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Currículo e formação na Educação de Jovens e Adultos: tensões e desafios.

Authors:

Abstract

Este artigo tem por objetivo discutir a política curricular – Aprendizagem ao Longo da Vida – proposta do Estado da Bahia para a educação de jovens e adultos, seu processo de implantação, as tensões e os desafios formativos enfrentados pelos professores para materialização do novo currículo dessa modalidade de ensino. A metodologia desse estudo está baseada na abor-dagem qualitativa, por meio de estudo de casos com enfoque participativo. Utilizamos oficinas formativas/investigativas e entrevistas semiestrutura-das como instrumentos de coleta de informações. Como resultados desse estudo, constatamos que, apesar dessa política curricular ter sido construí-da coletivamente, com o apoio dos movimentos populares ligados à EJA, e apresentar princípios e diretrizes voltados a atender às especificidades dos jovens e adultos, os professores, como profissionais construtores de currícu-lo, representam a proposta curricular, difícil de ser implementada, embora eles concordem com seus princípios e com suas orientações metodológicas. Os resultados evidenciam ainda a necessidade de formação continua e ga-rantia de espaço de estudo e planejamento nas escolas, como possibilidades de mudança na materialização do currículo.
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98
CURRÍCULO E FORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO
DE JOVENS E ADULTOS: TENSÕES E
DESAFIOS
Ana Célia Dantas Tanure (PMFS)*
https://orcid.org/0000-0002-5201-0759
Graça dos Santos Costa (UNEB)**
https://orcid.org/0000-0001-7770-0118
RESUMO
Este artigo tem por objetivo discutir a política curricular – Aprendizagem
ao Longo da Vida – proposta do Estado da Bahia para a educação de jovens
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modalidade de ensino. A metodologia desse estudo está baseada na abor-
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estudo, constatamos que, apesar dessa política curricular ter sido construí-
da coletivamente, com o apoio dos movimentos populares ligados à EJA, e
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eles concordem com seus princípios e com suas orientações metodológicas.
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rantia de espaço de estudo e planejamento nas escolas, como possibilidades
de mudança na materialização do currículo.
Palavras-chave:
ABSTRACT
CURRICULUM AND TRAINING IN YOUTH AND ADULT
EDUCATION: TENSIONS AND CHALLENGES
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dora Pedagógica da Rede Estadual de Ensino. E-mail: anatanure@gmail.com
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gmail.com
Ana Célia Dantas Tanure; Graça dos Santos Costa
Revista Internacional de Educação de Jovens e Adultos, v. 03, n. 05, p. 98-115, jan./jun. 2020 99
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RESUMEN
CURRÍCULO Y FORMACIÓN EM LA EDUCACIÓN DE JÓVENES Y
ADULTOS: TENSIONES E DESAFIOS
Este artículo tiene por objetivo discutir la política curricular – Aprendizaje
a lo largo de la vida – propuesta del Estado de Bahía para Educación de Jó-

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estudios de este tipo de enseñanza. La metodología de este estudio se basa
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resultado, se ha observado que, aunque esta política curricular se construyó
colectivamente, con el apoyo de movimientos populares vinculados a EJA,
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están de acuerdo con sus principios y con sus orientaciones metodológicas.
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posibilidades de cambio.
Palabras clave:-
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100
1. INTRODUÇÃO
A Educação de Jovens e Adultos – EJA, como
modalidade de educação básica, torna-se
desdobrada enquanto política pública a par-
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do Brasil de 1988, que promulga, em seu Art.
205, a garantia do direito de todos à educa-
ção. Assim, a EJA se insere no processo de
escolarização dos sistemas de ensino para
atender a jovens e adultos, representantes
legítimos de processos históricos de desi-
gualdades sociais, pedagógicas e econômi-
cas. É certo que a EJA “sempre compreendeu
um conjunto muito diverso de processos e
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aquisição ou à ampliação de conhecimentos
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sionais ou de habilidades socioculturais”
(Haddad, 2000, p. 108).
Essa discussão de conhecimentos bási-

socioculturais está intrinsecamente ligada
ao currículo escolar que, no caso da EJA,
representa, em grande parte, as lutas políti-
cas, econômicas e ideológicas de determina-
 
ser apenas um agrupamento de conteúdos e
atividades escolares neutras e desinteressa-
das. Arroyo (2013, p. 17) reconhece o currí-
culo como “um campo político de disputas,
quanto às suas estruturas e seus ordena-
mentos, mais que objetos de indagações e
mais do que veículo em movimento.
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ção desse currículo, a partir de seus valores
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debate se potencializa diante da comple-
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essa modalidade de educação, pois um cur-
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deve ser entendido como uma “construção
cultural” (Sacristán, 2000) que transcende
as salas de aula.
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em 19 de novembro de 2008, o governo es-
tadual apresenta uma nova política curricu-
lar para a EJA, intitulada Política de Educa-
ção de Jovens e Adultos da Bahia – Apren-
dizagem ao Longo da Vida, construída por
ampla representatividade social e institu-
  
