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SEGURANÇA VIÁRIA NO ÂMBITO DO CICLOTURISMO
Victor Hugo Souza de Abreu
Marina Leite de Barros Baltar
Andrea Souza Santos
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE)
RESUMO
O cicloturismo, ou bicicloturismo, é um nicho de mercado turístico com potencial de crescimento significativo.
Entretanto, para que sejam atraídos cada vez mais turistas interessados em participar dessa atividade é importante
realizar estudos científicos e investimentos públicos e privados em segurança viária. Nesse sentido, este artigo tem
como objetivo identificar pesquisas que tratam da segurança no âmbito do cicloturismo, por meio de análises
bibliométricas e sistemáticas. Os resultados indicam, por exemplo, que o assunto é atual e continua em expansão.
Além disso, nota-se que é possível separar os estudos incluídos no repositório de pesquisa quanto ao contexto da
atividade turística, quanto ao contexto da segurança, quanto a fonte de obtenção dos dados e quanto a região em
análise. Este estudo indica ainda possíveis soluções para melhorar a segurança viária como investimentos em
infraestrutura, programas de conscientização e treinamento e desenvolvimento de leis como capacete obrigatório
para ciclistas e de limites de velocidade para veículos motorizados.
ABSTRACT
Cycle tourism, or bicycle tourism, is a niche in the tourism market with significant growth potential. However, in
order to attract more and more tourists interested in participating in this activity, it is important to carry out
scientific studies and public and private investments in road safety. Thus, this paper aims to identify research that
deal with safety in the context of cycle tourism, through bibliometric and systematic analysis. The results indicate,
for example, that the subject is current and continues to expand. In addition, it is noted that it is possible to separate
the studies included in the research repository when it comes to the context of tourist activity, as to the context of
security, as to the source of data collection and the region under analysis. This study also indicates possible
solutions to improve road safety such as investments in infrastructure, awareness and training programs and the
development of laws such as mandatory helmets for cyclists and speed limits for motor vehicles.
1. INTRODUCÃO
O cicloturismo, ou bicicloturismo, refere-se ao turismo que envolve assistir ou participar de um
evento de ciclismo ou participar de passeios de bicicleta independentes ou organizados (Ritchie,
1998; Ritchie et al., 2010), na qual o ciclismo é parte significativa da experiência turística. O
cicloturismo é um nicho de mercado turístico com potencial de crescimento significativo
(Lamont, 2009; Pucher et al. 2010; Ritchie et al., 2010) que tem recebido atenção crescente
para o planejamento e gerenciamento sustentáveis do turismo (Lee, 2014).
O cicloturismo impacta positivamente no desenvolvimento sustentável porque alia saúde e
bem-estar (Pucher et al., 2010; Ritchie et al., 2010; Lee, 2014; Dobson, 2015), é econômico
(Cavallari, 2012), favorece o desenvolvimento local (Faulks et al., 2007; Koch, 2013; Beanland,
2013), impacta menos o meio ambiente do que o transporte motorizado, em termo de emissão
de poluentes e consumo de combustível, por exemplo, (Chang & Chang, 2005; Lindsay et al.,
2010) e permite o contato com novas culturas (Pucher et al., 2010), atraindo cada vez mais
adeptos e despertando o interesse de governos e de empreendedores (Pucher et al., 2010).
Um destino de cicloturismo é composto por diferentes atributos que são cruciais para a
determinação do nível de satisfação do turista (Lee, 2014). Nesse sentido, um dos principais
atributos para essa satisfação é a segurança quanto a possíveis acidentes (Lamont & Causley,
2010; Lee, 2014; Yeh et al., 2019). A segurança é um tema recorrente na literatura sobre
cicloturismo, com vários estudos anteriores identificando a segurança pessoal como uma
consideração importante nos processos de seleção de destinos turísticos (Ritchie, 1998; Thull
& de Spa, 2001; Lamont, 2008; Lumsdon e Peeters, 2009). Isso porque qualquer ameaça à
segurança dos turistas acarreta uma diminuição ou total ausência de atividade. Atrelado a isso,
os visitantes estrangeiros têm maior probabilidade de se machucarem do que os residentes e
turistas domésticos, devido a questão de desconhecimento dos ambientes marítimos e
rodoviários dos países de destino (Wilks &Watson, 1998; Wilks, 1999; Bentley et al., 2006).
