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Abordagem nutrológica do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade em crianças

Authors:

Abstract

RESUMO O objetivo deste estudo é conduzir uma revisão não-sistemática da literatura disponível sobre a abordagem nutrológica do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças. Os numerosos tratamentos nutrológicos que têm sido propostos incluem dietas de restrição e eliminação de alimentos (REDs), suplementação com ácidos graxos ômega-3, ferro, zinco e magnésio.
ARTIGO ORIGINAL
Abordagem nutrológica do transtorno do décit
de atenção e hiperatividade em crianças.
The nutrological approach to attention decit and hyperactivity
disorder in children.
Dr. Noé Tadeu Gomes de Alvarenga
RESUMO:
O objetivo deste estudo é conduzir uma revisão não-sistemática da literatura disponível sobre a
abordagem nutrológica do Transtorno do Décit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças. Os
numerosos tratamentos nutrológicos que têm sido propostos incluem dietas de restrição e eliminação
de alimentos (REDs), suplementação com ácidos graxos ômega-3, ferro, zinco e magnésio.
Descritores: TDAH, nutroterapia, dieta de restrição e eliminação, suplementação.
ABSTRACT:
The aim of this study was to conduct a non-systematic literature review on the nutrological approach to
the Attention Decit Hyperactivity Disorder (ADHD) in children. The numerous nutrological treatments
that have been proposed include restriction and elimination diets (REDs), supplementation with omega-3
fatty acids, iron, zinc and magnesium.
Keywords: ADHD, nutrotherapy, food elimination diet, supplementation.
INTRODUÇÃO
O transtorno de décit de atenção e
hiperatividade (TDAH) é uma condição sujeita a
controvérsia. Até mesmo a denominação “transtorno”
utilizada na nomenclatura brasileira, em vez de
“desordem” que seria a tradução literal do inglês
“disorder” –, não está imune à discussão1. Se, por
um lado, existem autores que negam até mesmo a
sua existência enquanto entidade clínica2,3, outros
defendem o subdiagnóstico, e, por conseguinte, o
subtratamento da condição no Brasil4,5. Também o
uso de medicação psicoestimulante no tratamento
do TDAH tem sido criticado6,7,8,9, o que indiretamente
contribui para um aumento no interesse da
sociedade pelas abordagens não-farmacológicas do
TDAH, com especial destaque para a abordagem
nutrológica, que o presente trabalho se propõe a
discutir.
A prevalência mundial do TDAH é de 5.29%10, o
que o torna um dos distúrbios neurocomportamentais
mais comuns da infância. Segundo o Diagnostic and
Statistical Manual of Mental Disorders, 5th Edition
(DSM 5), o TDAH é caracterizado por um padrão de
comportamento, presente em várias congurações
(por exemplo, escola e casa), que pode resultar em
problemas de desempenho em ambientes sociais,
educacionais, ou de trabalho11. De acordo com o DSM
106 International Journal of Nutrology, v.10, n.3, p. 106-113, Mai / Ago 2017
Published online: 2020-02-17
ABORDAGEM NUTROLÓGICA DO TRANSTORNO DO DÉFICIT
DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE EM CRIANÇAS.
5, os sintomas são subdivididos em duas categorias:
(1) desatenção e (2) impulsividade e hiperatividade;
eles incluem comportamentos como incapacidade
de prestar muita atenção a detalhes, diculdade
em organizar tarefas e atividades, fala excessiva,
inquietação, ou incapacidade de permanecer
sentado em situações apropriadas. Ainda pelo
DSM 5, as crianças devem exibir pelo menos seis
sintomas de cada grupo de critérios (ou de ambos),
enquanto que os adolescentes mais velhos e adultos
(com idade acima de 17 anos) devem apresentar ao
menos cinco para permitir o diagnóstico de TDAH.
