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Azeite de Oliva e suas propriedades em preparações quentes: revisão da literatura

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Abstract

RESUMO Introdução: O azeite de oliva é reconhecido devido a suas propriedades antioxidantes de forma a ser incorporado na culinária, contudo, a forma mais utilizada do azeite é na apresentação fria. O objetivo desse estudo foi verificar as modificações de propriedades do azeite de oliva após cozimento e fritura. Métodos: Pesquisa ativa de artigos nas bases científicas nacionais e internacionais, cobrindo os anos de 1990 a 2015. Resultados: O azeite de oliva apresenta discretas perdas das propriedades antioxidantes e mudanças pequenas no perfil lipídico após o aquecimento em temperaturas elevadas, contudo apresenta grande estabilidade comparada a demais tipos de óleos, praticamente não levando à formação de compostos tóxicos. Conclusão: Pode-se utilizar azeite de oliva em preparações aquecidas, pois são preservadasboa parte de suas características benéficas e, após aquecimento, as mesmas mantêm-se superiores aos demais óleos.
ARTIGO ORIGINAL
Azeite de Oliva e suas propriedades em
preparações quentes: revisão da literatura
Olive oil and its properties in hot preparations: literature review
RESUMO
Introdução: O azeite de oliva é reconhecido devido a suas propriedades antioxidantes de forma a ser
incorporado na culinária, contudo, a forma mais utilizada do azeite é na apresentação fria. O objetivo
desse estudo foi vericar as modicações de propriedades do azeite de oliva após cozimento e fritura.
Métodos: Pesquisa ativa de artigos nas bases cientícas nacionais e internacionais, cobrindo os anos
de 1990 a 2015. Resultados: O azeite de oliva apresenta discretas perdas das propriedades anti-
oxidantes e mudanças pequenas no perl lipídico após o aquecimento em temperaturas elevadas,
contudo apresenta grande estabilidade comparada a demais tipos de óleos, praticamente não levando
à formação de compostos tóxicos. Conclusão: Pode-se utilizar azeite de oliva em preparações
aquecidas, pois são preservadasboa parte de suas características benécas e, após aquecimento, as
mesmas mantêm-se superiores aos demais óleos.
Descritores: Óleos vegetais; Azeite de oliva; Gorduras.
ABSTRACT
Introduction: Olive oil is recognized due to its anti-oxidant properties in order to be incorporated in
cooking, but the most used form of oil is in the cold presentation. The aim of this study was to investigate
the changes in the olive oil properties after cooking and frying. Methods: Active Research articles
in national and international scientic basis, covering the years 1990-2015. Results: Olive oil shows
discrete loss of antioxidants and lipid changes in properties after heating at high temperatures, but had
greater stability compared to other types of oils, hardly leading to the formation of toxic compounds.
Conclusion: We could use olive oil in heated preparation because it preserves much of its benecial
characteristics and, after heating, its benecial properties remains superior to other oils.
Key-words: Plant oils; Olive oil; Fats.
1 Carlos Alberto Nogueira-de-Almeida
2 Durval Ribas Filho
3 Elza Daniel de Mello
4 Graziela Melz
5 Ane Cristina Fayão Almeida
¹ Mestre e Doutor em Pediatria pela USP, Professor na Universidade de Ribeirão Preto, Diretor do Departamento de Nutrologia Pediátrica
da Associação Brasileira de Nutrologia.
² Mestre e Doutor em Medicina, Professor de Nutrologia da Faculdade de Medicina Fundação Padre Albino/FAMECA-SP,
Presidente da Associação Brasileira de Nutrologia.
³ Médica Gastropediatra e Nutróloga. Professora Associada da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Membro do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Membro da Associação Brasileira de Nutrologia.
4 Acadêmica de Medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
5 Nutricionista, doutoranda em saúde da criança e do adolescente pela FMRP-USP.
International Journal of Nutrology, v.8, n.2, p. 13-20, Mai / Ago 2015 13
Published online: 2020-02-17
14 International Journal of Nutrology, v.8, n.2, p. 13-20, Mai / Ago 2015
CARLOS ALBERTO NOGUEIRA-DE-ALMEIDA
INTRODUÇÃO
O azeite de oliva (AO) tem sido utilizado na
culinária desde pelo menos 3.000 a.C1 devido às
suas propriedades culinárias, como odor e sabor
caraterísticos. No Brasil, é denido como um produto
obtido dos frutos da oliveira Oleaeuropaea L., sendo
excluídos os óleos obtidos através de processos de
reestericação ou solventes e qualquer mistura de
outros óleos2.
A dieta do mediterrâneo tem sido reconhecida
pela ciência, desde os anos 60, como fator protetor
de doenças, como câncer, demência, asma, infarto
agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral3.
As características principais dessa dieta são:
razão elevada entre gordura monoinsaturada/
saturada; uso moderado de vinho; alto consumo de
legumes, cereais, grãos, frutas e verduras; baixo
consumo de carne vermelha; elevada ingestão
de peixe; e uso moderado de leite e derivados4.
Nesse contexto, o AO tem sido reconhecido devido
a seus efeitos antioxidantes, pois tem uma grande
quantidade de ácidos graxos monoinsaturados
(MUFAs), como o ácido oleico, o qual atua no
controle do colesterol e auxilia na diminuição do
lowdensitylipoproteincholesterol(LDL-C)5,6.De
acordo com a Segunda Conferência Internacional
sobre azeite de oliva e saúde7, os principais
benefícios cienticamente reconhecidos sobre esse
alimento, são: redução do LDL-C, aumento da razão
high-densitylipoprotein cholesterol (HDL-C)/LDL-C;
redução da oxidabilidade do LDL-C; melhora do
metabolismo da glicose, do controle da pressão
arterial e da função endotelial; promoção de ambiente
anti-trombótico (redução da agregação plaquetária,
da produção de tromboxane B2, do fator de Von
Willebrand, do fator tissular, do inibidor da via do fator
tissular, do PAI-1, do fator VII e do fator XII); efeitos
favoráveis contra a obesidade; menor ativação do
NF-KB tanto em jejum como no estado pós prandial;
redução do declínio cognitivo relacionado à idade e
à doença de Alzheimer.
Ainda, é sabido que a I Diretriz sobre o
consumo de gorduras e saúde cardiovascular faz
uma recomendação dietética quanto à ingestão de
ácido graxo monoinsaturado que deve ser até 20%
do consumo energético diário da dieta8.