Nesse sentido, são necessárias emendas políticas, juntamente com o investimento em
infraestrutura apropriada e segura (como ciclovias e estacionamento de bicicletas) e a
implementação de estratégias tais como programas de treinamento e educação de trânsito
destinadas a posicionar o ciclismo como um meio de transporte culturalmente aceito para
facilitar o crescimento do cicloturismo (Pucher et al., 2010; Lamont & Buultjens. 2011).
Entretanto, na literatura científica, há uma escassez de estudos que tratam da segurança de
atividades de aventura em um contexto turístico, o que é surpreendente, dado o potencial de
danos à indústria do turismo em função de eventos negativos, como como lesões e fatalidades
em turistas (Bentley et al., 2001; 2006). Assim, surge a seguinte questão: qual é o estado atual
de pesquisas que averiguam a segurança, quanto a possíveis acidentes, no âmbito do
cicloturismo?
Portanto, este trabalho tem como objetivo apresentar um apanhado geral de estudos aplicáveis
ao tema, por meio de revisão da literatura com abordagens bibliométricas e sistemáticas, que
utiliza criteriosos filtros de inclusão e qualificação de estudos. Destaca-se as buscas englobam
as bases de dados Web of Science e Scopus, de modo a obter uma maior quantidade de estudos
condizentes com os objetivos dessa pesquisa. Ambas as bases possuem cobertura e abrangência
satisfatórias.
Como objetivos específicos, buscou-se estudar, através de análises bibliométricas, os artigos
incluídos no repositório de pesquisa por ano, periódico, país e números de citações e, através
de análises sistemáticas, quanto ao contexto da atividade turística, quanto ao contexto da
segurança, quanto a fonte de obtenção dos dados e quanto a região em análise. Além disso, são
apresentadas algumas ações que podem ser tomadas como base para aumentar a segurança no
do cicloturismo.
Para alcançar seus objetivos, este estudo está estruturado da seguinte forma. A Seção 1
apresenta a contextualização do assunto, o problema e os objetivos da pesquisa. A Seção 2
apresenta e descreve o procedimento metodológico. As Seção 3 e 4 apresentam e discute os
resultados da pesquisa por meio de análises bibliométricas e sistemáticas, respectivamente.
Finalmente, a Seção 5 contém as considerações finais.
2. PROCEDIMENTO MEDODOLÓGICO
O procedimento metodológico deste artigo adota abordagens bibliométricas e sistemáticas para
identificação dos principais estudos sobre a segurança no âmbito do cicloturismo. As fases de
desenvolvimento dessa revisão estão identificadas na Figura 1. Nela, nota-se que essas fases
foram divididas em três: (i) entrada; (ii) processamento; e (iii) saída, sendo cada uma delas
essencial no processo de obtenção de resultados qualificados em termo de qualidade e
aplicabilidade. Durante a revisão sistemática, fontes que suportam a presença do problema sob
investigação devem ser utilizadas (Barnes, 2005). Essa atividade permite ao pesquisador
fornecer um forte argumento relacionado à necessidade do estudo, bem como o ponto em que
a literatura se encaixa no objetivo estipulado (Levy e Ellis, 2006).
Figura 1: Fases da Revisão Sistemática.
Fonte: Baseado em Levy e Elis (2006).
Cabe ressaltar que os termos de busca mais adequados foram definidos por meio de uma
pesquisa preliminar nas fontes primárias. A seleção desses termos pode influenciar nos
resultados da busca, sendo, então, uma atividade crucial. Portanto, os termos utilizados, em
como os detalhes para a busca e extração do banco de dados, são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1: Descrição das Estratégias de Buscas.
