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Estudos de Género na universidade performativa Virgínia Ferreira - Valencia 2019

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Abstract

Nesta comunicação, procuro refletir sobre os desafios que atualmente se colocam ao ensino e investigação dos Estudos de Género em sistemas universitários e científicos cada vez mais marcados pelas políticas neo-liberais e empurrados, pelos cortes orçamentais, para um modelo de gestão empresarial. Alguns dos processos atualmente em curso serão objeto de reflexão mais detalhada, nomeadamente: a globalização neoliberal dos sistemas de ensino e a transformação das ideias em mercadorias; a burocratização, digitalização e mensuração do trabalho académico; a hiperespecialização e a disciplinarização; a contestação dos Estudos sobre as mujeres, de género e feministas; a ‘ideologia de género’ e os anti-movimentos sociais; os riscos de invisibilização associados ao mainstreaming de género; riscos derivados da natureza exportadora da Sociologia e dos Estudos de Género (para os estudos post-coloniais, LGBTI e Queer). Palabras clave: Género; universidade performativa; hiperespecialização; mainstreaming de género.
Estudos de Género na universidade performativa
Ferreira, Virgínia
Faculdade de Economia e Centro de Estudos Sociais da Universidade de
Coimbra, vf.virginiaferreira@gmail.com
Palavras-chave: Estudos de Género, universidade performativa,
disciplinarização, resistências, legitimidade epistemológica contestada.
Introdução
Nesta comunicação, procuro refletir sobre os desafios que se colocam
atualmente ao ensino e pesquisa dos estudos de género nos sistemas
universitários cada vez mais marcados pelas políticas neoliberais, pelos cortes
orçamentais e por estilos de gestão managerialistas. Alguns dos processos em
curso merecem ser objeto de reflexão, nomeadamente a globalização neoliberal
dos sistemas de ensino e que transformam ideias em produtos comerciais; a
burocratização, exploração e medição do trabalho académico; a
hiperespecialização e a disciplinarização; o desafio dos estudos sobre mulheres,
género e feministas; a 'ideologia de género' e os antimovimentos sociais; riscos
de invisibilidade associados à estratégia de mainstreaming de género; riscos
decorrentes da natureza exportadora da disciplina da Sociologia (para estudos
pós-coloniais, LGBTI e Queer, etc.).Dadas as restrições de espaço, abordarei
apenas alguns deles.
1. A universidade globalizada pelo neoliberalismo
Têm sido avassaladoras as mudanças introduzidas nos sistemas universitários,
ao longo das últimas décadas, sob a égide dos princípios neoliberais. Com
ligeiras adaptações nacionais, encontramos hoje na literatura fiéis
caracterizações de desenvolvimentos semelhantes em muitos países.
A primeira característica que ressalta é a da entrega cega à concorrência global.
Todas as instituições de ensino superior procuram manter ou melhorar os
respetivos posicionamentos nos rankings. Esta lógica concorrencial acentuou-se
em face da retração do financiamento estatal, reduzido ao mínimo, impelindo as
instituições a captar outros financiamentos (através do pagamento de propinas
a quem recorre aos seus serviços, ou da abertura ao financiamento privado de
cursos ou de projetos de investigação). Este processo tem levado à
mercadorização do ensino superior e à introdução de lógicas managerialistas.
Em Portugal, estas tendências são evidentes.
Nova gestão pública nas universidades
À nova configuração institucional têm sido dados nomes diversos:
McUniversidade, universidade corporativa, universidade neoliberal, universidade
empresarial, universidade performativa, etc. (Steinþórsdóttir et al., 2019; Hark,
2016; Pereira, 2016; Santos, 2014). Para responder às necessidades das
instituições, as administrações recorrem à contratação de docentes com
contratos precários e a tempo parcial. Segundo dados do Sindicato Nacional do
Ensino Superior, em Portugal, 31,2% de docentes do ensino superior público tem
contratos precários.