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dencia ainda o direito de aprender ao longo
 
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tam educação aos Jovens e Adultos.
Nessa perspectiva, o currículo da EJA da
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de atender à diversidade da EJA. Entretanto,
qualquer que seja a proposta curricular, ela
perpassa pela tradução e compreensão dos
-

     
currículo tão diverso voltado ao diálogo,
à humanização da relação pedagógica na
construção de conhecimentos pelos jovens



representa um recorte da pesquisa de mes-
trado1
Pós-Graduação em Educação da Universida-
-
nal em Educação de Jovens e Adultos (MPE-
1 Este artigo apresenta dados parciais da pesquisa
  -
culo da EJA: um estudo de caso sobre o currículo
prescrito, o implementado e o realizado em uma
escola polo no interior da Bahia”,
Ana Célia Dantas Tanure; Graça dos Santos Costa
Revista Internacional de Educação de Jovens e Adultos, v. 03, n. 05, p. 98-115, jan./jun. 2020 101
-
sores e as políticas de currículo da Educação
de Jovens e Adultos vigentes no Estado da
Bahia.


-
remos o processo de construção, implemen-
tação e concepções da política curricular da
EJA – BA – Aprendizagem ao Longo da Vida.
  
 
sobre esse currículo, assim como os desa-
  -
plementação da proposta curricular.
2. O CURRÍCULO DA EJA E A
FORMAÇÃO DOS PROFESSORES:
UM CAMPO DE TENSÕES
O campo educacional da EJA na Bahia con-

atendimento da educação básica aos jovens
e adultos, reais sujeitos de direitos dessa
modalidade. Decerto, essas políticas curri-
   
     -
  
dos cursos de licenciaturas não atendem à
-
-
rios, que deem conta pedagogicamente des-
  

    
    
      
docente (SOARES E PEDROSO, 2016. p.264)
     
      

      
      
(Soares, 2007; Ventura, 2012; Paiva, 2012).
Essas pesquisas evidenciam, ainda, o dis-
tanciamento da EJA das discussões das li-
   

     
     
vir a atuar nessa modalidade, visto serem

o ensino nas turmas da EJA, mesmo que de
 
-
res que atuam na EJA “[...] no mais das vezes,
‘caem’ nessa modalidade de ensino sem ter

escolhem, [...] a motivação consciente tem a
ver com questões pessoais e de necessidade
     
docência na rede privada[...]” (Paiva, 2012,
p. 89). Do grupo de participantes da pesqui-
   
-



 
-
nal em Educação de Jovens e Adultos (MPE-
2. Esse mestrado se
apresenta pioneiro no Brasil enquanto mes-

contribui para ampliar as discussões desse
-
sas e as ações sociais desenvolvidas pelos
projetos de intervenção na comunidade.
Assim, ele “visa a produção de conhecimen-
tos, a atualização permanente dos avanços
2 Antes de concretizar o mestrado em EJA, muitas
-

educadores da EJA. Destacamos a Licenciatura
plena em Pedagogia, com habilitação em Educa-
ção de Jovens e Adultos, pioneira no Brasil, e a
Especialização em Educação de Jovens e Adultos,
realizada na capital e no interior.


102


educação de jovens e adultos, atendendo às
-
do com o Projeto do curso, esse mestrado
objetiva
[...] a preparação de recursos humanos de
-



área da educação de jovens e adultos para
atuar no mercado de trabalho, visando às
peculiaridades desse campo de atuação e
aos novos paradigmas educacionais nessa
-



e intervenções, que já provocam impactos
sociais, econômicos, culturais e educacio-
     
intervenções que se voltam a dar retorno à

mapeamento histórico, criação de blogs, etc.
-
      -
sores das redes municipais e estaduais, que
estão presentes em todos os territórios baia-
nos, cujas produções visam à compreensão

uma EJA inovadora e emancipatória.

em EJA seja muito importante para dar uma
maior visibilidade acadêmica e social a esse
     
dos sujeitos envolvidos e cria possibilidades
-
ção de mudanças substanciais no percurso
histórico da EJA, pois investir em políticas
     -

oportunidade e de possibilidades educacio-
nais, que promovam a cidadania e o direito à
educação. Entretanto, os investimentos em
 -
      
nas salas de aula com estudantes jovens e
adultos.
Ventura (2012, p. 74) contribui nesse
debate, evidenciando “que há uma clara re-
lação entre a ausência da discussão sobre
      

  
-
sino na EJA seja pautado por improvisação
ou pela reprodução do currículo do ensino
seriado do diurno no noturno. A superação
-
mentadoras do conhecimento e da organi-
zação do currículo, requer reconhecimento
dos estudantes da EJA como sujeitos, logo,
requer “[...] o estabelecimento de diálogos
-
teriormente tecidos pelos educandos e os
conteúdos escolares” Haddad (2000, p. 87).
     