A despeito do fato de existir suciente
evidência da ecácia da utilização de fármacos de
ação psicoestimulante no tratamento do TDAH12,13,
existe um crescente interesse por parte de pais
e professores na abordagem nutrológica deste
distúrbio neurocomportamental14. Este interesse é
em parte motivado pela desconança dos pais em
relação aos efeitos de curto prazo das medicações
psicoativas, sobre a ecácia destas medicações no
longo prazo, bem como sobre os possíveis impactos
no desenvolvimento da criança no longo prazo14;
o interesse também evidencia a conscientização
crescente por parte da sociedade da relevância
dos aspectos nutrológicos para o desenvolvimento
saudável do sistema nervoso.
Abordagem nutrológica da criança com TDAH
Entre os tratamentos nutrológicos que têm sido
propostos para o TDAH ao longo dos anos, incluem-
se diversos tipos de intervenções nutrológicas,
incluindo dietas de restrição e eliminação de
alimentos (Restricition and Elimination Diets – REDs),
bem como a suplementação com ácidos graxos
ômega-3 e outros suplementos – sendo zinco, ferro e
magnésio os mais comuns14,15,16,17,18,19,20. Ao abordar
nutrologicamente a criança com TDAH, algumas
questões preliminares devem ser levantadas, dentro
de uma abordagem clínica racional15,16,21:
A criança possui alguma deciência/insuciência
nutricional suspeitada/documentada?
A criança possui suspeita/registro de alergia
alimentar?
A criança está recebendo um aporte de nutrientes
adequado?
A criança está dentro da faixa de peso considerada
normal para sexo e idade?
A abordagem nutrológica a ser utilizada pode ser
mais bem classicada como SECS ou RUDE?
Em seguida abordaremos as questões acima,
de forma a melhor contextualizá-las.
A criança possui alguma deciência/insuciência
nutricional suspeitada/documentada?
Deciências de minerais, como zinco, ferro,
magnésio, e de vitaminas, como a vitamina D, têm
sido reportadas em crianças com TDAH16,17,20,22,23,24,
bem como têm sido observados níveis elevados
de estresse oxidativo14,25,26,27,28,29. Caso a criança
possua alguma deciência/insuciência nutricional
suspeitada/documentada, esta deve ser tratada/
corrigida.
A criança possui suspeita/registro de alergia
alimentar?
Alguns estudos têm sugerido que dietas de
restrição e eliminação de alimentos (RED) podem
ser benécas a crianças com histórico de alergia
alimentar16,30. Para crianças com alergia alimentar
identicada, a abordagem mais racional é a
eliminação do agente ofensivo da dieta da criança,
com acompanhamento atento da evolução da
sintomatologia.
A criança está recebendo um aporte de nutrientes
adequado?
Alguns estudos têm demonstrado o efeito
positivo de um padrão alimentar rico em frutas,
vegetais, grãos integrais e fontes naturais de
ômega-3 em crianças e adolescentes17,31,32,33. O
americano deixa de consumir a Ingestão Diária
Recomendada (Diary Reference Intake – RDI)
de 6 ou 7 nutrientes básicos, em média, incluindo
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DR. NOÉ TADEU GOMES DE ALVARENGA
vitaminas e minerais15. A promoção da alimentação
saudável e correção de vícios/desvios alimentares
deve ser algo a ser considerado primariamente na
abordagem nutrológica da criança com TDAH.
A criança está dentro da faixa de peso considerada
normal para seu sexo e idade?
Muito embora o estereótipo da criança com
TDAH seja o de uma criança magra, numerosos
estudos têm estabelecido a relação entre TDAH e
obesidade/sobrepeso32,33,34. Tem sido sugerido que a
impulsividade que estas crianças manifestam pode
inuenciar seus hábitos alimentares, contribuindo
para o ganho ponderal. Obesidade/sobrepeso, uma
vez identicados, devem ser tratados dentro da
melhor prática médica disponível, e acompanhados
por prossional tecnicamente capacitado.
A abordagem nutrológica a ser utilizada pode ser
mais bem classicada como SECS ou RUDE?