No Brasil, o consumo per capta de AO é
baixo, cerca de 200 mililitros por ano. Para efeito de
comparação, na Grécia ele passa de 20 litros, na
Espanha e na Itália é de 12 litros e, em Portugal, 7
litros9. O Brasil está posicionado entre os 10 maiores
consumidores mundiais10, mas, considerando-se a
gama de benefícios com reconhecimento cientíco
e o baixo consumo per capta9, seria desejável o
incremento da utilização do AO.
Uma das possíveis razões para esse baixo
consumo refere-se à combinação do preço elevado,
quando comparado a outros óleos vegetais, e à
ideia de que seu uso deva se restringir à nalização
de pratos culinários, ou seja, na forma fria.Muitos
também desconhecem os benefícios do AO para
a saúde, dando assim, pouca importância a este
alimento. Ainda existe, de fato, a crença de que,
uma vez aquecido, o AO perde suas propriedades
benécas à saúdee até mesmo formariasubstâncias
tóxicas6.
Assim, a presente revisão tem por objetivo
rever os benefícios com reconhecimento técnico
desse produto e levantar, na Literatura Cientíca,
o que efetivamente ocorre quando é utilizado em
preparações quentes, como fritura e cozimento.
Metodologia
O presente trabalho faz uma revisão de
literatura. Os estudos foram selecionados por
meio de uma busca eletrônica nas bases de dados
Pubmed, Scielo, Lilacs e Scopus, utilizando os
descritores “óleos vegetais” (plantoils), “azeite de
oliva” (oliveoil), “gorduras” (fats). A busca limitou-se
aos artigos, dissertações e teses relevantes, escritos
em português, inglês e espanhol, que versavam
sobre os efeitos do aquecimento nas propriedades
físico-químicas do azeite de oliva e sua relação com
a saúde humana e que compreendiam o período de
1990 a 2015.
Não foram incluídos artigos que apresentavam
dados referentes a modelos animais e não disponíveis
na íntegra. Os artigos do presente estudo foram
selecionados a partir de títulos e resumos completos.
Resultados
Um total de 189 artigos foram identicados
nas bases de dados usando os descritores citados.
Foram elegíveis 10, nos quais houve discussão sobre
a temática e estiveram de acordo com os critérios de
inclusão estabelecidos.
Sobre o AO:
 -Perldeácidosgraxos
Como comentado anteriormente, o AO é rico
em ácidos graxos monoinsaturados, como o ácido
oleico, e baixo em saturados. Essa propriedade ajuda
a reduzir o “colesterol ruim” (LDL-C) no sangue, sem
afetar o nível de “colesterol bom” (HDL-C), permitindo
o equilíbrio entre os dois tipos no organismo6.
International Journal of Nutrology, v.8, n.2, p. 13-20, Mai / Ago 2015 15
A composição química do produto apresenta
a presença de hidrocarbonetos (esqualeno), o que
favorece a excreção de toxinas e a saúde celular.
Possui esteróis (ß-sitosterol), que além de reduzir
o colesterol ajudam a prevenir e combater o câncer
(próstata, cólon, mama)6.
 -Presençadeantioxidantes
Os compostos fenólicos do azeite têm
mostrado propriedades antioxidantes mais elevadas
do que a da vitamina E nos lipídeos e na oxidação
do DNA in vitro e ex vivo. Eles também são capazes
de prevenir a disfunção endotelial, diminuindo
a expressão de moléculas de adesão celular e
aumentando a produção de óxido nítrico. Além disso,
os compostos fenólicos do AO inibem a agregação
de plaquetas e melhoraram a transcrição do RNAm
da enzima antioxidante glutationaperoxidase.
Outras atividades potenciais incluem e atividade
quimiopreventivaantiinamatória e o retardo da
progressão da aterosclerose11.
Cerca de 80 % ou mais dos compostos
fenólicos do AO são perdidos no processo de reno,
assim, o seu teor é mais elevado em AO virgem.
Os principais compostos fenólicos no AO são:
fenóis simples (hidroxitirosol, tirosol) e poliphenois
(oleuropeína glucósido)11.
- Efeitos do aquecimento
O óleo pode ser aquecido de diversas formas,
mas o processo mais comum é a fritura, a qual leva
a múltiplas reações químicas, gerando compostos
químicos, em sua grande maioria não-voláteis, ou
seja, que permanecem no azeite, afetando apenas
suas propriedades físicas12. Estas alterações nas
propriedades físicas dos óleos e gorduras são
utilizadas como indicadores da deterioração química
do meio de fritura. A qualidade dos alimentos
cozinhados por este método é dependente das
condições de fritura, assim como da temperatura do
meio de fritura, do tempo de fritura, da dimensão e tipo
de alimento, do volume e tipo de óleo utilizados12. Vale
ressaltar que a formação de aldeídos e compostos
voláteis durante a fritura depende principalmente da
temperatura do óleo. A tendência de formação de
voláteis também depende da composição de ácidos
graxos12.
A composição química inicial do óleo e as
suas propriedades físicas também têm inuência
no processo de fritura. Usualmente, podem ser
utilizados vários óleos para fritar, como óleo de
palma, óleo de milho, óleo de soja e óleo de girassol.
Uma vez que o meio de fritura deve ser pobre em
ácidos graxos livres (AGL) e em compostos polares,
o azeite virgem extra (AOE) é uma boa opção para
o processo de fritura12. Neste contexto, é importante
lembrar as principais reações que ocorrem durante a
fritura, as quais estão descritas abaixo:
- Degradação química
Durante a fritura, as altas temperaturas usadas,
na presença de oxigênio e água - da atmosfera e do
alimento), induzem importantes alterações químicas,
sendo que esta degradação se torna maior quando
o óleo é reutilizado12. Isto se deve principalmente
a três fatores: a mistura com o alimento, que pode
causar hidrólise com a formação de AGL; o oxigênio
que está na superfície do óleo durante a fritura -
alteração oxidativa- e as altas temperaturas que são
atingidas12. Portanto, O reaquecimento do óleo não é
recomendado pois poderá conter altas quantidades
de ácidos graxos livres e consequentemente
diminuirá drasticamente o ponto de fumaça original,
o que resultará em mais altas emissões de voláteis
em baixas temperaturas12.
