ChapterPDF Available

A toxina botulínica: histórico, fisiopatologia e indicações.

Authors:
  • Health Meds Laboratories
!
A!toxina!botulínica:!histórico,!fisiopatologia!e!indicações.!!
Prof.!Dr.!Flávio!Henrique!de!Rezende!Costa!
Mestre!e!Doutor!em!Neurologia!pela!UFRJ!
Professor!Adjunto!do!Departamento!de!Clínica!Médica!(FM/UFRJ)!
Setor!de!Desordens!do!Movimento!Q!HUCFF/UFRJ!
!
Introdução.!!
A toxina botulínica (TB) é uma das substâncias mais potentes e letais do
mundo. Devido ao seu mecanismo de ação na junção neuromuscular e ao seu efeito
local, a TB tem sido usada como um tratamento eficaz em diversas indicações
médicas, da enxaqueca crônica à espasticidade (1). A TB foi aprovada pelo FDA-
EUA (Food and Drug Administration) em 1989 para o tratamento de blefaroespasmo
e estrabismo, mas a história começa muito antes disso, com surtos de intoxicação
alimentar no século X (2). É importante ressaltar que o desenvolvimento de novas
toxinas botulínicas (TBs) e de novas indicações é uma área do conhecimento em
contínua evolução (3).
Histórico.!!
No século X, o imperador Bizantino Leão VI (O sábio), anunciou um decreto
que proibia a produção de salsichas produzidas à partir de sangue animal. Quem
violasse a lei seria duramente penalizado. A justificativa: os recorrentes casos de
morte devido a paralisia muscular e dilatação pupilar. Essas são as evidências mais
antigas de medidas sanitárias que visavam evitar prováveis surtos de botulismo (2).
No final do século XVIII, devido as guerras napoleônicas, a pobreza alastrou-
se na Alemanha e as condições sanitárias se deterioraram. Foram registrados diversos
casos de intoxicação alimentar na região de Württemberg. Um desses surtos ocorreu
em 1793 na pequena vila de Wildbad em Württemberg, onde 13 pessoas foram
contaminadas e 6 faleceram. Em 1802, o Governo Real em Stuttgart emitiu um aviso
público sobre o “consumo nocivo de salsichas defumadas”. Posteriormente, em
agosto de 1811, a seção médica do Departamento de Assuntos Internos do Reino de
Württemberg novamente abordou o problema do “envenenamento por salsicha”,
inicialmente atribuído ao ácido prússico. O professor de medicina mais influente da
Universidade de Tübingen, Johann Heinrich Ferdinand Autenrieth (1772-1835) pediu
para o governo coletar os relatórios de clínicos e dos agentes de saúde, em casos de
intoxicação alimentar. Após Autenrieth estudar minuciosamente os relatórios, ele
emitiu uma lista de sintomas do chamado “envenenamento por salsicha”, destacando
problemas gastrointestinais, diplopia e midríase. No relatório foi acrescentado um
comentário, culpando as donas de casa por não ferverem as lingüiças por tempo
suficiente - na tentativa impedir que as salsichas estourassem (2).
Em 1817, Justinus Kerner, um poeta de 29 anos e médico da pequena cidade
de Welzheim também relatou um episódio de intoxicação alimentar. O professor
Autenrieth considerou o relatório elaborado por Kerner bastante preciso, e decidiu
publica-lo no Tuëbinger Blaëtter fuër Naturwissenschaften und Arzneykunde”.
“Documentos de ciências Naturais e Farmacologia de Tübingen” (2).
Posteriormente, em 1820, Kerner complementou os seus estudos, com o
relato de 230 casos. O trabalho de Kerner é considerado um marco, pois envolveu (1)
A descrição completa dos sintomas à partir de observações clínicas e de necrópsias
(2) Trabalho científico experimental, (3) Hipóteses detalhadas sobre a etiologia e a
fisiopatologia da toxina (desconhecida na época) (4) Sugestões para prevenção e
tratamento do botulismo e (5) O desenvolvimento da idéia do uso terapêutico da
toxina botulínica (2,4,5).
Em dezembro de 1895, um surto de botulismo acometeu a pequena vila
belga de Ellezelles. Os músicos da banda local Fanfare Les Amis Re´unistocavam
no funeral de um senhor 87 anos. Após a refeição de presunto defumado, 34 pessoas,
incluindo os músicos da banda, apresentaram midríase, diplopia, disfagia, disartria,
seguido paralisia muscular descendente. Três pessoas morreram. O exame detalhado
do presunto e a necropsia foi realizada pelo microbiologista Emile Pierre Marie Van
Ermengem, da Universidade de Ghent (2,4).
Van Ermengem isolou um microorganismo anaeróbico que ele chamou
Bacillus botulinus - mais tarde chamado Clostridium botulinum. Nos cortes
histológicos do baço de uma das vítimas e no presunto examinado, ele demonstrou
numerosos traços de microrganismos anaeróbicos. Van Ermengem publicou suas
observações em 1897, traduzida para o inglês apenas em 1979 (2,4).
