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ESTUDOS
ARQUEOLÓGICOS
DE OEIRAS
Volume 26 • 2020
Instituições, personalidades e espólios arqueológicos
contributos para a Arqueologia portuguesa
%DITOR#IENTÁlCO*O¼O,UÁS#ARDOSO
2020
CÂMARA MUNICIPAL DE OEIRAS
Estudos Arqueológicos de Oeiras é uma revista de periodicidade anual, publicada em continuidade desde 1991, que privilegia,
exceptuando números temáticos de abrangência nacional e internacional, a publicação de estudos de arqueologia da Estremadura em
geral e do concelho de Oeiras em particular para além de contributos sobre a História da Arqueologia.
0OSSUIUM#ONSELHO!SSESSORDO%DITOR#IENTÁlCOASSIMCONSTITUÁDO
– Dr. Luís Raposo (Museu Nacional de Arqueologia, Lisboa)
– Professor Doutor João Zilhão (Universidade de Barcelona e ICREA)
– Professor Doutor Nuno Bicho (Universidade do Algarve)
– Professor Doutor Alfredo Mederos Martín (Universidade Autónoma de Madrid)
– Professor Doutor Martín Almagro Gorbea (Universidade Complutense de Madrid)
– Professora Doutora Raquel Vilaça (Universidade de Coimbra)
ESTUDOS ARQUEOLÓGICOS DE OEIRAS
6OLUMEs )33.
EDITOR CIENTÍFICO – João Luís Cardoso
D ESENHO E FOTOGRAFIA – Autores ou fontes assinaladas
PRODUÇÃO – Gabinete de Comunicação / CMO
CORRESPONDÊNCIA – Centro de Estudos Arqueológicos do Concelho de Oeiras
Fábrica da Pólvora de Barcarena
Estrada das Fontainhas
"!2#!2%.!
Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos Autores.
É expressamente proibida a reprodução de quaisquer imagens sobre as quais
existam direitos de autor sem o prévio consentimento dos signatários dos
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ORIENTAÇÃO GRÁFICA E
REVISÃO DE PROVAS – João Luís Cardoso e Autores
PAGINAÇÃO – César Antunes
IMPRESSÃO E ACABAMENTOn'RAlCAMARES,DA!MARES4EL
DEPÓSITO LEGAL:
41
Estudos Arqueológicos de Oeiras
26, Oeiras, Câmara Municipal, 2020, p. 41-66
ISSN: 0872-6086
O ESPÓLIO METÁLICO DO POVOADO PRÉ-HISTÓRICO DE LECEIA (OEIRAS)
INVENTARIAÇÃO E ESTUDO ANALÍTICO
THE METALLIC ARTIFACTS OF THE PREHISTORIC FORTIFIED SETTLEMENT
OF LECEIA (OEIRAS)
INVENTORY AND ANALYTICAL STUDY
J. L. Cardoso
(1)
, C. Bottaini
(2,3)
, J. Mirão
(2)
, R. J. Silva
(4)
& R. Bordalo
(2,5)
*
Abstract
This paper presents the results of a study carried on a collection of 144 metal artefacts from the Early (ca. 2800-2600/2500 a.C.) and the
Middle/Final Chalcolithic (ca. 2600/2500-2000 a.C.), found at the site of Leceia (Oeiras, Central Portugal) during the excavations conducted
between 1983 and 2000. A systematised analysis of the collection was provided in order to enumerate the different typologies found in the
site and to determine their chemical composition. From a typological point of view, a great diversity of artifacts was found, namely, punches,
lSHHOOKSmATAXESCHISELSSAWSINGOTSANDFOUNDR YREMNANTS%LEMENTALANALYSISBY8RAY&LUORESCENCESHOWSTHATTHEARTEFACTSWERE
MADEOF COPPERWITHAVARIABLEOCCURRENCEOFARSENIC NICKELSILVER ANTIMONYBISMUTHLEADANDIRON)NTHISPAPERDATAISEXPOSEDAND
discussed within the regional early metallurgy.
Keywords #ENTRAL0ORTUGAL82&#HALCHOLITIC%ARLYMETALLURGY
1 – INTRODUÇÃO
Os trabalhos recentemente realizados sobre a primeira metalurgia do território português têm vindo a
realçar o papel da Estremadura portuguesa enquanto uma das regiões chave para a compreensão das dinâ-
micas vinculadas à introdução e à consolidação da prática metalúrgica no Ocidente Ibérico. Os dados proce-
dentes de vários sítios da região estremenha revelam um quadro caraterizado pela presença de povoados
fortificados de época calcolítica de médias e grandes dimensões, i.e. Outeiro de São Mamede (Bombarral)
(Fig. 1, n.º 1), Castro de Pragança (Cadaval) (Fig. 1, n.º 2), Vila Nova de São Pedro (Azambuja) (Fig. 1, n.º 3),
:AMBUJAL4ORRES6EDRAS&IGN-OITADA,ADRA6ILA&RANCADE8IRA&IGN,ECEIA/EIRAS
(Fig. 1, n.º 6) e Outeiro Redondo (Sesimbra) (Fig. 1, n.º 7), em que a presença de vestígios ligados à produção
e uso de objetos metálicos é documentada ao longo do 3.º milénio a.C.
Neste quadro, Leceia detém um papel de primeiro plano, tratando-se do único dos grandes povoados regio-
nais para o qual se conhece uma estratigrafia de ampla diacronia e baseada em datações radiométricas que
* (1) Universidade Aberta. Centro de Estudos Arqueológicos do Concelho de Oeiras/Câmara Municipal de Oeiras. ICArEHB
(Universidade do Algarve. (2) Laboratório HERCULES, Universidade de Évora. (3) CityUMacau Chair in Sustainable Heritage, Universidade
de Évora. (4) Universidade Nova de Lisboa, CENIMAT. (5) Universidade Católica, Porto.
42
permitem um claro enquadramento cronológico e cultural do processo que conduziu à introdução e desenvol-
vimento da metalurgia do cobre no povoado e na região da Estremadura.
Em Leceia, a prática da metalurgia aparece documentada já no Calcolítico Inicial (ca. 2800-2600/2500 a.C.),
generalizando-se, contudo, numa fase bastante avançada da história do sítio, no Calcolítico Pleno/Final (ca.
2600/2500-2000 a.C.), altura em que a fortificação já se encontrava parcialmente abandonada.
De acordo com o registo arqueológico, conhecem-se diversos grupos de artefactos, à semelhança do que
é documentado noutros povoados estremenhos, como machados planos, cinzeis, punções, serras/foices e
anzóis, entre outros, com formas muito características respeitando modelos supra-regionais, cuja produção
local, pelo menos nalguns casos, é comprovada pela presença de restos de fundição. É interessante observar,
contudo, que tais restos não são via de regra acompanhados de cadinhos de fundição, dado que apenas se
conhece um exemplar recolhido em contexto do Calcolítico Inicial faltando pois na época a que corresponde a
quase totalidade do espólio metálico.
Apesar de os estudos sobre composições de peças arqueológicas de cobre utilizando métodos não destru-
tivos terem sido executados pela primeira vez em Portugal sobre espólios de Leceia, com uso de Fluorescência
DE RAIOS8 82& '), &%22%)2! #!2$/3/ O RICO ESPÆLIO MET·LICO ENCONTRADO AO LONGO DAS
campanhas de escavação conduzidas entre 1983 e 2000 por um de nós (J. L. C.) ainda não tinha sido estudado
Fig. 1 – Localização dos principais sítios calcolíticos da Estremadura com espólios metálicos já estudados. 1 – Outeiro de São Mamede;
2 – Pragança;3 – Vila Nova de São Pedro; 4 – Zambujal; 5 – Moita da Ladra; 6 – Leceia; 7 – Outeiro Redondo.
