendo selecionados, após a leitura dos resumos, o total de 52 artigos para compor o trabalho. O levantamento mostrou a relação da ocorrência de poucos estudos sobre as espécies, que ressaltavam os constituintes químicos e seu uso terapêutico, assim, foi visto que as plantas possuem potencial antiviral contra o vírus da dengue, ação antifúngica contra Chalara paradoxa e para a espécie N. guianensis foi verificado o potencial de ação do extrato das folhas para os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS ou SSRI) na fenda sináptica. Outras espécies da família demonstram ação sobre o receptor GABAA, em função da presença da betulina (triterpeno), referindo-se assim, ao potencial para o desenvolvimento de investigações com a Norantea sp., que possuem, de forma predominante, compostos fenólicos, antraquinonas, flavonoides e triterpenos, compostos que estão relacionados com a atividade biológica proporcionada pelas espécies. Palavras-chave: Triterpenos. Inibição de Serotonina. Ação Antifúngica. Abstract The use of medicinal plants has become increasingly important in terms of economics and is highly valued in developing countries to meet the therapeutic area demands. The Marcgraviaceae family has species with medicinal relevance, such as antifungal and antiviral therapeutic potential and action on the central nervous system. Plants of the genus Norantea, which occur in Central America, South America and Western India, such as N. guianensis, N. brasiliensis and N. adamantium, are promising for the therapeutic products development for both animal and human use. Therefore, the present literature review was developed through search in virtual databases: Scielo, Google Scholar, PubMed and Virtual Health Library, using the descriptors “Norantea (Schwartzia - synonym), botanical aspects, chemical constituents, therapeutic use”, in English, Spanish and Portuguese, to search for articles in full and published in the same languages. A total of 181 articles were identified in the period from 2002 to 2022, and after reading the abstracts, a total of 52 articles were selected to compose the paper. The survey showed the relationship of the occurrence of few studies on the species, which highlighted the chemical constituents and their therapeutic use, thus, it was seen that the plants have antiviral potential against the dengue virus, antifungal action against Chalara paradoxa and for the species N. guianensis the action potential of the leaf extract for selective serotonin reuptake inhibitors (SSRI or SSRI) in the synaptic cleft. Other species demonstrate action on the GABAA receptor, due to the presence of betulin (triterpene), thus referring to the potential for the development of investigations with Norantea sp., which have predominantly phenolic compounds, anthraquinones, flavonoids and triterpenes, compounds that are related to the biological activity provided by the species. Keywords: Triterpenes. Serotonin Inhibition. Antifungal Action.
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Past human influences on Amazonian forest The marks of prehistoric human societies on tropical forests can still be detected today. Levis et al. performed a basin-wide comparison of plant distributions, archaeological sites, and environmental data. Plants domesticated by pre-Columbian peoples are much more likely to be dominant in Amazonian forests than other species. Furthermore, forests close to archaeological sites often have a higher abundance and richness of domesticated species. Thus, modern-day Amazonian tree communities across the basin remain largely structured by historical human use. Science , this issue p. 925
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Diamond-bearing kimberlite dikes (fissures) are present in the deeply eroded Man Shield of West Africa. Small kimberlite pipes, generally less than 1 hectare in area, are known in Guinea, Sierra Leone, and Liberia. Exploration for larger bodies has been severely hampered by thick tropical vegetation, and the lack of distinct geophysical contrasts between weathered kimberlite and the nonresponsive nature of country-rock granites and granodioritic gneisses. Following several years of intense exploration in the highly active artisanal diamond district of northwestern Liberia (which was a major source of alluvial "blood diamonds") by several large companies and the present study, we report that an elusive diamond-bearing kimberlite pipe has finally been located. A bonus to the pipe location is that an unusual botanical indicator, Pandanus candelabrum, is now recognized exclusively on the pipe and not in eluvium covering the adjacent kimberlite dikes. Plants (Lychnis alpina) have been widely used since medieval times for copper in Sweden, and with Haumaniastrum katangese, more recently in Africa. Other plants have evolved to physiologically stabilize heavy metals (U, Pb, Zn, Ni, Cr, Ba, Pb, Zn) in leaves and bark. Termite hills have been used in diamond exploration for kimberlitic indicator minerals (ilmenite, chromite, garnet, pyroxene) in Botswana, the United States, and Australia, but the identification of Pandanus candelabrum, with stilt-like aerial roots, is the first plant to be described that has a marked affinity for kimberlite pipes. This could dramatically change the exploration dynamics for diamonds in West Africa, as geobotanical mapping and sampling is cost-effective in tough terrain.
