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AL PSI, Revista de Investigação em Psicologia do Algarve, 2019, 2(1), 215-245.
ISSN - 2184-3708
215
A impulsividade e o time preference
Impulsivity and time preference
Rafaela Matavelli¹,2
, Adriana Correia1, Vera Pereira1,2, & Victor Hugo
Palma1
1Research Center for Spatial and Organizational Dynamics (CIEO), Univer-
sity of Algarve, Portugal, 2Universidade do Algarve, Portugal
Research Center for Spatial and Organizational Dynamics (CIEO), University of
Algarve, Portugal, rafaela.d.matavelli@gmail.com
A impulsividade e o time preference
216
Resumo
O presente trabalho procura englobar a área da psicologia com a psicologia
económica, mais concretamente as escolhas do consumidor através dos pro-
cessos impulsivos. A escala da impulsividade de Barratt é um dos questioná-
rios mais utilizadas para medir a impulsividade e, utilizamo-la para avaliar
em que medida a preferência intertemporal está associada à temática em
causa. Consideramos que temas como esse podem contribuir com a compre-
ensão de investigações ligadas ao comportamento dos sujeitos, face aos seus
hábitos de consumo e poupança, uma vez que, se averiguado em que medida
a impulsividade está associada à preferência intertemporal, podemos predizer
com maior facilidade o comportamento dos sujeitos (relativamente às suas
escolhas intertemporais). Esta investigação é descritiva, uma vez que não
pressupõe a existência de causalidade, mas sim de uma correlação entre as
variáveis e os questionários utilizados (Scholten 2010, Barratt BIS-11). Os
resultados encontrados vão ao encontro da bibliografia e serão discutidos ao
longo do texto.
Palavras-chave: Impulsividade, Impaciência, Preferência intertemporal.
Abstract
This study seeks to encompass the area of psychology with economic psy-
chology, specifically consumer choices through impulsive processes. The
Barratt impulsivity scale is one of the most commonly used questionnaires to
measure impulsivity, and we use it to assess the extent to which intertemporal
preference is associated with the issue at hand. We consider that topics such
as this can contribute to the understanding of investigations related to the be-
havior of subjects, regarding their consumption and saving habits, since once
we ascertain to what extent impulsivity is associated with intertemporal pref-
erence, we can more easily predict the behavior of subjects (related to their
intertemporal choices). This research is descriptive, since it does not presup-
pose causality, but rather a correlation between the variables and the ques-
tionnaires that were used (Scholten 2010, Barratt BIS-11). The results are in
agreement with the bibliography and will be discussed throughout the text.
Matavelli, R., Correia, A., Pereira, V., & Palma, H. V.
217
Keywords: Impulsivity, Impatience, Intertemporal preference.
Introdução
Durante todo o processo de exis-
tência humana somos deparados
com escolhas que devemos e/ou te-
mos que efetuar no decorrer de nos-
sas vidas, no que concerne a deci-
sões pessoais, profissionais, finan-
ceiras e ainda sobre os estilos de
vida, como: alimentação, política,
moral/ética, entre outros. E, por vi-
vermos numa sociedade democrá-
tica, onde o livre arbítrio nos rege,
devemos estar preparados para as
consequências dessas escolhas. Es-
sas escolhas podem ir das mais tri-
viais, como por exemplo: escolher o
que comer numa refeição, ir ao ci-
nema/teatro, a roupa que estamos a
usar neste preciso momento ou até
escolhas que podem alterar por
completo o nosso processo de vida
e desenvolvimento humano, como
por exemplo: ter um filho, mudar de
profissão, escolher uma área de tra-
balho e hábitos financeiros (Berns,
Laibson, & Loewenstein, 2007).
No que concerne aos processos
metacognitivos, temos de ter as-
sente que grande parte das nossas
escolhas exigem custos e benefícios
em diferentes momentos, principal-
mente, no que diz respeito ao tem-
po, e essas escolhas e as suas conse-
quências, nesses vários momentos
temporais, são referidas como time
preference ou escolhas intertempo-
rais. Um dos fatores presentes nes-
ses mecanismos de escolhas são os
processos impulsivos, os quais ge-
ram uma pré-disposição para rea-
ções rápidas e não planeadas aos es-
tímulos internos e/ou externos, sem
ter em conta as consequências nega-
tivas destes mesmos atos, para o
próprio, para os outros e para socie-
dade (Moeller, Barratt, Dougherty,
Schmitz, & Swann, 2001).
Deste modo, as preferências in-
tertemporais são feitas de acordo
com a personalidade e/ou tempera-
mento do indivíduo, e essa forma de
estar na vida expressa-se através das
escolhas feitas no passado, escolhas
feitas no presente e escolhas que se-
rão feitas no futuro, onde a impulsi-
vidade pode afetar e/ou comprome-
ter de forma positiva ou negativa es-
sas escolhas (Frederick, Loewens-
tein, & O’Donoghue, 2002).
Autores como Clift, Wilkins e
Davidson (1993); O’Donoghue e
Rabin (2001); Shapiro (2005) e
Stanford, Greve e Dickens (1995);
A impulsividade e o time preference
218
salientam nos seus estudos que a
impulsividade elevada está alta-
mente associada a comportamentos
como: (a) procrastinação; (b) agres-
são; (c) comportamentos sexuais
compulsivos e de risco; (d) alcoo-
lismo e consumo de drogas; (e) au-
mento do uso de psicofármacos, (f)
aumento compulsivo de compras.
A impulsividade pode, igual-
mente, afetar a forma com que os in-
divíduos planeiam a sua reforma e
investem o seu capital humano, mas
também, comportamentos desvian-
tes como atos criminosos (Banks,
Blundell, & Tanner, 1998; Tho-
mpson, Teare, & Elliot, 1983). A
impulsividade pode também afetar
comportamentos menos desviantes
para a sociedade, porém prejudici-
ais para o próprio (e.g., o consumo
compulsivo de alimentos) sendo
esse comportamento causado por
um ato inconsciente e impulsivo,
onde o sujeito tem pouco ou ne-
nhum controlo sobre essa atitude,
causando distúrbios alimentares co-
mo obesidade, bulimia ou anorexia
(Hucker, 2005).
Autores como Patton, Stanford
& Barratt (1995), relacionam os
processos de impulsividade a três
fatores: agir no calor do momento
“Ativação motora”; falta de foco na
tarefa a ser realizada “Atenção”; e
não planeamento ou não pensar cui-
dadosamente “Falta de planeamen-
to”.
Para Eysenck e Eysenck (1977),
a impulsividade segue o mesmo
modelo de três fatores: consciência
do risco; não planeamento e toma-
das de decisões rápidas.
