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ZONEAMENTO AMBIENTAL NA LAGUNA COSTEIRA LAGAMAR NO LITORAL SETENTRIONAL DO RIO GRANDE DO NORTE (BRASIL)

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Áreas Úmidas (AUs) são ecossistemas de transição entre o meio aquático e terrestre nas quais ocupam cerca de 20% do território brasileiro. Por sua vez, as lagunas são classificadas como AUs costeiras, na qual são classificadas como corpos hídricos, de diversos tamanhos nas quais são separadas do oceano naturalmente e que são conectados aos mesmos por um ou mais canais de maré. Assim sendo o zoneamento ambiental surge como uma ferramenta, na qual irá auxiliar a gerir o território de áreas que necessitam de preservação, tornando-se fundamental importância para selecionar áreas prioritárias para recuperação e/ou preservação, partindo da ideia de que as lagunas costeiras são de deveras importância devido aos serviços ecossistêmicos os quais as mesmas fornecem para a sociedade. A pesquisa foi dividida em três etapas: 1) Levantamento bibliográfico e cartográfico prévio da área.; 2) Processamento digital das imagens com composição colorida no sistema de cores RGB (Red-Green-Blue); 3) Classificação de área das diferentes classes de ocupação do solo presente na área. Baseado nos resultados obtidos nesse trabalho, o zoneamento ambiental se trata de uma forma importante de manusear e gerir o território de áreas naturais que foram antropizadas, delimitando áreas prioritárias para a intervenção ambiental por meio das políticas públicas, tendo em vista que são áreas de importância fundamental para a sociedade, onde prestam diversos serviços ecossistêmicos.Palavras-chave: Áreas Úmidas; Zoneamento Ambiental; laguna Lagamar.
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1 Graduando em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e-mail: grayalysson0@gmail.com
2 Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e-mail: dayane.geo10@gmail.com
³ Prof. Dr. da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e-mail: diogenesgeo@gmail.com
Revista da Casa da Geografia de Sobral, Sobral/CE, v. 21, n. 2, Dossiê: Estudos da Geografia Física
do Nordeste brasileiro, p. 1300-1309, Set. 2019, http://uvanet.br/rcgs. ISSN 2316-8056 © 1999,
Universidade Estadual Vale do Acaraú. Todos os direitos reservados.
ZONEAMENTO AMBIENTAL NA LAGUNA COSTEIRA LAGAMAR NO
LITORAL SETENTRIONAL DO RIO GRANDE DO NORTE (BRASIL)
Environmental zonning in the Lagamar coast lagoon in the nothern coast of Rio Grande do Norte
(Brazil)
Alysson Gray Pereira de Araujo 1
Dayane Raquel da Cruz Guedes 2
Diógenes Félix da Silva Costa ³
RESUMO
Áreas Úmidas (AUs) são ecossistemas de transição entre o meio aquático e terrestre nas quais
ocupam cerca de 20% do território brasileiro. Por sua vez, as lagunas são classificadas como AUs
costeiras, na qual são classificadas como corpos hídricos, de diversos tamanhos nas quais são
separadas do oceano naturalmente e que são conectados aos mesmos por um ou mais canais de
maré. Assim sendo o zoneamento ambiental surge como uma ferramenta, na qual irá auxiliar a gerir
o território de áreas que necessitam de preservação, tornando-se fundamental importância para
selecionar áreas prioritárias para recuperação e/ou preservação, partindo da ideia de que as lagunas
costeiras são de deveras importância devido aos serviços ecossistêmicos os quais as mesmas
fornecem para a sociedade. A pesquisa foi dividida em três etapas: 1) Levantamento bibliográfico e
cartográfico prévio da área.; 2) Processamento digital das imagens com composição colorida no
sistema de cores RGB (Red-Green-Blue); 3) Classificação de área das diferentes classes de ocupação
do solo presente na área. Baseado nos resultados obtidos nesse trabalho, o zoneamento ambiental
se trata de uma forma importante de manusear e gerir o território de áreas naturais que foram
antropizadas, delimitando áreas prioritárias para a intervenção ambiental por meio das políticas
públicas, tendo em vista que são áreas de importância fundamental para a sociedade, onde prestam
diversos serviços ecossistêmicos.
