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Interações
Universidade São Marcos
interacoes@smarcos.br
ISSN (Versión impresa): 1413-2907
BRASIL
2001
Alessandro Soares da Silva
CONSCIÊNCIA E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA: UMA ABORDAGEM PSICOPOLÍTICA
Interações, julho-dezembro, año/vol. VI, número 012
Universidade São Marcos
Sao Paulo, Brasil
pp. 69-90
Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal
Universidad Autónoma del Estado de México
http://redalyc.uaemex.mx
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Consciência e participação política:
uma abordagem Psicopolítica*
RR
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Resumo:esumo:
esumo:esumo:
esumo: O presente trabalho pretende estabelecer uma articulação entre a Teoria
Social do Self, de George Herber Mead, e o Modelo de Estudo da Consciência Política,
de Sandoval, com vista a possibilitarmos a melhor compreensão dos aspectos psicopolíticos
da consciência e da participação política de sujeitos implicados em ações coletivas e
movimentos sociais.
PP
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Palavras-chave:alavras-chave:
alavras-chave:alavras-chave:
alavras-chave: Consciência Política, Teoria Social do Self, Ações Coletivas.
Conscience and PConscience and P
Conscience and PConscience and P
Conscience and Political Political P
olitical Political P
olitical Participation: a Participation: a P
articipation: a Participation: a P
articipation: a Psychopolitical approachsychopolitical approach
sychopolitical approachsychopolitical approach
sychopolitical approach
Abstract:Abstract:
Abstract:Abstract:
Abstract: This paper aims to articulate the theory of social self by G. H. Mead ant the
model of analysis of political conscience by Sandoval. This articulation help us to
understand the psychopolitical aspects of the conscience and the political participation in
collectives actions and social movements
KK
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Key words: ey words:
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ey words: Political Conscience, Social Theory of Self, Collective Action.
ALESSANDROALESSANDRO
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ALESSANDRO
SOSO
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SOARES DARES D
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ARES DA SILA SIL
A SILA SIL
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Doutorando em Psicologia
Social – PUC/SP
Consciência e participação política: uma abordagem psicopolítica
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O presente ensaio pretende apresentar uma importante abordagem teó-
rica em psicologia social, ainda que pouco conhecida e utilizada pelos
profissionais da área, desenvolvida por George Herbert Mead1 e anali-
sar as possibilidades de articulação dessa com o modelo analítico de
estudo da Consciência Políitica proposto por Salvador Sandoval.2
A teoria meadiana foi elaborada entre o fmal do seculo XIX e a três
primeiras décadas do seculo XX. Mead é influenciado pelo processo de
mudanças pelo qual passava a sociedade norte-americana, a saber: de
uma sociedade eminentemente agrária, rural e religiosa a uma socieda-
de urbana, industrial e laica. Esta passagem da antiga mentalidade agrí-
cola a uma nova, moderna mentalidade industrial é conseqüência da
guerra civil.
Curiosamente, as proposições meadianas foram muito mais apro-
veitadas por sociologos, filósofos a lingüistas do que por psicólogos
sociais. Apenas mais recentemente elas têm sido retomadas por alguns
estudiosos da area. Para nós, importa aqui destacar da obra de Mead as
suas conceituações acerca da Consciência, Self, Ato Social e Outro Ge-
neralizado, de sorte a permitir a ampliação do estudo sobre consciência
política a partir de referenciais da Psicologia Política nos moldes pro-
postos por Sandoval (1989; 1994; 1997; 2001).
A PA P
A PA P
A Psicologia Social de Georsicologia Social de Geor
sicologia Social de Georsicologia Social de Geor
sicologia Social de George Herbert Meadge Herbert Mead
ge Herbert Meadge Herbert Mead
ge Herbert Mead
Na perspectiva da teoria meadiana, o objeto de estudos da Psicolo-
gia não é a consciência compreendida nos moldes da filosofia. Para ele,
o campo de estudo da Psicologia é mais extenso e a categoria “consciên-
cia” assume, nesse contexto mais amplo, um caráter psicológico, sendo
ele essencialmente social. Para Mead é a experiência humana o objeto
privilegiado da ciência psicológica, levando em consideração o fato de
que a experiência humana possui duas dimensões distintas, a pública e
a privada, sendo uma passível de observação por parte de um outro
(Externa) e a outra oculta a outros que não o próprio sujeito dessas
experiências (Interna); é necessário se encontrar um ponto de intersec-
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ção entre essa realidade exterior ao sujeito e a internalização dessa reali-
dade exterior pelo sujeito para que se possa falar de consciência em
Mead (ver Sass, 1992: 124).
Para especificar claramente o que é interno e externo na experiência
humana individual, Mead propõe o conceito de “ato completo” que vem
a ser “(...) a manifestação exteriorizada da ação (comportamento) e a sua inten-
ção ou propósito, ou finalidade. (...) O ato não é simplesmente o estímulo mais a
reação a ele, é um todo dinâmico do qual faz parte a experiência interna que,
por sua vez, é constituída socialmente” (Sass, 1992: 125-26). A esse respeito
lemos em Mind, Self and SocietyMind, Self and Society
Mind, Self and SocietyMind, Self and Society
Mind, Self and Society: “O ato, pois, e não o trajeto é o dado
fundamental da Psicologia Social e individual, quando elas são concebidas na
forma behaviorista3 e ela tem uma fase interna e outra externa, um aspecto
interior e outro exterior”. (Mead, (Mead,
(Mead, (Mead,
(Mead, 1972: 7-8). Ainda é mister ressaltar que
a noção de ato social deve estar, segundo o autor, restrita
“(...) à classe de atos que implicam a cooperação de mais de um individuo, e
cujo objeto, tal como é definido pelo ato é, no sentido de Bergson, um objeto
social. Por objeto social entendo aquele que responde a todas as partes de ato
complexo, ainda que tail partes se encontrem no comportamento de distintos
indivíduos. O objetivo dos atos se encontra, pois, no processo vital do grupo, e não
somente no processo vital dos distintos indivíduos”. (Mead, 1972: 7, nota 7)
Assim podemos notar que a ação exterior do sujeito é precedida de
uma ação interior, mesmo que esta tenha sido formada por determina-
ção exterior, durante a história do sujeito. Há intencionalidade presente
no comportamento humano no instante em que o sujeito atribui valor a
um objeto. Atribuir valor a objetos, é estabelecer finalidade para estes, e
singrar as águas dos pressupostos de caráter teleológico. Então, ao atri-
buirmos valores a um objeto, estamos determinando a ação do sujeito
em relação a esse mesmo objeto.
