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Coimbra, 12-16 de outubro de 2020
RECURSO A FOCUS GROUP
PARA IDENTIFICAÇÃO DE PERCEÇÕES
SOBRE RISCOS NATURAIS
Anabela Veiga, Instituto Politécnico de Leiria
Rita Ferreira Anastácio, Instituto Politécnico de Tomar
Sandra Mourato, Instituto Politécnico de Leiria
Luís Quinta-Nova, Instituto Politécnico de Castelo Branco
Coimbra, 12-16 de outubro de 2020 Coimbra, 12-16 de outubro de 2020
O objetivo desta comunicação é apresentar a técnica de pesquisa
qualitativa de produção de informação, que foi utilizada no projeto
ClimRisk (http://www.climrisk.ipt.pt/) com a comunidade local,
assente na técnica de Focus Group (FG) e os resultados obtidos.
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INTRODUÇÃO
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A metodologia utilizada consistiu em discutir temas em ambiente de grupo
heterogéneo de pessoas, onde existe um moderador que apresenta as questões,
modera e estimula o debate.
As interações dos participantes são registadas por meio de gravação e por escrito.
No final de cada sessão é sempre pedido que discutam os assuntos abordados com
os amigos, familiares e que reúnam e partilhem contributos que considerem
pertinentes nas sessões seguintes.
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METODOLOGIA
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Foram criados três grupos: Ferreira do Zêzere, Ourém e Leiria, com dimensão não
superior a dez elementos.
A seleção/escolha dos participantes resultou da definição de um conjunto de perfis
tendo em atenção a representação de várias faixas etárias, de género e ser o mais
representativo possível da comunidade.
Foram definidos 8 perfis: jovem, entre os 18 e os 25 anos; reformado(a); elemento
do poder local; professor(a); elemento sem habilitações académicas; elemento
pertencente a uma associação/coletividade; padre; elemento que desenvolvesse
uma atividade económica diretamente ligada ao ambiente.
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METODOLOGIA
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Constituição dos Grupos de Trabalho:
- Grupo de pessoas proactivas e respeitadas na sua comunidade
- Um moderador
- Dois observadores
- Um facilitador
(assegura os aspetos logísticos e técnicos)
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METODOLOGIA
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1. Identificação de riscos naturais
- Apresentação do projeto ClimRisk e explicação do funcionamento das sessões;
A1) identificação de riscos naturais de maior relevância no seu concelho, de acordo
com as suas experiências pessoais/profissionais, atuais e passadas (Floresta –
Incêndios; Rios – Inundações; Encostas - deslizamentos de terra; Mar - Erosão costeira;
Temperatura e chuva – Secas; Rios – Poluição de água),
E ordenar em 3 níveis de prioridade, justificando as suas decisões:
i) vermelha - prioridade elevada;
ii) amarela - prioridade média;
iii) verde – prioridade baixa. 6
1ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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Resultados:
Riscos mais significativos:
Em Ferreira do Zêzere:
1º Incêndios; 2º Deslizamentos de terra; 3º Secas;
Em Leiria:
1º Incêndios; 2º Poluição de água; 3º Erosão costeira;
Em Ourém:
1º Incêndios; 2º Poluição de água; 3º Secas.
1ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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A2) Foram colocadas 4 questões aos participantes que responderam de uma forma
individual:
Questão 1 – Relativamente aos fenómenos/riscos identificados anteriormente se tem
conhecimento da sua ocorrência no passado na sua região? Se sim, em que período (data)
ocorreu?
Questão 2 - A comunidade/indivíduo tem recebido informações do poder local sobre estes
fenómenos? Se sim, quais?
Questão 3 - Que informações gostariam que lhes fossem transmitidas ao nível destes
fenómenos?
Questão 4 - Quem deve atuar na prevenção dos fenómenos?
1ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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A metodologia adotada para analisar os resultados que são de natureza qualitativa,
foi efetuada utilizando-se o software webQDA, por categorização das respostas.
Numa primeira fase foram inseridas todas as transcrições em texto, de todos os
participantes e na fase seguinte a sua codificação.
O sistema de codificação disponibiliza as seguintes funcionalidades: Códigos Livres,
Códigos Árvore, Descritores e Classificações/Atributos.
1ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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Descritores utilizados como rótulos descritivos dos participantes:
1ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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Resultados do processo de categorização:
Códigos árvore obtidos - hierarquização das respostas em Códigos e Subcódigos
1ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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Resultados:
1ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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Documento síntese:
- conceito de risco, vulnerabilidade e perigo;
- os vários fatores e riscos naturais (secas,
inundações, erosão costeira, incêndios,
poluição da água, deslizamento de terra,
alterações climáticas, adaptação e mitigação).
Glossário
1ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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2. Interpretação temporal e espacial de cenários climáticos
- Atividades com dados sobre o clima (definição de modelos de clima e cenários
climáticos);
- Grupo dividido em equipas: uma por cada risco mais relevante (dados da
sessão anterior);
- Foi distribuída informação em forma de gráficos e mapas temáticos de diversas
variáveis biofísicas, relativas a cada município;
- Foi solicitada a análise sobre o impacto da tendência temporal e espacial do clima
no risco em causa.
