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http://dx.doi.org/10.11606/s1518-8787.2019053001067
Artigo Original Rev Saude Publica. 2019;53:82
Qualidade do sono, saúde e bem-estar em
estudo de base populacional
Marilisa Berti de Azevedo BarrosI, Margareth Guimarães LimaI, Maria Filomena CeolimII ,
Edilson ZancanellaIII , Tânia Aparecida Marchiori de Oliveira CardosoIV
I Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. Departamento de Saúde de Coletiva.
Campinas, São Paulo, Brasil
II Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Enfermagem. Campinas, São Paulo, Brasil
III Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. Departamento de Oftalmologia/
otorrinolaringologia. Campinas, São Paulo, Brasil
IV Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. Departamento de Neurologia. Campinas,
São Paulo, Brasil
RESUMO
OBJETIVO: Estimar a preva lência de sono autoavaliado como ruim e identicar os subgrupos
da população mais susceptíveis ao problema.
MÉTODOS: Trata-se de estudo transversal, de base populacional, desenvolvido com dados
de Inquérito de Saúde conduzido no município de Campinas (ISACamp 2014/2015). Foram
analisados dados de amostra representativa de 1.998 indivíduos com 20 anos ou mais de idade.
A qualidade autoavaliada do sono foi analisada segundo características sóciodemográcas,
morbidades, comportamentos de saúde e sentimentos de bem-estar. Analisou-se também a
associação da qualidade do sono com diferentes queixas e características do sono. Foram
estimadas razões de prevalências e desenvolvido modelo de regressão múltipla de Poisson,
considerando-se nas análises os pesos amostrais.
RESULTADOS: A prevalência de sono autoavaliado como ruim foi 29,1% e mostrou-se
signicativamente mais elevada nas mulheres, em indivíduos de 40 a 50 anos de idade, migrantes,
sem ocupação, sicamente inativos em contexto de lazer, com transtorno mental comum
(RP = 1,59), com maior número de problemas de saúde (RP = 2,33), com saúde autoavaliada
como ruim (RP = 1,61) e que manifestavam insatisfação com a vida . Sono ruim esteve fortemente
associado com relatos de diculdade de iniciar o sono (RP = 4,17), de manter o sono (RP = 4,40)
e com nunca ou quase nunca se sentir bem-disposto ao acordar (RP = 4,52).
CONCLUSÕES: Os resultados identicam os segmentos da população com má qualidade
do sono que merecem maior atenção e destacam a necessidade de avaliar, além da presença
de comorbidades, a saúde mental e a presença de sentimentos de bem-estar no processo de
cuidado dos pacientes com problemas de sono e no planejamento de intervenções voltadas à
promoção de sono saudável.
DESCRITORES: Sono. Comorbidade. Fatores de Risco. Fatores Socioeconômicos. Saúde Mental.
Inquéritos Epidemiológicos.
Correspondência:
Margareth Guimarães Lima
Rua Tessália Vieira de Camargo, 126
Cidade Universitária Zeferino Vaz
13083-887 Campinas, SP, Brasil
E-mail: margarethglima@gmail.com
Recebido: 12 jul 2018
Aprovado: 9 dez 2018
Como citar: Barros MBA, Lima
MG, Ceolim MF, Zancanella E,
Cardoso TAMO. Qualidade do
sono, saúde e bem-estar em estudo
de base populacional. Rev Saude
Publica. 2019;53:82.
Copyright: Este é um artigo de
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desde que o autor e a fonte
originais sejam creditados.
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Qualidade do sono, saúde e bem-estar Barros MBA et al.
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INTRODUÇÃO
A qualidade do sono constitui uma das cinco dimensões consideradas relevantes para a
avaliação do sono saudável, entendido como um padrão multidimensional de sono-vigília
adaptado às demandas individuais, sociais e ambientais e que proporciona bem-estar físico
e mental1. Sendo uma necessidade humana básica, o sono é um dos temas emergentes mais
relevantes, pois há evidências robustas de que a sua privação e os seus distúrbios afetam
processos metabólicos e inamatórios, com amplos impactos negativos na saúde2.
Especicamente quanto à qualidade do sono, as pesquisas detectaram que a pior qualidade
se associa a taxas mais elevadas de mortalidade e a prevalências maiores de síndrome
metabólica, diabetes, hipertensão, doença coronariana e depressão3–6.