Nesse sentido, podemos dizer que um ato social é uma conversação
envolvendo gestos. Desse modo, a linguagem, funciona como meio de
comunicação entre individuos da mesma espécie; constitui a base soci-
almente genética da organização dos atos sociais e atua como mecanis-
mo de controle que o sujeito tem disponível para controlar sua ação em
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relação ao mundo, constituindo-se em componente fundamental da in-
dividuação (cf. Sass,1992: 138). Tais gestos, para Mead, podem ser
significantes (conscientes) ou não significantes (inconscientes). A esse
respeito, Mead escreveu que
“(..) o gesto significante ou símbolo significante proporciona facilidades muito
maiores a adaptação a readaptação do que os gestos não significantes, porque
provoca no indivíduo que o manifesta a mesma atitude que provoca nos individuos
que, como primeiro, participam do ato social dado, e assim tornando-se consciente
da atitude em relação ao gesto e lhe permite adaptar o seu comportamento ao dos
outros participante, à luz da referida atitude” (Mead, 1972:89)
Para Mead, a natureza da significação se encontra implícita na
estrutura do ato social. Esse fato implica, para o autor, na necessidade
de a Psicologia Social partir “da suposição inicial de um processo de experi-
ência social e de comportamento em execução, processo em que está envolvido
qualquer grupo dado de indivíduos humanos e do qual depende a existência e
desenvolvimento de suas mentes, selves e da consciêcia de si.”
(Mead, 1972:82)
O self surge e se estrutura a partir de interações sociais, ou, em
outras palavras, mediante a experiência singular de cada sujeito realiza-
da no processo social. O self, então, ocupa um papel relevante no cená-
rio da organização social, visto que integra a subjetividade (experiência
singular de cada sujeito) e a objetividade (espaço de interação social, da
coletividade). Assim, o self é organizado no interior do processo social.
O sujeito existe, ativamente, no interior desse processo social. As
atividades ocorrem nas diversas e cada vez mais complexas formas de
relacionar-se com o outro e com o mundo. Partindo dessas considera-
ções, observamos que a origem social do self proposta por Mead está no
fato de que “o meio social humano pertence ao indivíduo em decorrêcia do
caráter peculiar da atividade social humana.” (Sass, 1992: 202).
A frase anterior nos leva a perceber que, para Mead, não se trata de
qualquer tipo de atividade. Ainda que atividades como carregar uma
geladeira ou desatolar um automóvel pressuponham uma ação coopera-
da entre os homens implicados na ação, que exijam “graus complexos de
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inleligência e de comportamento, neles não estão implicados o self de cada
indivíduo”. (Sass, 1992:203) Em quase nada certas atividades humanas
se diferenciam das atividades cooperativas executadas por animais, tais
como as abelhas e as formigas. As atividades que importam aqui desta-
car são aquelas exclusivamente humanas, que são realizadas socialmen-
te e que implicam na adoção da atitude do outro. Interessam-nos as
“atividades que afetam o organismo do mesmo modo que afetam os outros orga-
nismos e portanto provocam, naquele, reações do mesmo caráter que provocam
nestes.” (Sass, 1992: 204).
Mead identifica três formas de atividades que progridem em nível
de complexidade na construção do self. A primeira forma são as brinca-
deiras (play). Ele propicia à criança a primeira organização do seu self e
da consciência de si mesma. Nessa categoria de jogos, a criança brinca
de algo sem que existam fins e meios que a direcionem. “Numa primei-
ra fase, as brincadeiras infantis são acompanhadas pela alternância rápida
de papeis e, com a aquisição da linguagem, de solilóquios”. (Sass, 1992: 210)
Ela pode brincar só ou em companhia de amigos imaginários (dublês).
Ao experimentarem essas brincadeiras, as crianqas vão progressiva-
mente concebendo como compreensíveis os papéis dos outros. Nessa
fase, a apropriação da atitude do outro ainda não consiste na apropria-
ção de um Outro Generalizados. Aqui a criança organiza de forma
particular as atitudes particulares do(s) outro(s) voltando-as para si pró-
pria. Tal organização particular é regida por regras ocultas nas brinca-
deiras de papéis com as quais as crianças costumam brincar. Ressalta-
mos que a imaginação da criança lhe permite organizar e controlar suas
proprias experiências. Assim, a imaginação ocupa papel importante na
elaboração do self.
A segunda fase de estruturação do self se encontra no período dos
jogos (games). Eles estão alicercados nas experiências vividas nos jogos
infantis. Neles há a admissão de regras prévias e claras que determinam
o comportamento do sujeito no jogo, o qual também a jogado por
outro(s). Quando o jogo é coletivo, também não se pode determinar
unilateralmente as mudanças das regras. É necessário o assentimento de
quem mais brinque para que se efetue as mudanças. Em outras pala-
vras, é preciso que haja a apropriação da atitude dos outros que brincam
de forma organizada. Esta apropriação não pode ser parcial, deve ser
total, estar organizada numa totalidade, articuladas como um outro ge-
neralizado.
