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Research, Society and Development, v. 9, n. 8, e267985485, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i8.5485
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Uso de tecnologias no ensino superior público brasileiro em tempos de pandemia
COVID-19
Use of technologies in Brazilian public higher education in times of pandemic COVID-19
Uso de tecnologías en la educación superior pública brasileña en tiempos de pandemia
COVID-19
Recebido: 10/06/2020 | Revisado: 22/06/2020 | Aceito: 23/06/2020 | Publicado: 04/07/2020
Leonardo de Andrade Carneiro
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2388-7516
Universidade Federal do Tocantins, Brasil
E-mail: leodpalmas@hotmail.com
Waldecy Rodrigues
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5584-6586
Universidade Federal do Tocantins, Brasil
E-mail: waldecy@terra.com.br
George França
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2760-3373
Universidade Federal do Tocantins, Brasil
E-mail: george.f@uft.edu.br
David Nadler Prata
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1414-4000
Universidade Federal do Tocantins, Brasil
E-mail: ddnprata@gmail.com
Resumo
O ano de 2020 já está marcado como sendo o ano da pandemia COVID-19. Essa pandemia vem
modificando as estruturas socioeconômicas no mundo, e as instituições educacionais no Brasil
praticamente tiveram que interromper suas atividades presenciais devido às regras de
distanciamento social. Conforme método de ensino, a aprendizagem mediada por tecnologia
ganhou ênfase e abriu espaço para interações humanas diferenciadas. Essas metodologias de
ensino já existiam, mas ainda alcançavam uma escala pequena. Este trabalho apresenta e discute
as perspectivas brasileiras sobre os desafios e oportunidades para o uso das tecnologias
educacionais para o ensino superior público. Os principais resultados apontam que a
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implementação de políticas de inclusão digital, visando diminuir as desigualdades regionais de
acesso à internet é condição necessária para que qualquer estratégia de ensino remoto tenha
possibilidade de êxito.
Palavras-chave: Aprendizagem mediada por tecnologia; COVID-19; Plataformas on-line;
Ensino.
Abstract
The year 2020 is already marked as the year of the pandemic COVID-19. This pandemic has
been changing the socioeconomic structures of the world, and educational institutions in Brazil
practically had to interrupt their face-to-face activities due to the rules of social distancing.
According to the teaching method, technology-mediated learning has gained emphasis and
makes room for differentiated human interactions. These teaching methodologies already
existed, but they still reached a small scale. This article presents and discusses the Brazilian
perspectives on the challenges and opportunities for the use of educational technologies for
public higher education. The main results indicate that the implementation of digital inclusion
policies, aiming to reduce regional inequalities of internet access, is a necessary condition for
any remote teaching strategy to be successful.
Keywords: Technology-mediated learning; COVID-19; Online platforms; Teaching.
Resumen
El año 2020 ya está marcado como el año del pandemic COVID-19. Esta pandemia ha estado
cambiando las estructuras socioeconómicas del mundo, y las instituciones educativas en Brasil
prácticamente tuvieron que interrumpir sus actividades presenciales debido a las reglas del
distanciamiento social. Según el método de enseñanza, el aprendizaje mediado por la tecnología
ha ganado énfasis y da lugar a interacciones humanas diferenciadas. Estas metodologías de
enseñanza ya existían, pero todavía alcanzaban una pequeña escala. Este artículo presenta y
analiza las perspectivas brasileñas sobre los desafíos y oportunidades para el uso de las
tecnologías educativas para la educación superior pública. Los principales resultados indican
que la aplicación de políticas de inclusión digital, con el objetivo de reducir las desigualdades
regionales de acceso a Internet, es una condición necesaria para que cualquier estrategia de
enseñanza remota tenga éxito.
Palabras clave: Aprendizaje mediado por la tecnología; COVID-19; Plataformas en línea;
Enseñanza.
