ChapterPDF Available

Digitalização Tridimensional na preservação de monumentos públicos

Authors:

Abstract

Pesquisas científicas e tecnológicas acerca da digitalização tridimensional de edificações, de monumentos e de obras artísticas instalados em áreas públicas do Rio Grande do Sul, especialmente na cidade de Porto Alegre, vem sendo desenvolvidas pelo Laboratório de Design e Seleção de Materiais (LDSM/UFRGS), com o apoio da Fundação de Amparo a pesquisa do RS (FAPERGS) e da Coordenação de Memória Cultural, órgão da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre. Este capítulo apresenta um dos processos de digitalização tridimensional a laser utilizado para obtenção de modelos 3D de monumentos, seguido de dois estudos de caso: os monumentos "Guaíba e Afluentes", de 1886 , e "O Laçador", de 1958.
© IEDS, 2012
Todos os direitos dessa edição são reservados ao Instituto de Estudos e Desenvolvimento Sustentável – IEDS.
ORGANIZAÇÃO
Marco Antônio Penido de Rezende
R467 Tecnologia do ambiente construído e interdisciplinaridade /
organização Marco Antônio Penido de Rezende. Belo
Horizonte: IEDS, 2012.
1 CD-ROM : color ; 4 ¾ pol.
ISBN 978-85-62372-14-8
1. Tecnologia Construção Civil. 2. Ambiente construído. 3.
Arquitetura. 4. Interdisciplinaridade. 5. Sustentabilidade
. I.
Rezende, Marco Antônio Penido de. II. Instituto de Estudos do
Desenvolvimento Sustentável. III. Título.
CDD: 720.105
3
Capítulo de Livro
Apenas uso acadêmico
Como citar (padrão ABNT):
FLORES, Ana Berenice Hubner; SILVA, Fabio Pinto da; KINDLEIN JUNIOR, Wilson. Digitalização
Tridimensional na preservação de monumentos públicos. In: REZENDE, Marco Antônio
Penído de (Org.). Tecnologia do ambiente construído e interdisciplinaridade. 1. ed. Belo
Horizonte: IEDS, 2012. p. 123-141.
DIGITALIZAÇÃO TRIDIMENSIONAL NA PRESERVAÇÃO DE MONUMENTOS PÚBLICOS
Ana Berenice Hubner Flores; Fabio Pinto da Silva; Wilson Kindlein Júnior
Os monumentos e as obras de arte instalados em áreas públicas, assim como as
edificações, estão sujeitos a mecanismos e agentes de degradação. Um levantamento
realizado na cidade de Porto Alegre apontou que ocorrem, principalmente, três tipos de
danos: a ação antrópica; o mau paisagismo; e a poluição dos automóveis e a atividade
sísmica artificial. Ressalta-se que o grau das avarias causadas pelo homem vandalismo,
roubo e degradação social é incomparavelmente maior em relação às demais (ALVES,
2005, p. 149).
Embora tenhamos várias alternativas e um regime de preservação cultural
que remonta às Constituições Federal e dos Estados, assistimos incrédulos
à degeneração de nossa história, presenciamos a omissão dos entes
políticos e, ainda, à passividade insólita de nós mesmos, diante de tímidas e
insuficientes tentativas de mantermos vivas algumas construções e
monumentos de relevância cultural. (GUIMARÃES, 2004).
Com o desenvolvimento de novos materiais e técnicas de construção e restauração,
advindas do avanço científico e tecnológico, novas atitudes foram sendo criadas no sentido
de preservar os bens materiais da humanidade. Entende-se a preservação como um
conceito amplo, o qual engloba ações de identificação (inventários, levantamentos,
documentação e registro nas mais diversas formas); ações de conservação (manutenção,
restauração e consolidação); e ações de promoção (valorização, educação patrimonial,
comunicação e difusão do patrimônio cultural); além de ações de proteção, tais como o
tombamento (MEIRA, 2004, p.31).
As diversas técnicas de digitalização Tridimensional vem tornando-se cada vez mais
utilizadas na preservação do patrimônio histórico e cultural. Desde pequenos objetos até
grandes construções podem ser digitalizados. Atualmente, a digitalização é amplamente
empregada no que tange à identificação, principalmente por permitir uma documentação
muito mais detalhada dos objetos. A conservação dos bens públicos pode ser sobremaneira
beneficiada a partir de modelos tridimensionais de alta precisão, uma vez que estes podem
gerar dados para restaurações com grande fidelidade. Ainda, no que diz respeito à proteção,
através da geração de modelos virtuais e de réplicas físicas, é possível promover inúmeras
ações de valorização, educação e difusão da cultura.
123
Neste contexto, pesquisas científicas e tecnológicas acerca da digitalização tridimensional
de edificações, de monumentos e de obras artísticas instalados em áreas públicas do Rio
Grande do Sul, especialmente na cidade de Porto Alegre, vem sendo desenvolvidas pelo
Laboratório de Design e Seleção de Materiais (LdSM/UFRGS), com o apoio da Fundação de
Amparo a pesquisa do RS (FAPERGS) e da Coordenação de Memória Cultural, órgão da
Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre. Este capítulo apresenta um dos processos
de digitalização tridimensional a laser utilizado para obtenção de modelos 3D de
monumentos, seguido de dois estudos de caso: os monumentos "Guaíba e Afluentes", de
1886 , e "O Laçador", de 1958.
Digitalização Tridimensional
A digitalização tridimensional é uma ferramenta da tecnologia contemporânea que possibilita
a geração de modelos 3D virtuais, os quais permitem análises de superfície, medidas de
desgaste, centro de gravidade, construção de protótipos, entre outras aplicações. Através de
um Scanner 3D portátil é possível capturar in loco dados de determinada superfície e
realizar a construção ou re-construção digital de grandes objetos.