Escolha Intertemporal
Em termos gerais, as escolhas
intertemporais remetem-nos a deci-
sões e preferências tomadas no que
acarreta receber e consumir deter-
minada recompensa ou estímulo
mais cedo, em detrimento de mais
tarde, ou seja, são decisões que en-
volvem custos e benefícios em dife-
rentes momentos (Frederick, Loe-
wenstein, & O’Donoghue, 2002).
Desta forma, as escolhas inter-
temporais tornam-se um fator deter-
minante no que concerne a assuntos
financeiros relacionados com inves-
timentos, poupanças e planeamento
de reforma. Além disso, ajudam-nos
a compreender comportamentos re-
lacionados com a impulsividade, re-
ssalvando que esses comportamen-
tos nos levam a crer que os sujeitos
que tenham uma maior impulsivi-
dade, “sofrendo de urgências”, têm
Matavelli, R., Correia, A., Pereira, V., & Palma, H. V.
219
uma preferência de consumo imedi-
ato (Kirby et al., 2002).
Os estudos referentes às esco-
lhas intertemporais recaem sobre
dois grupos. O primeiro é centrado
no desconto implícito das escolhas
dos indivíduos quando estes são
confrontados com padrões e tendên-
cias de preferências específicas. O
segundo grupo é centrado no desen-
volvimento dos comportamentos fa-
ce às escolhas (Le Mattre de Carva-
lho, Scholten, Pimentel, Gonçalves,
& Faia Correia, 2012).
Segundo Berns, Laibson & Loe-
wenstein (2007), apesar do des-
conto ser uma das dimensões mais
estudadas nas escolhas intertempo-
rais, existem três outros mecanis-
mos de relevância para a compreen-
são da temática em causa, tais
como: (a) a antecipação, que se re-
fere à imaginação e à vivência de
sensações sobre o evento futuro, (b)
o autocontrolo, que descreve a ten-
são e a tentação do consumo imedi-
ato, bem como as consequências fu-
turas que essa decisão poderá causar
e, por fim, (c) a representação que
explica como o indivíduo interpreta
os vários conjuntos de opções refe-
rentes às escolhas.
A taxa de desconto é um indica-
dor fiável do comportamento impul-
sivo. Porém, existem ainda inúme-
ros fatores que podem afetar este
comportamento. Para Daniel Read
(2003), a análise referente à escolha
intertemporal prevê que o efeito de
atraso “Delay” sobre o futuro pode
ser explicado por uma “função de
desconto”, que exerce o mesmo pa-
pel na escolha intertemporal, como
função de ponderação e de probabi-
lidade face à escolha arriscada. A
taxa de desconto é utilizada para re-
ferir em que grau o valor presente de
uma recompensa futura é diminuído
com o atraso. A taxa de desconto
nula (igual a zero) mostra que o
atraso não tem nenhum efeito com o
presente valor de uma recompensa.
Assim, quando existe um aumento
na taxa de desconto, pensa-se que
exista, igualmente, um aumento nos
comportamentos referentes à impul-
sividade, ou seja, o sujeito torna-se
incapaz de adiar a gratificação fu-
tura (Frederick, Loewenstein, &
O´Donoghue, 2002).
Para Mischel, Ayduk & Men-
doza-Denton (2003), a medida de
associação entre preferência inter-
temporal e impulsividade está rela-
cionada pela presença de um estí-
mulo. Por exemplo: se um sujeito
está com fome e pensa que ao che-
gar a casa terá uma grande refeição,
A impulsividade e o time preference
220
ele tornar-se-á mais suscetível a fa-
zer lanches ao meio da tarde, de-
sencadeando desta forma um im-
pulso que leva à ação. Loewenstein
(1996), por sua vez, argumenta que
a proximidade temporal e física das
opções de escolha do sujeito pode
reduzir a aversão ao estado de exci-
tação (e.g., fome, excitação sexual e
sintomas de abstinência). Todos es-
tes fatores levam a um aumento des-
proporcional, mas transitório, da a-
tratividade de opções, o que explica
que as escolhas impulsivas não são
causadas pelo atraso, mas sim pela
presença do estímulo.
Para Loewenstein, Nagin & Pa-
ternoster (1997) o estudo da escolha
intertemporal existe para nos ajudar
a compreender as fraquezas que os
sujeitos têm face à impulsividade,
contribuindo, assim, para a explica-
ção de graves problemas sociais, in-
cluindo a obesidade, comportamen-
tos de gastos e poupanças e vícios
de todos os tipos. Os comportamen-
tos impulsivos e de autocontrole po-
dem existir devido à desvalorização
racional do pensamento futuro ou à
pura impaciência.
Pesquisadores como Loewens-
tein (1996) e Loewenstein & O´Do-
noghue, (2004), destacam a impor-
tância de existir uma relação entre a
tomada de decisão intertemporal e
um estado afetivo que contribui
para a impulsividade, sendo esta,
um estado psicológico caracteri-
zado por componentes cognitivos,
somáticos e emocionais (Seligman,
Walker, & Rosenhan, 2001) e o
comportamento impulsivo uma ca-
racterística central de muitos trans-
tornos psiquiátricos; parte funda-
mental de algumas doenças como
transtornos de personalidade, com-
portamentos de desordem, trans-
torno bipolar, agressão, comporta-
mento suicida, hiperatividade e de-
ficit de substâncias psico-aditivas e
de abusos (Diemen, Szobot, Kess-
ler, & Pechansky, 2007).
Nesta perspetiva, a impulsivi-
dade não é apenas uma caracterís-
tica una do comportamento, mas
sim uma característica multidimen-
sional. É de destacar que a impulsi-
vidade não afeta somente a prefe-
rência por consumo imediato, mas,
também, a forma como cada sujeito
planeia a sua vida, nomeadamente,
programas de reforma, sendo de ex-
trema relevância a análise do com-
portamento impulsivo para uma me-
lhoria do bem-estar pessoal e finan-
ceiro e o desenvolvimento de me-
lhores políticas governamentais,
sendo que essas políticas governa-
Matavelli, R., Correia, A., Pereira, V., & Palma, H. V.
221
mentais deverão ser utilizadas como
instrumentos de medida para avaliar
a pobreza individual, coletiva e pro-
gramas redistributivos (McLeish &
Oxoby, 2007).