Distúrbios do sono, que implicam em baixa qualidade do sono, são também causa frequente
de acidentes de trânsito e de trabalho7 resultantes da sonolência diurna excessiva que
os acompanha. A baixa qualidade do sono acarreta prejuízos nas atividades diárias do
indivíduo, afetando o rendimento no trabalho e a qualidade de vida em geral, o que provoca
forte impacto social e econômico2.
A avaliação da qualidade do sono vem sendo feita por diferentes instrumentos e em
especial pelo Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI)8. Um dos itens desse instrumento
questiona, especicamente, sobre a avaliação subjetiva da qualidade do sono e alguns
autores têm utilizado uma única pergunta para efetuar essa avaliação9–1 2. De maneira
análoga, no campo da avaliação da saúde, informação obtida por uma única pergunta
sobre a avaliação subjetiva da própria saúde mostrou-se altamente correlacionada com
mortalidade, doenças e outros desfechos, passando a constituir um dos indicadores de
saúde mais utilizados na atualidade13, 14.
Pelo forte impacto da qualidade do sono no nível de saúde das populações, torna-se essencial
o monitoramento de seus padrões e tendências de forma a identicar os segmentos sociais
e demográcos mais vulneráveis, sinalizando as estratégias mais adequadas de controle
e tratamento de distúrbios e de iniciativas de promoção de sono saudável. Entretanto, das
seis pesquisas brasileiras de base populacional que investigaram características do sono
em adultos15–17, apenas um artigo foi publicado focando especicamente a qualidade do
sono de adultos e os fatores associados17, em que foram avaliados apenas indivíduos de
40 anos ou mais.
Nessa perspectiva, considerando-se a carência de estudos sobre qualidade do sono, o
constatado crescimento dos problemas e distúrbios do sono18, seu impacto na saúde e na
qualidade de vida e a crescente relevância do tema no campo da saúde pública, o objetivo
deste estudo foi analisar o perl epidemiológico do sono autoavaliado como ruim segundo
amplo conjunto de características, incluindo sociais e demográcas, estado de saúde,
morbidades, comportamentos de saúde e indicadores de bem-estar. A pesquisa tem por
objetivo, também, analisar a associação da autopercepção da qualidade do sono com o
relato de queixas e características do sono em adultos.
MÉTODOS
Este estudo transversal de base populacional foi desenvolvido com dados do Inquérito de
Saúde do Município de Campinas (ISACamp 2014/15). Esse inquérito foi conduzido em
amostra representativa da população residente em domicílios particulares e permanentes
da área urbana do município de Campinas, SP, Brasil. O inquérito objetivou analisar as
condições de saúde e uso de serviços de saúde de pessoas com 10 anos ou mais e deniu
três domínios etários – adolescentes, adultos e idosos – para os quais foram sorteadas
amostras independentes.
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Foi denido um tamanho amostral mínimo de 1.000 pessoas para adolescentes e idosos e
de 1.400 para adultos. Esses tamanhos amostrais permitem estimar uma proporção de 0,50
(máxima variabilidade amostral), com erro de amostragem de até 5 pontos percentuais,
com nível de conança de 95% e considerando um efeito de delineamento de 2. O inquérito
foi realizado com amostra por conglomerados, estraticada, e tomada em dois estágios. No
primeiro estágio, foram sorteados 70 setores censitários, para os quais foi feita a listagem
atualizada dos domicílios. Para obter o tamanho mínimo de indivíduos em cada domínio
de idade e tendo por base o número médio de moradores de cada domínio por domicilio,
foram sorteados 3.119 domicílios para entrevistar adolescentes, 1.029 para adultos e 3.157
para idosos, considerando taxas de não resposta de 27%, 22% e 20% para os respectivos
domínios de idade. Foram entrevistados todos os indivíduos do domínio para o qual a
residência havia sido sorteada. Neste estudo, foram analisados apenas os dados de indivíduos
com 20 anos ou mais de idade.
O questionário do ISACamp 2014/15 abarca ampla temática de saúde e, neste estudo,
foram analisadas informações dos blocos de sono, estilo de vida, morbidades, estado
de saúde, saúde emocional, comportamentos de saúde e condições demográficas e
socioeconômicas.
As entrevistas domiciliares foram feitas por entrevistadores treinados, que utilizaram
software especialmente desenvolvido para esta pesquisa e aplicado por meio de tablet
Samsung Galaxy, model GT-P5200.