Ao considerar uma estratégia terapêutica
nutrológica da criança com TDAH, devemos avaliar
se esta possui os qualicativos de ser segura (para
a criança), fácil (de ser implementada), barata e de
bom senso (Safe, Easy, Cheap or Sensible – SECS)
ou se, ao contrário, é arriscada, não-realista, difícil
ou cara (Risky, Unrealistic, Dicult or Expensive
RUDE)15,16,20,35. Como ilustração da aplicabilidade
prática deste paradigma, a suplementação com
ômega-3 pode ser considerada segura (se realizada
dentro das doses preconizadas), fácil de ser
implementada, relativamente barata (se considerado
o custo por dia da terapia padrão para TDAH com
metilfenidato, por exemplo); pode-se dizer, portanto,
em face da literatura disponível, que, conforme será
discutido adiante, se reúnem evidências convincentes
a favor de sua utilização. Por outro lado, e também à
guisa de exemplicação, a aplicação indiscriminada
de uma RED pode se mostrar: arriscada, pela
diminuição da diversidade alimentar e potencial
incidência de carências nutrológicas; não-realista,
na dependência da realidade social e econômica
dos pais da criança; difícil de ser implementada na
prática, dependendo do nível de organização familiar
(podendo ser também uma potencial fonte de atrito
entre a criança e os pais); e, por m, mas não
menos importante, nanceiramente custosa, devido
à substituição dos produtos restritos por outros, de
custo superior15.
Ômega-3
O ômega-3 é possivelmente o suplemento
mais estudado para crianças com TDAH e o
que reúne maior nível de evidência favorável à
suplementação. Ômega-3 é a designação dada a
ácidos graxos poli-insaturados (Polyunsaturated
Fatty Acids – PUFAs) que possuem dupla ligação
entre os carbonos 3 e 4, contados a partir do radical
metila36. ômega-6 são PUFAs que possuem a
dupla ligação entre os carbonos 6 e 7 contados
também a partir do radical metila. Os ácidos graxos
ômega-3 importantes para o ser humano são o
ácido alfa-linolênico, o ácido eicosapentaenoico
(EPA) e o ácido docosahexaenoico (DHA). O ácido
alfa-linolênico está presente em fontes vegetais
como o óleo de linhaça, óleo de canola, nozes e
vegetais de folhas verdes. As fontes alimentares de
EPA e DHA incluem algas e peixes de águas frias,
como o salmão, a cavala e a sardinha. O EPA e o
DHA podem ser convertidos a partir do ácido alfa-
linolênico, através do alongamento e dessaturação
da molécula, e por isso são chamados de ácidos
graxos poli-insaturados de cadeia longa (Long Chain
Polyunsaturated Fatty Acids – LCPUFAs); sabe-
se, no entanto, que esta taxa de conversão é muito
baixa, da ordem de 5% para o EPA e 0,5% para o
DHA37.
A dieta ocidental é sabidamente pobre em
fontes alimentares de ômega-3, de atividade anti-
inamatória, em relação às fontes de ômega-6, de
ação pró-inamatória25,38. Este desequilíbrio tem sido
correlacionado ao maior risco de desenvolvimento
de doenças cardiovasculares, depressão, bem como
anormalidades no desenvolvimento fetal e infantil37,39.
Níveis sanguíneos mais baixos de ômega-3 têm sido
vericados em crianças com TDAH, como referidos
anteriormente neste trabalho, e existe uma correlação
direta observável com a gravidade dos sintomas –
ou seja, quanto menor o nível de ômega-3, maior a
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ABORDAGEM NUTROLÓGICA DO TRANSTORNO DO DÉFICIT
DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE EM CRIANÇAS.
gravidade dos sintomas25. Até a presente data, foram
publicados 16 estudos controlados randomizados
duplo-cegos em crianças com diagnóstico ou
sintoma de TDAH; uma meta-análise abrangendo 10
dos 16 estudos mostrou um efeito pequeno, porém
signicativo, da suplementação com ômega-3 nos
sintomas de TDAH e uma correlação positiva de
dose-resposta para com o EPA16,20. Já foi sugerido
que a administração conjunta de Vitamina E, lipofílica
e antioxidante, poderia potencializar a ação do
ômega-3 em distúrbios do neurodesenvolvimento,
mas não existem evidências para suportar esta
hipótese35.