Para os autores Barratt & Patton
(1983); & Youn (2000), existem
duas dimensões da impulsividade
para caracterizar o comportamento
de compra do sujeito: (a) a dimen-
são cognitiva (i.e., o sujeito apre-
senta um processo cognitivo na hora
da decisão), na qual o processo di-
fere das suas alternativas na tomada
de decisão, ou seja, a forma de pro-
cessar informação é mais rápida,
podendo causar dificuldades na
concentração e na capacidade de
avaliação; e (b) a dimensão compor-
tamental (i.e., o sujeito apresenta
um processo referente ao seu com-
portamento dentro do meio em que
está inserido), na qual o meio envol-
vente é onde o individuo age de
forma impulsiva, quando confron-
tado com um determinado estímulo.
Para o economista Adam Smith,
existe uma grande importância nos
assuntos relacionados com a esco-
lha intertemporal, no que diz res-
peito ao aumento ou diminuição da
riqueza mundial. John Rae, por ou-
tro lado, defende que essas escolhas
acarretam fatores sociológicos. Esta
perspetiva histórica começou a mu-
dar quando Paul Samuelson propôs
o modelo de utilidade descontada
(DU Model).
O modelo de utilidade descon-
tada
Paul Samuelson introduziu o
modelo de utilidade descontada por
volta de 1937 (“DU Model”). Este
modelo não apresentou uma vali-
dade descritiva confirmada, nem
pode ser considerado um modelo
normativo da escolha intertemporal,
mas foi rapidamente adotado por
muitos economistas até aos dias de
hoje. Tornou-se dominante pela sua
forma simplificada de ser e pela sua
semelhança à fórmula de juros com-
postos.
A base central deste modelo e
todos os motivos subjacentes à es-
colha intertemporal podem ser resu-
midos num único parâmetro – a taxa
de desconto. A taxa de desconto é
definida como o grau em que um su-
jeito troca “algo” de consumo em
diferentes pontos no tempo, ou seja,
é a proporção em que um valor ou
utilidade diminui por unidade de
tempo (Thaler, 1981).
Com o estudo do modelo de uti-
lidade descontada pretende-se dei-
xar bem clara a importância de dis-
A impulsividade e o time preference
222
tinguir entre as várias considerações
que são subjacentes às escolhas in-
tertemporais. Vários autores fazem
uma distinção entre time discoun-
ting e preferência intertemporal. Ti-
me discounting é um termo utili-
zado para englobar alguma razão ou
motivo que traga o mínimo de preo-
cupação sob uma consequência fu-
tura, incluindo fatores que diminu-
em a utilidade esperada, gerada por
uma consequência futura, assim
como incerteza ou mudança de opi-
nião. A terminologia preferência in-
tertemporal é utilizada para referir
especificamente a preferência para
uma utilidade imediata sobre uma
utilidade atrasada (Frederick, Loe-
wenstein, & O'Donoghue, 2002).
O modelo de utilidade descon-
tada apresenta algumas limitações,
uma vez que é um modelo descri-
tivo do comportamento. Essas limi-
tações são algumas anomalias, pelo
facto deste modelo não considerar
as variações dos descontos ao longo
do tempo e também por não consi-
derar as variações de desconto de
diferentes quantias (Frederick, Lo-
ewenstein, & O'Donoghue, 2002).
Por sua vez, as limitações deste mo-
delo devem-se ao fator de incerteza
dos direitos humanos e ao desejo de
acúmulo pela perspetiva de consu-
mo imediatista das sociedades mo-
dernas. No entanto, ambas as pers-
petivas explicam a variabilidade da
escolha intertemporal e os diferen-
tes tipos de comportamentos.
A perspetiva de utilidade anteci-
patória salienta que a diferença no
comportamento dos sujeitos está re-
lacionada com a capacidade de ima-
ginar o futuro. Por outro lado, a
perspetiva de abstinência explica
que a variação na escolha intertem-
poral e nos comportamentos está na
base individual, sendo que os sujei-
tos expostos a elevadas taxas de
descontos levam-nos a acreditar que
pensam que o atraso da gratificação
é doloroso.
Desta forma, os estudos de
Kirby et al. (2002) propõem que os
comportamentos aprendidos podem
levar a diferenças na taxa de des-
conto, ou seja, se para as crianças
existe a escolha entre comer choco-
late ou salada ao jantar (comporta-
mentos breves), para um adulto a es-
colha é mais alargada a longo prazo,
(e.g., uma alimentação saudável).
Esta escolha intertemporal envolve
trocas entre custos e benefícios oco-
rridos em diferentes momentos tem-
porais. De referir ainda que, as pos-
síveis decisões tomadas podem afe-
tar não apenas o sujeito em si, mas,
Matavelli, R., Correia, A., Pereira, V., & Palma, H. V.
223
também, a comunidade de uma for-
ma mais “macro”, afetando a econo-
mia e a prosperidade económica das
nações.
O desconto exponencial versus
desconto hiperbólico.
O modelo exponencial e o mo-
delo hiperbólico foram propostos
por Ainslie em 1975, para analisar
as funções do desconto temporal. O
modelo exponencial sugere que os
sujeitos tomam as suas decisões
com base nas recompensas futuras e
na existência de taxas de risco cons-
tante.
Figura 1
Efeito do desconto exponencial (Kirby & Marakovic, 1995)
De acordo com a Figura 1, o va-
lor presente descontado (S) é refe-
rente a uma recompensa imediata e
menor, em contrapartida com o (L),
que diz respeito a uma recompensa
a longo prazo ou tardiamente maior.
A figura supracitada demonstra a
função exponencial através de um
desconto constante, onde a escolha
dos sujeitos é constante. Para Kirby
e Marakovic (1995), o modelo de
desconto exponencial indica que
quando um sujeito faz uma escolha
sobre uma recompensa num dado
momento no tempo, esta escolha
será sempre preferida em vários ou-
A impulsividade e o time preference
224
tros períodos de tempo, sendo essa
preferência estática, não havendo
inversões de preferência.
Figura 2
Efeito do desconto hiperbólico (Kirby & Marakovic, 1995)
A Figura 2 é representada por
uma função de desconto hiperbó-
lica, onde podemos perceber que o
sujeito exibe um padrão de escolha
inconstante.
Assim, o comportamento do su-
jeito é descrito por escolher entre re-
compensas monetárias imediatas ou
atrasadas para diferentes valores
(Rachlin, Raineri, & Cross, 1991).
O desconto hiperbólico, ao contrá-
rio do desconto exponencial, prevê
inversões de preferência em função
do tempo. Esse fenómeno pode ser
caracterizado pela impulsividade e
por traços comportamentais (Kirby
& Marakovic, 1995).
Desta forma, o desconto expo-
nencial, de acordo com a teoria tra-
dicional, é uma função de juros sim-
ples, ou seja, é constante (e.g., se
um indivíduo fizer um investimento
de 1000€ hoje, com uma taxa de ju-
ros de 10% ao ano, terá 1100€ daqui
a um ano). Assim, o modelo expo-
nencial, segundo Green, Myerson e
Mcfadden (1997), é a forma dos su-
jeitos tomarem as suas decisões
acerca de um valor futuro, com uma
taxa de juros constante, assumindo
assim uma menor probabilidade de
Matavelli, R., Correia, A., Pereira, V., & Palma, H. V.
