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Este Manual pretende ser um veículo de informação útil
para tornar as populações mais resilientes aos riscos
climáticos e aumentar a consciência ambiental coletiva.
Tem como objetivo numa primeira leitura, despertar em
cada um dos leitores a importância da autoproteção e
posteriormente desencadear conversas com familiares e
amigos sobre boas práticas quer de prevenção, quer de
atuação em situação de emergência.
Neste manual consideram-se pessoas de risco: idosos ou
dependentes, recém-nascidos e crianças pequenas e pes-
soas com doença crónica.
O Manual que tem nas suas mãos deve estar na sua casa
ou local de trabalho, em local acessível, e deve ser lido
por todos.
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Ficha técnica:
Autores:
Anabela Veiga, Cristina Andrade, Luís
Quinta-Nova, Luís Santos, Nuno Pedro,
Paulo Fernandez, Rita Anastácio,
Sandra Mourato.
Edição Gráca:
Maria João Bom
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Enquadramento
A adaptação aborda os impactes das alterações climá-
ticas que são observadas hoje, preparando-nos para
impactes que possam ocorrer no futuro, incluindo pro-
cessos para reduzir os efeitos adversos das mesmas,
explorando oportunidades que possam proporcionar
benefícios socioeconómicos.
Os processos de adaptação a considerar podem ser natu-
rais, autónomos ou planeados. As ações naturais são
aquelas que ocorrem nos ecossistemas como uma reação
natural às alterações climáticas (Chambwera et al. 2014).
As ações autónomas são empreendidas principalmente
por atores privados, desencadeadas pelas alterações cli-
máticas induzidas pelo mercado ou pelo bem-estar das
pessoas. As ações planeadas são realizadas por atores
públicos e incluem principalmente deliberações políticas
baseadas na consciência de que as condições mudaram
ou estão prestes a mudar e que a ação é necessária para
retornar, manter ou alcançar um estado desejado (Carter
et al., 1994).
Segundo o guia de adaptação às alterações climáticas das
Nações Unidas (UNECE, 2009) as medidas de adaptação
podem ser classificadas em 4 tipos:
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Medidas No-regrets - medidas de adaptação cujos bene-
fícios excedem os custos, seja qual for a intensidade das
alterações climáticas. Normalmente estas medidas per-
mitem responder de forma adequada à variabilidade cli-
mática atual e têm capacidade para continuarem eficazes
quando as alterações climáticas se materializarem. São
medidas simples a ser implementadas. Exemplo: Reduzir
as perdas de água nos sistemas de abastecimento;
Medidas Low-regrets - medidas de adaptação com cus-
tos relativamente baixos e com benefícios relativamente
elevados, ainda que estes só se venham a verificar em
pleno após ocorrerem alterações climáticas de alguma
intensidade. Exemplo: Criar restrições à construção em
leito de cheia;
Medidas win-win – medidas de adaptação introduzidas
principalmente para abordar riscos climáticos. Para
além de aumentarem a capacidade adaptativa, produzem
igualmente benefícios sociais, económicos ou ambientais.
Exemplo: Implementar planos de prevenção e contingência
para os riscos;
Medidas de adaptação flexíveis - medidas que são pro-
jetadas com a capacidade de serem modificadas no futuro
à medida que o clima muda.
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As medidas de adaptação às alterações climáticas des-
tinam-se a informar e a ajudar as comunidades a con-
siderar possíveis formas de abordar ameaças atuais e
futuras, resultantes de cenários climáticos. O conjunto
de medidas apresentadas são o resultado da investigação
desenvolvida no âmbito do Projeto ClimRisk entre outras
fontes de idoneidade identificadas.
A escolha das medidas a adotar pelo utilizador deste
manual deverá considerar o contexto geográfico e climá-
tico, em cada momento.
A informação apresentada neste manual não substitui o
aconselhamento de especialistas
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Estrutura do Manual
O Manual está organizado em 3 capítulos.
No Capítulo 1 é apresentada uma caracterização climática
da região Centro, resultante da análise efetuada no âmbito
do projeto ClimRisk, e as medidas de adaptação que devem
ser seguidas pela população em geral. As medidas de
adaptação são apresentadas por Fator Climático (aumento
da temperatura, aumento da precipitação, diminuição da
precipitação e outros) de acordo com a tendência em cená-
rio de alterações climáticas. Para cada Fator Climático são
analisados os vários riscos: incêndios rurais; poluição da
água; subida do nível médio das águas do mar; ondas de
calor; vagas de frio; inundações; deslizamentos de terra;
secas e tempestades. As medidas são ainda subdivididas
em: medidas preventivas, o que fazer em caso de emergên-
cia e após evento.