Com esta atividade pretende-se avaliar a utilidade deste tipo de informação para o
grupo e para a comunidade. 14
2ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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A1: Análise temporal dos dados de temperatura
e precipitação: com base na informação, em
forma de gráficos com o ciclo anual da
precipitação e o ciclo anual da temperatura
(média, máxima e mínima) para os períodos
1961/1990 (observações) e 2021/2050 (cenários
RCP45 e RCP85).
Objetivo: que cada equipa fizesse uma análise
sobre a tendência temporal do clima no risco em
causa.
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Registo de conclusões em fichas de trabalho.
2ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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2ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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A2: Análise espacial dos dados
de clima com base na
informação geográfica na forma
de mapas temáticos com
caracterização de variáveis
biofísicas;
Reflexão sobre a interação do
clima futuro e as características
do seu município.
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Registo de conclusões em fichas de trabalho.
2ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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Verificou-se que esta análise foi muito mais fácil de realizar:
- os participantes estavam mais familiarizados com a informação em forma de mapas;
- o facto da informação estar relacionada com o seu concelho foi determinante para uma
melhor interpretação da tendência do risco, porque existia o conhecimento do território.
As conclusões que as equipas registavam foram sendo melhoradas à medida que a atividade
avançava (mais à vontade com os materiais e com o conhecimento que foi sendo adquirido
ao longo da sessão).
Esta atividade foi importante porque contribuiu com pistas sobre qual a melhor forma para
disponibilizar a informação climática, assim como a necessidade de criar uma cultura de
interpretação de informação climática junto da comunidade. 18
2ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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Foi solicitado aos participantes:
- sugestões de como melhorar a informação dos
modelos de clima e do território de modo a esta ser
acessível a um maior número de cidadãos;
- propostas de medidas de adaptação às alterações
climáticas. Foi sugerido que o fizessem em conjunto
com a sua comunidade, família e amigos;
- formas/formatos de divulgação dessas medidas
pela comunidade. 19
2ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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3. Análise e discussão das medidas de adaptação
- Análise e discussão da compilação de um conjunto alargado de medidas de adaptação às alterações
climáticas propostas.
- Durante a sessão foram analisadas todas as boas práticas ambientais, medida a medida, discutindo-se a
sua pertinência e a linguagem a ser utilizada, de forma a ser compreendida por todos, em particular
pelas comunidades rurais.
- O objetivo principal foi produzir um documento, veículo de informação útil para tornar as populações
mais resilientes aos riscos climáticos e contribuir para aumentar a consciência ambiental coletiva.
- O formato do documento teria de ser de fácil consulta, em forma de agenda (formato A5) e que poderia
ser impresso e usado em casa ou no trabalho.
- Terminado e estruturado o documento o mesmo foi designado por Manual de Boas Práticas. 20
3ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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Manual de Boas Práticas (MBP) – Estrutura
1) Clima futuro e medidas de adaptação
- as perspetivas de clima futuro na região Centro
- medidas de adaptação a seguir pela população em geral, por Fator
Climático (aumento da temperatura, aumento da precipitação,
diminuição da temperatura e outros)
2) Medidas a implementar pelos gestores do território
3) Como organizar a sua família para uma situação de emergência
- kits de emergência (KIT Básico, KIT de Primeiros Socorros e KIT Básico+).
O objetivo do MBP é despertar/estimular em cada um dos seus
leitores/utilizadores a importância da autoproteção .
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http://bit.do/ManualBoasPraticas_ClimRisk
3ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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Como forma de disseminar as boas práticas
ambientais foi também proposta a elaboração de
marcadores de livros com mensagens de boas práticas
ambientais e jogo didático de cartas com divulgação
dos diferentes tipos de riscos e medidas preventivas
ou de mitigação dos mesmos riscos, disponíveis para
impressão no site do ClimRisk.
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3ª SESSÃO: Descrição e Resultados
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A aplicação da técnica de FG ao tema das alterações climáticas foi uma mais-valia do ponto
de vista dos contributos da comunidade para as questões mais práticas das alterações
climáticas e foi de encontro à definição proposta por Morgan em 1997 e ao que ele definiu
como componentes essenciais.
Ao longo do processo temporal houve diminuição de participantes por grupo de trabalho,
o que algumas vezes foi um impedimento à discussão mais alargada e diversidade de
opiniões. No entanto os objetivos globais foram atingidos pelo esforço redobrado de
empenhamento por parte dos participantes presentes.
Êxito na Sensibilização da comunidade para as problemáticas das alterações climáticas
para compreensão dos fenómenos, através da aplicação da técnica Focus Group. 23
CONCLUSÃO
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Foi possível discutir a temática nos vários grupos de trabalho, aprender a ler e trabalhar
indicadores climáticos, assim como dar contributos para a elaboração do MBP e para as
diversas formas de disseminar os resultados obtidos, como é o caso do glossário, do jogo
didático e dos marcadores de livros.
Dois aspetos fundamentais a considerar no sucesso da técnica do FG: o papel do
moderador e da equipa e a composição do grupo.
A técnica FG contribuiu significativamente para que o envolvimento da comunidade fosse
efetivo.
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CONCLUSÃO
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Este projeto é apoiado por:
Fundos Europeus de Investimento pelo Programa de Competitividade Operacional e Internacionalização FEDER / COMPETE / POCI.
Projeto POCentro-PT2020-FEDER Centro-01-0145-FEDER-024253.
OBRIGADA