A variável dependente do estudo foi autoavaliação do sono, construída a partir da questão
“Como o (a) Sr.(a) avalia a qualidade do seu sono? O(a) Sr.(a) diria que é: excelente/muito
bom; bom; regular; ruim; muito ruim?”. Foram agrupadas as alternativas excelente/muito
bom e bom, formando a categoria de sono bom; as respostas regular, ruim e muito ruim
compuseram a categoria de sono autoavaliado como ruim.
As variáveis independentes analisadas foram:
• Demográficas e socioeconômicas: sexo, idade, situação conjugal, naturalidade,
escolaridade em anos de estudo, renda familiar per capita, condição de trabalho e
número de moradores.
• Variáveis de comportamentos de saúde: frequência semanal e consumo de risco de
bebida alcoólica, avaliado por meio do AUDIT e considerando o ponto de corte de 8 ou
mais como positivo19; tabagismo: fumante, ex-fumante, nunca fumou; e atividade física
(AF) em contexto de lazer, obtida com a aplicação do International Physical Activity
Questionnaire (IPAQ) e usada como base para classicação dos indivíduos em: ativos,
quando referiam praticar 150 minutos de AF moderada ou 75 minutos de vigorosa;
insucientemente ativos, quando não atingiam o patamar denido para o ativo; e inativo,
quando não praticava AF.
• Morbidade e estado de saúde: número de doenças crônicas entre as referidas como
diagnosticadas por prossional de saúde e incluídas em checklist (hipertensão, diabetes,
angina/infarto, câncer, asma, rinite, sinusite, artrite/reumatismo, osteoporose, tendinite,
doença de coluna); número de problemas de saúde entre os incluídos em checklist
(dor de cabeça, dor nas costas, alergia, problema emocional, tontura e infecção do
trato urinário); transtorno mental comum (TMC), avaliado por meio do Self-Reporting
Questionnaire (SRQ-20), sendo 8 pontos ou mais considerado TMC presente20. Também
foram analisadas a autoavaliação do estado de saúde e a duração do sentimento de
felicidade nos últimos 15 dias, utilizando perguntas especícas do e Medical Outcomes
Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36)21, e a satisfação com a vida, pela questão:
“De um modo geral, quanto o Sr. está satisfeito com sua vida?”.
Também foram analisadas as associações da autoavaliação da qualidade do sono com
variáveis relativas a queixas e problemas de sono: diculdade para iniciar o sono, diculdade
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de manutenção do sono, despertar muito cedo, ronco, cochilo durante o dia (intencional ou
não), frequência de diculdade de car acordado de dia no último mês, frequência de boa
disposição ao acordar no último mês e uso de remédios para dormir.
Foram estimadas as prevalências de sono autoavaliado como ruim segundo as variáveis
independentes, e testadas as diferenças por meio do teste qui-quadrado, considerando
signicativas aquelas com valor de p < 0,05. Também foram estimadas as razões de prevalências
ajustadas por sexo e faixa etária e os respectivos intervalos de conança de 95%, por meio
de regressão múltipla de Poisson. Modelo hierárquico de regressão múltipla de Poisson foi
desenvolvido, no qual entraram as variáveis demográcas e socioeconômicas na primeira
etapa, os comportamentos de saúde na segunda e os indicadores de doenças, de problemas
de saúde e de bem-estar na terceira. As variáveis signicativas em uma etapa permaneciam
no modelo nas etapas seguintes. Todas as análises foram realizadas utilizando o software
Tabela 1. Prevalência e razões de prevalências de sono autoavaliado como ruim segundo características
e queixas de sono. Campinas, SP, Brasil, 2014–2015.