43
na sua globalidade e de forma detalhada. Tal situação contrastava com o verificado para outros conjuntos de
materiais, i.e. pedra polida (CARDOSO, 1999/2000; CARDOSO, 2004), cerâmicas (CARDOSO, 2007), objetos
ideotécnicos (CARDOSO, 2009) e objetos de pedra lascada (CARDOSO & MARTINS, 2013).
No entanto, um grupo selecionado de metais tinha já sido alvo de contributos muito importantes, com
recurso a técnicas analíticas à data inovadoras para o panorama arqueometalúrgico do território português. É o
caso do estudo metalográfico de um lingote de cobre (CARDOSO & FERNANDES, 1995), de análises químicas
RECORRENDOAT½CNICASDE82&&AST.EUTRON!CTIVATION!NALYSIS&.!!E,ASER!BLATION)NDUCTIVELY#OUPLED
Plasma Mass Spectrometry (LA-ICP-MS) (CARDOSO & '5%22! 1997/98). Mais tarde, com o objetivo de
procurar identificar as fontes de matéria-prima, realizou-se um estudo que contemplou, primeiro, análises por
%NERGY$ISPERSIVE8RAYFLUORESCENCEANALYSIS%$82&EDEPOISPOR-ULTI#OLLECTOR)NDUCTIVELY#OUPLED
Plasma Mass Spectrometry (MC-ICP-MS) (MÜLLER & CARDOSO, 2008). Os resultados obtidos indicavam
uma origem provável do cobre na Zona de Ossa Morena, onde o cobre se associava a corpos filoneanos de
quartzo tardi-hercínicos, em mineralizações disseminadas.
Dado o rico espólio metálico encontrado em Leceia e tendo ainda em conta que, até à data, ainda não se
tinha procedido a um trabalho de conjunto sobre a totalidade da coleção, tendo também presente a diversidade
dos instrumentos nela representados, pretende-se, com o presente contributo, dar a conhecer a composição,
ATRAV½SDEUMESPECTRÆMETROPORT·TILDEFLUORESC¾NCIADERAIOS8P82&DASPEASENCONTRADASNODECORRER
das duas décadas de escavações, a par da correlação com as características morfológicas e funcionais dos
exemplares analisados.
2 – A METALURGIA EM LECEIA. CONTEXTUALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS ACHADOS
2.1 – Os contextos
As três fases culturais e as cinco fases construtivas identificadas em Leceia entre o Neolítico Final e o
final do Calcolítico distribuem-se ao longo de quase 1500 anos para um intervalo de confiança de cerca de 95%,
desde a segunda metade do 4.º milénio a.C. e o final do 3.º milénio a.C.
/ESPÆLIO MET·LICO QUEPERFAZUMPESODE CA KGOCORREAPARTIRDACAMADA CORRESPONDENTE AO
Calcolítico Inicial (Camada 3) (2800-2600/2500 a.C., de acordo com SOARES & CARDOSO, 1995), embora a
metalurgia esteja nela presente de forma marginal, representada por apenas nove artefactos e um fragmento
de cadinho de fundição. É na Camada 2, enquadrável na segunda metade do 3.º milénio a.C., com espólios
do Calcolítico Pleno/Final da Estremadura que ocorre a quase totalidade das evidências vinculadas à meta-
lurgia (Fig. 2).
Tendo presente a distribuição de espólios metálicos na área escavada respeitante à Camada 2, verifica-se
que as ocorrências no exterior da linha defensiva mais avançada são residuais, ao mesmo tempo que os
espólios se concentram no espaço intramuros mais elevado do povoado, que foi o último a deixar de ser
ocupado, no decurso do Calcolítico Pleno/Final. Deste modo, pode concluir-se que foi a dinâmica popu-
lacional aqui observada no decurso do 3.º milénio a.C., e que levou a que determinadas áreas do espaço
anteriormente habitado fossem progressivamente abandonadas, que explica a distribuição dos espólios
metálicos exumados, os quais não foi possível associar a estruturas específicas de produção. É exceção a
ocorrência de um anzol de cobre (Fig. 6, n.º 9), o qual provém do interior de uma lareira onde teria sido
confecionado o peixe que o continha.
44
Fig. 2 – Leceia. Distribuição dos artefactos pelos diversos contextos na camada 2, Calcolítico Pleno/Final (em cima)
e pela camada 3, Calcolítico Inicial (em baixo).
45
Fig. 3 – Leceia. Punções e escopros. Desenhos de B. L. Ferreira.
46
Fig. 4 – Leceia. Facas espatuladas, formões/raspadeiras e serras. Desenhos de B. L. Ferreira.
47
Fig. 5 – Leceia. Facas, peças indeterminadas, punções e lingote. Desenhos de B. L. Ferreira.
48
Fig. 6 – Leceia. Ponta de seta, argolas (Idade do Bronze), punção/artefacto de fazer rede, peças indeterminadas, anzóis e escopros.
Desenhos de B. L. Ferreira.
49
Fig. 7 – Leceia. Resíduos de fundição, lingotes, machados planos, peças indeterminadas e faca/punhal. Desenhos de B. L. Ferreira.
50
2.2 – Os materiais
A distribuição tipológica conduziu aos resultados apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 – Resultados analíticos obtídos nos 147 artefactos estudados de Leceia, incluindo 3 argolas da Idade do Bronze.
Ref. Lab ID peças Tipo Cu As Ni Ag Sb Bi Pb Fe Sn Zn Camada Fig.
LEC01 LC/86 P restos metálicos 99,17 0,745 0 0,02 0,01 0 0,025 0,03 0 0 2
6.11,
6.12,
6.13
LEC02 LC casa EV C2 faca espatulada 98,27 1,71 0 0,007 0 0 0,013 0 0 0 2 4.12
LEC03 LC/93 sobre FB C2 lingote 99,18 0,216 0 0,18 0,223 0,044 0,117 0,04 0 0 2 5.8
LEC04 ,#88# ponta de seta 99,41 0,501 0 0,03 0,023 0 0,035 0,001 0 0 2 5.1
LEC05 LC/88 N CC C2 machado plano 96,26 3,68 0 0,025 0 0 0,025 0,01 0 0 2 6.2
LEC06 LC 3,4 C2 indeterminado 99,14 0,845 0 0,007 0 0 0,008 0 0 0 2 6.9
LEC07 LC/90 lag. EL C2 indeterminado 99,84 0,034 0 0,033 0,018 0 0,031 0,044 0 0 2 6.10