225
risco que possa dificultar a receção
do valor a longo prazo.
Porém, de acordo com vários es-
tudos, existem fortes provas de que
esta base não é assim tão sólida, ou
seja, o processo cerebral não funci-
ona de uma forma linear, e sendo as-
sim, não respeita o desconto expo-
nencial a tomar decisões intertem-
porais. Logo, os sujeitos descontam
o futuro de uma forma hiperbólica,
que por sua vez defende que a taxa
de risco diminui ao longo do tempo.
Desta forma, o modelo de desconto
hiperbólico merece grande desta-
que, uma vez que propõe uma expli-
cação acerca da escolha intertempo-
ral, sendo capaz de explicar os com-
portamentos cingidos pelo modelo
de utilidade descontada.
De acordo com o modelo hiper-
bólico, é sugerido que os sujeitos
descontam a utilidade a taxas de-
crescentes, ou seja, a escolha a curto
prazo cai à medida que o longo
prazo se expande, definindo desta
forma um padrão de personalidade
dos sujeitos, o que nos remete para
que a escolha hiperbólica seja um
traço impulsivo. Assim, pode-se
constatar que o indivíduo em causa
enfrenta problemas de autocontrolo,
decorrente da sua inconstância tem-
poral, o que o leva a consumir mais
do que gostaria, dentro de uma pers-
petiva inicial (Frederick, Loewens-
tein, & O’Donoghue, 2004).
As inversões de preferência
A compreensão dos fenómenos
de inversão de preferências torna-se
relevante para um melhor entendi-
mento da escolha intertemporal e,
consequentemente, dos processos
inerentes à impulsividade e ao auto-
controlo.
A impulsividade é um traço de
personalidade, no qual o sujeito pre-
fere uma recompensa menor e ime-
diata ao invés de uma recompensa
maior, porém mais tardiamente. O
autocontrolo é derivado de uma du-
plicidade do self, causando um con-
flito intrapessoal, onde um é orien-
tado para o presente e o outro para o
futuro (Loewenstein, 1996).
A ocorrência dessas inversões
de preferência (i.e., em que a re-
compensa menor é preferida quando
os atrasos para ambas as recompen-
sas são breves, e a recompensa ime-
diata é preferida quando os atrasos
para ambas as recompensas são lon-
gas) sugerem que a impulsividade
pode ser uma característica da situ-
ação de escolha, assim como, uma
característica do indivíduo. Assim,
o mesmo indivíduo que age impul-
A impulsividade e o time preference
226
sivamente quando a recompensa
menor está disponível imediata-
mente, pode mesmo assim demons-
trar autocontrolo e escolher a re-
compensa maior quando ambas as
recompensas são atrasadas, mesmo
que a recompensa maior tenha um
atraso maior que a recompensa me-
nor, causando uma inversão de pre-
ferência (Green, Myerson, & Fa-
dden, 1997). De referir ainda que,
quanto maior o atraso para uma re-
compensa futura, menor é o seu va-
lor presente. A maioria das pessoas
prefeririam 1000 euros agora do que
1000 euros em seis meses. Isto a-
contece porque o valor subjetivo
dos 1000 euros atrasados é menor,
ou seja, as pessoas descontam o seu
valor.
O desconto temporal tem sido
usado para explicar o fenómeno de
inversão de preferências, quando
um indivíduo escolhe 800 euros
agora ao invés de 1000 euros em 6
meses; o mesmo indivíduo pode in-
verter a sua preferência quando um
atraso igual é adicionado após o co-
nhecimento dos montantes.
O modelo exponencial diz-nos
que as pessoas tomam decisões so-
bre o valor de uma recompensa fu-
tura tendo como base uma pretensão
de uma taxa constante de perigo, ou
seja, as pessoas assumem que a pro-
babilidade de acontecer algo que os
impeça de receber uma recompensa
não muda ao longo do tempo. Sendo
assim, assumindo que a taxa de des-
conto temporal é independente da
quantia da recompensa, o modelo
exponencial leva-nos à predição de
que o valor relativo de duas recom-
pensas atrasadas irá ser o mesmo se
os atrasos para ambas as recompen-
sas aumentarem ou diminuírem
igualmente. Assim, de acordo com
o modelo exponencial, o fenómeno
de inversão de preferências não de-
veria ocorrer.
A impulsividade
De acordo com a teoria econó-
mica e a psicologia, a impulsividade
afeta o comportamento na decisão
intertemporal. Esse comportamento
demonstra que a escolha não é cons-
tante no tempo e que os níveis de
impulsividade estão ligados a um
maior risco na tomada de decisão
(O’Donoghue & Rabin, 2000). O
comportamento impulsivo esteve
durante muito tempo associado a
um comportamento primitivo no
núcleo Céfalo-raquidiano, e por
isso, ligado, igualmente, a uma me-
nor inteligência e até à criminali-
dade e desvio social. Recentemente
Matavelli, R., Correia, A., Pereira, V., & Palma, H. V.
227
o comportamento impulsivo está li-
gado ao pensamento obsoleto.
Relativamente ao consumo e a
poupanças, o comportamento im-
pulsivo tem sido conotado como
mau e como consequência negativa
em várias áreas, como finanças pes-
soais, satisfação pós-compra, rea-
ções sociais e baixa autoestima em
geral. Ainda assim é possível predi-
zer ou conceber situações de con-
sumo em que a compra impulsiva
seria vista como, normativamente
neutra, ou mesmo como um com-
portamento positivo sancionado
(e.g., uma prenda espontânea a um
amigo doente, pagar a conta num
restaurante para os amigos ou retirar
vantagens em compra de produtos
dois em um). Estes comportamentos
impulsivos de compra podem repre-
sentar atividades generosas, bondo-
sas e práticas (Frederick, Loewns-
tein, & O´Donoghue, 2002).
Esta descoberta sobre compra-
dores impulsivos, aliada ao facto de
psicólogos denominarem a impulsi-
vidade como um traço de personali-
dade básico, faz-nos crer que as ten-
dências de compra impulsivas de
um indivíduo podem ser conceptua-
lizadas como um traço de consumo
a que chamamos impulsividade de
compra, definida pela compra que o
sujeito faz quando compra imedia-
tamente, espontaneamente e irrefle-
tidamente um determinado produto.