Durante a Primeira Guerra Mundial, foram feitas primeiras tentativas para
desenvolver armas biológicas ou químicas pelos alemães. Felizmente, eles não
obtiveram sucesso. Nos anos 1920, Herman Sommer, da Universidade da Califórnia
isolou a primeira toxina do Clostridium botulinum à partir de fluido de cultura por
preparação ácida (2,4).
Durante a Segunda Guerra Mundial o governo americano desenvolveu um
programa de produção armamentos biológicos em um laboratório secreto em Fort
Detrick, Maryland. Nesta mesma época o governo americano elaborou um plano para
assassinar oficiais militares de alta patente do governo janonês, utilizando prostitutas
chinesas, que levariam a TB em cápsulas gelatinosas - que seriam misturadas à
comida. As cápsulas foram enviadas à China e testadas em burros, que sobreviveram.
O programa foi então abandonado. Mais tarde foi comprovado que os burros parecem
ser uma das poucas espécies imunes à TB (2,4).
Nos anos 1960, Alan Scott, oftalmologista do Smith- Kettlewell Eye
Research Institute - São Francisco - começou pesquisas sobre o tratamento do
estrabismo, injetando diversos tipos de substâncias nos músculos oculares hiperativos.
Inicialmente ele não obteve sucesso, até aproximar-se de Edward Schantz, quando
consideraram a TB uma alternativa terapêutica viável. Em 1978, Scott recebeu
permissão do FDA para conduzir um estudo piloto em voluntários humanos para o
tratamento de estrabismo. Um ano depois, a TB do tipo A foi aprovada pelo FDA para
uso em humanos, inaugurando uma nova era na medicina (2,4,5).
Fisiopatologia4
A TB é classificada como um dos4seis agentes de bioterrorismo mais perigosos
no mundo (6).
sete sorotipos bem estabelecidos de TB (TB / A G), tradicionalmente
definidos com base na falta de neutralização cruzada por diferentes anticorpos,
criados contra cada tipo de toxina. Todas as TBs compartilham o mesmo estrutura
básica e função. São compostas de uma cadeia leve (CL, B50 kDa) e uma cadeia
pesada (CP, B100 kDa) conectada por uma ligação dissulfeto. A CP contém dois
subdomínios: o C-terminal, que medeia a ligação aos receptores e o domínio N, que
medeia a translocação da CL através membranas endossômicas. A CL atua como uma
protease neuronal, que cliva um conjunto de proteínas essenciais para a fusão das
vesículas celulares à membrana plasmática. As TBs A, C e E clivam a proteína de
membrana SNAP-25. As TBs / B, D, F e G clivam em diferentes locais as proteínas
da vesícula VAMP 1, 2 e 3 (sinaptobrevinas). A TB C também cliva a proteína da
membrana plasmática sintaxina 1. Estas proteínas pertencem ao complexo SNARE,
que tem a função principal de mediar os eventos de fusão de membrana em células
eucarióticas. A clivagem de qualquer uma das proteínas do complexo SNARE
bloqueia a fusão de vesículas sinápticas à membrana plasmática, impedindo a
liberação de neurotransmissores, em especial da acetilcolina (figura 1) (6,7).
Figura 1. O mecanismo de ação da TB é a clivagem das proteínas do complexo
SNARE, impedindo a fusão das vesículas de acetilcolina, bloqueando a liberação do
neurotransmissor. Adaptado de Tighe e Schiavo (1).
Apresentações4e4Indicações4
4As TBs são diferentes produtos biológicos derivados da bactéria Clostridium
botulinum. As diversas apresentações, comercializadas em vários países, portanto,
não são intercambiáveis. Neste tópico abordaremos apenas as TBs aprovadas pela
agência americana ( FDA- Food and Drug Administration) e pela Agência Européia
(European Medicines Agency) (3). As diferenças entre os produtos incluem os
processos de fabricação, as formulações e os métodos de ensaio utilizados para
determinar as unidades de atividade biológica (tabela 1) (6). Conseqüentemente, os
produtos mostram diferenças em seus perfis in vivo, incluindo a dosagem, eficácia,
duração, segurança e eventos adversos. A maioria dos estudos publicados documenta
essas diferenças, sugerindo que as TBs agem de maneira diferente, dependendo das
condições experimentais e clínicas, e essas diferenças nem sempre são previsíveis.
Portanto, uma medida de confiança na segurança e na eficácia nas doses
especificadas para cada indicação aprovada (tabela 2) (3,8). Além disso, os produtos
diferem na quantidade de estudos a que foram submetidos, conforme evidenciado
pelo número de publicações na literatura e pela quantidade e qualidade dos estudos
clínicos. Dado que as TBs são produtos biológicos potentes, é fundamental
reconhecer que as suas doses não são intercambiáveis e que cada produto deve ser
usado de acordo com às diretrizes do fabricante (3).4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
AboA
IncoA
OnaA
RimaB *
1a aprovação
1991
2005
1989
2000
Sorotipo
A1
A1
A1
B
Cepa
Hall
Hall
Hall
Bean
Purificação
Cromatografia
Não
publicado
Cristalização
Cromatografia
Tamanho do
complexo
<500 kD
150kD
900kD
700kD
Excipientes
HSA
Lactose
HSA
Sucrose
HSA
Cloreto de
sódio
Solução succinato
de sódio e cloreto
de sódio
Estabilização
Liofilização
Liofilização
Secagem a
vácuo
Solução
PH
7
7
7
N/D
Unidades/frasco
300 / 500
100/200
50/100/200
2500/5000/10.000
Validade
(meses)
24
36
36
24
Quantidade de
neurotoxina(ng)
4.35
0.6
5
25-100
Tabela!1!