Há, ainda, a reciprocidade entre os participantes do jogo que ad-
mitem as regras e vivem uma situação de inter-relação. E nesse contexto
se dá a individuação do sujeito. “Em termos gerais, a individuação somente
pode ser inteligível como processo em que a experiência do individuo implica a
organização ideal e comportamental da pauta geral de conduta do grupo social
a que pertence.” (Sass, 1992: 219).
As atividades lingüísticas, em especial as atividades simbólicas que
articulam os gestos vocais com o pensamento, constituem a terceira a de-
cisiva fase de desenvolvimento do self. Esta última fase engloba as duas
primeiras e “permite ao homem internalizar conscientemente o mundo exterior,
e suplantar a si mesmo, convertendo a si mesmo, como consciêcia de si, no seu
outro.” (Sass, 1992: 204) A isto Mead chama de diálogo interiorizado.
Tendo em conta as ideias até aqui expostas, podemos concluir que
“o self é a internalização das experiêcias sociais que são incorporadas ao com-
portamento da forma-individuo e adstrito à consciência, o seu caráter é essen-
cialmente cognitivo” (SassSass
SassSass
Sass, 1992:224).4
O self é social: possui em seu fundamento aspectos internos a exter-
nos, os quais localizamos didaticamente no que Mead denomina de
“eu” – parte do sujeito que reage às atitudes dos outros – e de “mim” –
parte que processa e internaliza (antes da assimilação por parte do eu, ou
então antes de tornar-se disponível ao sujeito) os eventos externos ao
sujeito. Assim “o eu é a fase do self que se exterioriza, reagindo à atitude dos
outros, o mim é a face do self que internaliza aquelas atitudes.” (Sass, 1992:
230) “As atitudes dos outros constituem um mim organizado e então o indiví-
duo reage a elas como um eu.” (Mead, 1972: 175)
Eu e mim sao dois momentos estruturados de um mesmo processo,
são como que fases componentes do self, sem as quais não se pode ela-
borar um self. O eu não tem como objeto a experiência direta. Seu obje-
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to está nas experiências processadas pelo mim, o que faz do mim o objeto
do eu.5
As relações que o eu tem com as experiências são mediatizadas pe-
las memórias do mim: “Do confronto entre a ação do eu e a reflexão da
experiência em mim é tecida a autoconsciência ou consciência de si”. (Sass,
1992: 229) Mediante o diálogo interiorizado, que caracteriza a terceira
fase da elaboração do self, o sujeito conversa consigo mesmo e retruca a
si próprio como se o fizesse com o outro. Portanto, o self tem por carac-
terística ser um objeto para si próprio.
“A consciência de si implica que o indivíduo se converta em um objeto para si
ao adotar as atitudes dos outros indivíduos para ele, dentro de um marco organizado
de relações sociais: a menos que o indivíduo se converta em objeto para si, ele não
desenvolveria a consciência de si nem teria um self completo. “ (Mead, 1972: 225)
Enquanto podemos dizer que o mim está voltado ao passado, visto
que ele organiza as experiências objetivas percebidas pelo sujeito e que
mais tarde são assumidas pelo eu, o eu está voltado para o presente e para
as expectativas de futuro vividas pelo sujeito. Esta relação se dá numa
perspectiva dialética, a qual coloca a ação do sujeito num devir conti-
nuo. O self completo é formado unitariamente mediante uma relação de
reciprocidade existente entre o eu e o mim, a qual possibilita ao sujeito
tornar a si um objeto para si mesmo.
Importa a esta altura dizer que, para Mead, a reflexão resultante da
intemalização pelo sujeito de um reflexo generalizado da atitude do
outro. A realidade é refletida generalizadamente pelo individuo. Em
termos filosóficos, o particular (o sujeito) reduz sua capacidade reflexi-
va do reconhecimento do universal (o ato social). Fica estabelecido en-
tão que há uma relação entre sujeito e sociedade que, por sua vez, é
mediatizada por algo. Esse algo é o Outro Generalizado.6
Segundo Sass, Mead entende que “a cada experiência nos defronta-
mos com um outro sempre particular mas sempre generalizadamente. (..) Ape-
nas como reflexo generalizado da relação particular é que podemos compreen-
der, da perspectiva social, a relação das formas pai e filho”. (Sass, 1992:
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244-45) E então podemos compreender o outro como “uma atitude or-
ganizada e generalizada do real, ou como um outro generalizado e é o outro
generalizado que proporciona a unidade do self, ou a luta racional entre o eu
e o mim”. (Sass, Sass,
Sass, Sass,
Sass, 1992: 245)
Na perspectiva de Mead “a comunidade organizada ou o grupo social
que proporciona ao indivíduo sua unidade de self podem ser chamados de outro
generalizado. A atitude do outro generalizado é a atitude de toda a comunida-
de”. (Mead, Mead,
Mead, Mead,
Mead, 1972: 154) Disso podemos concluir que o outro generaliza-
do não pertence imediatamente ao sujeito, mas à comunidade; o outro
generalizado é a interiorização da atitude de toda a comunidade.
No que se refere às relações entre o sujeito e a sociedade, podemos
observar que elas se estabelecem mediante a formação e evolução da
autoconsciência ou consciência de si adquirida pela formação do self.
Em outras palavras, quanto mais o eu e o mim estiverem integrados,
mais complexa poderá ser a consciência do sujeito.
Em nosso entender, esta consciência é eminentemente política, é
consciência política e se constrói em relação a si próprio, ao outro gene-
ralizado e à sociedade. Quanto mais articulados estiverem o eu e o mim,
formando um self completo, mais política poderá ser esta consciência
desenvolvida pelo sujeito. Dizemos isso porque um individuo que nao
possua um self completo, nunca virá a ter uma consciência política com
uma configuração complexa. Contudo, ter um self completo não signi-
fica o mesmo que ter consciência política complexa.
