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O espólio metálico do povoado pré-histórico de Leceia (Oeiras) inventariação e estudo analítico

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Abstract and Figures

The metallic artifacts of the prehistoric fortified settlement of Leceia (Oeiras) inventory and analytical study. This paper presents the results of a study carried on a collection of 144 metal artefacts from the Early (ca. 2800-2600/2500 a.C.) and the Middle/Final Chalcolithic (ca. 2600/2500-2000 a.C.), found at the site of Leceia (Oeiras, Central Portugal) during the excavations conducted between 1983 and 2000. A systematised analysis of the collection was provided in order to enumerate the different typologies found in the site and to determine their chemical composition. From a typological point of view, a great diversity of artifacts was found, namely, punches, fish-hooks, flat axes, chisels, saws, ingots and foundry remnants. Elemental analysis, by X-ray Fluorescence, shows that the artefacts were made of copper, with a variable occurence of arsenic, nickel, silver, antimony, bismuth, lead and iron. In this paper, data is exposed and discussed within the regional early metallurgy.
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ESTUDOS
ARQUEOLÓGICOS
DE OEIRAS
Volume 26 • 2020
Instituições, personalidades e espólios arqueológicos
contributos para a Arqueologia portuguesa
%DITOR#IENTÁlCO*O¼O,UÁS#ARDOSO
2020
CÂMARA MUNICIPAL DE OEIRAS
Estudos Arqueológicos de Oeiras é uma revista de periodicidade anual, publicada em continuidade desde 1991, que privilegia,
exceptuando números temáticos de abrangência nacional e internacional, a publicação de estudos de arqueologia da Estremadura em
geral e do concelho de Oeiras em particular para além de contributos sobre a História da Arqueologia.
0OSSUIUM#ONSELHO!SSESSORDO%DITOR#IENTÁlCOASSIMCONSTITUÁDO
– Dr. Luís Raposo (Museu Nacional de Arqueologia, Lisboa)
– Professor Doutor João Zilhão (Universidade de Barcelona e ICREA)
– Professor Doutor Nuno Bicho (Universidade do Algarve)
– Professor Doutor Alfredo Mederos Martín (Universidade Autónoma de Madrid)
– Professor Doutor Martín Almagro Gorbea (Universidade Complutense de Madrid)
– Professora Doutora Raquel Vilaça (Universidade de Coimbra)
ESTUDOS ARQUEOLÓGICOS DE OEIRAS
6OLUMEs   )33.
EDITOR CIENTÍFICO João Luís Cardoso
D ESENHO E FOTOGRAFIA Autores ou fontes assinaladas
PRODUÇÃO Gabinete de Comunicação / CMO
CORRESPONDÊNCIA Centro de Estudos Arqueológicos do Concelho de Oeiras
Fábrica da Pólvora de Barcarena
Estrada das Fontainhas
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Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos Autores.
É expressamente proibida a reprodução de quaisquer imagens sobre as quais
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artigos respectivos.
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ORIENTAÇÃO GRÁFICA E
REVISÃO DE PROVAS – João Luís Cardoso e Autores
PAGINAÇÃO – César Antunes
IMPRESSÃO E ACABAMENTOn'RAlCAMARES,DA!MARES4EL
DEPÓSITO LEGAL:
41
Estudos Arqueológicos de Oeiras
26, Oeiras, Câmara Municipal, 2020, p. 41-66
ISSN: 0872-6086
O ESPÓLIO METÁLICO DO POVOADO PRÉ-HISTÓRICO DE LECEIA (OEIRAS)
INVENTARIAÇÃO E ESTUDO ANALÍTICO
THE METALLIC ARTIFACTS OF THE PREHISTORIC FORTIFIED SETTLEMENT
OF LECEIA (OEIRAS)
INVENTORY AND ANALYTICAL STUDY
J. L. Cardoso
(1)
, C. Bottaini
(2,3)
, J. Mirão
(2)
, R. J. Silva
(4)
& R. Bordalo
(2,5)
*
Abstract
This paper presents the results of a study carried on a collection of 144 metal artefacts from the Early (ca. 2800-2600/2500 a.C.) and the
Middle/Final Chalcolithic (ca. 2600/2500-2000 a.C.), found at the site of Leceia (Oeiras, Central Portugal) during the excavations conducted
between 1983 and 2000. A systematised analysis of the collection was provided in order to enumerate the different typologies found in the
site and to determine their chemical composition. From a typological point of view, a great diversity of artifacts was found, namely, punches,
lSHHOOKSmATAXESCHISELSSAWSINGOTSANDFOUNDR YREMNANTS%LEMENTALANALYSISBY8RAY&LUORESCENCESHOWSTHATTHEARTEFACTSWERE
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discussed within the regional early metallurgy.
Keywords  #ENTRAL0ORTUGAL82&#HALCHOLITIC%ARLYMETALLURGY
1 – INTRODUÇÃO
Os trabalhos recentemente realizados sobre a primeira metalurgia do território português têm vindo a
realçar o papel da Estremadura portuguesa enquanto uma das regiões chave para a compreensão das dinâ-
micas vinculadas à introdução e à consolidação da prática metalúrgica no Ocidente Ibérico. Os dados proce-
dentes de vários sítios da região estremenha revelam um quadro caraterizado pela presença de povoados
fortificados de época calcolítica de médias e grandes dimensões, i.e. Outeiro de São Mamede (Bombarral)
(Fig. 1, n.º 1), Castro de Pragança (Cadaval) (Fig. 1, n.º 2), Vila Nova de São Pedro (Azambuja) (Fig. 1, n.º 3),
:AMBUJAL4ORRES6EDRAS&IGN-OITADA,ADRA6ILA&RANCADE8IRA&IGN,ECEIA/EIRAS
(Fig. 1, n.º 6) e Outeiro Redondo (Sesimbra) (Fig. 1, n.º 7), em que a presença de vestígios ligados à produção
e uso de objetos metálicos é documentada ao longo do 3.º milénio a.C.
Neste quadro, Leceia detém um papel de primeiro plano, tratando-se do único dos grandes povoados regio-
nais para o qual se conhece uma estratigrafia de ampla diacronia e baseada em datações radiométricas que
* (1) Universidade Aberta. Centro de Estudos Arqueológicos do Concelho de Oeiras/Câmara Municipal de Oeiras. ICArEHB
(Universidade do Algarve. (2) Laboratório HERCULES, Universidade de Évora. (3) CityUMacau Chair in Sustainable Heritage, Universidade
de Évora. (4) Universidade Nova de Lisboa, CENIMAT. (5) Universidade Católica, Porto.
42
permitem um claro enquadramento cronológico e cultural do processo que conduziu à introdução e desenvol-
vimento da metalurgia do cobre no povoado e na região da Estremadura.
Em Leceia, a prática da metalurgia aparece documentada já no Calcolítico Inicial (ca. 2800-2600/2500 a.C.),
generalizando-se, contudo, numa fase bastante avançada da história do sítio, no Calcolítico Pleno/Final (ca.
2600/2500-2000 a.C.), altura em que a fortificação já se encontrava parcialmente abandonada.
De acordo com o registo arqueológico, conhecem-se diversos grupos de artefactos, à semelhança do que
é documentado noutros povoados estremenhos, como machados planos, cinzeis, punções, serras/foices e
anzóis, entre outros, com formas muito características respeitando modelos supra-regionais, cuja produção
local, pelo menos nalguns casos, é comprovada pela presença de restos de fundição. É interessante observar,
contudo, que tais restos não são via de regra acompanhados de cadinhos de fundição, dado que apenas se
conhece um exemplar recolhido em contexto do Calcolítico Inicial faltando pois na época a que corresponde a
quase totalidade do espólio metálico.
Apesar de os estudos sobre composições de peças arqueológicas de cobre utilizando métodos não destru-
tivos terem sido executados pela primeira vez em Portugal sobre espólios de Leceia, com uso de Fluorescência
DE RAIOS8 82& '), &%22%)2!  #!2$/3/  O RICO ESPÆLIO MET·LICO ENCONTRADO AO LONGO DAS
campanhas de escavação conduzidas entre 1983 e 2000 por um de nós (J. L. C.) ainda não tinha sido estudado
Fig. 1 – Localização dos principais sítios calcolíticos da Estremadura com espólios metálicos já estudados. 1 – Outeiro de São Mamede;
2 – Pragança;3 – Vila Nova de São Pedro; 4 – Zambujal; 5 – Moita da Ladra; 6 – Leceia; 7 – Outeiro Redondo.
43
na sua globalidade e de forma detalhada. Tal situação contrastava com o verificado para outros conjuntos de
materiais, i.e. pedra polida (CARDOSO, 1999/2000; CARDOSO, 2004), cerâmicas (CARDOSO, 2007), objetos
ideotécnicos (CARDOSO, 2009) e objetos de pedra lascada (CARDOSO & MARTINS, 2013).
No entanto, um grupo selecionado de metais tinha já sido alvo de contributos muito importantes, com
recurso a técnicas analíticas à data inovadoras para o panorama arqueometalúrgico do território português. É o
caso do estudo metalográfico de um lingote de cobre (CARDOSO & FERNANDES, 1995), de análises químicas
RECORRENDOAT½CNICASDE82&&AST.EUTRON!CTIVATION!NALYSIS&.!!E,ASER!BLATION)NDUCTIVELY#OUPLED
Plasma Mass Spectrometry (LA-ICP-MS) (CARDOSO & '5%22! 1997/98). Mais tarde, com o objetivo de
procurar identificar as fontes de matéria-prima, realizou-se um estudo que contemplou, primeiro, análises por
%NERGY$ISPERSIVE8RAYFLUORESCENCEANALYSIS%$82&EDEPOISPOR-ULTI#OLLECTOR)NDUCTIVELY#OUPLED
Plasma Mass Spectrometry (MC-ICP-MS) (MÜLLER & CARDOSO, 2008). Os resultados obtidos indicavam
uma origem provável do cobre na Zona de Ossa Morena, onde o cobre se associava a corpos filoneanos de
quartzo tardi-hercínicos, em mineralizações disseminadas.