No Capítulo 2 são apresentadas medidas gerais de boas
práticas ambientais subdividas em medidas de índole
institucional, direcionadas para os responsáveis políti-
cos e gestores do território e em medidas gerais para a
população.
O Capítulo 3 sugere a organização de kits de emergência.
Na última página do manual encontra-se um espaço que o
utilizador deste manual poderá preencher com os contactos
de emergência da sua localidade.
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Clima futuro
e medidas
de adaptação
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Perspetivas de clima futuro na região
centro
Entende-se por Cenário climático a representação plausí-
vel e simplificada do clima futuro, com base em relações
climatológicas. Os RCP (Representative Concentration
Pathways) referem-se a diferentes patamares de concen-
tração de Gases com Efeito de Estufa (GEE) que se pro-
longam até 2100. Foram utilizados os seguintes:
• RCP4.5: patamar intermédio de concentrações de GEE
(até 2100 pode resultar num aumento médio de 2.6°C);
• RCP8.5: patamar elevado de concentrações de GEE (até
2100 pode resultar num aumento médio de 4.8°C).
Entende-se por Anomalia a diferença de temperatura/
precipitação entre a média no período futuro (2041-2070)
e o período histórico (1961-1990).
No âmbito do projeto ClimRisk foram analisados os dados
da climatologia sazonal da temperatura média para o
período de referência 1961-1990 e o período num futuro
recente 2041-2070 para o cenário climático RCP4.5.
Os resultados apontam para um aumento global da
temperatura média em todas as estações com particular
expressão no Verão.
As anomalias da temperatura média indicam um aumento
entre 1 a 1,6ºC para o Inverno, 1,2 a 1,8 ºC para a Prima-
vera, 1,7 a 2,3 ºC para o Outono e entre 1,6 a 2,7 ºC para
o Verão.
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Os resultados indicam que as regiões mais afetadas com
o aumento da temperatura média serão as do interior
norte e sul. Deste modo, na área de estudo os concelhos
do interior (Vila de Rei, Sertã, Sardoal, Abrantes, Mação,
Proença-a-Nova e Oleiros) serão os mais afetados, com
particular intensidade no Outono e Verão.
Para a precipitação, os resultados apontam para uma
diminuição global da precipitação em todas as estações
com exceção do Inverno para o qual se prevê um aumento
até 28 mm no nordeste sendo residual a Sul do Tejo
(Alentejo e Algarve).
As anomalias de precipitação indicam uma diminuição
entre 0 a 13,9 mm no Verão, 2 a 17,9 mm para a Prima-
vera (MMA) sendo mais expressiva no outono entre 0 a
22 mm.
Os resultados indicam que as regiões mais afetadas
(diminuição) serão as do noroeste de Portugal (litoral). Na
área de estudo os concelhos do interior (Oleiros, Sertã,
Ferreira do Zêzere, Vila de Rei, Mação, Proença-a-Nova)
serão os mais afetados, com particular intensidade no
Outono e na Primavera.
Para ter acesso a resultados mais detalhados consultar
o site do projecto (www.climrisk.ipt.pt) e o geoportal
(http://climrisk.ipt.pt).
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Fator
climático
| Aumento da
temperatura
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Risco de incêndios rurais
Medidas preventivas
Crie uma zona segura ao redor da sua casa
Armazene materiais de construção, madeiras, botijas de gás
e produtos inflamáveis em locais apropriados
Mantenha perto de casa uma mangueira ou reserva de
água suficiente para poder intervir rapidamente se um
incêndio começar
Instale redes anti fagulhas na chaminé da sua casa
Evite o manuseamento de máquinas agrícolas quando
está muito calor, podem libertar-se faíscas. Tenha sempre
por perto um extintor se tiver mesmo de executar estes
trabalhos
Não faça fogueiras
A queima de resíduos florestais deve ser comunicada às
autoridades e executada em segurança, limpando a zona
envolvente e tendo água por perto caso seja necessária
Não fume junte a espaços florestais
Caso aviste um foco de incendio, avise as autoridades
(112), não assuma que outros já fizeram o alerta. Dê
a informação mais detalhada possível sobre o local do
incêndio, não se esqueça que a central do 112 é nacional,
e que em Portugal há muitas localidades com a mesma
designação, por isso indique o concelho, freguesia e local,
se possível indique um ponto de referência, como uma
igreja, um café ou outro
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O que fazer em caso de emergência
Caso tenha condições de segurança, desligue e retire as
botijas de gás para um local seguro
Regue as paredes, o telhado da habitação e em redor
Feche portas, janelas e outras aberturas, corra as persia-
nas ou portadas
Se estiver no interior de um edifício, mantenha-se
junto ao chão e respire, se possível através de um pano
molhado, para evitar inalar o fumo
Em caso de a roupa se incendiar deve parar, deitar no
chão e rebolar
Se estiver no exterior, abrigue-se perto do chão, o fumo
tende a subir, e em zonas afastadas de árvores
Se não correr perigo, apague pequenos focos de incêndio
com água, terra ou ramos verdes
Sempre que possível mantenha-se em contacto com as
autoridades e siga as suas instruções e recomendações
Após evento
Esteja disponível para colaborar com as autoridades sem-
pre que estas solicitem ajuda nas operações de rescaldo e
vigilância (por exemplo pode colaborar emprestando tra-
tores, cisternas, etc.)