Critério
Web of Science
Scopus
Tópico
TS= (safety AND “*cycle* tour*”)
safety AND “*cycle* tour*”
Indexes
SCI-EXPANDED, SSCI, A&HCI, CPCI-
S, CPCI-SSH, ESCI
-
Número de Resultados
Encontrados
6
15
Data da Procura
16 de março de 2020, as 22h00min
20 de março de 2020, as 17h00min
Salienta-se que embora ao todo as bases tenham fornecido 21 estudos, conforme pode ser
identificado na Tabela 1, cinco deles encontravam-se duplicados. Dessa forma, o repositório de
pesquisa consistiu-se inicialmente em 16 artigos. Entretanto, busca-se também definir e aplicar
os critérios de inclusão e qualificação (qualidade e aplicabilidade) dos artigos, necessários para
a boa condução da pesquisa, conforme pode ser identificado na Tabela 2. A partir da busca
realizada nos bancos de dados Web of Science e Scopus e aplicação dos critérios de inclusão e
qualificação (qualidade e aplicabilidade), foi possível verificar que apenas 13 publicações
estavam aptas a serem incluídas do repositório de pesquisa.
Tabela 2: Descrição dos Critérios de Inclusão e Qualificação.
Critério
Descrição
Inclusão
(I) Tempo de cobertura: todos os anos da base de dados (1945 – 2020); (II) Enquadramento com o
objetivo proposto; (III) Fator de impacto do periódico; e (IV) Tipos de documentos: somente artigos.
Qualificação
(I) A pesquisa apresenta uma revisão bibliográfica bem fundamentada? (II) O estudo apresenta
inovação técnica? (III) As contribuições são discutidas? (IV) As limitações são explicitamente
declaradas? e (V) Os resultados e conclusões são consistentes com os objetivos pré-estabelecidos?
Como limitação, menciona-se que o estudo utilizou dois bancos de dados (Web of Science e
Scopus), não considerando publicações contidas em outras bases de dados como Science Direct
e Scielo. Além disso, é importante destacar que os termos de busca podem influenciar nos
resultados, portanto, os artigos incluídos no repositório de pesquisa são limitados pelo banco
de dados e os termos de busca utilizados.
3. ANÁLISES BIBLIOMÉTRICAS
Essa seção tem como objetivo apresentar e discutir os resultados obtidos através de análises
bibliométricas realizadas no repositório de pesquisa que englobaram abordagens quanto ao ano,
periódico, país e números de citações.
3.1. Publicações por Ano
A Figura 2 mostra a evolução das publicações sobre o tema ao longo dos anos. Isso permite
avaliar se o assunto está defasado ou se continua em expansão, como oportunidades de estudos.
Nela, verifica-se que a primeira publicação foi registrada em 2000, dado que demonstra que o
assunto é atual. Além disso, o assunto continua em expansão e a curva acumulada representa o
interesse crescente sobre o tema ao longo dos anos. Destaca-se que, embora a curva acumulada
geralmente cresça ou permaneça a mesma, com o passar dos anos, sua angulação representa um
maior ou menor crescimento dessas publicações.
Figura 2: Publicações por Ano.
3.2. Publicações por Periódico
Torna-se também pertinente avaliar os artigos por periódico de publicação, de modo a
identificar quais são as revistas que se interessam pelo assunto, bem como o fator de impacto
de cada uma delas. Isso permite que pesquisadores direcionem seus esforços de publicação para
periódicos que se interessam diretamente pelo assunto estudado, evitando perder tempo
desnecessário de submissão em revistas não tratam do assunto averiguado e, que,
consequentemente, rejeitariam a publicação. Nesse sentido, a Tabela 3 apresenta os periódicos
ordenados por número de publicações sobre o assunto (primeiro critério) e fator de impacto
(segundo critério). Destaca-se que P (Publicações) refere-se a porcentagem de artigos
publicados no periódico sobre a área de interesse investigada e FI (Fator de Impacto) avalia a
importância de periódicos científicos em suas respectivas áreas. Os valores apresentados na
Coluna FI correspondem ao ano de 2018.