Zinco
O zinco é um cofator para mais de 3.000
enzimas no organismo, dentre as quais centenas de
nucleoproteínas envolvidas na expressão gênica36.
O zinco (Zn++) possui uma ação reguladora sobre o
transportador de dopamina (Dopamine Transporter,
DAT), uma proteína da membrana celular expressa
pelos neurónios especicamente dopaminérgicos
e que media a ação de psicoestimulantes e
neurotoxinas dopaminérgicas17. Como já referido
anteriormente, pacientes com TDAH frequentemente
exibem níveis de zinco diminuídos no sangue; o
zinco sérico se correlaciona inversamente com os
níveis de atenção. Alguns estudos sugerem que a
suplementação de zinco, associada à medicação
psicoestimulante (metilfenidato), possa ser benéca
para crianças com TDAH, mas os resultados têm sido
conitantes, e inexiste, até o momento, evidência
suciente a m de se permitir uma recomendação
desta associação14,16,20.
Ferro
A deciência de ferro é a deciência mineral
mais comum na infância. O ferro está implicado na
produção de dopamina e norepinefrina, uma vez que
atua como cofator da tirosina hidroxilase16. Crianças
com TDAH têm sido associadas a níveis mais baixos
de ferritina sérica, em comparação com crianças
não-diagnosticadas com TDAH21. Estudos sobre os
efeitos da suplementação de ferro sobre os sintomas
do TDAH são surpreendentemente escassos na
literatura. Em uma revisão recente da literatura sobre
a suplementação de minerais no TDAH20, apenas dois
estudos sobre os efeitos da suplementação de ferro
sobre crianças com TDAH foram incluídos: um duplo-
cego randomizado placebo-controlado realizado em
pacientes não-anêmicos (n=23) e um estudo aberto,
não-controlado com placebo, em crianças anêmicas
(n-14). Os estudos citados não mostraram resultados
signicativos nas crianças não-anêmicas e efeitos
positivos nas crianças anêmicas, o que, muito
embora não permita recomendar a suplementação
de ferro em crianças com TDAH, dado o pequeno
‘n’ envolvido, mostra resultados promissores para a
suplementação em crianças com TDAH e anemia
ferropriva identicada. Cabe também destacar que,
conforme previamente discutido neste trabalho,
dentro de uma abordagem racional nutroterápica
da criança com TDAH, a correção de deciências
nutricionais identicadas na rotina de avaliação
clínica e nutrológica deve ser implementada como
passo inicial, e atende aos critérios SECS.
Magnésio
Muito embora níveis séricos mais baixos de
magnésio tenham sido identicados em crianças
com TDAH, nenhum estudo duplo-cego randomizado
demonstrou a ecácia da suplementação com
magnésio em crianças com TDAH14. Este fato, aliado
à potencial toxicidade do magnésio em altas doses,
não permite recomendá-lo como parte de uma
abordagem nutrológica da criança diagnosticada
com TDAH.
Dietas de restrição e eliminação de alimentos
As abordagens nutrológicas do TDAH podem
ser divididas, genericamente, em dois tipos: (1) a
da suplementação, na qual se busca fornecer um
nutriente que se acredita benéco ou favorável à
condição clínica em foco, e (2) de eliminação ou
restrição de um componente da dieta que se acredita
prejudicial à referida condição20. Até aqui abordamos
as estratégias de suplementação tão-somente:
doravante passaremos a falar das abordagens que
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DR. NOÉ TADEU GOMES DE ALVARENGA
implicam na restrição e eliminação de alimentos na
dieta (REDs), e que correspondem ao segundo dos
dois tipos de abordagem.