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1 Introdução
O Ministério da Saúde (MS) publicou o Boletim Epidemiológico nº 15 e o Ministério
da Educação (MEC) a Portaria nº 343. Ambos solicitaram o distanciamento social e paralisação
de encontros presenciais devido à pandemia do COVID-19. O MEC também se manifestou
dizendo que a presencialidade nas instituições de ensino e a aproximação entre as pessoas
ficaram extremamente sensíveis e foram redimensionadas a partir destas novas orientações
relacionadas às questões sanitárias que afetam diretamente a sobrevivência das populações
atingidas. Atendendo a todas essas recomendações, as atividades acadêmicas foram suspensas,
mas a interrupção das aulas presenciais revelou uma realidade desafiadora: a dificuldade de
acesso a recursos tecnológicos por parte dos discentes e a falta de equipamentos para docentes.
As tecnologias são muito íntimas da sociedade contemporânea, mas não são acessíveis a todos.
Neste contexto, o objetivo deste trabalho é discutir o uso do ensino mediado por
tecnologias, em especial como resposta educacional à Pandemia COVID-19, problematizando
o uso das plataformas on-line e recursos educacionais para a continuidade do ensino em período
de isolamento social. Ademais, pretende-se verificar o cenário do ensino superior público
brasileiro diante deste contexto, buscando compreender como o cenário de inclusão digital que
estas instituições de ensino estão envolvidas pode ser relacionado com as possibilidades de
êxito ou não do uso de ensino mediado por tecnologias.
Wilder-Smith e Freedman (2020, p. 2) afirmam que o “distanciamento social e a
quarentena foram projetados para reduzir, restringir a circulação e as interações entre pessoas”.
Esse distanciamento lança as bases para fortalecer a aprendizagem mediada por tecnologias. As
aplicações inovadoras possibilitarão novos paradigmas para produção de saberes através da
utilização de ferramentas digitais e de interações sociais não presenciais.
Uma vez que os espaços educacionais presenciais estão fechados, há uma demanda em
aberto em relação à aprendizagem. Esse tema ocupa espaço nas discussões educacionais na
atualidade, e a saída óbvia é a internet e os equipamentos a ela conectados. Mas o debate não
se limita aos meios, mas avança para as questões do currículo e a necessidade de mudança de
comportamento dos professores, das instituições e dos alunos. Nesse sentido, Almeida e
Valente (2012), observam que a adaptação das tecnologias aos planos pedagógicos se constitui,
mas que mídias, envolvem informações, relações culturais, linguagens, tempos e espaços. Essas
abordagens geralmente apresentam tecnologias de comunicação como ferramentas que inovam
práticas educativas, pois permitem maior flexibilidade nos métodos de aprendizagem (Andrade
Carneiro, Prata, Moreira, & Barbosa, 2019).
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No caso do ensino superior público brasileiro, segundo o Ministério da Educação, 83%
das universidades federais suspenderam seus calendários acadêmicos e ao menos
1
13 decidiram
usar a modalidade remota, [...]. Elas afirmam não ter condições de ofertar atividades com a
mesma qualidade do ensino presencial e garantir que todos os alunos tenham acesso aos
conteúdos (Folha de São Paulo, 2020), afetando assim milhares de alunos nas diversas regiões
brasileiras.
As ferramentas tecnológicas educacionais como a internet já eram populares antes
mesmo do distanciamento social ser adotado pelas instituições de ensino. Elas vinham
atendendo a sociedade mundial e instituições como metodologia de ensino e aprendizagem.
Essas inovações tecnológicas já vinham suprindo lacunas, sociais e educacionais, juntando a
tecnologia e a educação e proporcionando mecanismos de evolução a fim de atender as
demandas sociais educativas.
Apesar desse método de educação a distância já vim abrindo espaço ao longo dos
últimos anos e garantindo educação de qualidade, a grande parte do ensino e da aprendizagem
ainda era presencial, o que significa que há uma grande massa de discentes e docentes com falta
de treinamento, confusos e incertos sobre a viabilidade e resultados positivos nesse horizonte
obrigatório da educação à distância. Para resolver esses problemas, precisamos identificar
tecnologias simples e amplamente disponíveis que possam ser empregadas universalmente e,
desse modo, traduzir conhecimentos compartilhados em benefícios para todos (Dara & Farmer,
2009).