O tipo e a qualidade do óleo, as propriedades
do alimento, e a razão alimento/óleo são fatores
que inuenciam estas reações de degradação dos
óleos durante a fritura. Estas reações reduzem
inevitavelmente o tempo de vida útil dos óleos e
afetam diretamente a qualidade nal do produto12.
- Hidrólise
A umidade e a temperatura, que fazem parte
da operação de fritura, levam à reação de hidrólise,
produzindo diacilgliceróis (DAG) e AGL a partir dos
triacilgliceróis (TAG). Os diacilgliceróis formados
podem ainda ser hidrolisados em monoacilgliceróis
(MAG) e estes em glicerol e AGL. A principal
consequência desta reação é o aumento da acidez12.
Os AGL são muito reativos e com características
de sabor e cheiro muito acentuadas quando são
de cadeia curta. Contudo, grande parte deles são
volatilizados e removidos do óleo pelo vapor gerado
na fritura12.
 -Oxidação
O aquecimento na presença de oxigênio
causa a conversão parcial de óleos e gorduras
em compostos voláteis, derivados da oxidação
e substâncias diméricas, poliméricas e cíclicas.
Cada óleo vegetal tem a sua estabilidade contra
AZEITE DE OLIVA E SUAS PROPRIEDADES EM PREPARAÇÕES QUENTES:
REVISÃO DA LITERATURA
16 International Journal of Nutrology, v.8, n.2, p. 13-20, Mai / Ago 2015
CARLOS ALBERTO NOGUEIRA-DE-ALMEIDA
a oxidação, dependendo da composição em
AGL, particularmente do grau de insaturação, e
dos conteúdos e composição dos componentes
menores, tais como tocoferóis, certos esteróis,
hidrocarbonetos, carotenóides e polifenóis12.
O estado de oxidação é um indicador da
qualidade e tempo de vida útil dos óleos; este
pode ser avaliado utilizando várias técnicas
analíticas,dependendo da complexidade das reações
químicas envolvidas na oxidação e da diversidade
de compostos produzidos12.
As técnicas mais utilizadas incluem méto-
dos analíticos, de análise instrumental, e testes
indiretos. Os métodos analíticos estudam a
quantidade e composição dos compostos primá-
rios (Hidroperóxidos e dienos conjugados) e secun-
dários de oxidação (aldeídos, cetonas, álcoois e
hidrocarbonetos), as outras técnicas avaliam a
perda de ácidos graxos insaturados, vitaminas e
antioxidantes normalmente presentes nos óleos12.
O ranço causado pela oxidação ou auto
oxidação não pode ser parado por diminuição da
temperatura de armazenamento. A degradação
térmica dos lipídeos conduz também à formação dos
produtos de elevada massa molecular, tal como os
compostos polares e os triacilgliceróis poliméricos12.
A formação de compostos polares está
relacionada fortemente com as etapas preliminares e
secundárias da oxidação e o teor destes compostos
nos óleos que foram utilizados no processo de fritura
tem sido usado como parâmetro de avaliação de
qualidade. O valor de 25% (m/m) tem sido o máximo
legal permitido nos óleos utilizados para a fritura12.
- Degradação física
A exposição a fatores como a luz, temperatura,
presença de água e oxigénio leva também a
alterações físicas: a cor escurece, a viscosidade
aumenta e aparece algum fumo12.
Daskalaki e cols.13 vericaram que à
temperatura de 180º C (temperatura de fritura) havia
60% de redução nos derivados hidroxitirisol após
30 minutos. A 100º C por 2 horas, apenas perdas
inferiores a 20% dos compostos fenólicos. Amati e
cols.14também observaram degradação parcial de
compostos fenólicos, mas apenas a 180º C. Sánchez-
Gimeno e cols.15, ao compararem o comportamento
do AO com óleo de girassol, concluíram que, durante
a fritura, o azeite apresentou maior estabilidade ao
processo oxidativo e manteve rica sua composição
de ácido oleico. Sánchez-Muniz16 consideram em
revisão feita para o livro “Olive oiland Health”, que
o AO é o mais adequado para fritura por ser mais
resistente à oxidação térmica.
Sacchi e cols.5 observaram que o aquecimento
do AO praticamente não leva à formação de produtos
tóxicos, como a acrilamida e, mesmo sendo essa
possibilidade considerada, as próprias substâncias
antioxidantes presentes no AO inibem sua formação.
Santos e cols.17 armam que, mesmo re-
conhecendo-se eventuais perdas de propriedades
antioxidantes, o AO ainda é o óleo de uso doméstico
com maior estabilidade. Ressaltam que é importante
que não seja exposto a temperaturas excessivas,
acima de 180º C especialmente por longos períodos,
o que poderia elevar a perda de suas propriedades.
Allouche e cols.18 comentam em seu estudo
que os tocoferóis e polifenóis foram os mais afetados
pelo tratamento de aquecimento e se mostraram
com maior degradação. o ácido oleico, o mais
abundante ácido graxo no azeite de oliva, não se
mudou com o tempo de aquecimento.
Penz19, em 2010, fez importante revisão sobre
os efeitos do aquecimento do AO, além de ensaios
clínicos. Relatou que o perl lipídico do AO pouco se
altera após tratamento térmico (Tabela 1). Além disso,
o aquecimento não levou a perda dos tosteróis após
seu aquecimento, ocorrendo inclusive elevação de
seus níveis. Esse fato pode ser devido ao aumento
da solubilidade desses compostos com a elevação
da temperatura (Tabela 2). A tabela 3 mostra os
índices de redução de peróxidos no aquecimento,
na manutenção e no nal. A legislação brasileira
estabece, como critério de qualidade, um máximo
de 20 meq/kg de índice de peróxidos para o AOE.
Com relação ao índice de acidez, não foi observada
modicação após o aquecimento (Tabela 4).
Dobarganes20 vericou que, quando comparado
aos outros óleos habitualmente utilizados (girassol,
soja e palma), o AO se destaca como aquele que
mantem maior estabilidade, com menor formação
de compostos polares totais após cinco horas de
termoxidação e após 15 frituras (Tabela 5). Após
esta revisão, o autor20consideraque na versão crua,
o azeite é a melhor escolha, especialmente por suas
características organolépticas. E na versão fritura,
também é a melhor opção, devido à sua estabilidade.