A quatidade de proteína (ng/frasco) é para todo o complexo de neurotoxinas, sendo a carga total de
proteínas dominada pela albumina. HSA = albumina sérica humana. 1 AboA = abobotulinumtoxinA
(Dysport®). Dysport® PI, Ipsen. 2 IncoA = incobotulinumtoxinA (Xeomin®). Xeomin® PI, Merz. 3
OnaA = onabotulinumtoxinA (Botox®). Botox® PI, Allergan,. 4 RimaB* = rimabotulinumtoxinaB
(Myobloc® / Neurobloc®). Myobloc® PI, Mundialmente Meds. (* não disponível no Brasil) (6).!
4
4
4
4
4
Indicação4
AboA!
IncoA!
OnaA!
Terapêutica4
!
!
!
Estrabismo!
Q!
Q!
EUA!
Blefaroespasmo!
EUA,!UE!
Q!
EUA,!UE!
Espasmo!Hemifacial!
UE!
Q!
UE!
Distonia!Cervical!
EUA,!UE!
EUA,!UE!
EUA,!UE!
Hiperidrose!Axilar!
Q!
Q!
EUA,!UE!
Espasticidade!do!
membro!superior!
UE!
UE!
EUA,!UE!
Paralisia!cerebral!
UE!
Q!
UE!
Migrânea!crônica!
Q!
Q!
EUA,!UE!
Hiperatividade!do!
detrusor!
Q!
Q!
EUA,!UE!
Estética4
!
!
!
Linhas!verticais!
glabelares!
EUA,!UE!
EUA,!UE!
EUA,!UE!
Linhas!laterais!nos!
olhos!
!
!
EUA,!UE!
Tabela42.4
Nota: RimaB* = rimabotulinumtoxinaB (Myobloc® / Neurobloc®). Myobloc® PI tem como única
indicação aprovada o tratamento da distonia cervical nos EUA (Estados Unidos da América) e na UE
(União Européia). Adaptado de Brin e Maltman (2014) (3). 4
4
4
4
4
4
4
4
4
Expandindo4a4utilidade4terapêutica4das4TBs4
4
1 Desordens4do4movimento4
O termo desordens do movimento abrange todos os distúrbios hipocinéticos
e hipercinéticos, anteriormente conhecidos como síndromes extrapiramidais. A
introdução da TB no tratamento das hipercinesias foi um marco desta importante área
de atuação da neurologia (9). A TB é uma terapia bastante difundida no tratamento
das distonias, tiques, mioclonias e tremores. Métodos avançados, como a
eletromiografia (EMG) e ultrassonografia estão revolucionando a forma de aplicação
das TBs, levando maior precisão, eficácia e segurança aos procedimentos (10–12).
Os níveis de evidência do uso principais TBs nos distúrbios do movimento
encontram-se no quadro 1 (9).
AboA
IncoA
OnaA
RimaB *
C
B
B
U
A
B
B
A
C
C
-
-
-
-
B
-
U
-
U
-
C
C
C
U
-
-
U
-
-
-
C
-
U
B
C
-
C
-
C
-
U
-
U
-
U
U
U
U
U
C
U
-
Quadro 1. Adaptado de Camargo e Teive (9).
DP, doença de Parkinson. Nível A: eficaz; Nível B: provavelmente eficaz; Nível C: possivelmente
eficaz; Nível U: evidência insuficiente RimaB* = rimabotulinumtoxinB (Myobloc® / Neurobloc®).
Myobloc® PI, Mundialmente Meds. (* não disponível no Brasil)
4
2 Dor44
Modelos animais indicam que a TB pode ser eficaz no controle da dor,
através de sua interação com o complexo SNARE de proteínas- bloqueando não
somente a liberação de acetilcolina, mas também a liberação de vários
neurotransmissores moduladores da dor, como o glutamato, a substância P, o CGRP
(Peptídeo Relacionado ao Gen da Calcitonina) e receptores transmembrana, como os
canais iônicos de sódio (13,14). Além disso, as evidências mais recentes sugerem que
os efeitos analgésicos e anti-inflamatórios da TB são mediados através de várias vias
moleculares nos nervos periféricos e na medula espinhal (13).
A onabotulinumtoxinA é eficaz no tratamento profilático na migrânea
crónica (MC), sendo aprovada pelo FDA, pela União Européia e no Brasil para este
fim. Os dados do estudo PREEMPT mostraram redução na frequência dos dias de
enxaqueca (-11,2 onabotulinumtoxinA versus -10.3 placebo/ onabotulinumtoxinA; P
= .018) ; nos dias de dor de cabeça moderada / grave (-10.7 onabotulinumtoxinA
versus 9.9 placebo / onabotulinumtoxinA e no números de horas de dor de cabeça
(169,1 onabotulinumtoxinA versus -145,7 placebo / onabotulinumtoxinA; P =
0,018). 72,6% dos pacientes completaram a fase aberta do estudo (todos os
indivíduos em uso da onabotulinumtoxinA), sem que surgissem novos problemas de
segurança ou tolerabilidade (15,16).