Ter um self completo é a base para se obter uma consciência política
complexa. Quanto mais articulado estiverem eu e mim na formação do
self, quanto mais desenvolvida estiver a consciência de si no sujeito,
mais condições o sujeito terá para elaborar sua consciência política de
maneira com que se torne mais complexa. Portanto, podemos pensar
em graus, configurações de consciência que se formam de modo dialé-
tico ou segundo o processo dialético vivido pelo eu-mim na construção
do self. Podemos dizer que, paralelamente à estruturação do self com-
pleto podemos encontrar a formaqao da consciência politica, visto que a
estrutura do self está na base dessa última.
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Em nenhum momento o autor nos permite pensar um sujeito dis-
sociado da sociedade. É na indissociabilidade (e por conseguinte na
ausência de qualquer dualismo a esse respeito) de sujeito-sociedade que
podemos pensar essa dialética. O autor afirma que “qualquer tratamento
psicológico ou filosófico da natureza humana implica a suposição de que o indi-
víduo humano pertence a uma comunidade social organizada e obtém sua
natureza de suas interações e de relações sociais com essa comunidade como um
todo e com os membros individuais dela”. (Mead, Mead,
Mead, Mead,
Mead, 1972: 251)
Registramos ainda que, segundo a concepção meadiana, a socieda-
de é anterior ao indivíduo e, por isso, a individuação é resultante dos
processos socializantes e depende da evolução histórica de nossa socie-
dade. Nas palavras de Mead verifica-se que “se o indivíduo obtém seu self
apenas através da comunicação com os outros, somente graças à elaboração dos
processos sociais mediante a comunicação significante, então o self não poderia
preceder o organismo social. Este deve existir previamente”. (Mead, Mead,
Mead, Mead,
Mead, 1972:
233) Vale frisar que essa existência prévia da sociedade em relação ao
sujeito não consiste na completa determinação deste pela sua relação
com esta. Com essa postura, Mead caminha com K. Marx, que estabe-
lece uma relação recíproca entre sociedade e indivíduo, ao afirmar que
“assim como a sociedade produz ela mesma ao homem enquanto homem, é
produzida por ele” ( MarMar
MarMar
Marxx
xx
x, 1978: 380).
Essa relação pode ser observada no fenômeno das instituições. Elas
são o reflexo da própria complexidade do ser humano. Elas não são
necessariamente formas determinantes, castradoras do sujeito. Elas exis-
tem na sociedade porque, antes de tudo, são e estão internalizadas pelo
sujeito. As instituições podem ser (e muitas vezes o são), além de for-
mas organizadoras dos comportamentos inter-sujeitos e dos sujeitos que
as compõem, promotoras da individuação do sujeito. A esse respeito
lemos em Sass:
“É claro que a vida social organizada, entre outras formas, em normas (direi-
tos e deveres) e valores (morais e éticos), é internalizada pelo indivíduo em distin-
tos graus. Da mesma maneira, em cada momento histórico um indivíduo ou um
grupo de indivíduos podem traduzir melhor que outros indivíduos tanto a atitude
do conjunto de pessoas que compõe a sociedade, reforçando as posições instituci-
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onais que sustentam, ou mesmo antecipando profundas modificações nas institui-
ções vigentes. Esse entendimento vincula diretamente o papel da psicologia social
à ação política dos indivíduos.” (Sass, 1992: 78)
Observemos um trecho em que Mead aplica seu conceito de self ao
comportamento político:
“Considere que um político ou um estadista, ao apresentar um projeto, tem nele
mesmo a atitude da comunidade. Ele sabe como a comunidade reage em sua
experiência a essa expressão da comunidade – ele sente como tal experiência possui
uma série de atividades organizada que são aquelas da comunidade. Sua contribui-
ção própria, nesse caso o ‘eu’, é um projeto de reorganização, um projeto que ele
apresenta à comunidade tal como esta reflete nele. Também se modifica, por
suposto, na medida em que apresenta esse projeto e faz dele uma questão política...
Todo o procedimento é realizado na experiência do estadista bem como na expe-
riência geral da comunidade. Quero apontar que os acontecimentos não ocorrem
de forma simples em sua mente, em vez disso, ela é a expressão de sua própria
conduta dessa situação social, desse grande processo cooperativo da comunidade,
que é executado.” (Mead, 1972: 187-88)
Nesse trecho, Mead quer mostrar que, normalmente, não se pode
pensar que liderança seja sinônimo de isolamento, de dominação e con-
trole. Isso equivaleria a dizer que uma liderança ou qualquer sujeito que
assim estivesse estruturado estaria possivelmente desprovido de um mim
e, por isso, incapaz de internalizar a experiência vivida. Estaríamos falan-
do de alguém com um self fragmentado, não completo, possuidor apenas
de um eu e, assim, de uma consciência política fragmentária, se não pato-
lógica. Mead enfatiza no texto que o eu deve reagir partindo das atitudes
organizadas dos outros pelo mim. E isso inclui o outro na ação política de
qualquer sujeito. Subtrair por quaisquer motivos que sejam o outro da
análise do comportamento político, social, é inconcebivel.
Assim, ainda que o político não articule as expectativas dos outros
durante a atividade, a construção de seu projeto (que em nossos tempos
é orientada por estratégias de marketing politico), não nos autoriza a
pensarmos que ele as desconheça. Certamente as conhece, pois só assim
pode capitalizá-las a seu favor, convertê-las em expectativas de outra
ordem e que estejam de acordo com seu projeto. Dessa forma, mesmo
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que ele não esteja articulando a demanda popular a seu projeto, o polí-
tico está inserindo o outro em sua atividade política.
