ArticlePDF Available

Licopeno e prevenção do câncer de próstata: Uma revisão integrativa

Authors:

Abstract and Figures

Resumo Atualmente, o câncer de próstata configura-se como um importante problema de saúde pública, sendo um dos principais tipos de carcinoma diagnosticados em pacientes do sexo masculino, e tornando-se a causa primordial de morbimortalidade. Estudos têm evidenciado que hábitos e estilo de vida, juntamente com a instalação de um quadro de estresse oxidativo, apresentam-se como importantes fatores implicados no processo de carcinogênese. Em contrapartida, o hábito alimentar tem sido considerado como um aliado significativo na prevenção do câncer, por meio de grupos alimentares com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórios capazes de atuar como compostos anticarcinogênicos, incluindo o licopeno, que é considerado um nutriente quimiopreventivo antioxidante. A presente revisão resume alguns resultados relevantes sobre o papel do licopeno na prevenção do câncer de próstata durante os últimos 7 anos. Foram selecionados artigos provenientes das seguintes bases de dados: Scielo, Lilacs, BVS, PubMed, e MEDLINE. De acordo com os critérios de inclusão e de exclusão, foram selecionados 20 artigos internacionais. Em revisões blibliográficas, ensaios clínicos (in vivo e in vitro) evidenciaram a influência da suplementação e do consumo de licopeno a partir de diferentes fontes de produtos à base de tomate e de outros alimentos-fontes na diminuição da viabilidade celular das células prostáticas após o tratamento, além de um aumento da apoptose e da regulação dos níveis transcricionais, apontando o licopeno como um importante fitoquímico. Entretanto, futuras triagens clínicas com o uso de licopeno devem ser realizadas para que seja possível estabelecer recomendações precisas sobre o consumo e a quantidade adequados do referido composto para que este seja utilizado para a prevenção do câncer de próstata.
Content may be subject to copyright.
Licopeno e prevenção do câncer de próstata:
Uma revisão integrativa
Lycopene and Prostate Cancer Prevention: An Integrative Review
Edilayne Gomes Bôto1Priscila Sala Kobal2Francisco Valdicélio Ferreira3
LetíciaBandeiraMascarenhasLopes
1Antonia Smara Rodrigues Silva4
Francisco das Chagas Nascimento Neto1
1Departamento de Nutrição e Farmácia, UNINTA Centro
Universitário, Sobral, CE, Brasil
2Departamento de Gastroenterologia, Ciências da
Gastroenterologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
3Departamento de Biotecnologia, Universidade Federal do Ceará,
Ceará, CE, Brasil
4Departamento de Enfermagem, Universidade Estadual Vale do
Acaraú, Sobral, CE, Brasil
Int J Nutrol 2019;12:212.
Address for correspondence Francisco Valdicélio Ferreira,
Nutricionista, Mestrando de Pós-Graduação em Biotecnologia, Av.
Comandante Maurocélio Rocha Pontes, 100, Derby Sobral,
CE, 62042280, Brasil (e-mail: celionutri@gmail.com).
Palavras-chave
tomate
neoplasias prostáticas
próstata
Resumo Atualmente, o câncer de próstata congura-se como um importante problema de saúde
pública, sendo um dos principais tipos de carcinoma diagnosticados em pacientes do sexo
masculino, e tornando-se a causa primordial de morbimortalidade. Estudos têm evidenciado
que hábitos e estilo de vida, juntamente com a instalação de um quadro de estresse
oxidativo, apresentam-se como importantes fatores implicados no processo de carcinogê-
nese. Em contrapartida, o hábito alimentar tem sido considerado como um aliado
signicativo na prevenção do câncer, por meio de grupos alimentares com propriedades
antioxidantes e anti-inamatórios capazes de atuar como compostos anticarcinogênicos,
incluindo o licopeno, que é considerado um nutriente quimiopreventivo antioxidante. A
presente revisão resume alguns resultados relevantes sobre o papel do licopeno na
prevenção do câncer de próstata durante os últimos 7 anos. Foram selecionados artigos
provenientes das seguintes bases de dados: Scielo, Lilacs, BVS, PubMed, e MEDLINE. De
acordo com os critérios de inclusão e de exclusão, foram selecionados 20 artigos
internacionais. Em revisões blibliogcas, ensaios clínicos (in vivo ein vitro) evidenciaram
ainuência da suplementação e do consumo de licopeno a partir de diferentes fontes de
produtos à base detomate e de outros alimentos-fontes na diminuição da viabilidade celular
das lulas prostáticas após otratamento, alémde um aumento da apoptose e da regulação
dos níveis transcricionais, apontando o licopeno como um importante toquímico. Entre-
tanto, futuras triagens clínicas com o uso de licopeno devem ser realizadas para que seja
possível estabelecerrecomendações precisas sobre o consumoe a quantidadeadequados do
referido composto para que este seja utilizado para a prevenção do câncer de próstata.
Edilayne GomesBôto's ORCID is https://orcid.org/0000-0002-8893-
5649.
received
February 13, 2019
accepted
May 16, 2019
DOI https://doi.org/
10.1055/s-0039-1693734.
ISSN 1984-3011.
Review Article | Artigo de Revisão
Introdução
O câncer de próstata congura-se como um dos principais
tipos de carcinoma mais diagnosticados entre os homens,
sendo responsável pelo aumento da morbimortalidade no
sexo masculino. Nos últimos anos, esta patologia apresenta
elevada prevalência mundial, sendo de maior incidência nos
países ocidentais, além de congurar-se como a segunda
causa de morte por câncer, surgindo na maioria dos casos em
idade avançada.1
O câncer de próstata apresenta uma das maiores taxas de
incidência e de prevalência em escala global, e, de acordo
com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a estimativa
para o surgimento de novos casos de câncer até 2025 é de
20 milhões. Na população masculina, os mais frequentes
tipos de câncer são o de pulmão (16,7%), de próstata (15%), de
intestino (10%), de estômago (8,5%), e de fígado (7,5%).2
Ainda como base, o Ministério da Saúde destaca como
estimativa para o Brasil no biênio 2016-2017, de acordo com
dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), 400 mil
novos casos de câncer, sendo os mais frequentes no sexo
masculino os de próstata (28,6%), de pulmão (8,1%), de
intestino (7,8%), de estômago (6%), e da cavidade oral
(5,2%). Assim sendo, o monitoramento e o estabelecimento
de medidas de prevenção e de controle do câncer e de seus
fatores de risco tornam-se de suma importância.2
Os mecanismos moleculares envolvidos no processo de
iniciação e de progressão do carcinoma da próstata ainda não
estão perfeitamente elucidados. Porém, sabe-se que alguns
fatores implicados na patogênese da doença, tais como idade
avançada, estilo de vida, hábitos alimentares, etnia, genética,
inamação, metabolismo androgênico, e ativação de onco-
genes, constituem-se como fatores de risco, especialmente
por estarem associados ao aumento do estresse oxidativo.3
O estresse oxidativo, enquanto fator determinante para o
surgimento de neoplasias, é resultante do aumento da
produção de espécies reativas de oxigênio (EROs). Essa
produção excessiva ocasiona uma interação com biomolé-
culas (proteínas, lípideos, glúcidos), desencadeando um pro-
cesso de oxidação que, por sua vez, facilita processos
implicados na carcinogênese, como a transformação celular,
a apoptose, a angiogenese, e a metástase.4
Nos últimos anos, o hábito alimentar tem sido alvo de
estudo como fator de risco na evolução e no surgimento de
algumas neoplasias; contudo, diversas pesquisas apontam a
importância de estratégias que possibilitem a prevenção do
câncer através da proteção contra o estresse oxidativo,
incluindo a associação de grupos alimentares com compos-
tos anticarcinogênicos, com propriedades anti-inamatórias
e antioxidantes, as quais são capazes de induzir a apoptose e
bloquear a progressão do ciclo celular das células
neoplásicas.5
No câncer de próstata, estudos apo ntam evidências no que
diz respeito a dietas ricas em carotenoides, em especial o
licopeno, uma vez que altas concentrações deste composto
funcional no orga nismo podem estabelecer funções de genes,
melhorar a comunicação celular, modular a resposta hormo-
nal e imune, ou regular o metabolismo, além de exercer
efeitos antiandrógenos e anticrescimento e ocasionar o
aumento da comunicação intercelular através do incremento
de junções do tipo gap (comunicantes) entre as células,
regulando assim o desenvolvimento do ciclo celular.3
O caratenoide é um pigmento natural encontrado comu-
mente em frutas e vegetais, e sua estrutura molecular é
responsável pela coloração rubi desses alimentos. Esses
pigmentos reagem com os radicais livres, especialmente
com os radicais peróxidos e com o oxigênio molecular, sendo
Abstract Currently, prostate cancer is an important public health problem, constituting one of the
main types of cancer diagnosed in male patients, which is becoming the primary cause of
morbidity and mortality. Studies have shown that habits and lifestyle, along with the
installation of a frameworkof oxidative stress, are presented as important factors involved in
the process of carcinogenesis. On the other hand, food habits has been considered an ally in
cancer prevention through food groups with antioxidant and anti-inammatory properties
capable of acting as anticarcinogenic compounds, with lycopene being considered as a
chemopreventive antioxidant. The present review summarizes some of the results relevant
to the role of lycopene in the prevention of prostate cancer in the last 7 years. We have
selected articles from the following databases: Scielo, Lilacs, BVS, PubMed, and MEDLINE.