Palavras-chave: Áreas Úmidas; Zoneamento Ambiental; laguna Lagamar.
ABSTRACT
Wetlands (AUs) are transitional ecosystems between the aquatic and terrestrial environments in which
they occupy about 20% of the Brazilian territory. In turn, the lagoons are classified as coastal AUs, in
which they are classified as water bodies, of various sizes in which they are naturally separated from
the ocean and which are connected thereto by one or more tidal channels. Thus, environmental zoning
appears as a tool, in which it will help to manage the territory of areas that need preservation, making
it fundamental to select priority areas for recovery and/or preservation, based on the idea that coastal
lagoons are of great importance due to the ecosystem services they provide to society. The research
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was divided in three stages: 1) Preliminary bibliographical and cartographic survey of the area; 2)
Digital processing of images with color composition in the RGB color system (Red-Green-Blue);3)
Classification of the different ground occupation classes present in the area. Based on the results
obtained in this work, the environmental zoning is an important way of handling and managing the
territory of natural areas that were anthropized, delimiting priority areas for environmental intervention
through public policies, given that these are areas of fundamental importance to society, where they
provide various ecosystem services.
Keywords: Wetlands; Environment Zonning; lagoon Lagamar.
INTRODUÇÃO
Áreas Úmidas (AUs) são ecossistemas de transição entre o meio aquático e terrestre nas quais
ocupam cerca de 20% do território brasileiro, sendo definidas como ecossistemas na interface entre
ambientes terrestres e aquáticos, continentais ou costeiros, naturais ou artificiais, permanente ou
periodicamente inundados por águas rasas ou com solos encharcados, doces, salobras ou salgadas,
com comunidades de plantas e animais adaptadas à sua dinâmicas hídrica (JUNK et al, 2014).
Conforme aponta Junk et al. (2014), no Brasil apesar das AUs ocuparem tamanha extensão
territorial como mencionado anteriormente, elas acabam por ser vistas como áreas que não ocupam
qualquer valor econômico ecológico e social. Diante de tais pontos de vista a população acaba por
acreditar que tais ambientes deveriam ser transformados para uso agropecuário e construção civil, sendo
elas públicas ou privadas.
Por sua vez, as lagunas são classificadas como AUs costeiras que são classificadas como
corpos hídricos de diversos tamanhos. São separadas do oceano naturalmente e que estão conectados
por um ou mais canais de maré e foram originados pelos processos transgressivos e regressivos
marinhos durante o Holoceno (KJERFVE, 1994; ESTEVES, 2011; JUNK et al, 2014).
As lagunas costeiras são ecossistemas frágeis nas quais estão sujeitas a variadas ações
antrópicas, podendo ser ocasionadas pela urbanização próxima aos locais nas quais se encontram, e
estão a mercê da sua dinâmica hidrológica e de sedimentação. Neste aspecto, as lagunas são
influenciadas tanto por águas costeiras como por águas continentais, evidenciando assim a sua elevada
fragilidade (MIRANDA, 2002; ARAÚJO, 2015).
Assim sendo o zoneamento ambiental surge como uma ferramenta, na qual irá auxiliar a gerir o
território de áreas que necessitam de preservação, tornando-se fundamental importância para selecionar
áreas prioritárias para recuperação e/ou preservação (ARAGÃO et al, 2015; COSTA et al, 2014;
GUEDES et al, 2016; SILVA et al, 2015), partindo da ideia de que as lagunas costeiras apresentem
importância devido aos serviços ecossistêmicos que fornecem para a sociedade (ARAÚJO , 2015).