As tecnologias permitem a difusão do conhecimento e o compartilhamento de
informações e quem quer que esteja conectado à web pode acessar milhões de informações
apenas com um clique. As inovações tecnológicas e a internet transformaram a forma de
difundir novos conhecimentos (Andrade Carneiro, Garcia & Barbosa, 2020). Kenski (2007),
quando trata da perspectiva educacional, diz que as tecnologias podem ser utilizadas como
auxiliar no processo educativo, pois, estão presentes em momentos do processo pedagógico,
inseridas no planejamento, elaboração e certificação. Portanto, estratégias com uso de
tecnologia que modificaram a maneira de organizar o ensino.
No que tange aos processos a serem desenvolvidos, modelos híbridos e metodologias
ativas têm sido sugeridos (Bacich & Moran, 2018), pois além de motivadores promovem a
interação entre os sujeitos seja on-line ou presencial, tornando-os mais independentes e efetivos
no desenvolvimento e consolidação de suas habilidades e competências. Mas também, com a
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Atualizado dia 21 de maio de 2020. portal.mec.gov.br/coronavirus/
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alarmante situação mundial, a utilização de metodologias ativas (Marin, Lima, Paviotti,
Matsuyama, Silva, Gonzalez & Ilias, 2010) torna-se mais uma possível ferramenta no
desenvolvimento do conhecimento. Diversas instituições que ainda estavam resistentes ao
ensino híbrido e/ou metodologias ativas terão a oportunidade de avaliar e testar uma diversidade
de ferramentas e métodos e realizarem a educação a partir de experiências positivas.
Assim, o uso dessas inteligências digitais tende a potencializar novas formas de
conhecimento, novas reflexões e metodologias de ensino, partilhas de ideias e inovação nas
formas tradicionais de ensino, portanto elas são um paradigma mais democrático (Dall’igna,
Spanhol, & De Souza, 2016), porque os alunos e professores têm o acesso a novas linguagens
e a outras formas de perceber os conteúdos educacionais.
Para Almeida, Borges & França (2012), é necessário que o sujeito saiba utilizar as
tecnologias digitais uma vez que já fazem parte da nossa cultura e estão presentes no nosso
cotidiano. Argumenta que, da mesma forma que adquirimos a tecnologia da escrita, é preciso,
também, adquirir as tecnologias digitais, tendo em vista que elas possibilitarão a criação de
novas formas de expressão e comunicação como, por exemplo: a criação e uso de imagens,
sons, animação e a combinação dessas modalidades.
O desenvolvimento de sistemas educacionais que otimizem planos para a continuidade
da educação permite que os discentes assumam a autonomia de sua aprendizagem (Dominic &
Hina, 2016). A sociedade usa cada vez mais tecnologias de informação para desenvolver
saberes, criar e modificar o conteúdo a qualquer momento e com qualquer dispositivo,
unificando o mundo real e o mundo digital, facilitando o processo de aprender de modo on-line
(Campanella & Impedovo, 2015; Kasinathan, Abdul Rahman & Che Abdul Rani, 2015).
O ensino mediado por tecnologia pode aprimorar e desenvolver novos saberes uma vez
que plataformas digitais de aprendizagem promovem a interatividade entre os indivíduos,
permitindo que cada participante exponha ideias, compartilhe conhecimentos, habilidades e
atitudes. Desta forma, essa modalidade é baseada na interação, permitindo que alunos acessem
informações e sejam capazes de comunicar-se por meio do uso de dispositivos que acessem
redes virtuais (Santaella, 2013). O ensino nesta modalidade torna-se uma alternativa para a
aprendizagem em qualquer local e pode-se combinar teoria e prática como fatores essenciais
para estudos mais autônomos e dinâmicos.
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2 Materiais e Métodos
A metodologia demostra o caminho a ser percorrido pelo pesquisador, visando
responder questionamentos preestabelecidos. Neste sentido, para atingir os objetivos proposto
nesta pesquisa, utilizou-se os seguintes procedimentos, quantos aos objetivos, a pesquisa
bibliográfica. Que Segundo Silva (2015, p. 83) “é o levantamento de trabalhos publicados, em
forma de livros, revistas, periódicos e internet. Objetivando colocar o pesquisador em contato
com o assunto, com a finalidade de colaborar na análise de sua pesquisa”.
E análise descritiva dos dados, que são um conjunto de informações organizadas em
tabelas e gráficos que visa descrever propensão de fatos ou acontecimentos. Esses dados são o
resultado de características de pessoas, entidades ou objetos que constituem a realidade. Sendo
que este método, é destinado a organização e descrição de informações através de indicadores
(Silvestre, 2007).