Os sistemas de digitalização podem ser classificados como passivos ou ativos. Estes
últimos são aqueles que emitem algum tipo radiação (laser, luz branca, ultra-som, raio-x,
etc.) para aquisição de dados. A maioria destes sistemas são baseados no princípio da
triangulação, no qual são projetadas luzes (por exemplo, laser), normalmente na forma de
listras, enquanto sensores capturam imagens para o processamento. Os scanners a laser já
estão difundidos no mercado atual, grande parte deles utiliza uma câmera para obter a linha
de intersecção de um laser que vai varrendo o objeto. Após ser finalizada a varredura da
área superficial de interesse, obtém-se um mapeamento de pontos no espaço
tridimensional. Este conjunto de milhares de pontos, descritos em coordenadas (x,y,z), é
chamado de “nuvem de pontos” e após manipulação computacional pode gerar superfícies e
modelos 3D virtuais (SILVA, 2011).
Os diversos tipos de tecnologia de digitalização 3D, bem como suas aplicações na
preservação do patrimônio histórico e cultural, expandiram-se consideravelmente nas
últimas duas décadas. São exemplos as “esculturas digitais” da InterSculpt, bienal de arte
organizada pelo instituto francês Ars Mathématica desde 1993 (FLORES, 2001;
INTERSCULPTUR, 2011) e as pesquisas de patrimônio histórico na cripta bizantina de
Santa Catarina, na Itália (BERALDIN et al., 2012). Na museologia, são exemplos a
documentação de obras pelo Centre for Research and Restoration of the Museums, na
França (LAHANIER et al., 2003) e The Digital Michelangelo Project (1998/99), realizado
124
pelas equipes da Stanford University e da University of Washington, que digitalizaram 10
esculturas de Michelangelo, incluindo a estátua David (1501-1504). A tecnologia utilizada na
digitalização 3D da estátua David, a qual mede 5,17 m de altura, foi um scanner com
sistema de triangulação a laser (LEVOY et al., 2000).
Nos casos aqui apresentados, utilizou-se um scanner 3D a laser modelo Vivid 9i - Konica
Minolta®. Este equipamento pesa aproximadamente 15 kg e é montado sobre um tripé com
três eixos de rotação para posicionamento. Para operação em campo, é necessário um
notebook com duas entradas USB, além de uma fonte de energia elétrica. O equipamento
tem potência elétrica total de 60 W e emite laser de cor vermelha com comprimento de onda
de 690 nm e potência máxima de 30 mW. Deve-se atentar para o excesso de luminosidade,
caso a luz ambiente seja mais intensa que o laser será necessário intervir, por exemplo,
com o uso de lonas.
Na triangulação, um feixe pontual de laser é emitido e, ao atravessar uma lente cilíndrica,
torna-se uma linha horizontal (eixo X) de laser que incidirá sobre o objeto a ser digitalizado.
O ângulo de incidência é controlado por um espelho galvânico, o qual possui um eixo de
rotação capaz de varrer a superfície verticalmente (eixo Y). A luz refletida pelo objeto passa
através de uma lente focalizadora até incidir em um sensor CCD (dispositivo de carga
acoplado) para captação de imagens. Então, através do triângulo formado, obtém-se a
medida de distância (eixo Z). Cada varredura pode adquirir até 340.000 pontos em um
tempo de 2,5 segundos. Adicionalmente, é possível capturar a cor do objeto digitalizado,
através de um filtro de cores RGB (vermelho, verde e azul) posicionado em frente ao CCD.
Antes de iniciar o processo de captura, deve-se selecionar uma lente em função da área a
ser mapeada e da precisão desejada. Quanto maior a precisão da lente utilizada, menor
será a área adquirida e vice-versa. Para uma mesma lente, o scanner ainda possui dois
modos de operação: standard, com maior precisão, e extended, com uma maior faixa de
captura. Na digitalização de monumentos é necessário o uso de lentes com maior faixa de
captura, normalmente, em modo extended. A tabela 1 apresenta os dados da lente utilizada
(WIDE) nos estudos de caso.
125
TABELA 1
Características da lente WIDE (valores máximos, em mm).
WIDE
(standard) WIDE
(extended)
Faixa de captura X
1196
1495
Faixa de captura Y
897
1121
Faixa de captura Z
1684
1750
Exatidão (X,Y,Z)
0,20
0,40
Precisão Z
0,032
0,1
Fonte: adaptado de KONICA MINOLTA (2006, p.52).
Assim, para digitalização de objetos de grandes volumes é necessário abrir mão de precisão
ou realizar várias operações e posteriormente processá-las computacionalmente. Outro
parâmetro importante para o nível de detalhamento desejado é a resolução, a qual se refere
ao espaçamento entre os pontos adquiridos no plano XY. Esta é função da distância do
objeto ao scanner em relação à capacidade de captura do CCD, no caso de 640 x 480
pontos. A distância do scanner ao objeto deve ficar na faixa de 0,5 até 1,0 m no modo
standard e até 2,5 m no modo extended.
Após a aquisição de dados, entra-se na etapa de processamento das nuvens de pontos. Um
arquivo com vários milhões de coordenadas pode tornar-se pesado demais para
manipulação em computadores convencionais. Através de softwares específicos para
digitalização, pode ser realizada uma filtragem dos pontos, podendo diminuí-los
consideravelmente (geralmente em mais de 50%). Esta filtragem mantém apenas os pontos
realmente significativos para representar o objeto, ou seja, quanto menos detalhes existirem
na superfície da peça, menor será a quantidade de pontos que serão necessários para
representá-la. A filtragem de pontos é muito importante para a redução de ruídos inerentes
ao processo de digitalização, bem como para a criação de um modelo tridimensional mais
facilmente manipulável. A partir da nuvem de pontos já filtrada, o sistema une os pontos três
a três formando inúmeros triângulos planos, criando-se assim uma malha tridimensional da
superfície da peça. O arquivo gerado pode ser salvo no formato STL, padrão para os
sistemas de prototipagem rápida e compatível com os principais sistemas CAD/CAM de
mercado (SILVA et al., 2010).
Como referência, na digitalização tridimensional da estátua David, no já citado The Digital
Michelangelo Project, foram realizadas 400 varreduras, resultando em um modelo 3D virtual
com 2 bilhões de polígonos e com resolução de 0,25 mm, capaz de captar as marcas no
126
mármore deixadas pelo cinzel de Michel Ângelo. Posteriormente, o modelo virtual foi
reduzido para 1,25 milhões de polígonos e enviado para uma impressora 3D a base de cera.