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Diante do exposto, viu-se a necessidade da realização de um zoneamento ambiental na laguna
Lagamar, localizada no litoral setentrional do estado do Rio Grande do Norte, no município de Porto do
Mangue (RN). Nesta perspectiva, o objetivo desse trabalho é realizar o zoneamento e a delimitação de
áreas prioritárias para a recuperação e/ou conservação ambiental da laguna Lagamar (Porto do Mangue-
RN).
MATERIAL E MÉTODO
Área de estudo
A presente pesquisa foi desenvolvida na laguna Lagamar (Figura 01), localizada ao longo do
litoral setentrional do estado do Rio Grande do Norte, que se encontra nas coordenadas 5º10’30’’S e
36º48’0’’W e se localiza entre os municípios de Porto do Mangue e Carnaubais. A laguna é pertencente
bacia hidrográfica do Rio Piranhas-Açu e é preenchida durante a maré alta, através do canal de maré
que se encontra no continente com o Rio dos Cavalos (AZEVEDO et al, 2017).
Figura 01: Mapa de localização da área de estudo.
Fonte: Elaboração dos autores
Em consideração ao clima o IBGE (2010) classifica o clima como semiárido, quente e
sazonalmente seco (com 7 a 8 meses secos), com elevadas taxas de evaporação, deixando os solos
mais suscetíveis ao processo de salinização, em que é comum a eflorescências em leitos secos de
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córregos e rios. Tais condições favorecem para tornar a laguna como um ambiente hipersalino (ARAÚJO,
2015).
No que diz respeito a sua geomorfologia, segundo DINIZ et al. (2017), a Leste temos Coberturas
Sedimentares Quaternárias com as Planícies Fluviais da Bacia do Piranhas-Açu e a Nordeste temos
planícies costeiras. Pertencentes a unidade morfoestrutural de Bacias Sedimentares Marginais temos
parte do Sudeste onde são encontrados Tabuleiros costeiros setentrionais. Na parte Sul até quase todo
o Oeste temos Tabuleiros Interiores e na parte Norte temos Tabuleiros Costeiros Setentrionais.
Conforme ARAÚJO (2015) ao longo das suas margens há a predominância de vegetação de
Savana Estépica, correspondente a Copernicia prunifera (Carnaúba), Mimosa tenuiflora (Jurema preta),
Parkinsonia aculeata (Turco), Sideroxylon obtsufolium (Quixabeira) e Prosopis juliflora (Algaroba).
Procedimentos metodológicos
A pesquisa foi dividida em três etapas: 1) Levantamento bibliográfico e cartográfico prévio da
área.; 2) Processamento digital das imagens com composição colorida no sistema de cores RGB (Red-
Green-Blue); 3) Classificação de área das diferentes classes de ocupação do solo presente na área.
A produção do material cartográfico foi manuseada através do Sistema de Informação
Geográfico (SIG), envolvendo o software Arcgis 10 (ESRI® - versão acadêmica) e o software Envi 4.7.
Para o mapeamento de uso e ocupação da terra foi utilizado imagem adquiridas no software Google
Earth PRO do ano de 2016. Utilizou-se o software ArcGIS 10.3 (ESRI ©) para o georreferenciamento da
imagem extraída do Google Earth PRO a partir da cena do CBERS 4 (Macau: sensor PAN, órbita 149,
ponto 106, data 01/06/2018, com resolução espacial de 5m), cedidas gratuitamente pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Foi plotado um buffer de 300 metros a partir da margem para o mapeamento do uso e ocupação
do solo, que foram classificadas em quatro classes e utilizou como método a classificação
supervisionada. As classes selecionadas foram: caatinga densa, caatinga aberta, corpo hídrico e solo
exposto.
Utilizou-se a metodologia aplicada por Costa et al. (2014) como base para a produção do
zoneamento e identificação de áreas prioritárias para a intervenção, no qual constituiu-se um
zoneamento a partir do mapeamento do uso e ocupação do solo, foram delimitadas 3 (três) zonas: Zona
de Uso Restrito, Zona de Risco e Zona para recuperação.