A hipótese de que os sintomas do TDAH
estariam relacionados a certos componentes da
dieta remonta a dieta de Feingold (1973)16,20,40,41,
a qual sofreu sofrendo consideráveis variações e
adaptações ao longo do tempo, e tornou-se uma das
abordagens mais populares entre pais de crianças
com TDAH. Tipicamente, uma RED consiste em (1)
uma fase inicial de restrição ou eliminação de um
ou mais componentes ou substâncias presentes na
dieta da criança, que pode variar de 1 a 3 semanas,
seguida de (2) uma fase de desao na qual os
componentes ou substâncias eliminadas na primeira
fase são sistematicamente reintroduzidos na dieta,
observando-se a piora ou melhora da sintomatologia
em cada uma das fases. O objetivo desta estratégia
é identicar quais substâncias ou componentes
da dieta estão relacionados à piora da condição
clínica da criança, com vistas a elaborar um plano
alimentar com a exclusão da referida substância ou
do componente.
Em recente (2012) meta-análise que avaliou
a ecácia de REDs em crianças com TDAH, a taxa
de resposta relatada foi, inicialmente, de 47%.
Posteriormente, após a exclusão de um estudo no
qual foram identicadas falhas de metodologia, esta
taxa foi reajustada para 33%, o que foi classicado
pelos autores como “potencialmente signicativo
do ponto de vista clínico” e merecedor de futuras
investigações16.
REDs podem incluir a restrição e eliminação
dos seguintes alimentos e substâncias: laticínios,
glúten, salicilatos, frutas cítricas, milho e produtos
que contenham milho, bem como alimentos
processados em geral. Dietas com restrição de
salicilatos não são suportadas pela evidência
disponível e podem acarretar sérias consequências
adversas do ponto de vista nutrológico42. Antes de se
buscar implementar uma RED em um paciente, no
entanto, algumas considerações preliminares devem
ser feitas16,43:
Um levantamento meticuloso do padrão alimentar
da criança deve ser inicialmente conduzido. Se
o componente ou substância a ser excluído ou
restringido na fase inicial da RED for central ou
signicativo em relação ao padrão alimentar
instalado, um período prévio de preparação, com
aumento da diversidade alimentar e inclusão
de potenciais opções aos alimentos a serem
eliminados ou substituídos pode ser prudente.
Dependendo do componente ou substância
excluída, a criança deverá ser monitorada a m
de se evitar possíveis carências nutricionais.
Substituições adequadas deverão ser providas,
dentro de um plano alimentar equilibrado, de
forma a garantir a oferta adequada de macro e
micronutrientes.
• O período inicial da RED deve ser planejado
de forma a incluir ambientes extradomiciliares
– como escola, creche, casa de amigos etc. –
sobre os quais os pais possam exercer menor
controle. Pode ser aconselhável planejar a fase
de exclusão para um período no qual os pais
tenham um maior controle sobre a dieta da
criança (como, por exemplo, as férias escolares).
O nível de organização e o clima familiar devem
também ser levados em consideração na fase
de planejamento da RED. REDs tendem a ser
mais bem-sucedidas em ambientes familiares
motivados e positivos44. Além disso, uma vez que
as REDs requerem um certo nível de preparação,
se a família possui diculdades em relação a
organização e estrutura, pode ser necessário
capacitar a família nestas habilidades antes de
se implementar uma RED15,16. Se as refeições
familiares e escolhas alimentares da criança
são motivo de conito antes da implementação de
uma RED, a diminuição da diversidade alimentar,
ainda que de forma transitória, poderá agravar
o conito entre criança, pais e cuidadores,
revestindo-se, portanto, dos qualicativos de uma
abordagem RUDE, como já mencionado.
As condições socioeconômicas da criança
devem também ser levadas em consideração,
uma vez que os produtos alimentícios
comumente utilizados como substitutos em uma
RED possuem, em geral, custo superior e/ou
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ABORDAGEM NUTROLÓGICA DO TRANSTORNO DO DÉFICIT
DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE EM CRIANÇAS.
acessibilidade reduzida em relação aos de uso
cotidiano. A família ou instituição cuidadora deve
ser capaz de custear não só o período inicial de
retirada, mas também, em sendo identicado um
ou mais componentes ou substâncias na fase de
desao, deve ser capaz de sustentar a mudança
de cardápio no período pós-desao.