-

 


  -
cedo, 2013) e sujeitos importantes a contri-

2002).
Lidar com currículos recentes e tão di-
versos dos currículos praticados pela esco-
-
-
sores, que possibilite garantir nas escolas
     
planejamento do trabalho pedagógico, prin-
     
Os programas curriculares da EJA, implan-
tados pela Secretaria de Educação da Bah-
Ana Célia Dantas Tanure; Graça dos Santos Costa
Revista Internacional de Educação de Jovens e Adultos, v. 03, n. 05, p. 98-115, jan./jun. 2020 103
 
metodológicos que reconhecem o estudan-
te como sujeito político e crítico, assistido
por uma pedagogia humanista, muito diver-
sos dos currículos praticados por essa mo-
dalidade, historicamente, no ensino diurno
seriado.
Pensar no campo do currículo da EJA re-

-
     
(2007) chama a atenção para algumas ques-
tões de análise que impactaram mudanças

-
re e Moacir Góes possibilitou a consciência
-
  -
todos próprios para essa modalidade de en-
 


-
vimento de inclusão, cada vez mais crescen-
te, de jovens na EJA. Muitos são adolescentes
 
    
     
amplia a diversidade geracional nas salas de
 -
mento do processo de ensino e aprendiza-
gem. Lidar com essa diversidade de gera-
-
lidade e conhecimento para desenvolver, da
     

-
res em saber lidar com tempos humanos tão
     
que devem ser pauta de estudo dos proces-

Haddad e Di Pierro (2000, p. 126) con-
tribuem para esse debate, ao evidenciarem

pela má qualidade do ensino. Esta, aliada às
     
considerável número de jovens a abandonar
-
cativas para utilizar os conhecimentos esco-
lares com autonomia no seu cotidiano. Logo,
 -
junto da população, assiste-se à gradativa
  
um numeroso grupo de jovens e adultos,
cujo domínio precário da leitura, da escrita

      
-
cente evasão vivenciada na EJA na Rede es-
tadual da Bahia, que impacta diretamente a
continuidade do trabalho docente.
-
ganização curricular, “[...] que separa a pes-
soa que vive e aprende no mundo daquela
que deve aprender e apreender os conteú-
dos escolares” (Haddad; Di Pierro, 2000, p.

do ensino e os saberes de vida dos alunos,
em grande parte, são desvalorizados, ou os
estudantes jovens e adultos são submeti-
dos a um currículo oriundo do ensino des-
tinado às crianças, negando-se a condição
de serem sujeitos de sua própria história,
ou constroem-se representações que os es-
tigmatizam na sociedade como incapazes.

 
maio 2016), no campo de pesquisa, que “[...]
achava que a EJA era um bico, que o aluno
noturno não tinha estudado, não tinha es-
tudado porque não quis, não só pelas con-
dições sociais; ele não valorizou” (Tanure,
2016, p. 129).
-




104

     -
lização entre movimentos sociais, como as

    
 
de licenciatura nas universidades de todo o
Brasil.
Nessa perspectiva, Paiva (2012, p. 90) ra-

-
 
-
     
-
-
dades docentes, estimulados e orientados à
pesquisa, à leitura da variedade da busca de
-
ciada e particular de cada escola, de cada
to.

APRENDIZAGEM AO LONGO
DA VIDA: CONCEPÇÕES DE UM
CURRÍCULO HUMANISTA
No atendimento à Educação de Jovens e
Adultos, o governo do Estado da Bahia im-
plantou a Política de EJA - Aprendizagem ao
Longo da Vida, a partir de 2009, em todas
-
tadual de Ensino. A Educação de Jovens e
-

 
       
trabalho e sobrevivência dos jovens e adul-
tos que se colocam como principais destina-
tários dessa modalidade de educação” (Bah-

   
     -
na representa um grande passo da política
    
     
diversidade dos sujeitos jovens e adultos,
que vivem, muitas vezes, a responsabilidade
da garantia da sobrevivência pelo trabalho
e que interromperam, em algum tempo, o
     -
mental ao sucesso do trabalho educativo e
da construção do currículo da EJA.
  