Dado o rico espólio metálico encontrado em Leceia e tendo ainda em conta que, até à data, ainda não se
tinha procedido a um trabalho de conjunto sobre a totalidade da coleção, tendo também presente a diversidade
dos instrumentos nela representados, pretende-se, com o presente contributo, dar a conhecer a composição,
ATRAV½SDEUMESPECTRÆMETROPORT·TILDEFLUORESC¾NCIADERAIOS8P82&DASPEASENCONTRADASNODECORRER
das duas décadas de escavações, a par da correlação com as características morfológicas e funcionais dos
exemplares analisados.
2 – A METALURGIA EM LECEIA. CONTEXTUALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS ACHADOS
2.1 – Os contextos
As três fases culturais e as cinco fases construtivas identificadas em Leceia entre o Neolítico Final e o
final do Calcolítico distribuem-se ao longo de quase 1500 anos para um intervalo de confiança de cerca de 95%,
desde a segunda metade do 4.º milénio a.C. e o final do 3.º milénio a.C.
/ESPÆLIO MET·LICO QUEPERFAZUMPESODE CA KGOCORREAPARTIRDACAMADA CORRESPONDENTE AO
Calcolítico Inicial (Camada 3) (2800-2600/2500 a.C., de acordo com SOARES & CARDOSO, 1995), embora a
metalurgia esteja nela presente de forma marginal, representada por apenas nove artefactos e um fragmento
de cadinho de fundição. É na Camada 2, enquadrável na segunda metade do 3.º milénio a.C., com espólios
do Calcolítico Pleno/Final da Estremadura que ocorre a quase totalidade das evidências vinculadas à meta-
lurgia (Fig. 2).
Tendo presente a distribuição de espólios metálicos na área escavada respeitante à Camada 2, verifica-se
que as ocorrências no exterior da linha defensiva mais avançada são residuais, ao mesmo tempo que os
espólios se concentram no espaço intramuros mais elevado do povoado, que foi o último a deixar de ser
ocupado, no decurso do Calcolítico Pleno/Final. Deste modo, pode concluir-se que foi a dinâmica popu-
lacional aqui observada no decurso do 3.º milénio a.C., e que levou a que determinadas áreas do espaço
anteriormente habitado fossem progressivamente abandonadas, que explica a distribuição dos espólios
metálicos exumados, os quais não foi possível associar a estruturas específicas de produção. É exceção a
ocorrência de um anzol de cobre (Fig. 6, n.º 9), o qual provém do interior de uma lareira onde teria sido
confecionado o peixe que o continha.
44
Fig. 2 – Leceia. Distribuição dos artefactos pelos diversos contextos na camada 2, Calcolítico Pleno/Final (em cima)
e pela camada 3, Calcolítico Inicial (em baixo).
45
Fig. 3 – Leceia. Punções e escopros. Desenhos de B. L. Ferreira.
46
Fig. 4 – Leceia. Facas espatuladas, formões/raspadeiras e serras. Desenhos de B. L. Ferreira.
47
Fig. 5 – Leceia. Facas, peças indeterminadas, punções e lingote. Desenhos de B. L. Ferreira.
48
Fig. 6 – Leceia. Ponta de seta, argolas (Idade do Bronze), punção/artefacto de fazer rede, peças indeterminadas, anzóis e escopros.
Desenhos de B. L. Ferreira.
49
Fig. 7 – Leceia. Resíduos de fundição, lingotes, machados planos, peças indeterminadas e faca/punhal. Desenhos de B. L. Ferreira.
50
2.2 – Os materiais
A distribuição tipológica conduziu aos resultados apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 – Resultados analíticos obtídos nos 147 artefactos estudados de Leceia, incluindo 3 argolas da Idade do Bronze.
Ref. Lab ID peças Tipo Cu As Ni Ag Sb Bi Pb Fe Sn Zn Camada Fig.
LEC01 LC/86 P restos metálicos 99,17 0,745 0 0,02 0,01 0 0,025 0,03 0 0 2
6.11,
6.12,
6.13
LEC02 LC casa EV C2 faca espatulada 98,27 1,71 0 0,007 0 0 0,013 0 0 0 2 4.12
LEC03 LC/93 sobre FB C2 lingote 99,18 0,216 0 0,18 0,223 0,044 0,117 0,04 0 0 2 5.8
LEC04 ,#88# ponta de seta 99,41 0,501 0 0,03 0,023 0 0,035 0,001 0 0 2 5.1
LEC05 LC/88 N CC C2 machado plano 96,26 3,68 0 0,025 0 0 0,025 0,01 0 0 2 6.2
LEC06 LC 3,4 C2 indeterminado 99,14 0,845 0 0,007 0 0 0,008 0 0 0 2 6.9
LEC07 LC/90 lag. EL C2 indeterminado 99,84 0,034 0 0,033 0,018 0 0,031 0,044 0 0 2 6.10
LEC08 LC/90 EP C2 machado plano 97,93 1,9 0 0,06 0 0 0,041 0,069 0 0 2 5.15
LEC09 LC/87 QI C2 machado plano 99,07 0,864 0 0,02 0 0 0,026 0,02 0 0 2 6.4
LEC10 LC EV C2 faca/punhal 98,44 1,47 0 0,033 0,015 0 0,032 0,01 0 0 2 6.1
LEC11 LC/84 A2 anzol 98,87 1,02 0 0,04 0 0 0,06 0,01 0 0 2 5.9
LEC12 LC/86 casa P C2 formão / raspadeira 99,28 0,66 0 0,025 0,013 0 0,022 0 0 0 2 3.3
LEC13 ,#%(88)# faca espatulada 98,43 1,5 0 0,022 0,008 0 0,04 0 0 0 2 3.8
LEC14 LC/87 QI C2 escopro 98,16 1,72 0 0,03 0,005 0 0,013 0,072 0 0 2 5.16
LEC15 LC/84 V2 Q5 C2 escopro 99,8 0,095 0 0,04 0,005 0 0,02 0,04 0 0 2 5.14
LEC16 LC/8 int C.E. C2 punção 98,55 1,36 0 0,013 0,03 0 0,032 0,015 0 0 2 2.1
LEC17 LC/84 uu QI C2 serra 97,14 2,83 0 0 0 0 0,027 0,003 0 0 2 3.11
LEC18 LC/88 C2 indeterminado, chapa 96,17 2,3 1,21 0,074 0,145 0,026 0,075 0 0 0 2 4.9
LEC19 LC/88 M.SS C2 punção 99,54 0,386 0 0,028 0,02 0 0,025 0,001 0 0 2 2.21
LEC20 ,#'!# formão / raspadeira 98,66 1,16 0 0,066 0,045 0,009 0,06 0 0 0 2 3.1
LEC21 LC/87 QI C2 indeterminado, chapa 96,92 3,01 0 0 0,012 0 0,023 0,035 0 0 2 4.14
LEC22 LC/84 35 A V4 Q1 indeterminado, chapa 98,45 1,32 0 0,065 0,071 0,008 0,065 0,021 0 0 2 6.5
LEC23 LC/88 C3 indeterminado 97,7 2,02 0 0,09 0,07 0,031 0,074 0,015 0 0 3 4.5
LEC24 LC/91 ENTRE EP/
ER C2 escopro 98,77 1,15 0 0,02 0,01 0 0,039 0,011 0 0 2 5.10
LEC25 LC/87 E C2 serra 96,15 3,26 0 0,167 0,149 0,113 0,142 0,019 0 0 2 3.7
LEC26 LC/84 V2 Q5 C2 serra 98,87 1,06 0 0,025 0,015 0 0,03 0 0 0 2 4.15
LEC27 LC/94 N. M.M. C2 formão / raspadeira 97,3 2,42 0 0,076 0,045 0,062 0,066 0,031 0 0 2 3.2
LEC28 LC/93 Ext. EP C2 anzol 97,59 2,23 0 0,05 0,052 0 0,067 0,011 0 0 2 5.6
LEC29 ,#'!# escopro 98,64 1,26 0 0,034 0,03 0 0,036 0 0 0 2 5.13
LEC30 LC/86 Q II C3 punção 97,99 1,72 0 0,08 0,082 0,023 0,105 0 0 0 3 4.3
LEC31 LC escopro 97,74 2,02 0 0,073 0,055 0,02 0,058 0,034 0 0 2 2.30
LEC32 LC/92 C2 punção 97,92 1,94 0 0,043 0,038 0 0,05 0,009 0 0 2 2.14
LEC33 LC/85 8 C2 punção 98,11 1,63 0 0,074 0,063 0,02 0,079 0,024 0 0 2 2.22
LEC34 LC94/ W MM. C2 Indeterminado, chapa 97,74 2,04 0 0,035 0,035 0,006 0,12 0,024 0 0 2 4.13,
4.6
51
Ref. Lab ID peças Tipo Cu As Ni Ag Sb Bi Pb Fe Sn Zn Camada Fig.