Restrição de corantes alimentares articiais e
conservantes
Uma variante menos restritiva e, por
conseguinte, mais fácil de ser implementada de RED
é a eliminação ou restrição de corantes alimentares
articiais (Articial Food Colors, AFCs) e conservantes
da dieta16. Muito embora a relação entre AFCs
e o TDAH remonte aos anos 70 e a Feingold,
coube a uma série de três estudos realizados pela
Universidade de Southampton, e publicados entre
2004 e 2007, redenir a questão para um problema
de saúde pública16,18,20,45. Todos os três estudos
contaram com mais de 100 participantes cada (n =
277, 153, e 144), sendo dois em crianças de idade
pré-escolar e um em crianças entre 8 e 9 anos. Os
participantes foram classicados como hiperativos
ou não-hiperativos, bem como em atópicos ou não-
atópicos. O desao nestes estudos consistia em suco
de fruta com e sem uma mistura de corantes. Em
todos os estudos houve uma piora signicativa dos
sintomas de hiperatividade no desao com corante
comparado ao placebo, independentemente do fato
de a criança ter sido diagnosticada previamente com
TDAH ou não. Não houve nenhuma associação
entre a administração de corante e os sintomas de
atopia, sugerindo que a resposta não era imuno-
mediada. Os resultados destes estudos levaram
a União Européia (UE) a solicitar aos fabricantes
de produtos contendo AFCs que incluíssem avisos
nos rótulos informando ao público consumidor
que “[este AFC] pode produzir efeitos adversos
na atividade e atenção de crianças”16. Nos EUA,
a partir da decisão da UE, a FDA conduziu, entre
2010 e 2011, uma série de audiências públicas
que concluiu pela não-necessidade de rotular os
produtos contendo AFCs16,40. No Brasil, os AFCs são
regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA). No seu Informe Técnico nº
48, de 10 de abril de 2012, a ANVISA declarou,
especicamente a respeito dos “caramelos utilizados
como aditivos alimentares”, que “esses corantes não
são genotóxicos nem carcinogênicos, e que não há
qualquer evidência que demonstre que eles tenham
qualquer efeito adverso à reprodução humana ou ao
desenvolvimento infantil”46.
CONCLUSÃO:
A abordagem nutrológica da criança com TDAH deve
ser precedida de cuidadosa investigação com vistas
a identicar possíveis carências nutricionais, alergias
alimentares e também garantir o aporte adequado
de macro e micronutrientes. A suplementação
com minerais como ferro, zinco e magnésio está
indicada se forem identicadas deciências destes
elementos. A suplementação com ômega-3 é que
possui um maior corpo de evidências favoráveis, e
pode estar particularmente indicada a crianças com
poucas fontes de LCPUFAs na dieta. Abordagens
dietéticas restritivas em crianças com TDAH devem
ser precedidas de cuidadoso planejamento, dado
o potencial para desequilíbrios nutricionais, sendo
que fatores como motivação e nível de organização
familiar devem ser também levados em consideração
no planejamento.
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Emérito de Psiquiatria, L. Eugene
Arnold, M.D., M.Ed., que graciosamente enviou
separatas de seus artigos.
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Informe_Tecnico_n_48_de_10_de_abril_de_2012.
pdf?MOD=AJPERES
Recebido em 02/12/2015
Revisado em 03/01/2016
Aceito em 20/01/2017
Endereço para correspondência:
Dr. Noé Tadeu Gomes de Alvarenga
Rua Carolina Machado, 1424, casa 3.
Bento Ribeiro. Rio de Janeiro – RJ CEP 21555-290
E-mail: noealvarengarj@gmail.com – Fone: +55 21 99787-7474
ABORDAGEM NUTROLÓGICA DO TRANSTORNO DO DÉFICIT
DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE EM CRIANÇAS.