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Kimberlites occur on every continent and the total number of known primary host rock occurrences is generally accepted as 5000, of which 500 are diamondiferous, 50 have been or are being mined and 15 are large active mines. Clifford's Rule is shown to be valid in that economic kimberlites occur only on Archons, i.e. cratonic regions underlain by Archaean basement, whereas economic lamproites occur on some Protons, i.e. Proterozoic mobile belts adjacent to Archons. These Archons are distributed world wide in twelve potentially diamond producing regions which occur on seven continents. Three of these twelve regions, i.e. North America, Europe and Antarctica do not have any diamond mines, although significant primary diamond deposits have been found on the first two which will probably be mined in the next decade.
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Muchas sociedades campesinas e indígenas han desarrollado sus propias estrategias en el uso de suelos, con escasa o ninguna influencia de los organismos oficiales de investigación o comunicación rural. Las técnicas de manejo utilizadas por estas sociedades están predominantemente basadas en sistemas de conocimiento local. La etnoedafología se dedica a estudiar las interfases entre la especie humana, los suelos y otros componentes de los ecosistemas. La mayoría de estos estudios están relacionados con la agricultura, prestando poca atención a otras formas de uso. En este artículo, las relaciones entre la especie humana y los suelos son discutidas desde una perspectiva etnoedafológica, poniendo énfasis en su utilización en prácticas no-agricolas, principalmente en la alfarería. En un nivel mundial, se ha demostrado la importáncia de los sistemas locales de conocimiento de los suelos y materiales minerales, no solamente con respecto a la agricultura, sino también a otros dominios del comportamiento humano, tales como la artesanía, la pesca, el tratamiento de enfermedades, la construcción de viviendas, la minería, la pintura corporal ritual, la producción de sal, la geofagia y otros. La gran diversidad de prácticas y conocimientos sobre el suelo entre las poblaciones rurales debe ser considerada e incorporada a los estudios edafológicos, en una perspectiva interdisciplinaria. La investigación etnoedafológica en distintos ambientes puede contribuir al desarrollo de la ciencia formal, asi como a la comprensión y valoración adecuada del saber local sobre suelos.
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The role of indicator plants in geobotanical methods of mineral exploration is reviewed. Some 85 species are discussed and a critical examination is made of their probable role in indicating the presence of aluminum boron, cobalt, copper, gold, iron, lead, manganese, nickel, selenium, silver, uranium and zinc. The efficacy of some of the historical plant indicators is questioned and reviewed in the light of more recent findings. It is observed that over a third of all indicator plants belongs to the families Caryophyllaceae (pink family), Labiatae (mint family) and Leguminosae (pea family).
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This article summarises data on the formation of commercial-sized diamonds (macrodiamonds) from kimberlitic rocks. A brief review of previous work and ideas is presented, together with new studies on the growth of diamonds from Yakutian kimberlites. A new approach to deciphering the origin of diamond is presented, involving the collation of all primary genetic information collected from large single crystals. The main primary features of diamond that have been studied are inclusion paragenesis, internal morphology, mechanism of growth and the evolution of the growth environment. The differences in the growth history of the peridotitic and eclogitic suites of diamonds from kimberlites is in agreement with data about the differences between diamonds from mantle eclogites and peridotites. Evidence for the primary nature of zoning within diamond as revealed by IR-microscopy and CL-data, the reasons for it, and the evolution of the morphology of diamond crystals during their growth are discussed. From the internal structure it is argued that single crystalline diamonds were formed in a free (fluid) environment by tangential, layer by layer, growth mechanisms. They crystallised within the mantle from a slightly supersaturated solution of carbon in a sulphide-silicate melt (fluid). Most diamonds nucleated heterogeneously on mineral seeds that could lower the energy barrier to nucleation of monocrystals. All of the mineral species that have been identified in the genetic centres of diamonds (sulphide + native iron + wustite + monocrystalline graphite) may have acted as seeds and/or catalysts for the process of diamond nucleation. This assemblage indicates that redox conditions of diamond formation corresponded to the Fe-FeO buffer. It is concluded that the formation of diamond monocrystals of both eclogitic and peridotitic parageneses took place during early igneous events within the mantle. Temperature generally decreased slightly during the process of diamond growth. However, some peridotitic diamonds reveal a very complicated history of growth and dissolution, indicative of large scale changes in the growth environment within the mantle. It is concluded that diamonds in kimberlitic rocks originated from a variety of mantle rock source environments.