According to the inclusion and exclusion criteria, 20 international articles were selected. In
clinical reviews, clinical trials (in vivo and in vitro) have shown the inuence of the
supplementation and of the consumption of lycopene from different sources of tomato-
based products and other food sources in the decrease in the cell viability of prostatic cells
after treatment, in additionto an increasein apoptosisand in the regulation of transcriptional
levels, indicating lycopene as an important phytochemical.
However, future clinical trials with the use of lycopene should be carried out to enable
accurate recommendations and to provide information on the adequate consumption and
amount of this compound, so that it can be used for the prevention of prostate cancer.
Keywords
tomato
neoplasias
prostáticas
prostate
International Journal of Nutrology Vol. 12 No. 1/2019
Licopeno e prevenção do câncer de próstata: uma revisão integrativa Bôto et al. 3
esta a base de sua ação como agente quimiopreventivo
antioxidante. Assim, tomando por base que o mesmo se
encontra no plasma e nos tecidos do corpo humano, uma
maior concentração deste no sangue estaria associada a um
menor risco de câncer, principalmente na próstata.6
O interesse em dietas ricas em licopeno e em suplementos
para a prevenção ou a terapia de câncer de próstata aumen-
tou extremamente nos últimos anos. Os produtos de lico-
peno são bem tolerados e cumprem os requisitos da US Food
and Drug Administration (USFDA, na sigla em inglês) para a
designação de geralmente reconhecida como segura (GRAS,
na sigla em inglês). No entanto, ainda é questionável se existe
uma evidência denitiva para recomendá-lo aos pacientes.4
De acordo com essa perspectiva, a relevância da presente
pesquisa pressupõe da relação da ação do licopeno na
prevenção do câncer de próstata, levantando a questão de
quais as propriedades desse grupo de caratenoides que
oferecem fator de prevenção do câncer de próstata? Tendo
como objetivo investigar os principais mecanismos envolvi-
dos na prevenção do ncer de próstata e as principais fontes
alimentares associadas, o presente artigo objetiva também
investigar as principais propriedades do licopeno na preven-
ção do câncer de próstata no que concerne à modulação do
estresse oxidativo, analisar a ação promovida pelo licopeno
na prevenção do câncer de próstata e identicar as principais
fontes dietéticas de licopeno.
Devemos sempre intensicar a pesquisa nesta área para
desenvolver métodos de prevenção da neoplasia prostática,
além de sempre contribuir para o campo cientíco.
Metodologia
O presente estudo consiste deuma revisão integrativa, explo-
ratório-descritiva realizada através de uma pesquisa biblio-
gráca retrospectiva, na qual foi considerada a relevância do
tema a partir de artigos indexados, todos escritos em inglês,
espanhol, e/ou português, publicados entre os anos de 2011 e
2017, que estudaram e/ou levantaram questões sobre o lico-
peno e suas atribuições na prevenção do câncer de próstata.
Foram utilizadas como estratégia de busca dos dados as
etapas para a construção da revisão integrativa, seguindo a
organização proposta por Mendes et al:7
Etapa: Identicação do tema e seleção da hipótese ou
da questão de pesquisa para a elaboração da revisão
integrativa.
Etapa: Estabelecimento de critérios para inclusão e
exclusão de estudos/amostragem ou busca na literatura.
Etapa: Denição das informações a serem extraídas
dos estudos selecionados/categorização dos estudos.
Etapa: Avaliação dos estudos incluídos na revisão
integrativa.
Etapa: Interpretação dos resultados.
Etapa:Apresentaçãodarevisão/síntesedo conhecimento.
Os artigos foram pesquisados na base de dados da
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) , Scientic Electronic
Library Online (SCIELO), Literatura Internacional em Ciências
da Saúde (MEDLINE) , Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), e PubMed. Para
isso, foram utilizados descritores de busca em inglês, com
as palavras: lycopene, prostate cancer, eprevention. Todos os
artigos selecionados apresentavam-se disponíveis em forma
integral.
Para a seleção dos ar tigos, foram selecionados os seguin tes
critérios: terem sido publicados nos últimos 5 anos, artigos
em português, espanhol, e/ou em inglês, fundamentar o
licopeno e sua ação na prevenção do câncer de próstata.
Foram excluídos os artigos que não contemplavam os
objetivos do estudo, sendo desconsiderados artigos não
indexados, e artigos não open acces.
Durante a busca metodológica, foram selecionados ini-
cialmente os artigos que estavam ligados à temática central.
Contudo, após a análise dos critérios de exclusão e de
inclusão, foram selecionados apenas 20 artigos.
Após a realização do levantamento bibliográco e da sele-
ção da amostra, processou-se a leitura dos artigos na íntegra, a
m de proporcionar uma visão global em relação ao assunto.
Os resultados obtidos foram organizados em forma de
quadros no programa Microsoft Word 2010 (Microsoft Corp.,
Redmond, WA, EUA), com o intuito de facilitar a análise e
alcançar os objetivos propostos. As discussões foram pauta-
das com a literatura pertinente.
Resultados e Discussões
Na busca realizada nos bancos de dados das ciências da
saúde, foram encontrados inicialmente 87 estudos compa-
rativos, incluindo ensaios clínicos, coortes, estudos in vitro e
revisões, em geral. Dentre esses, 20 artigos foram seleciona-
dos por trazerem dados especícos e essenciais relacionados
ao licopeno e à prevenção do câncer de próstata, além de
atenderem aos critérios metodológicos descritos.
Após realizar as análises nas edições publicadas, observou-
se um número signicativo de artigos de âmbito internacional
acerca do tema, sendo 19 de língua inglesa e 1 de língua
espanhola.Além disso, cabe ressaltar quenenhuma publicação
de âmbito nacional foi identicada durante a busca, o que
gerou indagações acerca da produção cientíca no território
brasileiro. Demodo geral, através dasbuscas de dados, pode-se
notar que uma grande preocupação cientíca acerca da
referida temática, haja vista a prevalência e a incidência dos
casos de neoplasias prostáticas em escala mundial e seu
impacto na saúde pública e na qualidade de vida da população.
Conforme o quadro de visão sinóptica, é possível perceber
que as pesquisas realizadas compreendem diversas classes
metodológicas, tais como: revisões bibliográcas (12 estu-
dos), ensaios clínicos (06 estudos), e pesquisas in vitro (02
estudos) (Quadro 1).
Adicionalmente, encontraram-se publicações que anali-
savam as propriedades do licopeno frente aos seus meca-
nismos moleculares e celulares no que se refere ao seu efeito
na prevenção da neoplasia da próstata.