As áreas ardidas e inclinadas devem ser reflorestadas e/
ou cobertas com coberto vegetal o mais rápido possível a
fim de evitar erosão hídrica do solo
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Risco de ondas de calor
Medidas preventivas
Beba bastante água, mesmo sem ter sede. As crianças e
os idosos devem beber ainda mais água. Certifique-se que
tem bebidas não alcoólicas em casa
Verifique se os seus familiares, vizinhos e amigos que
vivem sozinhos estão a seguir as medidas preventivas
necessárias
Tenha em casa roupas leves, confortáveis e de fibras
naturais. Evite vestir de negro e roupas de fibra sintética
Tenha particular atenção às recomendações se for uma
pessoa de risco ou se for responsável por pessoas de risco
O que fazer em caso de emergência
Aumente a hidratação, beba água e coma fruta. Evite bebi-
das alcoólicas e com cafeína, estas não contribuem para
a hidratação
Faça refeições leves, para não aumentar a temperatura
corporal. Coma poucas quantidades de cada vez e várias
vezes ao dia
Arrefeça o seu corpo com um pequeno duche de água
tépida para aumentar o seu conforto. Se o seu corpo esti-
ver muito quente não deve tomar banho com água muito
fria
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Tente passar algumas horas do dia em espaços com ar
condicionado
Tente manter a sua casa fresca: durante o dia mantenha
as janelas, persianas ou portadas fechadas, e à noite,
abra as janelas para que o ar circule
Vista roupa leve, confortável e de cores claras, evitando
fibras sintéticas
Não ande na rua nas horas de maior calor. Se tiver de
andar na rua procure sombras e zonas arejadas
Durante o dia não faça desporto ou trabalhos ao ar livre
Se tiver de viajar de automóvel faça-o por períodos curtos
e escolha o período noturno. Leve consigo água ou outros
líquidos não alcoólicos e não açucarados em quantidades
suficientes
Após evento
Mantenha-se em vigilância e vigie as pessoas de risco. Os
efeitos das ondas de calor sobre os grupos de risco podem
prolongar-se durante vários dias.
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Risco de poluição da água
Medidas preventivas
Não aplique herbicidas na proximidade de cursos de água,
valas, condutas de drenagem, poços furos e nascentes
Armazene os fertilizantes e produtos fitofarmacêuticos em
local resguardado, seco e com piso impermeabilizado. Este
local deve estar afastado de cursos de água, valas, condutas
de drenagem, poços furos e nascentes
Utilize, apenas, fitofármacos homologados e de baixo risco
Na higiene da casa e na sua higiene pessoal procure utili-
zar produtos naturais e biodegradáveis
Não despeje óleos, quer de frituras ou outros, nos ralos.
Coloque-os em locais próprios tal como o Oleão ou no lixo
em embalagens fechadas
Esteja atento ao potencial de contaminação do meio hídrico
nas zonas sensíveis e/ou mais vulneráveis
O que fazer em caso de emergência
Avise as autoridades, nomeadamente o SEPNA/GNR (SOS
Ambiente e Território: 808 200 520). Dê a informação mais
detalhada possível sobre o local onde observou as evidên-
cias de contaminação da água
Após evento
Siga as medidas preventivas e mantenha-se vigilante
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Fator
climático
| Aumento da
Precipitação
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Risco de inundações
Medidas preventivas
Esteja atento aos avisos meteorológicos de mau tempo
Mantenha as caleiras da sua casa limpas e desentupidas
Cuide e mantenha abertos os valados de enxugo. Se tiver
terrenos que são atravessados por linhas de água cuide
das mesmas limpando-as assim como as suas margens
Certifique-se que os seus veículos e/ou máquinas agríco-
las se encontram em lugares seguros fora do alcance de
inundações
Se a sua casa está numa zona vulnerável a inundações:
• Evite construir com materiais que se deterioram rapida-
mente em contacto com a água
• Promova a drenagem dos terrenos em volta da sua casa
condicionando o escoamento para zonas menos perigosas
• Mova os objetos de maior valor e equipamentos elétricos
para os pisos mais elevados
• Tenha por perto barreiras que possa utilizar para impe-
dir a entrada de água em casa. Coloque as barreiras
para proteger os pisos térreos e feche ou bloqueie as
portas para caves ou porões
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Foto: Paulo Novais - Lusa
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O que fazer em caso de emergência
Esteja atento aos avisos meteorológicos de mau tempo
Mantenha as caleiras da sua casa limpas e desentupidas
Cuide e mantenha abertos os valados de enxugo. Se tiver
terrenos que são atravessados por linhas de água cuide das
mesmas limpando-as assim como as suas margens
Certifique-se que os seus veículos e/ou máquinas agríco-
las se encontram em lugares seguros fora do alcance de
inundações
Se a sua casa está numa zona vulnerável a inundações:
• Evite construir com materiais que se deterioram rapida-
mente em contacto com a água
• Promova a drenagem dos terrenos em volta da sua casa
condicionando o escoamento para zonas menos perigosas
• Mova os objetos de maior valor e equipamentos elétricos
para os pisos mais elevados
• Tenha por perto barreiras que possa utilizar para impe-
dir a entrada de água em casa. Coloque as barreiras
para proteger os pisos térreos e feche ou bloqueie as
portas para caves ou porões.