Todavia é necessário que se diga que a análise meadiana é por de-
mais idealista e funcional. Isso fica claro quando observe-se que o autor
supõe de maneira implícita que a conduta do sujeito é eivada por uma
conduta moral. A respeito dessa conduta moral suposta por Mead na
vida do sujeito, Sass afirma que “(...) na medida em que, implicitamente,
supõe uma moral na conduta das pessoas que está longe de ser um produto
natural das relações sociais; em conseqüência, supõe que o projeto político é a
expressão da expectativa dos outros.” (SassSass
SassSass
Sass, 1992: 232)
É ingenua a compreensão de Mead de que projeto político de um
estadista seja o reflexo, a expressão dos anseios da sociedade que se en-
contra sob a batuta do capitalismo. Estamos de acordo com a proposi-
ção de Sass que entende que a visão meadiana acerca da questão só faz
sentido se pensarmos que “um projeto político que vincula organicamente os
seus membros e seus sintetizadores e executores com as atitudes e expectativas
dos membros da sociedade (...) faz sentido com os princípios que organizam as
sociedades socialistas e não com aqueles que organizam a sociedade capitalista.”
(SassSass
SassSass
Sass, 1992: 233)
O modelo Analítico de Estudo daO modelo Analítico de Estudo da
O modelo Analítico de Estudo daO modelo Analítico de Estudo da
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Consciência PConsciência P
Consciência PConsciência P
Consciência Políticaolítica
olíticaolítica
olítica
Destacados os conceitos e perspectivas do pensamento mediano,
procuraremos agora estabelecer possíveis aproximações teóricas entre a
Teoria Social do Self e o modelo de estudo da Consciência Política pro-
posto por Salvador Sandoval (1989; 1994; 1997; 2001).
É importante demonstrar, de pronto, o fato de que Mead não fez
parte do referencial de Sandoval. Os autores que influenciaram de modo
definitivo a Sandoval foram Tilly (1978), Moore (1978) Touraine (1966,
1984), Moscovici (1985) e Tajfel (1981), Melucci (1996) a Heller (1972).
Contudo, defendemos a possibilidade de o autor ter se apropriado de
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alguns dos pressupostos meadianos através da tradição acadêmica norte-
americana, na qual Mead tem um trânsito maior.
Tendo presente as considerações anteriormente realizadas acerca da
psicologia social de G. H. Mead, propomos pensar o modelo da Cons-
ciência Política como sendo uma inversão da teoria meadiana da se-
guinte forma: enquanto Mead não atribui a sua teoria do Self um cará-
ter crítico (e se o faz ele provavelmente tem essa condição a priori e por
isso não a clarifica) abrindo a possibilidade de se alcançar uma consci-
ência de si acrítica, Sandoval parte exatamente dessa carência da teoria
meadiana ao introduzir com condição objetiva para o seu modelo de
consciência política a capacidade crítica que o indivíduo deve adquirir
mediante suas experiências com o Estado e na construção da identidade
coletiva com o grupo de pertença.7
Nesse sentido, o autor afirma que as restrições da vida cotidiana
que são impostas ao sujeito atuam como um mecanismo de controle
social, diminuindo as possibilidades desse sujeito desenvolver uma
capacidade de abstração analítica. Tal proposição nos direciona à com-
preensão de que o viver diário é alienante (cf. Heller 1972; Sandoval,
1989). Entretanto, é inserido nesse viver cotidiano que assimila as
suas crenças, valores societais e expectativas, que ele desenvolve suas
relações sociais e constrói uma espécie de “consciência da sociedade”.
Assim, pensamos que o viver cotidiano, além de alienante, constitui
um importante obstáculo à politização do sujeito. Essa análise nos
leva a reiterar a idéia de a consciência meadiana ser acrítica porque
não propõe, ao menos de forma direta, algum tipo de ruptura com o
cotidiano. Para Sandoval
“(...) apesar dos valores, crenças sociais e da rotina cotidiana, os indivíduos têm a
oportunidade de romper temporariamente e parcialmente com alguns dos meca-
nismos de submissão e viver, no movimento social, experiências coletivas que, por
sua vez, são pedagógicas no sentido de que o indivíduo tem a oportunidade de
vivenciar outras formas de agir frente a seus problemas, interagir com outras
pessoas no âmbito de um esforço organizado coletivamente e conhecer experien-
cialmente o sistema político na medida em que o movimento social contesta o
status quo político-distributivo e leva o indivíduo a se defrontar com membros das
elites políticas.” (Sandoval, 1989:70-1)
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Entendemos que Mead esteja se fiando em alguma forma de evo-
lucionismo social pelo qual o sujeito, em um dado momento e devido
às interações que vivenciar, ampliará essa consciência de si à arena polí-
tica. A interação entre sujeito e sociedade se dá de modo permanente e
ininterrupto. Essa é nossa impressão quando lemos os trechos em que
Mead escreve sobre comportamento político. Entendemos também que,
diferentemente de Mead, Sandoval vê na ruptura desestruturante do
cotidiano a forma de o sujeito abandonar essa consciência acrítica em
prol de uma outra politizada.
Apesar disso, nós observamos uma aproximação significativa entre
o pensamento de Sandoval e a obra de Mead no que se refere à consci-
ência de si, já que toda a consciência de si é social e por ser social pode
vir a ser política. A aproximação que fazemos dessas duas concepções
teóricas se justifica pelo fato de partirem de algumas premissas comuns:
a reciprocidade existente entre sujeito e sociedade, a mediação desse
processo pela identificaçãoe e apropriação da atitude do grupo de per-
tença e a possibilidade de se aprofundar progressivamente esta consci-
ência política. Ajunte-se a isso o fato de que entendemos que as propo-
sições de um e outro autor serem complementares sob diversos aspectos
os quais procuraremos demonstrar ao decorrer desse texto.