International Journal of Nutrology, v.10, n.3, p. 106-113, Mai / Ago 2017 113
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Background: The etiology of attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) is not exactly known and its etiology is multifactorial. The usual treatment for these children is based on pharmacotherapy treatment, although the pharmacotherapy has a high effectiveness in ADHD treatment, it often causes different side effects. Existing evidence suggests that children who receive mineral supplement without considering their age and supplement formula may perform better on different behavioral tests compared with those receiving placebo. Methods: In this study, we tried to review the previous evidence regarding the effects of minerals in prevention and management of ADHD. We searched PubMed/Medline, Google Scholar, Ovid, Scopus, and ISI web of science up to June 2013. "iron," "iron supplementation," "magnesium," "magnesium supplementation," "zinc," "zinc supplementation," "attention deficit hyperactivity disorder" were used as the keywords. Totally 11 randomized controlled trials were eligible to be included in the systematic review. Results: Our review showed that we don't have any predominant evidence about using mineral supplementation on children with ADHD. Conclusions: We need more evidence for indicating the effect of zinc, magnesium, and iron supplementation in the treatment of ADHD among children.
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Oxidative metabolism is impaired in several medical conditions including psychiatric disorders, and this imbalance may be involved in the etiology of these diseases. The present study evaluated oxidative balance in pediatric and adolescent patients with attention deficit hyperactivity disorder (ADHD). The study included 48 children and adolescents (34 male, 14 female) with ADHD who had no neurological, systemic, or comorbid psychiatric disorders, with the exception of oppositional defiant disorder (ODD), and 24 sex- and age-matched healthy controls (17 male and seven female). TAS was significantly lower, and TOS and OSI were significantly higher in patients with ADHD than in healthy controls. Total antioxidant levels were lower in patients with comorbid ODD than in those with no comorbidity. No difference was found in TOS or OSI among the ADHD subtypes; however, TAS was higher in the attention-deficient subtype. Our findings demonstrated that oxidative balance is impaired and oxidative stress is increased in children and adolescents with ADHD. This results are consistent with those of previous studies.
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To estimate the economic consequences of the current Brazilian government policy for attention-deficit/hyperactivity disorder (ADHD) treatment and how much the country would save if treatment with immediate-release methylphenidate (MPH-IR), as suggested by the World Health Organization (WHO), was offered to patients with ADHD. Based on conservative previous analyses, we assumed that 257,662 patients aged 5 to 19 years are not receiving ADHD treatment in Brazil. We estimated the direct costs and savings of treating and not treating ADHD on the basis of the following data: a) spending on ADHD patients directly attributable to grade retention and emergency department visits; and b) savings due to impact of ADHD treatment on these outcomes. Considering outcomes for which data on the impact of MPH-IR treatment are available, Brazil is probably wasting approximately R1.841billion/yearonthedirectconsequencesofnottreatingADHDinthisagerangealone.Ontheotherhand,treatingADHDinaccordancewithWHOrecommendationswouldsaveapproximatelyR 1.841 billion/year on the direct consequences of not treating ADHD in this age range alone. On the other hand, treating ADHD in accordance with WHO recommendations would save approximately R 1.163 billion/year. By increasing investments on MPH-IR treatment for ADHD to around R$ 377 million/year, the country would save approximately 3.1 times more than is currently spent on the consequences of not treating ADHD in patients aged 5 to 19 years.
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Food elimination diets are defined and the history of their investigation in relation to attention-deficit/hyperactivity disorder (ADHD) is reviewed. After noting that a consensus has emerged that an elimination diet produces a small but reliable aggregate effect, the present review provides updated quantitative estimates of effect size and clinical response rates to elimination diets. It then highlights key issues that require research attention, in particular characterization of dietary responders. Finally, because some children may benefit, clinical guidelines at the present state of knowledge are summarized. It is concluded that updated trials of elimination diets are sorely needed for ADHD.
Chapter
Attention-Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) is a chronic neurobehavioral disorder characterized by persistent and often acute distractibility, hyperactivity, and impulsivity. It is a condition usually associated with children but in recent years the diagnosis of ADHD in adults has risen significantly. ADHD often coexists with a wide array of other psychiatric illnesses, including depression and bipolar disorder, thus complicating its assessment and management. In Attention-Deficit Hyperactivity Disorder in Adults and Children, a team of world renowned experts bring together the recent research in this area and cover the history, diagnosis, epidemiology, comorbidity, neuroimaging, and a full spectrum of clinical options for the management of ADHD. The wide ranging, detailed coverage in this text will be of interest to psychiatrists, psychologists, social workers, coaches, physicians, or anyone who wants to develop a deeper understanding of the etiology, characteristics, developmental process, diagnostics, and range of treatment modalities.