LEC35 LC/86 QIV 5,6;
1,2 C2 punção 98,71 1,14 0 0,04 0,035 0 0,055 0,02 0 0 2 2.2
LEC36 LC/85 QI 8; 2,3 C2 punção 99,07 0,81 0 0,04 0,021 0 0,038 0,021 0 0 2 2.15
LEC37 LC/86 cas. P C2 punção 99,75 0,127 0 0,05 0,025 0 0,048 0 0 0 2 2.20
LEC38 LC/86 SII C2 punção 98,13 1,67 0 0,047 0,056 0,024 0,063 0,01 0 0 2 2.11
LEC39 LC/87 QI C2 punção 98,28 1,54 0 0,033 0,021 0,07 0,036 0,02 0 0 2 2.23
LEC40 LC/86 P indeterminado 98,79 1,13 0 0,01 0,005 0 0,017 0,048 0 0 2 6.11
LEC41 LC/38 V6 Q2 C2 punção 98,44 1,5 0 0,01 0,01 0 0,04 0 0 0 2 2.16
LEC42 punção 99,84 0,03 0 0,055 0,02 0 0,04 0,015 0 0 2 2.4
LEC43 LC/17,21 e 20/8/84
V4 Q2 C2 punção 98,53 1,32 0 0,045 0,038 0 0,055 0,012 0 0 2 2.32
LEC44 LC/87 Ext. bast.
'# escopro 97,77 2,16 0 0,008 0,012 0 0,039 0,011 0 0 2 2.28
LEC45 LC/88 bb C2 anzol 96,99 2,71 0 0,055 0,032 0,016 0,194 0,003 0 0 2 5.8
LEC46 LC/90 EO C2 punção 98,99 0,925 0 0,02 0,005 0 0,02 0,04 0 0 2 2.26
LEC47 LC QI 6,7; 9,10 C2 punção 98,55 1,18 0 0,07 0,08 0,03 0,071 0,019 0 0 2 2.7
LEC48 LC/84 V6 QI Q2
Q3 C1 punção 98,05 1,79 0 0,044 0,062 0 0,045 0,009 0 0 2 2.19
LEC49 ,#-5288# punção 98,98 0,21 0,095 0,106 0,14 0,002 0,467 0 0 0 2 2.10
LEC50 LC/93 FC C2 punção 98,48 1,41 0 0,025 0,02 0 0,033 0,032 0 0 2 2.25
LEC51 LC/93 C. FC C3 punção 98,69 1,09 0 0,08 0,072 0,005 0,063 0 0 0 3 4.4
LEC52 LC/99 FT C2 punção 97,33 2,61 0 0,018 0,005 0 0,03 0,007 0 0 2 2.29
LEC53 punção 99,25 0,613 0 0,05 0,03 0 0,055 0,002 0 0 2 2.3
LEC54 ,#'!# Indeterminado, chapa 99,45 0,23 0 0,084 0,085 0,023 0,088 0,04 0 0 2 2.9
LEC55 ,#81# punção 98,42 1,52 0 0,021 0,01 0 0,029 0 0 0 2 2.27
LEC56 LC/90 C2 EO punção 97,86 1,94 0 0,07 0,061 0,012 0,057 0 0 0 2 2.6
LEC57 LC/90 ext. EH C2 punção 96,07 3,57 0 0,12 0,117 0,03 0,081 0,012 0 0 2 2.17
LEC58 LC/87 int. B C2 anzol 96,68 2,81 0 0,087 0,092 0,06 0,27 0,001 0 0 2 5.7
LEC59 LC/99 FR/FT C2 punção 96,45 3,4 0 0,045 0,033 0 0,042 0,03 0 0 2 2.24
LEC60 LC/87 C2 punção 96,89 2,99 0 0,045 0,024 0 0,051 0 0 0 2 2.12
LEC61 CA 60 LC Indeterminado, chapa 95,15 4,78 0 0,02 0,01 0 0,04 0 0 0 2 4.8
LEC62 LC QN 3,4; 4,2 C2 indeterminado 96,89 3,07 0 0,01 0,001 0 0,029 0 0 0 2 5.4
LEC63 punção 98,53 1,24 0 0,077 0,049 0 0,099 0,005 0 0 2 2.5
LEC64 ,#'# punção 87,32 0,189 0,03 0,08 0,239 0,149 2,93 0,119 8,95 0 superfície 2.13
LEC65 LC/88 P C2 lingote 99,11 0,803 0 0,03 0,02 0 0,035 0,002 0 0 2 6.6
LEC66 LC/89 TT C2 formão / raspadeira 96,88 3,07 0 0,02 0,009 0 0,019 0,002 0 0 2 3.4
LEC67 Indeterminado, chapa 99,79 0,06 0 0,036 0,03 0 0,049 0,035 0 0 2 4.10
LEC68 ,#'!# punção 98,72 1,13 0 0,054 0,04 0 0,05 0,006 0 0 2 2.8
LEC69 ,#'!# punção 98,87 1,03 0 0,048 0,01 0 0,042 0 0 0 2 2.18
LEC70 LC/85 S II C2 indeterminado, chapa 98,03 1,9 0 0,025 0,016 0 0,029 0 0 0 2 4.11
LEC71 LC/87 Mur BB C3 faca 97,13 2,73 0 0,027 0,027 0 0,036 0,05 0 0 3 4.2
LEC72 ,#'!# argola 72,14 0,72 0,02 0,55 0,23 8,2 0,51 10,04 7,59 superfície 5.2
LEC73 LC/91 EP/EQ C2 indeterminado, chapa 94,78 5,07 0 0,046 0,039 0 0,055 0,01 0 0 2 4.7
52
Ref. Lab ID peças Tipo Cu As Ni Ag Sb Bi Pb Fe Sn Zn Camada Fig.
LEC74 LC/94 Aw MM C2 punção 98,04 1,86 0 0,024 0,014 0 0,05 0,012 0 0 2 2.31
LEC75 ,#'!# serra 95,77 4,04 0 0,055 0,046 0 0,036 0,053 0 0 2 3.6
LEC76 LC/84 A2 restos metálicos 99,47 0,287 0 0,057 0,05 0,003 0,088 0,045 0 0 2
LEC77 ,#3'!# escopro 96,55 2,66 0 0,244 0,312 0,096 0,136 0,002 0 0 2 5.11
LEC78 LC/99 EV C2 anzol 98,9 0,917 0 0,05 0,02 0 0,093 0,02 0 0 2 5.5
LEC80 LC/84 V2 Q5 C2 serra 99,12 0,743 0 0,05 0,02 0,012 0,055 0 0 0 2 3.5
LEC81 LC/98 FO C3 lingote 96,87 2,86 0 0,06 0,072 0,028 0,06 0,05 0 0 3 4.1
LEC82 LC/00 FT C2 machado plano 96,45 3,24 0 0,09 0,095 0,014 0,061 0,05 0 0 2 6.3
LEC83 ,#'!# serra 98,77 0,801 0 0,076 0,162 0,095 0,06 0,036 0 0 2 3.10
LEC84 ,#'!# argola 75,88 0,38 0,06 0,19 0,40 0,17 4,07 1,94 8,92 7,99 superfície 5.3
LEC85 ,#'!# serra 97,08 2,8 0 0,055 0,032 0 0,024 0,009 0 0 2 3.9
LEC86 LC/87 Lar. SS
QI C2 lingote 99,03 0,814 0 0,045 0,055 0 0,036 0,02 0 0 2 6.7
LEC87 LC/84 23 V6 Sup escopro 99,32 0,633 0 0,01 0 0 0,037 0 0 0 2 5.12
LEC88 indeterminado 98,77 1,06 0 0,066 0,044 0 0,05 0,01 0 0 2
LEC89 LC/87 casa Z
MU.SUP. indeterminado, chapa 99,32 0,518 0 0,057 0,051 0 0,051 0,003 0 0 2
LEC90 indeterminado 99,21 0,727 0 0,025 0,015 0 0,022 0,001 0 0 2
LEC91 LC/87 2ª CASA
%84"!34'# indeterminado 96,49 3,31 0 0,06 0,063 0,01 0,065 0,002 0 0 2
LEC92 indeterminado 99,07 0,868 0 0,016 0 0 0,02 0,026 0 0 2
LEC93 V2 Q5 Leceia
superfície 2 argola 77,96 0,984 0,223 0,172 1,33 8,86 0,000 2,45 8,01 superfície
LEC94 indeterminado 98,31 1,66 0 0,01 0 0 0,02 0 0 0 2
LEC95 indeterminado 95,87 3,86 0 0,08 0,05 0,055 0,075 0,01 0 0 2
LEC96 ,#3'!# indeterminado 97,14 2,73 0 0,05 0,03 0 0,041 0,009 0 0 2
LEC97 LC/87 NN C2 indeterminado 97,75 1,85 0 0,129 0,11 0,047 0,1 0,014 0 0 2
LEC98 indeterminado 96,9 2,77 0 0,101 0,091 0,044 0,09 0,004 0 0 2
LEC99 machado plano 98,74 0,798 0,28 0,055 0,071 0,005 0,045 0,006 0 0 2
LEC100 LC/21 e 17/8/84 V4
Q3 C2 indeterminado, chapa 97,19 2,6 0 0,057 0,066 0,02 0,067 0 0 0 2
LEC101 Leceia 15/8/85 QI
8,9; 5,6,7,8,9 C2 indeterminado 98,26 1,34 0 0,103 0,102 0,045 0,1 0,05 00 2
LEC102 Leceia 5/8/85 – QI
8;5,6 C2 2 indeterminado 98,43 0,202 0 0,154 0,161 0,9 0,153 0 0 0 2
LEC103 LC/22/8/84 V4
Q3 C2 indeterminado 99,1 0,773 0 0,05 0,03 0 0,045 0,002 0 0 2
LEC104 Leceia 9/8/83
~35cm V2 Q2 restos metálicos 99,78 0,062 0 0,044 0,029 0 0,034 0,051 0 0 2
LEC105 Leceia 9/8/83 V2
Q3 ~35 cm indeterminado 98,68 0,561 0 0,202 0,225 0,126 0,185 0,021 0 0 2
LEC106 LC/22/8/84 V2
Q5 C2 indeterminado, chapa 97,62 2,27 0 0,03 0,037 0 0,042 0,001 0 0 2
53
Ref. Lab ID peças Tipo Cu As Ni Ag Sb Bi Pb Fe Sn Zn Camada Fig.