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Early recognition and rejection of uneconomic prospects is essential to an economically rational diamond exploration program. Some powerful new techniques for prospect evaluation have been developed by the CSIRO, based on the trace-element capabilities of the proton microprobe. On the larger scale, these techniques also can contribute to the process of area selection.The nickel content of chrome-pyrope garnet equilibrated with mantle olivine increases with temperature. This “Ni thermometer” can be used to measure the distribution of equilibration temperatures (Tni) in garnet concentrates from exploration targets such as kimberlites and lamproites. A “Cr barometer”, based on the partitioning of Cr between garnet and orthopyroxene in equilibrium with chromite, gives a minimum estimate of pressure (Pcr)for each grain. By combining Tni and Pcr, the position of the local paleogeotherm can be derived from garnet concentrates, and the depth of origin of each garnet grain is determined by referral of its Tni to the derived geotherm. The depth to the base of the lithosphere can be derived from plots of Y content vs. Tni, and the “diamond window” is defined as the range of Tni between the intersection of the geotherm with the diamondgraphite equilibrium curve and the base of the lithosphere. Areas with elevated geotherms are inherently less prospective for diamonds, since the geotherm enters the diamond stability field only within the deepest part of the lithosphere, or not at all.Diamond-rich pipes contain a large proportion of garnets with Tni in the diamond window, while diamond-poor pipes typically contain a high proportion of garnets with lower Tni, reflecting greater sampling of mantle within the graphite field. Many poorly diamondiferous and barren pipes also contain abundant garnets with high Zr, Ti and Y contents, reflecting metasomatic processes in the mantle. A combined measure (Γ) of Tni distribution, rock type proportions and metasomatism in garnet concentrates shows a strong correlation with diamond grade.Combined major- and trace-element data for chromite macrocrysts define distinct spinel populations typical of kimberlites (Group I vs. Group II) and lamproites. These populations can be used to recognize the source rocks of chromites found in exploration, and to distinguish xenocryst and phenocryst spinels. The Zn content of chromites equilibrated with olivine is strongly temperature-dependent, and this “Zn thermometer” divides xenocryst spinels from kimberlites and lamproites into those derived from the diamond stability field and those from shallower, barren levels of the mantle. The Cr-Tzn distribution in chromite concentrates is a useful adjunct to the garnet geotherm, because it shows the T range over which garnet and chromite can coexist; it also provides an independent, if rough, guide to the position of the geotherm. Trace levels ( > 6 ppm) of Zr and Nb occur in many chromites from kimberlites, lamproites and ultramafic lamprophyres, but are essentially absent in chromites of similar major-element chemistry from greenstone terranes and ophiolites.Combined major- and trace-element data on ilmenite macrocrysts in kimberlites and lamproites show smooth trends that can be explained by fractional crystallization from single magma chambers. Suites from different kimberlites in the same area commonly are distinct from one another, and this feature can be used to inventory drainages.
Geobotanical exploration: a dictionary of ecology. Encyclopedia
  • M Allaby
ALLABY, M. Geobotanical exploration: a dictionary of ecology. Encyclopedia. 2020. Disponível em: <https://www.encyclopedia.com>. Acessado em: 04 jan 2020.
Plantas Raras do Brasil
  • M Alves
  • A C Araújo
  • F Vitta
  • Cyperaceae
ALVES, M; ARAÚJO, A. C. VITTA, F. Cyperaceae. In: Giulietti, A. M. et al. (Org.). Plantas Raras do Brasil. Belo Horizonte: Conservação Internacional;