Após o zoneamento, uma identificação de áreas prioritárias para intervenção por parte da gestão
pública foi feita, onde foram criados três graus de importância para intervenção a partir do levantamento
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(uso e ocupação e zoneamento): Zona de Recuperação para Extrema; Zona de risco para Elevada; Zona
de Uso Restrito para Alta.
Tais identificações são de extrema importância, principalmente quando se trata para gerir os
solos, os quais segundo GUERRA e CUNHA (1999), são sempre sensíveis aos danos causados pelo
uso antrópico, e exercem grandes funções que afetam diretamente a vida humana, dado que possuem
função de armazenamento de lençóis aquíferos e dissolução de compostos orgânicos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através do mapeamento de uso e ocupação do solo, foi possível realizar a análise das imagens
que delimitaram a área estudada em quatro classes: Caatinga densa, caatinga aberta, corpo hídrico e
solo exposto (Figura 02 e Tabela 01). Antes da observação dos padrões de uso e ocupação do solo, foi
compreendida buffer considerando uma faixa horizontal de 300 metros a partir do nível da margem.
Figura 02: Mapa de uso e ocupação do solo da laguna Lagamar.
Fonte: Elaboração dos autores.
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Tabela 01: Classes utilizadas para o uso e ocupação do solo na laguna Lagamar.
Fonte: Elaboração dos autores
A partir do Mapa de uso e cobertura do solo (Figura 02), juntamente com a tabela de dados de
uso e ocupação do solo (Tabela 01), constatou-se que o corpo hídrico ocupa a maior parte da área
estudada com 62%, seguida por Caatinga densa com 20%, e por fim caatinga aberta e solo exposto,
ambos com 9% cada.
Diante das categorias de uso e ocupação do solo, foi desenvolvido um zoneamento por classes
de toda a área mapeada, o qual constitui uma importante ferramenta para auxiliar na gestão de toda a
margem da laguna (Figura 03 e Tabela 02).
Tabela 02: Tabela de categorias de zoneamento e suas prioridades.
Categorias do
zoneamento
Características
Classes de uso
do solo
correspondente
Prioridade
Zona de Uso
Restrito
Zonas que podem ser ocupadas para
atividade de recreação e educacionais,
onde construções apenas poderá ser
realizada mediante licenciamento
ambiental.
Caatinga densa e corpo
hídrico (Laguna)
Alta
Zona de Risco
Zonas onde a degradação ambiental e
ocupação irregular acarretaram em uma
susceptibilidade à erosão do solo devido
à retirada parcial da vegetação.
Caatinga aberta
Elevada
Zona de
Recuperação
Zonas antropicamente alteradas que
apresentam um elevado risco de erosão
em função da ausência da cobertura
vegetal.
Solo exposto
Extrema
Fonte: Costa et al, 2014. Adaptado pelos autores.
CLASSE UTILIZADA
Caatinga densa
Caatinga aberta
Solo exposto
Corpo hídrico
Área total
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Esta zoneamento foi feito com a finalidade de demarcar as áreas que necessitam intervenção
urgentemente, pois as mesmas se encontram em estado de risco ecológico (COSTA et al, 2014;
ARAGÃO et al, 2015; SILVA et al, 2015; GUEDES et al, 2016). Diante da proposta de COSTA et al,
(2014), foram utilizadas as categorias de zoneamento que foram desenvolvidas pelos autores para a
delimitação das zonas de: A) Uso restrito; B) Risco; C) Recuperação; para a gestão política e ambiental
da laguna Lagamar.
Figura 03: Zoneamento ambiental da laguna Lagamar.