Tabela 3: Publicações por Periódico.
Periódicos
P (%)
FI
International Journal of Environmental Research and Public Health
13
2,468
ITE Journal (Institute of Transportation Engineers)
13
0,180
Safety Science
7
4,350
Journal of Travel Medicine
7
4,155
0
2
4
6
8
10
12
14
2000 2001 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2016 2019
Periódicos
P (%)
FI
Current Issues In Tourism
7
3,395
Tourism Geographies
7
2,747
Annals of Leisure Research
7
1,600
International Journal of Event and Festival Management
7
1,600
Amfiteatru Economic
7
1,238
Transportation Research Procedia
7
1,200
Hawaii medical Journal
7
*
Nota: (*) FI não encontrado.
Na Tabela 3, nota-se que os periódicos que mais abordam sobre o assunto são: International
Journal of Environmental Research and Public Health e ITE Journal (Institute of
Transportation Engineers), com 13% das publicações cada. Além disso, nota-se que ao ordenar
os periódicos por fator de impacto, foi possível identificar que os mais relevantes são: Safety
Science, Journal of Travel Medicine e Current Issues In Tourism, todos com fator de impacto
acima de três.
3.3. Publicações por País
Também se considera pertinente avaliar quais são os países de origem das instituições de ensino
dos autores que mais desenvolvem artigos relevantes sobre o assunto, ou seja, trata-se de uma
identificação da origem/base de trabalho dos pesquisadores. Isso permite mostrar quais são os
países que mais se interessam sobre a temática, bem como demonstrar carência de
investimentos em outros. Dessa forma, os países que apresentam publicações incluídas no
repositório de pesquisa se encontram identificados na Figura 3.
Figura 3: Publicações por País.
Pela Figura 3, nota-se que os países que mais publicam estudos sobre o assunto são: Austrália
e Estados Unidos, que juntos publicaram cerca de 40% das publicações sobre o assunto.
Salienta-se ainda que os seguintes países apresentaram pelo menos uma publicação diretamente
relacionada ao tema: Nova Zelândia, Reino Unido, Taiwan, China, Coreia do Sul, Romênia e
Sérvia.
Destaca-se que embora fosse pertinente desenvolver uma rede de intercomunicação entre
países, verifica-se que apenas um estudo faz essa interconexão que é Bentley et al. (2001)
desenvolvidos por pesquisadores de instituições de ensino localizadas na Nova Zelândia
(Centre for Occupational Human Factors and Ergonomics e Department of Human Resource
Management, Massey University-Palmerston North, mais especificamente) e no Reino Unido
(Department of Marketing, University Stirling, mais especificamente).
3.4. Publicações por Citações
Também é pertinente analisar os artigos com maior número de citações, como mostra a Tabela
4, que apresenta os estudos ordenados por número de citações. Isso permite verificar quais são
os artigos mais relevantes sobre uma determinada temática. Na Tabela 4, C (Citações) refere-
se ao quantitativo de artigos que mencionam o artigo analisado na base de dados de obtenção
do estudo e MCA (Média de Citações por Ano) refere-se ao valor médio obtido pelo número
de citações totais dividido pelos anos decorrentes desde sua publicação.
Tabela 4: Ordenação dos Estudos por Número de Citações.