Para realizar a análise da intensificação do uso de tecnologias educacionais para o ensino
a distância no ensino superior em época da Covid-19, optou-se pelos seguintes passos
metodológicos: 1) levantamento da experiência internacional para a realização de uma
abordagem crítica, principalmente considerando o cenário educacional e de inclusão digital no
Brasil; 2) Levantamento e análise de dados referentes a inclusão digital e o processo de adesão
das universidades federais brasileiras no ensino de graduação e pós-graduação de tecnologias
de ensino à distância. A proposta do uso destes instrumentos metodológicos é proporcionar
uma reflexão mais aguçada das perspectivas brasileiras para o uso de tecnologias de ensino à
distância, considerando que no ambiente criado pela pandemia do Covid-19, estes desafios se
tornaram mais claros, emergentes e urgentes.
As informações e os dados foram extraídos no site do Centro Regional de Estudos para
o Desenvolvimento da Sociedade da Informação – CETIC, que coordena pesquisa e publica
sobre a disponibilidade e uso da internet no Brasil. No site do MEC que possui uma página
especifica que acompanhar em tempo real as informações das universidades brasileira relação
à pandemia do COVID-19. E no site do Moodle foi possível pesquisar quais as universidades
do Brasil, possui esta plataforma de ensino, totalizando 98%, ou seja, 64 universidades
brasileiras. Destaca-se a pesquisa do CETIC que caracteriza informações do uso de TIC por
indivíduos e residências no Brasil, analisa ainda as desigualdades digitais, visando assim, o
desenvolvimento da sociedade.
Foram levantados dados sobre inclusão digital no Brasil – acesso a internet, tipos de
conexão (banda fixa ou móvel), posse de equipamentos de tecnologia da informação (celulares,
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computadores, tablets). Depois estes dados foram dispostos na forma regional e também por
estrato de renda. A análise dos dados buscou relacionar de forma descritiva como o acesso a
internet está disposto em território brasileiro, considerando aspectos regionais e de distribuição
de renda.
O MEC disponibilizou um portal para o monitoramento das instituições de ensino com
informações sobre suspensão, funcionamento e ações que estão sendo desenvolvidas nas
universidades e institutos federais, que tem como finalidade acompanhar e saber como o
governo pode agir em conjunto com os gestores dessas instituições. Por fim, os dados foram
sistematizados de maneira a melhor compreender o fenômeno e os resultados foram
relacionados com as reflexões realizadas junto à pesquisa bibliográfica, os quais buscaram
atender os objetivos desta pesquisa.
3 Resultados e Discussões
3.1 Experiência internacional do uso de tecnologias educacionais diante da pandemia
COVID-19
A Organização Mundial de Saúde recomendou o fechamento das instituições de ensino
visando conter o avanço do novo coronavírus e como parte de um pacote de medidas de
isolamento e distanciamento social. Neste sentido, os pesquisadores Reimers e Schleicher
(2020), desenvolveram um trabalho para orientar e desenvolver estratégias de educação tendo
em vista o fechamento de instituições de ensino. Para estes autores as escolas de todo o mundo
estão mudando os modelos de educação para formas alternativas de entrega, incluindo
plataformas virtuais, a fim de atender aos requisitos de distanciamento físico necessários à
pandemia do COVID-19. Os educadores estão navegando em território desconhecido, e os
alunos podem estar enfrentando as consequências do tempo perdido de aprendizado.
O trabalho desenvolvido por Reimers e Schleicher (2020) teve a participação da Global
Education Innovation Initiative na Harvard Graduate School of Education e a Directorate of
Education and Skills da OCDE, que tem por finalidade colaborar com medidas educacionais
para desenvolver e implementar respostas efetivas de educação no período de distanciamento
social provocado pela pandemia do COVID-19. O trabalho sugere que gestores de instituições
educacionais aprimorem seus planos para a continuidade da educação por meio de modalidades
alternativas durante o período de isolamento social. Neste sentido, a educação mediada por
tecnologia torna-se um modelo essencial, porque trabalha com a disponibilização de conteúdos
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na internet e com a possibilidade de interação de forma síncrona e assíncrona com os
professores e estudantes de um mesmo grupo.