Article
In this study, we aimed to investigate total antioxidative status (TAS) and total oxidative status (TOS) of plasma and antioxidant enzymes such as paraoxonase (PON), stimulated paraoxonase (SPON), arylesterase (ARES) and thiols in plasma of children and adolescents with Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD). In the second step. this study aimed to reveal the possible effects of ADHD treatment on these parameters. Fifty-six patients with ADHD and 52 healthy controls were involved in this study. Venous blood samples were collected and oxidative and antioxidative parameter's were studied. In the second phase of the study, blood samples were taken from patients using medication. Pre-treatment oxidative stress index (OSI) values and the plasma TOS levels of the patients with ADHD were statistically higher than those of the control group. The plasma thiol levels of the patients with ADHD were significantly lower than the control group. The post-treatment plasma antioxidative parameter's levels were significantly higher than the pre-treatment levels. The post-treatment oxidative stress index value was significantly lower than the pre-treatment value. Therefore, oxidative metabolism was found to be impaired in children and adolescents with ADHD. It was also determined that methylphenidate repairs the oxidative balance by increasing antioxidant defence mechanisms. Copyright © 2015 Elsevier Ireland Ltd. All rights reserved.
Article
Attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) has a complex aetiology although theories associated with disturbances in dopaminergic and noradrenergic activity are most commonly cited. The importance of these catecholamines in ADHD is supported by its effective treatment utilising stimulant and non-stimulant medications that modify their activity. Recently, there has been interest in oxidative and nitrosative stress (O&NS) in ADHD and its potential to contribute to this condition. In this article, research investigating O&NS in ADHD is reviewed and its impact on catecholaminergic activity and neurological structure is discussed. Lifestyle, environmental, psychological and nutritional influences on O&NS in people with ADHD are reviewed, and evidence for the therapeutic efficacy of antioxidant-related therapies is assessed. A selection of interventions with antioxidant mechanisms is presented as potential options for the treatment of ADHD. However, further research is required to help elucidate the role of O&NS and antioxidants for the prevention and management of ADHD.
Article
This Editorial focuses on diet and behaviour problems - seeking to disentangle the modern urban myth of the toxic effects of the modern diet on children's brains from the reality of its actual effects on behaviour. It suggests we need to navigate a course between these two opposing extremes, seeing the proposed diet-behaviour link more as a hypothesis to test, than a truth to defend or a myth to debunk. It summarises the history and standing of the current diet-behaviour hypothesis and the use of dietary exclusions and dietary supplements for behaviour problems, in the light of current empirical evidence and the impetus this provides for further research in this field. © 2015 Association for Child and Adolescent Mental Health.
Article
Polyunsaturated fatty acid supplementation appears to have modest benefit for improving ADHD symptoms. Melatonin appears to be effective in treating chronic insomnia in children with ADHD but appears to have minimal effects in reducing core ADHD symptoms. Many other natural supplements are widely used in the United States despite minimal evidence of efficacy and possible side effects. This review synthesizes and evaluates the scientific evidence regarding the potential efficacy and side effects of natural supplements and herbal remedies for ADHD. We provide clinicians with recommendations regarding their potential use and role in overall ADHD treatment.
Article
Dietary and herbal interventions for attention-deficit/hyperactivity disorder (ADHD) have been proposed by practitioners of Western medicine and traditional Chinese medicine. Children who are suspected to have nutritional deficiencies, insufficiencies, and/or food allergies should be evaluated and, if the suspicion is confirmed, treated with supplementation or specific food elimination as part of standard care. Limited research exists on the efficacy and safety of dietary intervention as an adjunct to conventional medication; thus, improvement and side effects should be closely monitored.