Quando dizemos que toda a consciência de si pode vir a ser políti-
ca, estamos nos referindo ao fato de que no processo de interiorização
das estruturas sociais, das instituições, de apropriação do outro generali-
zado, é mister que o eu faça a sua leitura das estruturas, instituições e do
outro generalizado com o qual o mim teve contato e “propõe” ao eu
interiorizar. Essa leitura e conseqüente releitura feita pelo eu (a qual
implica na relação de mão dupla entre
o sujeito e a sociedade), estaria
impregnada de posturas políticas advindas do processo de estruturação
do self (ou autoconsciência, ou ainda consciência de si).
Mas enquanto Mead não destaca a especificidade da ação e conscin-
cia polítical8, o aspecto político, na estrutura geral da consciência de si
fazendo com que esse carater político do self seja como que uma condici-
onante implícita à existência do próprio self; Sandoval procura discrimi-
nar, enfatizar, na consciência seu caráter político. Ainda que o processo de
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estruturação da consciência traga em si um caráter político, isso não impli-
ca na necessidade de que o sujeito seja um sujeito politizado. Assim, a
consciência política refere-se à politização do sujeito, às ações politizadas
do sujeito e, em última análise, ao desenvolvimento consciente do seu
caráter político. Segundo o autor, consciência política é:
“(..) a composite of interelated social psychological dimensions of meanings
and information that allow individuals to make decisions as to the best course of
action within political contexts and specific situations.” (Sandoval, 2001:185)
Para Sandoval a consciência política é formada por aspectos identi-
tários (identidade social na perspectiva de Tajfel), pela cultura constru-
ída socialmente e expressa na sociedade, por um conjunto de crenças
internalizadas pelo individuo e pela percepção politizada do contexto
social em que se localiza o sujeito (identidade Coletiva na perspectiva
de Melucci). Esses aspectos, que informam a consciência apresentam-se
no modelo proposto por Sandoval com sendo 7 dimensoes psicossocio-
lógicas que se articulam10. São elas a Identidade Coletiva; as Expectati-
vas e Convicções Societais; os Sentimentos de Interesses Coletivos e a
Identificação de Adversários; a Eficácia Poílica; os Sentimentos de Jus-
tiça e Injustiça; a Vontade de Agir Coletivamente e, por fim, as Metas e
Propostas de Ação Coletiva. Em artigo publicado em 2001, Sandoval
apresenta o seguinte esquema:
Fonte: Sandoval, S. (2001) (tradução nossa).
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É importante salientar que as dimensões da consciência política
possuem conteúdos mutáveis, visto que o que dá limite ao conteúdo de
cada dimensão são os conteúdos dos momentos históricos em que cada
sujeito se encontra.
Nas palavras de Sandoval (2001), o modelo descreve as várias di-
mensões psicossociais que constituem a consciência política de um indi-
víduo:
“This model of political consciousness depicts the various social psychologi-
cal dimensions that constitute na individual’s political awarenessof society and
himself/herself as a member of that society and consequntly represents him/her
dispositions to action in acordance with that awareness.” (p. 185)
Outro aspecto que nos permite aproximar os dois autores é a ques-
tão da ação voluntária do sujeito. É preciso dizer que o pensamento
meadiano contribuiu em muito para o desenvolvimento e consolidação
da mentalidade voluntarista da sociedade norteamericana. Afirmamos
isso por reconhecermos que a proposta de uma psicologia social apre-
sentada por Mead é eivada de uma generosa dose de voluntarismo.
Feita essa consideração, notamos que Salvador Sandoval (1994), ao pro-
por a primeira versão de seu modelo analítico para o estudo da consci-
ência política, que trazia por base o modelo de consciência operária de
Alain Touraine (1966), propõe uma quarta dimensão além das três que
o modelo do autor continha originariamente, a saber: Identidade; Oposi-
ção e Totalidade. A essa quarta dimensão Sandoval chamou de predispo-
sição para intervenção.
Sandoval acrescera esta quarta dimensão ao esquema de Alain Tou-
raine por entender que o conceito de consciência estaria “(...) intima-
mente relacionado ao engajamento do comportamento social em busca de
auto-interesse e de interesse de classe” (SandovalSandoval
SandovalSandoval
Sandoval,
1994: 68). Tal entendi-
mento nos remete à pensarmos que a percepção do sujeito acerca de sua
capacidade de intervenção com o fim de lograr alcançar seus interesses
está associada à uma noção de consciência voluntarista. Com isso, não
pretendemos dizer que essa seja a concepção de consciência de Sando-
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val, mas que a ação voluntária perpassa as ações individuais e coletiva
dos sujeitos. Para o autor
“(...) consciência é um conceito psicossocial referente aos signiftcados que os
indiviíduos atribuem às interações diárias e acontecimentos em suas vidas (...) A
consciência não é um mero espelhamento do mundo material, mas antes a atribui-
ção de significados pelo indiviíduo ao seu ambiente social, que servem como guia
de conduta e só podem ser compreendidos dentro do contexto em que é exercido
aquele padrão de conduta.” (Sandoval, 1994:í59).
Notemos ainda que essa noção de consciência está consideravelmen-
te próxima a que Mead propôs no inicio do século XX. Ambos os autores
reconhecem que a consciência é socialmente dada, forjada no interior do
processo social no qual objetividade e subjetividade interagem. Em ou-
tras palavras, os dois autores são unânimes em admitir que a consciência é
constituída mediante a interação recíproca entre aquilo que vivenciamos e
significamos como realidade extrínseca e aquilo que vivenciamos como
sendo intrínseco ao sujeito (cf. Berger & Luckmann, 1967).
Ainda relacionado à quarta dimensão da consciência, lemos o se-
guinte:
“Além disso, a compreensão de como certas ações individuais ou coletivas
ocorrem ou deixam de ocorrer não é apenas uma questão de circunstância histórica
ou da percepção do indivíduo de sua realidade social, mas também do repertório
disponível de ações possíveis e da legitimidade atribuída às mesmas por seus atores.