    
2009, p. 9), encontros de escuta de diver-
sos segmentos e representações ligadas
à EJA, seja da dimensão escolar, “educan-
dos(as), educadores, gestores e coordena-
dores pedagógicos das Diretorias Regionais

-

sociais (MOVA); Sistema S (Serviço Social da
     -
     
     
as Secretarias de Educação do Estado e do

levantamento de dados via questionários
    
escolas e cursos de EJA, da capital e interior
-
tor concreto nessa construção, mas um gru-
po de pessoas envolvidas com a assessoria
-
royo.
A política curricular da EJA, intitulada
Educação de Jovens e Adultos – Aprendi-
   
com 36 páginas, organizado em 6 sessões,

apêndice. Ao longo dele estão desenvolvidos
    
teórico-metodológicos da educação da EJA;
   
Ana Célia Dantas Tanure; Graça dos Santos Costa
Revista Internacional de Educação de Jovens e Adultos, v. 03, n. 05, p. 98-115, jan./jun. 2020 105
-

o acompanhamento da aprendizagem.
A organização do currículo da EJA em
    
orienta o trabalho pedagógico em Temas
Geradores, a serem desenvolvidos anual-
mente, um por bimestre. Esses temas, en-
quanto viabilidades de discutir as diversas
questões sociais vivenciadas pelos sujei-
tos da EJA em seu cotidiano, articulam as
diversas áreas de conhecimento, possibi-
litando um planejamento interdisciplinar
  -
tidisciplinar vigente ainda no ensino. Essa
organização interdisciplinar entre as áreas

saberes advindos da cultura e da socieda-
     
    
saberes que precisam ser considerados em
um currículo de EJA.
A proposta orienta a seleção dos conteú-
dos mediante a realidade, a necessidade e o
interesse dos estudantes, organizados por
     
de desenvolver habilidades e competências
    -
mos perceber nas orientações curriculares
a sugestão de saberes necessários para cada


e temas geradores, elencados em modelo
    
que contemplam temas diversos, voltados
ao trabalho, ao meio ambiente, à identidade
e cultura, à globalização e à economia soli-
dária.
     
     
respaldadas no documento Agenda para o
futuro, que demanda aos países membros

“iniciativas que possibilitem o cumprimen-
to da agenda no Brasil e em todos os países
que colaboraram na construção da Declara-
ção de Hamburgo (Gomes, 2013, p.39). O
documento orienta ainda a equivalência de
matrícula da nova proposta, que substitui a
proposta anterior, o Programa Aceleração,
      -
    

As orientações curriculares dessa po-
-
ca” dos estudos da psicogênese de Piaget
e nas concepções de educação de adultos
 
respaldada “pelos ideários da Educação
     -

 
mudança, por certo, de paradigmas para
-
logo entre educando e aprendente que
     
dialógico de interação. Nessa interação, no
-

porque “Quem ensina aprende ao ensinar
e quem aprende ensina ao aprender. Quem
     
-
mar esse currículo em práticas educativas

decisões políticas. Ensinar, assim, pressu-
-

aos sujeitos envolvidos.
É importante ressaltar as contribuições
-
tudos renovaram o pensamento pedagó-
  

      
inspirou os principais programas de al-


106
     
dos anos 60 e seu legado teórico e prático

educação” (Tanure e Oliveira, 2015). Vale
 
    -
ternacional a se tornar patrimônio da hu-
  -
cional do Programa Memória do Mundo da

Subsidiada nos conhecimentos de Pau-
       
adultos, essa política curricular renova o
trabalho na EJA, quando reconhece as es-
-
cesso educativo, propondo um novo currí-
culo, novas práticas pedagógicas e um novo
olhar para os processos de avaliação; quan-
do possibilita acompanhamento de percur-
so de aprendizagem, avaliação contínua,
   
substituição de notas por conceitos ava-
liativos e planejamento coletivo. Enquanto
concepção de currículo, a proposta distin-
gue a EJA dos outros segmentos de escola-

      
e olhares menos escolarizados, pois a EJA
não deve ser comparada a um suposto mo-
    
2009. p. 17). A proposta curricular, assim,
      
-

discussões pedagógicas:
 1º Tempo: Aprender a Ser, contendo 03

 -
nia e Trabalho; Saúde e Meio Ambiente).
 -
       
duração cada um (Trabalho e Sociedade;
Meio Ambiente e Movimentos Sociais).
      