O Relatório da Iniciativa de Inovação da Educação Global (2020) visa apoiar os líderes
educacionais em vários níveis de governança educacional, públicas e privadas, na formulação
de respostas educacionais adaptativas à crise que trouxe rupturas significativas às oportunidades
educacionais em todo o mundo. Sua eficácia depende de uma liderança oportuna e eficaz por
parte dos atores políticos e de uma resposta receptiva e disciplinada por parte das sociedades
que estão enfrentando medidas contínuas de distanciamento social.
Para Reimers e Schleicher (2020) a pandemia e as respostas para contê-la terão impacto
na vida social, econômica e política. As limitações impostas à mobilidade têm prejudicado as
ofertas e demandas socioeconômicas. A educação está sendo afetada em todos os níveis e tende
a permanecer deste modo por pelo menos vários meses, considerando que alunos e professores
não conseguem se reunir de fato nas instituições de ensino. E essas limitações definirão as
oportunidades do desenvolvimento das competências dos discentes durante o período de
distanciamento social.
Assim, no Relatório da Iniciativa de Inovação da Educação Global (2020) são
apresentadas algumas medidas relevantes para a intensificação do uso de estratégias de ensino
mediadas por tecnologias, a saber: apoiar os discentes que não possuem habilidades para estudo
independente; garantir o bem-estar dos alunos e professores; fornecer suporte profissional aos
professores; assegurar a continuidade e integridade do aprendizado e da avaliação do
aprendizado; apoiar os que não possuem habilidades para o estudo independente; disponibilizar
infraestrutura tecnológica, introdução de tecnologias e soluções inovadoras e aumentar a
autonomia dos estudantes para gerenciar seu próprio aprendizado.
O planejamento e as estratégias envolvem o que deve ser aprendido e os meios de ensino
para os diversos cursos. Se alguns alunos não possuem dispositivos e conectividade, buscar
formas de fornecê-los; explorar parcerias com o setor privado e a comunidade para garantir os
recursos necessários para fornecer esses dispositivos e conectividade; definir claramente os
papéis e expectativas dos professores para orientar e apoiar a aprendizagem dos discentes para
a aprendizagem autodirigida.
Também é recomendável criar um site para comunicação professores/alunos sobre
objetivos curriculares, estratégias e sugestões de atividades e recursos adicionais; assegurar
apoio adequado aos estudantes mais vulneráveis durante a implementação do plano de educação
alternativa; melhorar a comunicação e colaboração entre os alunos para promover a
aprendizagem mútua e colaborativa; criar um mecanismo de formação continuada emergencial
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para que professores possam apoiar os alunos na nova modalidade de ensino e criar modalidades
que fomentem a colaboração entre professores e comunidades acadêmicas e que aumentem a
autonomia dos professores.
Neste cenário, o papel dos docentes é fundamental para o sucesso da aprendizagem,
mais ainda do que o ambiente físico das universidades ou a infraestrutura tecnológica. Quando
o poder estruturante de tempo e de lugar que as escolas proporcionam se dissolve e a
aprendizagem on-line se torna o modo dominante, o papel dos professores não diminui. Por
meio da instrução direta ou da orientação dada na aprendizagem autodirigida, em modo
síncrono ou assíncrono, o professor continua sendo essencial na orientação da aprendizagem
dos alunos e ele cria condições para que haja colaboração e aprendizagem para os professores
oferecendo acesso aos recursos e plataformas on-line.
As principais plataformas on-line e recursos educacionais existentes são Google, Google
Classroom, Google Suite, Google Hangout, Google Meet, Facebook, Onenote from Microsoft,
Microsoft, SEQTA, Perfect Education, Google Drive/Microsoft Teams, Moodle, Zoom,
Seesaw, ManageBac, ManageBac, Ed Dojo EdModo, Mediawijs, Youtube, Whatsapp,
Ebscohost, Progrentis, PhET, Screencastify, RAZ Kids e IXL. Percebe-se um conjunto de
recursos pedagógicos que pode contribuir com o desenvolvimento de habilidades, competências
e saberes dos discentes e docentes.
O Moodle é um dos recursos destacado na pesquisa de Reimers e Schleicher (2020).