LEC107 Leceia 9/8/85 QI S;
3,4 C2 indeterminado 98,65 1,24 0 0,047 0,011 0 0,05 0,002 0 0 2
LEC108 senza ID indeterminado 98,72 1,22 0 0,03 0 0 0,03 0 0 0 2
LEC109 senza ID indeterminado 98,29 1,6 0 0,038 0,031 0 0,039 0,002 0 0 2
LEC110 senza ID indeterminado 99,59 0,306 0 0,035 0,031 0 0,033 0,005 0 0 2
LEC111 senza ID indeterminado 98,79 1,13 0 0,03 0,016 0 0,034 0 0 0 2
LEC112 senza ID indeterminado 97,87 1,17 0 0,234 0,266 0,183 0,24 0,037 0 0 2
LEC113 senza ID indeterminado 97,19 2,76 0 0,01 0,005 0 0,035 0 0 0 2
LEC114 senza ID indeterminado 99,64 0,335 0 0,011 0 0 0,013 0,001 0 0 2
LEC115 senza ID indeterminado 98,44 1,22 0 0,107 0,089 0,045 0,099 0 0 0 2
LEC116 senza ID indeterminado 99,39 0,573 0 0,019 0 0 0,018 0 0 0 2
LEC117 C2, LC3 punção 94,62 4,49 0 0,24 0,264 0,197 0,177 0,012 0 0 2
LEC118 Leceia 5/8/85 QI 8;
5,6 C2 indeterminado, chapa 98,28 1,6 0 0,034 0,03 0 0,05 0,006 0 0 2
LEC119 Leceia 5/8/85 -QI
6,7;9,10 indeterminado, chapa 97,12 2,7 0 0,06 0,04 0,012 0,068 0 0 0 2
LEC120 ,#%XTF"!34' indeterminado 97,9 1,91 0 0,07 0,047 0,008 0,056 0,009 0 0 2
LEC121 indeterminado 98,12 1,35 0 0,114 0,147 0,091 0,134 0,044 0 0 2
LEC122 LC/90 C2 indeterminado 98,27 1 0 0,175 0,16 0,11 0,255 0,03 0 0 2
LEC123 LC/87 QI C2 indeterminado, chapa 96,3 3,6 0 0,044 0,045 0,011 0 0 0 0 2
LEC124 LC/87 ???, SS C2 punção 99,03 0,834 0 0,043 0,015 0 0,039 0,039 0 0 2
LEC125 LC VI Q4 35 C2 punção 98,9 0,913 0 0,066 0,044 0,01 0,067 0 0 0 2
LEC126 LC/87 a N da casa
S½C86)))# indeterminado, chapa 97,87 1,75 0 0,05 0,036 0,196 0,098 0 0 0 2
LEC127 V2 Q5 Leceia
superfície 1 indeterminado, chapa 97,91 1,54 0 0,13 0,16 0,087 0,159 0,014 0 0 superfície
LEC128 LC/1986 C2 punção 97,05 2,64 0 0,084 0,085 0,042 0,089 0,01 0 0 2
LEC129 punção 97,31 2,17 0 0,113 0,107 0,125 0,125 0,05 0 0 2
LEC130 indeterminado, chapa 96,88 2,84 0 0,083 0,06 0,037 0,09 0,01 0 0 2
LEC131 C2 indeterminado 97,55 2,24 0 0,063 0,052 0,025 0,07 0 0 0 2
LEC132 LC/8 C2 escopro 95,82 3,93 0 0,05 0,046 0,034 0,09 0,03 0 0 2
LEC133 não legível indeterminado, chapa 97,62 2,11 0 0,09 0,06 0,035 0,08 0,005 0 0 2
LEC134 LC/86 P C2 FM
– L7 escopro 99,13 0,61 0 0,093 0,049 0,025 0,078 0,015 0 0 2
LEC135 LC/87 C2 FM – L11 indeterminado 98,39 1,42 0 0,079 0,05 0 0,06 0,001 0 0 3
LEC136 LC/87 Mura. BB Q
IV C3 FM – L12 indeterminado 97,2 2,69 0 0,03 0,03 0 0,04 0,01 0 0 2
LEC137 LC/99 entre FR/FT
C2 FM – L8 indeterminado 97,08 2,41 0 0,056 0,043 0,02 0,05 0,341 0 0 2
LEC138 LC/84 C2 FM – L5 indeterminado 98,14 1,67 0 0,047 0,057 0,023 0,063 0 0 0 2
LEC139 LC S II C3 FM
– L10 indeterminado 98,46 1,5 0 0,015 0 0 0,025 0 0 0 3
LEC140 LC FM – L14 indeterminado 98,76 1,07 0 0,06 0,05 0 0,033 0,027 0 0 2
54
Ref. Lab ID peças Tipo Cu As Ni Ag Sb Bi Pb Fe Sn Zn Camada Fig.
LEC141 LC V 2 Q B C2
FM – L4 indeterminado 98,6 1,19 0 0,074 0,053 0,015 0,068 0 0 0 2
LEC142 LC/85 Q I 5; 3,4 C2
FM – L1 indeterminado 98,06 1,84 0 0,015 0,006 0 0,029 0,05 0 0 2
LEC143 LC/85 Q I 5; 1,2 C2
FM – L13 indeterminado 98,81 1,12 0 0,01 0 0 0,02 0,04 0 0 2
LEC144
LC/85 Q I 8,9;
5,6,7,8,9 C3 FM
– L6
indeterminado 99,21 0,693 0 0,032 0,025 0 0,04 0 0 0 3
LEC145 LC/84 V 6 Q 2 C2
FM – L2 indeterminado 99,16 0,723 0 0,02 0,016 0 0,031 0,05 0 0 2
LEC146 LC V 2 Q 2 C2 FM
– L3 indeterminado 99,42 0,512 0 0,035 0 0 0,028 0,005 0 0 2
LEC147 LC/92 C2 FM – L9 indeterminado 98,18 1,64 0 0,057 0,045 0 0,061 0,017 0 0 2
Na Camada 3 identificaram-se as seguintes tipologias de peças metálicas:
2 punções (Fig. 5, n.º 3 e 4);
1 lâmina de faca curva (Fig. 5, n.º 2);
4 peças indeterminadas (Fig. 5, n.º 5, mais 3 não desenhadas);
1 lingote incompleto, com marcas de corte por serragem (Fig. 5, n.º 1).
1 fragmento de cadinho de fundição com resos de metal aderente (Fig. 8).
Na Camada 2 foram identificadas as seguintes tipologias de objetos metálicos:
5 restos de fundição (Fig. 7, n.ºs 11, 12, 13, mas dois não desenhados);
Fig. 8 – Leceia. Fotos do único fragmento de cadinho recolhido, proveniente da camada 3 (Calcolítico Inicial). À esquerda, a face interna, com
retos de metal aderentes; à direita, a face externa, com um pé cilíndrico dos quatro que originalmente deveria possuir. Foto de J. L. Cardoso.
55
2 facas espatuladas (Fig. 4, n.º 8; Fig. 5, n.º 12);
4 lingotes (Fig. 7, n.ºs 6, 7, 8, 9);
1 ponta de seta (Fig. 6, n.º 1); note-se que não se trata de um exemplar enquadrável na tipologia das pontas
Palmela, por possuir uma nervura central longitudinal que acompanha toda a folha, correspondendo a exem-
plar de características invulgares para os contextos calcolíticos do território português.
5 machados planos (Fig. 6, n.º 15; Fig. 7, n.ºs 2, 3, 4, 7);
59 peças indeterminadas (Fig. 3, n.º 9; Fig. 5, n.ºs 6, 7, 8, 9, 10, 11, 13, 14; Fig. 6, n.º 4; Fig. 7, n.ºs 5, 10, para
além de outros fragmentos não desenhados);
1 punhal (Fig. 7, n.º 1);
5 anzóis (Fig. 6, n.ºs 5-9);
4 formões / raspadeiras (Fig. 4, n.ºs 1-4);
10 escopros (Fig. 3, n.ºs 28, 30; Fig. 6, n.ºs 10-14, 16, mais 2 exemplares não desenhados);
33 punções (Fig. 3, n.ºs 1-8, 10-12, 14-27, 29, 31, 32, mais 5 não desenhados);
7 serras (Fig. 4, n.ºs 5-7, 9-11; Fig. 4, n.º 15).
Finalmente, para além do fragmento do único de cadinho de fundição, recolhido na Camada 3 e já
antes referido (Fig. 8) assinalam-se alguns outros achados superficiais ou da parte superior da camada 2,
nomeadamente:
3 argolas (Fig. 6, n.ºs 2, 3, mais uma não desenhada), cuja composição remete para bronzes, compatíveis
com o achado de um machado do Bronze Final de alvado e uma argola, há muito publicado (ROZEIRA,
1926);
1 peça indeterminada (não desenhada);
1 punção (Fig. 3, n.º 13).