 -
    
    

p. 20).
Essa proposta caracteriza-se ainda pela
     
-
      
juvenil e adulto. É importante ressaltar que
a proposta de planejamento de trabalho
     -
  
     
como Língua Portuguesa, Língua Estrangei-
     
      
da Natureza e Sociedade, com as disciplinas
 
      
 -
-
disciplinares que envolvam os estudantes,
construam autonomia e ampliem suas com-
petências.
     -
dantes jovens e adultos, essa política e pro-

com a diversidade, para atender às especi-
     
      
  
como Garantia da continuidade nos estudos.
Nele são ressaltadas orientações que pro-
põem uma articulação das redes estaduais
e municipais, no sentido de garantir a conti-
nuidade dos estudos na EJA.
Ao analisar essa proposta curricular,
    
pedagógicas avaliativas, a elaboração de
projetos didáticos e a organização de pla-
-
Ana Célia Dantas Tanure; Graça dos Santos Costa
Revista Internacional de Educação de Jovens e Adultos, v. 03, n. 05, p. 98-115, jan./jun. 2020 107

consequentemente, o atendimento a esses
sujeitos na Educação de Jovens e Adultos.
Mas, apesar das propostas possibilitarem
essa articulação, percebemos, pela nossa
trajetória, que as escolas ainda mantêm um
trabalho pedagógico pautado nos moldes do
ensino diurno e num processo de avaliação
    
questões se revelam cotidianamente no dis-
curso e na prática docente e impedem que
-
tivamente, na sua essência, implementada, o
-
-
sores que atuam nesse segmento de ensino.
Acreditamos, como Arroyo (2013), no
poder e na posição central que o currículo
assume na estruturação do papel da esco-

pedagógicas no trabalho educativo do pro-


como representa várias dimensões, sejam
estruturais, culturais, pedagógicas ou so-
-
     
       


-
mento de primeira ordem na concretização
desse processo”; logo, sua participação na
construção de qualquer currículo se torna

proposta.
4. UM ESTUDO DE CASO
SOBRE A REPRESENTAÇÃO DO
CURRÍCULO DA EJA
Para a realização deste percurso, utilizamos
a abordagem qualitativa com cunho partici-
-
do, a pesquisa qualitativa possibilitou tra-

motivos, das aspirações, das crenças, dos
      
21) dos sujeitos envolvidos. Essa perspecti-

(1986), permitiu uma leitura mais ampla da
    
-
presentações sobre o currículo da EJA.
       -
     
Educação da Bahia em 2013, como polo de
educação noturna, primeira desse tipo na

-


 
com o objetivo de implementar políticas pú-

a estudantes trabalhadores. Nessa perspec-
tiva, propôs a reorganização do processo de
      -
   
de conhecimentos, articulados aos saberes
práticos da vida e que atendam aos interes-
ses dos estudantes” (Bahia, 2013, p.2).
     
     
pesquisado, uma política curricular da EJA,
 
qualitativa, considerando-se mais apropria-
 
sociais.
    -
lizamos entrevistas semiestruturadas com
-

-
-
   


108
na condição de instrumento teórico-meto-
dológico, que permitiu a troca dialógica en-
tre os participantes, ao mesmo tempo que
     
   
 
     
   

utilizamos como dispositivos entrevista se-
   -
mativas e análise documental. A análise das
-
ca análise de conteúdo.



O processo de implantação da política cur-
     
Diante de uma realidade de 417 municípios,
que contava com um quantitativo de 15.000
      

novo currículo atingiu apenas 30% dos do-

multiplicadores da política curricular para
os seus respectivos lócus de ensino.
  
-
denadores e gestores que atuavam na EJA,
no diz respeito à preparação teórico-meto-
  
da nova proposta curricular, bem como a
  -
das as escolas conseguiram organizar mo-
    -
    
negativamente na implantação do novo
currículo.
       -
calizar a implantação imediata para toda a
rede Estadual de ensino contradisse a su-
   -
     
EJA da Proposta e a concepção da EJA assu-

 
-
  
  
à implementação da Proposta, não atendeu
a todos os educadores e gestores da EJA, o
      
escolas” (Urpia, 2009, p.90).
    

 
requisitassem orientações e atendimento
     

representação de cada município, porque
não dava para trazer todo mundo”; dessa

-
ção “[...] em 2008, em 2009 e em 2010, [...],


-
re, 2016, p. 121).
    


    

 
-
       
    
anos subsequentes ocorreram poucos mo-
vimentos de mudanças no currículo da EJA
nas escolas.
Nos anos subsequentes, a partir de 2013,

      
      -
Ana Célia Dantas Tanure; Graça dos Santos Costa
Revista Internacional de Educação de Jovens e Adultos, v. 03, n. 05, p. 98-115, jan./jun. 2020 109
     -
     
     
    -
-

     
     
atuavam na EJA.
-
  

-

       
que estão nessa modalidade estão com-
plementando sua carga horária do ensino
seriado diurno no turno noturno. Mesmo

      
 
-
do ela, “as mudanças estão acontecendo, as
pessoas estão em busca, e participam mais
dos eventos, das reuniões [...] digo, os pro-
     -
posta, em estudar, a buscar um caminho
para que aconteça essa aprendizagem desse