O protótipo físico da estátua David, confeccionado com 38 cm de altura, foi então moldado
em látex para reprodução de estatuetas em resina (LEVOY, 2004; KOLLER e LEVOY,
2005).
Digitalização tridimensional do monumento Guaíba e afluentes
O monumento Guaíba e Afluentes é um dos primeiros chafarizes monumentais construídos
na cidade de Porto Alegre. Instalado na Praça da Matriz, em 1866, tinha como objetivo a
homenagem aos rios Guaíba, Caí, Sinos, Gravataí e Jacuí, por ocasião das obras da recém-
inaugurada Companhia Hidráulica Porto-Alegrense. Originalmente, trazia como figura central
uma estátua masculina representando a alegoria da liberdade republicana, a qual ainda no
período monárquico adornava uma fonte pública na capital da província que proclamara, em
1836, a República do Piratini. O projeto, inspirado na obra A Fonte dos Quatro Rios (1648-
1651), de Bernini (1598-1680), na Praça Navona, em Roma, foi de José Obino, arquiteto
italiano radicado em Porto Alegre. Além da figura central, que também representava o rio
Guaíba, havia duas ninfas (réplicas) representando os rios Caí e Sinos e dois netunos
(réplicas) representando os rios Gravataí e Jacuí. As cinco peças em mármore branco foram
encomendadas na região de Carrara e os nomes dos rios foram inscritos nas bases das
estátuas Afluentes provavelmente ao chegarem a Porto Alegre e conforme ortografia da
época: Cahy, Sino, Gravatahy e Jacuhy (SPALDING, 1967; FRANCO, 1988; ALVES, 2004;
CARTILHA, 2010).
Por volta de 1910, o chafariz foi desmontado e substituído pelo Monumento a Júlio de
Castilhos, inaugurado em 1913. Em 1923, todo o conjunto do chafariz foi vendido a
particulares e, em 1924, apenas as quatro estátuas dos afluentes foram recompradas pela
prefeitura. Por volta de 1936, os Afluentes do Guaíba foram instalados em dois canais de
água, na Praça Dom Sebastião. Em 1983, devido à gravidade dos danos causados por
sucessivos vandalismos, as estátuas foram novamente recolhidos para um depósito da
prefeitura. Em 1996, as quatro estátuas retornam à Praça Dom Sebastião, reagrupadas em
círculo, com espelho d'água e protegidas por gradil, relembrando a ordenação original do
antigo chafariz na Praça da Matriz (ALVES, 2004).
Em 2011, os Afluentes do Guaíba encontravam-se sem o espelho d'água e sem o portão do
gradil que lhes serviria de proteção. A figura 1a apresenta uma vista geral do monumento,
no qual é possível observar uma adolescente apoiada na estátua Gravataí ao ser
127
fotografada pela amiga. A figura 1b mostra a situação atual da estátua Cahy, a mais
danificada pelas intempéries e vandalismos (FLORES, 2012).
Figura 1: Monumento Afluentes do Guaíba (a) e estátua Cahy (b).
Fonte: adaptado de Flores (2012).
A digitalização tridimensional da estátua Cahy foi realizada em 1º de dezembro de 2010,
entre as 18:30 h e 20:30 h, horário ainda diurno nesta época do ano em Porto Alegre (figura
2a). Assim, se fez necessário a utilização de uma lona para controle da luminosidade.
Foram necessárias 33 varreduras, com a lente WIDE em modo standard, para o
mapeamento de toda a superfície da estátua. A seguir, as 33 nuvens de pontos foram
manipuladas no software Geomagic Studio. O excesso das bordas das nuvens foi deletado
para permitir melhor encaixe entre elas, e, após este processamento inicial, o conjunto de
nuvens contava com mais de 4 milhões de pontos. Após filtragem, o modelo 3D foi
convertido em malha triangular com aproximadamente 2 milhões de triângulos. O erro médio
de montagem foi menor do que 1 mm, valor de resolução considerado adequado em função
das dimensões da estátua (cerca de 1,5 m de altura). A imagem virtual 3D foi renderizada
com simulação de mármore branco (figura 2b).
128
Figura 2: Digitalização tridimensional da estátua Cahy (a) e modelo 3D virtual renderizado (b).
Fonte: LdSM/UFRGS.
A saída de campo para digitalização tridimensional da estátua Cahy, e posteriormente para
estátua O Laçador, seguiram o seguinte check-list:
Solicitação de autorização junto à Supervisão de Parques, Praças e Jardins da
Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM) com 15 dias de antecedência.
Solicitação de autorização junto à Coordenação de Memória Cultural da
Secretaria da Cultura de Porto Alegre.
Autorização do professor responsável patrimonial, em formulário específico, para
saída do equipamento das dependências da UFRGS.
Pessoal para fazer a segurança da equipe e do equipamento.
Equipamento (Scanner 3D a Laser) e respectivo tripé.
Um notebook com 2 entradas USB.
Um automóvel como fonte de energia (bateria, ou outro tipo de fonte de energia).
Um conversor AC para bateria de automóvel.
Extensão da fiação elétrica e respectivas conexões.
Lona para controle de luminosidade de dia ou, à noite, lanterna portátil para
iluminação da área a ser digitalizada.
129
Na digitalização da estátua Cahy, contou-se com o apoio de dois seguranças da
Proseg/UFRGS, fundamental para a segurança da equipe, do equipamento e do automóvel
que ficou com o interruptor acionado para fornecer energia. Na digitalização da estátua O
Laçador, contou-se com o apoio da Coordenação de Memória Cultural da Secretaria da
Cultura de Porto Alegre que patrocinou o caminhão-cesto da empresa Darcy Pacheco de
modo a aproximar o scanner da estátua, bem como providenciou o apoio da Guarda
Municipal e autorizou a prototipagem da estatueta O Laçador.