Referência
C
MCA
Bentley et al. (2001)
39
2,17
Fullagar & Pavlidis (2012)
20
2,86
Bentley et al. (2006)
18
0,95
Lee (2014)
12
2,40
Lamont & Buultjens
(2011)
7
0,88
Ho et al. (2009)
4
0,40
Lamont & Causley (2010)
2
0,22
Bogdanović et al. (2016)
1
0,33
Kang et al. (2019)
0
-
Mionel & Mionel (2016)
0
-
Falconi (2013a)
0
-
Falconi (2013b)
0
-
Yeh et al. (2019)
0
-
A partir da avaliação da Tabela 4, é possível verificar que os artigos com maior número de
citações são: Bentley et al. (2001), com 39 citações; Fullagar & Pavlidis (2012), com 20
citações; e Bentley et al. (2006), com 18 publicações. Além disso, ao considerar o número
médio de citações por ano, os artigos em destaque são: Fullagar & Pavlidis (2012), Lee (2014)
e Bentley et al. (2001), respectivamente.
4. ANÁLISES SISTEMÁTICAS
Essa seção tem como objetivo apresentar e discutir os resultados, obtidos através de análises
sistemáticas realizadas no repositório de pesquisa, que englobaram a distinção das publicações
quanto ao contexto da atividade turística, quanto ao contexto da segurança, quanto a fonte de
obtenção dos dados e quanto a região em análise. Além disso, são indicadas algumas estratégias
de melhoria da segurança no contexto do cicloturismo.
4.1.Contexto da atividade turística
Considera-se pertinente analisar o contexto da atividade turística em que os artigos incluídos
no repositório estão inseridos, conforme exposto na Figura 4. Isso porque nem todos os estudos
tratam do cicloturismo, ou bicicloturismo, em um contexto mais específico. Alguns deles tratam
de um contexto mais geral, denominado de turismo de aventura, cujo atrativo principal é a
prática de atividades de aventura de carácter recreativo, em que o cicloturismo se encaixa como
uma das principais atividades. Destaca-se, entretanto, que embora tenham sido incluídos artigos
que abordavam um contexto mais geral, era estritamente necessário que estas pesquisas
discutissem e apresentassem resultados especificamente para o cicloturismo, foco principal
desse estudo. Cabe ainda salientar que embora no presente artigo o termo cicloturismo seja
utilizado como sinônimo de bicicloturismo, optou-se por separá-los nessa seção para que seja
verificado qual dos dois termos é o mais utilizado na literatura.
Figura 4: Publicações quanto ao contexto da atividade turística.
Com a Figura 4, nota-se que em relação a um contexto mais específico 54% tratam do
cicloturismo e 31% tratam do bicicloturismo, ou seja, 85% dos estudos abordam sobre o
cicloturismo/bicicloturismo, sendo que o termo mais utilizado é cicloturismo. Identifica-se
ainda que 15% dos estudos tratam de um contexto mais geral, denominado turismo de aventura.
Bentley et al. (2001) e Bentley et al. (2006), por exemplo, ao identificarem que lesões e
fatalidades entre os participantes de atividades de turismo de aventura têm o potencial de
impactar seriamente a indústria de turismo, buscaram determinar a incidência de lesões de
turistas em vários setores dessas atividades. Os resultados indicam ainda que as maiores taxas
de incidência de lesões foram encontradas para atividades que envolviam o risco de cair de um
veículo ou animal em movimento, atividades essas que o cicloturismo se encaixa.
4.2.Contexto da segurança
Da mesma forma que se considera interessante analisar o contexto da atividade turística,
também se considera pertinente verificar o contexto relacionado a segurança viária. Isso porque
também foram incluídos, no repositório, artigos que tinham a segurança como um dos atributos
de qualidade do serviço oferecido pelos operadores. Nesse sentido, a Figura 5 distingue o
contexto quanto a segurança viária em importância principal ou secundária.
Figura 5: Publicações quanto ao contexto da segurança.
Pela Figura 5, nota-se de 62% dos artigos não tiveram a segurança como único atributo de
qualidade em análise. Entretanto, muitos desses estudos verificaram que esse padrão é o mais
importante atributo a ser considerado no aumento da demanda pelo cicloturismo. Lee (2014),
por exemplo, avalia 28 atributos de satisfação, extraídos da literatura e aperfeiçoados por um
painel de especialistas. Utilizando uma análise fatorial exploratória, constatou-se que os
atributos de satisfação denominados 'prestação de serviços de segurança' e 'prestação de
serviços de sinalização' foram considerados os contribuintes mais importantes para a satisfação
geral.
