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visto serem ferramentas fundamentais no avan-
ço cientico, tecnológico e social. Esses pros-
sionais desempenham um papel imprescindível
no que tange à preservação digital como recur-
so primordial na gestão estratégica, tática e ope-
racional.
As políticas de preservação envolvem
muitos desaos a m de manterem os arquivos
como fonte conável de pesquisa. Nessa pers-
pectiva, o Archivemática e o ICA-AtoM (AtoM)
constituem-se em ambiente de preservação e
acesso. Esse ambiente contempla ambos, di-
vidindo-se em Plataforma de Repositório Ar-
quivístico e Plataforma de Descrição, Acesso
e Difusão. Nesse âmbito, o Conselho Nacional
de Arquivos (Conarq) publicou a Resolução nº
43/2015 e a Orientação Técnica nº 03/2015,
que denem estes ambientes de preservação
e acesso. Nesse sentido, este artigo terá como
tema esses dois softwares Archivemática e o
ICA-AtoM (AtoM) e a relação dos mesmos com
a preservação e o acesso. Nesse sentido, este
artigo tem como tema esses dois softwares.
O patrimônio arquivístico digital precisa
ser protegido contra os perigos de desapareci-
mento e da perda de conabilidade, sendo, nes-
se caso, a preservação elemento fundamental,
que garante a manutenção do documento digital
de forma íntegra e autêntica.
DESCRIÇÃO DE AMBIENTE DE PRESER-
VAÇÃO E ACESSO
A preservação e o acesso são assuntos
em debate em face de inovação tecnológica e
o acesso ao documento arquivístico enquanto
patrimônio fundamental para a memória institu-
cional, administrativa e social, relevantes para a
comprovação e testemunho das atividades, as-
sim como para o estudo da história.
Rousseau e Couture (1998) dispõem que
as funções arquivísticas são a criação, a ava-
liação, a aquisição, a classicação, a descrição,
a difusão e a conservação. Essas funções ar-
quivísticas possibilitam a organização, recupe-
ração, disponibilização e acesso ao patrimônio
documental arquivístico. Essas funções são
aplicáveis tanto para documento em suporte em
papel quanto para documento digital.
No caso da temática em questão, a des-
crição é a atividade que visa à elaboração dos
instrumentos de pesquisa a m de permitir a
localização e os assuntos dos conjuntos docu-
mentais, por meio da análise dos documentos.
A difusão/comunicação, por sua vez, visa
à divulgação dos arquivos, efetuando a aproxi-
mação com os usuários. Rockembach (2015,
p. 100) dispõe que “é umas das nalidades da
existência dos arquivos, mas esta difusão so-
mente pode ser exercida se as demais funções
arquivísticas podem ser executadas de forma
eciente”. A conservação/preservação, por sua
vez, tem relação com os processos que visam
manter os acervos arquivísticos íntegros sica-
mente para futuras consultas. Com o documen-
to digital, essa função tem de ser pensada já na
produção, pois as mídias são mais vulneráveis e
frágeis.
Segundo Pinto (2014, p. 50),
A preservação começa desde logo na
concepção e implementação da platafor-
ma tecnológica na qual será produzida,
organizada, armazenada e difundida a
informação, nomeadamente no softwa-
re utilizado, nos formatos adotados, na
recolha, na fase e momento próprio, da
meta-informação administrativa, técnica,
estrutural, descritiva ou de preservação
que permita a sua futura referenciação
e o desencadear das diferentes estraté-
gias de preservação que agirão sobre as
diferentes dimensões, seja a bidimensio-
nalidade do documento analógico, seja a
pluridimensionalidade do “objeto” digital.
Um papel que não poderá ser imputado a
“informáticos”, mas que convoca perma-
nentemente parcerias entre o gestor da
informação e os diferentes atores, infor-
máticos incluídos.
Nesse ínterim, o acesso aos documentos
de arquivo é um tema presente nas organiza-
ções, pois promove a tomada de decisão, a ga-
rantia dos direitos e dos deveres das instituições
e dos cidadãos, por meio do acesso autêntico,
seguro e ecaz dos documentos arquivísticos.