É nessa terceira acepção que sentimos a necessidade de agregar a ‘predisposiçãao
para a ação’ às outra dimensões de consciência política.” (Sandoval, 1994:68)
Nessa formulação, notamos uma proximidade com a noção de ati-
vidade proposta por Mead. A partir e mediante essa atividade eminen-
temente humana o sujeito atribui valores e significados e é capaz de
determinar ações individuais e coletivas às quais poderá vincular-se.
Ressaltamos que na proposta de Sandoval identidade não é sinôni-
mo para consciência; identidade ocupa o lugar de categoria analítica; é
entendida como um componente, uma dimensão da consciência, da
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mesma forma corn que Touraine (1966) propôs. Juntamente corn o
conjunto de crenças, com a cultura, com as experiências vividas, estão a
identidade social e a identidade coletiva constituindo as dimensões da
consciência política (e no nosso entender podemos introduzir nessa cons-
trução teórica o outro generalizado que funciona como mediador exter-
no, entre sujeito e sociedade, e interno, entre os diversos níveis psicoló-
gicos do sujeito). Tajfel (1981) e Melucci (1996) são autores que cola-
boram na construção de Sandoval acerca da dimensão identitária da
consciência política, Contudo, Sandoval não entende como sendo iden-
tidades distintas as propostas de Tajfel e Melucci, mas a identidade
coletiva uma especificação da identidade social de Tajfel ocorrida pela
politização do sujeito e ambas um componente da Consciência Política.
Da mesma forma, Mead não entenderia a Identidade como um
termo sinônimo para seu conceito de Self ou consciência de si. Nos
amparamos para tanto nas argumentações que Sass (cf. Sass Sass
Sass Sass
Sass 1992: 197-
201) nos apresenta a esse respeito. Como já observamos, Self ou consci-
ência de si tem, para Mead, “um caráter exclusivamente consciente”. A
concepção meadiana de self tem um caráter de consciência de si
(self-consciousness). Sendo assim, termos que portem significados consci-
entes e inconscientes, como é o caso das palavras personalidade e caráter,
ou que revelem apenas de modo parcial o conceito de Mead, como no
caso do termo eu, que se refere apenas ao que é próprio do sujeito,
deixando de lado a outra face do self (mim), ou mesmo identidade como
é proposta por Ciampa (1987), em que o termo pode ser entendido
como uma “restrospectiva da individualidade”, são inadequados. Sass, ao
refutar o uso desses termos nos apresenta o seu entendimento a respeito
do que seria para Mead a consciência de si, o self. Segundo ele “(...) o
self mediano está voltado, pela ação do eu, prospectivamente; ou, para usar
uma imagem sartreana, a ação que ainda não foi consumada e que está volta-
da a morder o futuro.” (SassSass
SassSass
Sass, 1992:199)
Parece-nos que, outra vez, Mead e Sandoval se aproximam. Am-
bos os autores voltam sua atenção à consciência, ao processo social no
qual ela é forjada. É na atividade humana, na relação entre sujeito e
sociedade que se dá essa elaboração. Dessa forma, Identidade é, em
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ambos autores, um componente importante (e não um sinônimo de)
para a elaboração de seus conceitos – self e consciência política – mas
não o único. Cada autor apresenta os componentes que julga essenciais
para tanto, mas em momento nenhum permitem a nós reduzir suas
teorias ao termo identidade. Ambos os autores vêem suas proposições
teóricas para além do que identidade por si só é capaz de representar.
Considerações FConsiderações F
Considerações FConsiderações F
Considerações Finaisinais
inaisinais
inais
Ao avaliarmos as considerações que acabamos de fazer neste breve
ensaio, entendemos que nossa proposição de uma possível articulaçao
teórica entre Mead e Sandoval aponta para a leitura da consciência e do
comportamento político que não cai em posturas deterministas ou uni-
direcionais quando da articulação estabelecida entre consciência, parti-
cipação, comportamento e politica. Muito pelo contrário. Tal articula-
ção nos concede a possibilidade de efetuarmos estudos que nos possibi-
litem entender de que modo os processos de construção da consciência,
de identidades, da cultura política e as definições de estratégias reorde-
nam cada um desses aspectos da vida do sujeito, do mundo da vida e
acabam por produzir novos significados para as ações coletivas e para a
participação política do sujeito.
Pensamos, por fim, que, ao utilizarmos os conceitos desses autores
de modo articulado, poderemos explicar melhor como que a cultura
política de um sujeito se transforma, na medida que busca soluções para
suas necessidades e a satisfação de suas demandas através de ações cole-
tivas ou movimentos sociais. Essa proposta facilita, ao nosso ver, a com-
preensão do processo de transformação de identidades pessoais em iden-
tidades coletivas; os modos com que o sujeito aprende e apreende a
linguagem particular da organização a que venha a afiliar-se e que pro-
vocará transformações em diversas dimensões da consciência como, por
exemplo, em seus valores societais, suas crenças e na percepção de anta-
gonismos e adversários, visto que virá a transferir parte de sua lealdade
e de sua solidariedade a esse grupo de pertença a que se afiliará.
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Enfim, pensamos que, através desse trabalho de articulação da Te-
oria Social do Self e do Modelo de Estudos da Consciência Política,
poderemos apresentar novas e interessantes contribuições à compreen-
são do permanente processo de socialização política vividos, pelos mo-
vimentos sociais.
NotasNotas
NotasNotas
Notas
*Para meus pais e Jaqueline Oliveira.
1Nasceu em 27 de fevereiro de 1863 em South Hadley, Massachusetts, EUA e faleceu
em 26 de abril de 1931, aos 68 anos. Mind, Self and Society Mind, Self and Society
Mind, Self and Society Mind, Self and Society
Mind, Self and Society e os demais títulos da
obra de Mead, são o resultado de esforços de seus ex-alunos, em especial Charles
Morris, que organizou e prefaciou Mind, Self and Society Mind, Self and Society
Mind, Self and Society Mind, Self and Society
Mind, Self and Society (após a morte de
Mead) e que é o principal titulo da obra de Mead por conter os conceitos fundamentais
de sua psicologia social.