15%
31%
54%
Turismo de Aventura
Bicicloturismo
Cicloturismo
38%
62%
Principal
Secundária
De maneira complementar, Lamont & Causley (2010) constataram que a saúde e a segurança
pessoal dos ciclistas constituem-se de um dos principais atributos de qualidade, podendo ser
comprometidas pelo fornecimento de informações imprecisas publicadas em mapas e
sinalização. Nessa mesma direção, Yeh et al. (2019) realizaram uma análise fatorial
exploratória para extrair a percepção da qualidade ambiental dos ciclistas em cinco fatores
principais, incluindo segurança, instalações de iluminação, projeto de faixas, paisagem e
limpeza do ambiente. Os resultados mostraram que os projetos de melhoria na infraestrutura
aumentaram o número pretendido de viagens e os benefícios recreativos dos ciclistas.
4.3.Fonte de obtenção dos dados
Outra análise importante consiste na identificação da fonte de obtenção dos dados, conforme
exposto na Figura 6. Isso porque diferentes partes interessadas podem ter visões da qualidade
do cicloturismo no âmbito da segurança viária. Com a Figura 6, nota-se que a obtenção de dados
provenientes de entrevistas com os ciclistas representa 57% das publicações, enquanto a
obtenção de dados de prestadores de serviços representa 22% das publicações.
Figura 6: Publicações quanto a fonte de obtenção dos dados.
Lamont & Buultjens (2011), por exemplo, indicam que o planejamento estratégico requer um
bom conhecimento das necessidades dos ciclistas. De maneira ainda mais específica, Fullagar
& Pavlidis (2012) buscaram desenvolver uma compreensão de gênero da experiência das
mulheres em um evento de cicloturismo. Os dados qualitativos são analisados através da
estrutura conceitual do feminismo pós-estrutural. Sendo assim, é notório que uma avaliação da
qualidade por parte da demanda (entrevistas com ciclistas) é a melhor estratégia de obtenção de
dados. Isso porque dados obtidos de operadores, por exemplo, podem ser tendenciosos ou
subestimados (Bentley et al., 2001; 2006), atrapalhando assim o diagnóstico da situação.
Entretanto, também há possibilidade que sejam analisados dados mais fiéis a realidade por meio
de hospitais, por exemplo, como na investigação realizada por Ho et al. (2009) que buscaram
analisar os dados dos prontuários eletrônico de todos os pacientes traumatizados do Centro
Médico da Rainha (Queen's Medical Center – QMC, em inglês) no Havaí.
4.4.Região em análise
Considera-se ainda pertinente verificar os artigos por país em análise. Essa estratégia permite
identificar a região de abrangência que cada artigo utiliza para analisar a segurança no âmbito
do cicloturismo. Nesse sentido, a Tabela 5 apresenta as regiões analisadas pelos artigos
incluídos no repositório de pesquisa.
Tabela 5: Divisão dos Estudos por país em análise.