Carapinha, em 201221, comparou dois
tipos de AO, o AOE e o “azeite” (mistura de azeite
renado com azeite virgem), quando submetidos ao
aquecimento e a ciclos de fritura durante alguns dias.
Os testes de fritura e aquecimento foram realizados
International Journal of Nutrology, v.8, n.2, p. 13-20, Mai / Ago 2015 17
AZEITE DE OLIVA E SUAS PROPRIEDADES EM PREPARAÇÕES QUENTES:
REVISÃO DA LITERATURA
por período bastante superior ao realizado no dia-
dia da dona de casa, mesmo assim, foi possível
observar alguns aspectos relevantes. Foram
conduzidas análises químicas para determinar a
evolução da degradação do AO e AOE: a acidez, o
teor de Compostos Polares, o índice de Peróxidos, o
índice de p- anisidina, a absorvência no ultravioleta
e a composição em ácidos gordos, assim como a
determinação da viscosidade.
Em relação à viscosidade, esta aumentou
com o tempo de aquecimento, de forma não linear
em ambos os azeites, sendo este aumento mais
marcado no AOE após cerca de 27h de aquecimento.
No ensaio de fritura foi também evidente o aumento
da viscosidade com o tempo de aquecimento.
Contudo, este aumento é menos acentuado do que
o observado nos ensaios só de aquecimento21.
Tal como esperado, houve aumento da acidez
(expressa em percentagem de ácido oleico livre)
para ambos os azeites, tanto ao longo dos ensaios
de aquecimento como dos de aquecimento com
ciclos de fritura21.
A oxidação dos lipídeos consiste numa série
de reações autocatalíticas que produzem inúmeros
compostos22. Os primeiros compostos a formarem-
se são os hidroperóxidos conjugados estando a
sua formação relacionada com a susceptibilidade
à oxidação dos ácidos graxos e com os níveis de
antioxidantes presentes na gordura.
Segundo o Conselho Oleícola Internacional10,
os valores máximos de absorvência para o AOE são
2,5 (k232) e 0,22 (k270), sendo 232nm relacionada
com a formação de ácidos graxos poli-insaturados e
270nm indicativo de presença de produtos primários
e secundários de oxidação. Em um estudo21 vericou-
se um aumento de K232 E k270 ao longo do tempo
de aquecimento dos azeites avaliados. Este aumento
foi mais acentuado no “azeite” do que no AOE. Este
fato pode dever-se à presença de uma quantidade
maior de antioxidantes no AOE.
A presença de antioxidantes naturais no
AOE pode explicar a sua maior estabilidade à
termoxidação. Nos ensaios apenas de aquecimento
a temperatura constante, cerca de 180ºC, pode ter
levado a uma destruição de compostos de oxidação
secundária, diminuindo o poder antioxidante21.
Estudo23 demonstrou que o consumo
excessivo de alimentos fritos representa riscos à
saúde. Óleos aquecidos por longos períodos, sob
temperaturas extremamente elevadas, podem
apresentar uma composição resultantede até 50%
de compostos polares. Estes são produtos da
degradação dos triglicerídeos (polímeros, dímeros,
ácidos graxos livres e ácidos graxos oxidados)23.
Para um AO ser colocado neste critério, do ponto
de vista legislativo, deve ter um teor de compostos
polares que não ultrapasse 25%. Este método é
reconhecido mundialmente como o método mais
dedigno para avaliar a deterioração dos óleos
durante o aquecimento e a fritura, sendo considerado
que o aumento do teor de compostos polares é
proporcional à perda de qualidade do AO e de óleos.
Os antioxidantes constituintes do AOE são
praticamente eliminados quando o “azeite lampante”
é submetido à operação de renação para depois
poder ser misturado com azeite virgem na preparação
do lote comercial designado por “azeite”. Se os valores
de compostos polares forem comparados, principal
critério de avaliação de qualidade dos azeites, com
a viscosidade dos resultados obtidos no ensaio de
aquecimento no estudo de Carapinha21, pode-se
armar que a viscosidade éum bom indicador do nível
de deterioração dos azeites sujeitos a aquecimento
e fritura.
Conclusão
Com base na revisão realizada, pode-se
concluir que o azeite de AOE é o óleo mais adequado
para uso na forma crua, devido ao melhor perl de
ácidos graxos e à presença de antioxidantes. Mesmo
após aquecimento em condições de uso doméstico,
ele não sofre mudanças signicativas em seu perl
de ácidos graxos. Em especial, cabe salientar que
praticamente não ocorre formação de ácidos graxos
trans ou de ácidos graxos saturados.
Após aquecimento em condições de uso
doméstico, não se observa a formação de substâncias
tóxicas e o AOE mantém cerca de 80% das
substâncias antioxidantes. Observa-se que AOE tem
maior estabilidade oxidativa do que o AO, tanto em
ensaios de aquecimento como de fritura, sendo que
esse fato pode ser explicado pela maior quantidade
de antioxidantes naturais no AOE, uma vez que
esses compostos são parcialmente eliminados no
processo de reno para desodorização.
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Recebido em 07/07/2015
Revisado em 10/07/2015
Aceito em 15/07/2015
Autor correspondente:
Prof. Dr. Carlos Alberto Nogueira de Almeida
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MD. Analysis of esteried and nonesteried fatty acids in
serum from obese individuals after intake of breakfasts
prepared with oils heated at frying temperature. Analytical
and bioanalytical chemistry. 2013;405(18):6117-29.
CARLOS ALBERTO NOGUEIRA-DE-ALMEIDA
Tabela 1 - Perl lipídico do azeite de oliva antes e após o tratamento térmico
(60ºC, 100ºC, 180ºC e 180ºC durante 30 min).
Amostra
Bruta
Após tratamento térmico (60ºC)
Após tratamento térmico (100ºC)
Após tratamento térmico (180ºC)
Após tratamento térmico (180ºC) 30 min
MUFA´s
71,15% (±1,9545)
72,29% (±0,1050)
72,70% (±0,2694)
74,10% (±1,8537)
72,27% (±0,1146)
International Journal of Nutrology, v.8, n.2, p. 13-20, Mai / Ago 2015 19
AZEITE DE OLIVA E SUAS PROPRIEDADES EM PREPARAÇÕES QUENTES:
REVISÃO DA LITERATURA
PUFA´s
5,83% (±0,0200)
5,84% (±0,0088)
5,78% (±0,0123)
5,73% (±0,0123)
5,51% (±0,0070)
Trans
0%
0%
0%
0%
0%
Saturada
14,31% (±0,2830)
14,23% (±0,1126)
13,89% (±0,2534)
12,54% (±1,6398)
14,58% (±0,1117)
MUFA´s=ácidosgraxosmonoinsaturados;PUFA´s=ácidosgraxospolinsaturados;Trans=ácidosgraxostrans.