Mais de 153 mil sites em mais de 160 países dentre ele o Brasil em que 98% das universidades
federais brasileiras, possuem essa plataforma de aprendizagem, pois proporciona acesso
instantâneo e claro a conteúdo em diversos modelos de aprendizado, sendo capaz de armazenar
e facilitar a colaboração dos discentes e docentes de forma on-line.
Segundo Badia, Martín & Gómez (2019) o Moodle é um dos sistemas de gestão de
aprendizado mais usados para o aperfeiçoamento de cursos acadêmicos on-line no Brasil, e
várias pesquisas atuais evidenciam a influência dessa plataforma.
Desta maneira, percebe-se um conjunto de ferramentas capaz de auxiliar o
compartilhamento de ideias e a construção de novos saberes por meio da utilização de
ferramentas de aprendizagem. Mediante o exposto, pode-se inferir que o Moodle possui várias
ferramentas que proporcionam aos gestores/professores planejar e desenvolver cursos como
apoio às aulas presenciais.
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3.2 Desafios para o ensino superior público brasileiro diante da pandemia Covid-19
No caso brasileiro, um ponto relevante verificado foi a pouca adesão das universidades
federais às aulas à distância nos tempos de pandemia da Covid-19, pois seria a princípio uma
solução possível. Ademais, quase sua totalidade das Universidades Federais têm experiência
em educação à distância e acesso a Plataforma Moodle, bem como a outros recursos
tecnológicos. Conforme observado nas Figuras 1 e 2, 83% das universidades do Brasil
suspenderam suas atividades acadêmicas e somente 17%, estão funcionando, de forma remota
os cursos de graduação. Já os cursos de pós-graduação este indicador é de 58%.
Figura 1. Situação das aulas dos cursos de Graduação nas Universidades Federais do Brasil–
MEC Coronavírus - Monitoramento das instituições de Ensino, 2020.
Fonte: Ministério da educação. Monitoramento das instituições de Ensino (2020).
Conforme observado na Figura 1, 83% das universidades do Brasil suspenderam suas
atividades acadêmicas e somente 17%, estão funcionando, de forma remota os cursos de
graduação. Portanto, que fatores podem estar contribuindo para a continuidade do ensino?
Neste sentido, quais seriam os motivos das universidades estarem ofertando cursos
remotamente para os cursos de pós-graduação e para os de graduação não? Portanto, questões,
que precisam fundamentar-se com propostas efetivas que possam trazer soluções inovadoras
para a continuidade do ensino no Brasil, com modelos efetivos, incluindo plataformas virtuais,
acesso à internet, para responder de modo oportuno o distanciamento social, de modo a atender
toda a comunidade acadêmica.
17%
83%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
TIC/Remotas/Parcial Suspensas
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Figura 2. Situação das aulas de Pós-graduação nas Universidades Federais do Brasil – MEC
Coronavirus - Monitoramento das instituições de Ensino, 2020.
Fonte: Ministério da educação. Monitoramento das instituições de Ensino (2020).
A pós-graduação em está funcionando de maneira remota em diversas universidades,
como pode ser observado na Figura 2, contudo, a Universidade Federal de São Paulo encontra-
se com suas atividades dos cursos de pós-graduações normais (ensino presencial).
Uma pergunta natural é identificar os porquês desta baixa adesão, pois por detrás desta
questão podem existir respostas que levem melhor percepção dos determinantes sociais e
pedagógicos que envolvem à complexa realidade. Especialmente, neste contexto que
vivenciamos, (isolamento e distanciamento social) existe a urgência de repensarmos em
políticas públicas eficientes que possam garantir acesso aos ambientes de aprendizagem por
parte dos alunos, qualificação para docentes, projetos pedagógicos focados, pois, essa situação
de distanciamento social está estimulando um novo repensar para a sociedade, visto que, o
mundo experimenta transformações em todos os aspectos socioeconômicos.
Um dos principais desafios no Brasil, para a implementação do ensino em período de
isolamento e distanciamento social, pode estar relacionado ao acesso à internet, segundo Núcleo
da Informação e Coordenação do Ponto BR - NIC.br (2018) cerca de 126,9 milhões de pessoas
estão conectados à rede, indicando que a Internet tornou-se um recurso de socialização e
ferramenta necessário para o cotidiano representando 67% dos domicílios do Brasil (Figura 3).