Após evento
Não consuma alimentos que possam ter estado em contacto
com as águas resultantes da inundação
Evite o contato com as águas resultantes da inundação,
podem ter ficado poluídas e/ou carregadas eletricamente
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Tenha cuidado com a utilização da casa de banho, as fos-
sas sépticas e/ou a rede de saneamento podem ter ficado
danificadas
Limpe e desinfete todas as superfícies expostas à inunda-
ção. Podem ter ficado contaminadas
Não utilize equipamentos elétricos antes de serem verifica-
dos por um perito, podem ter ficado danificados e provocar
curto-circuito
Circule no exterior com precaução redobrada em áreas afe-
tadas pela inundação
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Foto: José Sena Goulão - Lusa
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Risco de deslizamentos de terra
Medidas preventivas
Evite realizar trabalhos no seu terreno em zonas inclinadas
ou próximo de vertentes, que possam aumentar a instabi-
lidade do solo (escavações, plantação de árvores, etc.). A
plantação de arvores normalmente ajuda a estabilizar os
terrenos, no entanto o processo de plantação pode implicar
instabilidades no imediato
Não encaminhe águas para zonas de terrenos inclinados
pois promove a escorrência superficial e acelera a erosão
Se tiver terrenos em áreas ardidas e inclinadas certifique-se
da sua reflorestação e/ou cobertura vegetal o mais rápido
possível a fim de evitar erosão hídrica do solo
Evite a proximidade de áreas onde já houve deslizamentos,
especialmente durante tempestades ou chuvas fortes
Mantenha-se afastado de cursos de água ou barrancos, onde
pode haver a possibilidade de a terra deslizar rapidamente
Efetue a monitorização dos seus terrenos de uma forma
segura e regular, observando-os, de um local seguro, para
ver se há sinais de pequenos deslizamentos ou alterações de
terras
Informe as autoridades se observar alguma anormalidade
no terreno (abatimentos, fissuras, encharcamento, infiltração
anormal, etc.)
O que fazer em caso de emergência
Nunca fique a observar um deslizamento de terra pode
ser atingido por pedras ou outros objetos
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Se estiver perto do deslizamento de terra afaste-se o mais
rápido possível e tente alcançar um terreno mais seguro.
Se não consegue escapar, enrole-se sobre si mesmo e
proteja sua cabeça
Nunca pare sob postes elétricos, árvores ou estruturas
que possam entrar em colapso ou cair
Se for a conduzir e se deparar com um deslizamento de
terra, tente alertar outros condutores da aproximação de
perigo
Se estiver dentro de um edifício, mantenha-se no seu interior
Após evento
Afaste-se da área onde ocorreu recentemente um desliza-
mento de terra, por risco de outros deslizamentos
Não entre em edifícios envolvidos em eventos de desliza-
mentos de terra antes de esse local ser verificado por peri-
tos. Podem ter danos estruturais e ser inseguros
Verifique se há alguém ferido ou preso na área de deslizamento
de terra, não tente socorrer sozinho, ligue o 112
Deslizamentos de terra podem cortar linhas de eletricidade,
gás e água, bem como estradas e ferrovias. Informe as auto-
ridades de quaisquer interrupções
Se der conta de fugas de gás de um edifício, não entre para
desligá-lo. Verifique se há uma torneira de gás fora do pré-
dio, se houver desligue-a
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Fator
climático
| Diminuição
da Precipitação
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Risco de secas
Medidas preventivas
Evite o desperdício de água
Promova ações de poupança/redução e reutilização de água
em casa:
• Repare as torneiras que pingam. Em caso de deteção de
fugas de água nas canalizações repare-as. Pode fazer esta
verificação observando o contador, se com tudo fechado
este continuar a contar é porque há fugas de água
• Instale redutores de caudal para reduzir o fluxo de água
nas torneiras
• Isole as canalizações para reduzir as perdas de calor e pre-
venir a sua fissuração
• Enquanto espera que a água aqueça (na cozinha ou casa
de banho) guarde essa água, por exemplo para rega
• Evite usar água corrente (lavagem de alimentos, descon-
gelar comida, etc.). Frutas e legumes podem ser lavados
colocando de molho com uma pitada de bicarbonato
• Não despeje água para a canalização quando pode haver
outro uso para a mesma, por exemplo regar plantas. Água
resultante da cozedura de alimentos pode ser utilizada
para limpar gordura de panelas
• Escolha autoclismos com menor volume ou descarga
dupla. Caso tenha em casa autoclismos de maior volume
coloque por exemplo uma garrafa, com água ou areia, para
reduzir o volume de água necessário para cada descarga.