-
guinte, desses 12, 5 não são mais, temos 5
novos [...]”.
Todo esse panorama sobre o processo
de implantação da Política de EJA – Apren-
dizagem ao Longo da Vida da Bahia impacta

dessa política curricular nas salas de aula da
EJA nas escolas estaduais da Bahia. Deduzi-
-
quer processo de construção e implantação
de políticas educacionais não pode prescin-
   
são construtores e mediadores dessas polí-
ticas em sala de aula. Por certo, se o currí-
   -
sores são sujeitos ativos desse currículo. No
caso da política curricular da EJA da Bahia,
construída com participação popular, não
      

-
mia e o envolvimento deles na construção
do currículo.


     -
 
mensais, de maio a junho de 2016, tivemos
a oportunidade de levantar representa-
      
EJA – Aprendizagem ao Longo da Vida. A
     
   
só instrumento. Busca estabelecer relações
-
tente e articulá-lo a outros conhecimentos
-

   -
-
vo da política curricular da EJA e construção
  
partir da utilização de questionários diag-
nósticos, respondidos inicialmente pelos
   
 -
-
sores em suas concepções e outro espaço
para realizar estudos sobre a política curri-



110
Tabela 1
 
  



1

própria política
da EJA em seus
princípios,
diretrizes e
currículo.
Ampliar os conhecimentos
sobre a Política e o currículo
da EJA.
Possibilitar o reconhecimento
da EJA enquanto direito.


e as características dos
estudantes da EJA.
Estabelecer
vínculo com

colaboradores.
Levantar as
representações
sociais dos

a política e o
currículo da EJA.
Estabelecer
vínculo
investigativo.
Levantar as
representações
sociais dos

a política e o
currículo da EJA.
2 
curricular da EJA.
Levantar as
representações
sociais dos

o currículo e a
EJA.
Analisar as
representações
sociais dos

o currículo e a
EJA.
3
Planejamento

com Artes
Laborais

planejamento coletivo na
EJA.
Discutir a ementa da
disciplina Artes e Atividades
Laborais.
Levantar as
representações
sociais dos

o planejamento
na EJA.
Analisar as
representações
sociais dos

o ato de planejar
na EJA.
Nesses encontros, elencamos como te-
mas: conhecer a política da EJA em seus
princípios, diretrizes e currículo; o proces-
so de planejamento coletivo e a disciplina
Artes Laborais, disciplina que surgiu junto

 -

ALGUNS RESULTADOS
-
rículo e a EJA evidenciaram um distancia-
mento entre o currículo prescrito da EJA e a
quase ausente transposição dele para a prá-
-

ainda estou achando, ainda considero que o
currículo em si, ele está ótimo, mas a apro-
priação dele, o entendimento dele, ele tem
     
não conseguem entender”. Esse desconhe-
     

   



Essas acepções apontam o desconheci-
mento de parte do grupo sobre o currículo
da EJA. Esse currículo bem idealizado teori-
-
sível de ser desenvolvido na realidade. Esse
desconhecimento do currículo tensiona os
     -
guirem equalizá-lo pedagogicamente no
cotidiano escolar, reproduzindo o currículo
aplicado no diurno (Arroyo, 2013).
     
     -
-
Ana Célia Dantas Tanure; Graça dos Santos Costa
Revista Internacional de Educação de Jovens e Adultos, v. 03, n. 05, p. 98-115, jan./jun. 2020 111
volvimento de um currículo para a EJA que


 
transpor esse currículo desejado para as

da EJA, para a maioria, ainda representava

-
te do reconhecimento das singularidades
dos estudantes da EJA, pesquisavam e mo-
 

Apesar do currículo da EJA ser visto

 
     -

   
       
  
valorizar o sujeito crítico, o cidadão. Ou,

   
   
“Um currículo voltado para atender aos
     
preparando-os para a vida, para o mercado
de trabalho, para a compreensão enquanto
sujeito cidadão construtor dessa sociedade
-
cipatória e inclusiva”. Esses princípios reve-

do sujeito crítico, cidadão, protagonismo,
 
cidadã, emancipatória e inclusiva, que tam-

parte do currículo da EJA, são dimensões
-
vas que proporcionem uma visão crítica da
realidade social, no processo dialógico de

  -
nhecimento dos estudantes como sujeitos
cognoscentes e pontos de partida da cons-

 
     
 
-
-
do para atender, principalmente, aos tem-
pos humanos dos sujeitos a que ele se des-
tina, prevalece a concepção desse ser um
currículo distante de ser implementado
-
   
 
de aprendizagem, tema gerador, não conse-
guimos consolidar isso, essa programação