LEC08 LC/90 EP C2 machado plano 97,93 1,9 0 0,06 0 0 0,041 0,069 0 0 2 5.15
LEC09 LC/87 QI C2 machado plano 99,07 0,864 0 0,02 0 0 0,026 0,02 0 0 2 6.4
LEC10 LC EV C2 faca/punhal 98,44 1,47 0 0,033 0,015 0 0,032 0,01 0 0 2 6.1
LEC11 LC/84 A2 anzol 98,87 1,02 0 0,04 0 0 0,06 0,01 0 0 2 5.9
LEC12 LC/86 casa P C2 formão / raspadeira 99,28 0,66 0 0,025 0,013 0 0,022 0 0 0 2 3.3
LEC13 ,#%(88)# faca espatulada 98,43 1,5 0 0,022 0,008 0 0,04 0 0 0 2 3.8
LEC14 LC/87 QI C2 escopro 98,16 1,72 0 0,03 0,005 0 0,013 0,072 0 0 2 5.16
LEC15 LC/84 V2 Q5 C2 escopro 99,8 0,095 0 0,04 0,005 0 0,02 0,04 0 0 2 5.14
LEC16 LC/8 int C.E. C2 punção 98,55 1,36 0 0,013 0,03 0 0,032 0,015 0 0 2 2.1
LEC17 LC/84 uu QI C2 serra 97,14 2,83 0 0 0 0 0,027 0,003 0 0 2 3.11
LEC18 LC/88 C2 indeterminado, chapa 96,17 2,3 1,21 0,074 0,145 0,026 0,075 0 0 0 2 4.9
LEC19 LC/88 M.SS C2 punção 99,54 0,386 0 0,028 0,02 0 0,025 0,001 0 0 2 2.21
LEC20 ,#'!# formão / raspadeira 98,66 1,16 0 0,066 0,045 0,009 0,06 0 0 0 2 3.1
LEC21 LC/87 QI C2 indeterminado, chapa 96,92 3,01 0 0 0,012 0 0,023 0,035 0 0 2 4.14
LEC22 LC/84 35 A V4 Q1 indeterminado, chapa 98,45 1,32 0 0,065 0,071 0,008 0,065 0,021 0 0 2 6.5
LEC23 LC/88 C3 indeterminado 97,7 2,02 0 0,09 0,07 0,031 0,074 0,015 0 0 3 4.5
LEC24 LC/91 ENTRE EP/
ER C2 escopro 98,77 1,15 0 0,02 0,01 0 0,039 0,011 0 0 2 5.10
LEC25 LC/87 E C2 serra 96,15 3,26 0 0,167 0,149 0,113 0,142 0,019 0 0 2 3.7
LEC26 LC/84 V2 Q5 C2 serra 98,87 1,06 0 0,025 0,015 0 0,03 0 0 0 2 4.15
LEC27 LC/94 N. M.M. C2 formão / raspadeira 97,3 2,42 0 0,076 0,045 0,062 0,066 0,031 0 0 2 3.2
LEC28 LC/93 Ext. EP C2 anzol 97,59 2,23 0 0,05 0,052 0 0,067 0,011 0 0 2 5.6
LEC29 ,#'!# escopro 98,64 1,26 0 0,034 0,03 0 0,036 0 0 0 2 5.13
LEC30 LC/86 Q II C3 punção 97,99 1,72 0 0,08 0,082 0,023 0,105 0 0 0 3 4.3
LEC31 LC escopro 97,74 2,02 0 0,073 0,055 0,02 0,058 0,034 0 0 2 2.30
LEC32 LC/92 C2 punção 97,92 1,94 0 0,043 0,038 0 0,05 0,009 0 0 2 2.14
LEC33 LC/85 8 C2 punção 98,11 1,63 0 0,074 0,063 0,02 0,079 0,024 0 0 2 2.22
LEC34 LC94/ W MM. C2 Indeterminado, chapa 97,74 2,04 0 0,035 0,035 0,006 0,12 0,024 0 0 2 4.13,
4.6
51
Ref. Lab ID peças Tipo Cu As Ni Ag Sb Bi Pb Fe Sn Zn Camada Fig.
LEC35 LC/86 QIV 5,6;
1,2 C2 punção 98,71 1,14 0 0,04 0,035 0 0,055 0,02 0 0 2 2.2
LEC36 LC/85 QI 8; 2,3 C2 punção 99,07 0,81 0 0,04 0,021 0 0,038 0,021 0 0 2 2.15
LEC37 LC/86 cas. P C2 punção 99,75 0,127 0 0,05 0,025 0 0,048 0 0 0 2 2.20
LEC38 LC/86 SII C2 punção 98,13 1,67 0 0,047 0,056 0,024 0,063 0,01 0 0 2 2.11
LEC39 LC/87 QI C2 punção 98,28 1,54 0 0,033 0,021 0,07 0,036 0,02 0 0 2 2.23
LEC40 LC/86 P indeterminado 98,79 1,13 0 0,01 0,005 0 0,017 0,048 0 0 2 6.11
LEC41 LC/38 V6 Q2 C2 punção 98,44 1,5 0 0,01 0,01 0 0,04 0 0 0 2 2.16
LEC42 punção 99,84 0,03 0 0,055 0,02 0 0,04 0,015 0 0 2 2.4
LEC43 LC/17,21 e 20/8/84
V4 Q2 C2 punção 98,53 1,32 0 0,045 0,038 0 0,055 0,012 0 0 2 2.32
LEC44 LC/87 Ext. bast.
'# escopro 97,77 2,16 0 0,008 0,012 0 0,039 0,011 0 0 2 2.28
LEC45 LC/88 bb C2 anzol 96,99 2,71 0 0,055 0,032 0,016 0,194 0,003 0 0 2 5.8
LEC46 LC/90 EO C2 punção 98,99 0,925 0 0,02 0,005 0 0,02 0,04 0 0 2 2.26
LEC47 LC QI 6,7; 9,10 C2 punção 98,55 1,18 0 0,07 0,08 0,03 0,071 0,019 0 0 2 2.7
LEC48 LC/84 V6 QI Q2
Q3 C1 punção 98,05 1,79 0 0,044 0,062 0 0,045 0,009 0 0 2 2.19
LEC49 ,#-5288# punção 98,98 0,21 0,095 0,106 0,14 0,002 0,467 0 0 0 2 2.10
LEC50 LC/93 FC C2 punção 98,48 1,41 0 0,025 0,02 0 0,033 0,032 0 0 2 2.25
LEC51 LC/93 C. FC C3 punção 98,69 1,09 0 0,08 0,072 0,005 0,063 0 0 0 3 4.4
LEC52 LC/99 FT C2 punção 97,33 2,61 0 0,018 0,005 0 0,03 0,007 0 0 2 2.29
LEC53 punção 99,25 0,613 0 0,05 0,03 0 0,055 0,002 0 0 2 2.3
LEC54 ,#'!# Indeterminado, chapa 99,45 0,23 0 0,084 0,085 0,023 0,088 0,04 0 0 2 2.9
LEC55 ,#81# punção 98,42 1,52 0 0,021 0,01 0 0,029 0 0 0 2 2.27
LEC56 LC/90 C2 EO punção 97,86 1,94 0 0,07 0,061 0,012 0,057 0 0 0 2 2.6
LEC57 LC/90 ext. EH C2 punção 96,07 3,57 0 0,12 0,117 0,03 0,081 0,012 0 0 2 2.17
LEC58 LC/87 int. B C2 anzol 96,68 2,81 0 0,087 0,092 0,06 0,27 0,001 0 0 2 5.7
LEC59 LC/99 FR/FT C2 punção 96,45 3,4 0 0,045 0,033 0 0,042 0,03 0 0 2 2.24
LEC60 LC/87 C2 punção 96,89 2,99 0 0,045 0,024 0 0,051 0 0 0 2 2.12
LEC61 CA 60 LC Indeterminado, chapa 95,15 4,78 0 0,02 0,01 0 0,04 0 0 0 2 4.8
LEC62 LC QN 3,4; 4,2 C2 indeterminado 96,89 3,07 0 0,01 0,001 0 0,029 0 0 0 2 5.4
LEC63 punção 98,53 1,24 0 0,077 0,049 0 0,099 0,005 0 0 2 2.5
LEC64 ,#'# punção 87,32 0,189 0,03 0,08 0,239 0,149 2,93 0,119 8,95 0 superfície 2.13
LEC65 LC/88 P C2 lingote 99,11 0,803 0 0,03 0,02 0 0,035 0,002 0 0 2 6.6
LEC66 LC/89 TT C2 formão / raspadeira 96,88 3,07 0 0,02 0,009 0 0,019 0,002 0 0 2 3.4
LEC67 Indeterminado, chapa 99,79 0,06 0 0,036 0,03 0 0,049 0,035 0 0 2 4.10
LEC68 ,#'!# punção 98,72 1,13 0 0,054 0,04 0 0,05 0,006 0 0 2 2.8
LEC69 ,#'!# punção 98,87 1,03 0 0,048 0,01 0 0,042 0 0 0 2 2.18
LEC70 LC/85 S II C2 indeterminado, chapa 98,03 1,9 0 0,025 0,016 0 0,029 0 0 0 2 4.11
LEC71 LC/87 Mur BB C3 faca 97,13 2,73 0 0,027 0,027 0 0,036 0,05 0 0 3 4.2
LEC72 ,#'!# argola 72,14 0,72 0,02 0,55 0,23 8,2 0,51 10,04 7,59 superfície 5.2
LEC73 LC/91 EP/EQ C2 indeterminado, chapa 94,78 5,07 0 0,046 0,039 0 0,055 0,01 0 0 2 4.7
52
Ref. Lab ID peças Tipo Cu As Ni Ag Sb Bi Pb Fe Sn Zn Camada Fig.