Referência
País
Bentley et al. (2000)
Nova Zelândia
Bentley et al. (2006)
Nova Zelândia
22%
7%
7%
57%
7%
Prestadores de Serviços
Plano Espacial Regional
Centro Médico
Ciclistas
Dados Históriicos e Geográficos
Referência
País
Ho et al. (2009)
Havaí
Lamont & Causley (2010)
Austrália
Lamont & Buultjens (2011)
Austrália
Fullagar & Pavlidis (2012)
Austrália
Falconi (2013a)
Estados Unidos
Falconi (2013b)
Estados Unidos
Lee (2014)
Taiwan
Bogdanović et al. (2016)
Sérvia
Mionel & Mionel (2016)
Romênia
Kang et al. (2019)
Coreia do Sul
Yeh et al. (2019)
Taiwan
Com a Tabela 5, nota-se que os países com maior número de investigações sobre o assunto
foram Austrália, com três estudos e Nova Zelândia, Estados Unidos e Taiwan, com duas
investigações cada. Salienta-se que os resultados aqui obtidos se distinguem dos obtidos pela
Figura 3 (que apresenta os países de origem das instituições de ensino dos autores que mais
desenvolvem artigos relevantes). Isso porque, embora pesquisadores geralmente analisem
problemas de países de sua instituição, pode ser que eles tenham analisado problemas em outras
regiões. Isso pode ocorrer, por exemplo, em razão de uma maior necessidade de estudos sobre
uma região em específica. Lamont & Buultjens (2011), por exemplo, realizam estudos sobre o
cicloturismo na Austrália ao identificarem que poucas pesquisas sistemáticas examinaram a
eficácia do país para apoiar essa forma de turismo. Como outro exemplo tem-se Bogdanović et
al. (2016) que buscaram melhorar a situação socioeconômica em Danúbio-Sérvia, por meio da
construção de uma infraestrutura sustentável de cicloturismo como uma previsão para o
desenvolvimento do setor de turismo.
4.5. Estratégias para aumentar a segurança viária
Promover o cicloturismo e atrair ciclistas não é apenas uma questão de imprimir e distribuir
mapas de ciclovias e erguer sinalização direcional. Torna-se necessário que seja proposta uma
abordagem cooperativa entre as partes interessadas baseada no planejamento estratégico
(Lamont & Buultjens. 2011).
O nível de segurança percebido ao andar de bicicleta tem influência significativa na seleção de
destinos dos adeptos ao cicloturismo (Lamont, 2008; Lee, 2014). Pucher et al. (2010), por
exemplo, indicam, em sua revisão da literatura, que quase todas as cidades que adotam pacotes
abrangentes de intervenções, tais como provisão de infraestrutura apropriada e segura,
programas eficientes pró-bicicleta com treinamento e educação de trânsito e legislação de
transito e políticas públicas efetivas, experimentaram grandes aumentos no número de viagens
de bicicleta.
Talvez os tipos mais comuns de intervenção sejam aqueles que visam segregar, parcialmente
ou totalmente, ciclistas de veículos motorizados (Lumsdon e Peeters, 2009; Pucher et al., 2010).
Lamont & Buultjens (2011), por exemplo, indicam que podem ser adotadas estratégias tais
como: (i) a utilização de amortecedores de separação para reduzir a possibilidade de os ciclistas
serem forçados a situações perigosas, decorrentes das condições da estrada; (ii) a instalação de
bermas de estrada (faixas longitudinais pavimentadas, contíguas e não destinadas ao uso de
automóveis senão em circunstâncias excecionais) adequadamente amplas e com largura
suficiente para segurança dos ciclistas; (iii) construção de redes de ciclismo que ofereçam aos
ciclistas uma segregação completa do tráfego de veículos.
Para aumentar a segurança também é necessário desenvolver um programa educacional
substancial para posicionar o ciclismo como um meio de transporte culturalmente aceito
(Pucher et al., 2010), que tem impacto positivo e direto na qualidade de vida nas cidades por
meio, por exemplo, da redução de emissões de poluentes e de consumo de combustível. Nesse
sentido, programas de educação em escolas podem conscientizar as crianças, bem como
modificar o comportamento dos adultos, através da identificação dos benefícios da adoção do
cicloturismo (Staunton et al., 2003; Pucher et al., 2010). Faz-se ainda necessário que os próprios
ciclistas sejam conscientizados a respeito das leis de trânsito, de modo a não se colocar em
perigo. Além disso, a conscientização de quais estradas podem ser consideradas perigosas para
o ciclismo também é uma questão relacionada à segurança dos ciclistas (Lamont & Causley,
2010).