Das pesquisas selecionadas, nove explanaram dados inte-
ressantes, sugerindo o potencial efeito protetor do licopeno,
com ações antioxidantes, anti-inamatórias, pró-apoptóti-
cas, e sendo capaz de atuar na redução da taxa de
International Journal of Nutrology Vol. 12 No. 1/2019
Licopeno e prevenção do câncer de próstata: uma revisão integrativa Bôto et al.4
Quadro 1 Pesquisas que abordam estudos com abordagem metodológica de revisão bibliográca entre os anos de 2011e 2017
QUADRO SINÓPTICO
Título do artigo Autor Ano Objetivos Metodologia Conclusão
Lycopene for the preven-
tion of prostate cancer.
Ilique
et al16 2011 Determinar se o licopeno
reduz a incidência de câncer
de próstata e a mortalidade
especíca para câncer de
próstata.
Este estudo baseou-se em uma
pesquisa bibliográca nas
basesdedadoseletrônicosda
Medline, Embase, e Cochrane
Central Register of controlled
trials (CENTRAL), durante o
período de agosto de 2011.
Não provas sucientes parar
apoiar ou refutar o uso de
licopeno para a prevenção do
câncer de próstata,
necessitando-se estudos
adicionais para avaliar os
efeitos do mesmo.
Lycopene, Tomato Pro-
ducts, and Prostate Cancer
Incidence: A Review and
Reassessment in the PSA
Screening Era
Wei
et al92012 Fornecer uma visão mais
atualizada sobre os estudos
sobre licopeno e produtos à
base de tomate, e sua relação
com o risco de câncer de
próstata.
Trata-se de uma revisão
sistemática de estudos clínicos
sobre a ingestão de licopeno, e
seu papel protetor no ncer
de próstata.
Os estudos com base na ingestão
dietética o limitados pela ava-
liação da ingestão,da composição
de alimentos e das diferenças na
biodisponibilidade. Logo, a inges-
tão de molho de tomate foi
inversamente associada à inci-
dência de câncer de próstata, e
essa associação foi ainda mais
forte para câncer de estágio
avançado. Ainda assim, são
necessários estudos adicionais
para avaliar o efeito protetor do
licopeno no câncer de próstata.
Is Lycopene an Ef fective
Agent for Preventing
Prostate Cancer?
Sporn
et al17 2013 Avaliar o papel do licopeno
como agente anticancerí-
geno e quimiopreventivo no
câncer de próstata.
O presente estudo trata-se de
uma revisão sistemática que
investiga, através de estudos
bibliográcos, a ação do lico-
peno enquanto composto
quimioprotetor.
O licopeno induz respostas nas
células epiteliais da próstata
humana que são antiproliferati-
vas, antioxidativas e antiinama-
tórias, bem como alvos de
regulação negativa na via de
sinalização dos receptores de
andrógenos. Entretanto, estudos
adicionais ainda o necessários.
The Potential Role of Lyco-
pene for the Prevention and
Therapy of Prostate Cancer:
From Molecular Mecha-
nisms to Clinical Evidence
Holzapfel
et al18 2013 Propiciar uma visão geral
atualizada sobre as
propriedades do licopeno,
seus mecanismos moleculares
e celulares com especial
atenção à evidência clínica real
para seu uso na prevençãoe na
terapia do câncer de próstata.
Trata-se de uma revisão
sistemática de literatura na
qual foram utilizados estudos
clínicos in vitro ein vivo que
investigassem a relação da
atividade do licopeno na neo-
plasia prostática.
Os resultados elucidados eviden-
ciam que pesquisas in vitro
demonstraram predominante-
mente os efeitos quimiopreventi-
vos do licopeno em células de
câncer de próstata, mas sua
ecácia in vivo ainda deve ser
comprovada. As tentativas de
recapitular a atividade antitumo-
rigênica do licopeno em modelos
animais têm sido, em algumas
partes, altamente signicativas, e
mostraram dados interessantes,
sugerindo o potencial do licopeno
para reduzira taxa de crescimento
do tumor e aumentar a sobrevi-
vência dos animais. Entretanto,
tornam-se essenciais novos
ensaios clínicos controlados,
randomizados, e recém-projeta-
dos, que podem contribuir para
uma melhor compreensão dos
efeitos do licopeno em pacientes
com câncer de próstata.
Multiple Molecular and
Cellular Mechanisms of
Action of Lycopene in
Cancer Inhibition
Trejo-Solís
et al32013 Analisar os efeitos antineo-
plásicos e o mecanismo de
ação do licopeno, um caro-
tenoide abundante em frutas
evegetais.
O presente estudo consiste de
uma revisão sistemática que se
baseia em estudos de revisões
bibliográcas que compreen-
dem os papéis do licopeno na
carcinogênese e na proteção
contra o câncer de próstata.
A presente revisão elucida como
as atividades antioxidantes,
antiinamatórias, e proapoptó-
ticas do licopeno e de seus
metabolitos podem contribuir
para a prevenção e a terapia de
câncer através da modulação de
diversos processos bioquímicos
envolvidos na carcinogênese. Os
efeitos potencialmente bené-
cos do licopeno incluem a inibi-
ção da ativação, da proliferação,
da angiogênese, da invasão, e de
metástases cancerígenas; o
bloqueiodaprogressãodociclo
celular tumoral; e a indução da
apoptose através de alterações
em várias vias de sinalização.
(Continued)
International Journal of Nutrology Vol. 12 No. 1/2019
Licopeno e prevenção do câncer de próstata: uma revisão integrativa Bôto et al. 5
Quadro 1 (Continued)
QUADRO SINÓPTICO
Título do artigo Autor Ano Objetivos Metodologia Conclusão
Entretanto, mais ensaios clínicos
são necessários para determinar
as dosagens corretas de con-
sumo do licopeno.
Consumo de licopeno
como reductor de inciden-
cia en sujetos con elevado
riesgo de padecer cáncer de
próstata
Aguilera
et al19 2013 Avaliar a ingestão de lico-
peno para redução da inci-
dência e mortalidade em
indivíduos com alto risco de
câncer de próstata.
Trata-se de uma revisão siste-
mática com meta-análise de
estudosclínicosrandomizados
sobre a ingestão de licopeno
para redução da incidência e da
mortalidade em indivíduos com
alto risco de câncer de próstata.
A pesquisa foi realizada nos
bancos de dados do Registro de
Ensaios Controlados MEDLINE,
Embase, e Cochrane (CENTRAL).
Não houve restrição de idioma,
a literatura cinza foi procurada.
A pesquisa eletrônica foi reali-
zada em agosto de 2011.
Esta revisão sistemática mostra
que a ingestão de licopeno
poderiareduziraincidênciade
câncer de próstata. Embora não
haja evidências sucientes para
apoiar ou refutar o consumo de
licopeno para reduzir a incidên-
cia e a mortalidade, parece
razoável recomendar sua inges-
tão em indivíduos com alto risco
de câncer de próstata.
Lycopene/tom ato con-
sumption and the risk of
prostate cancer: a syste-
matic review and meta-
analysis of prospective
studies
Chen
et al20 2013 Avaliar se a ingestão de lico-
peno reduz o risco de câncer
de próstata.
Trata-se de uma revisão siste-
mática realizada nos bancos de
dados da Ovid Medline,
Embase, Web of sience, Sprin-
ger, CNKI, e Central, na qual os
dados anteriores a janeiro de
2012 foram sistematicamente
procurados, sendo que estes
foram limitados a seres
humanos.
O consumo de licopeno deve ser
incentivado e deve estar corre-
lacionado aos níveis do mesmo
no plasma. Entretanto, aindasão
necessários mais estudos para
indicar fortemente seu con-
sumo em forma de suplemen-
tação, sendo a ingestão de
verduras e frutas o posiciona-
mento mais efetivo do Inst ituto
World Cancer Research Fund.
Lycopene and Risk of Pros -
tate Cancer: A Systematic
Review and Meta-Analysis
Chen et al21 2015 Esclarecer se a ingestão de
licopeno ou a concentração
sérica está inversamente
relacionada com Câncer de
Próstata, com particular
ênfase na forma da curva
dose- resposta.
O estudo consiste de uma
meta-análisedeestudos
observacionais em epidemio-
logia, na qual foram analisados
casos de controle e estudos
prospectivos de coorte que
examinaram as associações de
ingestão de licopeno ou con-
centrações circulantes
(plasma/soro) com risco de
com Câncer de Próstata. Os
bancos de dados incluídos
foram o PubMed (a partir de
1950), Science Direct Online
(de 1998), e a biblioteca on-
line Wiley (de 1960), que
foram pesquisados para arti-
gos publicados até 10 de abril
de 2014.