Do ponto de vista morfológico e funcional, as peças apresentam uma grande variabilidade, distribuindo-se
entre 12 categorias a que há que acrescentar um grupo composto por peças indeterminadas (Fig. 9). Como é
habitual em contextos calcolíticos, regista-se a ausência de objetos de adornos em cobre, estando exclusiva-
mente presentes artefactos de cunho utilitário e vinculados a atividades do quotidiano, i.e. agricultura (serras,
punções, machados, etc.), caça (facas, punhais e ponta de seta), domésticas e artesanais (facas, punções,
formões, escopros) e pesca (anzóis), para além da produção metalúrgica (pingos de fundição, lingotes).
Como já foi anteriormente mencionado, o conjunto de metais procedente de Leceia reúne tipos metálicos
característicos do 3.º milénio a.C. do Ocidente Ibérico. No Castro de Vila Nova de São Pedro (PEREIRA et al.,
2012; PEREIRA et al., 2013) e no Zambujal (MÜLLER et al., 2007), por exemplo, com uma ou outra exceção,
produziam-se e utilizavam-se machados, serras, punções, escopros, facas, pontas de seta, etc., com caracte-
rísticas morfológicas idênticas, o que também é um traço comum, de resto, a outros contextos calcolíticos do
Ocidente Ibérico (vejam-se, entre outros, VALÉRIO et al., 2014; ORESTES 6)$)'!, et al., 2015; BOTTAINI
et al., 2018; BOTTAINI et al., 2019). Já no caso dos anzóis, devido à especificidade funcional deste tipo de
objetos, os paralelos ocorrem mais pontualmente em sítios vinculados à exploração dos recursos aquáticos
(ANTUNES & CARDOSO, 2005), como no Castro da Columbeira (FERREIRA, 1968; SCHUBART et al., 1969),
do Agroal (Ourém) (LILLIOS, 1993) e da Rotura ('/.!,6%3 1971). Muito recentemente, a importância
da pesca foi salientada no povoado do Outeiro Redondo, dominando a baía de Sesimbra, onde se recolheu um
conjunto inédito de exemplares de tamanhos muito díspares, naturalmente adequados à captura de diferentes
espécies piscícolas (CARDOSO, Fig. 57, n.ºs 2 e 3; Fig. 152, n.º 17 a 27).
56
Atendendo às características morfológicas e funcionais dos objetos analisados, é de realçar a presença de
diversas evidências que remetem para cadeia operatória da prática metalúrgica. Cabem nesta categoria os frag-
mentos e restos indeterminados, quiçá utilizados como matéria-prima nos processos de reciclagem do metal,
o cadinho e os lingotes. Relativamente a esta última categoria, trata-se de um conjunto de gumes de machados
com sulcos provocados por golpes e/ou por ações de corte por serragem. A presença destes enigmáticos
objectos foi de há muito assinalada em Leceia, povoado em que a mesma foi pela primeira vez valorizada
(CARDOSO, 1989, Fig. 108, n.º 13, p. 113), tendo ulteriormente o seu significado sido discutidos a propósito de
outros exemplares entretanto ali recolhidos (CARDOSO, 1997, p. 93). Tais exemplares possuem paralelos em
outros povoados regionais como, entre outros, Castro de Vila Nova de São Pedro (SOARES, 2005; PEREIRA
et al., 2013), Zambujal (3!.'-%)34%2 1995, Taf. 6), Outeiro de São Mamede (CARDOSO, 2003, Fig. 37),
Monte da Tumba (SILVA & SOARES, 1987, Fig. 4). Mais recentemente, recolheram-se três exemplares no
Outeiro Redondo (CARDOSO, 2019, Fig. 152, n.ºs 12, 13 e 14, p. 313), com evidentes marcas de corte por
serragem, cujo significado se voltou então a abordar.
Em trabalhos anteriores tem-se admitido a possibilidade de o metal, do Calcolítico do Sul e na Estremadura,
poder ter sido trocado mediante lingotes com forma de machados planos (SOARES et al., 1994; CARDOSO &
'5%22!SOARES, 2005). Nesta perspetiva, os gumes materializariam um momento específico da cadeia
operatória de produção do metal, que consistia na preparação de porções com formas minimamente estandar-
dizadas que, numa fase sucessiva, seriam submetidos a um processo de refundição e/ou a um trabalho de forja
para, deste modo, moldar ou transformar o metal em objetos com uma nova utilidade.
Fig. 9 – Leceia. Histograma com a distribuição dos vários grupos metálicos por tipologias artefatuais.
57
3 – METODOLOGIA ANALÍTICA
Os artefactos foram analisados com vista à determinação da sua composição química por fluorescência de
RAIOS8USANDOSEUMESPECTRÆMETROPORT·TILMODELO"RUKER4RACER)))3$EQUIPADOCOMUMTUBODERAIOS8
DE2ÆDIO2HECOMUMDETETOR3$$8&LASHCOMUMARESOLU¼ODEE6NALINHA+DO-N!SAN·LISES
FORAMREALIZADAS COM ASSEGUINTESCONDIÊES DE TRABALHOTEMPODEAQUISI¼O SEGUNDOS+V !
FILTROSDE!L4IMALUMÁNIOMTIT¸NIO/SESPECTROSFORAMADQUIRIDOSCOMOSOFTWARE"RUKER
3082&VETRATADOSCOMOSOFTWARE"RUKER!24!8V!QUANTIFICA¼ODOSELEMENTOSQUÁMICOS
foi realizada com padrões de referência com uma composição semelhante aos materiais analisados, tendo sido
utilizados os padrões BCR-691.
!PESARDEAFLUORESC¾NCIADERAIOS8SERNUMPLANOTEÆRICOUMAT½CNICAN¼OINVASIVANAPR·TICAPARASE
obterem dados fidedignos e representativos da composição de uma liga arqueológica torna-se necessária uma
preparação prévia da superfície a analisar, o que implica a remoção das camadas mais superficiais, que incluem
terra incrustada e produtos da corrosão, cuja composição química difere da do metal subjacente. Com o intuito
de se reduzir ao máximo o carácter invasivo das análises, por um lado, e com a necessidade de se obterem
dados consistentes e representativos das ligas, por outro, procedeu-se ao polimento mecânico de pequenas
áreas superficiais (~3 mm
2
). Esta abordagem permitiu analisar o metal subjacente à camada de corrosão redu-
zindo, deste modo, o risco de possíveis contaminações procedentes, principalmente, das camadas de corrosão.
Contrariamente à metodologia aplicada para as análises dos objetos, o fragmento de cadinho (Fig. 9) foi
analisado de forma não-destrutiva e, portanto, sem qualquer tipo de preparação prévia. Procedeu-se, neste
caso, à análise da zona com metal aderente, de coloração cinzento-esbranquiçada, de modo a se identificarem
os elementos químicos nele presentes.
Uma vez que foi possível utilizar o mesmo equipamento e a mesma metodologia analítica para a coleção
toda, considerou-se oportuno proceder-se à análise do conjunto inteiro, incluindo as peças já anteriormente
estudadas (CARDOSO & FERNANDES,  #!2$/3/  '5%22!  -´,,%2  #!2$/3/,
2008). Deste modo, foi ainda possível validar (ou não) algumas conclusões destes trabalhos no que diz
respeito, nomeadamente, à variabilidade do arsénio (#!2$/3/'5%22!  p. 72) e à sua maior ou
menor concentração em determinados tipos metálicos como, por exemplo, lâminas, fragmentos de chapa metá-
lica, furadores e anzóis (MÜLLER & CARDOSO, 2008, pp. 86-87).
Em termos de resultados, as possíveis diferenças, entre os resultados aqui apresentados e os já publi-
cados, poderão ser explicadas pela adoção de técnicas e/ou metodologias analíticas diferentes ou pelo facto de
as análises terem incidido em áreas distintas das peças.
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
No conjunto, foram analisadas 147 peças, sendo que 142 provêm das camadas 3 e 2, enquanto 5 foram
encontrados em superfície. Embora os dados destas últimas peças sejam incluídos na tabela 1, estes não serão
tidos em conta na discussão final dos resultados. Trata-se, neste último caso, de ligas em que o Pb ocorre de
forma variável, constando, neste grupo de peças descontextualizadas, objetos com composição de um latão
(Cu+Zn) (LEC64), de ligas ternárias (Cu+Sn+Zn) (LEC72, LEC84, LEC93) e um artefato em cobre (LEC127).
Os metais procedentes da camada 3 (Calcolítico Inicial) e da camada 2 (Calcolítico Pleno/Final) foram
produzidos em cobre bastante puro com percentagens variáveis de As, apresentando impurezas de Ni, Ag, Sb,
58
Bi, Pb e Fe. Se considerarmos a totalidade de elementos químicos diferentes do Cu, 88 artefactos em 142 (62%
do total) apresentam percentagens ponderais inferiores a 2%, com um valor médio global de ca. 1,88% (Fig. 9).
O próprio arsénio, cuja adição ao cobre melhora as propriedades da liga ao nível de dureza e de tenacidade,
ocorre, na maior parte das vezes, como elemento vestigial, não ultrapassando a fasquia meramente conven-
cional de 2% em 97 artefatos (ca. 67,6% do total), com uma média que, no total, alcança 1,66±1,06% (Fig. 10).
As análises realizadas sobre o cadinho também confirmam a presença de As nas incrustações (Fig. 11).