Essa disponibilidade dos conjuntos documentais
para pesquisa em todas as suas fases pressu-
põe o uso ativo dos conjuntos documentais e a
transparência administrativa. O Dicionário Brasi-
leiro de Terminologia Arquivística do ARQUIVO
NACIONAL (2005, p. 19) registra que o acesso
“é uma função arquivística destinada a tornar
acessíveis os documentos e a promover sua uti-
lização”. Esse dicionário ainda ressalta que é “a
Archivematica e ICA-AtoM (AtoM) como
plataformas do ambiente de preservação e
acesso de documentos arquivísticos
Os avanços da tecnologia da informação trouxeram mudanças à sociedade. No caso da
Arquivologia as transformações foram signicativas, a citar a mudança de paradigma do registro
das informações do suporte tradicional (papel) para o digital. Nesse caso, os documentos arquivís-
ticos digitais apresentaram características diferentes por serem complexos e especícos, visto sua
produção, gestão, preservação e acesso. A fragilidade e degradação física dos suportes digitais,
obsolescência do
software
e do
hardware
são elementos que podem prejudicar o acesso, difusão
e pesquisa dos usuários nas instituições arquivísticas. Consequentemente, é necessário pensar
em alternativas que garantam a preservação e acesso autêntico aos documentos arquivísticos digi-
tais, pois esses provam, testemunham e informam sobre uma organização e/ou sociedade. Nesse
sentido, apresentar-se-á o Archivematica e o ICA-AtoM (AtoM) como plataforma de preservação e
acesso em uma cadeia de custódia de documentos arquivísticos, preconizando que, ademais das
entidades custodiadoras, é fundamental que esta mesma cadeia de custódia contemple os siste-
mas informatizados arquivísticos de gestão, preservação e acesso em um andar ininterrupto, sob
pena de não se poder garantir a autenticidade desses registros.
Palavras-chave: Documento arquivístico digital; Preservação digital; Acesso; e Arquivologia.
Daniel Flores, Doutor em Documentação pela
USal - Universidad de Salamanca/España
Graziella Cé, Mestre em Patrimônio Cultural
linha Patrimônio Documental Arquivístico pela
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
RESUMO
INTRODUÇÃO
A tecnologia da informação transformou
e transforma a vida das pessoas por meio da
utilização de mídias digitais com acesso a Inter-
net em celulares, tabletes, computadores, entre
outros. Um acontecimento que ocorre no Brasil,
por exemplo, uma nova descoberta tecnológica
é de conhecimento na França, Alemanha, entre
outros países. No que tange à Arquivologia, a
informática inuenciou diretamente e ativamente
na construção dos conceitos e da aplicabilidade
nas organizações, inclusive por meio da produ-
ção de documentos digitais.
No Brasil, legislações do governo federal
incentivam o uso do Processo Eletrônico Nacio-
nal (PEN), por meio da utilização do Sistema
Eletrônico de Informações (SEI) em qualquer
órgão e/ou entidade pública, mediante assina-
tura de Acordo de Cooperação Técnica. Na Uni-
versidade Federal de Santa Maria a Comissão
de Estudos para Gestão, Preservação e Acesso
aos Documentos Arquivísticos Digitais (Gedai)
desenvolvem ações com objetivo de estabele-
cer um programa para a gestão de documen-
tos arquivísticos digitais, não digitais e híbridos.
As organizações estão utilizando os documen-
tos digitais em suas atividades, pois estes pro-
movem melhorias nos processos administra-
tivos, assim como proporcionam ganhos de
produtividades e redução de custos e facilitam
o acesso e a disseminação das informações.
A nova realidade exige uma atuação ativa
e novas perspectivas, com o desenvolvimento
de políticas de preservação digital, através da
criação de equipes multidisciplinares, composta
por arquivistas e prossionais da informática e
outros prossionais. Isso ocorre devido à cres-
cente demanda por tecnologias da informação,.