Tanto o complemento de lico-
peno quanto as concentrações
circulantes exibiram um efeito
preventivo sobre com Câncer de
Próstata. Embora não tenhamos
encontrado uma associação
inversa entre o consumo de
licopenoeoriscodeincidência
de com Câncer de Próstata para
todososestudos,houveuma
tendência para níveis mais altos
de licopeno para reduzir a inci-
dência de Câncer de Próstata.
Porém, são necessários mais
dados de pesquisa de alta qua-
lidade para fundamentar essas
conclusões.
Tomato as a Source of
Carotenoids and Polyphe-
nols Targeted to Cancer
Prevention
Martí
et al22 2016 Analisar o potencial do
tomate como fonte dos
constituintes bioativos com
propriedades preventivas do
câncer, e o resultado de
programas de melhora-
mento moderno como uma
estratégia para aumentar os
níveis desses compostos na
dieta.
O presente estudo teve abor-
dagem de revisão sistemática
com base em estudos clínicos
sobre suplementação de lico-
peno e suas contribuições na
prevenção da neoplasia
prostática.
Os estudos demonstram que a
suplementação pode ter resul-
tados diferentes dos da ingestão
natural de alimentos. Apesar
destas diculdades, os carote-
noides e os polifenois provaram
em diferentes estudos desem-
penhar um papel como com-
postos funcionais na prevenção
do câncer. Nesse contexto, o
alto nível de consumo do
tomate, apesar de este não ser
considerado de excepcional
valor nutricional, torna-se uma
importantefontedecompostos
bioativos.apesar de não ser
excepcional por seu valor nutri-
cional, o alto nível de consumo
de tomate durante todo o ano
torna-o uma importante fonte
de compostos bioativos.
International Journal of Nutrology Vol. 12 No. 1/2019
Licopeno e prevenção do câncer de próstata: uma revisão integrativa Bôto et al.6
crescimento do tumor por meio da modulação dos processos
bioquímicos envolvidos na carcinogênese, levando à inibição
da ativação, da proliferação, da angiogênese, e ao bloqueio de
mestástases, além de explanar efeitos através das concen-
trações do licopeno plasmático no concernente à incidência
de câncer de próstata. Porém, cabe ressaltar que a presente
associação, embora apresente resultados positivos, necessita
de mais estudos para sua comprovação.
Todavia, três esboços apontaram que ainda não
provas sucientes para apoiar ou refutar o uso do licopeno
naprevençãodocâncerdepróstata,sendoimprescindí-
veis mais estudos para indicar fortemente seu consumo e
suplementação segura, sendo, portanto, o consumo de
uma dieta rica em frutas e verduras um dos posiciona-
mentos mais adequados para a prevenção deste tipo de
neoplasia.
Para a prevenção do câncer, é indispensável a adoção de
uma dieta saudável do ponto de vista nutricional. A inclusão
do licopeno extraído do tomate e de outras frutas, tais como
melancia e goiaba cor-de-rosa, demonstrou ser uma medida
efetiva na prevenção e no tratamento do câncer de próstata,
principalmente pela vantagem de que o licopeno pode atingir
uma concentração muito maior no tecido prostático e garan-
tir o efeito de proteção.8
Em consonância com o Quadro 2, foram encontradas
seis publicações com a referida temática.
Ao avaliar a associação entre o licopeno rico e o risco de
câncer de próstata, através de um estudo de caso-controle,
pode-se encontrar evidências que pontuam que o licopeno
sérico está associado a um risco reduzido de câncer de
próstata, podendo atuar como um possível preditor do risco
de neoplasia quando comparado ao teste de antígeno pros-
tático especíco (PSA); entretanto, são necessários mais
estudos para a comprovação clínica da ecácia do mesmo.1
Em um estudo de coorte, foi avaliada a associação exis-
tente nos períodos pré- e s-diagnóstico do composto
licopeno em homens diagnosticados como potenciais porta-
dores de câncer de próstata. Ao ingerirem consistentemente
elevadas concentrações do referido composto funcional, os
participantes exibiram risco reduzido de desenvolver o
câncer.9
Um estudo avaliou uma intervenção dietética baseada na
ingestão de tomates ricos em licopeno e sua respectiva ão
como redutor dos níveis de PSA através de esquemas de
Quadro 1 (Continued)
QUADRO SINÓPTICO
Título do artigo Autor Ano Objetivos Metodologia Conclusão
The Risk Factors of Prostate
Cancer and Its Prevention:
A Literature Review.
Perdana
et al12016 Conhecer e compreender os
fatores de risco e as medidas
deprevençãodocâncerde
próstata.
Trata-se de uma revisão de
literatura, cujos dados obtidos
foram provenientes de revi-
sões de literatura que correla-
cionam os fa tores envolvidos
no câncer da próstata.
Fatores como idade, história fami-
liar, etnia, prática de exercício
físico, obesidade, etilismo, estiloe
exposições ocupacionais e
ambientais, bem como padrões
alimentares associados a com-
postos antioxidantes, como o
licopeno, são apontados como
determinantes cruciais que mere-
cem destaque no concernente à
prevenção do câncer de próstata.
O licopeno apresenta efeitos bio-
lógicos pre ventivos por sua capa-
cidade de inibir o crescimento e a
diferenciação da neo plasia pros-
tática, e sua suplementação de
15 g, 3 vezes ao dia foi capaz de
reduzir os níveis plasmáticos de
fator de crescime ntos emelhante à
insulina tipo 1 (IGF-1)
Cancer chemopreventi on
by dietary phytochemical s:
Epidemiologi- cal evidence.
Baena
Ruiz
et al23
2016 Avaliar a evidência cientíca
atual sobre os estudos epi-
demiológicos mais relevan-
tes em relação ao consumo
de toquímicos, e sua rela-
ção sobre a incidência de
câncer
Realizou-se uma busca nos
bancos de dados da PubMed e
da Embase, em maio de 2016,
de artigos que compreendes-
sem a temática concernente
ao consumo de toquímicos e
oriscodecâncer.
A evidência epidemiológica
quanto ao consumo ou a utili-
zação de toquímicos naturais,
tais como o licopeno, enquanto
agentes quimiopreventivos,
mostram resultados positivos,
mas ainda limitados, apontando
a importância de mais estudos
complementares.
Increased dietary and cir-
culating lycopene are asso-
ciated with reduced
prostate cancer risk: a sys-
tematic review and meta-
analysis
Rowles
et al24 2017 Avaliar sistematicamente a
associação entre o risco de
câncer de próstata e o uso do
licopeno.
Realizou-se uma análise siste-
mática de meta-análise avali-
ando a dose-resposta entre o
licopeno circulante e o risco de
câncer de próstata. Foram
selecionados arquivos referen-
tes à série temporal de até 1 de
dezembro de 2016 nas bases
de dados PubMed, Web of
Science, e Cochrane Library.
Foram selecionados 42 artigos
para análise, sendo elucidado que
a ingestão dietética e as concen-
trações circulantes de licopeno
foram signicativamente associa-
das ao risco reduzido de neoplasia
prostática. Entretanto, o licopeno
não foi associado a um risco
reduzido de câncer da próstata
avançado, sendo necessários
estudos adicionais para
investigação.
International Journal of Nutrology Vol. 12 No. 1/2019
Licopeno e prevenção do câncer de próstata: uma revisão integrativa Bôto et al. 7
Quadro 2 Pesquisas que abordam ensaios clínicos in vivo entre os anos de 2011 e 2017
QUADRO SINÓPTICO
Título do artigo Autor Ano Objetivos Metodologia Conclusão
Serum Lycopene Concen-
tration and Prostate Cancer
Risk: Results from the
Prostate Cancer Prevention
Tri al
Kristal
et al25 2011 Examinar se o licopeno sérico
estavaassociadoaoriscode
câncer de próstata entre os
participantes do ensaio de
prevençãodocâncerde
próstata
Este estudo de caso- controle
aninhado examinou se o
licopeno sérico estava asso-
ciadoaoriscodecâncerde
próstata entre os participan-
tes do ensaio de prevenção
do câncer de próstata
(PCPT), um estudo contro-
lado por placebo de naste-
rida para a prevenção do
câncer de próstata. A pre-
sença ou ausência de câncer
foi determinada por biópsia
da próstata, recomendada
duranteotestedevidoao
nível elevado de antígeno
prostático especíco (PSA)
ou exame retal digital
anormal.