 -
-
da, mas eu tinha colocado antes assim, na
teoria, porque a gente ainda não atingiu a
prática. Na verdade, a gente ainda não se
sentiu EJA, sabe?”.
Esse distanciamento entre a política cur-
ricular e a transposição desse currículo para

-
da, pela desarticulação de espaços de estudo
e planejamento na escola sobre a EJA e pela
invisibilidade do estudante da EJA na cons-
  -
 

na seleção dos conhecimentos a serem en-
sinados na escola e na projeção de sucesso
     
relação aos estudantes da EJA, que já viven-
    
  -
ções, essas representações se tornam mais
  -
cientes dos conhecimentos valorizados pela


112
escola e pelos currículos tradicionalmente
instituídos, que impõem um modelo social-
mente aceito.
Esse modelo historicamente construído
-
to crítico, cidadão, permanece nas diretrizes
   
   -
dania, conclamado na educação como um de
-
retrizes educacionais, assume distintas con-
cepções e questionamentos sobre a sua pos-
sibilidade de conquista ou garantia, tanto
que “a relação educação-cidadania, direito
ao conhecimento crítico e cidadania repo-
litizou os currículos, o material didático, a


    -
-
sores a necessidade de compreensão dos
seus princípios como prerrogativa de ação
e implementação. As mudanças estruturais

Nacional do ensino seriado representam um
campo de tensões, reveladas nos discursos

   
189) ajuda na compreensão sobre o papel
 
prescrito e ao currículo vivido. Apesar de
o currículo prescrito representar um lega-
do de “capital cultural” declarado legítimo
    
    
      -


legítimo. No caso em estudo, o desconheci-

   
da EJA, vigente na Rede Estadual da Bahia,
pelo grupo docente, requer investimentos
-
do no cotidiano escolar.
5. ALGUMAS CONCLUSÕES...
  
diante de um histórico esvaziado de políti-
cas educacionais que deem conta da espe-
-
sos dentro do espaço escolar e da recente
conquista de ser reconhecida como uma
modalidade da educação básica de direito à
-
lar da EJA tensiona um território de sujeitos
históricos, encharcados de vivências, direi-
tos e necessidades, por vezes negados em

Para atender a essa modalidade na Bah-
ia, a Secretaria de Educação implantou a
Política de EJA- BA, Aprendizagem ao Longo
da Vida nas escolas a partir de 2009. Essa
     
      
embasada em práticas pedagógicas emanci-

e, principalmente, no respeito à diversida-
  
Educação de Jovens e Adultos.
    

   -
res. Apesar do processo de construção cole-

etc.), encontros de escuta e democratização
na construção do currículo, a pesquisa evi-
    -
-
sores multiplicadores não deram conta de
toda a demanda de docentes atuantes da
     
de acompanhamentos via e-mail para tirar
dúvidas; b) O atraso na entrega dos instru-
mentos de registros e diários às escolas di-
-
Ana Célia Dantas Tanure; Graça dos Santos Costa
Revista Internacional de Educação de Jovens e Adultos, v. 03, n. 05, p. 98-115, jan./jun. 2020 113

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-

Os resultados evidenciados pelas entre-

proposta curricular tem base crítica e está

a reconhece distante da realidade do ensi-
no na EJA. Apesar do reconhecimento des-
sa proposta curricular como uma política
  -
-

constitui distante das práticas desenvolvi-
das nas salas de aula.
A proposta curricular demanda com-
preensão dos sujeitos da EJA, valorizando
     
maior tempo por parte dos docentes para
acompanhamento do percurso da aprendi-
   
participativa e democrática. No entanto, os
-
ção do sentimento de pertença à modali-
-
   
realidades.

-
-
 
que, para trabalhar com currículo de tal
natureza, seriam necessários melhores re-
cursos e condições de trabalho, como, por

  -
nejamento, estudo, produção e revisão de
material didático adequado à modalidade.


-
nhecimento da proposta currículo da EJA; a
ampliação da carga de planejamento e tra-


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uma visão mais individualizada do aluno; a

incapacidade de lidar com estudantes com
problemas de ordem social; a não garantia
   -
mação docente contínua na EJA.
Novos programas curriculares, para se-
    
da parte teórica com bases emacipatórias
    -
    
e humanos, material didático adequado
   
dos docentes. São necessários investimen-

   
parte dos estudantes, docentes, coordena-

sujeitos envolvidos no processo educativo
da EJA. Esta realidade, que ora se apresenta
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-


cada vez mais autoria e autonomia no seu

pedagógica cada vez mais inclusiva na EJA.
REFERÊNCIAS

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Longo da Vida. 
Educação de Jovens e Adultos. Recuperado em
01 de novembro de 2017 de 


114

-
 Educação em revista,
(V. 29, n 02, pp. 279-285).
   