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• documentação e implementação de polí-
ticas de acesso (identicação e autentica-
ção de usuários), em conformidade com
os acordos estabelecidos entre o reposi-
tório e o produtor/depositante – essas po-
líticas de acesso podem variar, desde a
isenção da necessidade de identicação
de usuário até o controle rígido da identi-
cação e autenticação do usuário;
• registro de falhas de controle de acesso
(como, por exemplo, um acesso indevida-
mente negado) e uso desse registro para
avaliar eventuais falhas no sistema de se-
gurança;
• demonstração de que o processo que
gera o DIP atende completamente à re-
quisição do usuário (ex.: se o usuário pe-
diu um conjunto de documentos, recebe-
rá o conjunto completo; se ele pediu um
documento, receberá apenas esse único
documento);
• demonstração de que o processo que
gera o DIP está correto em relação ao pe-
dido do usuário (ex.: se o repositório ofe-
rece imagens nos formatos JPG e PNG,
o usuário deve receber, dentre esses, o
formato que solicitou);
• demonstração de que todos os pedidos
de acesso resultam em uma resposta de
aceitação ou rejeição; e
• garantia da autenticidade dos DIPs, por
meio da entrega de cópias autênticas dos
originais ou da viabilidade de rastreamen-
to auditável da relação entre o DIP e o
objeto original – para isso, um repositório
deve ser capaz de demonstrar o processo
de construção do DIP a partir de um AIP.
Para Gracio (2012, p. 61), “[...] a preser-
vação a longo prazo é a forma de manter um
objeto digital autêntico e acessível por tempo su-
ciente para atender às necessidades dos usuá-
rios.”
A Orientação Técnica n° 03, de novem-
bro de 2015 do Conarq (2015b) apresenta os
cenários de possibilidades de um Repositório
Arquivístico Digital Conável integrado a um
Sistema Informatizado de Gestão Arquivística
de Documentos (SIGAD). Segundo essa orien-
tação (2015), ressalta que o RDC-Arq gerencia
aspectos relativos ao armazenamento seguro e
à aplicação sistemática de estratégias de pre-
servação, ao passo que o SIGAD faz a gestão
arquivística dos documentos.
A apresentação dos cenários de uso
referente ao ciclo completo; nas idades cor-
rente e intermediária; na idade permanente. .
Figura 01: Modelo de negócio na idade per-
manente
Fonte: Conarq, 2015b
A referida orientação técnica apresen-
ta os cenários de uso do SIGAD considerando
as idades corrente, intermediária e permanen-
te. Dentro desses cenários podem existir espe-
cicações de sistema de negócios especícos
Quanto a idade permanente a gura 01 apre-
senta a representação do modelo de negócio
Nesse modelo, os documentos arquivís-
ticos digitais devem ser preservados por um
RDC-Arq, incluindo os procedimentos de arran-
jo, descrição e acesso. Todos os sistemas de
negócio estão conexos a esse repositório com
ambiente de preservação e acesso.
Nessa perspectiva apresentada pela
Orientação Normativa do Conarq, o SIGAD, ple-
no, contempla o sistema informatizado de gestão
arquivística que contempla todos os documen-
tos arquivísticos, incluindo todos os documentos
arquivísticos da Instituição. Ainda, a Orientação
em questão apresenta a possibilidade de desen-
volvimento do SIGAD de Negócio, ou seja, um
Sistema de Negócio que incorporou as funcio-
nalidades e requisitos do SIGAD e que, e des-
sa forma, contempla a cadeia de custódia dos
documentos arquivísticos digitais. Esse SIGAD
possibilidade de consulta a documentos e infor-
mações”.
A Open Archival Information System –
(OAIS) é um modelo de referência conceitual
para um sistema de arquivo desenvolvido pelo
Consultive Committtee for Space Data System,
cujo objetivo é preservar e manter o acesso in-
formacional a longo prazo, com a descrição do
repositório digital e as características que permi-
tem a preservação e o acesso dos documentos
digitais a longo prazo. Diante dessa conjuntura,
o uso de plataforma de preservação e acesso
constitui-se em base que garante a autenticida-
de e a dedignidade do documento arquivístico.
Nesse sentido, o aporte da legislação tor-
na-se essencial. A Resolução nº 43, de 04 de se-
tembro de 2015 do Conarq (2015a), estabelece
diretrizes para a implementação de repositórios
digitais conáveis para a transferência e recolhi-
mento de documentos arquivísticos digitais para
instituições arquivísticas dos órgãos e entidades
integrantes do Sistema Nacional de Arquivos -
(SINAR). Essa resolução estabelece e aprova
as diretrizes para a implementação de Repositó-
rios Arquivísticos Digitais Conáveis (RDC-Arq),
com vistas ao arquivamento e manutenção dos
documentos arquivísticos em suas fases cor-
rente, intermediária e permanente em forma-
to digital, e de forma a garantir a autenticidade
(identidade e integridade), a condencialidade,
a disponibilidade e a preservação desses docu-
mentos.