Em conclusão, o foram encon-
tradas evidências nesta amostra
exclusiva de câncer detectado
com biópsia,primariamente local,
de que o licopeno sérico está
associado ao risco reduzido de
câncer de próstata. Nos homens
que não foram tratados com
nasterida, o licopeno foi asso-
ciado à detecção tardia de câncer
de baixa e alta qualidade, o que foi
um achado inesperado de signi-
cância clínica incerta. No entanto,
no grupo placebo do ensaio, o
aumento do licopeno sérico foi
associado ao risco reduzido de
câncer de próstata, que foi diag-
nosticado após um teste de antí-
geno especíco da próstata (PSA)
elevado ou de exame retal digital
(DRE) anormal, e um correspon-
dente risco aumentado de câncer
diagnosticado no nal do estudo
sem indicação de biópsia.
Lycopene, tomato products
and prostate cancer-speci-
c mortality among men
diagnosed with nonmetas-
tatic prostate cancer in the
Cancer Prevention Study II
Nutrition Cohort.
Wang
et al11 2016 O objetivo deste estudo foi
investigar a associação de
pré-diagnóstico e de pós-
diagnóstico de licopeno e de
consumo de produtos de
tomate com mortalidade
especíca por câncer de
próstata (PCSM) em homens
diagnosticados com câncer
de próstata não metastático
durante o seguimento da
coortedenutriçãodoCiclo
de Prevenção de Câncer II.
Realizou-se um exame deta-
lhado das associações refe-
rentes ao pré- diagnóstico e
ao pós- diagnóstico de adi-
çãodelicopenoeconsumo
de tomate em uma coorte
prospectiva. Esta análise
incluiu homens diagnostica-
dos com câncer de próstata
não- mestastático entre a
inscrição na coorte de Nutri-
çãodociclodeprevençãodo
câncer em 1992 e 1993 e em
junho de 2011.
Em conclusão, não se observou-
associação geral entre o consumo
de licopeno dietético pré-diagnós-
tico ou pós-diagnóstico e a inges-
tão de produtos de tomate e
mortalidade especíca por câncer
de próstata (PCSM) durante o
acompanhamento em longo prazo
de uma grande coorte de homens
diagnosticados com câncer de
próstata não metastático. No
entanto, descobrimos que os
homens diagnosticados com cân-
cer de próstata de alto risco que
relataram consistentemente alta
ingestão de licopeno apresentaram
um risco signicativamente menor
de mortalidade especíca por cân-
cer de próstata (PCSM), signican-
tementeestatisticamentede59%.
Tomato-based randomized
controlled trial in prostate
cancer patients: Ef fect on
PSA
Paur et al10 2016 Avaliar se uma intervenção
dietética com tomate rico
em licopeno reduz os níveis
de antígeno especíco (PSA)
em pacientes com neoplasia
prostática
Antes do tratamento curativo,
79 pacientes com neoplasia
prostática foram randomiza-
dos para uma intervenção
nutricional: grupo 1produto
de tomatecontendo 30 mg de
licopeno por dia; grupo 2
produtos de tomate, associa-
dos a selênio, ômega-3, isoa-
vonas da soja, suco de uva,
romã e chá verde e preto;
grupo 3grupo controle: fazia
uso apenas de dieta sem
suplementação por um
período de 3 semanas.
A análise principal, que incluiu
pacientes em todas as catego-
rias de risco, não revelou dife-
renças nas mudanças de valores
de PSA entre o grupo de inter-
venção e controle. As análises
referentes a pacientes com risco
intermediário, conforme classi-
cação tumoral e escore de
Gleason após a cirurgia, revela
que a PSA mediana diminuiu
signicativamente no grupo que
fez uso do tomate, ou seja, do
licopeno de forma isolada.
Association between sele-
nium and lycopene supple-
mentation and incidence of
prostate cancer: Results
from the post-hoc analysis
of the procomb trial.
Morgia
et al12 2017 Avaliar o risco de incidência
de neoplasia prostática em
um grupo de pacientes com
suplementação de licopeno e
selênio.
OdesigndetestedoPro-
comb foi publicado anterior-
mente (ISRCTN78639965).
De abril de 2012 a abril de
2014, 209 pacientes foram
seguidos e submetidos a
biópsia da próstata quando
PSA 4mg/mle/ousus-
peita de Câncer de Próstata.
Toda a coorte foi composta
por pacientes tratados com
Selênio (Se) e Licopeno (Ly)
(Grupo A ¼134 pacientes),
econtrole(GrupoB¼75
Durante o período de seguimento
de2anos,umtotalde24pacientes
(11,5%) foram submetidos a bió-
psia da próstata, dos quais 9 (4,3%)
foram diagnosticados com Câncer
de Próstata, e 15 (7,2%) foram
diagnosticados com hiperplasia
benigna da próstata. Não obser va-
mos diferenças estatísticas em ter-
mosdemudançasmédiasdePSA
entreosdoisgrupos(valor-p para
tendência ¼0,33). O risco relativo
(RR) para Câncer de Próstata foi de
1,07 e 0,89 nos grupos A e B,
International Journal of Nutrology Vol. 12 No. 1/2019
Licopeno e prevenção do câncer de próstata: uma revisão integrativa Bôto et al.8
suplementação. Um grupo recebeu apenas 30 mg de lico-
peno; outro recebeu produtos com licopeno, selênio, ômega-
3, isoavonas, suco de uva, romã, e chá verde ou preto; e o
último fazia uso apenas de dieta. Ao nal do estudo, foi
constatado que o uso do licopeno de forma isolada revelou
uma diminuição signicativa na mediana do PSA.10
Em um estudo desenvolvido por MacDonald et al26,com-
parou-se a incidência de câncer de próstata em pacientes
submetidos à suplementação com nutrientes com possíveis
efeitos no processo de oncogênese, e foi demonstrado que
níveis baixos de licopeno podem estar relacionados à baixa
ingestão habitual deste composto, sendo necessária a busca de
mecanismos que possibilitem uma maior biodisponibilidade
deste composto para uma melhor absorção e, consequente-
mente, umamelhoria de seus efeitos no tocante à prevenção do
câncer de próstata.11
Entretanto, ao comparar o uso da suplementação de com-
postos toquímicos em humanos com seu efeito protetor na
diminuição do risco do ncer de próstata, duas pesquisas
encontraram, em seus esboços investigativos, dados inconsis-
tentes, o sendo capazes de sustentar a hipótese de que tais
nutrientes estariam associados aum menor risco de neoplasia
da próstata.12,13
Os efeitos do licopeno no processo de oncogênese e na
saúde da próstata são benécos ao homem. Todavia, os
ensaios clínicos de ecácia exigem uma adesão do referido
composto bioativo em longo prazo e em elevadas concen-
trações, sendo necessários, concomitantemente, estudos que
Quadro 2 (Continued)
QUADRO SINÓPTICO
Título do artigo Autor Ano Objetivos Metodologia Conclusão
pacientes). Cabe salientar
que os pacientes que apre-
sentassem diagnóstico de
neoplasia prostática, de
bexiga, portadores de dia-
betes mellitus, de infecção
urinária, de perturbações
neurogênicas, ou de doença
hepática, seriam excluídos
do estudo.
respectivamente (p¼0,95). Na
análisederegressãodeCoxmulti-
variada, a suplementação com
Selênio (Se) e Licopeno (Ly) não foi
associada a maior risco de Câncer
de Próstata (razão de riscos: 1,38;
p¼0,67), assim como também
nãofoielucidadoumpapelprote-
tor do mesmo.
Serum carotenoid and reti-
nol levels in African-Carib-
bean Tobagonian men with
high prostate cancer risk in
comparison with African-
American men.