1
Na academia, as relações de género são patentes nos padrões de segregação
horizontal e vertical. As mulheres tendem a ocupar as posições académicas mais
precárias, enquanto os homens dominam os mais qualificados e permanentes e
os campos das ciências, tecnologias, engenharias e matemática (CTEM)
(Comissão Europeia, 2016). Vários estudos mostram a associação duradoura
entre CTEM e a masculinidade (Francis et al., 2017). Os campos culturalmente
masculinos são considerados de maior valor, mais respeitados. Esta hierarquia
implícita favorece claramente as CTEM nas opções financeiras e de gestão das
instituições académicas (Steinþórsdóttir et al., 2019). Basta que pensemos nos
rácios padrão estabelecidos para efeitos de financiamento público das diferentes
áreas científicas, em Portugal: 1 docente a tempo integral por cada 11
estudantes nas Engenharias; 1 para cada 6, em Medicina; 1 para 20, nas
Humanidades
2
.
Efeitos Matilda e Mateus potenciam-se
O efeito Matilda preside a muitíssimas situações do quotidiano das instituições
de ensino e investigação, visível na desvalorização dos contributos das
mulheres. A perspetiva de género aplicada ao funcionamento destas instituições
é fundamental para compreendermos na sua plenitude a discriminação indireta
originada pelos sistemas de avaliação de desempenho docente que valorizam
as publicações e o seu impacto, o número de citações e o financiamento captado
e desvalorizam tarefas fundamentais como a lecionação, a supervisão de
estudantes e a participação na governação institucional em cargos de menor
visibilidade e de extensão universitária. Estas tarefas desvalorizadas compõem
o trabalho de casa académico, invisível (Steinþórsdóttir et al., 2019).
A gestão das universidades, geridas como se de empresas lucrativas se
tratassem (Lynch, 2006), tem-se socorrido da institucionalização de
procedimentos de total monitorização e controlo da atividade docente e de
investigação, introduzindo uma lógica de projetificação das atividades de
investigação com claro prejuízo da investigação fundamental. Assim, o efeito
Mateus surge em associação ao efeito Matilda, ao atribuir mais recursos a quem
mais possui
3
.
Neste processo, a educação e as ideias tornaram-se mercadorias, o corpo
estudantil foi transformado em cliente pagante e o pessoal docente em
precariado. A função docente perdeu autonomia, ficou sujeita a uma enorme
pressão para ser orientada para os resultados e acolheu um cansaço e um stress
exorbitantes que a conduzem ao burn out (Pereira, 2016).
1
Cf. http://www.snesup.pt/es/59/infografia.pdf.
2
Veja-se MCTES http://www.snesup.pt/htmls/_dlds/formula_financiamento_2005.pdf [acesso
em: 20 de setembro de 2018]
3
Na Universidade do Minho, a publicação de um artigo em revista International Scientific
Indexing confere à/o docente o direito à redução de trabalho letivo no ano seguinte.
O acumular de pesquisa, com o ensino e as tarefas administrativas criam uma
sobrecarga de trabalho com impacto em múltiplas esferas familiar, saúde,
cultura, cidadania. sempre uma oferta de financiamento a que é preciso
concorrer e uma constante necessidade de prestar contas sobre o que se faz,
que afasta o foco da pesquisa e do trabalho académico. A docência desaparece,
rebaixada a uns meros 20% na avaliação dos currículos de concorrentes a
qualquer posição, seja ela de docência ou de investigação.
Para vingar no mercado é preciso produzir ideias dóceis a universidade
substituiu as finalidades humanistas por vocacionais, pela aquisição de
informação factual, de competências práticas, desinvestindo da aprendizagem
do pensamento crítico. Este desígnio intimida as administrações. Da parte do
pessoal docente emerge a autocensura, como estratégia de sobrevivência.