2Norte-americano radicado no Brasil desde 1976. Atualmente é Professor da Universi-
dade Estadual de Campinas e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
3Ver Sass, 1992:124.
4A afirmação de que a apropriação da atitude do outro ainda não consiste na apropriação
de um Outro Generalizado merece a seguinte ressalva: caso haja a apropriação do
Outro Generalizado, esta não se dá no nível da consciência, a criança não teria consci-
ência de que o faz.
5Ainda a respeito do que seja internalizar e interiorizar é esclarecedor distingui-los
como sendo o primeiro termo o que trata do processo estruturante da experiêrncia
individual e o segredo o que traz consigo o sentido de conduzir ao interior do sujeito as
estruturas extemas já ordenadas (cf. Habermas, 1987: 34).
6Afirmar o contrário (que o eu é objeto do mim) implicaria em fazer com que a ação
característica do eu fosse deslocada para o mim, tornando o eu prisioneiro da memória, do
conjunto organizado das atitudes dos outros que o indivíduo adota para si mesmo e da
ação isolada do mim. Fazer do eu objeto do mim significa, ao nosso ver, fazer com que a
capacidade de reação que o indivíduo tem frente às atitudes do outro internalizadas pelo
mim findem, pois não seria possível fazer com que as atitudes dos outros reelaboracem
nossas própria atitudes. Tal proposição acarretaria o fim do diaáogo interior estabeleci-
do pelo eu e o mim e conseqüentemente a impossibilidade da consciência de si proposta
por Mead.
7Um exemplo apropriado para entendermos essa questão é a relação pai-filho. A esse
respeito ver Sass, 1992: 243-44.
8É importante observarmos que Mead elabora sua Teoria Social do Self partindo da
premissa da democracia. A democracia é concebida por ele como o elemento que
possibilita ao sujeito o desenvolvimento da consciência de si. O mesmo princípio valeria
para se explicar a formação de lideranças. Contudo, não podemos deixar de lembrar
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que lideranças como Stalin ou Hitler se mantêm fora de regimes democráticos ou ainda
que as democracias contemporâneas sustentam-se muitas vezes a partir de sistemas de
exclusão social. Esse nos parece o caso do Brasil e de outros países em desenvolvimento
que possuem um alto nível de concentração de renda. No caso brasileiro, apenas 20%
da população possui cerca de 80% da renda do país. Assim, parece-nos que as demo-
cracias contemporâneas diferenciam-se consideravelmente daquela pensada por Mead.
Elas não necessariamente contribuem ao desenvolvimento de uma consciência de si
completa, critica visto que elas se mantém com uma pequena parcela da coletividade.
Ainda que a compreensão meadiana aponte para o desenvolvimento de uma criticidade
da consciência, isso parece-nos aparente visto que, ao nosso ver, Mead tende muito
mais a propor um “sujeito da adaptação” do que da crítica.
9Importa fazer notar que, no instante em que Mead faz da democracia uma condição
necessária para o desenvolvimento do self, ele está abrindo espaço para que pensemos o
próprio self não apenas socialmente, mas também politicamente. Contudo o possível
aspecto político do self não chega a ser mencionado pelo autor no decorrer de sua obra.
10 Para uma leitura mais detalhadas das dimensões da consciência política propostas por
Sandoval recomendamos a leitura do artigo The Crisis of de Brazil Labor Mo-The Crisis of de Brazil Labor Mo-
The Crisis of de Brazil Labor Mo-The Crisis of de Brazil Labor Mo-
The Crisis of de Brazil Labor Mo-
viment and Emergence of Alternatives Fviment and Emergence of Alternatives F
viment and Emergence of Alternatives Fviment and Emergence of Alternatives F
viment and Emergence of Alternatives Foms of Woms of W
oms of Woms of W
oms of Woking-oking-
oking-oking-
oking-Class ContetionClass Contetion
Class ContetionClass Contetion
Class Contetion
in the 1990sin the 1990s
in the 1990sin the 1990s
in the 1990s, publicado na Revista PP
PP
Psicologia Psicologia P
sicologia Psicologia P
sicologia Políticaolítica
olíticaolítica
olítica; I(1), no qual o autor
apresenta seu modelo teórico.
BibliografiaBibliografia
BibliografiaBibliografia
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ANDRADEANDRADE
ANDRADEANDRADE
ANDRADE, Márcia R. de O. (1998) A FA F
A FA F
A Formação da Consciência dos Joormação da Consciência dos Jo
ormação da Consciência dos Joormação da Consciência dos Jo
ormação da Consciência dos Jo--
--
-
vens no Contevens no Conte
vens no Contevens no Conte
vens no Contexto dos Assentamentos Rxto dos Assentamentos R
xto dos Assentamentos Rxto dos Assentamentos R
xto dos Assentamentos Rurais do Movimento Sem Turais do Movimento Sem T
urais do Movimento Sem Turais do Movimento Sem T
urais do Movimento Sem Terer
erer
erra.ra.
ra.ra.
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Interacionismo Simbólico e TInteracionismo Simbólico e T
Interacionismo Simbólico e T
eoria doseoria dos
eoria doseoria dos
eoria dos
PP
PP
Papéis: Uma aproapéis: Uma apro
apéis: Uma aproapéis: Uma apro
apéis: Uma aproximação para a Pximação para a P
ximação para a Pximação para a P
ximação para a Psicologia Social.sicologia Social.
sicologia Social.sicologia Social.
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LUCKMANNUCKMANN
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ConstrConstr
Construção Social da Rução Social da R
ução Social da Rução Social da R
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e-mail: paisano@osite.com.br
Recebido em: set/01
Aceito em: fev/02