As TBs podem ser úteis em outros tipos de dores cranianas, faciais e
cervicais- bem como nos pacientes com neuralgia do trigêmio e na dor neuropática de
origem medular ou periférica. Para a maioria dessas condições, no entanto, a
qualidade da evidência é relativamente baixa, devido ao pequeno tamanho amostral
dos ensaios clínicos (Tabela 3) (13).
Condição
Sujeitos
(n)
Estudos
Comparador
Desfecho
Migrânea Episódica
1838
9
Placebo
n.s
Migrânea Crônica
1508
5
Placebo
-2.3 ECPM (95% IC -3.7, -0.9)
59
1
Topiramato
n.s
72
1
Amitriptilina
n.s
Cefaleia crônica
diária
1115
1
Placebo
-2.1 ECPM (95% IC -3.6, -0.6)
Cefaleia crônica tipo
tensão
675
7
Placebo
n.s
Disfunção mporo-
Mandibular
145
4
Placebo
Não há metanálise
30
1
Manipulação
n.s
Cervicalgia crônica
371
8
Placebo
pouca ou n.s
Cefaleia
cervicogênica
crônica
32
1
Placebo
pouca ou n.s
Whiplash
96
1
Placebo
n.s
Neuralgia do
trigêmio
178
4
Placebo
Paroxísmos por dia 29.8 [95%
IC:38.5, 21.1]
Dor neuropática
(diabetes)
76
2
Placebo
0–10 EVA: 2.0 [95% IC:3.1,
0.8]
Dor neuropática
medular
40
1
Placebo
Redução na EVA
Dor miofascial
332
8
Placebo
n.s
Dor no ombro pós
AVC
86
5
Placebo
0–10 EVA: 1.2 [95% IC:2.4,
0.1]
Dor no ombro
(artrite)
40
1
Placebo
TE: 0.5 [95% CI:0.9, 0.1]
Dor lombar crônica
131
3
Placebo,
acupuntura ou
esteróides
Não há metanálise
Osteoartrite de
tornozelo
75
1
Ácido
hialurônico
n.s
Fasciíte plantar
133
3
Placebo
n.s
133
2
Esteróides
EVA: 0.7 [95% IC:1.0, 0.3]
Síndrome vesical
dolorosa
317
6
Placebo
0–10 VAS 1.7 [95% CI:3.2,
0.3]
Tabela 3. Evidências da eficácia das TBs na dor crônica. Adaptado de Tamburim e Sandrini (2017)
(13).
ECPM= Episódios de cefaleia por mês; EVA= Escala visual analógica; I.C= Intervalo de confiança;
n.s= não significativo; T.E= Tamanho do efeito.
3 Distúrbios autonômicos
Nos últimos 30 anos as indicações do uso de TB paulatinamente
extrapolaram a barreira das doenças que cursam com hiperatividade muscular.
Além da ação nos músculos esqueléticos e dos avanços no tratamento da dor, as
TBs também atuam nas sinapses autonômicas colinérgicas, com eficácia em
diversas condições, como a hiperidrose focal primária (HFP), a sialorréia, e a
lacrimação excessiva (17,18).
A HFP é um distúrbio autonômico comum, que afeta significativamente a
qualidade de vida. É caracterizada por transpiração excessiva em áreas circunscritas,
como axilas, regiões palmares, plantares e na face. Tipos menos freqüentes de
hiperidrose focal (secundárias) incluem a sudorese gustativa na síndrome de Frey (pós
parotidectomia) e a sudorese compensatória na síndrome de Ross (pós simpatectomia)
(17).
A aprovação onabotulinumtoxinA pelo FDA para o tratamento da HFP em
2004 revolucionou o manejo desta indicação. Os estudos demonstram que a duração
do efeito da TB na HFP é maior que as 12-16 semanas observadas habitualmente nos
bloqueios musculares, podendo chegar a mais de 6 meses em alguns casos (18).
Além da hiperidrose, a literatura médica está bastante consolidada em
relação a eficácia das TBs no tratamento da sialorréia na doença de Parkinson, nos
parkinsonismos atípicos, na paralisia cerebral, na esclerose lateral amiotrófica e em
outras condições neurológicas que cursam com hipersalivação. As aplicações guiadas
por ultrassonografia acrescentaram segurança e eficácia nessas indicações(10,19).
Outros distúrbios autonômicos passíveis de tratamento incluem a acalasia,
os espasmos do esfíncter dos de Oddi e os espasmos esofageanos idiopáticos (17).
Vide tabela 4 para as principais indicações e doses de TB nos distúrbios autonômicos.