A manutenção em todo o ciclo de vida
da acessibilidade e a da autenticidade dos do-
cumentos digitais é elemento fundamental na
garantia do acesso à informação aos cidadãos
como forma de assegurar seus direitos. Nesse
âmbito, o uso de RDC-Arq é visto como solução
capaz de manter a preservação, autenticidade e
acesso a longo prazo dos documentos arquivís-
ticos digitais.
O Conarq (2015 a, p. 9) dispõe que “um
repositório arquivístico digital conável deve ser
capaz de atender aos procedimentos arquivísti-
cos em suas diferentes fases e aos requisitos de
um repositório digital conável”. E mais.
Um repositório digital para documentos
arquivísticos tem que ser capaz de or-
ganizar e recuperar os documentos, de
forma a manter a relação orgânica entre
eles. Nesse sentido, deve apoiar a orga-
nização hierárquica dos documentos digi-
tais, a partir de um plano de classicação
de documentos, e a descrição multinível,
de acordo com a norma internacional para
descrição arquivística (a “Norma Geral
Internacional de Descrição Arquivística –
(ISAD(G))” e a “Norma Brasileira de Des-
crição Arquivística – (NOBRADE)”). (CO-
NARQ, 2015a, p. 10).
Quanto ao ambiente de preservação, as
diretrizes do Conarq (2015a) dispõem que um
repositório deve atender a um conjunto de con-
dições que visam garantir a preservação a longo
prazo dos pacotes de informação para arqui-
vamento (archival information package – AIP).
Esses conjuntos fazem menção à utilização de
estratégias previstas no planejamento de pre-
servação, com o registro adequado nos metada-
dos de preservação; cuidados relativos ao arma-
zenamento no que tange a suporte, formatos e
previsão de necessidades de migração; preser-
vação do documento digital que está no reposi-
tório; monitoramento da integridade do AIP com
o registro de metadados de xidade e de logs de
checagem; por m, o registro de todas as ações
de preservação realizadas nos AIPs.
Quanto ao ambiente de acesso, as diretri-
zes do Conarq (2015a, p.17) dispõem que:
Todo repositório deve produzir pacotes de
disseminação de informação (DIP), aten-
dendo aos seguintes requisitos:
• divulgação, para a comunidade de usu-
ários, das opções disponíveis de acesso
aos documentos e de entrega dos mes-
mos;
• Implementação de uma política de regis-
tro dos acessos ocorridos que esteja de
acordo com as necessidades de controle
desses acessos, tanto da parte do reposi-
tório como dos produtores dos documen-
tos nele admitidos;
• concessão de acesso a cada AIP, para
os usuários autorizados e da forma de-
vida (ex.: autorização de “somente leitu-
ra”, ou acesso a um número limitado de
itens por período), em conformidade com
o acordo estabelecido entre o repositório
e o produtor/depositante;
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FLORES (2015) demonstra uma esque-
matização dos ambientes de gestão, de preser-
vação e de acesso, conforme gura 02. O autor
desmembra os Ambientes em três plataformas
(Gestão, Preservação e Acesso). Essa gura
representa as legislações e os softwares que
devem ser usados especicamente em cada
ambiente. Como o foco deste artigo constitui-se
na descrição dos ambientes de preservação e
acesso e difusão,são detalhados aspectos con-
cernentes aos mesmos. O primeiro é exempli-
cado com a utilização do software de preserva-
ção, a citar Archivematica e RODA; e o segundo
é exemplicado por meio da utilização do ICA-A-
toM (AtoM), ArchivistToolkit, ContentDM, Sepia-
DES, etc.
Nessa perspectiva, os conjuntos docu-
mentais de valor primário cam no ambiente
de SIGAD no arquivo corrente e intermediário,
abrangendo a fase de gestão documental (pro-
dução, tramitação, utilização e arquivamento
até sua destinação nal). No arquivo perma-
nente digital, corrente e intermediário para
documentos complexos e longas temporalidade
os conjuntos documentais são armazenados no
RDC-Arq, que, posteriormente por meio do pa-
cote DIP, disponibiliza-os para acesso e difusão.