Fonte: Elaboração dos autores
As zonas de uso restrito apresentam menor vulnerabilidade por ações antrópicas, e acabam por
compreender as classes de caatinga densa e de corpo hídrico. Na zona de risco foram apontadas as
áreas de Caatinga aberta onde ocorre degradação ambiental frente às ações humanas. Quanto às zonas
de recuperação, simbolizam as áreas que apresentam solo exposto, onde não possuem cobertura
vegetal para segurar sedimentos e assim são mais suscetíveis as ações do vento e concomitantemente
apresenta um alto risco de assoreamento, são áreas alteradas devido às ações antrópicas, conforme
apontam ( COSTA et al, 2014; SILVA et al, 2015).
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Conforme apontam GUERRA e CUNHA (1999), a partir do momento que o homem implanta
atividades agro-silvo-pastoris, abertura de estradas, implantação de grandes obras de infraestrutura e de
reflorestamento com espécies exóticas, ele causa impactos diretos nos ecossistemas próximos, sendo
por perda da biodiversidade nativa, aceleração do processo erosivo, perda da fertilidade do solo, etc.
Andrade (2010), afirma que um solo bem conservado apresenta propriedades que se
transformam em serviços ecossistêmicos úteis para a sociedade, como armazenagem e purificação de
água, capacidade de infiltração, produção e mobilização de nutrientes, controle de pragas, resistência a
erosão. Sendo estes severamente afetados e consequentemente as atividades econômicas presentes
no solo.
Após o zoneamento das áreas da laguna Lagamar, foi delimitado as áreas prioritárias para a
aplicação de ações que tem como objetivo a recuperação e/ou conservação do ecossistema (Figura 04),
como já citado anteriormente.
Figura 04: Zonas de prioridade para ações ambientais na laguna Lagamar.
Fonte: Elaboração dos autores.
Áreas de prioridade Alta são equivalentes as classes de Corpo hídrico e Caatinga densa, sendo
assim áreas de mais fácil conservação visto que as mesmas estão bem próximas do seu estado natural,
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com menos interferência humana em comparações com as outras áreas. Áreas de prioridade elevada
são equivalente a classe de Caatinga aberta, as quais já sofreram com as ações antrópicas, sendo desse
modo, mais frágeis aos processos naturais que acabam por afeta-las. E por último Áreas de prioridade
extrema, que são equivalentes a classe de solo exposto, assim sendo não apresentam nenhuma
proteção, o que pode acarretar problemas como erosão, sem fixação dos sedimentos e o solo não terá
nenhuma camada de proteção contra a radiação solar incidente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Baseado nos resultados obtidos nesse trabalho, o zoneamento ambiental se trata de uma forma
importante de manusear e gerir o território de áreas naturais que foram antropizadas, delimitando áreas
prioritárias para a intervenção ambiental por meio das políticas públicas, tendo em vista que são áreas
de importância fundamental para a sociedade, onde prestam diversos serviços ecossistêmicos.
Conforme visto na Tabela 01, apesar das áreas com prioridade de intervenção extrema ocupar
uma área(%) de apenas 18% da área total, tais áreas ocupam cerca de 6,9 Km², ou seja, uma área
extremamente grande, a qual está em processo de degradação ou apresenta um solo totalmente sem
cobertura vegetal, ocasionado por ações antrópicas, tornando o solo muito frágil as ações erosivas,
radiação solar, lixiviação, etc.
Em vista disto, priorizar campanhas para que as pessoas possam ter uma sensibilização
ambiental ou até mesmo intervenção direta do poder público para a preservação dessa área que ao total
ocupa 33,7 Km², onde se faz fundamental preservação contra as ações antrópicas na zona da laguna
Lagamar, principalmente voltadas para o risco de retirada da vegetação, em que umas das principais
consequências desse ato é o risco de assoreamento, erosão, perde de fertilidade, capacidade de
armazenamento de água, entre outros, devido à ausência da cobertura vegetal.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CERES/UFRN - Centro de Ensino Superior do Seridó/UFRN e ao
LABIGEO - Laboratório de Biogeografia, UFRN-Caicó, pelo apoio logístico e instrumental, assim como a
PROPESQ/UFRN pelo financiamento no âmbito do projeto “Delineamento e caracterização das áreas
úmidas hipersalinas do litoral semiárido do Brasil” (PROPESQ/UFRN PVF15733-2018).