Características e queixas relativas ao sono n Prevalência p
RP ajustada
por sexo e
idade
IC95%
(%)
Diculdade de início do sono < 0,001
Não 1.417 15,6 1
Sim 580 67,5 4,17 3,26–5,35
Diculdade de manutenção do sono < 0,001
Não 1.416 15,4 1
Sim 582 69,9 4,40 3,57–5,41
Despertar precoce < 0,001
Não 1.516 19,7 1
Sim 467 65,3 3,15 2,64–3,76
Ronca 0,05
Não 1.002 26,5 1
Sim 905 31,7 1,21 1,00–1,46
Duração do sono (em horas) < 0,001
≤ 5 86 51,8 2,11 1,59–2,80
6 170 41,1 1,70 1,32–2,18
7–8 953 26,1 1
≥ 9 778 26,7 0,97 0,8–1,17
Cochila durante o dia < 0,001
Não 1.692 26,2 1
Sim, intencionalmente 105 31,9 1,16 0,99–1,37
Sim, sem intenção 192 1,74 1,26–2,41
Diculdade de car acordado durante o dia
no último mês < 0,001
Nunca 1.587 1
Menos que 2x por semana 210 2,10 1,72–2,56
3x ou mais por semana 192 53,7 2,34 1,88–2,91
Uso de remédios para dormir
Não 1.790 25,9 < 0,001 1
Sim 208 67,3 2,30 1,91–2,77
Boa disposição ao acordar no último mês < 0,001
Sempre 1.097 14,7 1
Quase sempre 249 34,6 2,41 1,86–3,11
Nunca ou quase nunca 194 64,1 4,52 3,57–5,71
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estatístico STATA 14.0 e levando em conta os pesos do delineamento, da taxa de resposta
e da pós-estraticação.
O projeto do inquérito ISACamp2014/15 foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Parecer 409.714
de 30/09/2013 - CAAE 20547513.2.0000.5404).
RESULTADOS
Dos domicílios sorteados para entrevistas com adultos e idosos, houve perda de 9,2%,
sendo 5,5% por recusa e 3,7% por não encontrar o morador após mais de 3 visitas. Dos
indivíduos identicados para serem entrevistados, o percentual de recusa foi 21,2% e de
outras perdas, 1,9%. Assim, foram analisados dados de 1.998 indivíduos com 20 anos ou
Tabela 2. Prevalência e razões de prevalências de sono ruim segundo características demográcas e
socioeconômicas. Campinas, SP, Brasil, 2014–2015.
Variáveis demográcas e socioeconômicas n Prevalência p
RP ajustada
por sexo e
idade
IC95%
%
Sexo < 0,001
Masculino 850 24,2 1
Feminino 1.148 33,5 1,36 1,14–1,63
Faixa Etária 0,001
20–39 549 23,1 1
40–59 464 34,1 1,46 1,12–1,90
≥ 60 985 34,8 1,50 1,20–1,87
Situação conjugal 0,12
Casado/vive junto 1.130 29,3 1
Separado/divorciado 180 39,8 1,23 0,89–1,68
Viúvo 345 31,1 0,82 0,67–1,00
Solteiro 342 24,2 0,96 0,65–1,41
Naturalidade < 0,001
Campinas 663 23,3 1
Outro município de SP 665 33,7 1,30 1,07–1,57
Outro estado ou outro país 670 32,2 1,28 1,02–1,59
Escolaridade (em anos) 0,07
0–3 397 34,6 1
4–8 732 32,7 1,00 0,79–1,27
9–11 517 27,7 0,94 0,71–1,25
≥ 12 352 24,9 0,86 0,63–1,61
Renda familiar per capita (em salários
mínimos) 0,59
< 1 671 30,0 1
1–3 1.046 30,2 1,04 0,87–1,25
> 3 272 26,4 0,91 0,68–1,22
Trabalho 0,001
Trabalha 941 25,6 1
Não trabalha 1.056 35,4 1,26 1,03–1,54
Número de lhos < 0,001
0–1 775 24,6 1
2–3 824 32,4 1,15 0,93–1,43
≥ 4 384 39,1 1,33 1,02–1,74
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Tabela 4. Prevalência e razões de prevalências (RP) de sono ruim segundo morbidades, estado de saúde
e bem-estar. Campinas, SP, Brasil, 2014–2015.