Desta forma, o que se apresenta é um an-
dar de uma cadeia de custódia focada nos docu-
mentos arquivísticos digitais. É uma abordagem
ampliada da de Jenkinson (1922), quando apre-
sentou uma denição de uma cadeia de custódia
ininterrupta de documentos arquivísticos analó-
gicos, em papel, prevendo um andar do produ-
tor ao preservador. Hoje, com a complexidade
do documento digital, com as possibilidades de
adulteração de um documento arquivístico em
meio digital, precisamos, além dos custodiado-
res, desta lista ininterrupta e cronológica das
instituições produtoras e arquivísticas, precisa-
mos de um andar ininterrupto entre os sistemas
informatizados arquivísticos de gestão, preser-
vação e acesso, então, do SIGAD, ao RDC-Arq,
este último um ambiente que e se divide entre
as plataformas de preservação e a de acesso e
difusão.
CONCLUSÃO
Os documentos digitais trouxeram um
novo paradigma à Arquivologia, visto que a
preservação, acesso e difusão sofreram mo-
dicações, pois a autenticidade, integridade e
a conabilidade precisam ser mantidas e isso
deve ser feito por meio de ambientes autênticos,
conáveis, sem interrupção de uma cadeia de
custódia para estes documentos arquivísticos
digitais (do SIGAD ao RDC-Arq). A elaboração
de políticas arquivísticas de preservação do-
cumental pautada em base legal e técnica nas
instituições é uma institucionalização do direito
à memória e ao patrimônio cultural documental.
Essa política visa assegurar a preservação e o
acesso a longo prazo dos documentos digitais e
deve ser pensada conforme missão e visão das
organizações, devendo ser realizada a priori, ou
seja, antes do acúmulo documental.
Em documentos arquivísticos digitais, se
não garantimos a presunção de autenticidade
na gênese, na produção, não teremos docu-
mentos autênticos, e mais adiante, deveremos
autenticar, ou seja, elaborarmos declarações de
autenticidade, autenticações, algo menor que
documentos autênticos, como é preconizado na
Resolução n° 37 do CONARQ sobre a Presun-
ção de Autenticidade.
O uso de ferramentas tecnológicas, como
o ICA-AtoM (AtoM) e o Archivematica, possibilita
a ampliação e o alcance do potencial do arqui-
vo, abrangendo um maior número de usuários.
Pode ser considerada uma possibilidade de
ampliação do uso social do arquivo. Esses dois
softwares livres quando interconexos garantem
a autenticidade, oferecem um acesso e uma di-
fusão autenticada e referenciada ao repositório
arquivístico digital Archivematica, acesso a lon-
go prazo construindo-se em uma estratégia de
preservação e manutenção da cadeia de custó-
dia dos documentos arquivísticos.
O arcabouço teórico permite o conhe-
cimento do software ICA-AtoM (AtoM) e o
Archivematica em termos de aplicabilidade nas
instituições, apresentando novas possibilida-
des de manutenção de preservação, acesso e
de difusão de seus acervos, constituindo-se em
um passo efetivo e decisivo para a segurança e
acessibilidade dos arquivos.
Além dos custodiadores, precisa-se des-
ta lista ininterrupta e cronológica das instituições
produtoras e arquivísticas (do produtor ao pre-
servador), precisamos de um andar ininterrupto
entre os sistemas informatizados arquivísticos
de gestão, preservação e acesso, então, do
SIGAD, ao RDC-Arq, este último, um ambiente
que se divide entre as plataformas de preserva-
ção e a de acesso e difusão.
de Negócio, pode contemplar um único proces-
so de negócio, ou um único tipo documental, ou
vários, e assim cuidar da produção, da gestão, e
interoperar-se, interconectando-se diretamente
via uma linha ininterrupta com o RDC-Arq, as-
sim interoperando os Pacotes OAIS SIP para o
RDC-Arq gerar os Pacotes OAIS AIP de preser-
vação permanente e ainda derivar os Pacotes
OAIS DIP para o ICA-AtoM (AtoM), para a des-
crição, difusão e acesso em uma plataforma ar-
quivística normalizada, autenticada ao repositó-
rio arquivístico.