A instabilidade contratual e a falta de perspetivas provocam elevada insatisfação
com o trabalho. No caso das mulheres, permanecem na academia, porque os
empregos que encontram fora desta são frequentemente subqualificados e
continuam a ser fontes de insatisfação laboral relativamente à sua situação
laboral. No árduo percurso que leva à construção de um “cv” suficientemente
“importante”, que lhes possibilite, num futuro longínquo, o acesso a uma posição
permanente na academia perde-se o sentido e o gosto pelo envolvimento na
investigação.
Assimetrias de poder sexualizadas, racializadas e classistas
Não terminarei este ponto, sem sublinhar que esta afirmação da degradação das
condições de trabalho na academia não implica um apagamento das assimetrias
de poder, sexualizadas, racializadas e classistas, que sempre marcaram as
relações no seu seio. Uma perspetiva interseccional é necessária para
percebermos que, enquanto as mulheres brancas se ressentem da
intensificação da performatividade, controlo e desvalorização epistemológica,
outras sempre estiveram sujeitas a esses processos de integração condicionada
na academia e continuam a estar. Para estas não ruturas, mas continuidade.
As académicas-mães são talvez o grupo dominado no seio do grupo dominante
(Amsler e Motta, 2019).
Parti das alterações materiais para dar conta de algumas condições subjetivas
que surgem com esta compulsão de se ser produtiva todo o tempo, em
permanente exercício de benchmarking.
Abordarei, em seguida, as questões epistemológicas.
2. Desvalorização epistemológica e disciplinarização
O novo quadro institucional veio agudizar dilemas e desafios que os Estudos
sobre as Mulheres/de Género/Feministas (EMGF) sempre tiveram que enfrentar.
Griffin identifica 6 fases na profissionalização dos EMGF: ativista; de instalação:
de integração: de profissionalização; de disciplinarização; e de autonomia. Nesta
última fase, os EMGF são supostos funcionar como qualquer outra área
disciplinar com a mesma credenciação, financiamento e capacidade de
atribuição de graus." (2005: 89-90).
Nenhum país europeu alcançou uma institucionalização abrangente de EMGF
em consonância com este modelo. Os indicadores definidos para estimar o nível
de institucionalização dos EMGF incluem: número de cátedras e posições de
docência; existência de centros ou departamentos autónomos de EMGF;
dimensão do staff envolvido no ensino e investigação; número e variedade de
programas que atribuem graus de graduação e pós-graduação; número de
disciplinas envolvidas nos EMGF; quantidade e tipo de apoio financeiro
disponível; capacidade de investigação; reconhecimento da disciplina ao mais
alto nível do sistema de ensino superior (Griffin, 2005: 90-91).
Autonomia versus fechamento
Num seminário em 1984, na Universidade de Brown, nos EUA, Derrida
preconizou que os estudos sobre as mulheres se transformariam noutro “cell in
the university beehive” (outra célula na colmeia da universidade”, a sua
legitimidade estabelecer-se-ia e o seu futuro estaria assegurado. Ao mesmo
tempo, advertia que o seu triunfo teria custos a disciplinarização do campo, a
imposição de uma certa ortodoxia e a perda do seu eixo crítico. Interrogava-se
se ao fazer-se dos estudos sobre as mulheres um departamento igual aos outros,
se isto não era um sinal do insucesso dos seus princípios (apud Scott, 2008: 1).
Este debate suscitou várias questões:
Se o aumento de mulheres a ensinar e se o conhecimento que produziam
e transmitiam não era em si subversivo numa instituição que tinha sido,
segundo Derrida, “falocêntrico” (masculino na composição, no foco e no
comprometimento com a defesa da Lei);
Não estávamos, enquanto professoras e investigadoras, desafiando o que
contava como conhecimento e quem contava como conhecedor?
Era importante saber se a revolução seria alcançada através da
institucionalização de programas de estudos separados ou através da
infiltração nas disciplinas, “feminizando o curriculum”, integrando as
mulheres em todas as disciplinas?