McDonald
et al26 2017 Comparar os níveis de cara-
tenoides e retinol do soro
plasmático entre as diferen-
tes populações negras em
riscodecâncerdeprostáta
Trata-se de um estudo de
coorte transversal sobre a
relação do caratenoide (lico-
peno) e o retinol no plasma
de homens Afro-Caribenhos
(ACs) e Afro-Americanos
(AAs), com idades entre 40
79 anos que foram conside-
rados com alto risco para
desenvolverem câncer de
próstata e com elevados
níveis de PSA. Foram excluí-
dosdoestudoaquelesparti-
cipantes que apresentassem
neoplasia prostática.
Para mensuração dos dados,
realizou-se exames laborato-
riais, tanto para avaliar o PSA
e os de licopeno e retinol,
através de mensuração com
procedimento de High per-
formance liquid chromatogra-
phy (HPCL) isocrática com
material de referência
padrão (erro padrão da
média).
Os homens Tobagonian ACs
foram associados com níveis mais
baixos de licopeno e retinol plas-
máticos em comparação com os
homens AAs. Para o PSA elevado,
a mesma relação foi observada.
Podendo talfato estar associado à
ingestão habitual desses com-
postos dieta, que foram observa-
dos através de inquéritos de
frequência alimentar e recorda-
tório de 24 horas para a ingestão
diária de licopeno e retinol diário
desses participantes.
Assim, ca estabelecido que a
quantidade de caratenóides e seu
efeito na redução dos níveis de
PSA e, consequentemente, seu
efeito protetor na prevenção do
câncer de próstata, está intima-
mente relacionado com a inges-
tão desses compostos funcionais
pela alimentação e sua forma de
ingestão na promoção de uma
melhor biodisponibilidade.
Circulating Antioxidant
Levels and Risk of Prostate
Cancer by TMPRSS2: ERG
Graff
et al13 2017 Avaliar se os níveis crescen-
tes de antioxidantes circu-
lantes no período pré-
diagnóstico podem reduzir o
estresse oxidativo, e qual sua
relação com a diminuição do
risco de desenvolver câncer
de próstata positivo a Pro-
tease transmembrana, a
serina 2 ERG um código
genético
Realizou-se um estudo de
caso-controle aninhado,
incluindo 370 casos e 2.740
controles, para avaliar as
associações entre a-e, beta-
caroteno prediagnóstico, a e
y-tocoferol, beta-criptoxan-
tina, luteína, licopeno, reti-
nol e selênio com o risco de
câncer de próstata pelo
estado de expressão da pro-
teína ERG (um marcador de
TPMRSS2).
Nãofoielucidadonenhumdos
antioxidantes como signicati-
vamente associado ao risco
reduzido de câncer de próstata
conforme o estado de ERG.
Os resultados não suportam a
hipótese de que os níveis de
antioxidantes pré-diagnósticos
circulantes protejam contra o
desenvolvimento de câncer de
próstata Protease transmem-
brana, a serina 2 (TMPRSS2)
Código genético (ERG) positivo.
Estudos adicionais são necessá-
rios para explorar mecanismos
para o desenvolvimento de
doença TMPRSS2: ERG positiva.
International Journal of Nutrology Vol. 12 No. 1/2019
Licopeno e prevenção do câncer de próstata: uma revisão integrativa Bôto et al. 9
avaliem como potencializar sua absorção e maior biodispo-
nibilidade e também as doses corretas de ingestão do mesmo
para alcançar seu efeito protetor (Quadro 3).12
Qiu et al,14 ao estudarem os efeitos do licopeno na
expressão das proteínas em células epiteliais prostáticas
humanas, vericaram que o mesmo foi capaz de inibir a
proliferação das células primárias do epitélio prostático por
regulação da via proteína quinase B/proteína alvo da rapa-
micina em mamíferos (AKT/mTOR). Foi vericado, ainda, que
o licopeno é capaz de alterar várias vias de sinalização,
incluindo inibição da sinalização de andrógenos, a sinaliza-
ção de fatores de necrose tumoral alfa (TNFα, na sigla em
inglês), e a desativação da via proteíno-quinases ativadas por
mitógenos (MAPK, na sigla em inglês). Todos esses efeitos do
licopeno sobre proteínas celulares contribuem para a pre-
venção da iniciação e promoção da neoplasia prostática.14
Em outro esboço desenvolvido por Soares et al,27 foi
investigado o papel do licopeno na diminuição de risco de
câncer de próstata, e foi avaliada a inuência do extrato de
licopeno (5 mg/dL) a partir de diferentes fontes de produtos à
base de tomate. Os autores observaram uma diminuição da
viabilidade celular das células prostáticas após o tratamento,
além de visualizar um aumento da apoptose e da regulação
dos níveis transcricionais, apontando o licopeno como
importante toquímico. Entretanto, estudos adicionais são
necessários para a comprovação do uso medicinal do
mesmo.15
Corroborando, Li et al,8averiguando os mecanismos
subjacentes aos efeitos anticancerígenos do licopeno
enquanto alvo terapêutico para o tratamento do câncer,
analisaram as células de adenocarcinoma prostático PC3
através de tratamentos em diferentes concentrações de
Quadro 3 Pesquisas que abordam ensaios clínicos in vitro entreosanosde2011e2017
QUADRO SINÓPTICO
Título do artigo Autor Ano Objetivos Metodologia Conclusão
Effects of lycopene on
protein expression in
human primary prostatic
epithelial cells.
Qiu
et al14 2013 Investigar os efeitos do lico-
peno na expressão de pro-
teínas em células epiteliais
prostáticas primárias
humanas
Trata -s e de um est ud o in vitro,
no qual, após o tratamento
com licopeno em uma concen-
tração siologicamente rele-
vante (2 μM), ou com placebo
durante 48 h, as células epite -
liais prostáticas primárias
foram lisadas e fraccionadas
por centrifugação em fracções
citossolo/membrana e nuclear.
As proteínas de células tratadas
com licopeno e tratadas com
placebo fora m tripsinizadas e
derivadas para proteômica
quantitativa usando etiquetas
isobáricas para reagente de
quanticação relativa e abso-
luta (iTRAQ). Os péptidos
foram analisados utilizando a
espectrometria de massa bidi-
mensional de HPCL microcapi-
lar para identicar proteínas
que foram signicativamente
reguladas ou reguladas por
baixo após a exposição ao
licopeno.
Veri cou-se que o licopeno inibia
a proliferação de células primá-
rias do epitélio prostático
humano (PrE, na sigla em inglês)
por regulação negativa da via
proteína quinase B/proteína alvo
da rapamicina em mamíferos
(AKT/mTOR) e por genes regula-
dores superiores que possuem
efeitos inibitórios do cresci-
mento. Proteínas reguladas com
licopeno que podem promover a
apoptosee reduzir a regulação de
várias proteínas envolvidas na
antiapoptos. Vericou-se tam-
bém que o licopeno altera várias
vias de sinalização, incluindo a
inibição da sinalização de andró-
genos, down-regulation da sinali-
zação de fatores de necrose
tumoral alfa (TNFα), e desativa-
ção da via proteíno-quinases ati-
vadas por mitógenos (MAPK).
Todos esses efeitos do licopeno
sobre proteínas celulares contri-
buem para a prevenção da ini-
ciação e da promoção da
neoplasia prostática.
Lycopene Extracts from
Different Tomato-Based
Food Products Induce
Apoptosis in Cultured
Human Primary Prostate
Cancer Cells and Regulate
TP53, Bax and Bcl-2
Transcript Expression
Soares et al27 2017 Compreender como o lico-
peno pode diminuir o risco
de câncer de próstata
Avaliou-sea inuência do extrato
de licopeno (5 mg/ mL) a partir
de diferentes produtos à base de
tomate sobre a viabilidade celu-
lar e sobre a apoptose em células
prostáticas primárias em 96
horas. Os tecidos avaliados
foram provenientes de casos de
câncer submetidos a prostatec-
tomia radical, onde todos os
participantes forneceram seu
consentimento livre e esclare-
cido para a participação neste
estudo. Os tecidos fragmenta-
dos foram avaliados através de
ensaios de viabilidade celular,
ensaios de apoptose, quantita-
tivo de Reação em cadeia da
polimerase(PCR), e os resultados
obtidos foram avaliados por
meio de análises estatísticas.