Condição
Tecido Alvo
Dose da toxina
Hiperatividade idiopática do
detrusor
Detrusor vesicae
50-300 U (OnaA)
500 U (AboA)
Hiperatividade neurogênica do
detrusor
Detrusor vesicae
100-400U (OnaA)
500-1000 (AboA)
Hiperidrose axilar
Derme da região axilar
50-100 U por axila (OnaA)
100-250 U por axila (AboA)
Hiperidrose palmar
Derme da região palmar
50-100 U em cada palma
(OnaA)
120-180 U em cada palma
(AboA)
Hiperidrose plantar
Derme da região plantar
50-100 U em cada planta
(OnaA)
120-180 U em cada planta
(AboA)
Hiperidrose frontal
Derme da região frontal
20-100 U em cada fronte
(OnaA)
Síndrome de Frey
Derme da região temporal
2.5 a 150U (OnaA)
60-80 U (AboA)
Sialorréia
Parótidas (bilateral)
10-80U em cada parótida
(OnaA)
20-300U em cada parótida
(AboA)
Em crianças:
10-50U em cada parótida
(OnaA)
15-75U em cada parótida
(AboA)
Parótidas + Submandibulares
bilateral
50-140U (2/3 parótida) (OnaA)
450 U (2/3 parótida) (AboA)
Síndrome da lágrima de
crocodilo (lacrimação
excessiva)
Glândula lacrimal
2.5U (OnaA)
20U (AboA)
Tabela 4. Indicações e doses de TB nos principais distúrbios autonômicas.
AboA = abobotulinumtoxinA (Dysport®). Dysport® PI, Ipsen. OnaA = onabotulinumtoxinA
(Botox®). Botox® PI, Allergan,.
Referências
1. Tighe AP, Schiavo G. Botulinum neurotoxins: mechanism of action. Toxicon":
official journal of the International Society on Toxinology [Internet]. 1 de
junho de 2013 [citado 6 de dezembro de 2019];67:87–93. Available at:
https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0041010112008069
2. Erbguth FJ. Historical notes on botulism, Clostridium botulinum, botulinum
toxin, and the idea of the therapeutic use of the toxin. Movement disorders":
official journal of the Movement Disorder Society [Internet]. março de 2004
[citado 6 de dezembro de 2019];19 Suppl 8(S8):S2-6. Available at:
http://doi.wiley.com/10.1002/mds.20003
3. Brin M, Maltman J, James C. Botulinum toxin type A products are not
interchangeable: a review of the evidence. Biologics: Targets and Therapy
[Internet]. outubro de 2014 [citado 6 de dezembro de 2019];8:227. Available
at: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25336912
4. Kopera D. Botulinum toxin historical aspects: from food poisoning to
pharmaceutical. International journal of dermatology [Internet]. agosto de 2011
[citado 6 de dezembro de 2019];50(8):976–80. Available at:
http://doi.wiley.com/10.1111/j.1365-4632.2010.04821.x
5. Scott AB. Development of botulinum toxin therapy. Dermatologic clinics
[Internet]. abril de 2004 [citado 6 de dezembro de 2019];22(2):131–3, v.
Available at: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15222571
6. Fonfria E, Maignel J, Lezmi S, Martin V, Splevins A, Shubber S, et al. The
Expanding Therapeutic Utility of Botulinum Neurotoxins. Toxins [Internet]. 18
de maio de 2018 [citado 6 de dezembro de 2019];10(5):208. Available at:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29783676
7. Zhang S, Masuyer G, Zhang J, Shen Y, Lundin D, Henriksson L, et al.
Identification and characterization of a novel botulinum neurotoxin. Nature
Communications [Internet]. 3 de agosto de 2017 [citado 6 de dezembro de
2019];8(1):14130. Available at:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28770820
8. Walker TJ, Dayan SH. Comparison and overview of currently available
neurotoxins. The Journal of clinical and aesthetic dermatology [Internet].
fevereiro de 2014 [citado 6 de dezembro de 2019];7(2):31–9. Available at:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24587850
9. Ferreira Camargo CH, Afonso H, Teive G. Use of botulinum toxin for
movement disorders ACCESS ONLINE. [citado 6 de dezembro de 2019];
Available at: https://www.movementdisorders.org/MDS/About.htm
10. Franck JB, Fernades R de CL, Costa FH de R, Rosso ALZ de. Toxina
botulínica para tratamento da sialorreia nos pacientes com doença de
Parkinson. Rev bras neurol [Internet]. 2018 [citado 6 de dezembro de
2019];16–21. Available at:
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-948070
11. Schramm A, Bäumer T, Fietzek U, Heitmann S, Walter U, Jost WH. Relevance
of sonography for botulinum toxin treatment of cervical dystonia: an expert
statement. Journal of neural transmission (Vienna, Austria": 1996) [Internet].
outubro de 2015 [citado 6 de dezembro de 2019];122(10):1457–63. Available
at: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25547861
12. Marion M-H, Humberstone M, Grunewald R, Wimalaratna S. British
Neurotoxin Network recommendations for managing cervical dystonia in
patients with a poor response to botulinum toxin. Practical neurology
[Internet]. agosto de 2016 [citado 6 de dezembro de 2019];16(4):288–95.