Evite puxar o autoclismo desnecessariamente
Fator
climático
| Diminuição
da Precipitação
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• Reduza o seu tempo de banho. Opte por tomar duche em
vez de banho de imersão
• No momento da compra de eletrodomésticos (máquina de
lavar roupa ou loiça, etc.) escolha os mais eficientes tanto
em consumo de água como em consumo de energia
• Use as máquinas de lavar, loiça ou roupa, apenas quando
estejam cheias. Use o programa económico, caso exista
Promova ações de poupança/redução e reutilização de água
no exterior:
• Caso tenha poço com bombas verifique-as regularmente
para evitar fugas
• Escolha para plantar relva, arbustos e árvores nativas e/
ou tolerantes a secas. Plantas mais pequenas consomem
menos água. Agrupe e distribua as plantas em função das
suas necessidades de água (ex.: nos canteiros mais eleva-
dos coloque as que precisam de menos água e nos mais
baixos as que requerem mais água)
• Escolha dispositivos de rega mais eficientes (ex.: micro-ir-
rigação, gota a gota e mangueiras de imersão). Verifique
regularmente o estado de funcionamento destes sistemas,
caso tenha aspersores verifique se estão dirigidos para o
que pretende regar para minimizar o desperdício. Desli-
gue os sistemas de rega no outono e no inverno. Em caso
de necessidade regue manualmente. Considere a possi-
bilidade de recolher e armazenar as águas pluviais para
posterior utilização, por exemplo em rega
• Evite regar às horas de maior calor. Regue nas primeiras
horas do dia ou ao final do dia, quando as temperaturas
são mais baixas e a evaporação da água é menos provável
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• Espalhe os resíduos da limpeza dos terrenos (folhas secas,
relva cortada, etc.) sobre o solo. Eles vão devolver nutrien-
tes e reter a humidade no solo
• Se possível instale sensores de chuva nas áreas a regar
• Se tiver piscina evite a evaporação cobrindo-a. Invista na
manutenção e uso de filtros eficientes
Se detetar uma fuga de água na via pública (rua ou jardim)
avise a Câmara Municipal ou outra entidade competente.
O que fazer em caso de emergência
Siga as instruções das autoridades relativamente à utiliza-
ção da água
Antes de regar verifique os níveis de humidade do solo com
uma pequena pá. Se o solo estiver húmido não necessita de
ser regado
Regue preferencialmente as árvores de fruto e grandes arbustos
Regue em vários períodos curtos em vez um período longo,
para uma melhor absorção da água
Não utilize água potável nas lavagens de automóvel, jardins,
garagens, etc.
Não utilize máquinas de lavar e a caldeira se o fornecimento
de água tiver sido temporariamente interrompido. Desligue
-as para evitar danificar as resistências de aquecimento até
que o mesmo seja devidamente restabelecido.
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Em caso de falta de água de abastecimento, certifique-se
que todas as torneiras estão fechadas. Desta forma previne
que inunde a habitação quando for restabelecido o abaste-
cimento assim como o desperdício
Durante uma seca a qualidade da água pode deteriorar-se.