Digitalização tridimensional do monumento O Laçador
O monumento O Laçador, de autoria do escultor pelotense Antonio Caringi foi exibido em
gesso, no IV Centenário da Cidade de São Paulo, em 1954, sendo fundido em bronze em
1958 (CARTILHA, 2010). Caringi venceu concurso público com a maquete O Boleador que,
como ele mesmo sugeriu, poderia representar O Laçador, substituindo-se as boleadeiras por
um laço. A comissão julgadora concordou com a alteração recomendando “que não se
apresente a figura de um guerreiro e sim o homem forte do nosso campo” (PAIXÃO
CÔRTES, 1994, p.18). Após o resultado do concurso, que ocorreu em 26 de março de 1954,
o tradicionalista Paixão Côrtes pousou com traje típico gaúcho (pilcha) de seu acervo
pessoal, para que Caringi esboçasse à lápis a indumentária gaúcha, pois o escultor queria
“acertar nas vestimentas dos peões gaúchos” (ASSIS BRASIL, 2008, p.16).
Em 20 de setembro de 1954, a escultura em gesso foi inaugurada no Pavilhão do Rio
Grande do Sul, na Feira Internacional do IV Centenário da Cidade de São Paulo.
Inicialmente, O Laçador seria doado para a capital paulista, mas em 1958 a estátua foi
adquirida pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, sendo então fundida em bronze na J.
Rebellato, em São Paulo (PAIXÃO CÔRTES, 1994; ALVES, 2004; CARTILHA, 2010,
CADASTRO, 2011). Caringi morava com a família em Pelotas e mantinha ateliês no Rio de
Janeiro e em São Paulo, perto das fundições (ASSIS BRASIL, 2008). A estátua fundida em
bronze, pesando 3,8 toneladas e medindo 4,45 m de altura, foi dividida em quatro partes
sendo então transportada de caminhão até Porto Alegre (TEIXEIRA, 2005). Em 20 de
setembro de 1958, foi inaugurada sobre pedestal de concreto com 2,20 m, no Largo do
Bombeiro, então situado na confluência das avenidas Farrapos, Ceará e dos Estados com a
BR 116, na principal entrada da capital gaúcha (PORTO, 1958; MADALENO, 1991; PAIXÃO
CÔRTES, 1994; CARTILHA, 2010).
Em 1991, O Laçador foi eleito símbolo de Porto Alegre através do voto popular na
campanha Eleja Porto Alegre. Quase 550 mil votos foram depositados nas urnas
espalhadas pela cidade, valor que corresponderia a 35% da população da capital gaúcha
130
(MADALENO, 1991). A oficialização ocorreu, em 1992, através da Lei Complementar 279
que institui O Laçador como símbolo de Porto Alegre. Em 2008, a Lei Estadual nº 12.992,
declarou a estátua O Laçador como “escultura-símbolo do Estado do Rio Grande do Sul” e
“integrante do patrimônio histórico e cultural do Estado do Rio Grande do Sul”.
Em 2007, a estátua O Laçador foi transferida do Largo do Bombeiro para o Sítio do Laçador
(Figura 3), situado na Avenida dos Estados em frente ao primeiro terminal do Aeroporto
Internacional Salgado Filho, permitindo assim a construção do Viaduto Leonel Brizola.
(CAPITAL, 2006; LAÇADOR, 2007; ESTÁTUA, 2007; MONUMENTO, 2007; CARTILHA,
2010).
Figura 3 - O Laçador: no Sítio do Laçador (a) e em detalhe sobre o pedestal (b).
Fonte: LdSM/UFRGS
Mas por que uma estátua em homenagem ao gaúcho pampeano em pleno espaço urbano?
Quem foi este gaúcho? Os primitivos gaúchos vagavam em bandos formados por
portugueses, espanhóis, índios, negros e mestiços que se uniam na pilhagem das estâncias
e na matança do gado para extração do couro na região do pampa sul-rio-grandense,
argentino e uruguaio. Quanto ao vocábulo gaúcho, “etimologicamente a palavra gaúcho é
desconhecida”, surgindo na região platina como gaucho e no Rio Grande do Sul, como
gaúcho (FLORES, 2001, p.276).
131
Entre a chegada dos açorianos (1752) e o fim do século XIX, “com o povoamento do
território, a subdivisão dos campos, a intensificação da exploração rural, a imigração
europeia em larga escala”, o gaúcho marginal com “fama de ladrão de gado, contrabandista
de couros, desertor das milícias,” transforma-se no peão de estância e soldado do patrão
caudilho (REVERBEL, 1986, p. 87, 90). Assim, quando o ciclo do couro acabou, este
gaúcho primitivo desaparece, passando a integrar outros grupos sociais e, em meados do
século XIX, encontrava-se praticamente extinto (ASSUNÇÃO, 1969; OLIVEN, 1992).
Uma vez extinta a figura do gaúcho marginal, passou a ser possível a sua idealização,
ancorado na nostalgia de um passado heroico como reação às constantes mudanças de um
mundo cada vez mais urbano, industrializado, moderno e hostil. A construção do gaúcho
mítico foi possível porque, poetas, romancistas e contistas buscaram autenticidade do mito
em referências históricas e na utilização de arquétipos universais do herói civilizador, tais
como coragem, ousadia, lealdade, honestidade, virilidade, espírito de luta contra o mal e
amor a terra, atributos presentes no imaginário coletivo e na mitologia de todas as
civilizações (FLORES, 2007). Baseadas no regionalismo, movimento cultural que valoriza a
identidade local, estas obras literárias discorriam “sobre os costumes, mentalidades e
tradições gauchesca” e “valorizavam o homem e a vida do campo”, sendo então lançadas
no mercado “com ampla repercussão no público e na crítica” (DOBERSTEIN, 2002, p.317).
Nas artes visuais do Rio Grande do Sul, a temática do regionalismo já havia sido
desenvolvida na pintura de Pedro Weingartner (1856-1929) e na obra de José Lutzenberger
(1882-1951), prosseguindo mais tarde, com o Grupo de Bagé (nos anos de 1940-50), a
escultura de Vasco Prado (1914-1998) e, culminando nos anos de 1950 com a escultura de
Caringi (BOHNS, 2007; GOMES, 2008).