Available at: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26976927
13. Sandrini G, De Icco R, Tassorelli C, Smania N, Tamburin S. Botulinum
neurotoxin type A for the treatment of pain: not just in migraine and trigeminal
neuralgia. The Journal of Headache and Pain [Internet]. 21 de dezembro de
2017 [citado 8 de dezembro de 2019];18(1):38. Available at:
https://thejournalofheadacheandpain.biomedcentral.com/articles/10.1186/s1019
4-017-0744-z
14. Kim D-W, Lee S-K, Ahnn J. Botulinum Toxin as a Pain Killer: Players and
Actions in Antinociception. Toxins [Internet]. 30 de junho de 2015 [citado 8 de
dezembro de 2019];7(7):2435–53. Available at: http://www.mdpi.com/2072-
6651/7/7/2435
15. Khalil M, Zafar HW, Quarshie V, Ahmed F. Prospective analysis of the use of
OnabotulinumtoxinA (BOTOX) in the treatment of chronic migraine; real-life
data in 254 patients from Hull, UK. The Journal of Headache and Pain
[Internet]. 1 de dezembro de 2014 [citado 8 de dezembro de 2019];15(1):54.
Available at: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25178393
16. Aurora SK, Winner P, Freeman MC, Spierings EL, Heiring JO, DeGryse RE,
et al. OnabotulinumtoxinA for Treatment of Chronic Migraine: Pooled
Analyses of the 56-Week PREEMPT Clinical Program. Headache: The Journal
of Head and Face Pain [Internet]. 1 de outubro de 2011 [citado 8 de dezembro
de 2019];51(9):1358–73. Available at: http://doi.wiley.com/10.1111/j.1526-
4610.2011.01990.x
17. Jabbari B. Botulinum Toxin Therapy for Autonomic Dysfunction (Excessive
Drooling and Excessive Sweating) and for Skin Disorders. In: Botulinum
Toxin Treatment [Internet]. Cham: Springer International Publishing; 2018
[citado 8 de dezembro de 2019]. p. 157–68. Available at:
http://link.springer.com/10.1007/978-3-319-99945-6_13
18. Hosp C, Naumann M, Hamm H. Botulinum Toxin Treatment of Autonomic
Disorders: Focal Hyperhidrosis and Sialorrhea. Seminars in Neurology
[Internet]. 11 de fevereiro de 2016 [citado 8 de dezembro de
2019];36(01):020–8. Available at:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26866492
19. Huertas-Fernández I, Vargas-González L, Carrillo F, Carballo M, Mir P. The
use of botulinum toxin in the treatment of sialorrhea in parkinsonian disorders.
[citado 8 de dezembro de 2019]; Available at:
https://springer.proxy.ufrj.br/content/pdf/10.1007%2Fs10072-014-1950-y.pdf
... A partir de então, foram conduzidas investigações para compreender a relação entre a doença e a toxina, bem como sua caracterização estrutural e mecanismo de ação. 3,4 A molécula da BoNT é composta por uma cadeia leve (50 kDa) e uma cadeia pesada (100 kDa) unidas pelas pontes de dissulfetos e envoltas por hemaglutininas. 5,6 O mecanismo pelo qual a BoNT age levando à paralisia muscular se dá quando a hemaglutinina encosta no axônio terminal, fazendo com que a cadeia pesada se conecte com o receptor presente no axônio, assim a passagem é facilitada e a molécula consegue entrar no neurônio. ...
... de rugas faciais entre 0 e 2, , foram necessários cerca de 7 UI nos músculos. Sendo, em média,3,75 UI na cabeça, 0,9 UI no corpo e 2,3 UI na cauda do corrugador. Ainda com o padrão de força moderado, porém com classificação de rugas faciais entre 3 e 4, a média foi de 8 UI. ...
Article
Full-text available
Resumo Introdução A toxina botulínica A (BoNT-A) atua inibindo a liberação de acetilcolina do terminal présináptico, resultando em paralisia química reversível dos músculos. É um tratamento amplamente aceito para melhorar a aparência das linhas de expressão glabelares que se desenvolvem devido à contração muscular. Materiais e Métodos Foram avaliados os padrões de forças glabelares; classificação de rugas faciais; e quantidade de unidades de BoNT-A utilizadas nos músculos corrugador e prócero. Resultados A média total de unidades de BoNT-A utilizadas foi de 7,2 UI no músculo corrugador (mulheres 7,1 UI e homens 7,4 UI) e de 3,9 U no prócero (mulheres 3,9 UI e homens 4,1 UI), com correlação positiva entre o número de unidades utilizadas e a idade dos 58 participantes. Quanto ao padrão de forças, utilizou-se mais unidades no músculo corrugador com padrão forte e classificação de rugas faciais de 3 a 4, e moderado com a mesma classificação de rugas faciais (8 UI e 8,5 UI, respectivamente), no músculo prócero foram utilizadas mais unidades no padrão de força forte com rugas classificadas em 3 a 4 (5 UI). Sendo as rugas classificadas de 3 a 5 as que mais necessitaram de unidades de BoNT-A. Conclusão A quantidade de unidades de BoNT-A utilizadas é diretamente proporcional ao padrão de força e classificação das rugas faciais, sendo necessária a utilização de mais unidades quando observado o padrão de força forte e classificação de rugas profundas.
... O minoxidil tópico e a finasterida oral são considerados os medicamentos mais utilizados no tratamento da alopecia androgenética masculina, esses são responsáveis por demonstrar eficacia e elevada taxa de tolerabilidade, entretanto a resposta ao tratamento varia (Lamama, et al., 2022). (Costa, 2020). ...