Em caso de dúvida ferva-a durante 10 minutos antes de a
beber
Em caso de cortes de fornecimento de água armazene só a
quantidade que vai necessitar
Após evento
Continue a seguir as medidas preventivas sugeridas: só se
poupa água quando se tem
Acompanhe as indicações das autoridadess
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Fator
climático
| Outros
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Risco de vagas de frio
Medidas preventivas
Certifique-se que os sistemas de aquecimento que possui
estão em boas condições de utilização e capacidade de ar-
mazenamento
Garanta que a sua casa está isolada termicamente, mas
que possuí sistemas de arejamento a fim de evitar a concen-
tração de monóxido de carbono
Não improvise aquecimentos (braseiras e outras formas de
aquecimento com lenha ou carvão) em divisões fechadas
Tenha em casa roupas quentes e confortáveis
Limpe as chaminés pelo menos uma vez por ano
Proteja a canalização exposta ao frio para evitar a congelação
Certifique-se que o seu automóvel está preparado para en-
frentar as condições adversas, verificando se há líquido an-
ticongelante na água do radiador
Procure formas de os proteger os animais domésticos, do
exterior, resguardando-os do frio
O que fazer em caso de emergência
Vista roupa quente, de preferência várias camadas
Ingira bebidas quentes, sopas e evite o álcool (que propor-
ciona uma falsa sensação de calor)
Se tiver de sair de casa e tenha de se deslocar a pé, esco-
lha calçado aderente/adequado e mova-se com cuidado
para evitar quedas
Fator
climático
| Outros
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Se frequentar locais no exterior garanta que se encontra
bem agasalhado
Quando viajar de automóvel conduza a velocidade redu-
zida, evite manobras repentinas e mudanças de direção
súbitas, mantenha uma distância de segurança do veículo
à sua frente
Em caso de queimadura pelo frio ou hipotermia: ligue o
112 e siga as recomendações dadas. Proceda ao aqueci-
mento gradual do corpo não se aproximando demasia-
do de fontes de calor, nem ingerir bebidas extremamente
quentes
Após evento
Manter vigilância, sobretudo em pessoas de risco
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Risco de tempestades
Medidas preventivas
Esteja atento aos meios de comunicação social (rádio,
televisão, etc.) e mantenha-se atualizado
Verifique o estado das árvores no seu terreno (árvores
mortas e galhos instáveis em caso de ventos fortes podem
ser levados e embater em edifícios, automóveis ou pessoas)
Verifique regularmente o telhado da sua casa (telhas par-
tidas, fissuras ou outros danos facilitam a entrada de
água ou aumento dos danos por ação dos ventos)
Recolha e acondicione os objetos que se encontram fora
de casa e que possam ser arremessados pelo vento (estru-
turas móveis, mobiliário de jardim, estendais, vasos,
antenas, telhas instáveis, etc.), incluindo os das janelas
e varandas
Amarre em sítio seguro os equipamentos grandes ou pesados
Coloque proteções extra nas portas e janelas de vidro
Se tiver uma embarcação proteja-a, preventivamente, nas
margens e nas docas
O que fazer em caso de emergência
Não saia de casa, mesmo que a tempestade diminua de
intensidade aguarde por instruções das autoridades
Em casa, feche portas, janelas e estores; desligue os
equipamentos elétricos mais vulneráveis a variações de
corrente; desligar a eletricidade e o gás se os painéis se
encontram em pisos que possam ficar inundados com as
tempestades; abrigue-se numa zona mais interior da casa
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e fique longe das janelas e portas; evite os pisos térreos e
os mais altos
Se estiver na rua procure abrigo longe de objetos expos-
tos ou pendurados, que possam cair, mesmo que sejam
pequenos ou leves. Mantenha-se afastado de árvores,
postes de eletricidade e de linhas telefónicas, objetos con-
dutores de eletricidade e água. Não se abrigue em gara-
gens ou pisos térreos, estes são vulneráveis à inundação
durante fortes chuvas
Se estiver a conduzir faça-o cautelosamente usando as
rotas de evacuação oficiais. Estacione num local abrigado
(evite ficar debaixo de pontes, viadutos e estruturas que
possam cair)
Se estiver perto da costa, evite parar especialmente em
cais, tomar banho e usar barcos. Afaste-se da costa e
desloque-se para zonas mais elevadas procurando abrigo
Após evento
Continue a seguir as medidas preventivas sugeridas.
Esteja atento, terrenos e estradas estão mais vulneráveis
a deslizamentos e abatimentos. Acompanhe as indica-
ções das autoridades
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Risco - Subida do nível médio
das águas do mar
Medidas preventivas
Respeite os sinais de alerta e de proibição na costa
No trajeto para a praia desloque-se pelos passadiços.