Variáveis de estado de saúde e bem-estar n Prevalência p
RP ajustada
por sexo e
idade
IC95%
%
Número de doenças crônicas < 0,001
0 470 19,0 1
1 398 29,1 1,43 1,08–1,91
2–4 758 32,7 1,56 1,19–2,04
≥ 5 273 43,6 1,94 1,35–2,78
Número de problemas de saúde < 0,001
0 536 15,1 1
1 586 26,5 1,75 1,30–2,35
2–4 756 35,7 2,24 1,70–2,96
≥ 5 106 68,6 4,19 3,07–5,7
Transtorno Mental Comum (SRQ-20) < 0,001
Não 1.683 23,5 1
Sim 259 67,1 2,70 2,38–3,08
Autoavaliação da saúde < 0,001
Muito boa/Boa 1.451 22,0 1
Regular/Ruim/Muito ruim 540 55,9 2,40 2,03–2,83
Satisfação com a vida < 0,001
Muito satisfeito 1.314 22,5 1
Mais ou menos satisfeito 604 39,5 1,73 1,48–2,03
Nada satisfeito 59 84,6 3,60 3,06–4,26
Sentimento de felicidade nos últimos 15 dias < 0,001
Sempre ou a maior parte do tempo 1.451 23,1 1
Alguma parte do tempo 316 43,4 1,74 1,44–2,11
Pequena parte do tempo ou nunca 211 59,4 2,42 2,03–3,91
Tabela 3. Prevalência e razões de prevalências de sono ruim segundo comportamentos de saúde.
Campinas, SP, Brasil, 2014–2015.
Comportamentos de saúde n Prevalência p
RP ajustada
por sexo e
idade
IC95%
%
Atividade física no lazer 0,02
Ativo 503 23,8 1
Insucientemente ativo 248 26,7 1,03 0,75–1,42
Inativo 1.247 32,1 1,27 1,02–1,58
Frequência semanal de ingestão de bebida
alcoólica 0,57
Não ingere 1.392 29,5 1
Ingere 1 vez por semana menos 501 29,2 1,08 0,86–1,34
Ingere 2 vezes ou mais semana 105 23,8 0,95 0,65–1,36
Consumo de risco de bebida alcoólica 0,48
Não 1.842 29,4 1
Sim 156 26,4 1,10 0,81–1,49
Tabagismo 0,48
Não fumante 1.386 28,2 1
Fumante 263 30,9 1,11 0,87–1,41
Ex-fumante 349 32,0 1,12 0,88–1,42
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mais. A população estudada apresentou idade média de 43,7 anos (IC95% 42,3–45,2) e foi
composta por 52,7% (49,7-55,7%) de mulheres; 9,6% estudaram menos de 4 anos e 27,6%
estudaram 12 anos ou mais.
Autoavaliação do sono como ruim foi reportada por 29,1% (IC95%:26,5-31,7) dos adultos
residentes em Campinas. Sua prevalência foi de 24,2% (IC95%:20,4-28,1) nos homens e
33,5%(IC95%:30,3-36,7) nas mulheres.
As queixas e problemas do sono que apresentaram as associações mais fortes com a
autoclassicação do sono como ruim foram: ter diculdade de iniciar o sono (RP = 4,17)
e de manter o sono (RP = 4,40), despertar muito cedo (RP = 3,15) e nunca ou quase nunca
acordar bem-disposto no último mês (RP = 4,52) (Tabela 1).
Prevalências mais elevadas de sono ruim, já ajustadas por idade e sexo, foram observadas
nas mulheres (RP = 1,36), nos indivíduos com 40 anos ou mais, naqueles não nascidos em
Campinas, nos que não estavam trabalhando e no segmento com maior número de lhos
Tabela 5. Modelo hierárquico de regressão de Poisson da prevalência de sono autoavaliado como ruim.
Variáveis 1º estágio 2º estágio 3º estágio
RP IC95% RP IC95% RP IC95%
Sexo
Masculino 1 1 1
Feminino 1,32 1,10–1,57 1,30 1,10–1,55 1,07 0,89–1,30
Faixa Etária
2039 1 1 1
4059 1,37 1,06–1,75 1,35 1,05–1,72 1,31 1,01–1,71
≥ 60 1,20 0,98–1,49 1,19 0,97–1,46 1,15 0,92–1,45
Naturalidade
Campinas 1 1 1
Outro município de SP 1,30 1,07–1,57 1,30 1,07–1,57 1,29 1,06–1,55
Outro estado ou outro país 1,27 1,02–1,59 1,26 1,01–1,58 1,23 0,98–1,53
Trabalho
Trabalha 1 1 1
Não trabalha 1,22 1,02–1,46 1,27 1,03–1,55 1,08 0,91–1,28
Atividade física no lazer
Ativo 1 1
Insucientemente ativo 1,15 0,86–1,54 0,96 0,69–1,35
Inativo 1,28 1,02–1,60 1,01 0,83–1,25
Número de problemas de saúde
Nenhum 1
Um 1,44 1,09–1,91
Dois a quatro 1,64 1,23–2,18
Cinco ou mais 2,33 1,66–3,29
Autoavaliação da saúde
Muito boa/Boa 1
Regular/Ruim/Muito ruim 1,61 1,32–1,97
TMC
Ausente 1
Presente 1,59 1,34–1,89
Satisfação com a vida
Muito satisfeito 1
Mais ou menos satisfeito 1,30 1,09–1,56
Nada satisfeito 1,67 1,31–2,14
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(RP = 1,33) (Tabela 2). Em relação aos comportamentos de saúde estudados, associação
signicativa só foi detectada com AF de lazer. Indivíduos ativos apresentam qualidade do
sono melhor que os inativos (Tabela 3).