É notório, contudo, o longo e polémico debate sobre a presença intencional, ou não, do arsénio, em
ligas de cobre, nas primeiras produções de época calcolítica, inclusive para a Península Ibérica (ROVIRA &
MONTERO-RUIZ, 2013; PEREIRA, et al., 2013). Por um lado, admite-se que o arsénio ocorre como consequência
DASUA PRESENA NOSMIN½RIOSUSADOS NO PROCESSOPRODUTIVO ENTREOUTROS#2!$$/#+ P(5.4
ORTIZ, 2003; ROVIRA, 2004). Por outro, alguns autores admitem que, já nesta época, o arsénio, acima de certas
percentagens, resulte de uma adição intencional por parte dos antigos metalurgistas (entre outros, HARRISON
#2!$$/#+P6ERIFICASEASSIMQUEAOLONGODADISCUSS¼OSOBREESTATEM·TICAAPRÆPRIADEFI-
nição de cobre arsenical carece de unanimidade quanto à sua verdadeira origem e significado. Se, por um lado, se
admite que a presença do arsénio traz benefícios ao nível das propriedades mecânicas do metal a partir de 3-4%
(ROVIRA, 2004, p. 16; ROVIRA & MONTERO-RUIZ, 2013, p. 234), por outro, diversos investigadores consideram
já como um cobre arsenical, um cobre com 1% (MONTERO RUIZ & TENEISHVILI, 1996, p. 79; SOARES, 2005,
p. 185; MÜLLER et al., 2007, 17) ou 2% de As (CARDOSO et al. 2002; PEREIRA et al., 2013).
Não se trata, aqui, de uma mera discussão teórica e/ou tecnológica. Admitir a possibilidade de uma liga ter
sido produzida a partir da mistura, consciente e voluntária, de dois (ou mais) minérios implica admitirmos que
esses primeiros metalurgistas já possuíam um conhecimento bastante avançado das práticas e das técnicas
metalúrgicas, conseguindo ainda controlar de forma suficientemente rigorosa os vários processos envolvidos
na produção de ligas. É óbvio que, neste cenário, não estariam envolvidos apenas conhecimentos sobre as
propriedades mecânicas dos artefactos. Seria de facto necessário recorrer a novas formas de organização do
trabalho e a uma gestão dos recursos naturais e humanos bastante mais complexa, quer ao nível das atividades
de mineração, quer no que diz respeito à própria produção dos metais, o que teria impacto direto sobre a estru-
turação social e económica das comunidades calcolíticas.
Os cobres presentes em Leceia mostram teores de As apresentam uma distribuição normal, com um
máximo entre 1 e 2 %, e a partir desse valor diminuindo drasticamente, até o valor máximo residual de 5%
(Fig. 11). As características desta distribuição evidenciam que a presença de As não resulta de opções tecno-
lógicas voluntárias tomadas por parte dos metalurgistas que produziram as peças, conforme de há muito se
TINHACONCLUÁDO#!2$/3/'5%22!COMBASENAAMOSTRAGEMNUMERICAMENTEMUITOINFERIORQUE
foi então analisada. Deste modo, considera-se que a realidade observada foi a consequência de situações alea-
tórias, designadamente o uso de minérios de cobre com impurezas de arsénio. As análises realizadas sobre
carbonatos de cobre e cobres nativos confirmaram a presença de arsénio nos minérios de cobre do território
português (FERREIRA, 1961, p. 3). Mais recentemente, esta situação foi igualmente documentada através de
análises de carbonatos de cobre provenientes da Sierra Morena (Espanha) ($/-%2'5% 1990, cit. em HUNT
ORTIZ, 2003, p. 323), ou seja, da extremidade oriental da Zona de Ossa-Morena, que, como se referiu anterior-
mente, foi apontada como a área provável de abastecimento das matérias-primas utilizadas em Leceia para a
produção de objetos à base de cobre (MÜLLER & CARDOSO, 2008).
Uma outra explicação – que deve ser conjugada com a primeira, pois ambas são compatíveis – para a
concentração variável de As nas peças de Leceia poderá ter a ver com o aproveitamento de sucata como fonte
de matéria-prima. De facto, durante o processo de refundição de metais reciclados verifica-se uma perda prefe-
59
Fig. 10 – Leceia. Concentração total dos elementos vestigiais pelas categorias artefactuais consideradas.
Fig. 11 – Leceia. Histograma de distribuição do As na totalidade do conjunto analisado.
60
RENCIALDOARS½NIODEVIDOAOSEUCAR·TERVOL·TIL-#+%22%,,49,%#/4%1UERISTODIZERQUENAS
peças produzidas a partir de sucata, o As tende a diminuir progressivamente em relação à composição inicial
dos metais utilizados para a refundição e, neste quadro, já não haveria a possibilidade de controlar o teor
desse elemento químico nas peças produzidas, o que ajudaria a explicar a sua variabilidade ao nível da compo-
sição final de cada objeto. Esta segunda explicação afigura-se consentânea com os resultados obtidos, tendo
presente que uma percentagem relevante de peças corresponde a fragmentos indeterminados, de formas mais
ou menos definidas, que corresponderiam a sucata de cobre aguardando refundição.
Numa escala de análise mais alargada, as afinidades com os dados sobre produção de artefactos de
cobre do 3.º milénio a.C. encontrados em outros sítios do Ocidente Ibérico são evidentes, quanto à concen-
tração de As. De facto, peças calcolíticas com teores de arsénio tendencialmente baixos e com uma distri-
buição aparentemente aleatória foram identificadas em diversos sítios do Noroeste Ibérico (ROVIRA et al.,
1997; COMENDADOR 2%9 1998). No Norte de Portugal assinalam-se os resultados obtidos em Cunho
(Mogadouro) (SANCHES et al., 1985), Vinha da Soutilha (Chaves) (ARAÚJO et al., 1986a), São Lourenço
(Chaves) (ARAÚJO et al., 1986b), Pastoria (Chaves) (ARAÚJO et al., 1986c), Castanheiro do Vento (Vila Nova
de Foz Côa) (VALÉRIO et al., 2014), Castelo Velho de Freixo de Numão (Vila Nova de Foz Côa) (BOTTAINI
et al., 2019), ou ainda no contexto funerário de Chã de Carvalhal (Baião) (CRUZ, 1992; BRIARD et al., 1998).
A mesma situação repete-se noutros sítios mais a sul, quer na própria Estremadura portuguesa, quer
no Sudoeste Ibérico. Quanto à primeira região, recordem-se os trabalhos realizados sobre os metais proce-
dentes dos povoados calcolíticos estremenhos como, por exemplo, Castro de Pragança (*5.'(!.3,
3!.'-%)34%2 SCHRÖDER, 1968) &)'5%)2%$/ et al., 2007), Penedo de Lexim (Mafra) (SOUSA et al.,
2004), Vila Nova de São Pedro (MÜLLER et al., 2008; PEREIRA et al., 2013), Zambujal (MÜLLER et al., 2007),
Outeiro Redondo (PEREIRA et al., 2013; CARDOSO, 2019) e Moita da Ladra (CARDOSO, 2014; PEREIRA
et al., 2015). Em relação à segunda, para além de trabalhos com cariz mais regional ('-%: RAMOS 1999;
HUNT ORTIZ 2003; "!9/.! 2008; ROVIRA et al., 2016, entre outros), vale a pena recordar as análises reali-
zadas sobre materiais procedentes do Outeiro de São Bernardo (Moura) (CARDOSO et al., 2002), Porto das
Carretas (VALÉRIO et al., 2007), Bela Vista 5 (Beja) (BOTTAINI et al., 2014), Atalaia do Peixoto (Serpa), São
Pedro (Redondo), Três Moínhos (Beja), Tholos de Caladinho (Redondo) (ORESTES 6)$)'!, et al., 2015),
Vila Nova de Mil Fontes (BOTTAINI et al., 2018a), São Brás (Serpa) (VALÉRIO et al., 2019) e Perdigões
(Reguengos de Monsaraz) (BOTTAINI et al., 2018b).
Relativamente à presença do As, os dados de Leceia permitem avançar com mais uma observação susten-
tada pelo enquadramento estratigráfico dos materiais analisados. De facto, considerando as concentrações
de As nos artefatos das Camadas 3 e 2, respetivamente atribuídas ao Calcolítico Inicial e ao Calcolítico
Pleno/ Final, verifica-se que os objetos procedentes da Camada 3 apresentam teores de As perfeitamente
comparáveis com os valores detetados nos metais da Camada 2 (Fig. 12). Recorde-se ainda que o próprio
cadinho, tal como anteriormente mencionado, também procedente da Camada 3, apresenta ele próprio vestí-
gios de As. Apesar de o número de elementos relacionados com a metalurgia encontrados na Camada 3
ser bastante mais reduzido do que os da Camada 2, os dados disponíveis sugerem que o As fez parte da
metalurgia de Leceia desde a sua introdução e que, aparentemente, não houve qualquer alteração signifi-
cativa, quanto à sua concentração e variabilidade ao longo do Calcolítico Pleno/Final, isto é, até ao final do
3.º milénio a.C.
Uma outra questão que importa analisar é a variabilidade do arsénio em função da tipologia dos objetos,
com o intuito de perceber se será percetível alguma correlação entre a concentração e distribuição do arsénio
e o tipo de peça produzido. Em trabalhos anteriores tem sido avançada a hipótese de determinados tipos metá-
61
Fig. 12n,ECEIA%SPETROSDE82&DASAN·LISESREALIZADASSOBREASINCRUSTAÊESDEMETALADERENTES
na superfície interna do cadinho (ver Fig. 8).
Fig. 13n,ECEIA4EORESDE!SIDENTIlCADOSNOSOBJECTOSRECOLHIDOSNASDUASCAMADASDEOCUPA¼OIDENTIlCADAS
evidenciando-se clara continuidade composicional entre ambas.