O acesso às informações contidas nos
documentos e/ou nos conjuntos documentais
nas instituições é de fundamental importância,
pois é uma ferramenta essencial na comprova-
ção das atividades desenvolvidas, na tomada
de decisão e na preservação da história e da
memória institucional.
No âmbito de preservação e acesso e
considerando a dedignidade e autenticidade
dos documentos arquivísticos digitais o Archi-
vemática e o ICA-AtoM (AtoM) apresentam-se
como uma solução no sentido de garantirem a
presunção de autenticidade dos conjuntos docu-
mentais.
Archivemática e ICA-AtoM (AtoM)
O Archivematica é um sistema de preser-
vação digital. Segundo FONTANA, et al. (2014,
p. 72) “Archivematica é um software livre para
criação de repositórios digitais, desenvolvido em
código aberto e com acesso ao código fonte”. É
uma ferramenta desenvolvida pela empresa Ar-
tefactual System. Ainda FONTANA, et al. (2014,
p. 72), dispõe que “este repositório foi projetado
para a preservação digital, o acesso de docu-
mentos ostensivos e à preservação em longo
prazo para acervos e coleções de objetos digi-
tais, baseado no modelo conceitual OAIS”.
Os repositórios arquivísticos digitais de-
vem contemplar estratégias de preservação,
visto que os documentos digitais apresentam
problemas relacionados à obsolescência tecno-
lógica de software, hardware e suporte. Esses
repositórios visam garantir à preservação docu-
mental a longo prazo. O repositório arquivístico
implementa um rol de microsserviços em seu
workow de tratamento dos Pacotes OAIS que
realiza uma sistemática de ações com vistas à
preservação digital, remove vírus, normaliza no-
mes dos arquivos, adiciona metadados, controla
a autenticidade, a xidez (registro da informação
em seu suporte), controla a forma xa, o conteú-
do estável, a variabilidade limitada, converte de
formatos proprietários para formatos abertos e
assim por diante.
Por sua vez, o ICA-AtoM (AtoM) é um
software arquivístico destinado à descrição ar-
quivística e baseado nas normas de descrição
do CIA. O “AtoM” é um acrônimo para “Acesso
à memória”, disponibilizando acesso ao público.
Consiste em um software livre de código fonte
aberto, desenvolvido pela empresa Artefactual
Systems.
O ICA-AtoM (AtoM), que é um software
que visa disponibilizar as descrições arquivís-
ticas online, promovendo o acesso e a difusão
dos conjuntos documentais.
O software de descrição ICA-AtoM (AtoM)
coaduna com a tendência e com a necessidade
de disponibilização de descrições arquivística,
aproximando as instituições arquivísticas dos
seus usuários.
O Archivemática e o ICA-AtoM (AtoM) são
softwares essenciais no auxílio à construção da
cidadania. A sua utilização deve ser incentivada
nas universidades, nos centros de pesquisa, nas
instituições arquivísticas, visto que são unidades
fomentadoras de conhecimento e se alinham a
uma política governamental que estimula a uti-
lização de software livre. Esses sistemas propi-
ciam às instituições arquivísticas, a transferência
de tecnologia, o empoderamento do setor, órgão
ou unidade no domínio e na implementação de
políticas de preservação e acesso de documen-
tos arquivísticos digitais.
Figura 02: Esquematização dos ambientes
de gestão, preservação e acesso e difusão.
Fonte: FLORES, 2015.
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Os Arquivos na Era Digital
José Ricardo Marques
Diretor-Geral do Arquivo Nacional
Um grande desao que se coloca para os
Arquivos é a atualização diante das demandas
oriundas da Era Digital em que vivenciamos. O
Arquivo Nacional do Brasil aceitou esse desao
e pretende se posicionar em condição de desta-
que no novo cenário tecnológico.
Como Diretor-Geral do Arquivo Nacional
do Brasil, estive nos últimos dias em Portugal,
participando de uma extensa agenda sobre a
temática do ambiente digital, com a missão de
reforçar a nossa competitividade através das
novas tecnologias digitais.
Portugal é o terceiro país do mundo com
melhores velocidades de acesso à internet e o
décimo segundo país com a maior penetração
de tecnologias de bra ótica por subscritores de
serviços de banda larga. Portugal é também lí-
der europeu na sosticação e na disponibilidade
de serviços públicos online.