Se se conservar o axioma filosófico, considerando as mulheres como
sujeitos, então temos que retomar todo o enquadramento em que a
universidade está construída.
Tudo questões que retomo aqui de Scott (2008: 2).
Ao longo das três últimas décadas, ocorreram em simultâneo um processo
autónomo de institucionalização e uma reação defensiva às mudanças pelas
quais a universidade estava a passar. Cerravam-se fileiras. O resultado foi uma
concentração no detalhe a administração de programas, a implementação ou
ajustamento das ofertas curriculares, a supervisão de cursos de graduação, a
atração de estudantes de doutoramento, a luta por maiores orçamentos.
Instalou-se uma certa ortodoxia nos EMGF com a fixação de padrões de
admissão no campo e na elaboração de métodos e teorias à semelhança do que
acontece nas outras disciplinas. Negociações com as direções das faculdades e
departamentos sempre foram difíceis neste contexto. No processo, os EMGF
perderam alcance crítico - tornam-se orgânicos.
A hiperespecialização e o entrincheiramento disciplinar respondem às ameaças
trazidas pelos critérios de mérito (associados à capacidade de atrair
financiamento e ao impacto social) e novas métricas de medição de
desempenho.
O fechamento disciplinar é generalizado no sistema científico, especialmente
nas CSH. Pratica-se uma disciplinaridade defensiva:
Questão: como pode a interdisciplinaridade dos EMGF sustentar a sua
legitimidade epistemológica, constantemente posta em causa, vivendo
em permanência na necessidade de se redizer, de se reafirmar, de se
recriar?
OS EMGF desafiados
Ainda com Scott (2008) questionamo-nos:
Que exclusões praticamos ao insistirmos numa categoria homogénea de
“mulheres”?
Quando procuramos a inclusão, haverá alternativas à proliferação das
identidades particulares (raciais, sexuais, etc.)
Como superar as dificuldades de articular EMGF com estudos pós-coloniais,
raciais, étnicos e queer? Os estudos pós-coloniais e LGBTQI buscam outros
lugares e a sua própria autonomia.
Quem sai dos EMGF deixa de se identificar com a disciplina (identificada com
feminismo ocidental, branco, heterossexual, classe média).
Acentuam-se as resistências macro e micro, apesar do MeToo. O combate à
chamada “ideologia de género” varre continentes, sob pressões religiosas.
Discursos de ódio contra teorias feministas e políticas de promoção da igualdade
e não-discriminação invadem redes sociais.
A contestação estudantil aos EMGF afirma-se: testemunhos de estudantes que
se dizem “ofendidos” ou excluídos por materiais recomendados num curso;
listas divulgadas na net para intimidar docentes que expressam “visões radicais;
pressão para não atribuição de tenure a quem expresse conhecimento crítico.
Conclusão
A polarização entre campos científicos acentua-se - ciências e tecnologias
masculinizadas, de um lado, e ciências sociais e humanas, feminizadas, sem
empregabilidade e prejudicadas na distribuição dos 3 rs - recursos,
reconhecimento e representação.