58%
41%
1%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
TIC/Remotas/Parcial Suspensas Funcionando
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Figura 3. Número de domicilio com Acesso à Internet no Brasil e por região geográfica - 2018*
Fonte: CGI.br/NIC.br, Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da
Informação (Cetic.br), Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos
domicílios brasileiros - TIC Domicílios 2018. *Descrição: O indicador refere-se ao percentual dos
domicílios brasileiros que contam com acesso a diferentes equipamentos tecnológicos.
Quando feitas comparações internacionais, o Brasil não apresenta necessariamente um
baixo acesso à Internet, pois tem um indicador acima da média dos países em desenvolvimento,
51%, em que pese um pouco distante da média dos países desenvolvidos, 81% (CGI.br/NIC.br,
2018). Porém, a internet com maior velocidade em regra obtida a partir de redes de banda larga
fixa, são mais presentes nas regiões mais desenvolvidas do país (Sul e Sudeste) e nas classes
mais ricas (A e B) (Figura 4).
Figura 4. Domicílios com acesso à Internet no Brasil, por tipo de conexão, por região
geográfica, por classe social - 2018*.
Fonte: CGI.br/NIC.br, Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação
(Cetic.br), Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos domicílios brasileiros - TIC
Domicílios 2018. *Descrição: O indicador refere-se ao percentual dos domicílios brasileiros que contam com
acesso a diferentes equipamentos tecnológicos.
67%
Brasil
Acesso à Internet
63% 57%
73% 69% 64% Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
63 51
87 81
63
35 44 57 66 69 57
26 34
813 26
47 46
27 25 22 32
Urbana
Rural
A
B
C
DE
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
ÁREA CLASSE SOCIAL REGIÃO
Banda larga fixa Conexão móvel via modem ou chip 3G ou 4G
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Existe ainda uma maior desigualdade regional quando se trata de acesso dos domicílios
a internet com banda larga fixa. Existem estados, como o Distrito Federal que este acesso chega
a 72% dos domicílios, enquanto no Maranhão este indicador chega a apenas 16% dos
domicílios. Por outro lado, observa-se que a maioria das residências possuem somente o celular
como meio para acessar a internet, sendo que essa desigualdade está mais presente nas regiões
brasileiras mais pobres (Figuras 5 e 6).
Figura 5. Densidade no acesso de domicílios a internet de banda larga - por unidades da
federação – 2020.
Fonte: Anatel (2020).
De acordo com os dados apresentados, percebe-se a desigualdade de acesso à internet
banda larga nos domicílios, nas diversas regiões brasileiras. O Norte e Nordeste são as regiões
onde a população possuem o menor acesso. O Maranhão é o Estado com o menor índice de
acesso por domicílio, conforme Figura 5. Assim, pode-se observar a diversidade e as
caraterísticas distintas da população brasileira nas suas mais diversas regiões. Esses são
aspectos que podem contribuir para aumentar as desigualdades socioeconômicas em nosso País.
72,43
69,92
69,17
59,93
55,74
52,55
50,44
43,29
42,46
42,46
39,54
38,26
36,99
35,58
33,49
32,68
31,80
31,07
28,41
22,47
22,09
21,97
20,99
20,99
17,67
16,53
16,23
DF
SC
SP
PR
RJ
RS
MG
MS
ES
GO
AP
MT
RN
SE
AM
PB
CE
RO
AC
TO
BA
RR
PE
PI
PA
AL
MA
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Figura 6. Porcentagem e tipos de equipamentos de TIC por domicílio e regiões geográficas,
2018*.
Fonte: CGI.br/NIC.br, Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da
Informação (Cetic.br), Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos
domicílios brasileiros - TIC Domicílios 2018. *Descrição: O indicador refere-se ao percentual dos
domicílios brasileiros que contam com acesso à Internet, excluindo o acesso realizado unicamente por
telefone celular.
A Figura 6, apresenta a porcentagem e equipamentos de Tecnologias de Informação e
Comunicação - TIC por domicílio nas regiões geográficas brasileiras, segundo o CGI.br/NIC.br
(2018). Essas informações apontam para a necessidade de ações de inclusão digital por meio
de aquisição de equipamentos de TIC, os quais seriam essenciais para o desenvolvimento das
atividades estabelecidas no ensino remoto. Como ainda pode-se observar, a maioria das
residências possuem somente o celular como único meio para acessar a internet, sendo está uma
característica recorrente em todo o Brasil.
