Resumo Pala a s-Ci~av~: Formaldeido, Compostos Orgánicos Voláteis, Ventilação, Qualidade do Ar Interior, Serviços de Anatomia Patológica.-INTRODUÇÃO O efeito mais facilmente detectável da exposição aos vapores de Formaldeído é o seu odor desagradável e o seu efeito irritante das mucosas dos olhos e aparelho respiratório superior. Os limites de detecção estão entre os valores de 0,1-0,3 mglm3. No
... [Show full abstract] entanto, alguns indi víduos podem sentir o cheiro de Formaldeido a concen trações inferiores (WHO, 1991). O contacto directo com soluções de Formaldeido a concentrações de 1 %-2% pode causar irritações da pele em alguns individuos. De uma forma geral, solu ções com concentrações entre 5% e 25% são irritantes, e com concentrações superiores a 25% são corrosivas. As exposições de longa duração da pele podem levar a dermatoses alérgicas por contacto. Esta situação foi demonstrada apenas para as soluções de Formaldeído e não para os vapores (WHO, 1991). Foi demonstrado através de estudos com células humanas (ri vitro que o Formaldeído interfere com a repa ração do ADN ÇWHO, 1991). Paralelamente, demons trou-se que a exposição a vapores induzida a duas espécies de ratos levou a uma significante incidência de carcinomas nas cavidades nasais ÇWHO, 1991). A Environmental Protection Agency (EPA) classificou o Formaldeido como agente cancerígeno no Grupo El, isto é, provável carcinogénico de médio risco (Crespo & Lourenço, 2000). Por seu lado, a lei portuguesa, segundo a Norma Portuguesa NP-1796 (1988), classi fica o Formaldeído como agente suspeito de ter efeito oncogénico (Crespo & Lourenço, 2000). No entanto a proposta de actualização desta norma aponta para o mesmo em relação à sua carcinogenicidade e para uma concentração de 0,3 ppm, que nunca deve ser excedida para qualquer período de exposição. Num estudo efectuado por Cain et aL (1986), um grupo de 33 individuos autoavaliou-se relativamente à irritação e detecção do cheiro quando expostos ao formaldeído a concentrações entre 0,3 e 2,4 mg/m3 (0,25 e 2 ppm) durante 29 minutos. A partir deste estudo verificou-se que a irritação sensorial aumentou com o tempo a baixas concentrações e diminuiu com o tempo a altas concentrações. Este efeito ocorreu a nível do nariz, olhos e garganta, nos quais a sensibilidade foi seme lhante. Weber-Tschoop et aI. (1977) e Bender et aI. (1983) mostraram que ocorre uma adaptação sensorial em exposições de longa duração. Em 1983, um grupo de estudo da OMS estudou o Formaldeido procurando encontrar um limite de expo sição ocupacional com base nos seus efeitos para a saúde. Desta investigação foi indicado um limite de exposição ocupacional de curto prazo (15 minutos) para uma concentração de Formaldeído no ar de 1 mg/m3. Foi também indicado como limite a concentração de Pretendeu-se com a realização deste estudo conhecer a Quali dade do Ar Interior dos Serviços de Anatomia Patológica, mais especificamente, ao nivel das suas Sala de Entradas. Sabe-se que nestes locais ocorre a utilização e manuseamento de produtos químicos potencialmente tóxicos e carcinogéneos, nomeadamente do formol, que é um fixador pouco dispendioso e bastante eficiente, o que implica a sua eleição para os trabalhos de rotina em anatomia patológica. A solução de trabalho habitual é constituida essencialmente por formaldeido em forma gasosa e água. Foi demonstrado através de estudos com células humanas in vitro que o Formaldeido interfere com a reparação do AON. Paralelamente, demonstrou-se que a exposição a vapores indu zida a duas espécies de ratos levou a uma significante incidência de carcinomas nas cavidades nasais. considerando as actividades que se desenvolvem nos referidos locais de trabalho e a utilização dada ao formol, julga-se que se não existirem as condições de ventilação adequadas e procedi mentos de trabalho correctos os individuos que ai desenvolvem a sua actividade profissional acabarão por estar expostos a vapores de formaldeido. Procurando determinar os valores de exposição dos trabalha dores, realizou-se a medição da concentração de compostos Orgánicos Voláteis (cOVs) em três momentos específicos exem plificativos das principais actividades que se desenvolvem na Sala de Entradas. Optou-se pela medição de cov's porque o formaldeido está enquadrado neste grupo de poluentes (U.S. consumer Product Safety commission. 1997) e porque, no local, e no momento da medição, não se utilizava mais nenhum produto quimico de características semelhantes. As medições foram efectuadas em 5 Hospitais da Grande Lisboa. Na maior parte das situações investigadas foram encontradas concentrações elevadas de cov's (até 50,6 ppm) que se julga puderem estar relacionadas com as condições de ventilação existentes nas salas de entradas que foram alvo do nosso estudo. No momento da realização das medições encontraram-se outras situações que devem também ser objecto de melhoramento e, para as quais, se tecem também algumas recomendações.