Na minha incursão, visitei o Arquivo Na-
cional de Portugal Torre do Tombo, os Arquivos
da Câmara de Braga, da Universidade de Coim-
bra, da Universidade do Minho e de Lisboa, além
da recém-inaugurada Biblioteca de Caminha.
O meu objetivo, além de conhecer o mo-
delo dos arquivos mais requisitados de Portugal,
foi desenvolver um projeto inédito e inovador em
relação aos Arquivos Públicos no mundo: Ser o
cabeça do sistema de arquivos dos Estados-
membros da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP).
Neste sentido, houve total êxito. O ‘staff’
das instituições visitadas entenderam a propos-
ta e se convenceu da importante contribuição
que o Arquivo Nacional Brasileiro poderá dar
para a formação da estrutura dos arquivos nos
países de língua portuguesa.
Em 2017, as comemorações dos 180
anos do Arquivo Nacional serão sem dúvida
um dos fatos marcantes para a comunidade ar-
quivística nacional. Comemoraremos com este
novo desao, que nos coloca denitivamente in-
seridos em um dos projetos mais audaciosos da
atual gestão: integrar uma rede de informação
pública e estratégica através dos arquivos ins-
tituídos. Para isso, já assinamos propostas de
acordo com Moçambique e São Tomé e Prín-
cipe, que serão os pilotos desta iniciativa.
Em 2017, as comemorações dos 180
anos do Arquivo Nacional serão sem dúvida
um dos fatos marcantes para a comunidade ar-
quivística nacional. Comemoraremos com este
novo desao, que nos coloca denitivamente in-
seridos em um dos projetos mais audaciosos da
atual gestão: integrar uma rede de informação
pública e estratégica através dos arquivos ins-
tituídos. Para isso, já assinamos propostas de
acordo com Moçambique e São Tomé e Prínci-
pe, que serão os pilotos desta iniciativa.
Ao mesmo tempo, em conversas com
membros das mais importantes universidades
lusitanas, criamos oportunidades de acordos de
cooperação técnica, que permitirão troca cons-
tante de informações e tecnologias.
Com o Arquivo Torre do Tombo, revitali-
zaremos acordos e a comissão luso brasileira,
além da programação da agenda para o Fórum
dos Arquivos Lusófogos.
Mesmo com tantas notícias importan-
tes, pude vericar que os arquivos visitados
demonstram fadigas do tempo, além de pou-
co ou quase nenhum investimento nas suas
atividades e estrutura. São na grande maioria
equipamentos obsoletos, infraestrutura arcaica
e desprovida de controle digital. Estas marcas
constantes, inclusive na Torre do Tombo (que
tem espaços generosos e arquitetura moderna),
deixam as instituições distantes de ter mecanis-
mos que anunciem órgãos que deveriam, além
de preservar a memória e história, ter atuação
destacada na estratégia do país que apresenta
números irrefutáveis na dinâmica digital.
Vivenciamos a era digital, não sendo mais
possível fugir das demandas e especicidades
apresentadas às instituições de arquivos. Ne-
cessitamos, portanto, de investimentos, capaci-
Todavia, sem perdermos que a chegada
dos documentos arquivísticos no ambiente de
preservação e acesso, também deve ser autên-
tico, deve ser pela mesma cadeia de custódia,
então via pacotes OAIS SIP, vindos de um am-
biente de Gestão de Documentos, autêntico, o
SIGAD, considerando os requisitos necessários,
obrigatórios e fundamentais para a produção e
gestão de documentos arquivísticos conforme o
Modelo de Requisitos e-ARQ Brasil. Temos de
parar de usar sistemas de GED e cobrarmos
urgentemente a necessidade de transformação
das ferramentas de GED, que não garantem a
autenticidade para SIGAD’s que se interconec-
tem aos RDC-Arq.
REFERÊNCIAS
CONARQ. Resolução nº 43, de 04 de
setembro de 2015. Disponível em: http://
www.conarq.arquivonacional.gov.br/legislacao/
resolucoes-do-conarq/335-resolucao-n-43,-de-
-04-de-setembro-de-2015.html>. Acesso em: 03
out. 2016. (a)
______. Cenários de uso de RDC-Arq em conjun-
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