Resumo Quando se aborda um território como a Região Demarcada do Douro (RDD), habitualmente focam-se as suas virtualidades paisagísticas, mas sobretudo os seus vinhos, com destaque óbvio do Vinho do Porto. Sobressai, porém, um património paisagístico, económico, social, cultural, arquitetónico e vitícola excecional que justificou, inclusivamente, a sua distinção como "Património Mundial da
... [Show full abstract] Humanidade". Apesar das suas indiscutíveis potencialidades, os obstáculos ao seu desenvolvimento sucedem-se, englobando aspetos de âmbito físico, mas, sobretudo, antrópicos. Destaque-se a existência de um quadro humano envelhecido e em declínio, a carência de assalariados, ou a estrutura fundiária das explorações agrícolas. Aos anteriores acrescem as precárias acessibilidades internas, a que se adicionam as dificuldades institucionais, ou ainda a deficiente preservação do património arquitetónico e a subalternização do simbólico, do imaterial. É o que sucede com as festas e romarias, que, apesar de evidenciarem uma componente religiosa, incluem também a cultural e a social, para além da turística, sendo da maior relevância, pois possibilitam não só a preservação de usos e costumes, como auxiliam na compreensão do passado coletivo. Correspondem ainda a uma revitalização de vivências, se bem que sob novas perspetivas, pois embora homenageando o santo padroeiro, sustentam dinâmicas em territórios por vezes muito problemáticos. É neste contexto que se abordará Cambres, freguesia do concelho de Lamego (NE de Portugal), onde se venera o Senhor da Aflição, questionando o atual impacte territorial e social destes festejos, bem como as estratégias a implementar num quadro onde a sustentabilidade esteja assegurada. Palavras-chave: Desenvolvimento rural, TER, sustentabilidade, património imaterial, festividades