A prevalência de sono ruim mostrou-se crescente com o aumento do número de doenças
crônicas (RP = 1,94 para cinco ou mais doenças), o aumento do número de problemas de
saúde relatados (RP = 4,19 para cinco ou mais problemas), a menor satisfação com a vida e
a menor permanência do sentimento de felicidade. Sono ruim foi signicativamente mais
presente nos indivíduos com TMC (RP = 2,70) e com saúde autoavaliada como regular ou
ruim (RP = 2,40) (Tabela 4).
O modelo de regressão nal conrma a associação da qualidade do sono com sexo, faixa
etária, naturalidade, trabalho (primeiro estágio), AF no lazer (segundo estágio), número
de problemas de saúde, TMC, autoavaliação da saúde e satisfação com a vida (terceiro
estágio) (Tabela 5).
DISCUSSÃO
Os resultados mostram que o sono autoavaliado como ruim atinge 29,1% da população de
Campinas com 20 anos ou mais de idade e que as queixas e problemas de sono que mais
inuenciam o indivíduo a classicar o próprio sono como ruim são: diculdade de iniciar o
sono, acordar no meio da noite e nunca ou quase nunca se sentir bem-disposto ao acordar.
O estudo constatou que sono autoclassicado como ruim é signicativamente mais prevalente
nas mulheres, nas pessoas com 40 anos ou mais, nos migrantes, nos indivíduos que não
estavam trabalhando, naqueles que não são sicamente ativos em contexto de lazer, nos
que apresentam TMC e nos que avaliam a própria saúde como ruim. Vericou-se, também,
que a prevalência de sono ruim cresce com o aumento do número de problemas de saúde
e com o nível de insatisfação com a vida.
Em pesquisa nacional realizada com 47.477 trabalhadores brasileiros, que utilizou
também uma única pergunta para avaliar a qualidade do sono (“Com que frequência
você avalia que dorme bem?”), foi detectada uma prevalência de 21% de indivíduos
com sono ruim12 . Mas essa população de trabalhadores é mais jovem que a analisada
no presente estudo. Pesquisa desenvolvida com mulheres adultas nos Estados Unidos
identificou que 27% apresentavam má qualidade do sono11. Inquérito desenvolvido em
10 países, incluindo o Brasil, mostrou prevalências de indivíduos que relatavam que
não dormiam bem entre 10,4% na Áustria e 32,2% na Bélgica; a prevalência no Brasil
foi de 19,2%9. Prevalência superior à verificada em Campinas foi constatada em estudo
realizado em população de adultos japoneses, que utilizou como instrumento de
avaliação da qualidade do sono o PSQI e verificou que 36,4% das mulheres e 30,1% dos
homens atingiam o ponto de corte de sono ruim22 . Os resultados diferem muito entre
as pesquisas dependendo da população estudada, do instrumento utilizado e do meio
de obtenção das informações. Variações na faixa de 7 a 45% têm sido constatadas em
estudos realizados em diferentes países12.
Em relação a gênero, assim como na presente pesquisa, os estudos constatam, em geral,
maior prevalência de maus dormidores entre as mulheres12,22. As mulheres usualmente
relatam mais problemas de saúde que os homens, utilizam mais os serviços de saúde, exercem
com maior frequência o papel de cuidadora dos doentes da família, são mais atentas aos
sinais e sintomas das doenças e assumem com menor constrangimento o papel de doente
e o relato de sintomas das doenças. As mulheres podem ser mais susceptíveis a problemas
de sono devido a alterações hormonais, o que se evidencia com as mudanças de padrão de
sono na gravidez, na menopausa e nos ciclos menstruais. Também apresentam sintomas
depressivos com maior frequência que os homens, além de papeis e responsabilidades que
socialmente lhe são atribuídos e que inuenciam no padrão do sono11.