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Estudos relativos ao planejamento têm uma série de denominações, como planejamento ambiental, estratégico, participativo ou regional. Todavia, qualquer que seja a adjetivação, o planejamento deve tomar decisões, requerendo estudos integrados nos quais selecionem e sistematizem informações sobre a área ou local onde ele será aplicado. O presente trabalho teve como objetivo realizar o zoneamento e a delimitação de áreas prioritárias para a conservação e/ou recuperação ambiental na Microbacia Hidrográfica do Rio Barra Nova (RN/PB). Foram utilizadas técnicas de geoprocessamento para a geração de mapas temáticos de uso e ocupação do solo (Caatinga densa, Caatinga rala e Solo exposto) em escala de 1: 400.000, onde a Caatinga densa representa uma área de 30, 42%, a Caatinga rala de 37, 25% o solo exposto representa 31, 28% e a drenagem hidrográfica representa uma área de 1, 05%. Após definidas essas classes, foi elaborado um mapa de zoneamento (zona de uso restrito, zona de risco e zona de recuperação), a partir do qual cada zona foi analisada e segmentada considerando-se a prioridade na realização de ações de intervenção voltadas para a conservação/recuperação ambiental.
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Os sistemas flúvio-lagunares são ambientes comuns nas planícies costeiras mundiais, ocupam aproximadamente 12% da costa Sul-americana, maior número no Brasil. Consideram-se como laguna, corpos d’água rasos, separado do oceano por uma barreira natural. Ao longo do litoral setentrional do Rio Grande do Norte, existe uma variedade de sistemas flúvio-lagunares. Portanto, este trabalho teve como objetivo realizar a caracterização do padrão morfométrico do sistema flúvio-lagunar lagamar de Porto do Mangue (RN), a partir do uso de Sistema de Informações Geográficas e de imagens de satélite Landsat TM 5, Landsat TM 8 e Resourcesat 2 LIS3. O padrão morfométrico atibuíu-se através do índice F que o caracterizou como dendrítico. Constatou-se que o sistema é abastecido na dinâmica de maré alta, através do estuário do rio dos Cavalos. Apresenta ao longo de suas margens um solo hipersalino, vegetação de Savana-Estépica e mangue, com uma área inundada de acordo com a maré.
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O mapeamento geomorfológico do estado do Rio Grande do Norte procurou seguir em grande parte a metodologia adotada por Santos et. al. (2006) para o estado do Paraná, a fim de atualizar os conhecimentos da cartografia geomorfológica regional. A escala adotada foi 1:250.000, que permitiu a utilização dos três primeiros taxons, ou seja, representação cartográfica das Unidades Morfoestruturais, Unidades Morfoesculturais e Sub-unidades Morfoesculturais. No 1º taxon foram identificadas as unidades morfoestruturais: Cinturão Orogênico Brasiliano; Bacias Sedimentares Marginais; Vulcanismo e/ou Plutonismo Cenozoico; e Coberturas Sedimentares Quaternárias. No 2º taxon foram identificadas as unidades morfoesculturais: Depressão Sertaneja; Planalto da Borborema; Maciços e Planaltos Interiores; Planaltos e Tabuleiros Costeiros; Relevos Tectônicos nas Bacias Marginais; Relevos Associados ao Vulcanismo/Plutonismo Neógeno; e Planícies Costeiras e Fluviais. No 3º taxon foram trinta e quatro subunidades morfoesculturais. Este trabalho objetiva deve servir de subsídio ao planejamento e ordenamento do território do estado do Rio Grande do Norte.