Os compradores altamente impulsi-
vos provavelmente vão experienciar
um estilo de compra espontâneo, ou
seja, o seu pensamento é irrefletido,
despertado por uma proximidade fí-
sica do produto, determinado por
uma atração a esse produto e é ab-
sorvido pela promessa de gratifica-
ção e de bem-estar imediato que o
produto pode proporcionar.
Assim, é provável que os com-
pradores impulsivos ajam por capri-
cho e pelos seus impulsos de com-
pra (Rook & Fisher 1995). O com-
portamento impulsivo é quase sem-
pre derivado de estímulos (i.e., em
casos extremos), ou seja, um im-
pulso de compra transforma-se dire-
tamente em uma resposta imediata e
física (i.e., espasmos de consumi-
dor).
Os compradores impulsivos es-
tão mais propensos a experienciar a
impulsividade de compra do que os
outros consumidores. Fatores como
a posição económica do consumi-
dor, a pressão do tempo, a visibili-
dade social e talvez até o impulso de
compra em si podem despertar a ne-
cessidade de avaliar uma perspetiva
A impulsividade e o time preference
228
de uma compra impulsiva rapida-
mente.
Rook & Fisher (1995) propõem
em seus estudos uma correlação po-
sitiva em comportamentos de atraso
com impulsividade. Por exemplo,
uma pessoa pode escolher desligar o
alarme e dormir mais vinte minutos;
esse comportamento é um resultado
mais imediato, porém é igualmente
uma recompensa atrasada menor,
sendo que ao atrasar o alarme, o su-
jeito atrasa-se para um compro-
misso.
Problema e Hipóteses de pesquisa
O objetivo basal deste trabalho é
analisar em que grau a preferência
intertemporal está correlacionada
com a impulsividade e como os
múltiplos fatores comportamentais
podem alterar ou manter essas pre-
ferências. Para tal, foram formula-
das as seguintes hipóteses de inves-
tigação:
Hipótese 1 - Os sujeitos impaci-
entes apresentam maiores níveis de
impulsividade.
Hipótese 2 - A impulsividade
está ligada à inversão de preferên-
cias.
As medidas serão operacionali-
zadas através das respostas dos su-
jeitos, sendo que a primeira medida
se refere a preferências monetárias
(avaliada pela escala de Scholten,
2010) e a última está ligada à escala
da impulsividade (avaliada pela es-
cala de Barratt – BIS-11).
Metodologia
Participantes
Participaram neste estudo 229
pessoas cuja média de idade é de 28
anos. O recrutamento foi realizado
pelo método snowball (modo não
probabilístico no qual se pede a um
determinado grupo de participantes
para preencherem e repassarem os
questionários entre os seus conheci-
dos, e assim, sucessivamente).
Os questionários foram aplica-
dos a 116 participantes do género
masculino e 113 participantes do
género feminino. No que concerne
ao nível de habilitações literárias, os
participantes encontram-se distribu-
ídos entre ensino básico (12 partici-
pantes), ensino secundário (53 par-
ticipantes), licenciados (122 partici-
pantes), mestrado (38 participantes)
e quatro participantes com o grau de
doutor. Os participantes foram con-
vidados gentilmente a integrar o es-
tudo através de contacto via e-mail.
Design
Matavelli, R., Correia, A., Pereira, V., & Palma, H. V.
229
O método de pesquisa utilizado
na recolha de dados foi o método
analítico, uma vez que os estudos
observacionais analíticos permitem
responder à questão do porquê é que
os sujeitos têm uma determinada ca-
racterística, através do estudo das
correlações entre variáveis (Pais-
Ribeiro, 2010). Neste âmbito, a in-
vestigação apresenta um carácter
correlacional, pretendendo exami-
nar o quão fortemente duas variá-
veis estão relacionadas ou associa-
das entre si (Campbell & Stanley,
1963). É de salientar que o presente
estudo é transversal, uma vez que o
questionário online foi aplicado em
um momento único.
Variáveis e Operacionalização
A natureza de um estudo corre-
lacional pressupõe a inexistência de
variáveis independentes e de variá-
veis dependentes, pelo que neste es-
tudo serão consideradas várias hipó-
teses. No sentido de estudar em que
medida a impulsividade está associ-
ada à preferência intertemporal, a
impulsividade é considerada como
medida e a sua operacionalização é
realizada mediante as perguntas do
questionário de Scholten (2010),
tendo em atenção os seguintes aspe-
tos:
1 - Taxas de desconto: sinal de
ocorrências (Ganhos versus Per-
das); Magnitude (Grandes versus
Pequenas); Imediacy (Sim versus
Não); Intervalo (Curto versus Mé-
dio versus Longo).
2 - Se a impulsividade está li-
gada à inversão de preferência.
Contexto e Instrumento e Procedi-
mento
O estudo foi conduzido em con-
texto de campo, uma vez que os
questionários foram aplicados aos
sujeitos através de contacto direto
por correio eletrónico, dando as ins-
truções necessárias e proporcionan-
do autonomia no que diz respeito ao
contexto de preenchimento.
Foi inicialmente elaborado um
pré-teste à escala de Scholten
(2010), incluindo cerca de 86 sujei-
tos recrutados de forma informal,
com as características demográficas
idênticas às da amostra final, ou
seja, com idades compreendidas en-
tre os 25 e os 65 anos. O grande ob-
jetivo do pré-teste foi não só verifi-
car se as questões estavam perceti-
vas, como também analisar as res-
postas dos sujeitos e determinar se
estes tenderam a responder normati-
vamente ou se, por outro lado, ten-
deram a responder de acordo com as
A impulsividade e o time preference
230
anomalias apresentadas no modelo
da utilidade descontada.
Os resultados do pré-teste reve-
laram que a maioria das pessoas
preferiram adiar as recompensas e
antecipar tanto quanto possível as
perdas, sendo que este último fenó-
meno foi bastante acentuado. Neste
sentido, procedeu-se a uma altera-
ção dos estímulos, de maneira a au-
mentar o diferimento e a criar uma
maior discrepância entre o período a
curto prazo e o período a longo
prazo. Assim, as escolhas passaram
a ser, por exemplo, entre uma deter-
minada recompensa ou perda no
prazo de 20 meses ou no prazo de
23 meses, em vez de ser no prazo de
12 meses ou no prazo de 15 meses.