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O presente estudo apontou maior prevalência de qualidade de sono ruim nos indivíduos
com 40 anos ou mais, sem evidenciar crescimento da prevalência após os 60 anos (Tabela 2).
A perda de signicância da diferença entre o segmento de 60 anos ou mais e o mais jovem,
na primeira etapa do modelo de regressão (Tabela 5), decorre da associação entre as
variáveis idade e trabalho. Appleton et al.23 analisaram vários distúrbios do sono em
adultos australianos e também não vericaram aumento de prevalência dos distúrbios
pesquisados no segmento de 65 anos ou mais. Pesquisa de Madrid-Valero et al.24 mostrou
piora do sono com o avanço da idade, afetando a latência e eciência do sono e aumentando
a prevalência de distúrbios do sono, mas não encontrou diferenças signicativas quanto à
percepção da qualidade do sono.
A ocorrência de maior prevalência nos indivíduos não naturais do município de Campinas
poderia decorrer de maior exposição a estresse, seja por condições de vida e de trabalho,
seja por problemas familiares que processos de migração poderiam acarretar. Considera-se
que são necessários estudos que busquem elucidar uma possível associação entre migração
e padrões de sono.
Mesmo após ajuste para idade e sexo, adultos e idosos que não estão trabalhando apresentam
maior prevalência de sono ruim. Analisando a prevalência de insônia em adultos na Finlândia,
Talala et al.25 encontraram maior prevalência nos indivíduos que não estavam exercendo
alguma ocupação. Além de a insegurança econômica gerada na ausência de trabalho poder
repercutir sobre a qualidade do sono, a condição de trabalho em si, ao imprimir um ritmo
de atividades durante o dia, pode redundar em uma maior regularidade do sono noturno.
Vericando que a introdução de cada uma das variáveis da terceira etapa do modelo de
regressão (autoavaliação da saúde, TMC e satisfação com a vida) faz desaparecer a associação
da condição de trabalho com a qualidade do sono e dado o corte transversal do estudo,
é preciso considerar a possível bidirecionalidade das associações. Por um lado, pessoas
que não trabalham podem dormir mal devido à pior saúde emocional e insatisfação com
a vida, decorrentes da inatividade no trabalho e, por outro, pessoas em pior situação de
saúde física e emocional (que tendem a apresentar pior qualidade do sono) teriam menor
condição de se manter no trabalho.
Indivíduos inativos em contexto de lazer apresentaram maior prevalência de sono ruim,
como também tem sido detectado em outros estudos12, e a associação da inatividade física
com sentimentos depressivos, que são fortemente associados à baixa qualidade do sono,
tem sido consistente na literatura e seria, em parte, responsável pela associação entre AF
e sono26. Porém, considerando-se o corte transversal do presente estudo, é preciso aventar
também que indivíduos em pior condição de saúde e bem-estar (que tendem a apresentar
pior qualidade do sono) estariam menos propensos ou aptos a praticar AF de lazer.
A presença concomitante de várias doenças aumenta a prevalência de sono ruim, chegando
a ser quase 4,19 vezes mais elevada nas pessoas com cinco ou mais problemas de saúde.
Hayashino et al.27 também identicaram aumento dos escores do PSQI com o aumento do
número de comorbidades. Coerente com esse achado, pessoas que consideram a própria
saúde como ruim também avaliam seu sono como sendo de baixa qualidade, assim como
constatado por outros autores11. Esses achados destacam a importância de os prossionais de
saúde estarem atentos e atuando no sentido de reduzir o risco do surgimento de comorbidades
e de monitorarem a qualidade do sono dos pacientes com múltiplas doenças, considerando
que sono ruim piora ainda mais a qualidade de saúde e aumenta o risco de mortalidade2,3.
Detectou-se que a presença de TMC aumentou em 61% a prevalência de má qualidade do
sono, mesmo após ajuste por todas as variáveis incluídas no modelo. Os transtornos são
constituídos principalmente por sintomas de depressão ou ansiedade. A associação entre
satisfação com a vida e qualidade do sono também persistiu no modelo nal. A literatura
tem mostrado a associação entre depressão, insatisfação com a vida e prejuízo do sono.