4 Considerações Finais
A educação remota se demonstrou essencial nesta época de pandemia da Covid-19, há
uma grande expectativa que se torne cada vez mais relevante, seja por uma questão de adaptação
a um “novo normal” pós-pandemia, bem como para atender as novas oportunidades
educacionais que surgem com a evolução tecnológica. No caso brasileiro, a baixa adesão das
Universidades Federais a esta emergência provocou algumas indagações relevantes para
perceber como o Brasil está inserido neste contexto e pode aprimorar sua ação institucional.
90% 88% 95% 96% 95%
10% 11%
25% 18% 18%
19% 17%
33% 34% 25%
10% 11% 17% 15% 12%
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Telefone celular Computador de mesa Computador portátil Tablet
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Em síntese, o Brasil apesar de ter um indicador de acesso a internet, 61%, acima dos
países em desenvolvimento, 51%, porém a distribuição é bastante desigual no território
nacional. Também, ressalta-se que existem diferenças significativas na distribuição da forma
de conexão disponível entre as regiões brasileiras e os diferentes estratos de renda da população.
A maior parte da população das classes sociais C, D, E tem acesso à internet de menor
velocidade do que os da classe A e B. Também, existe mais acesso de internet de maior
velocidade nas regiões Sul e Sudeste do país.
Isto associado ao fato de que a maior parte da população de baixa renda não tem
computador ou tablet em casa, explica em grande parte a não oferta regular de ensino à distância
pelas universidades federais, principalmente nos cursos de graduações, pois, não conta com a
infraestrutura tecnológica mínima. Certamente, que fatores relacionados a não disseminação da
cultura do ensino à distância e também o não preparo dos docentes para tal finalidade são fatores
relevantes, não mensurados neste trabalho, mas que de fato as desigualdades de renda e
regionais são intervenientes neste cenário de baixa adesão e eficácia do uso de tecnologias de
educação à distância diante da pandemia da Covid-19, os dados e argumentos utilizados
corroboram com a hipótese.
Assim, o cenário atual nos apresenta, a necessidade de implementação de políticas
públicas no sentido de democratizar o acesso à internet de qualidade, procurado atender de
maneira ampla todos os domicílios e localidade que não estão incluídas na era tecnológica.
Portanto, este período de isolamento e distanciamento social, é oportuno para formulação e
efetivação de políticas de inclusão digital, de forma igualitária na sociedade brasileira.
Considerado este aspecto de desigualdade que é um ponto essencial para que qualquer
estratégia brasileira neste campo tenha a mínima probabilidade de êxito, é de interesse verificar
no que aponta as melhores práticas internacionais. Em específico, o Relatório da Iniciativa de
Inovação da Educação Global (2020) aponta para a necessidade de ter uma forte estrutura de
apoio aos discentes e também melhor qualificar os professores. Isto considerando,
fundamentalmente, a saúde e bem-estar destas comunidades.
O momento proporcionado pela pandemia da Covid-19 trouxe grandes desafios no
mundo todo em seus sistemas educacionais à distância, pois se tornaram imprescindíveis, ao
menos temporariamente. O desafio adaptativo é grandioso, sendo fundamentais que as
instituições consigam fornecer infraestrutura para o aprendizado on-line, investimentos que
oferecem benefícios que vão muito além da situação atual. Os sistemas de EaD foram instados
a avançar muito e em um breve espaço de tempo para promover o aprimoramento de
habilidades, atitudes, valores, resiliência e autoeficácia dos estudantes. Neste contexto, é
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fundamental gerar novas perspectivas pedagógicas que propiciem aos discentes, tempo para se
envolver em aprendizagens compreensíveis e estruturadas, devendo se basear em atividades
mediadas por tecnologia e baseadas em problemas, e ao mesmo tempo garantir novas formas
de sociabilização e interatividade.
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Porcentagem de contribuição de cada autor no manuscrito
Leonardo de Andrade Carneiro – 00%
Waldecy Rodrigues – 00%
George França – 00%
David Nadler Prata – 00%