Posteriormente, procedeu-se à
elaboração do questionário final em
formato digital, através de uma pla-
taforma informática criada para os
devidos efeitos. Os instrumentos
utilizados para a realização deste es-
tudo foram: (a) a Escala de Scholten
(2010), que avalia as escolhas inter-
temporais, onde os sujeitos esco-
lhem entre ganhos grandes imedia-
tos e ganhos grandes não imediatos;
ganhos pequenos imediatos e ga-
nhos pequenos não imediatos; per-
das grandes imediatas e perdas
grandes não imediatas; perdas pe-
quenas imediatas e perdas pequenas
não imediatas; contém 24 itens, co-
tados de 0 para ganhos imediatos/
perdas tardias e 1 para ganhos tar-
dios/perdas imediatas; (b) a Escala
de Impulsividade de Barratt, BIS-11
(1995), que avalia a impulsividade
do sujeito e é constituída por uma
folha de instruções com perguntas
relativas a dados demográficos e
pessoais e um conjunto de 30 itens
de opinião, cotados por uma escala
tipo quatro pontos (1 – “Raramente/
Nunca”; 2 – “Às vezes”; 3 – “Fre-
quentemente”; 4 – Sempre”).
O equipamento utilizado para
executar os testes estatísticos neces-
sários para a análise dos dados refe-
rentes a cada uma das questões de
investigação foi o software Statis-
tica versão 20.
Resultados
O presente estudo tem como
objetivo analisar a relação entre a
escolha intertemporal e a impulsivi-
dade, em contexto natural. Para a
análise estatística dos dados utili-
zou-se o método estatístico (ANO-
VA repeated measures), bem como
para analisar e verificar o instru-
mento de Scholten (2010) e as vari-
áveis demográficas (i.e., idade, gé-
nero e habilitações e ordenados).
Matavelli, R., Correia, A., Pereira, V., & Palma, H. V.
231
Neste estudo a conclusão estatística
tomará como critério α = .05.
Análise da Variância para o instru-
mento de Scholten (2010)
A análise da variância permite-
nos constatar que as anomalias do
modelo de utilidade descontada
(DU Model) – efeito de diferença
comum, efeito de sinal ou assime-
tria ganhos-perdas e efeito de mag-
nitude absoluta – estão presentes no
instrumento de Scholten (2010).
Sublinha-se ainda que o efeito de si-
nal ou assimetria ganhos-perdas e
efeito de magnitude absoluta apre-
sentam um coeficiente de variação
superior ao efeito de diferença co-
mum.
Figura 3
Efeito de Sinal ou Assimetria Ganhos-Perdas
Na Figura 3 (acima), podemos
visualizar claramente que os sujei-
tos da amostra estudada vão ao en-
contro do referido na literatura, no
que diz respeito ao efeito sinal, uma
vez que esse efeito é caracterizado
pelos ganhos, quando estes são des-
contados mais que as perdas. As-
sim, os sujeitos da nossa amostra
são percecionados como menos pa-
cientes em ganhos do que em per-
das, ou seja, preferem receber um
ganho de forma imediata em detri-
mento de uma perda ou não ganho.
A impulsividade e o time preference
232
Os dados métricos da ANOVA
repeated measures mostram-nos di-
ferenças significativas entre ganhos
e perdas (F (1.22) = 161.83, p =
.00), no efeito de sinal ou assimetria
ganhos-perdas.
Na Figura 4 (abaixo) podemos
verificar o efeito da diferença co-
mum. Este efeito demonstra que a
taxa de desconto imposta pode ser
afetada por uma aceleração ou um
atraso, o que nos permite inferir que
a amostra estudada é menos paci-
ente em recompensas/perdas a curto
prazo do que em recompensas/per-
das a longo prazo, ou seja, preferem
esperar menos por recompensas e
perdas a curto prazo do que por re-
compensas e perdas a longo prazo.
Desta forma, os dados mostram-
nos que existem diferenças signifi-
cativas entre recompensas/perdas a
curto e a longo prazo (F (1.22) =
53.15, p = 0.00).
Figura 4
Efeito da Diferença Comum
Na Figura 5, (abaixo) podemos
observar o efeito da magnitude, on-
de os sujeitos são considerados im-
pacientes no que concerne a per-
das/ganhos pequenas do que em
perdas/ganhos maiores, ou seja, a a-
mostra analisada vai de encontro à
literatura, uma vez que os sujeitos
preferem esperar menos tempo por
ganhos/perdas do que por ganhos/
perdas maiores. Os resultados tam-
bém demostraram que no efeito de
Matavelli, R., Correia, A., Pereira, V., & Palma, H. V.
233
magnitude absoluta existem dife-
renças significativas entre recom-
pensas de pequena e grande magni-
tude (F (1.22) = 53.15, p = .00).
Figura 5
Efeito Magnitude
Na Figura 6 (abaixo) observou-
se a interação do efeito magnitude
com o efeito sinal. Os ganhos e as
perdas que são verificados na Fi-
gura 6 permitem-nos apurar que
existem diferenças, uma vez que é
clarificador que o efeito magnitude
é mais forte para ganhos do que em
relação às perdas. No que diz res-
peito ao sinal positivo, podemos
analisar que os sujeitos da amostra
estudada são menos pacientes em
recompensas de magnitude pequena
do que em recompensas de magni-
tude superior. No que concerne ao
sinal negativo, podemos analisar
que os sujeitos observados são me-
nos pacientes em recompensas de
magnitude pequena do que em re-
compensas de magnitude superior.
Contudo, neste caso, as diferenças
entre os níveis de paciência, relati-
vamente a perdas de pequena e
grande magnitude, são pouco pro-
nunciadas.
A impulsividade e o time preference
234
Figura 6
Interação do efeito Magnitude com o efeito sinal ou assimetria de ganhos e perdas
Desta forma, podemos analisar
as diferenças resultantes da intera-
ção entre os efeitos de magnitude
absoluta versus efeito de sinal ou as-
simetria de ganhos e perdas, através
dos seguintes resultados: (F (1.22) =
51.45, p = .00.
Análise Fatorial para a escala:
Barratt BIS-11 (1995)
A análise fatorial foi analisada
através do critério de Kaiser (“ei-
genvalue superior a 1”) ou pelo cri-
tério de Catell (“cotovelo no scree
plot”). Identificou-se a separação de
três fatores com eigenvalue superior
a 1.
De acordo com a literatura, os
alfas de cronbach apresentados pe-
las várias dimensões da versão do
questionário BIS-11 são fidedignos,
tendo por base α = >.50 (“Atenção/
cognição” = .64; “Ativação Moto-
ra” = .70; “Falta de Planeamento” =
.58).
No sentido de analisar as quali-
dades métricas do questionário uti-
lizado no presente estudo, proce-
deu-se ao cálculo do alfa de cron-
bach para os 30 itens do questioná-
rio, juntamente com a rotação vari-
max, segundo a regra de Kaiser,
onde se obteve três fatores (com 65.
30% de variância explicada).
Matavelli, R., Correia, A., Pereira, V., & Palma, H. V.