Lacruz et al.28, na Alemanha, estudaram indivíduos de uma coorte e observaram um efeito
sinérgico de depressão e baixa satisfação com a vida na prevalência de problemas do sono.
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Uma meta-análise que incluiu 21 estudos longitudinais conrma a insônia como fator de
risco para depressão, detectando razão de odds de 2,106. Estudo longitudinal desenvolvido
na China identificou o relacionamento bidirecional entre sono e otimismo, em que o
humor depressivo intermedia totalmente a inuência do otimismo na qualidade do sono
e intermedia parcialmente a qualidade do sono no otimismo29.
Ressalte-se que no nosso conhecimento este é o primeiro estudo brasileiro de base
populaciona l a avaliar o per l epidemiológico, considerando amplo conjunto de variáveis
demográcas e de saúde, da qualidade do sono de população de adultos com 20 anos ou
mais. Entretanto, é preciso considerar suas limitações na análise dos resultados. A avaliação
da qualidade do sono foi aferida por uma única pergunta e não por um instrumento
completo já validado como o PSQI. Ressalta-se, porém, que outros pesquisadores também
têm utilizado uma única pergunta para avaliar a qualidade do sono e obtido resultados
consistentes com o uso de diferentes questões9 –12 . Outros autores têm utilizado também
uma única pergunta para avaliar insatisfação com o sono, sono insuciente30 e a presença
de insônia24. Swinbourne et al.31 destacam a forte associação entre a autoavaliação da
qualidade do sono e os escores do PSQI. Adicionalmente, Ohayon e Zulley32, utilizando uma
única pergunta para avaliar a insatisfação global com o sono, vericaram que o indicador
gerado constitui melhor indicador de patologia de sono do que os sintomas de insônia
sozinhos. No presente estudo, observou-se fortíssima associação da autoavaliação da
qualidade do sono com as queixas de sono. As discussões sobre o conceito e as estratégias
de avaliação da qualidade do sono persistem e novos enfoques têm sido propostos para
uma mensuração mais adequada10,33 .
Na interpretação dos resultados deste estudo, deve-se também considerar que as informações
utilizadas foram obtidas por entrevista domiciliar e sujeitas a vieses de memória e informação.
O corte transversal do estudo, por sua vez, impossibilita a caracterização das associações
encontradas como causais. A associação da qualidade do sono com trabalho e AF de lazer,
por exemplo, que deixam de ser signicativas com a introdução das variáveis da terceira
etapa do modelo, remete à consideração sobre as evidências de relações bidirecionais entre
AF e doenças/bem-estar, assim como entre trabalho e doenças/bem-estar. Dessa forma,
as variáveis da terceira etapa poderiam ser mediadoras do efeito de AF e trabalho sobre a
qualidade do sono ou o reverso poderia estar ocorrendo com as variáveis da terceira etapa,
levando ao não trabalho e à não prática de AF em contexto de lazer.
CONCLUSÕES
Com base em amostra representativa da população, o estudo detectou a elevada prevalência
de sono de má qualidade da população adulta de Campinas e constatou que essas prevalências
eram mais elevadas nos subgrupos compostos por mulheres, pessoas com 40 a 59 anos,
migrantes e aquelas que não trabalham. A associação da boa qualidade do sono com a
prática de AF deve ser considerada em intervenções para promover AF no lazer ou para
melhorar a qualidade do sono. Também foram vericadas associações entre a qualidade do
sono e a presença de doenças crônicas e problemas de saúde, sinalizando a necessidade de
prevenção de comorbidades e de atenção à qualidade do sono de pacientes com múltiplas
doenças. Por m, a associação da baixa qualidade do sono com TMC e com sentimento de
insatisfação com a vida destaca a relevância da atenção que deve ser dada aos aspectos
emocionais de pacientes com má qualidade do sono.
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Financiamento: O inquérito foi nanciado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP - Processo 2012/23324-3).
Contribuição dos autores: Concepção do estudo, coleta de dados e interpretação dos resultados, revisão da
literatura e redação do manuscrito: MBAB. Análises estatísticas, revisão da literatura e redação do manuscrito:
MGL. Revisão da literatura, interpretação dos resultados e redação do manuscrito: MFC, EZ, TAMOC.
Conito de Interesses: Os autores declaram não haver conito de interesses.