LEC74 LC/94 Aw MM C2 punção 98,04 1,86 0 0,024 0,014 0 0,05 0,012 0 0 2 2.31
LEC75 ,#'!# serra 95,77 4,04 0 0,055 0,046 0 0,036 0,053 0 0 2 3.6
LEC76 LC/84 A2 restos metálicos 99,47 0,287 0 0,057 0,05 0,003 0,088 0,045 0 0 2
LEC77 ,#3'!# escopro 96,55 2,66 0 0,244 0,312 0,096 0,136 0,002 0 0 2 5.11
LEC78 LC/99 EV C2 anzol 98,9 0,917 0 0,05 0,02 0 0,093 0,02 0 0 2 5.5
LEC80 LC/84 V2 Q5 C2 serra 99,12 0,743 0 0,05 0,02 0,012 0,055 0 0 0 2 3.5
LEC81 LC/98 FO C3 lingote 96,87 2,86 0 0,06 0,072 0,028 0,06 0,05 0 0 3 4.1
LEC82 LC/00 FT C2 machado plano 96,45 3,24 0 0,09 0,095 0,014 0,061 0,05 0 0 2 6.3
LEC83 ,#'!# serra 98,77 0,801 0 0,076 0,162 0,095 0,06 0,036 0 0 2 3.10
LEC84 ,#'!# argola 75,88 0,38 0,06 0,19 0,40 0,17 4,07 1,94 8,92 7,99 superfície 5.3
LEC85 ,#'!# serra 97,08 2,8 0 0,055 0,032 0 0,024 0,009 0 0 2 3.9
LEC86 LC/87 Lar. SS
QI C2 lingote 99,03 0,814 0 0,045 0,055 0 0,036 0,02 0 0 2 6.7
LEC87 LC/84 23 V6 Sup escopro 99,32 0,633 0 0,01 0 0 0,037 0 0 0 2 5.12
LEC88 indeterminado 98,77 1,06 0 0,066 0,044 0 0,05 0,01 0 0 2
LEC89 LC/87 casa Z
MU.SUP. indeterminado, chapa 99,32 0,518 0 0,057 0,051 0 0,051 0,003 0 0 2
LEC90 indeterminado 99,21 0,727 0 0,025 0,015 0 0,022 0,001 0 0 2
LEC91 LC/87 2ª CASA
%84"!34'# indeterminado 96,49 3,31 0 0,06 0,063 0,01 0,065 0,002 0 0 2
LEC92 indeterminado 99,07 0,868 0 0,016 0 0 0,02 0,026 0 0 2
LEC93 V2 Q5 Leceia
superfície 2 argola 77,96 0,984 0,223 0,172 1,33 8,86 0,000 2,45 8,01 superfície
LEC94 indeterminado 98,31 1,66 0 0,01 0 0 0,02 0 0 0 2
LEC95 indeterminado 95,87 3,86 0 0,08 0,05 0,055 0,075 0,01 0 0 2
LEC96 ,#3'!# indeterminado 97,14 2,73 0 0,05 0,03 0 0,041 0,009 0 0 2
LEC97 LC/87 NN C2 indeterminado 97,75 1,85 0 0,129 0,11 0,047 0,1 0,014 0 0 2
LEC98 indeterminado 96,9 2,77 0 0,101 0,091 0,044 0,09 0,004 0 0 2
LEC99 machado plano 98,74 0,798 0,28 0,055 0,071 0,005 0,045 0,006 0 0 2
LEC100 LC/21 e 17/8/84 V4
Q3 C2 indeterminado, chapa 97,19 2,6 0 0,057 0,066 0,02 0,067 0 0 0 2
LEC101 Leceia 15/8/85 QI
8,9; 5,6,7,8,9 C2 indeterminado 98,26 1,34 0 0,103 0,102 0,045 0,1 0,05 00 2
LEC102 Leceia 5/8/85 – QI
8;5,6 C2 2 indeterminado 98,43 0,202 0 0,154 0,161 0,9 0,153 0 0 0 2
LEC103 LC/22/8/84 V4
Q3 C2 indeterminado 99,1 0,773 0 0,05 0,03 0 0,045 0,002 0 0 2
LEC104 Leceia 9/8/83
~35cm V2 Q2 restos metálicos 99,78 0,062 0 0,044 0,029 0 0,034 0,051 0 0 2
LEC105 Leceia 9/8/83 V2
Q3 ~35 cm indeterminado 98,68 0,561 0 0,202 0,225 0,126 0,185 0,021 0 0 2
LEC106 LC/22/8/84 V2
Q5 C2 indeterminado, chapa 97,62 2,27 0 0,03 0,037 0 0,042 0,001 0 0 2
53
Ref. Lab ID peças Tipo Cu As Ni Ag Sb Bi Pb Fe Sn Zn Camada Fig.
LEC107 Leceia 9/8/85 QI S;
3,4 C2 indeterminado 98,65 1,24 0 0,047 0,011 0 0,05 0,002 0 0 2
LEC108 senza ID indeterminado 98,72 1,22 0 0,03 0 0 0,03 0 0 0 2
LEC109 senza ID indeterminado 98,29 1,6 0 0,038 0,031 0 0,039 0,002 0 0 2
LEC110 senza ID indeterminado 99,59 0,306 0 0,035 0,031 0 0,033 0,005 0 0 2
LEC111 senza ID indeterminado 98,79 1,13 0 0,03 0,016 0 0,034 0 0 0 2
LEC112 senza ID indeterminado 97,87 1,17 0 0,234 0,266 0,183 0,24 0,037 0 0 2
LEC113 senza ID indeterminado 97,19 2,76 0 0,01 0,005 0 0,035 0 0 0 2
LEC114 senza ID indeterminado 99,64 0,335 0 0,011 0 0 0,013 0,001 0 0 2
LEC115 senza ID indeterminado 98,44 1,22 0 0,107 0,089 0,045 0,099 0 0 0 2
LEC116 senza ID indeterminado 99,39 0,573 0 0,019 0 0 0,018 0 0 0 2
LEC117 C2, LC3 punção 94,62 4,49 0 0,24 0,264 0,197 0,177 0,012 0 0 2
LEC118 Leceia 5/8/85 QI 8;
5,6 C2 indeterminado, chapa 98,28 1,6 0 0,034 0,03 0 0,05 0,006 0 0 2
LEC119 Leceia 5/8/85 -QI
6,7;9,10 indeterminado, chapa 97,12 2,7 0 0,06 0,04 0,012 0,068 0 0 0 2
LEC120 ,#%XTF"!34' indeterminado 97,9 1,91 0 0,07 0,047 0,008 0,056 0,009 0 0 2
LEC121 indeterminado 98,12 1,35 0 0,114 0,147 0,091 0,134 0,044 0 0 2
LEC122 LC/90 C2 indeterminado 98,27 1 0 0,175 0,16 0,11 0,255 0,03 0 0 2
LEC123 LC/87 QI C2 indeterminado, chapa 96,3 3,6 0 0,044 0,045 0,011 0 0 0 0 2
LEC124 LC/87 ???, SS C2 punção 99,03 0,834 0 0,043 0,015 0 0,039 0,039 0 0 2
LEC125 LC VI Q4 35 C2 punção 98,9 0,913 0 0,066 0,044 0,01 0,067 0 0 0 2
LEC126 LC/87 a N da casa
S½C86)))# indeterminado, chapa 97,87 1,75 0 0,05 0,036 0,196 0,098 0 0 0 2
LEC127 V2 Q5 Leceia
superfície 1 indeterminado, chapa 97,91 1,54 0 0,13 0,16 0,087 0,159 0,014 0 0 superfície
LEC128 LC/1986 C2 punção 97,05 2,64 0 0,084 0,085 0,042 0,089 0,01 0 0 2
LEC129 punção 97,31 2,17 0 0,113 0,107 0,125 0,125 0,05 0 0 2
LEC130 indeterminado, chapa 96,88 2,84 0 0,083 0,06 0,037 0,09 0,01 0 0 2
LEC131 C2 indeterminado 97,55 2,24 0 0,063 0,052 0,025 0,07 0 0 0 2
LEC132 LC/8 C2 escopro 95,82 3,93 0 0,05 0,046 0,034 0,09 0,03 0 0 2
LEC133 não legível indeterminado, chapa 97,62 2,11 0 0,09 0,06 0,035 0,08 0,005 0 0 2
LEC134 LC/86 P C2 FM
– L7 escopro 99,13 0,61 0 0,093 0,049 0,025 0,078 0,015 0 0 2
LEC135 LC/87 C2 FM – L11 indeterminado 98,39 1,42 0 0,079 0,05 0 0,06 0,001 0 0 3
LEC136 LC/87 Mura. BB Q
IV C3 FM – L12 indeterminado 97,2 2,69 0 0,03 0,03 0 0,04 0,01 0 0 2
LEC137 LC/99 entre FR/FT
C2 FM – L8 indeterminado 97,08 2,41 0 0,056 0,043 0,02 0,05 0,341 0 0 2
LEC138 LC/84 C2 FM – L5 indeterminado 98,14 1,67 0 0,047 0,057 0,023 0,063 0 0 0 2
LEC139 LC S II C3 FM
– L10 indeterminado 98,46 1,5 0 0,015 0 0 0,025 0 0 0 3
LEC140 LC FM – L14 indeterminado 98,76 1,07 0 0,06 0,05 0 0,033 0,027 0 0 2
54
Ref. Lab ID peças Tipo Cu As Ni Ag Sb Bi Pb Fe Sn Zn Camada Fig.