Fonte: Penz RL. Estudo das alterações físico-químicas do azeite de oliva após tratamento térmico. Lajeado. Univates, 2010.
Tabela 2 - Porcentagem de toesteróis antes e após o tratamento térmico
(60ºC, 100ºC, 180ºC e 180ºC durante 30 min).
AMOSTRA
Bruta
Após tratamento térmico (60ºC)
Após tratamento térmico (100ºC)
Após tratamento térmico (180ºC)
Após tratamento térmico (180ºC) 30 min
Fitoesteróis
0,28% (±0,0440)
0,55% (±0,0127)
0,57% (±0,0264)
0,56% (±0,0410)
0,40% (±0,0110)
Fonte: Penz RL. Estudo das alterações físico-químicas do azeite de oliva após tratamento térmico. Lajeado. Univates, 2010.
Tabela 3 - Índice de Peróxidos (mEq/Kg) do azeite de oliva antes e após o tratamento térmico 60ºC, 100ºC,
180ºC e 180ºC durante 30 min.
Amostra
Bruta
Após tratamento térmico (60ºC)
Após tratamento térmico (100ºC)
Após tratamento térmico (180ºC)
Após tratamento térmico (180ºC) 30 min
ÍndicedePeróxidos(mEq/Kg)
15,560 (±0,5133)
15,370 (±0,2641)
15,720 (±0,9721)
15,910 (±0,5239)
6,470 (±0,2100)
Fonte: Penz RL. Estudo das alterações físico-químicas do azeite de oliva após tratamento térmico. Lajeado. Univates, 2010.
20 International Journal of Nutrology, v.8, n.2, p. 13-20, Mai / Ago 2015
Tabela 4 - Índice de acidez do azeite de oliva ( como ácido oleico, em %) antes e após o tratamento térmico
(60ºC, 100ºC, 180ºC e 180ºC durante 30 min).
Amostra
Bruta
Após tratamento térmico (60ºC)
Após tratamento térmico (100ºC)
Após tratamento térmico (180ºC)
Após tratamento térmico (180ºC) 30 min
Índice de Acidez (como ácido oléico)
0,44% (±0,034)
0,50% (±0,005)
0,50% (±0,028)
0,50% (±0,030)
0,49% (±0,032)
Fonte: Penz RL. Estudo das alterações físico-químicas do azeite de oliva após tratamento térmico. Lajeado. Univates, 2010.
Tabela 5 - Compostos polares (% sobre gordura) e compostos glicerídicos menores (mg/g de gordura)
nos azeites originais.
Azeites
Oliva
Girassol
Soja
Palma
TG = triglicerídeos
Fonte: Dobarganes MC. Comportamiento del aceite de oliva en la fritura de alimentos. CICC 10. 1992:10.
Total
Compostos Polares
4,0
5,8
4,0
8,4
Compostos Glicerídicos Menores
Polímeros
4,7
14,8
3,4
12,5
TGoxidados
6,0
22,0
19,2
7,1
Diglicerídeos
24,4
14,8
13,3
63,2
ÁcidoGraxos
4,9
6,9
4,1
1,2
Compostos polares (% sobre gordura) e compostos glicerídicos menores (mg/g de gordura)
nos azeites termoxidados em 5 horas.
Azeites
Oliva
Girassol
Soja
Palma
Total
Compostos Polares
12,2
24,4
17,4
16,9
Compostos Glicerídicos Menores
Polímeros
45,3
139,4
87,9
58,2
TGoxidados
45,9
86,0
69,7
47,0
Diglicerídeos
27,6
14,5
12,7
62,2
ÁcidoGraxos
3,2
4,1
3,6
1,2
Compostos polares (% sobre gordura) e compostos glicerídicos menores (mg/g de gordura)
nos azeites depois de 15 frituras.
Azeites
Oliva
Girassol
Soja
Palma
Total
Compostos Polares
18,3
25,7
21,7
21,8
Compostos Glicerídicos Menores
Polímeros
78,9
143,4
112,2
82,4
TGoxidados
72,8
92,8
86,6
63,9
Diglicerídeos
26,0
16,2
14,4
66,5
ÁcidoGraxos
5,3
4,4
3,7
5,0
CARLOS ALBERTO NOGUEIRA-DE-ALMEIDA
... In Brazil, the olive oil consumption of about 200 milliliters per capita per year is quite low as compared to other countries. In Greece it is 26 liters, in Spain 12 liters, and in Portugal 7 liters (Nogueira-de-Almeida, Ribas Filho, de Mello, Melz, & Almeida, 2015). One possible reason for this low consumption is the combination of high price compared to other vegetable oils, and the idea that its use should be restricted to finishing cold dishes. ...
... There is, in fact, the belief that, once heated, olive oil would suffer changes in its lipid profile, thereby degrading and losing its beneficial health properties. Additionally, even recognizing that olive oil may be the best option when used fresh, it is commonly believed that after heating, it becomes worse than other oils in relation to nutritional quality (Nogueira-de-Almeida et al., 2015). Oil can be heated in many ways, but the most common process is by frying, which leads to multiple reactions that generate mostly non-volatile, chemical compounds, i.e., they remain in the oil, affecting their physical properties (Katragadda, Fullana, Sidhu, & Carbonell-Barrachina, 2010). ...
... The trend towards the production of volatile compounds also depends on the fatty acids' composition (Katragadda et al., 2010). Heating also modifies many properties of oils, such as the profile of fatty acids, antioxidant capacity, and nutritional quality (Nogueira-de-Almeida et al., 2015;Valderas-Martinez et al., 2016). Some of these can be evaluated by laboratory indicators, such as the composition of fatty acids, the antioxidant capacity, the amount of phenolic compounds, and degradation (Allouche, Jimenez, Gaforio, Uceda, & Beltran, 2007;Ballus, 2014;Cicerale, Conlan, Sinclair, & Keast, 2009;Daskalaki, Kefi, Kotsiou, & Tasioula-Margari, 2009;Freire, Ferreira, & Mancini-Filho, 2013;Nunes, de Souza, Correa, & da Costa e Silva, 2013;Santos, Cruz, Cunha, & Casal, 2013). ...