Também é aconselhado que sejam desenvolvidas leis e políticas públicas que busquem
aumentar a segurança viária. A introdução de legislação e políticas públicas em prol da bicicleta
indicará um maior dever de atenção dos motoristas em relação aos ciclistas (Cyclists Touring
Club, 2004). As leis de trânsito podem afetar o ciclismo de diferentes maneiras. As leis sobre a
utilização de capacete para bicicletas, por exemplo, podem ajudar a prevenir lesões na cabeça
em quedas e colisões, embora seja necessário identificar se essa estratégia inibirá a realização
do cicloturismo (Clarke, 2006; Robinson, 2006). Pode-se ainda mencionar as leis sobre os
limites de velocidade para veículos motorizados. Essas leis afetam o ciclismo de duas maneiras:
(i) aumentando a velocidade do ciclismo em relação à velocidade de dirigir; e (ii) aumentando
a segurança do ciclismo (Pucher et al., 2010).
Por fim, aconselha-se que seja realizada uma avaliação da qualidade, no âmbito da segurança,
por parte da demanda (entrevistas com ciclistas, por exemplo) por se tratar da melhor estratégia
para indicação de pontos críticos que merecem atenção (Lamont & Buultjens, 2011; Fullagar
& Pavlidis, 2012). Isso porque são os cicloturistas quem estão em contato direto com a
atividade, sendo submetidos as condições da prestação de serviços de um operador ou órgão
público, por exemplo.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cicloturismo é um setor florescente da indústria global do turismo e expandiu-se nos últimos
anos como um importante nicho de mercado. Entretanto, é importante investir em segurança
viária para que cada vez mais adeptos façam uso dessa modalidade turística. Nesse sentido, este
trabalho teve como objetivo coletar, reunir e avaliar os principais estudos relevantes sobre a
segurança no âmbito do cicloturismo e realizar análises bibliométricas e sistemáticas sobre o
assunto.
Os resultados bibliométricos mostram, por exemplo, que a primeira publicação sobre o assunto
foi registrada no ano de 2000 e que o assunto continua em expansão. Nota-se ainda que
periódicos com elevado fator de impacto publicaram estudos sobre o assunto, como o Safety
Science, o Journal of Travel Medicine e o Current Issues In Tourism, e que os países que mais
desenvolvem estudos são: Austrália e Estados Unidos, que juntos desenvolveram cerca de 40%
das publicações.
Além disso, com as análises sistemáticas nota-se que é possível separar os estudos incluídos no
repositório de pesquisa quanto ao contexto da atividade turística, quanto ao contexto da
segurança, quanto a fonte de obtenção dos dados e quanto a região em análise. Quanto a essas
análises, identifica-se que 85% dos estudos abordam sobre o cicloturismo/bicicloturismo em
um contexto mais específico (com destaque para o termo cicloturismo), que 62% dos artigos
não tiveram a segurança como único atributo de qualidade em análise, que a obtenção de dados
provenientes de entrevistas com os ciclistas representa 57% das publicações e que os países
mais investigados foram Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Taiwan.
Este estudo indica ainda possíveis soluções que podem ser adotadas pelos tomadores de decisão
de transporte para melhorar a segurança viária como investimentos em infraestrutura,
programas de conscientização e treinamento e desenvolvimento de leis como capacete
obrigatório para ciclistas e de limites de velocidade para veículos motorizados.
Entretanto, cabe mencionar ainda que as palavras-chaves vinculando segurança e cicloturismo
podem ter limitado o espaço amostral. Dessa forma, como proposta para trabalhos futuros,
acredita-se que uma alternativa seria levantar o estado da arte acerca da segurança viária do
transporte cicloviário e, a partir deste levantamento, afunilar para trabalhos que possam ser
correlacionados com o cicloturismo.
Agradecimento
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
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Av. Horácio Macedo, 2030, 101 – Cidade Universitária – Rio de Janeiro, RJ, Brasil