O Laçador de Caringi venceu o concurso com o objetivo de ser uma representação
idealizada e esteriotipada muito adequada para um símbolo mítico” (ALVES, 2004, p.112,
grifo do autor), tendo sido executado nos “habituais cânones da estatuária tradicional”
(ALVES, 2004, p.37) conforme formação artística “acadêmica” de Caringi na Alemanha. Aos
23 anos, em 1928, Caringi embarcou para Munique, onde estudou no atelier do escultor
Hans Stangl (1888-1963). Cursou Escultura na Academia de Belas Artes de Munique, com
Hermann Hahn (1868-1944) e, em 1936, em Berlim, especializou-se em Plástica
Monumental, ministrado por Arno Brecker (1900-1991), prosseguindo seus estudos na Itália,
França, Grécia, Turquia, Balcãs e Escandinávia (GOMES, 1998; ALVES, 2004; ASSIS
BRASIL, 2008). Portanto, Caringi especializou-se em escultura acadêmica com mestres
alemães famosos pelo “realismo vigoroso e monumental, de uma grandiloquência à maneira
de Miguel Ângelo” com volumes colossais, atitudes imperativas e expressões carrancudas
(DOBERSTEIN, 1995, p.83), sendo ainda sua obra influenciada pelas vertentes estilísticas
132
europeias da primeira metade do século XX, como a escultura de Rodin, o neoclassicismo, o
expressionismo e o Art Déco, tornado-se, após retorno ao Brasil, “menos estilizada e mais
naturalista” (ASSIS BRASIL, 2008, p.30).
Em 1941, Caringi retornou definitivamente para Pelotas/RS, onde casou-se com Noemy de
Assumpção Osório, com quem teve seis filhos. Em 1952, criou o Curso de Escultura da
Escola de Belas Artes de Pelotas, atual Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Em 1976,
no Rio de Janeiro, ao contemplar sua obra Cristo Crucificado, hoje na Capela dos Jesuítas,
também conhecida como Capela do Colégio Anchieta, em Porto Alegre, Caringi sofreu um
acidente vascular cerebral vindo a falecer em Pelotas em 1981 (GOMES, 1998; ALVES,
2004; ASSIS BRASIL, 2008).
O Laçador é a obra mais conhecida de Caringi que “produziu uma série de obras públicas
ligadas ao discurso engrandecedor dos feitos da nação e do estado, associando o espírito
nacionalista à maneira grandieloquente de tratar os temas históricos e culturais” (BOHNS,
2007, p.100). Outras obras públicas de Caringi são: General Bento Gonçalves (1935), Porto
Alegre/RS; Sentinela Farroupilha (1935), Pelotas/RS; Bispo Dom Joaquim Ferreria de Melo
(1942), Pelotas/RS; Almirante Saldanha da Gama (1946), Rio de Janeiro/RJ; J.J. Seabra
(1948), Salvador/BA; Monumento Nacional ao Imigrante (1954), Caxias do Sul/RS; Coronel
Pedro Osório (1954), Pelotas/RS; Monumento ao Colono (1958), Pelotas/RS; Monumento às
Mães (1959), Pelotas/RS; Monumento às Mães (1963), Alegrete/RS; Monumento ao
Expedicionário (1964), Porto Alegre/RS; Anita Garibaldi (1964), Laguna/SC e Gaspar
Silveira Martins (1970), Bagé/RS (ASSIS BRASIL, 2008).
Na estátua O Laçador (figura 3b) observa-se a idealização das características do gênero
masculino, muito semelhantes à figura masculina do Monumento Nacional ao Imigrante que
foi inaugurado em bronze, em Caxias do Sul/RS, em 1954, contudo, exaltando agora o mito
do homem forte e rude do pampa. Ainda hoje, este estilo grandioso e imponente continua
apropriado para fixar o mito do gaúcho no imaginário coletivo.
Dada a relevância deste monumento, decidiu-se, com o apoio da Coordenação de Memória
Cultural da Secretaria da Cultura de Porto Alegre, realizar um projeto de digitalização
tridimensional. Cabe salientar que a estátua, originalmente, segurava um laço de bronze na
mão direita. Porém, o acessório foi furtado e, no momento, é substituído por um cabo de
aço. Assim, optou-se por não inclui-lo no modelo virtual.
O processo foi realizado em 10 de agosto de 2011. Devido à altura da estátua (4,45 m),
somada à altura do pedestal (2,20 m), à altura da coxilha do Sítio do Laçador
(aproximadamente 5 m) e à distância imposta a qualquer veículo pela mureta que circunda a
coxilha, fez-se necessário um caminhão-cesto com braço telescópico de 25 m de modo a
133
aproximar o scanner da estátua (figura 4a). Para digitalização a cerca de 1 m, distância
considerada segura para o operador do scanner posicionado no cesto e para integridade da
estátua O Laçador, optou-se pelo uso da lente WIDE em modo extend, capturando
distâncias de até 2,5 m.
As atividades iniciaram às 20 h e estenderam-se até às 6 h do dia seguinte. Optou-se pelo
horário noturno, pois devido à altura do monumento não seria viável o controle da
luminosidade com a utilização de lonas. Apesar de não afetar a aquisição de dados,
constatou-se que a escuridão impede a visualização no monitor do scanner da área do
objeto que está sendo digitalizado, problema solucionado com o foco de luz de uma lanterna
portátil (Figura 4b). Em 07 de setembro de 2011, com a segurança da Guarda Municipal, a
equipe retornou ao Sítio do Laçador para complementar a digitalização tridimensional da
parte inferior da estátua não sendo necessário a presença do caminhão-cesto. Foram
realizadas varreduras das 20 h às 22 h, completando, então, um total de 12 horas para
digitalização da estátua O Laçador.
Figura 4: Aproximação do Scanner Tridimensional (a) e digitalização da estátua O Laçador (b).
Fonte: LdSM/UFRGS.