Article
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The objectives were to evaluate the properties of refined (ROO) and extra-virgin olive oil (EVOO) in their natural state (fresh) and after heating, while comparing them with each other and with refined soybean (SBO) and refined sun ower seed oil (SFO). The methodology was designed to simulate, in controlled laboratory conditions, the home-frying process, while evaluating fatty acid profile (fatty acid methyl esters were separated by gas chromatography), concentration of phenolic compounds (Gallic acid dosage), antioxidant activity (DPPH), and production of polar compounds (thin layer chromatography) before and after heating to 200 °C for six minutes. It was observed that, before and after heating, SBO and SFO are rich in polyunsaturated fatty acids (FA) and ROO and EVOO are rich in monounsaturated FA. Fresh or heated, ROO and EVOO do not have trans FA, which are present in SBO and SFO, and increase in SBO after heating (+ 32.8%). The concentrations of phenolic compounds are always higher in olive oils, despite the decrease that occurs after heating (-7.5% in the ROO and -24.6% in EVOO). Antioxidant activity is greater when olive oils are fresh and remains present in EVOO after heating. The concentration of polar compounds was similar for all oils after heating. In conclusion, ROO and EVOO are the richest in monounsaturated FA even after heating, with no production of saturated or trans FA. Despite losing some antioxidant activity, heated EVOO remains richer in monounsaturated FA than ROO, SBO and SFO in the fresh version. All oils suffer similar rates of degradation.
... No presente estudo foram avaliadas 12 amostras de azeite de oliva e óleos vegetais comumente utilizados pela população. As amostras foram submetidas a crescentes condições de temperatura, definidas de acordo com a prática utilizada na culinária e estudos prévios (PENZ, 2010;NOGUEIRA-DE-ALMEIDA et al., 2015). ...
... A oxidação lipídica iniciada pelo oxigênio e acelerada pela exposição luminosa e/ou altas temperaturas (FIB, 2014), consiste em uma série de reações auto-catalíticas que resultam na produção de diversos compostos, tais como hidroperóxidos conjugados e aldeídos (CHOE; MIN, 2009). A geração de produtos termo-oxidados e polimerizados durante essas reações são capazes de alterar as características organolépticas do produto, uma vez que contribuem para a geração de off flavours que se desenvolvem durante a peroxidação lipídica (NOGUEIRA-DE-ALMEIDA et al., 2015). Dentre as amostras analisadas, o OS apresentou os maiores níveis de oxidação quando comparado aos azeites (AOE e AOU) em todas as temperaturas avaliadas, inclusive à temperatura ambiente. ...
Article
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Demand for healthy foods is growing and olive oils are gaining attention. However, there is still no consensus regarding the best ways to use it in cooking. This study aimed to evaluate the possible physicochemical modifications resulting from heating olive oil compared to vegetable oils. Samples of extra virgin (AOE) or refined type (AOU) olive oils; canola oil (OC) and soybean oil (OS) were selected considering the most consumed brands by the population. Samples were heated at 40, 70, 120, and 180 ° C and analyzed for hydrolytic (acidity index) and oxidative (malondialdehyde - MDA) rancidity. The results showed that heating was able to alter the availability of free fatty acids in AOE and AOU (about 30 % reduction in acidity index compared to room temperature) in relation to OC and OS. Changes in this parameter were not observed for oils. Regarding MDA levels, it was observed that both of which olive oils were less susceptible to thermo-oxidation when heated compared to OC or OS, which showed statistically higher rates. When compared together, the following behavior was observed for acidity levels (AOE = AOU> OC = OS) and MDA (OS> OC> AOU = AOE). The data obtained in the present study indicate greater applicability of olive oils in heated preparations, however, further studies are needed to better understand the chemical reactions involved in their thermoprotection processes.
... . O fruto da oliveira é a azeitona, possui uma alta proporção de óleo, sendo obtido dela o azeite de oliva. A qualidade e quantidade do óleo extraído está relacionado ao cultivo, ao solo, condições climáticas, sendo muito importante a técnica de colheita e o processo de prensagem, além disso é através da colheita que se determina o aroma do azeite (NOGUEIRA-DE-ALMEIDA et. al., 2015).O azeite de oliva não possui nenhum tratamento químico durante seu processamento, sendo utilizado apenas procedimentos mecânicos, ao contrário de óleos que durante seu processo de refino acabam perdendo totalmente ou parcialmente seus compostos, com isso o azeite possui preservados seus constituintes presentes no fruto da oliveira (UNCU ...
... As observed, both omega-6/3 and omega-9/6 did not perform better than medroxyprogesterone acetate and meloxicam, but they had an analgesic effect, probably due to anti-inflammatory 5,26 and antioxidant effects 27 . The reason why they did not perform better than medroxyprogesterone acetate and meloxicam may be because in this study, the polyunsaturated fatty acids were used as nutraceutical treatment, whereas in most studies, they were used as a supplement. ...
Article
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Purpose: To evaluate the effects of the nutraceuticals omega-6/3 and omega-9/6 on endometriosis-associated infertility and pain. Methods: Controlled experimental study, with each group composed of eight female rats. Fertility groups: sham-operated control (0.9% saline solution); control with endometriosis (0.9% saline); omega-6/3 (1.2 g/kg/day); omega-9/6 (1.2 g/kg/day); and meloxicam (0.8 mg/kg/day). Pain groups: sham-operated control (0.9% saline); control with endometriosis (0.9% saline); omega-6/3 (1.2 g/kg/day); omega-9/6 (1.2 g/kg/day); medroxyprogesterone acetate (5 mg/kg/every 3 days); and meloxicam (0.8 mg/kg/day). Peritoneal endometriosis was surgically induced. Pain was evaluated with the writhing test. Fertility was evaluated by counting the number of embryos in the left hemi-uterus. Results: The mean number of writhings was as follows: sham-operated, 11.1 ± 2.9; control with endometriosis, 49.3 ± 4.4; omega-6/3, 31.5 ± 2.7; omega-9/6, 34.1 ± 4.5; medroxyprogesterone acetate, 2.1 ± 0.8; meloxicam, 1 ± 0.3. There was a significant difference between both controls and all drugs used for treatment. Regarding fertility, the mean values were as follows: sham-operated, 6.8 ± 0.6; control with endometriosis, 4.2 ± 0.7; omega-6/3, 4.7 ± 1; omega-9/6, 3.8 ± 0.9; and meloxicam, 1.8 ± 0.9. Conclusions: The omega-6/3 and omega-9/6 nutraceuticals decreased pain compared to the controls. There was no improvement in fertility in any of the tested groups.