Article
A injeção intramuscular de toxina botulínica é responsável por relaxar o músculo, reduzir a pressão exercida, elevando assim de maneira significativa a pressão sanguínea do couro cabeludo, o que possibilita melhorias no quadro de alopecia androgenética. O objetivo principal dessa pesquisa é avaliar a utilização da toxina botulínica no tratamento da alopecia androgenética através de uma revisão sistemática da literatura. E seus objetivos específicos: Determinar o que é toxina botulínica; Definir o que é a alopecia androgenética e sua identificação; Identificar a forma com que a substância é utilizada no tratamento da alopecia androgenética; Reconhecer a eficácia da terapia quando comparada com outros métodos de tratamento tradicionais. Para a realização desse estudo foi realizado uma revisão sistemática da literatura, através da extração de artigos das plataformas do Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), PubMed e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Foram selecionados 10 artigos que se incluíram nos requisitos de inclusão e exclusão para a realização dessa pesquisa. A toxina botulínica produz resultados significativos no tratamento de alopecia androgenética, tendo poucos efeitos colaterais, que em sua maioria são vistos como leves. São vistos dados relevantes acerca da resposta positiva com a utilização da substância, entretanto é possivel identificar que são necessários mais estudos acerca dessa, para que seu mecanismo de ação seja elucidado e com isso determinada a quantidade adequada da substância a ser utilizada, evitando assim complicações em efeitos colaterais.
Article
Full-text available
The term “movement disorders” encompass all disorders hypokinetic and hyperkinetic, which were previously known as extra-pyramidal syndromes. With the definition of movement disorders and their diagnostic criteria and classifications, new studies for therapeutics could be performed. New drugs were launched, functional neurosurgery was developed, and the introduction of botulinum toxin (BoNT) for hyperkinesias was introduced. BoNT is an important therapy for dystonia, tics, myoclonus and tremors. The aim of this review is to present the new and well-established uses of BoNT for movement disorders.
Article
Full-text available
Botulinum neurotoxin (BoNT) is a major therapeutic agent that is licensed in neurological indications, such as dystonia and spasticity. The BoNT family, which is produced in nature by clostridial bacteria, comprises several pharmacologically distinct proteins with distinct properties. In this review, we present an overview of the current therapeutic landscape and explore the diversity of BoNT proteins as future therapeutics. In recent years, novel indications have emerged in the fields of pain, migraine, overactive bladder, osteoarthritis, and wound healing. The study of biological effects distal to the injection site could provide future opportunities for disease-tailored BoNT therapies. However, there are some challenges in the pharmaceutical development of BoNTs, such as liquid and slow-release BoNT formulations; and, transdermal, transurothelial, and transepithelial delivery. Innovative approaches in the areas of formulation and delivery, together with highly sensitive analytical tools, will be key for the success of next generation BoNT clinical products.
Article
Full-text available
Botulinum neurotoxins are known to have seven serotypes (BoNT/A–G). Here we report a new BoNT serotype, tentatively named BoNT/X, which has the lowest sequence identity with other BoNTs and is not recognized by antisera against known BoNTs. Similar to BoNT/B/D/F/G, BoNT/X cleaves vesicle-associated membrane proteins (VAMP) 1, 2 and 3, but at a novel site (Arg66-Ala67 in VAMP2). Remarkably, BoNT/X is the only toxin that also cleaves non-canonical substrates VAMP4, VAMP5 and Ykt6. To validate its activity, a small amount of full-length BoNT/X was assembled by linking two non-toxic fragments using a transpeptidase (sortase). Assembled BoNT/X cleaves VAMP2 and VAMP4 in cultured neurons and causes flaccid paralysis in mice. Thus, BoNT/X is a novel BoNT with a unique substrate profile. Its discovery posts a challenge to develop effective countermeasures, provides a novel tool for studying intracellular membrane trafficking, and presents a new potential therapeutic toxin for modulating secretions in cells.
Article
Full-text available
Background Despite their huge epidemiological impact, primary headaches, trigeminal neuralgia and other chronic pain conditions still receive suboptimal medical approach, even in developed countries. The limited efficacy of current pain-killers and prophylactic treatments stands among the main reasons for this phenomenon. Botulinum neurotoxin (BoNT) represents a well-established and licensed treatment for chronic migraine, but also an emerging treatment for other types of primary headache, trigeminal neuralgia, neuropathic pain, and an increasing number of pain conditions. Methods We searched and critically reviewed evidence for the efficacy of BoNT for the treatment of chronic pain. ResultsMeta-analyses and randomized controlled trials (RCTs) suggest that BoNT potentially represents a multi-purpose drug for the treatment of pain in several disorders due to a favorable safety profile and a long-lasting relief after a single injection. Conclusions BoNT is an emerging treatment in different pain conditions. Future RCTs should explore the use of BoNT injection therapy combined with systemic drugs and/or physical therapies as new pain treatment strategies.