62
licos apresentam teores de arsénio mais elevados do que outros. Advogaram-se, para explicar esta possível
oscilação, razões de cariz socio-cultural, vinculadas nomeadamente com a cor prateada das ligas mais ricas em
arsénio que refletiriam o estatuto social mais elevado dos indivíduos a elas associados (VALÉRIO et al., 2016;
VALÉRIO et al. 2019).
No caso de Leceia não parece possível associar padrões composicionais característicos a tipos metálicos,
assistindo-se, contrariamente ao afirmado em MÜLLER & CARDOSO (2008) com base num número mais redu-
zido de análises, a uma distribuição aleatória do arsénio entre as diversas tipologias de artefactos (Fig. 13): os
machados, por exemplo, apresentam valores de As que variam entre 0,216 % e 3,68%, com uma média de 1,76%;
o As nos punções oscila entre 0,03 % e 4,49%, com uma média de 1,52%; nos escopros varia entre 0,095 %e 3,93%,
com uma média de 1,68%; no grupo dos elementos indeterminados, a dispersão do As mantém-se pronunciada,
com teores entre 0,034 % e 5,07 %, com uma média de 1,62 %; para os 2 punhais e as 2 lâminas, considerados
aqui num mesmo grupo, o As varia entre 1,47 e 4,78%, atingindo uma média de 2,74%; e, finalmente, o grupo
das serras, com o As entre 0,743 e 4,04% e média de 2,2%. A variabilidade dos valores de As obtidos para cada
grupo tipológico considerado, vem demonstrar, por um lado, a presença aleatória de As em cada um deles e,
consequentemente, a impossibilidade de estabelecer qualquer relação entre tais teores e a respectiva tipologia.
5 – CONCLUSÕES
O conjunto dos artefactos metálicos ou vinculados à metalurgia (cadinho) agora estudados resultaram
das escavações arqueológicas realizadas no povoado de Leceia (Oeiras) sob a direcção de um de nós (J.L.C.),
procedendo de contextos atribuíveis ao Calcolítico Inicial (2800-2600/2500 a.C.) e, maioritariamente, ao
Calcolítico Pleno/Final (ca. 2600/2500-2000 a.C.), perfazendo 144 artefactos a que se somam três argolas de
bronze. Estas são compatíveis com a ténue ocupação da Idade do Bronze já identificada anteriormente no local
através do achado de um machado de alvado e uma argola.
As peças agrupam-se em diversas categorias tipológicas ligadas a atividades de subsistência e do dia-a-dia,
que se enquadram claramente nas produções calcolítica do Ocidente Ibérico, com abundantes paralelos em
sítios contemporâneos. É excepção uma ponta de seta, de tipologia distinta das pontas Palmela, por possuir
uma ténue crista longitudinal na folha, bem patente em ambos os lados, ausente naquelas.
Do ponto de vista analítico, trata-se de produções de cobre com teores variáveis – mas tendencialmente
baixos – de arsénio e outros elementos secundários. Dados os baixos teores destes elementos minoritários, os
mesmos não afetam as propriedades mecânicas de um cobre puro. A natureza química das peças enquadra-se
igualmente no que já é conhecido sobre a primeira metalurgia do Ocidente Ibérico.
Os níveis de As em geral baixos, centrados entre 1 % e 2 % e a sua distribuição unimodal, que não ultra-
passa 5 %, levou à conclusão que a sua presença possa ser imputada, não a uma adição voluntária, mas sim
ao uso de matérias-primas (sejam elas sucatas ou minérios de cobre) com As. Deste modo, conclui-se que os
metalurgistas de Leceia não valorizaram as vantagens que a presença de arsénio poderia conferir às proprie-
dades mecânicas dos objetos produzidos, tal como deve ter sucedido na generalidade das produções calco-
líticas já estudadas no Ocidente Ibérico. Com efeito, a análise da correspondência entre os teores de As e a
tipologia das peças evidenciou completa ausência de correlação, observando-se, em qualquer grupo tipológico
considerado, idêntica variação dos teores de As.
A falta, no registo arqueológico, de minérios procedentes de contextos arqueológicos, por um lado, e a
presença de vários elementos ligados à cadeia operatória do metal, desde os lingotes aos resíduos de fundição,
63
passando pela ocorrência de um único fragmento de cadinho, sugere que o metal chegaria a Leceia, prova-
velmente da Zona de Ossa Morena, sob forma de lingotes propriamente ditos, de que se conhecem diversos
exemplares, ou de lingotes/machados planos e era ali transformado, através de refundição ou de trabalho de
forja, para a produção de novos objetos. Com efeito, é notória a escassez de resíduos de fundição e sobretudo
de cadinhos, comparativamente ao observado em povoados de muito menores dimensões, como é o caso de
Moita da Ladra ou do Outeiro Redondo, sugerindo que o trabalho do metal em Leceia seria feito essencial-
mente a partir de lingotes de cobre importados do Alentejo, localmente retrabalhados a quente ou a frio, de
que existem diversos exemplares, incluindo alguns com evidências de seccionamento (Fig. 7, n.º 8), para além
dos machados de cobre com serragem dos gumes, eles próprios assim transformados em lingotes.
É de realçar que em Leceia a produção de metais se iniciou logo no Calcolítico Inicial, fase a que pertence,
entre outros, o único fragmento de cadinho, intensificando-se na transição do segundo para o terceiro quartel
do 3.º milénio a.C.. Quer isto dizer que os objetos procedentes de Leceia pertencem a um arco temporal de
aproximadamente 800 anos, tendo presentes os resultados das análises de radiocarbono para cerca de 95% de
probabilidade. Considerando esta diacronia e apesar de Leceia se destacar, ao nível de Ocidente Ibérico, como
um dos centros calcolíticos com maior quantidade de materiais vinculados à prática da metalurgia, o quadro
geral confirma a existência de uma produção de metais em pequena escala, provavelmente alicerçada em
práticas de reciclagem e destinada à produção de objetos morfologicamente pouco elaborados, com funciona-
lidades específicas, que os seus equivalentes de madeira, osso ou pedra teriam mais dificuldade em assegurar,
e sempre a uma escala doméstica.
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia através do Projecto
UID/Multi/04449/2013 (Laboratório HERCULES/Universidade de Évora) e pelo Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa COMPETE2020, POCI-01-0145-FEDER-007649.
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COPPERHOARDANDTHE"ELL"EAKERMETALLURGYIN37)BERIAArchaeometry. 61 (2), p.\392-405.
... O equipamento utilizado foi um espectrómetro Bruker Tracer III-SD. As caraterísticas específicas do equipamento assim como a metodologia de análise adoptada no estudo dos metais do Outeiro Redondo foram descritas em trabalho anterior (CARDOSO et al., 2020), respeitante a estudo comparável realizado sobre o conjunto recuperado no povoado pré-histórico de Leceia. ...
... Independentemente deste tipo de questões, importa realçar que os metais do Outeiro Redondo aparentam uma quantidade de arsénio tendencialmente bastante reduzida, não mostrando nenhuma evidência sobre a possibilidade deste elemento ter sido intencionalmente adicionado ao longo do processo produtivo das peças. A distribuição unimodal do As observável no Outeiro Redondo, igualmente valorizada, por exemplo, em Leceia (CARDOSO & GUERRA, 1997/1998CARDOSO et al., 2020), constitui indício importante nesse sentido. A variabilidade natural do arsénio nas peças do Outeiro Redondo parece ainda confirmada ao se analisarem os dados numa perspetiva cronológica, não sendo possível identificar qualquer diferença estatisticamente relevante na concentração deste elemento químico entre os objetos adscritos à última fase do Calcolítico Inicial e ao Calcolítico Pleno/Final (Fig. 11 A). ...
... A comparação dos dados agora obtidos com os de Leceia, cujos metais foram analisados com o mesmo equipamento e em idênticas condições experimentais (CARDOSO et al., 2020), verifica-se, no conjunto do Outeiro Redondo, que o As apresenta um valor médio global ligeiramente mais elevado, com uma média de 2,0±1,0% As (mediana 1,95% As) contra 1,65±1,05% As (mediana 1,5% As) de Leceia (Fig. 11 B). ...
Article
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The metallic artefacts collected in the walled chalcolithic settlement of Outeiro Redondo. Compositional studies using the X-ray fluorescence spectrometry method. This study is based on the analysis of copper metal alloys from 109 artifacts collected in the excavations carried out in the walled Chalcolithic settlement of Outeiro Redondo (Sesimbra) using X‑ray fluorescence and compares these results with those obtained by the same team in the walled Chalcolithic town of Leceia, about 50 km away. It was concluded that the compositions of the metallic alloys did not differ during the two phases of occupation verified of the settlement, that dates back to the end of the Early Chalcolithic and the Full/Late Chalcolithic, encompassing an interval of about 500 years. It was also concluded, based on the comparative exercise carried out with the results obtained in Leceia, and in other Chalcolithic sites in the Portuguese territory, that the presence of arsenic in the studied copper alloys assumes an occasional character, resulting from the nature of the ores used, and not from any intentional addition; in fact, it appears that the arsenic frequency curves obtained for both sites show a normal Gaussian distribution, although the average levels of arsenic in Outeiro Redondo are slightly higher than those found in Leceia. It was noted, however, the presence of higher levels of arsenic in a specific type of instrument analysed, the saws or handsaws, compared to the rest of the artifacts, both in Outeiro Redondo and in Leceia. Keywords: Outeiro Redondo; walled settlement; Chalcolithic; copper; arsenic
... Tais exemplares são comuns em contextos habitacionais do Calcolítico Pleno/Final, sendo testemunho de operações metalúrgicas realizadas nos respectivos povoados. É o caso dos exemplares recolhidos no povoado de Leceia, na Camada 2 correspondente ao Calcolítico Pleno/Final (CARDOSO, 1994;CARDOSO et al., 2020), Moita da Ladra (CARDOSO, 2014 a, Fig. 53), e Outeiro Redondo, Sesimbra (CARDOSO, 2019, Fig. 150, n.º 1 a 20). ...