A seguir, conforme os procedimentos já descritos, as nuvens de pontos foram processadas
no software Geomagic Studio. A figura 5a mostra o registro (montagem a partir de áreas em
comum) de duas nuvens de pontos pertencentes à face da estátua, enquanto que a figura
5b apresenta o registro já realizado de diversas nuvens de pontos.
134
Figura 5 - Registro de duas nuvens de pontos (a) e montagem das diversas nuvens de pontos (b).
Fonte: LdSM/UFRGS.
Na primeira etapa da digitalização foram realizadas 181 varreduras a laser da estátua,
obtendo 25.837.968 pontos, enquanto que na segunda etapa foram realizadas 26
varreduras com a aquisição de 3.380.115 pontos. A resolução (distância média entre os
pontos adquiridos) ficou em 1,66 mm. Após a filtragem e o restante do processamento,
obteve-se uma malha triangular com resolução de 3,61 mm, conforme sintetiza a tabela 2.
TABELA 2
Dados do processamento do modelo 3D virtual da estátua O Laçador.
Totais
Nuvem de Pontos
207
Nº de pontos adquiridos
29.218.083
Resolução de aquisição
1,66 mm
Nº de pontos filtrados
6.682.989
Resolução após filtro
3,61 mm
Nº de triângulos (malha)
13.361.282
Fonte: LdSM/UFRGS.
Para que o arquivo ficasse mais leve e pudesse ser manipulado no hardware disponível, a
malha final foi reduzida para cerca de 7 milhões de triângulos, atingindo uma resolução final
de 3,78 mm. Ainda, para prototipagem de uma estatueta com 25 cm de altura, a malha foi
135
redimensionada e filtrada para aproximadamente 5 milhões de triângulos, resultando em
uma resolução de 0,21 mm, conforme observa-se na tabela 3.
TABELA 3
Dados do modelo 3D virtual da estátua O Laçador.
Modelo 3D em
tamanho real
Modelo 3D
redimensionado
Nº de triângulos
7.203.794
5.042.364
Resolução
3,78 mm
0,21 mm
Fonte: LdSM/UFRGS.
Este modelo 3D virtual, redimensionado (figura 6a), foi então convertido em formato STL e
enviado a uma impressora 3D. A impressão tridimensional foi realizada no equipamento
Spectrum Z510 - ZCorporation®, no Instituto Nacional de Tecnologia (INT) do Rio de
Janeiro. Conforme as características do equipamento, o protótipo físico (figura 6b) foi
confeccionado em pó de gesso com resina aglutinante.
Figura 6: Modelo 3D virtual de O Laçador (a) e Protótipo produzido em impressora 3D (b).
Fonte: LdSM/UFRGS.
O protótipo da estatueta O Laçador evidenciou o cuidado de Caringi com a perspectiva,
fenômeno da percepção visual onde duas linhas paralelas parecem se unir na linha do
horizonte. Colunas gregas e grandes esculturas seriam percebidas desta maneira caso não
136
tivessem a perspectiva corrigida. Caringi aumentou a parte superior do corpo da estátua
(observa-se a cabeça proporcionalmente maior e os pés proporcionalmente menores que o
corpo) uma vez que a estátua deve ser vista de baixo para cima, ou seja, sobre o seu
pedestal onde atinge a altura de 6,65 m. A possibilidade de manusear fisicamente o
protótipo da estatueta O Laçador, também evidenciou a riqueza de detalhes criados por
Caringi, em especial na anatomia e no panejamento (FLORES, 2012).
Cabe ainda salientar que o modelo 3D virtual, bem como um protótipo da estátua O Laçador
foram disponibilizados à Prefeitura Municipal de Porto Alegre, com a qual estabeleceu-se
importante parceria para a continuidade e o desdobramento de pesquisas referentes à
preservação do patrimônio histórico e cultural.
Considerações Finais
Conforme os estudos de caso apresentados, pode-se considerar que a digitalização
tridimensional é uma técnica para aquisição de dados, in loco, com alto grau de
detalhamento, possibilitando contribuir de forma efetiva com a identificação, a conservação
e a promoção de edificações, de monumentos e de obras artísticas instalados em áreas
públicas. Infelizmente, a tecnologia não permite recuperar dados que foram perdidos
anteriormente acerca dos monumentos, tais como a depredação da estátua Cahy, ou o laço
furtado de O Laçador. Porém, com a contribuição das pesquisas que vem sendo
desenvolvidas, acredita-se que o patrimônio histórico e cultural poderá ser valorizado, cada
vez mais, por uma maior parcela da sociedade.
Referências
ALVES, José Francisco. A Escultura Pública de Porto Alegre: História, Contexto e
Significado. Porto Alegre: Artfolio, 2004.
ALVES, José Francisco. Inventário da Escultura Pública de Porto Alegre. In: BULHÕES,
Maria Amélia. Memória em Caleidoscópio. Artes Visuais no Rio Grande do Sul. Porto
Alegre: Editora da UFRGS, 2005.
AMARAL, Paulo César B. do. 100 Anos de Antonio Caringi - Apresentação. Folder da
exposição realizada no Salão Alberto Pasqualini, Palácio Piratini, Porto Alegre, de 23 de
agosto a 2 de setembro de 2005.
137
ASSIS BRASIL, Luiz Antônio. As Mãos do Escultor. In: CARINGI, Amadeus; BARCELLOS,
Marília (Org.), Caringi: Antonio Caringi - O Escultor dos Pampas. Porto Alegre: Nova Prova,
2008. p. 8-19. il.
ASSUNÇÃO, Fernando O. El Gaucho: su Espacio y su Tiempo. Montevidéu: Arca, 1969.
274p.
BERALDIN, J-A.; PICARD, M.; El-HAKIM, S. F.; GODIN, G.; VALZANO, V.; BANDIERA, A.;
LATOUCHE, C. Virtualizing a Byzantine Crypt by Combining High-resolution Textures with
Laser Scanner 3D Data. 2012. Disponível em:
<http://212.189.136.205/index.php/vbc/article/viewFile/7343/6661.> Acesso em: 24 jan.
2012.