    -
      

39-61.
      
(2012) Los talleres interculturales como estra-
      
       
cultural. Quaderns Digitals, v. 71, p.1-14.
Diálogo entre famí-
lia e escola em contexto de diversidade: uma pon-
te entre expectativas e realidades. Tese de Dou-
torado, Universidad de Barcelona, Barcelona.

        
Educação de jovens e adultos: teoria, prática e
proposta
Que fazer: teo-
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de Educadores na Educação de Jovens e Adultos
-
lidades. Educação em Revista. Belo Horizonte. v.
32. nº. 04.
    O Estado da Arte
das pesquisas em Educação de Jovens e Adultos
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  -
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 
     
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  
Brasil. Anais do -
nia, Goiás, Brasil.
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ganização curricular e das práticas pedagógicas
na EJA. Educar   
pp. 83-100).
-
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A trajetória da EJA no Estado da Bahia: Da Su-
plência à Aceleração. Revista Práxis Educacional.

 -
dor de jovens e adultos: um estudo da habilita-
ção de EJA dos cursos de pedagogia. Anais da
ANPED. GT: Educação de Pessoas Jovens e Adul-

2017 em -

Tecendo saberes e faze-
res no currículo da educação de jovens e adultos:
estudo sobre representações sociais de profis-
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-

30 de outubro de 2017 de 

Fórum EJA Bahia: implicação na
definição da política pública da Educação de Jo-
Ana Célia Dantas Tanure; Graça dos Santos Costa
Revista Internacional de Educação de Jovens e Adultos, v. 03, n. 05, p. 98-115, jan./jun. 2020 115
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Bahia, Brasil.
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mação docente nas licenciaturas. Revista da
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ticas públicas e a juvenilização da educação de
jovens e adultos: um olhar para a diversidade
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2015.1295 p.
Recebido em: 22/07/2020
Aprovado em: 20/08/2020
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Full-text available
Educação e imigração: oficinas interculturais como dispositivos para apoiar a participação das famílias imigrantes Educación e inmigración: talleres interculturales como dispositivos para apoyar la participación de las familias inmigrantes Education and immigration intercultural workshops as devices to support the participation of immigrant families Graça dos Santos Costa Universidade do Estado da Bahia-Brasil Resumo Este artigo tem por objetivo apresentar alguns resultados da pesquisa "Diálogo família escola em contexto de diversidade", cujo objetivo foi analisar as formas de comunicação entre famílias imigrantes e escola, para alcançar o apoio educativo dos/as alunos/as imigrantes na Espanha. Trata-se de uma pesquisa que utiliza uma epistemologia qualitativa, por meio do estudo de caso com enfoque participativo. Utilizamos como instrumentos de coleta de informações a oficina formativa/ investigativa e a entrevista semiestruturada. Apresenta-se aqui a experiência formativa e investigativa das oficinas interculturais como dispositivo para apoiar as famílias em contexto de imigração. Discute os resultados da citada experiência, ressaltando algumas pistas para fomentar a participação das famílias nas escolas em contexto de imigração. Uma pesquisa desta natureza se faz relevante dentro das políticas globais, nacional e local, para todo programa que busque a igualdade
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Com base em conhecimentos desenvolvidos em múltiplos projetos de formação de professores, como protagonistas e condutores dos processos vivenciados, reflete-se sobre a noção de redes – forma epistêmica e metodológica de professores produzirem conhecimentos ao longo de toda a vida. Verifica-se como redes de conhecimentos emergentes atravessam fronteiras dos níveis de formação/titularidades; tempos demagistério; experiência anterior com a educação de jovens e adultos; e práticas pedagógicas para se fazerem novas e complexas formas de compreender e apreender a realidade da EJA em trançados desiguais, diferenciados, e ricos da diversidade de saberes, e que produzem mosaicos que se conectam, transpondo fios e se enredando em trama sempre renovável. Reviram-se/pesquisam-se/esgarçam-se práticasdesenvolvidas; escava-se em torno de conceitos estabelecidos, revolvendo solos emque se esparramam trançados complexos de saberes, no processo dialético de ensinaraprender-ensinar: ação investigatória sobre o mundo tomado a si, para transformá-lo.Na concepção de formação adotada – como ato humano, inacabado – assume-se acategoria freireana de percebido-destacado, entendendo a emergência de práticas resultando do movimento de professores sobre realidades de trabalho, quando têmconsciência do que significam. Assume-se a estratégia metodológica de descodificar o mundo e mobilizar professores à descoberta de inéditos-viáveis em práticas pedagógicas transformadas e transformadoras.
O currículo: uma reflexão sobre a prática
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