Siga os acessos legalmente marcados, não crie os seus
próprios caminhos
Não estacione sobre as dunas
Proteja a vegetação das dunas não a arrancado nem
pisando
Questione as autoridades, ou mantenha-se vigilante em
relação a ações sobre:
• Alimentação artificial das praias com sedimentos
• Reforço e estabilização das dunas primárias com a coloca-
ção de vegetação
• Relocalização de equipamentos e infraestruturas localizados
em zonas ameaçadas pelo mar
• Monitorização das zonas vulneráveis a eventos de galga-
mento e inundação
O que fazer em caso de emergência
Se se sentir ameaçado proteja-se deslocando-se para zonas
seguras
Após evento
Continue a seguir as medidas preventivas sugeridas
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Medidas
gerais de
boas práticas
ambientais
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Medidas gerais para a população
Prepare e tenha por perto um Kit de emergência
Analise e discuta as medidas de segurança em família para
que todos saibam o que fazer. Identifique zonas seguras
dentro da sua habitação. Em caso de emergência, é para lá
que se deverá dirigir. Idealmente uma divisão sem janelas,
no interior da casa e o mais próximo do solo possível (exceto
se o risco for inundação)
Identifique os riscos a que a sua família ou o seu patri-
mónio está mais exposto e efetue um seguro que o proteja
Esteja atento aos meios de comunicação que difundem
medidas de autoproteção em caso de emergência
Esteja atento à meteorologia. Respeite e siga as instru-
ções das autoridades
Mantenha a calma e ajude as pessoas de risco na sua
proximidade a fim de ficarem em segurança
Em situação de emergência evite usar o telefone, exceto
se for mesmo necessário, dessa forma evita o congestio-
namento das linhas de comunicações que são essenciais
para as atividades de socorro
Lembre-se dos seus animais de estimação/domésticos e
proteja-os
Se tiver que abandonar a sua casa:
● Desligue o gás e a eletricidade, essas instalações podem
ficar danificadas durante o evento
● Leve consigo medicamentos e documentos porque pode
ficar algum tempo sem poder regressar à sua habitação
● Vista roupas e calçado apropriado para se proteger da
água e manter-se quente e seco
Medidas
gerais de
boas práticas
ambientais
50
Se houver evacuação, regresse só quando as autoridades
lhe disserem que o pode fazer
Em situação de ausência de casa por períodos longos (por
exemplo férias) desligue a água e se possível a eletricidade
Nas deslocações utilize preferencialmente os transportes
públicos
Evite o uso de descartáveis
Evite o desperdício alimentar e reduza o consumo de carne
Não beba água de fontes ou nascentes das quais desco-
nhece a qualidade, podem não ser seguras
Nunca lance pontas de cigarro para o chão ou pela janela
do automóvel mesmo que se pense que estão apagadas
Não deixe lixo na floresta, pode conter material combustível
Participe em ações da comunidade:
● De limpeza do ambiente
● De sessões de esclarecimento/formação sobre sistemas
de prevenção de incêndios florestais
● De valorização e recuperação da vegetação autóctone
ripícola. Plantação de árvores e arbustos mais resilien-
tes ao fogo (e com menor condutividade térmica)
● De proteção de zonas húmidas. A criação de mais zonas
húmidas – que atuam como esponjas de humidade – e
áreas arborizadas podem abrandar as águas em casos
de transbordo das margens dos rios
Se notar a presença de pessoas com comportamentos de
risco, informe as autoridades
Cumpra a Lei e participe denunciando o seu incumprimento
51
52
Medidas a
implementar
pelos gestores
do território
53
A implementar pelos gestores do território
Saiba que medidas deve exigir aos seus governantes (locais,
regionais ou nacionais
Desenvolvimento de comunicação com campanhas edu-
cativas e informativas junto da comunidade em geral
e educativa, sobre os vários riscos, proibições, limita-
ções, e observação das regras de bom comportamento:
● Nos comportamentos inadequados (voluntários e/ou
involuntários) em zonas e situações de risco
● Nas medidas de autoproteção em eventos relacionados
com o fogo; nas regras de lançamento de foguetes
● No consumo racional da água
Fiscalização regular
Atualização de legislação com aumento das multas para
comportamentos de risco
Obrigatoriedade de limpeza dos terrenos da propriedade
do estado
Implementar em todos os municípios programas de sen-
sibilização à semelhança do “O cano é que paga”
Nas aldeias vulneráveis a determinados riscos criar zonas
de concentração seguras
Efetiva cooperação de todos os atores da Proteção Civil
Planeamento urbano
Identificação e atualização de edifícios devolutos em
zonas urbanas
Verificação regular do mobiliário urbano
54
Avaliação regular do estado das árvores no espaço público
Criação de parques de estacionamento na periferia da
cidade, com plataformas de acesso a transportes públicos
Criação ou melhoria da rede de ciclovias e promoção do
ecoturismo
Criação e implementação de regulamentos de edificação
urbana que assegurem a eficiência hídrica dos edifícios