LEC141 LC V 2 Q B C2
FM – L4 indeterminado 98,6 1,19 0 0,074 0,053 0,015 0,068 0 0 0 2
LEC142 LC/85 Q I 5; 3,4 C2
FM – L1 indeterminado 98,06 1,84 0 0,015 0,006 0 0,029 0,05 0 0 2
LEC143 LC/85 Q I 5; 1,2 C2
FM – L13 indeterminado 98,81 1,12 0 0,01 0 0 0,02 0,04 0 0 2
LEC144
LC/85 Q I 8,9;
5,6,7,8,9 C3 FM
– L6
indeterminado 99,21 0,693 0 0,032 0,025 0 0,04 0 0 0 3
LEC145 LC/84 V 6 Q 2 C2
FM – L2 indeterminado 99,16 0,723 0 0,02 0,016 0 0,031 0,05 0 0 2
LEC146 LC V 2 Q 2 C2 FM
– L3 indeterminado 99,42 0,512 0 0,035 0 0 0,028 0,005 0 0 2
LEC147 LC/92 C2 FM – L9 indeterminado 98,18 1,64 0 0,057 0,045 0 0,061 0,017 0 0 2
Na Camada 3 identificaram-se as seguintes tipologias de peças metálicas:
2 punções (Fig. 5, n.º 3 e 4);
1 lâmina de faca curva (Fig. 5, n.º 2);
4 peças indeterminadas (Fig. 5, n.º 5, mais 3 não desenhadas);
1 lingote incompleto, com marcas de corte por serragem (Fig. 5, n.º 1).
1 fragmento de cadinho de fundição com resos de metal aderente (Fig. 8).
Na Camada 2 foram identificadas as seguintes tipologias de objetos metálicos:
5 restos de fundição (Fig. 7, n.ºs 11, 12, 13, mas dois não desenhados);
Fig. 8 – Leceia. Fotos do único fragmento de cadinho recolhido, proveniente da camada 3 (Calcolítico Inicial). À esquerda, a face interna, com
retos de metal aderentes; à direita, a face externa, com um pé cilíndrico dos quatro que originalmente deveria possuir. Foto de J. L. Cardoso.
55
2 facas espatuladas (Fig. 4, n.º 8; Fig. 5, n.º 12);
4 lingotes (Fig. 7, n.ºs 6, 7, 8, 9);
1 ponta de seta (Fig. 6, n.º 1); note-se que não se trata de um exemplar enquadrável na tipologia das pontas
Palmela, por possuir uma nervura central longitudinal que acompanha toda a folha, correspondendo a exem-
plar de características invulgares para os contextos calcolíticos do território português.
5 machados planos (Fig. 6, n.º 15; Fig. 7, n.ºs 2, 3, 4, 7);
59 peças indeterminadas (Fig. 3, n.º 9; Fig. 5, n.ºs 6, 7, 8, 9, 10, 11, 13, 14; Fig. 6, n.º 4; Fig. 7, n.ºs 5, 10, para
além de outros fragmentos não desenhados);
1 punhal (Fig. 7, n.º 1);
5 anzóis (Fig. 6, n.ºs 5-9);
4 formões / raspadeiras (Fig. 4, n.ºs 1-4);
10 escopros (Fig. 3, n.ºs 28, 30; Fig. 6, n.ºs 10-14, 16, mais 2 exemplares não desenhados);
33 punções (Fig. 3, n.ºs 1-8, 10-12, 14-27, 29, 31, 32, mais 5 não desenhados);
7 serras (Fig. 4, n.ºs 5-7, 9-11; Fig. 4, n.º 15).
Finalmente, para além do fragmento do único de cadinho de fundição, recolhido na Camada 3 e já
antes referido (Fig. 8) assinalam-se alguns outros achados superficiais ou da parte superior da camada 2,
nomeadamente:
3 argolas (Fig. 6, n.ºs 2, 3, mais uma não desenhada), cuja composição remete para bronzes, compatíveis
com o achado de um machado do Bronze Final de alvado e uma argola, há muito publicado (ROZEIRA,
1926);
1 peça indeterminada (não desenhada);
1 punção (Fig. 3, n.º 13).
Do ponto de vista morfológico e funcional, as peças apresentam uma grande variabilidade, distribuindo-se
entre 12 categorias a que há que acrescentar um grupo composto por peças indeterminadas (Fig. 9). Como é
habitual em contextos calcolíticos, regista-se a ausência de objetos de adornos em cobre, estando exclusiva-
mente presentes artefactos de cunho utilitário e vinculados a atividades do quotidiano, i.e. agricultura (serras,
punções, machados, etc.), caça (facas, punhais e ponta de seta), domésticas e artesanais (facas, punções,
formões, escopros) e pesca (anzóis), para além da produção metalúrgica (pingos de fundição, lingotes).
Como já foi anteriormente mencionado, o conjunto de metais procedente de Leceia reúne tipos metálicos
característicos do 3.º milénio a.C. do Ocidente Ibérico. No Castro de Vila Nova de São Pedro (PEREIRA et al.,
2012; PEREIRA et al., 2013) e no Zambujal (MÜLLER et al., 2007), por exemplo, com uma ou outra exceção,
produziam-se e utilizavam-se machados, serras, punções, escopros, facas, pontas de seta, etc., com caracte-
rísticas morfológicas idênticas, o que também é um traço comum, de resto, a outros contextos calcolíticos do
Ocidente Ibérico (vejam-se, entre outros, VALÉRIO et al., 2014; ORESTES 6)$)'!, et al., 2015; BOTTAINI
et al., 2018; BOTTAINI et al., 2019). Já no caso dos anzóis, devido à especificidade funcional deste tipo de
objetos, os paralelos ocorrem mais pontualmente em sítios vinculados à exploração dos recursos aquáticos
(ANTUNES & CARDOSO, 2005), como no Castro da Columbeira (FERREIRA, 1968; SCHUBART et al., 1969),
do Agroal (Ourém) (LILLIOS, 1993) e da Rotura ('/.!,6%3 1971). Muito recentemente, a importância
da pesca foi salientada no povoado do Outeiro Redondo, dominando a baía de Sesimbra, onde se recolheu um
conjunto inédito de exemplares de tamanhos muito díspares, naturalmente adequados à captura de diferentes
espécies piscícolas (CARDOSO, Fig. 57, n.ºs 2 e 3; Fig. 152, n.º 17 a 27).