235
Para que as saturações de cada
item com o respetivo fator não sus-
citassem quaisquer dúvidas, consi-
deramos somente as situadas acima
de .50. Com base neste critério, fo-
ram eliminados quatro itens (3, 15,
20, 29), uma vez que não eram pu-
ros. Foram igualmente retirados por
se saturarem isoladamente em dife-
rentes componentes e por não serem
essenciais para a fiabilidade do
questionário. Assim, o conjunto fi-
nal foi composto por 26 itens.
Levando em consideração a in-
terpretação dos valores obtidos, for-
çou-se a análise fatorial para dois
fatores, os quais explicaram (50.
08%) da variância total 1 e (29.
33%) da variância total no fator 2.
No presente estudo foi avaliada a
consistência interna da escala Bar-
ratt BIS-11. Obteve-se um α = .78.
No que concerne à sensibilidade e
fiabilidade consideramos dois fato-
res essenciais para avaliação do
questionário (Tabela 1): “Atenção/
Ativação motora” (constituído pe-
los itens 11, 28, 5, 26, 6, 24, 14, 27,
17, 19, 22, 2, 25, 4, 21, 16); “Falta
de Planeamento” (itens, 9, 12, 1, 8,
7, 13, 10, 18, 30, 23). Após este pro-
cedimento, apenas se reteve os itens
puros em cada fator, ou seja, itens
que avaliam exatamente a dimensão
que se pretende. Deste modo, foram
retirados os itens 3, 15, 20, 29. É de
salientar que o KMO encontrado na
análise fatorial foi bom, e o alfa to-
tal aos 26 itens foi de α = 0.78. As-
sim, a recomendação face à análise
fatorial é executável e boa (Maroco,
2003).
Tabela 1
Sensibilidade e Fiabilidade
Fator alfa de cronbach
skewness
kustosis
Atenção/Ativação Motora .83 1.04 1.92
Falta de Planeamento .64 .36 .41
A impulsividade e o time preference
236
Análise de Correlações para as es-
calas: Scholten (2010) e Barratt
(1995)
De forma a estabelecer em que
grau de medida a impulsividade está
correlacionada com a preferência
intertemporal procedeu-se a uma
análise correlacional entre as esca-
las de Scholten (2010) e Barratt (19
95).
Além de ter sido efetuada uma
correlação entre as escalas, proce-
deu-se também uma correlação en-
tre as variáveis sociodemográficas.
Os resultados demonstrados (atra-
vés da Tabela 2) mostram-nos que
não existem correlações significati-
vas entre a escala de Scholten (20
10) e a escala de Barratt (1995) (r =
-.06, p = .36) p-value = >.05.
Tabela 2
Correlação entre os questionários e a caracterização sociodemográficas
Barratt Idade Género Habilitações Vencimento
Scholten -.06 -.03 .12 .05 .03
p = .36 p = .65 p = .06 p = .43 p = .59
Sinal -.09 .02 -.16 .01 -.09
p = .13 p = .74 p = .01 p = .81 p = .13
Diferimento .03 -.11 -.07 -.00 -.13
p = .61 p = .07 p = .26 p = .92 p = .03
Magnitude .00 -.13 .09 -.02 .02
p = .94 p = .04 p = .15 p = .65 p = .76
Sinal e Mag-
nitude
.04
-
.13
-
.02
.03
-
.00
p = .53 p = .04 p = .66 p = .65 p = .99
No que concerne às variáveis so-
ciodemográficas podemos observar,
através da Tabela 2, que existem re-
lações significativas entre as variá-
veis: (a) idade (r = -.13, p = .04),
com o efeito magnitude – sendo que
este efeito sugere que ganhos e per-
das de diferente magnitude são des-
contados de forma diferente, e, sen-
do uma correlação negativa, de-
monstra que quanto mais velho um
sujeito é, menos impulsivo é; (b)
género, correlacionado com o efeito
sinal (r = -.16, p = .01); (c) efeito di-
Matavelli, R., Correia, A., Pereira, V., & Palma, H. V.
237
ferimento, correlacionado com o
vencimento (r = -.13, p = .03) – que
nos sugere que quanto mais alto o
vencimento menos comportamen-
tos impulsivos um sujeito manifes-
ta; (d) interação entre o efeito sinal
e magnitude, correlacionada em (r =
-.13, p = .04) – o que nos mostra que
quanto mais novo um sujeito, mais
impulsivos são os seus comporta-
mentos. É ainda importante referir
que estas correlações são negativas,
ou seja, quando existe um aumento
do valor de uma das variáveis, exis-
te uma redução linear do valor da
outra variável.
Em suma, podemos concluir
que o questionário de Scholten não
se correlaciona significativamente
com o questionário de Barratt por-
que o p-value é superior a .05. No
entanto, existem algumas correla-
ções com os dados sociodemográfi-
cos.
Relativamente à correlação do
instrumento de Scholten (2010) e do
instrumento de Barratt (1995) com
a variável impulsividade, podemos
concluir que não existem relações
significativas, uma vez que o p-
value é superior a .05 (Tabela 3).
Tabela 3
Correlação entre Scholten e Barratt
Barratt
Scholten
-.06
p = .36
No que diz respeito à matriz de
correlação, é possível verificar na
tabela 4 (abaixo) que o questionário
de Barratt (1995) está correlacio-
nado com a variável género em (r =
.17, p = .00), tendo uma correlação
positiva, e com a variável habilita-
ções literárias em (r = -.17, p = .00),
tendo uma correlação negativa.
Tabela 4
Correlação entre Barratt e variáveis sociodemográficas
Idade Género
Habilitações
Vencimento
Barratt -.11 .17 -.17 .04
p = .07
p = .00
p = .00 p = .45
A impulsividade e o time preference
238
Podemos verificar que não exis-
tem relações significativas entre a
variável Atenção/Ativação Motora
e a Escala de Scholten, pois o p-
value é superior a .05 (tabela 5).
Tabela 5
Correlação entre Scholten e Factor 1
Atenção/Ativação Motora
Scholten .04 / p = .47
Sinal -.09 / p = .14
Diferimento -.01 / p = .78
Magnitude .02 / p = .75
Interação Sinal e Magnitude .00 / p = .98
Assim sendo, e com o intuito de
analisar em que medida a impulsivi-
dade está correlacionada com as
preferências intertemporais, relati-
vamente à Atenção/Ativação Mo-
tora, esta dimensão demonstrou não
haver quaisquer correlações entre
ela e a Escala de Scholten.