Fomentar a recarga de aquíferos
Investir no desenvolvimento de técnicas que permitam a
utilização de águas cinzentas
Melhorar a eficiência dos sistemas de abastecimento e
saneamento. Identificar as zonas onde habitualmente
ocorrem ruturas de água e proceder a intervenções de
fundo na rede de abastecimento nessas zonas
Qualquer intervenção no litoral, ocupação e/ou proteção,
não deve ser tomada sem ter em atenção a participação
dos municípios de barlamar e sotamar
Nas zonas mais vulneráveis ao risco de erosão costeira,
monitorizar e tomar medidas de proteção das pessoas
nesses locais (medidas que podem passar pela interdição
ou mesmo deslocalização de pessoas e bens)
Planeamento Rural e Florestal
Promover o não abandono dos terrenos de cultivo
Identificação e atualização de edifícios devolutos em
zonas rurais
Desenvolvimento de modelos de produção, agrícola e
industrial, em função do clima
Criação, nas juntas de freguesia, de equipas de limpeza
de terrenos a baixo custo
55
Criação, reforço e valorização de equipas de vigilantes
florestais
Manter o cadastro atualizado, com informação sobre o
tipo de cultura
Criar e apoiar iniciativas de limpeza de praias e florestas
Atualização anual dos planos de prevenção e combate a
incêndios florestais a fim de reduzir as áreas ardidas
Desenvolver estratégias com objetivo de aumentar a
resistência e a resiliência das áreas florestais ao fogo
(ordenamento florestal, limpeza dos terrenos, plantação
de espécies mais resistentes ao fogo e com menos neces-
sidade de água). Formação adequada dos intervenientes
relativamente às espécies a plantar em cada local
Regular a utilização de furos privados
Criar tanques coletivos para o regadio
Planeamento Ambiental
Criação de sistemas de aviso de inundações, dando às
pessoas mais tempo para agir durante as inundações,
potencialmente salvando vidas
Restaurar os rios para os seus cursos naturais. Muitos
canais foram historicamente linearizados para melho-
rar a navegação. Devolver as curvas naturais aos rios
aumenta o seu comprimento e assim pode atrasar o seu
fluxo e reduzir o impacto da inundação
Promover a limpeza das linhas de água e suas margens.
Utilização de redes nas saídas de canos de drenagem,
impedindo a passagem de detritos e lixo para os leitos dos
rios ou até o mar
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Efetuar a limpeza e manutenção dos sistemas de escoa-
mento de águas pluviais, em particular os sumidouros
antes do período de inverno
Avaliação prévia adequada de intervenções de alteração de
impermeabilização de solo e de drenagem de água
Introduzir áreas de armazenamento de água baseadas em
soluções que imitem a natureza (Nature Based Solutions)
Restabelecer as funções dos antigos guarda rios
Melhorar as condições dos solos. A gestão inapropriada
dos solos pode levar à sua compactação, diminuindo a
sua capacidade de infiltração e aumentando a probabilidade
de cheias
Identificar e monitorizar zonas suscetíveis de sofrer desli-
zamentos ou desmoronamentos (vertentes muito inclina-
das, encostas rochosas, zonas desmatadas, etc.) e intro-
duzir limitações à sua ocupação no seio dos PDM. Identi-
ficadas zonas de elevado risco intervir de forma adequada
e rápida caso estejam em causa bens e infraestruturas
Investir mais na fiscalização relativamente à aplicação das
leis protetoras do ambiente. Identificadas as atividades e
empresas prevaricadoras trabalhar com as mesmas no
sentido de resolver ou mitigar o problema
Definir locais para armazenar/entregar produtos tóxicos
como tintas fora da validade, óleos usados dos automóveis, etc.
Aplicar multas a quem faz descargas de fossas sépticas
nos seus terrenos
Aumentar a vigilância nas praias para que o lixo seja
depositado nos locais próprios
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Reforço de vistoria em zonas consideradas vulneráveis a
movimentos de terras com o intuito de identificar indícios de
processos que podem deflagrar movimentos de massa (ex.:
fissuras nos terrenos e edifícios, abatimentos e degraus,
árvores, muros e postes inclinados, “embarrigamento” de
muros e paredes, etc.)
58
Como
organizar a
sua família
para uma
situação de
emergência
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Para ter à mão ou kit de emergência. Objetos fundamentais
em caso de emergência a ter em casa, num local conhe-
cido por toda a família:
KIT Básico
● Medicamentos que tome diariamente
● Kit de primeiros socorros
● Rádio e baterias sobressalentes
● Apito
● Lanterna elétrica com bateria sobressalente
Kit de primeiros socorros
● Compressas, pensos rápidos, adesivo, solução
antissética, álcool etílico, soro fisiológico, tesoura
KIT Básico+:
● Alimentos não perecíveis
● Reserva de água potável
● Roupas e calçado confortáveis
● Impermeáveis ou capas de chuva leves
● Faca multiuso
● Fotocópia do cartão de cidadão
● Chaves da casa
● Papel e caneta
● Protetor solar, chapéu, luvas
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Bibliograa:
Consultar o site do projeto: www.climrisk.ipt.pt/