56
Atendendo às características morfológicas e funcionais dos objetos analisados, é de realçar a presença de
diversas evidências que remetem para cadeia operatória da prática metalúrgica. Cabem nesta categoria os frag-
mentos e restos indeterminados, quiçá utilizados como matéria-prima nos processos de reciclagem do metal,
o cadinho e os lingotes. Relativamente a esta última categoria, trata-se de um conjunto de gumes de machados
com sulcos provocados por golpes e/ou por ações de corte por serragem. A presença destes enigmáticos
objectos foi de há muito assinalada em Leceia, povoado em que a mesma foi pela primeira vez valorizada
(CARDOSO, 1989, Fig. 108, n.º 13, p. 113), tendo ulteriormente o seu significado sido discutidos a propósito de
outros exemplares entretanto ali recolhidos (CARDOSO, 1997, p. 93). Tais exemplares possuem paralelos em
outros povoados regionais como, entre outros, Castro de Vila Nova de São Pedro (SOARES, 2005; PEREIRA
et al., 2013), Zambujal (3!.'-%)34%2 1995, Taf. 6), Outeiro de São Mamede (CARDOSO, 2003, Fig. 37),
Monte da Tumba (SILVA & SOARES, 1987, Fig. 4). Mais recentemente, recolheram-se três exemplares no
Outeiro Redondo (CARDOSO, 2019, Fig. 152, n.ºs 12, 13 e 14, p. 313), com evidentes marcas de corte por
serragem, cujo significado se voltou então a abordar.
Em trabalhos anteriores tem-se admitido a possibilidade de o metal, do Calcolítico do Sul e na Estremadura,
poder ter sido trocado mediante lingotes com forma de machados planos (SOARES et al., 1994; CARDOSO &
'5%22!SOARES, 2005). Nesta perspetiva, os gumes materializariam um momento específico da cadeia
operatória de produção do metal, que consistia na preparação de porções com formas minimamente estandar-
dizadas que, numa fase sucessiva, seriam submetidos a um processo de refundição e/ou a um trabalho de forja
para, deste modo, moldar ou transformar o metal em objetos com uma nova utilidade.
Fig. 9 – Leceia. Histograma com a distribuição dos vários grupos metálicos por tipologias artefatuais.
57
3 – METODOLOGIA ANALÍTICA
Os artefactos foram analisados com vista à determinação da sua composição química por fluorescência de
RAIOS8USANDOSEUMESPECTRÆMETROPORT·TILMODELO"RUKER4RACER)))3$EQUIPADOCOMUMTUBODERAIOS8
DE2ÆDIO2HECOMUMDETETOR3$$8&LASHCOMUMARESOLU¼ODEE6NALINHA+DO-N!SAN·LISES
FORAMREALIZADAS COM ASSEGUINTESCONDIÊES DE TRABALHOTEMPODEAQUISI¼O SEGUNDOS+V !
FILTROSDE!L4IMALUMÁNIOMTIT¸NIO/SESPECTROSFORAMADQUIRIDOSCOMOSOFTWARE"RUKER
3082&VETRATADOSCOMOSOFTWARE"RUKER!24!8V!QUANTIFICA¼ODOSELEMENTOSQUÁMICOS
foi realizada com padrões de referência com uma composição semelhante aos materiais analisados, tendo sido
utilizados os padrões BCR-691.
!PESARDEAFLUORESC¾NCIADERAIOS8SERNUMPLANOTEÆRICOUMAT½CNICAN¼OINVASIVANAPR·TICAPARASE
obterem dados fidedignos e representativos da composição de uma liga arqueológica torna-se necessária uma
preparação prévia da superfície a analisar, o que implica a remoção das camadas mais superficiais, que incluem
terra incrustada e produtos da corrosão, cuja composição química difere da do metal subjacente. Com o intuito
de se reduzir ao máximo o carácter invasivo das análises, por um lado, e com a necessidade de se obterem
dados consistentes e representativos das ligas, por outro, procedeu-se ao polimento mecânico de pequenas
áreas superficiais (~3 mm
2
). Esta abordagem permitiu analisar o metal subjacente à camada de corrosão redu-
zindo, deste modo, o risco de possíveis contaminações procedentes, principalmente, das camadas de corrosão.
Contrariamente à metodologia aplicada para as análises dos objetos, o fragmento de cadinho (Fig. 9) foi
analisado de forma não-destrutiva e, portanto, sem qualquer tipo de preparação prévia. Procedeu-se, neste
caso, à análise da zona com metal aderente, de coloração cinzento-esbranquiçada, de modo a se identificarem
os elementos químicos nele presentes.
Uma vez que foi possível utilizar o mesmo equipamento e a mesma metodologia analítica para a coleção
toda, considerou-se oportuno proceder-se à análise do conjunto inteiro, incluindo as peças já anteriormente
estudadas (CARDOSO & FERNANDES, #!2$/3/ '5%22! -´,,%2 #!2$/3/,
2008). Deste modo, foi ainda possível validar (ou não) algumas conclusões destes trabalhos no que diz
respeito, nomeadamente, à variabilidade do arsénio (#!2$/3/'5%22! p. 72) e à sua maior ou
menor concentração em determinados tipos metálicos como, por exemplo, lâminas, fragmentos de chapa metá-
lica, furadores e anzóis (MÜLLER & CARDOSO, 2008, pp. 86-87).
Em termos de resultados, as possíveis diferenças, entre os resultados aqui apresentados e os já publi-
cados, poderão ser explicadas pela adoção de técnicas e/ou metodologias analíticas diferentes ou pelo facto de
as análises terem incidido em áreas distintas das peças.
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
No conjunto, foram analisadas 147 peças, sendo que 142 provêm das camadas 3 e 2, enquanto 5 foram
encontrados em superfície. Embora os dados destas últimas peças sejam incluídos na tabela 1, estes não serão
tidos em conta na discussão final dos resultados. Trata-se, neste último caso, de ligas em que o Pb ocorre de
forma variável, constando, neste grupo de peças descontextualizadas, objetos com composição de um latão
(Cu+Zn) (LEC64), de ligas ternárias (Cu+Sn+Zn) (LEC72, LEC84, LEC93) e um artefato em cobre (LEC127).
Os metais procedentes da camada 3 (Calcolítico Inicial) e da camada 2 (Calcolítico Pleno/Final) foram
produzidos em cobre bastante puro com percentagens variáveis de As, apresentando impurezas de Ni, Ag, Sb,
58
Bi, Pb e Fe. Se considerarmos a totalidade de elementos químicos diferentes do Cu, 88 artefactos em 142 (62%
do total) apresentam percentagens ponderais inferiores a 2%, com um valor médio global de ca. 1,88% (Fig. 9).
O próprio arsénio, cuja adição ao cobre melhora as propriedades da liga ao nível de dureza e de tenacidade,
ocorre, na maior parte das vezes, como elemento vestigial, não ultrapassando a fasquia meramente conven-
cional de 2% em 97 artefatos (ca. 67,6% do total), com uma média que, no total, alcança 1,66±1,06% (Fig. 10).
As análises realizadas sobre o cadinho também confirmam a presença de As nas incrustações (Fig. 11).
