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Atividade reflexiva em cursos autodirigidos: análise da efetividade da proposta
pedagógica por meio do corpus produzido sem tutoria
Laura Gris Mota – UNA-SUS/Fiocruz Brasília
Thomas Louis Yvon Petit – UNA-SUS/Fiocruz Brasília
Luciana Dantas Soares Alves – UNA-SUS/Fiocruz Brasília
Daniela Fontinele Botelho – UNA-SUS/Fiocruz Brasília
Alex Crispim da Cruz – UNA-SUS/Fiocruz Brasília
Leandro da Rocha Brandão – UNA-SUS/Fiocruz Brasília
João Paulo Valadares Vilaça – UNA-SUS/Fiocruz Brasília
Palavras-chave - educação a distância, tecnologia educacional, design educacional
A inversão demográfica traz consigo desafios a serem considerados pelos siste-
mas de saúde, entre eles a formação dos profissionais de atenção primária para promo-
ção e prevenção à saúde da pessoa idosa. Diante desse desafio, a Coordenação de Sa-
úde da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde (Cosapi) desenvolveu, em parceria com a
Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), o Programa de Formação Modular em Atenção
à Saúde da Pessoa Idosa (PFM-SPI). O Programa é organizado em 12 cursos livres, on-
line, autodirigidos (sem tutoria), divididos em quatro séries de conhecimento, com carga
horária entre 8 e 30 horas. Até julho de 2019, estavam em oferta seis cursos.
Durante o processo de concepção e produção dos cursos - e tendo em vista a o
objetivo educacional de qualificação da atenção primária a pessoa idosa, a partir da mu-
dança de conceitos sociais pré-concebidos - percebeu-se a necessidade de, conforme in-
dica Mattar (2014), revisar o modelo baseado na instrução e explorar ferramentas mais
flexíveis que contribuam para o processo pedagógico.
Nesse sentido, foi realizado o processo de reavaliação didático-pedagógica global
dos cursos em oferta em 2018, sob o ponto de vista do design educacional para propor
uma nova abordagem que extrapolasse a interação aluno-conteúdo e aluno-ambiente e
integrasse ao curso a interação aluno-self (consigo mesmo) (PETIT e colab., 2018).
A inovação proposta foi baseada nas possibilidades técnicas disponíveis para o
ambiente web e na premissa de que a participação ativa do aluno, ao gerar seu próprio
conteúdo, estimula o “aprender fazendo” (BARTON; LEE, 2015) e promove aprendizado,
ao se envolver com atividades que o levem "a indagar, formular perguntas e a refletir”
(ZACHARIAS, 2016). A interação aluno-self foi implementada no curso Abordagem Fami-
liar e manejo das fragilidades e da rede de apoio e consiste em atividades de autorrefle-
xão escrita e obrigatória. É proposto ao aluno produzir um texto com 50 a 300 caracteres,
no início de cada um dos cinco temas do curso. Essa atividade não passa por avaliação
nem de especialistas nem dos pares.
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O curso foi ofertado em julho de 2019. No primeiro mês, foram 458 matriculados.
Médicos, Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem e Agentes Comunitários de
Saúde, juntos, representaram 31,6% dos matriculados. Os estudantes foram 35,4%. Mais
de 40% dos alunos tem entre 20 e 30 anos. Os estados de São Paulo, Pernambuco e Rio
Grande do Sul concentram 35,2% dos matriculados.
Dos matriculados, 311 alunos realizaram alguma atividade autorreflexiva, produ-
zindo 1278 interações com, em média, 157 caracteres. O dispositivo móvel foi usado em
13,7% das escritas.
Após a análise do corpus, as interações foram classificadas em relevantes e sem
relevância. Foram considerados relevantes aquelas que tratavam dos assuntos e concei-
tos do curso. Interações com caracteres aleatórios ou frases desconexas, inacabadas ou
sem ligação com o conteúdo foram consideradas sem relevância. Do corpus, 91,2% das
interações foram relevantes.
Apesar dos limites apresentados nesta avaliação parcial - o tempo de oferta e a
análise de conteúdo do corpus - a quantidade de dados obtidos foi considerada suficiente
para pré-validar o propósito pedagógico e de interação da atividade autorreflexiva. Os da-
dos mostram que, mesmo sem tutoria ou feedback avaliativo, os alunos realizaram a ativi-
dade autorreflexiva de forma coerente com os propósitos pedagógicos. As interações em
dispositivo móvel e a relevância de 100% seus conteúdos validam o design de interação
digital para multiplataforma, reforçando a tendência de produção de cursos baseados na
experiência dos usuários em dispositivos móveis.
Até a conclusão da oferta, será feita uma análise qualitativa do corpus para ava-
liar se a autonomia oferecida para agir, interagir e produzir conteúdo terá resultados
educacionais positivos que justifiquem o aprimoramento dessa ferramenta educacional.
REFERÊNCIAS
BARTON, David; LEE, Carmen. Linguagem online: textos e práticas digitais. São Paulo: Pará-
bola Editorial, 2015.
PETIT, Thomas Louis Yvon e colab. Redesign do curso “Atenção integral à saúde da pessoa
idosa I” na Universidade Aberta do SUS/Fiocruz: do autoinstrucional ao autoeducacional. In: 24o
CIAED CONGRESSO INTERNACIONAL ABED DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, 7 Out 2018,
[S.l.]: Associação Brasileira de Educação a Distância, 7 Out 2018. Disponível em:
<http://www.abed.org.br/congresso2018/anais/trabalhos/7127.pdf>. Acesso em: 10 mai 2019.
ZACHARIAS, Valeria Ribeiro de Castro. Letramento digital: desafios e possibilidades para o en-
sino. Tecnologias para Aprender. 1 ed. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2016. p. 15–29.