A legitimidade epistemológica do conhecimento dos EMGF é desafiada tanto
pelo lado dos estudos pós-coloniais, Queer e LGBTQI, como do lado da ciência
mainstream, suposta integrar contributos dos Estudos de Género, porque
passou a incluir mais frequentemente a variável sexo (travestida de género) nas
análises empíricas. A estratégia de mainstreaming de género foi anunciada, mas
as condições da sua efetiva concretização não foram asseguradas. Faltaram
recursos e formação de docentes. Continuam sem legitimação nas disciplinas
tradicionais. Estudo recente realizado em Espanha por Pilar Ballarín Domingo,
baseado em recolha de testemunhos de docentes de universidade em Espanha
e na consulta de programas de unidades curriculares, põe em evidência a
predominância de resistências, crenças e preconceitos aos contributos do
feminismo académico nos diversos campos do conhecimento. Estes contributos
não são integrados nos conhecimentos trabalhados nas aulas de Pedagogia,
Medicina, Psicologia e História. quem os ignore, quem os conheça mas não
lhes reconheça natureza científica e, por fim, quem os integre (quase
exclusivamente professoras, enquanto nos dois primeiros é indiferente ser
mulher ou homem). Estão presentes conceções positivistas da produção de
conhecimento, feminização da produção científica no quadro dos EMGF, e a
consideração de que estas questões são de consciência, de atitudes e valores e
não de conhecimento. Como, por outro lado, consideram que a igualdade entre
mulheres e homens é algo alcançado, negam a necessidade de incluir
interpretações e explicações pertinentes para a compreensão da construção
social das desigualdades e são de opinião que que apostar na mudança de
mentalidades, a começar na educação que as pessoas recebem na
família…Este quadro de considerações é também aplicado quando se trata de
avaliar pedidos de financiamento de projetos, o que tem levado a uma ausência
de criatividade teórica e metodológica (Santos, 2014).
O teto de vidro e o labirinto em que vivem as mulheres na academia ajuda a
compreender este diagnóstico. Voltando ao mainstreaming de género, a sua
defesa apoia-se na ideia de que “o importante é que estas matérias estejam
transversalizadas no curriculum”, que “toda a gente pode opinar”, porque
“somos todos e todas iguais”, rebaixando deste modo os conhecimentos à
categoria de “opinião”, inadmissível em qualquer campo científico.
Bibliografia
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motherhood. Gender and Education, 31(1), 82-99.
Ballarín Domingo, Pilar (2013). Docencia universitaria y conocimientos en torno
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bias and precarity. Gender, Work and Organisation, 26(2), 124-139.
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Article
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In this paper, we offer a critique of neoliberal power from the perspective of the gendered, sexualised, raced and classed politics of motherhood in English universities. By using dialogical auto-ethnographic methods to examine our own past experiences as full-time employed mother–academics, we demonstrate how feminist academic praxis can not only help make the gendered workings of neoliberal power more visible, but also enable us to nurture and sustain alternative ways of being and working in, against and outside the university. Far from desiring greater inclusion into a system which enshrines repressive logics of productivity and reproduces gendered subjectivities, inequalities, silences and exclusions, we aim to refuse and transgress it by bringing feminist critiques of knowledge, labour and neoliberalism to bear on how we understand our own experiences of motherhood in the academic world.
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The present article investigates explanations for gendered trends in Physics and Engineering access, reporting findings from a large-scale study funded by the UK Economic and Social Research Council and drawing primarily on data from interviews with 132 15–16 year-old adolescents and their parents. Survey results in our study and elsewhere show strong gender disparities in anticipated pursuit of Physics after completion of compulsory education. In order to explore the constructions of gender and Physics underlying these trends, we focus on qualitative interview data, applying Foucaultian analysis of discourse to investigate gendered narratives underpinning adolescents’ and their parents’ articulations. This analysis reveals three key discourses at work on the topic of women’s access to Physics: (a) equality of opportunity, (b) continued gender discrimination in and around Physics, and (c) Physics as quintessentially masculine. We additionally identify five distinct narratives supporting the discourse of physics as masculine. These various discourses and narratives are interrogated, and their implications explored. We conclude that it is only by disrupting prevalent constructions of the Physical sciences as a masculine and “hard” domain will we increase the presence of women in the sector. Working with young people to analyse and deconstruct the discursive assumptions made in relation to gender and Physics, as well as further work to increase accessibility and broaden representation in Physics, may be fruitful ways to challenge these longstanding associations between Physics and masculinity.