É notório, contudo, o longo e polémico debate sobre a presença intencional, ou não, do arsénio, em
ligas de cobre, nas primeiras produções de época calcolítica, inclusive para a Península Ibérica (ROVIRA &
MONTERO-RUIZ, 2013; PEREIRA, et al., 2013). Por um lado, admite-se que o arsénio ocorre como consequência
DASUA PRESENA NOSMIN½RIOSUSADOS NO PROCESSOPRODUTIVO ENTREOUTROS#2!$$/#+ P(5.4
ORTIZ, 2003; ROVIRA, 2004). Por outro, alguns autores admitem que, já nesta época, o arsénio, acima de certas
percentagens, resulte de uma adição intencional por parte dos antigos metalurgistas (entre outros, HARRISON
#2!$$/#+P6ERIFICASEASSIMQUEAOLONGODADISCUSS¼OSOBREESTATEM·TICAAPRÆPRIADEFI-
nição de cobre arsenical carece de unanimidade quanto à sua verdadeira origem e significado. Se, por um lado, se
admite que a presença do arsénio traz benefícios ao nível das propriedades mecânicas do metal a partir de 3-4%
(ROVIRA, 2004, p. 16; ROVIRA & MONTERO-RUIZ, 2013, p. 234), por outro, diversos investigadores consideram
já como um cobre arsenical, um cobre com 1% (MONTERO RUIZ & TENEISHVILI, 1996, p. 79; SOARES, 2005,
p. 185; MÜLLER et al., 2007, 17) ou 2% de As (CARDOSO et al. 2002; PEREIRA et al., 2013).
Não se trata, aqui, de uma mera discussão teórica e/ou tecnológica. Admitir a possibilidade de uma liga ter
sido produzida a partir da mistura, consciente e voluntária, de dois (ou mais) minérios implica admitirmos que
esses primeiros metalurgistas já possuíam um conhecimento bastante avançado das práticas e das técnicas
metalúrgicas, conseguindo ainda controlar de forma suficientemente rigorosa os vários processos envolvidos
na produção de ligas. É óbvio que, neste cenário, não estariam envolvidos apenas conhecimentos sobre as
propriedades mecânicas dos artefactos. Seria de facto necessário recorrer a novas formas de organização do
trabalho e a uma gestão dos recursos naturais e humanos bastante mais complexa, quer ao nível das atividades
de mineração, quer no que diz respeito à própria produção dos metais, o que teria impacto direto sobre a estru-
turação social e económica das comunidades calcolíticas.
Os cobres presentes em Leceia mostram teores de As apresentam uma distribuição normal, com um
máximo entre 1 e 2 %, e a partir desse valor diminuindo drasticamente, até o valor máximo residual de 5%
(Fig. 11). As características desta distribuição evidenciam que a presença de As não resulta de opções tecno-
lógicas voluntárias tomadas por parte dos metalurgistas que produziram as peças, conforme de há muito se
TINHACONCLUÁDO#!2$/3/'5%22!COMBASENAAMOSTRAGEMNUMERICAMENTEMUITOINFERIORQUE
foi então analisada. Deste modo, considera-se que a realidade observada foi a consequência de situações alea-
tórias, designadamente o uso de minérios de cobre com impurezas de arsénio. As análises realizadas sobre
carbonatos de cobre e cobres nativos confirmaram a presença de arsénio nos minérios de cobre do território
português (FERREIRA, 1961, p. 3). Mais recentemente, esta situação foi igualmente documentada através de
análises de carbonatos de cobre provenientes da Sierra Morena (Espanha) ($/-%2'5% 1990, cit. em HUNT
ORTIZ, 2003, p. 323), ou seja, da extremidade oriental da Zona de Ossa-Morena, que, como se referiu anterior-
mente, foi apontada como a área provável de abastecimento das matérias-primas utilizadas em Leceia para a
produção de objetos à base de cobre (MÜLLER & CARDOSO, 2008).
Uma outra explicação – que deve ser conjugada com a primeira, pois ambas são compatíveis – para a
concentração variável de As nas peças de Leceia poderá ter a ver com o aproveitamento de sucata como fonte
de matéria-prima. De facto, durante o processo de refundição de metais reciclados verifica-se uma perda prefe-
59
Fig. 10 – Leceia. Concentração total dos elementos vestigiais pelas categorias artefactuais consideradas.
Fig. 11 – Leceia. Histograma de distribuição do As na totalidade do conjunto analisado.
60
RENCIALDOARS½NIODEVIDOAOSEUCAR·TERVOL·TIL-#+%22%,,49,%#/4%1UERISTODIZERQUENAS
peças produzidas a partir de sucata, o As tende a diminuir progressivamente em relação à composição inicial
dos metais utilizados para a refundição e, neste quadro, já não haveria a possibilidade de controlar o teor
desse elemento químico nas peças produzidas, o que ajudaria a explicar a sua variabilidade ao nível da compo-
sição final de cada objeto. Esta segunda explicação afigura-se consentânea com os resultados obtidos, tendo
presente que uma percentagem relevante de peças corresponde a fragmentos indeterminados, de formas mais
ou menos definidas, que corresponderiam a sucata de cobre aguardando refundição.
Numa escala de análise mais alargada, as afinidades com os dados sobre produção de artefactos de
cobre do 3.º milénio a.C. encontrados em outros sítios do Ocidente Ibérico são evidentes, quanto à concen-
tração de As. De facto, peças calcolíticas com teores de arsénio tendencialmente baixos e com uma distri-
buição aparentemente aleatória foram identificadas em diversos sítios do Noroeste Ibérico (ROVIRA et al.,
1997; COMENDADOR 2%9 1998). No Norte de Portugal assinalam-se os resultados obtidos em Cunho
(Mogadouro) (SANCHES et al., 1985), Vinha da Soutilha (Chaves) (ARAÚJO et al., 1986a), São Lourenço
(Chaves) (ARAÚJO et al., 1986b), Pastoria (Chaves) (ARAÚJO et al., 1986c), Castanheiro do Vento (Vila Nova
de Foz Côa) (VALÉRIO et al., 2014), Castelo Velho de Freixo de Numão (Vila Nova de Foz Côa) (BOTTAINI
et al., 2019), ou ainda no contexto funerário de Chã de Carvalhal (Baião) (CRUZ, 1992; BRIARD et al., 1998).
A mesma situação repete-se noutros sítios mais a sul, quer na própria Estremadura portuguesa, quer
no Sudoeste Ibérico. Quanto à primeira região, recordem-se os trabalhos realizados sobre os metais proce-
dentes dos povoados calcolíticos estremenhos como, por exemplo, Castro de Pragança (*5.'(!.3,
3!.'-%)34%2 SCHRÖDER, 1968) &)'5%)2%$/ et al., 2007), Penedo de Lexim (Mafra) (SOUSA et al.,
2004), Vila Nova de São Pedro (MÜLLER et al., 2008; PEREIRA et al., 2013), Zambujal (MÜLLER et al., 2007),
Outeiro Redondo (PEREIRA et al., 2013; CARDOSO, 2019) e Moita da Ladra (CARDOSO, 2014; PEREIRA
et al., 2015). Em relação à segunda, para além de trabalhos com cariz mais regional ('-%: RAMOS 1999;
HUNT ORTIZ 2003; "!9/.! 2008; ROVIRA et al., 2016, entre outros), vale a pena recordar as análises reali-
zadas sobre materiais procedentes do Outeiro de São Bernardo (Moura) (CARDOSO et al., 2002), Porto das
Carretas (VALÉRIO et al., 2007), Bela Vista 5 (Beja) (BOTTAINI et al., 2014), Atalaia do Peixoto (Serpa), São
Pedro (Redondo), Três Moínhos (Beja), Tholos de Caladinho (Redondo) (ORESTES 6)$)'!, et al., 2015),
Vila Nova de Mil Fontes (BOTTAINI et al., 2018a), São Brás (Serpa) (VALÉRIO et al., 2019) e Perdigões
(Reguengos de Monsaraz) (BOTTAINI et al., 2018b).