Tabela 6
Correlação entre Scholten e Factor 2
Falta de Planeamento
Scholten -.14 / p = .03
Sinal -.02 / p = .72
Diferimento .08 / p = .18
Magnitude .02 / p = .67
Interação Sinal e Magnitude .11 / p = .09
Podemos também verificar que
existem relações significativas entre
a variável Falta de Planeamento e a
Escala de Scholten, sendo o p-value
a .05 (tabela 6, acima). Desta forma,
podemos interpretar uma tendência
preditiva a dizer que é nesta medida
que a impulsividade está relacio-
nada com a escolha intertemporal.
Uma vez que é uma correlação ne-
Matavelli, R., Correia, A., Pereira, V., & Palma, H. V.
239
gativa, podemos dizer que quanto
mais falta de planeamento um su-
jeito tem referente a uma escolha,
menos impulsivo o sujeito é em fa-
zer essas escolhas.
Discussão
O objetivo basal do presente es-
tudo é analisar em que grau a impul-
sividade se correlaciona com a nova
escala de preferência intertemporal
(Scholten, 2010), respondendo a
perguntas ligadas aos níveis de im-
pulsividade e inversões de preferên-
cias. Para tal, analisamos as respos-
tas de 229 indivíduos sobre os ques-
tionários pré-estabelecidos para res-
ponderem às questões de investiga-
ção. De uma forma geral, no que
concerne às qualidades psicométri-
cas da escala Barratt-BIS 11, este
instrumento é considerado fidedi-
gno com os α > .5; a distribuição dos
itens pelas dimensões “atenção/ati-
vação motora” apresenta um α = .83
e a dimensão “falta de planeamen-
to” apresenta um α = .63.
Os resultados apresentados le-
vam-nos a acreditar que as dimen-
sões apresentam uma boa validade
de constructo, uma fiabilidade ele-
vada e uma sensibilidade considerá-
vel, o que nos permite ter confiança
nas interpretações dos resultados
obtidos para cada dimensão.
Através da análise dos resulta-
dos foi possível verificar a presença
das três anomalias do modelo de uti-
lidade descontada - DU Model (i.e.,
efeito sinal, diferimento e magnitu-
de). Na Escala de Scholten (2010),
a observação dos resultados mos-
trou-nos diferenças significativas
para o efeito de sinal, magnitude ab-
soluta e também para o efeito de di-
ferimento.
No que diz respeito à Escala de
Scholten sobre escolha intertempo-
ral, foi aplicado um pré-teste e pos-
teriormente uma versão final na
qual apresentou uma boa validade
de constructo e uma fiabilidade ele-
vada, o que nos leva a ter uma con-
fiança nos resultados obtidos atra-
vés desta escala.
Desta forma, os resultados obti-
dos através do preenchimento dos
questionários e a sua interpretação,
demonstram que os sujeitos são
mais impacientes em ganhos que
em perdas, e menos impacientes em
ganhos/perdas pequenas que em ga-
nhos/perdas grandes e também se
mostram impacientes em recom-
pensas/perdas a longo prazo. Esses
resultados vão ao encontro da litera-
tura estudada.
A impulsividade e o time preference
240
Os resultados encontrados ine-
rentes ao efeito do sinal vão ao en-
contro da literatura existente, sendo
que Loewenstein (1988) demons-
trou nos seus estudos que os sujeitos
descontam mais facilmente uma
perda que um ganho, podendo dizer
que existe uma maior impaciência
face às perdas. Desta forma, os re-
sultados obtidos referentes à primei-
ra hipótese deste estudo, sobre as ta-
xas de desconto, vão ao encontro da
literatura estudada no requisito do
efeito sinal, uma vez que os sujeitos
preferem os ganhos quando esses
são descontados mais que as perdas.
No que concerne ao efeito da dife-
rença, as escolhas dos sujeitos po-
dem ser alteradas consoante uma
aceleração ou um atraso na taxa de
desconto. Sobre o efeito magnitude,
este é caracterizado pelas escolhas
dos sujeitos quando estes são menos
pacientes em perdas/ganhos peque-
nas ou perdas/ganhos maiores, e os
resultados do nosso estudo mos-
tram-nos que os sujeitos preferem
recompensas grandes a pequenas.
Quando é executada uma interação
com o efeito sinal e efeito magni-
tude, podemos observar que os su-
jeitos, no que diz respeito ao sinal
positivo, são menos pacientes em
recompensas de magnitude pequena
que em recompensas de magnitude
superior (no que diz respeito ao si-
nal positivo), enquanto que no
efeito de sinal negativo existe uma
diferença entre os níveis de impaci-
ência, porém pouco pronunciada.
Desta forma, a segunda hipó-
tese, inicialmente formulada para
avaliar se a impulsividade estava li-
gada à inversão de preferência, foi
afirmada, uma vez que a Escala de
Scholten (2010) estava correlacio-
nada negativamente com a dimen-
são da “Falta de planeamento”. O
que nos leva a dizer que quando
existe um aumento em uma dimen-
são, existe uma diminuição na ou-
tra, ou seja, quanto mais impaciente
é um sujeito, menos impulsivos são
os seus comportamentos.
O fenómeno de inversão de pre-
ferências é importante para a com-
preensão da impulsividade e do au-
tocontrolo, uma vez que os compor-
tamentos impulsivos podem ser de-
finidos como a escolha de uma re-
compensa menor e imediata ao in-
vés de uma recompensa maior, mais
atrasada. As correlações obtidas en-
tre os scores da escala da impulsivi-
dade de Barratt BIS-11 (1995) e a
escala de preferência intertemporal
de Scholten (2010) mostram-nos
que não existe correlação entre as
Matavelli, R., Correia, A., Pereira, V., & Palma, H. V.
241
duas escalas, sugerindo que não
existem relações entre as preferên-
cias intertemporais e impulsividade.
Assim sendo, esta hipótese foi infir-
mada, uma vez que não se encon-
trou correlação entre os dados reco-
lhidos.
Para além da caracterização da
impulsividade na amostra estudada,
foi ainda estudada a hipótese socio-
demográfica, existindo um efeito
nessas variáveis em algumas dimen-
sões. Estes resultados levam-nos à
reflexão sobre a complexidade das
interações entre as variáveis socio-
demográficas e a impulsividade,
uma vez que estas se correlacionam
na idade e género do sujeito.
É importante reconhecer as limi-
tações deste estudo, uma vez que a
utilização de uma amostra de estu-
dantes e trabalhadores com uma
idade média de 28 anos limita a pos-
sibilidade de generalização dos re-
sultados, principalmente no que
concerne à impulsividade, uma vez
que a literatura psicológica e com-
portamental nos diz que os jovens
têm comportamentos mais impulsi-
vos do que os adultos, sem conside-
rar de facto que esse comportamen-
to é um traço de personalidade.
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