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Referências bibliográficas
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1Centro de Triagem de Animais
Silvestres do Parque Ecológico
do Tietê, São Paulo, SP, Brasil.
E-mail: craspet@daee.sp.gov.br
2Autor para correspondência.
E-mail: fabio_tol@msn.com
identificação das aves do Brasil; (3) Lima,
P.C. et al. (2007) AO 136: 12; (4) Chupil,
H. & Monteiro-Filho, E.L.A (2018) His-
Figura 1. Mapa do município de São Paulo indicando a localização
do Parque Ecológico do Tietê – Núcleo Engenheiro Goulart.
Figura 2. Indivíduos de Eudocimus ruber (guará) no
Parque Ecológico do Tietê. Foto: Fábio Toledo das Dores.
Fábio Toledo das Dores1,3,
Lilian Sayuri Fitorra1, Valéria
da Silva Pedro1, Haroldo Ryoiti
Furuya1, Bruno Sergio Simões
Petri1, Karlla Vanessa de
Camargo Barbosa2, Luciano
Bernardes, Liliane Milanelo1
Recebido: 13/3/2020. Aprovado: 20/4/2020.
A espécie Cochlearius cochlearius
(Linnaeus, 1766) é caracterizada pelo
bico peculiar, largo e achatado, além
dos olhos grandes e escuros, sendo uma
ave de hábitos principalmente noturnos,
mas que também apresenta atividade
crepuscular1,2. Possuem fronte e parte
anterior do pescoço brancos, peito e
abdômen acastanhados ou ferrugíneos,
flancos negros e um longo penacho ne-
gro na nuca1. Habita margens de lagos e
rios com densa vegetação arbórea, anin-
gais e manguezais, descansando durante
o dia, geralmente sobre vegetação som-
breada, onde pode estar entre indivídu-
os de Nycticorax nycticorax (savacu),
espécie ao qual se assemelha1. Se ali-
menta, principalmente, durante a noite
ou no crepúsculo, mas também pode
ro de registros, sendo todos concentra-
dos na região leste do estado, podendo
ser observada principalmente nas áreas
litorâneas, em municípios como Bertio-
ga3, Cananéia4, Iguape5, Cubatão5, Ca-
raguatatuba6 e São Sebastião7, além de
forragear durante o dia, tendo uma die-
ta composta por pequenos mamíferos,
peixes, anfíbios, insetos e crustáceos1.
Ocorre por quase todo o Brasil, exceto
no extremo sul da região Sul1. Em São
Paulo, a espécie apresenta baixo núme-
Primeiro registro documentado de arapapá, Cochlearius cochlearius
(Pelecaniformes: Ardeidae) para o município de São Paulo, SP
Atualidades Ornitológicas, 214, março e abril de 2020 27
registros em Ubatuba ao longo dos últi-
mos 14 anos, indicando que a espécie é
residente no município8,9,10. Entretanto,
a espécie também pode ser observada
em municípios fora do litoral, como em
Itu11, Mairinque12, Sete Barras13 e até
na Região Metropolitana de São Paulo,
onde foi registrada em São Bernardo do
Campo14.
O primeiro registro documentado de
Cochlearius cochlearius para o mu-
nicípio de São Paulo foi feito no Par-
que Ecológico do Tietê - PET, Núcleo
Engenheiro Goulart (23°29’23.15”S,
46°31’10.90”W, a 740 m a.n.m.), loca-
lizado na zona leste da cidade de São
Paulo, na divisa com o município de
Guarulhos (Figura 1). O PET possui
cerca de 1.250 ha, estando inserido na
Área de Proteção Ambiental da Várzea
do Tietê15, região de Mata Atlântica,
apresentando uma vegetação secundá-
ria em estágio inicial de regeneração,
com presença de espécies vegetais na-
tivas e exóticas. O parque apresenta di-
versos ambientes, como áreas abertas,
áreas florestadas, capinzais, praias de
sedimento, campos alagados, brejos,
áreas de várzea, lagos naturais e arti-
ficiais16.
Um indivíduo adulto do arapapá foi
visualizado e documentado pela primei-
de São Paulo. O baixo número de regis-
tros disponíveis (2) e o longo período
sem informação entre ambos (25 anos),
indicam que esta espécie é rara na re-
gião. Provavelmente são indivíduos se
dispersando ou perdidos (vagantes),
que utilizam temporariamente os lagos
artificiais existentes para descansar e se
alimentar durante um determinado perí-
odo, até seguirem para outra localidade.
O registro feito no Parque Ecológico do
Tietê mostra a importância de parques
urbanos para diversas espécies de aves
aquáticas, servindo de ponto de parada,
descanso e alimentação para as mesmas
durante seus deslocamentos regionais,
sejam sazonais ou não.
Referências bibliográficas
(1) Sick, H. (1997) Ornitologia Brasileira;
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1Centro de Triagem de Animais
Silvestres do Parque Ecológico
do Tietê, São Paulo, SP, Brasil.
E-mail: craspet@daee.sp.gov.br
2UNESP - Universidade do Estado
de São Paulo, Rio Claro, SP, Brasil.
3Autor para correspondência:
fabio_tol@msn.com
ra vez no dia 19 de outubro de 2019,
às 9:25 h, empoleirado e descansando
numa ilhota, no meio de um lago cir-
cundado por mata, sendo composta em
sua maior parte por bambus exóticos
(Figura 2). Outras imagens feitas no
mesmo dia foram disponibilizadas na
plataforma online Wikiaves (www.wi-
kiaves.com.br). A ilhota contava com
a presença de indivíduos de N. nycti-
corax, que utilizam o bambuzal como
dormitório, assim como Bubulcus ibis
(garça-vaqueira), que costuma pousar
no local no final da tarde para descan-
sar e pernoitar. Essa ilhota é uma área
de reprodução importante para algu-
mas aves do PET, como Mesembrinibis
cayennensis (coró-coró)17. O indivíduo
de C. cochlearius permaneceu empo-
leirado no mesmo local por cerca de 15
min, até que se deslocou para dentro
do bambuzal, não sendo mais visto na-
quele dia. Desde então, o indivíduo tem
sido avistado frequentemente na mesma
ilhota, tendo aparentemente se estabele-
cido no local, sempre empoleirado em
descanso durante o dia.
Matarazzo-Neuberger menciona um
registro de C. cochlearius feito em 1994
na Represa Billings, em São Bernardo
do Campo5, sendo o único registro co-
nhecido para a Região Metropolitana
Figura 2. Cochlearius cochlearius (arapapá) registrado
no Parque Ecológico do Tietê. Foto: Luciano Bernardes.
Atualidades Ornitológicas, 214, março e abril de 2020
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