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A produção de alimentos à base de soja no Brasil é um segmento que apresenta um forte crescimento. O objetivo do trabalho foi desenvolver drageado de soja com cobertura crocante e salgada e avaliar suas características. Para a elaboração dos drageados, os grãos de soja foram branqueados por 5 min a 98°C e torrados em forno industrial por 10 min a 175°C, seguidos de imersão no xarope de drageamento e pó de secagem. Foram desenvolvidas três formulações com diferentes quantidades de farinha de aveia integral sem glúten (5%, 15% e 25%) no pó de secagem. Os drageados foram avaliados quanto às características químicas, instrumentais e de aceitação sensorial, bem como as condições higiênico-sanitárias dos produtos. Os drageados de soja com cobertura crocante e salgada apresentaram vantagens nutricional devido ao maior teor de proteínas e fibras alimentares e menor teor de lipídios, sódio e valor energético do que o drageado de amendoim comercial. A dureza instrumental indicou que os drageados elaborados necessitam de menor força de fraturabilidade para a quebra do que os drageados de amendoim comercial. A baixa atividade de água e as condições higiênico-sanitárias dos três produtos indicaram não causar riscos à saúde no seu consumo. Na análise de aceitação sensorial os atributos mais relevantes foram a textura e a cor, os quais receberam as maiores notas em todas as formulações. Segundo o índice de aceitabilidade a maior aceitação foi para os drageados de soja contendo 15 % de farinha de aveia integral sem glúten e 15% da farinha de arroz. Os drageados desenvolvidos neste trabalho são alimentos inovadores podendo ser uma excelente opção para o segmento de “snacks” salgados, trazendo os benefícios já conhecidos dos grãos de soja e demais ingredientes.
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As mídias sociais podem ser utilizadas como ferramenta de divulgação de informações. Esse trabalho relata as atividades realizadas pelo projeto de extensão “Farmalimentos”, utilizando o Instagram® como meio de divulgação de conteúdo científico na área de ciência dos alimentos, no intuito de combater as desinformações disseminadas pela sociedade. O projeto é composto por discentes e docentes do curso de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os temas dos posts foram definidos em conjunto, elaborados pelos discentes, sob supervisão dos docentes orientadores. Durante o período de 12 de novembro de 2019 a 02 de setembro de 2021, ocorreram 31 publicações na conta @farmalimentos. Os quadros “Você sabia?”, “Mito ou verdade?” e “Fraudes alimentares” tiveram alcance de 974, 775 e 754 contas, respectivamente. Esperamos ter contribuído para a formação dos estudantes e divulgação de informações fidedignas para população, de forma a auxiliar na escolha por alimentos mais saudáveis e seguros.
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The main ways by which extra-virgin olive oil is consumed include direct application on salads or as an ingredient in sauces, but it is also been used by some for cooking, including frying and baking. However, it has been reported that under heat stress, some nonglyceridic components of olive oil are degraded. So, the effect of heating (at 50, 100, 150, and 200 °C for 2 h) on the volatile composition and sensory aspects of extra-virgin olive oil were evaluated. Heating altered the volatile composition of extra-virgin olive oil, mainly at higher temperatures (above 150 °C). The main modifications were related to the formation of large amounts of oxidized compounds, particularly large chain aldehydes. Sensory aspects were also altered when the oil was heated to higher temperatures, which might have occurred because of color alterations and mainly changes in the volatile composition of the oil.
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The aim of this chapter is to provide a brief overview of the recent results of studies on extra virgin olive oil (EVOO) and its interactions with other food ingredients during cooking, to highlight basic molecular aspects of the "magic" of EVOO and its role in Mediterranean gastronomy. The use of raw EVOO added to foods after cooking (or as a salad oil) is the best way to express the original flavour and to maximize the intake of natural antioxidants and compounds related to positive effects on human health (hypotensive, anti-inflammatory, and anti-cancerogenic, among others). EVOO, however, also exhibits its protective properties during/after cooking. Different chemical interactions between biophenolic compounds and other food ingredients (water, milk proteins, carotenoids of tomato, omega-3 polyunsaturated fatty acids in canned-in-oil fish and meat or fish proteins) occur. Even during cooking, EVOO exhibits strong antioxidant properties and influences the overall flavour of cooked foods. The physical (partitioning, emulsion) and chemical (hydrolysis, covalent binding, antioxidant properties) phenomena occurring during cooking of EVOO are discussed with emphasis on the changes in the sensory (bitterness and fruity flavour) and nutritional qualities of some traditional Mediterranean foods. In particular, tomato-oil interactions during cooking, fish canning in EVOO, meat marinated in EVOO before cooking and roasting and frying in EVOO are examined. The interactions between EVOO antioxidants and flavours with milk proteins are also briefly discussed.
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Emissions of volatile organic compounds, including aldehydes, formed during heating of cooking oils: coconut, safflower, canola, and extra virgin olive oils were studied at different temperatures: 180, 210, 240, and 240°C after 6h. Fumes were collected in Tedlar® bags and later analysed by GC–MS. The emissions of volatiles were constant with time and increased with the oil temperature. When the temperature of the oil was above its smoke point, the emission of volatiles drastically increased, implying that oils with low smoke point, such as coconut, are not useful for deep-frying operations. Canola was the oil generating the lowest amount of potentially toxic volatile chemicals. Acrolein formation was found even at low temperatures, indicating that home cooking has to be considered as an indoor pollution problem.