Article
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The Chalcolithic occupation of the hillside of Sant´Ana (Lisbon). The Chalcolithic ceramic and metal remains collected in preventive archaeological excavations carried out at the Encosta de Sant’Ana (hillside of Sant´Ana) settlement (Lisbon) are studied. The decorated ceramic set, mostly belonging to the bell-beaker complex, despite being small, is of great interest, due to the diversity of patterns and decorative techniques, the incised technique being largely dominant, coexisting with the ceramic productions of the “acacia leaf” group that occur in less quantity. The presence of such vestiges, which culturally prove the occupation of the site during the Full/Late Chalcolithic, along with its implantation characteristics on the ground have equivalent in other known occurrences in the region of the same period, revealing a complex picture in the occupation strategy of the territory and exploitation of the respective resources during the second half of the 3rd millennium BC. Keywords: Bell-Beaker; Encosta de Sant´Ana; Lisbon
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Apresenta-se a síntese dos resultados obtidos nas oito campanhas arqueológicas de escavações realizadas no povoado calcolítico fortificado do Outeiro Redondo (Sesimbra) entre 2005 e 2016 sob direcção do signatário. / In this study we present the results of the archaeological excavations at the fortified Chalcolithic settlement of Outeiro Redondo, Sesimbra between 2005 and 2016, directed by the author.
Article
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In this study, Monte Carlo (MC) simulations combined with energy dispersive X-ray fluorescence (EDXRF) spectroscopy have been used to characterize non-destructively a collection of Cu-based artifacts recovered from two archeological sites in southern Portugal: (a) the Chalcolithic E.T.A.R. site of Vila Nova de Mil Fontes and (b) the Middle Bronze Age site of Quinta do Estácio 6. The metal artifacts show a multilayered structure made up of three distinct layers: (a) brownish carbonate soil-derived crust, (b) green oxidized corrosion patina, and (c) bulk metal. In order to assess the reliability of the EDXRF-based Monte Carlo simulations to reproduce the composition of the alloy substrate in archeological bronze artifacts without the need to previously remove the superficial corrosion and soil derived patinas, EDXRF analysis together with scanning electron microscopy with energy dispersive X-ray spectroscopy (SEM-EDS) was also performed on cleaned and patina-/crust-coated areas of the artifacts. Characterization of the mineralogical composition of the corrosion products in the surface patinas was further determined by means of X-ray diffraction (XRD). Results suggest that the adopted EDXRF/Monte Carlo protocol may represent a safe and fast analytical approach in the quantitative characterization of the bulk chemical composition of Cu-based metal artifacts even in the presence of fairly thick corrosion patinas and/or soil-derived encrustations at the surface of the archeological objects.
Chapter
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The pre‑historic settlement of Outeiro Redondo located near Sesimbra is an important archaeological site of the Portuguese Estremadura region, predominantly occupied during the Full/Late Chalcolithic period (second half of the 3rd millennium B.C.). The present study focuses on the elemental and microstructural characterization of a group of 12 copper‑based artefacts and a crucible fragment recovered from this settlement, contributing to the understanding of the Chalcolithic metallurgy in this geographic area. The applied methodology consisted of energy dispersive X‑ray fluorescence spectrometry, optical microscopy, scanning electron microscopy with energy dispersive spectrometry and Vickers microhardness. Arsenic is present in all the metallic fragments, – whether as impurity (<2 wt%), or as an alloying element (>2 wt%) – which exhibit microstructural features characteristic of several thermomechanical processes. The crucible shows evidence of use in metallurgical operations, namely smelting.
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Neste trabalho serão apresentados os cinquenta e três artefactos relacionados com o simbólico recolhidos no povoado pré-histórico de Leceia (Oeiras), de cerâmica, osso e pedra polida ou afeiçoada. Embora alguns já tenham sido por diversas vezes publicados, é a primeira vez que se apresenta um estudo do conjunto sobre a colecção reunida, no decurso das escavações ali realizadas entre 1983 e 2002, incluindo os que até agora se mantinham inéditos.
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O objectivo deste trabalho é o de dar a conhecer o conjunto dos materiais de pedra polida até o presente recuperados nas escavações dirigidas pelo signatário no povoado pré-histórico de Leceia, desde 1983. Trata-se, pois, de recolhas efectuadas no decurso dos últimos 18 anos, correspondentes à escavação de uma área superior a 10 000 m2. Todos os materiais susceptíveis de neles se identificarem pelo menos alguns dos atributos tipológicos considerados foram desenhados: deste modo, é possível confrontação directa, por parte do leitor, com cada uma das peças estudadas. Este trabalho não esgota o assunto: é desejável que alguns dos aspectos agora tratados sejam discutidos de forma mais aprofundada em estudos ulteriores. No entanto, a relevância das conclusões ora apresentadas encontra-se assegurada à partida não só pela riqueza e variedade tipológica das 184 peças que integram o conjunto, aspecto que se afigura singularmente importante, mas, sobretudo, pelas informações estratigráficas associadas a cada uma delas: assim se apresentaram, pela primeira vez, no concernente ao nosso País, considerações quanto à evolução da utensilagem ao longo de um período de cerca de 1000 anos, entre o último quartel do IV milénio e o terceiro quartel do III milénio AC, e quanto às alterações verificadas no âmbito das respectivas matérias-primas utilizadas, ou seja, sobre as próprias fontes de abastecimento a que, no referido intervalo de tempo, sucessivamente se recorreu, com evidentes incidências económicas à escala inter-regional.
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A raridade de restos ictiológicos, entre os espólios da generalidade das estações arqueológicas, deve-se, nalguns casos, mais às deficiências de recolha ou de conservação, do que à escassez do consumo de pescado, ao menos naquelas que, pela sua posição geográfica, o viabilizassem. Com efeito, a maioria das escavações arqueológicas têm sido efectuadas, apenas, com recurso à crivagem manual de terras, no próprio local dos trabalhos. Assim, é óbvio que todos os restos com dimensões inferiores à da malha usualmente utilizada - 0,5 cm - acabam por se perder. Porém, a alternativa ideal não seria exequível, ao menos em casos como Leceia: recolher milhares de metros cúbicos de terras, transportá-los para o laboratório e proceder, aí, às morosas operações conducentes à recolha de todos os restos potencialmente existentes, constituiria tarefa obviamente irrealizável, mesmo se tivéssemos no País recursos técnico-científicos à altura. A estratégia que adoptámos foi a de proceder à recolha integral de sedimentos apenas nos locais potencialmente mais favoráveis, em particular no enchimento de lareiras conectáveis com recintos habitacionais, os quais perfizeram, apesar da exiguidade de tais estruturas, vários metros cúbicos de terras. O estudo de tais restos, obtidos por triagem à lupa binocular, encontra-se em curso. Os resultados já obtidos evidenciam, outrossim, a vantagem de seguir, sistematicamente, tal critério, especialmente nos locais onde seja propícia a concentração de ecofactos. Neste trabalho estudam-se apenas os materiais ictiológicos recolhidos manualmente na crivagem de terras, no decurso das escavações dirigidas por um de nós (J.L.C.), desde 1983, neste povoado pré-histórico. Correspondem a 7000 m2 de área escavada, cerca de 70% da superfície primitiva do arqueossítio (CARDOSO, 1994). Não se trata, pelas limitações apontadas, de uma amostragem completa; faltam as peças menores. Os resultados obtidos sugerem algumas conclusões preliminares que justificam divulgação, até pela quase ausência de elementos disponíveis, no nosso País, sobre o assunto. A identificação taxonómica foi da autoria do primeiro dos signatários. A coordenação esteve a cargo do segundo.
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Na campanha de escavações de 1986 realizadas no povoado pré-histórico de Leceia (Oeiras) recolheu-se um artefacto de cobre em local adjacente à linha defensiva mais interior (a 3ª), em camada de derrube do Bastião C. Trata-se da Camada 2, de onde provêm todos os seus homólogos, o que faz crer que a prática da metalurgia só ali tenha sido introduzida no Calcolítico pleno, período cultural representado pela referida camada tendo-se, porém, generalizado rapidamente, como sugere a cerca de centena e meia de artefactos de cobre até agora recolhidos. O facto de corresponder a objecto volumoso, dos maiores recolhidos na jazida, não obstante ser desprovido de forma definida, susceptível de se lhe poder atribuir qualquer função ou finalidade, justificava estudo mais aprofundado, até porque, sendo o cobre uma substância de grande valor na época e, para mais, desconhecido na região, mal se compreendia a ocorrência de uma importante massa metálica, como esta, aparentemente sem qualquer utilização objectiva. Desta forma, foi solicitado ao segundo signatário que procedesse a análise metalográfica da liga, por forma a obter elementos conducentes à caracterização arqueometalúrgica do artefacto, incluindo a sua finalidade.
Article
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Em Leceia, identificaram-se quatro fases culturais e cinco fases construtivas, com início no Neolítico Final e terminus no Calcolítico Pleno, coincidente, na sua parte final, com a eclosão do “fenómeno” campaniforme. Tal realidade encontra-se articulada directamente com a sequência estratigráfica observada.