Observou-se uma diminuição
da viabilidade celular em células
PCa após o tratamento com
todososextratosdetomate
utilizados (molho de tomate,
ketchup, pasta de tomate, e
extrato de tomate); além disso,
foi identicado um aumento da
apoptose e da regulação dos
níveis de expressão transcricio-
nal TP53, Bax e Bcl-2 em células
PCa de humanos, apontando o
licopenocomoumimportante
toquímico de importante
papel terapêutico, possivel-
mente capaz de atuar na pre-
venção da neoplasia prostática.
International Journal of Nutrology Vol. 12 No. 1/2019
Licopeno e prevenção do câncer de próstata: uma revisão integrativa Bôto et al.10
licopeno durante 24 e 48 horas, nos quais o nível de
proteína quinase B beta (AKT2) foi detectado por trans-
crição reversa reação em cadeia da polimerase quantita-
tiva, sendo elucidado que o licopeno está envolvido nos
efeitos anticancerígenos atuando na inibição da progressão
do câncer de próstata.16
Conclusão
O licopeno, por ser um composto natural, tem como principais
fontes o tomate e produtos à base do mesmo, melancia e
goiaba, conferindo grande capacidade antioxidante, sendo
capaz de atingir concentrações bastante elevadas no tecido
prostático. O licopeno tem despertado grande interesse na
comunidade cientíca como potencial agente preventivo e
terapêutico no carcinoma da próstata. Como tal, ao longo dos
últimos anos, têm-se realizado diversos estudos, tanto in vitro
quanto in vivo, além de revisões sistemáticas e metanálises, no
intuito de averiguar as potencialidades deste composto.
De modo geral, as pesquisas têm evidenciado que dentre
os principais efeitos e mecanismos que o licopeno exerce
enquanto ação biológica preventiva, cita-se sua capacidade
de inibir o crescimento e a diferenciação da neoplasia
prostática através da redução dos níveis plasmáticos de fator
de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1, na sigla
em inglês). Além disso, o mesmo atua no bloqueio da
proliferação de células primárias do epitélio primário
humano (PrE), por meio da regulação negativa da via AKT-
mTOR, de TNF-a, e da desativação da vi a MAPK. Vale salientar
que o referido composto explana ainda ação antioxidante,
anti-inamatória e pró-apoptóticas que são capazes de
modular os processos que estão elencados durante a carci-
nogênese, bloqueando o ciclo celular tumoral.
Assim, com base nos resultados obtidos por meio dos
ensaios investigados, apesar dos estudos apresentarem efeitos
sugestivos do potencial efeito preventivo e protetor do lico-
peno como agente quimiopreventivo no carcinoma da prós-
tata, ainda não evidências cientícas conclusivas, sendo
necessário realizar estudos complementares nomeadamente
mais complexos, especialmente estudos randomizados bem
desenhados, a m de compreender e conrmar as proprie-
dades do referido composto, bem como as quantidades ade-
quadas de sua suplementação e consumo para o paciente no
tocante à prevenção e ao tratamento da neoplasia de próstata.
Conitos de Interesses
Os autores declaram não haver conitos de interesses.
Referências
1Perdana NR, Mochtar CA, Umbas R, Hamid AR. The Risk Factors of
Prostate Cancer and Its Prevention: A Literat ure Review. Acta Med
Indones 2016;48(03):228238
2BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE - Incidência de Câncer no Brasil -
Instituto Nacional de Câncer: Disponível em: http://www.inca.
gov.br/estimativa/2016/index.asp?ID=2. Acesso em: 13 out . 2017.
3Trejo-Solís C, Jose Pedraza-Chaverrí J, Torres-Ramos M, Jiménez-
Farfán D, Salgado AC, Serrano-García N, Osorio-Rico L, Julio Sotelo
J. Multiple Molecular and Cellular Mechanisms of Action of
Lycopene in Cancer Inhibition. Evid Based Complement Alternat
Med 2013;21(2013):705121
4Silva CB,Moura ESB. A ação do licopeno contra o cancer. Linguagem
acadêmica 2017;7(05):4956
5Lemos Júnior HP, Brunelli MJ, Lemos ALA. Licopeno. Diagn Trata-
mento 2011;16(02):7174
6Costa JAP, Matias AGC. Câncer de próstata e a relação quimiopre-
ventiva do licopeno: revisão sistematizada.Revista Tempus Actas
de Saúde Coletiva 2014;8:223238
7Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa:
método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde
e na enfermagem. Texto Contexto Enferm Florianópolis 2008;17
(04):758764
8Li D, Chen L, Zhao W, Hao J, An R. MicroRNA-let-7f-1 is induced by
lycopene and inhibits cell proliferation and triggers apoptosis in
prostate cancer. Mol Med Rep 2016;13(03):27082714
9Wei MY, Giovannucci EL. Lycopene, Tomato Products, and Prostate
Cancer Incidence: A Review and Reassessment in the PSA Scree-
ning Era. J Oncol 2012;2012:271063
10 Paur I, Lilleby W, Bøhn SK, et al. Tomato-based randomized
controlled trial in prostate cancer patients: Effect on PSA. Clin
Nutr 2017;36(03):672679
11 Wang Y, Jacobs EJ, Newton CC, McCullough ML. Lycopene, tomato
products and prostate cancer-specic mortality among men diag-
nosed with nonmetastatic prostate cancer in theCancer Prevention
Study II Nutrition Cohort. Int J Cancer 2016;138(12):28462855
12 Morgia G, Voce S, Palmieri F, et al. Association between selenium
and lycopene supplementation and incidence of prostate cancer:
Results from the post-hoc analysis of the procomb trial. Phyto-
medicine 2017;34(34):15
13 Graff RE, Judson G, Ahearn TU, et al. Circulating Antioxidant Levels
and Riskof Prostate Cancerby TMPRSS2:ERG. Prostate 2017;77(06):
647653
14 Qiu X, Yuan Y, Vaishnav A, Tessel MA, Nonn L, van Breemen RB.
Effects of lycopene on protein expression in human primary pros-
tatic epithelial cells. Cancer Prev Res (Phila) 2013;6(05):419427
15 Ilic D, Misso M. Lycopene for the prevention and treatment of
benign prostatic hyperplasia and prostate cancer: a systematic
review. Maturitas 2012;72(04):269276
16 Ilic D, Forbes KM, Hassed C. Lycopenefor the prevention of prostate
cancer. Cochrane Database Syst Rev 2011;(11):CD008007
17 Sporn MB, Liby KT, Karen T, Liby I. Is lycopene an effective agent
for preventing prostate cancer? Cancer Prev Res (Phila) 2013;6
(05):384386
18 Holzapfel NP, Holzapfel BM, Champ S, Feldthusen J, Clements J,
Hutmacher DW. The potential role of lycopene for the prevention
and therapy of prostate cancer: from molecular mechanisms to
clinical evidence. Int J Mol Sci 2013;14(07):1462014646
19 Aguilera R, Martínez ME, Winkler AA. Co nsumo de licopeno como
reductor de incidencia en sujetos con elevado riesgo de padecer
cáncer de próstata. Medwave. Santiago de Chile 2013;13(02):xx
20 Chen J, Song Y, Zhang L. Lycopene/tomato consumption and the risk
of prostate cancer: a systematic review and meta-analysis of pros-
pective studies. J Nutr Sci Vitaminol (Tokyo) 2013;59(03):213223
21 Cheng P, Negi DS, Wang X, et al. QI, M. - Lycopene and Risko fPros tate
Cancer: A Systematic Review and Meta-Analysis. Medicine (Balti-
more) 2015;94(33)
22 Martí R, Roselló S, Cebolla-Cornejo J. Tomato as a Source of
Carotenoids and Polyphenols Targeted to Cancer Prevention.
Cancers (Basel) 2016;8(06):5860
23 BaenaRuizR,SalinasHerndezP.Cancerchemopreventionbydietary
phytochemicals: Epidemiological evidence. Maturitas 2016;94:1319
24 Rowles JL III, Ranard KM, Smith JW, An R, Erdman JW Jr. Increased
dietary and circulating lycopene are associated with reduced
prostate cancer risk: a systematic review and meta-analysis.
