Resumo A memória tem sido alvo de estudos recentes que estão inovando ao trazer à tona uma nova concepção sobre o que ela seria e qual o seu papel na formação tanto do indivíduo, quanto do coletivo. Grosso modo, será ela que irá determinar como o indivíduo e o coletivo irão se relacionar com o passado, mediante suas concepções do presente e expectativas sobre o futuro. Consequentemente, teremos grupos com alguma forma de poder que buscarão se utilizar da memória visando forjar o passado, moldar o presente e legitimar ações futuras. Esse é o caso, por exemplo, das discussões surgidas na Argentina (Comisión Nacional sobre la Desaparición de Personas, 1983-84) durante, e após, o que chamamos, genericamente, de suas Comissões da Verdade. Este artigo visa debater como certas narrativas buscavam se tornar predominantes, visando alterar a memória coletiva e minimizar, ou mesmo extinguir, suas culpas pelos erros e desastres econômicos, sociais e políticos (inclusive a tortura) dos atores responsáveis direta ou indiretamente por eles terem ocorrido.
Palavras-chave: Memória; Disputa; Comissão da Verdade.