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El conocimiento producido desde el marco de los Estudios de las Mujeres, Feministas y de Género, en diversos ámbitos del saber, ha sido muy notable en España en las últimas décadas. Su impacto en los espacios de investigación es indiscutible e igualmente su alcance a la agenda política. Sin embargo, los conocimientos que se transmiten y difunden en las universidades españolas, por lo general, se mantienen impermeables a las aportaciones señaladas. En este artículo se presentan resultados de una reciente investigación, en la que se ha indagado sobre las creencias y prejuicios que perviven en el profesorado y que ayudan a comprender los tipos y niveles de resistencias que se producen ante las aportaciones del feminismo académico en los diversos campos de conocimiento.
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This article is based on a keynote paper presented to the European Conference on Educational Research (ECER), University College Dublin, 5-9 September 2005. The massification of education in European countries over the last 100 years has produced cultures and societies that have benefited greatly from state investment in education. To maintain this level of social and economic development that derives from high quality education requires continual state investment. With the rise of the New Right, neo-liberal agenda, there is an attempt to offload the cost of education, and indeed other public services such as housing, transport, care services etc., on to the individual. There is an increasing attempt to privatise public services, including education, so that citizens will have to buy them at market value rather than have them provided by the state. Europe is no exception to this trend of neo-liberalisation. Recent Organisation for Economic Cooperation and Development (OECD) reports, including one on higher education in Ireland, (2004), concentrate strongly on the role of education in servicing the economy to the neglect of its social and developmental responsibilities. The view that education is simply another market commodity has become normalised in policy and public discourses. Schools run purely as businesses are a growing phenomenon within and without Europe, and there is an increasing expectation in several countries that schools will supplement their income from private sources, even though they are within the state sector. In this article, the writer presents both a critique of the neo-liberal model of marketised education and a challenge to academics to work as public intellectuals both individually and with civil society organisations to develop a counter- hegemonic discourse to neo-liberalism for higher education.
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In the era of global competition, academic institutions are increasingly being managed as efficient organizations where early career academics are the most vulnerable group in the academic hierarchy. We use gender budgeting to deconstruct the financial and managerial processes and procedures in a selected academic institution in Iceland. Drawing on multiple data collection methods, we argue that new managerialism enhances the precarious position of early career academics, especially women and those in the more feminized fields. Furthermore, we show that the system's bias in favour of so‐called hard science generates gendered consequences for early career academics. We demonstrate this structural gender bias in each of the first three stages of an academic career: PhD, postdoc and other temporary positions, and assistant professorship. By highlighting the gendered consequences of new managerialism, we want to direct attention to the need to include a gender perspective in the budgeting and all the decision‐making processes in academic institutions.
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Feminist and LGBT/queer researchers have variously demonstrated the situated character of all knowledge, presenting a systematic and well-sub-stantiated critique against positivist ambitions of neutrality. In the context of increasingly fluid boundaries, shifting identities and economic precariousness in general — and for scholars in LGBT/queer studies in particular — researchers’ multiple belongings necessarily impact on the topics and methodologies used in research (Ryan-Flood and Gill, 2010; Taylor et al., 2010). Despite the increasing concern with intersectionality and the myriad impacts stemming from feminist and LGBT/queer contributions, mainstream academic praxis exercises both subjective and direct constraints upon politicised epistemologies, thereby often influencing the course and the impact of politically engaged research. Moreover, positivist practices and analyses still endure in mainstream institutions, often influencing academic curricula and criteria for granting funding.
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Synopsis This article explores the ambivalences and aporias that arouse from the institutionalization of degree-granting programs of Gender Studies in German-speaking countries at a time in which universities are being transformed into entrepreneurial managerially governed organizations. It asks if Gender Studies is a proactive element of those transformation processes or has, as a kind of premium segment of the academic market, even profited from them. It asks if Gender Studies has amassed sufficient academic capital to determine the rules of the academic “game” in Bourdieu's sense or if it is falling victim to global processes of academic accumulation and segmentation. The paper's main argument will be that if the paradoxical precondition for dissent is participation, and if critique and regulation are tied up in a fraught but intimate connection, then the point will be to reflect critically upon those circumstances and conditions under which we produce, distribute and consume knowledge.