Relativamente à presença do As, os dados de Leceia permitem avançar com mais uma observação susten-
tada pelo enquadramento estratigráfico dos materiais analisados. De facto, considerando as concentrações
de As nos artefatos das Camadas 3 e 2, respetivamente atribuídas ao Calcolítico Inicial e ao Calcolítico
Pleno/ Final, verifica-se que os objetos procedentes da Camada 3 apresentam teores de As perfeitamente
comparáveis com os valores detetados nos metais da Camada 2 (Fig. 12). Recorde-se ainda que o próprio
cadinho, tal como anteriormente mencionado, também procedente da Camada 3, apresenta ele próprio vestí-
gios de As. Apesar de o número de elementos relacionados com a metalurgia encontrados na Camada 3
ser bastante mais reduzido do que os da Camada 2, os dados disponíveis sugerem que o As fez parte da
metalurgia de Leceia desde a sua introdução e que, aparentemente, não houve qualquer alteração signifi-
cativa, quanto à sua concentração e variabilidade ao longo do Calcolítico Pleno/Final, isto é, até ao final do
3.º milénio a.C.
Uma outra questão que importa analisar é a variabilidade do arsénio em função da tipologia dos objetos,
com o intuito de perceber se será percetível alguma correlação entre a concentração e distribuição do arsénio
e o tipo de peça produzido. Em trabalhos anteriores tem sido avançada a hipótese de determinados tipos metá-
61
Fig. 12n,ECEIA%SPETROSDE82&DASAN·LISESREALIZADASSOBREASINCRUSTAÊESDEMETALADERENTES
na superfície interna do cadinho (ver Fig. 8).
Fig. 13n,ECEIA4EORESDE!SIDENTIlCADOSNOSOBJECTOSRECOLHIDOSNASDUASCAMADASDEOCUPA¼OIDENTIlCADAS
evidenciando-se clara continuidade composicional entre ambas.
62
licos apresentam teores de arsénio mais elevados do que outros. Advogaram-se, para explicar esta possível
oscilação, razões de cariz socio-cultural, vinculadas nomeadamente com a cor prateada das ligas mais ricas em
arsénio que refletiriam o estatuto social mais elevado dos indivíduos a elas associados (VALÉRIO et al., 2016;
VALÉRIO et al. 2019).
No caso de Leceia não parece possível associar padrões composicionais característicos a tipos metálicos,
assistindo-se, contrariamente ao afirmado em MÜLLER & CARDOSO (2008) com base num número mais redu-
zido de análises, a uma distribuição aleatória do arsénio entre as diversas tipologias de artefactos (Fig. 13): os
machados, por exemplo, apresentam valores de As que variam entre 0,216 % e 3,68%, com uma média de 1,76%;
o As nos punções oscila entre 0,03 % e 4,49%, com uma média de 1,52%; nos escopros varia entre 0,095 %e 3,93%,
com uma média de 1,68%; no grupo dos elementos indeterminados, a dispersão do As mantém-se pronunciada,
com teores entre 0,034 % e 5,07 %, com uma média de 1,62 %; para os 2 punhais e as 2 lâminas, considerados
aqui num mesmo grupo, o As varia entre 1,47 e 4,78%, atingindo uma média de 2,74%; e, finalmente, o grupo
das serras, com o As entre 0,743 e 4,04% e média de 2,2%. A variabilidade dos valores de As obtidos para cada
grupo tipológico considerado, vem demonstrar, por um lado, a presença aleatória de As em cada um deles e,
consequentemente, a impossibilidade de estabelecer qualquer relação entre tais teores e a respectiva tipologia.
5 – CONCLUSÕES
O conjunto dos artefactos metálicos ou vinculados à metalurgia (cadinho) agora estudados resultaram
das escavações arqueológicas realizadas no povoado de Leceia (Oeiras) sob a direcção de um de nós (J.L.C.),
procedendo de contextos atribuíveis ao Calcolítico Inicial (2800-2600/2500 a.C.) e, maioritariamente, ao
Calcolítico Pleno/Final (ca. 2600/2500-2000 a.C.), perfazendo 144 artefactos a que se somam três argolas de
bronze. Estas são compatíveis com a ténue ocupação da Idade do Bronze já identificada anteriormente no local
através do achado de um machado de alvado e uma argola.
As peças agrupam-se em diversas categorias tipológicas ligadas a atividades de subsistência e do dia-a-dia,
que se enquadram claramente nas produções calcolítica do Ocidente Ibérico, com abundantes paralelos em
sítios contemporâneos. É excepção uma ponta de seta, de tipologia distinta das pontas Palmela, por possuir
uma ténue crista longitudinal na folha, bem patente em ambos os lados, ausente naquelas.
Do ponto de vista analítico, trata-se de produções de cobre com teores variáveis – mas tendencialmente
baixos – de arsénio e outros elementos secundários. Dados os baixos teores destes elementos minoritários, os
mesmos não afetam as propriedades mecânicas de um cobre puro. A natureza química das peças enquadra-se
igualmente no que já é conhecido sobre a primeira metalurgia do Ocidente Ibérico.
Os níveis de As em geral baixos, centrados entre 1 % e 2 % e a sua distribuição unimodal, que não ultra-
passa 5 %, levou à conclusão que a sua presença possa ser imputada, não a uma adição voluntária, mas sim
ao uso de matérias-primas (sejam elas sucatas ou minérios de cobre) com As. Deste modo, conclui-se que os
metalurgistas de Leceia não valorizaram as vantagens que a presença de arsénio poderia conferir às proprie-
dades mecânicas dos objetos produzidos, tal como deve ter sucedido na generalidade das produções calco-
líticas já estudadas no Ocidente Ibérico. Com efeito, a análise da correspondência entre os teores de As e a
tipologia das peças evidenciou completa ausência de correlação, observando-se, em qualquer grupo tipológico
considerado, idêntica variação dos teores de As.
A falta, no registo arqueológico, de minérios procedentes de contextos arqueológicos, por um lado, e a
presença de vários elementos ligados à cadeia operatória do metal, desde os lingotes aos resíduos de fundição,
63
passando pela ocorrência de um único fragmento de cadinho, sugere que o metal chegaria a Leceia, prova-
velmente da Zona de Ossa Morena, sob forma de lingotes propriamente ditos, de que se conhecem diversos
exemplares, ou de lingotes/machados planos e era ali transformado, através de refundição ou de trabalho de
forja, para a produção de novos objetos. Com efeito, é notória a escassez de resíduos de fundição e sobretudo
de cadinhos, comparativamente ao observado em povoados de muito menores dimensões, como é o caso de
Moita da Ladra ou do Outeiro Redondo, sugerindo que o trabalho do metal em Leceia seria feito essencial-
mente a partir de lingotes de cobre importados do Alentejo, localmente retrabalhados a quente ou a frio, de
que existem diversos exemplares, incluindo alguns com evidências de seccionamento (Fig. 7, n.º 8), para além
dos machados de cobre com serragem dos gumes, eles próprios assim transformados em lingotes.
É de realçar que em Leceia a produção de metais se iniciou logo no Calcolítico Inicial, fase a que pertence,
entre outros, o único fragmento de cadinho, intensificando-se na transição do segundo para o terceiro quartel
do 3.º milénio a.C.. Quer isto dizer que os objetos procedentes de Leceia pertencem a um arco temporal de
aproximadamente 800 anos, tendo presentes os resultados das análises de radiocarbono para cerca de 95% de
probabilidade. Considerando esta diacronia e apesar de Leceia se destacar, ao nível de Ocidente Ibérico, como
um dos centros calcolíticos com maior quantidade de materiais vinculados à prática da metalurgia, o quadro
geral confirma a existência de uma produção de metais em pequena escala, provavelmente alicerçada em
práticas de reciclagem e destinada à produção de objetos morfologicamente pouco elaborados, com funciona-
lidades específicas, que os seus equivalentes de madeira, osso ou pedra teriam mais dificuldade em assegurar,
e sempre a uma escala doméstica.
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia através do Projecto
UID/Multi/04449/2013 (Laboratório HERCULES/Universidade de Évora) e pelo Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa COMPETE2020, POCI-01-0145-FEDER-007649.
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