BOHNS, Neiva Maria Fonseca. Década de 50: Sopram os Novos Ares. In: GOMES, Paulo
(Org.). Artes Plásticas no Rio Grande do Sul: uma Panorâmica. Porto Alegre: Lahtu Sensu,
2007. p.96-115. il.
CADASTRO de monumentos. Secretaria Municipal de Porto Alegre, Supervisão de Parques,
Praças e Jardins, Setor de Monumentos, 2011.
CAPITAL conclui projeto do Sítio do Laçador: área próxima ao aeroporto Salgado Filho terá
espaço para atividades cívicas e estacionamento para carros e ônibus. Jornal do Comércio,
Porto Alegre, p.24, 07 dez 2006.
CARTILHA de monumentos inseridos em praças e parques de Porto Alegre: conhecendo o
passado e preservando o futuro. Porto Alegre: SMAM; Departamento de Monumentos, 2010.
32p. il.
DOBERSTEIN, Arnoldo Walter. Escalada, Caringi e o Gauchismo na Estatuária. In:
CLEMENTE, Elvo (org.). Integração: Artes, Letras e História. Porto Alegre: EDIPUCRS,
1995. p.79-84. il.
DOBERSTEIN, Arnoldo Walter. Estatuários, Catolicismo e Gauchismo. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 2002. 372p. il.
ESTÁTUA do Laçador será retirada da armação hoje. Zero Hora, Porto Alegre, p.31, 14 mar
2007.
ESTÁTUAS de mármore são danificadas. Correio do Povo, Porto Alegre, p.19, 25 out 2012.
FLORES, Ana Berenice Hubner. Design, Território e Tecnologia 3D na Preservação Cultural
em Suporte Material Sustentável: Estudo de Caso do Monumento O Laçador. Dissertação
(Mestrado) Programa de Pós-Graduação em Design (PGDesign), Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.
138
FLORES, Moacyr. Dicionário de História do Brasil. 2.ed.rev.ampl. Porto Alegre: EDIPUCRS,
2001. 637p. (Coleção História: 8)
FLORES, Moacyr. Gaúcho: História e Mito. Porto Alegre: EST, 2007. 23p.
FLORES, Vitor. Escultura Digital: para uma Nova Declinação da Matéria e do Tacto. 2001.
Disponível em: <http://www.recil.grupolusofona.pt/handle/10437/599?show=full> Acesso em:
24 jan. 2012
FRANCO, Sergio da Costa. Guia Histórico de Porto Alegre. Porto Alegre: UFRGS, 1988.
441p. il.
GOMES, Paulo. Sobre Antonio Caringi. In: CAIXA RESGATANDO A MEMÓRIA. Porto
Alegre: Caixa Econômica Federal, 1998. p.79-95. il.
GOMES, Paulo. Bronze sobre Granito. In: CARINGI, Amadeus; BARCELLOS, Marília (Org.),
Caringi: Antonio Caringi - O Escultor dos Pampas. Porto Alegre: Nova Prova, 2008. p. 20-32.
il.
GUIMARÃES, N. A. A proteção do patrimônio cultural: uma obrigação de todos. Jus
Navigandi, Teresina, ano 9, n. 354, 26 jun. 2004. Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/5372>. Acesso em: 20 nov. 2012.
HALBWACHS, Maurice. Memória Coletiva. São Paulo: Vértice, 1990. 189p.
HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela Memória: Arquitetura, Monumentos, Mídia. Rio de
Janeiro: Aeroplano, 2000. 120p.
INTERSCULPTUR. Bienal de Escultura Digital. 2011. Disponível em:
<http://www.arsmathematica.org/index-PG.html> Acesso em 26 jan. 2012.
KOLLER, David; LEVOY, Marc. Protecting 3D Graphics Content. Communications of the
ACM. v.48, n.6, p.74-80, jun 2005.
KONICA MINOLTA Sensing, Inc. Non-contact 3D Digitizer Vivid 9i. Instruction Manual,
Japan, 2006.
LAÇADOR será transferido: novo local que abrigará o monumento, na avenida dos Estados,
está com as obras adiantadas. Correio do Povo, Porto Alegre, p.6, 28 fev. 2007.
LAHANIER, Christian; Schmitt, Francis; Le BOEUF, Patrick; AITKEN, Geneviève. Mutli-
spectral Digitasation and 3D Modelling of Paintings and Objects for Image Content
Recognition, Image Classification and Multimedia Diffusion. 2003. Disponível em:
<http://tech2.npm.gov.tw/da/eng/files/sourse/Multi-
spectral_Digitisation_and_3D_Modelling_of_Paintings_and_Objects.pdf.> Acesso em: 24
jan. 2012.
139
LEVOY, Marc; RUSINKIEWICZ, Szymon; GINZTON, Matt; GINSBERG, Jeremy; PULLI,
Kari; KOLLER, David; ANDERSON, SEAN; SHADE, Jonathan; CURLESS, Brian; PEREIRA,
Lucas; DAVIS, James; Fulk, Duane. The Digital Michelangelo Project: 3D Scanning of Large
Statues. Proceedings of the 27th annual Conference on Computer Graphics and Interative
Techniques, SIGGRAPH. 2000. p. 1-14. Disponível em:
<http://graphcis.stanford.edu/projects/mich/> Acesso em 26 jan. 2012.
LEVOY, Marc. A Physical Replica of Michelangelo's David. 2004. Disponível em:
<http://graphics.stanford.edu./projects/mich/replica/replica.html> Acesso em: 13 fev. 2012.
MADALENO, Erika Hanssen. Laçador é o Símbolo por Escolha do Povo. Zero Hora, Porto
Alegre, p.40, 27 nov 1991.
MEIRA, A. L. G. O passado no futuro da cidade: políticas públicas e participação dos
cidadãos na preservação do patrimônio cultural de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da
UFRGS, 2004.
MONUMENTO o Laçador será transferido neste domingo. Diário Oficial de Porto Alegre,
Porto Alegre, p.1, 09 mar. 2007.