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Virgin olive oil is oil with a high biological value, due to its polyphenol content. Virgin olive oils were subjected to heat treatment simulating common domestic processing, including boiling, frying and storage. These processes can affect the phenolic compounds content of oils to a certain degree, depending on each one treatment. Thermal oxidation of oils at 180 °C (frying) caused a significant decrease (p < 0.005) in hydroxytyrosol derivatives (60% reduction after 30 min and 90% reduction after 60 min) and, to a lower degree, in tyrosol derivatives. No changes were observed in the content of lignans (p > 0.005). On the other hand, thermal oxidation of oils at 100 °C (boiling) for 2 h caused a decrease by less than 20% in all classes of phenolic compounds. The reduction of phenolic compounds during storage under environmental conditions was correlated with the peroxide value. When the peroxide value did not exceed the level of 20 meq.kg-1, as was recorded for low linoleic acid oils and low oxygen availability at the bottles' headspace, a degree of reduction of approximately 30% in hydroxytyrosol derivatives and 10% in tyrosol derivatives was observed, while lignans remained unchanged. Finally, during both heating and storage under environmental conditions, the evolution of oxidized phenolic compounds was observed. The structures of these oxidized products were confirmed by HPLC-MS.
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The Mediterranean diet has been related to a lower risk of some chronic diseases, including cancer. We aim to gain insight into the effects of the main source of fat of this diet on breast cancer, the most common type of malignancy in women. Data from sixteen experimental series analysing the effects of dietary lipids on mammary carcinogenesis in an animal model, in the context of the international literature on the Mediterranean diet, olive oil and breast cancer risk. Experimental and human data on the effects of olive oil and Mediterranean diet on breast cancer. An animal model of induced breast cancer and other human and experimental studies in the literature. Diets rich in extra virgin olive oil (EVOO) exert a negative modulatory effect on experimental breast cancer to a weak promoting effect, much lower than that obtained with a high-corn oil diet. EVOO confers to the mammary adenocarcinomas a clinical behaviour and morphological features compatible with low tumour aggressiveness. This differential effect, in relation to other dietary lipids, may be related to a lower effect on body weight and sexual maturation. In addition, EVOO induced different molecular changes in tumours, such as in the composition of cell membranes, activity of signalling proteins and gene expression. All these modifications could induce lower proliferation, higher apoptosis and lower DNA damage. These results, together with the favourable effect of olive oil reported in the literature when it is consumed in moderate quantities, suggest a beneficial influence of EVOO on breast cancer risk. Consumption of EVOO in moderate quantities and throughout the lifetime appears to be a healthy choice and may favourably influence breast cancer risk.
Article
Discussions on the various health promoting and disease preventing properties of olive oils and its components are presented, with focus on cardiovascular diseases, neoplasms and diabetes and other metabolic disorders. Also, chapters on the chemical composition and physicochemical properties of olive oils, including the various methods used to analyse them, are presented.
Article
Virgin olive oil consumption, as final seasoning or within cooked foods, is increasing worldwide, mainly due to its recognized nutritional benefits. However, the maintenance of its quality and health attributes after thermal processing is frequently questioned. The aim of this article was to provide a careful review of published studies on the assessment of olive oil thermal processing, in order to ascertain the optimal settings for maximization of olive oil quality, while delaying the onset of oxidation products with detrimental health impacts. Through the selection of a particular olive grade, such as extra-virgin, virgin or refined olive oil, distinct starting compositions may be achieved, particularly regarding bioactive and antioxidant compounds, with a direct effect on thermal performance and nutritional value of cooked foods. Furthermore, different cooking practices, from common frying to boiling and including microwave cooking, along with operating conditions, as time, temperature and food amounts, undoubtedly modify the olive oil chemical profile. According to the compiled studies, in order to preserve virgin olive oil bioactive components heating time should be reduced to the minimum. Nevertheless, olive oil performance under prolonged thermal processing is usually equal or superior to other refined vegetable oils, due to its balanced composition regarding both major and minor components. However, as most of its bioactive components, including phenolic compounds, are gradually loss, it is economically advantageous to use lower olive oil grades and frequent replenishment under prolonged thermal processing. Future studies dealing with thermal degradation paths of minor olive oil components and their implication in human health will be of particular value to further clarify this issue.
Article
In this study, levels of esterified and nonesterified fatty acids (EFAs and NEFAs, respectively) were compared in obese individuals (body mass index between 30 and 47 kg m(-2)) in basal state and after intake of four different breakfasts prepared with oils heated at frying temperature. The target oils were three sunflower oils-pure, enriched with dimethylsiloxane (400 μg mL(-1)) as lipophilic oxidation inhibitor, and enriched with phenolic compounds (400 μg mL(-1)) as hydrophilic oxidation inhibitors-and virgin olive oil with a natural content of phenolic compounds of 400 μg mL(-1). The intake of breakfasts was randomized to avoid trends associated to this variability source. EFAs and NEFAs were subjected to a sequential derivatization step for independent gas chromatography-mass spectrometry analysis of both fractions of metabolites in human serum. Derivatization was assisted by ultrasonic energy to accelerate the reaction kinetics, as required for high-throughput analysis. Statistical analysis supported on univariate (multifactor ANOVA) and multivariate approaches (principal component analysis and partial least squares-discriminant analysis) allowed identification of the main variability sources and also discriminating between individuals after intake of each breakfast. Individuals' samples after intake of breakfasts prepared with virgin olive oil were clearly separated from those who ingested the remaining breakfasts. The main compounds contributing to discrimination were omega-3 and omega-6 EFAs with special emphasis on arachidonic acid and eicosapentaenoic acid. These two polyunsaturated fatty acids are the precursors of eicosanoid metabolites, which are of vital importance as they play important roles in inflammation and in the pathogenesis of vascular and malignant diseases as cancer.
Article
Changes of viscosity, transmittance spectra and colour of Bajo Aragón extra virgin olive oil, during the frying process, were studied, comparing them to the changes that occur during the frying process of high oleic sunflower oil. The studied oil was obtained from Empeltre variety olives. These changes, due to the deterioration of the oil during this process, were monitored by polar compounds measurement. Polar compounds content increased linearly with the frying cycle in both types of oil; however, the increase was faster in high oleic sunflower oil. The olive oil’s transmittance spectra, after the frying process, proved that, not only do the peaks corresponding to the carotenoids and the chlorophyll disappear but also that transformation of the chlorophyll occured. In high oleic sunflower oil spectra there were no changes. L∗ and b∗ colour parameters, measured on the CIELAB colour scale, showed the following behaviour: L∗ values increased for olive oil after frying while the opposite happened for high oleic sunflower oil. In the case of the b∗ parameter, the result was the same in both cases: when fried, more green and yellow colours appeared. The viscosity of both oils showed a non-linear increase with number of frying operations, which may correspond to a polynomial relationship. Despite their similar contents of oleic acid, olive oil was more stable to oxidation and there were some physical differences between the two types of oil.