Article
Full-text available
Botulinum toxin (BoNT) injections are an effective treatment for cervical dystonia. Approximately 20% of patients eventually stop BoNT treatment, mostly because of treatment failure. These recommendations review the different therapeutic interventions for optimising the treatment in secondary poor responder patients. Immunoresistance has become less common over the years, but the diagnosis has to be addressed with a frontalis test or an Extensor Digitorum Brevis test. In case of immunoresistance to BoNT-A, we discuss the place the different therapeutic options (BoNT-A holidays, BoNT-B injections, alternative BoNT-A injections, deep brain stimulation). When poor responders are not immunoresistant, they benefit from reviewing (1) injections technique with electromyography or ultrasound guidance, (2) muscles selection and (3) dose of BoNT. In addition, in both scenarios, a holistic approach including drug treatment, retraining and psychological support is valuable in the management of these complex and severe cervical dystonia.
Article
Full-text available
Botulinum neurotoxins (BoNTs) have been widely used to treat a variety of clinical ailments associated with pain. The inhibitory action of BoNTs on synaptic vesicle fusion blocks the releases of various pain-modulating neurotransmitters, including glutamate, substance P (SP), and calcitonin gene-related peptide (CGRP), as well as the addition of pain-sensing transmembrane receptors such as transient receptor potential (TRP) to neuronal plasma membrane. In addition, growing evidence suggests that the analgesic and anti-inflammatory effects of BoNTs are mediated through various molecular pathways. Recent studies have revealed that the detailed structural bases of BoNTs interact with their cellular receptors and SNAREs. In this review, we discuss the molecular and cellular mechanisms related to the efficacy of BoNTs in alleviating human pain and insights on engineering the toxins to extend therapeutic interventions related to nociception.
Article
Full-text available
Botulinum neurotoxin A (BoNT A) is the first-line treatment for cervical dystonia. However, although BoNT A has a favorable safety profile and is effective in the majority of patients, in some cases the treatment outcome is disappointing or side effects occur when higher doses are used. It is likely that in such cases either the target muscles were not injected accurately or unintended weakness of non-target muscles occurred. It has been demonstrated in clinical trials for spastic movement disorders that sonography-guided BoNT A injections could improve treatment outcome. As the published evidence for a benefit of sonography-guided BoNT injection in patients with cervical dystonia is scarce, it is the aim of this review to discuss the relevance of sonography in this indication and provide a statement from clinical experts for its use. The clear advantage of sonography-guided injections is non-invasive, real-time visualization of the targeted muscle, thus improving the precision of injections and potentially the treatment outcomes as well as avoiding adverse effects. Other imaging techniques are of limited value due to high costs, radiation exposure or non-availability in clinical routine. In the hands of a trained injector, sonography is a quick and non-invasive imaging technique. Novel treatment concepts of cervical dystonia considering the differential contributions of distinct cranial and cervical muscles can reliably be implemented only by use of imaging-guided injection protocols.
Article
Full-text available
Botulinum toxin type A (BoNTA) products are injectable biologic medications derived from Clostridium botulinum bacteria. Several different BoNTA products are marketed in various countries, and they are not interchangeable. Differences between products include manufacturing processes, formulations, and the assay methods used to determine units of biological activity. These differences result in a specific set of interactions between each BoNTA product and the tissue injected. Consequently, the products show differences in their in vivo profiles, including preclinical dose response curves and clinical dosing, efficacy, duration, and safety/adverse events. Most, but not all, published studies document these differences, suggesting that individual BoNTA products act differently depending on experimental and clinical conditions, and these differences may not always be predictable. Differentiation through regulatory approvals provides a measure of confidence in safety and efficacy at the specified doses for each approved indication. Moreover, the products differ in the amount of study to which they have been subjected, as evidenced by the number of publications in the peer-reviewed literature and the quantity and quality of clinical studies. Given that BoNTAs are potent biological products that meet important clinical needs, it is critical to recognize that their dosing and product performance are not interchangeable and each product should be used according to manufacturer guidelines.
Chapter
Injection of botulinum toxins to the glands reduces the secretion of saliva or sweat by blocking the release of nerve signal transmitter acetylcholine. This action can help patients who suffer from local excessive sweating or those who are affected by persistent drooling. Salivary and sweat glands are located under the skin and are readily accessible to surface injections. The emerging data suggests that intense recalcitrant local itch and some forms of psoriasis also respond to local botulinum toxin injections.
Article
Primary focal hyperhidrosis is a common autonomic disorder that significantly impacts quality of life. It is characterized by excessive sweating confined to circumscribed areas, such as the axillae, palms, soles, and face. Less frequent types of focal hyperhidrosis secondary to underlying causes include gustatory sweating in Frey's syndrome and compensatory sweating in Ross' syndrome and after sympathectomy. Approval of onabotulinumtoxinA for severe primary axillary hyperhidrosis in 2004 has revolutionized the treatment of this indication. Meanwhile further type A botulinum neurotoxins like abobotulinumtoxinA and incobotulinumtoxinA, as well as the type B botulinum neurotoxin rimabotulinumtoxinB are successfully used off-label for axillary and various other types of focal hyperhidrosis. For unexplained reasons, the duration of effect differs considerably at different sites. Beside hyperhidrosis, botulinum neurotoxin is also highly valued for the treatment of sialorrhea affecting patients with Parkinson's disease, cerebral palsy, amyotrophic lateral sclerosis, motor neuron disease, and other neurologic conditions. With correct dosing and application, side effects are manageable and transient.