NORA, Pierre. Entre Memória e História: a Problemática dos Lugares. Projeto História, São
Paulo, n.10, p.7-40, dez. 1993. (Les Lieux de Mémoire. I La République, Paris, Gallimard,
1984, p.23-43, tradução de Yara Aun Khoury)
OLIVEN, Ruben George. A Parte e o Todo: a Diversidade Cultural no Brasil-Nação. Porto
Alegre: Vozes, 1992. 143p.
PAIXÃO CÔRTES, João Carlos D'Ávila. O Laçador: História de um Símbolo. Porto Alegre:
35º Centro de Tradições Gaúchas, 1994. 69 p. il.
PORTO Alegre comemorou com brilho o 123º aniversário da data farroupilha. Correio do
Povo, Porto Alegre, p.20, 21 set 1958.
REVERBEL, Carlos. O Gaúcho: Aspectos da sua Formação no Rio Grande e no Rio da
Prata. Porto Alegre: LPM, 1986. 109p.
SILVA, Fabio Pinto; DUARTE, Lauren C.; ROLDO, Liane; KINDLEIN Jr., Wilson. A
Digitalização Tridimensional e sua Aplicação no Design de Produto. Design & Tecnologia,
UFRGS, Porto Alegre, 2010. p.60-65
SILVA, Fabio Pinto. Usinagem de Espumas de Poliuretano e Digitalização Tridimensional
para Fabricação de Assentos Personalizados para Pessoas com Deficiência. Tese
(Doutorado) - PPGE3M/EE/UFRGS, Porto Alegre, 2011.
SPALDING, Walter. Pequena História de Porto Alegre. Porto Alegre: Sulina, 1967. 321p. il.
140
TEIXEIRA, Paulo César. Uma Estátua para Caringi. Aplauso, Porto Alegre, v. 65, p.12-15,
jun. 2005.
141
ResearchGate has not been able to resolve any citations for this publication.
Article
In recent years, high-resolution recording of heritage sites has stimulated a lot of research in fields like photogrammetry, computer vision, and computer graphics. Numerous algorithms and methodologies have been proposed in the literature for heritage recording from photogrammetry and laser scanner 3D data. In practice, what a 3D photographer needs for photo-realistic 3D model building is a commercially available solution to this so-called as-built documentation. In this paper, we present such a solution. It is applied to the virtualization of a Byzantine Crypt where geometrically correct texture mapping is essential to render the environment accurately in order to produce virtual visits and apply virtual restoration techniques. A video animation has been created to show the results. Au cours des dernières années, l'enregistrement d'images haute résolution de sites historiques a stimulé beaucoup de recherches dans des domaines comme la photogrammétrie, la visionique et l'infographie. Bon nombre d'algorithmes et de méthodologies d'enregistrement d'images de sites historiques à l'aide de la photogrammétrie et de données 3D provenant de lecteurs laser ont été proposés. En pratique, un photographe d'images 3D a besoin d'une solution commerciale fondée sur ces soi-disant documents conformes à l'exécution pour établir un modèle 3D photoréaliste. Dans le présent document, nous présentons une telle solution. Cette dernière est appliquée à la virtualisation d'une crypte byzantine qui nécessite un mappage de texture géométriquement correct afin d'obtenir un rendu précis de l'environnement pour permettre des visites virtuelles et appliquer des techniques de restauration virtuelle. Une animation vidéo a été réalisée pour montrer les résultats obtenus.
A Escultura Pública de Porto Alegre: História, Contexto e Significado
  • José Alves
  • Francisco
ALVES, José Francisco. A Escultura Pública de Porto Alegre: História, Contexto e Significado. Porto Alegre: Artfolio, 2004.
100 Anos de Antonio Caringi -Apresentação. Folder da exposição realizada no Salão Alberto Pasqualini
  • Paulo Amaral
  • B César
  • Do
AMARAL, Paulo César B. do. 100 Anos de Antonio Caringi -Apresentação. Folder da exposição realizada no Salão Alberto Pasqualini, Palácio Piratini, Porto Alegre, de 23 de agosto a 2 de setembro de 2005.
Artes Plásticas no Rio Grande do Sul: uma Panorâmica
  • Neiva Maria Bohns
  • Fonseca
BOHNS, Neiva Maria Fonseca. Década de 50: Sopram os Novos Ares. In: GOMES, Paulo (Org.). Artes Plásticas no Rio Grande do Sul: uma Panorâmica. Porto Alegre: Lahtu Sensu, 2007. p.96-115. il.
Território e Tecnologia 3D na Preservação Cultural em Suporte Material Sustentável: Estudo de Caso do Monumento O Laçador. Dissertação (Mestrado) -Programa de Pós-Graduação em Design (PGDesign)
  • Ana Berenice Flores
  • Hubner
  • Design
FLORES, Ana Berenice Hubner. Design, Território e Tecnologia 3D na Preservação Cultural em Suporte Material Sustentável: Estudo de Caso do Monumento O Laçador. Dissertação (Mestrado) -Programa de Pós-Graduação em Design (PGDesign), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.
Dicionário de História do Brasil. 2.ed.rev.ampl. Porto Alegre: EDIPUCRS
  • Moacyr Flores
FLORES, Moacyr. Dicionário de História do Brasil. 2.ed.rev.ampl. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001. 637p. (Coleção História: 8)
Escultura Digital: para uma Nova Declinação da Matéria e do Tacto
  • Vitor Flores
FLORES, Vitor. Escultura Digital: para uma Nova Declinação da Matéria e do Tacto. 2001.
Caringi: Antonio Caringi -O Escultor dos Pampas. Porto Alegre: Nova Prova
  • Paulo Gomes
  • Bronze Sobre Granito
GOMES, Paulo. Bronze sobre Granito. In: CARINGI, Amadeus; BARCELLOS, Marília (Org.), Caringi: Antonio Caringi -O Escultor dos Pampas. Porto Alegre: Nova Prova, 2008. p. 20-32. il.
A proteção do patrimônio cultural: uma obrigação de todos
  • N A Guimarães
GUIMARÃES, N. A. A proteção do patrimônio cultural: uma obrigação de todos. Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 354, 26 jun. 2004. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/5372>. Acesso em: 20 nov. 2012.