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This collection of individually authored contributions (abstracted separately) attempts to synthesise the available information on the environmental, oceanographic, engineering and management aspects of coastal lagoons. The geology and geography of these settings are first discussed, followed by papers on their physical, dynamical and chemical oceanography. A number of papers then deal with various topics relating to lagoon ecology, aquaculture and fisheries. Engineering projects are then dealt with, before the final paper discusses the future of lagoon research. Case study examples from US, Europe, Africa, Australia and Brazil are included. (S.J.Stone)
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Esta tese teve como principal objetivo contribuir para o aperfeiçoamento metodológico do processo de valoração dos serviços ecossistêmicos. A hipótese básica adotada foi de que esta deve contar com a utilização da ferramenta de modelagem econômico-ecológica como requisito básico para compreensão da dinâmica ecológica envolvida e a incorporação dos valores de outros serviços ecossistêmicos que de outra maneira não seriam captados. Os serviços ecossistêmicos são a interface básica entre o capital natural e o bem-estar humano. São os benefícios diretos e indiretos gerados a partir das complexas interações entre os componentes do capital natural. Apesar de sua importância, o funcionamento dos mercados tradicionais não os considera nas transações econômicas, pois eles são considerados “gratuitos” ou “presentes” da natureza. O fato de não serem precificados como outro bem ou serviço faz com que não haja incentivos para sua preservação, levando à sua superexploração e, muitas vezes, perda total. Enquanto ferramenta importante de gestão, é preciso se avançar em termos de propostas para o aperfeiçoamento da valoração dos serviços ecossistêmicos, de forma a contornar seu viés reducionista. É neste sentido que o presente trabalho apresenta como contribuição maior a proposta da valoração dinâmico-integrada, a qual visa integrar a valoração stricto sensu à análise mais geral das alterações nos fluxos físicos de serviços ecossistêmicos e seus efeitos sobre as variáveis econômicas. Com o auxílio de aplicações práticas da valoração dos serviços ecossistêmicos, demonstrou-se que o processo de valoração não pode dispensar o uso da modelagem enquanto instrumento de avaliação biofísica dos fluxos de serviços ecossistêmicos. Sem essa ferramenta não há como proceder-se a um exercício de valoração que realmente se aproxime do real valor dos serviços ecossistêmicos. This dissertation had as main goal to contribute to the methodological improvement of the ecosystem services valuation process. The basic hypothesis adopted was that it should consider using the ecological-economic modeling as a basic tool required to better understanding the ecological dynamics involved and incorporating the other values of ecosystem services that otherwise would not be captured. Ecosystem services are the basic interface between natural capital and human well-being. They are the direct and indirect benefits generated from the complex interactions among natural capital components. Despite its importance, the functioning of traditional markets does not consider them in economic transactions, because they are considered "free" or "gifts" from nature. As they are not priced like other good or services, there are no incentives for its preservation, leading to over-exploitation and often to its total loss. As an important management tool, it is vital to go beyond with proposals for improving the ecosystem services valuation, in order to overcome its reductionist bias. In this sense the most important contribution of this dissertation is the proposal of a dynamic-integrated valuation approach, which is aimed at integrating the stricto sensu valuation to the more general analysis of changes in ecosystem services flows and its effects on economic variables. Through practical applications of ecosystem services valuation, it was shown that this process cannot do without the use of modeling as a tool for assessing biophysical flows of ecosystem services. Without this tool there is no way to conduct a valuation exercise that really comes close to the real value of ecosystem services.
Dossiê: Estudos da Geografia Física do Nordeste brasileiro
Revista da Casa da Geografia de Sobral, Sobral/CE, v. 21, n. 2, Dossiê: Estudos da Geografia Física do Nordeste brasileiro, p. 1300-1309, Set. 2019, http://uvanet.br/rcgs. ISSN 2316-8056 © 1999, Universidade Estadual Vale do Acaraú. Todos os direitos reservados.
Avaliação e perícia ambiental
  • A J Guerra
  • S B Cunha
GUERRA, A. J. T; CUNHA, S. B. Avaliação e perícia ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
Atlas Nacional do Brasil Milton Santos. Rio de Janeiro: IBGE
  • Ibge -Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística
IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Atlas Nacional do Brasil Milton Santos. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. 307 p.