Prostate Cancer Prostatic Dis 2017;20(04):361377
25 Kristal AR, Till C, Platz EA, et al. Serum lycopene concentration
and prostate cancer risk: results from the Prostate Cancer
International Journal of Nutrology Vol. 12 No. 1/2019
Licopeno e prevenção do câncer de próstata: uma revisão integrativa Bôto et al. 11
Prevention Trial. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 2011;20
(04):638646
26 McDonald AC, Bunker CH, Raman J, Richie J, Patrick AL. Serum
carotenoid and retinol levels in African-Caribbean Tobagonian
men with high prostate cancer risk in comparison with African-
American men. Br J Nutr 2017;117(08):11281136
27 Soares ND, Machado CL, Trindade BB, et al. Lycopene Extracts from
Different Tomato-Based Food Products Induce Apoptosis in Cultured
Human Primary Prostate Cancer Cells and Regulate TP53, Bax and Bcl-
2 Transcript Expression.A sian PacJ Cancer Prev 2017;18(02):339345
International Journal of Nutrology Vol. 12 No. 1/2019
Licopeno e prevenção do câncer de próstata: uma revisão integrativa Bôto et al.12
Article
Full-text available
Carotenoids are the main tomato components, especially lycopene. Lycopene is more bioavailable in tomato processed products than in raw tomatos, since formation of lycopene cis-isomers during food processing and storage may increase its biological activity. In the current study, we evaluated the influence of lycopene extracts (5 mg / mL) from different tomato-based food products (paste, sauce, extract and ketchup) on cell viability and apoptosis on primary human prostate cancer cells (PCa cels) for 96h. Using MTT assay, we observed a significant decrease on primary PCa cell viability upon treatment with lycopene extracted from either 4 tomato-based food products. Flow cytometeric analysis revealed that lycopene from tomato extract and tomato sauce promoted up to fifty-fold increase on the proportion of apoptotic cells, when compared to the control group. Using real time PCR assay, we found that lycopene promoted an upregulation of TP53 and Bax transcript expression and also downregulation of Bcl-2 expression in PCa cells. In conclusion, our data demostrate that cis-lycopene promoted a significant inhibition on primary PCa cell viability, as well as an increase on their apoptotic rates, evidencing that cis-lycopene contained in tomato sauce and extract cain mainly modulate of primary human prostate cancer cell survival.
Article
Full-text available
Background & aims: The effect of lycopene-containing foods in prostate cancer development remains undetermined. We tested whether a lycopene-rich tomato intervention could reduce the levels of prostate specific antigen (PSA) in prostate cancer patients. Methods: Prior to their curative treatment, 79 patients with prostate cancer were randomized to a nutritional intervention with either 1) tomato products containing 30 mg lycopene per day; 2) tomato products plus selenium, omega-3 fatty acids, soy isoflavones, grape/pomegranate juice, and green/black tea (tomato-plus); or 3) control diet for 3 weeks. Results: The main analysis, which included patients in all risk categories, did not reveal differences in changes of PSA-values between the intervention and control groups. Post-hoc, exploratory analyses within intermediate risk (n = 41) patients based on tumor classification and Gleason score post-surgery, revealed that median PSA decreased significantly in the tomato group as compared to controls (-2.9% and +6.5% respectively, p = 0.016). In separate post-hoc analyses, we observed that median PSA-values decreased by 1% in patients with the highest increases in plasma lycopene, selenium and C20:5 n-3 fatty acid, compared to an 8.5% increase in the patients with the lowest increase in lycopene, selenium and C20:5 n-3 fatty acid (p = 0.003). Also, PSA decreased in patients with the highest increase in lycopene alone (p = 0.009). Conclusions: Three week nutritional interventions with tomato-products alone or in combination with selenium and n-3 fatty acids lower PSA in patients with non-metastatic prostate cancer. Our observation suggests that the effect may depend on both aggressiveness of the disease and the blood levels of lycopene, selenium and omega-3 fatty acids.
Article
Full-text available
A diet rich in vegetables has been associated with a reduced risk of many diseases related to aging and modern lifestyle. Over the past several decades, many researches have pointed out the direct relation between the intake of bioactive compounds present in tomato and a reduced risk of suffering different types of cancer. These bioactive constituents comprise phytochemicals such as carotenoids and polyphenols. The direct intake of these chemoprotective molecules seems to show higher efficiencies when they are ingested in its natural biological matrix than when they are ingested isolated or in dietary supplements. Consequently, there is a growing trend for improvement of the contents of these bioactive compounds in foods. The control of growing environment and processing conditions can ensure the maximum potential accumulation or moderate the loss of bioactive compounds, but the best results are obtained developing new varieties via plant breeding. The modification of single steps of metabolic pathways or their regulation via conventional breeding or genetic engineering has offered excellent results in crops such as tomato. In this review, we analyse the potential of tomato as source of the bioactive constituents with cancer-preventive properties and the result of modern breeding programs as a strategy to increase the levels of these compounds in the diet.
Article
Background: Many potential chemopreventive agents have been used in PCa prevention, including selenium (Se) and lycopene (Ly). However, their role has been matter of debate over the years, due to potential of promotion of PCa. Purpose: In this study we aimed at evaluating the incidence risk of prostate cancer (PCa) in a cohort of patients treated with Se and Ly. Methods: The Procomb trial design has been previously published (ISRCTN78639965). From April 2012 to April 2014 209 patients were followed and underwent prostate biopsy when PSA ≥4 ng/ml and/or suspicion of PCa. The all cohort was composed by patients treated with Se and Ly (Group A = 134 patients) and control (Group B = 75 patients). Results: During the follow-up time of 2 years, a total of 24 patients (11.5%) underwent prostate biopsy, of which 9 (4.3%) where diagnosed with PCa and 15 (7.2%) where diagnosed with benign prostatic hyperplasia. We did not observe statistical differences in terms of mean changes of PSA between the two groups (p-value for trend = 0.33). The relative risk (RR) for PCa was 1.07 and 0.89 in group A and B, respectively (p = 0.95). At the multivariate Cox regression analysis supplementation with Se and Ly was not associated with greater risk of PCa (hazard ratio: 1.38; p = 0.67). Conclusion: In this analysis we did not show evidences supporting a detrimental role of Selenium and Lycopene supplementation in increasing PCa after 2 years of therapy, nor supporting a protective role.
Article
Black men are known to have a higher risk for prostate cancer (PC). Carotenoids and retinol, linked to PC, have not been compared in different black populations at risk. We examined serum carotenoid and retinol levels between PC-free African-Caribbean (AC) Tobagonian men with a high PC risk (high-grade prostatic intraepithelial neoplasia, atypical foci or repeated abnormal PC screenings) and African-American (AA) men with elevated serum prostate-specific antigen (PSA) levels (≥4 ng/ml). AC men who participated in the 2003 lycopene clinical trial and AA men who participated in the 2001–2006 National Health and Nutrition Examination Survey were compared. Serum specimens were analysed for carotenoid ( β -carotene, α -carotene, β -cryptoxanthin, lutein/zeaxanthin and lycopene) and retinol levels by isocratic HPLC. Quantile regression was used to examine the association between serum carotenoid and retinol levels and black ethnicity, overall and among men with elevated serum PSA. There were sixty-nine AC men and sixty-five AA men, aged 41–79 years, included. AC men were associated with lower serum lycopene and retinol levels, and higher serum α - and β -carotenes and lutein/zeaxanthin levels compared with AA men, after adjusting for age, BMI, ever smoked cigarettes, education and hypertension ( P ≤0·03). Among men with elevated PSA, serum retinol was no longer statistically significant with ethnicity ( P =0·06). Possible differences may be attributed to dietary intake, genetics and/or factors that influence bioavailability of these micronutrients. Prospective studies are warranted that investigate whether these differences in micronutrients between AC Tobagonian and AA men influence PC risk.
Article
This is a literature review study. Data was obtained from several literature reviews and journal resources that have correlation with the risk factors involved in PCa including age, ethnicity, family history, insulin-Like growth factor, sexually transmitted disease, obesity, smoking, alcohol consumption, vasectomy, and diet, and the prevention of PCa including soy, lycopene, green tea, supplementation, and exercise.Numerous epidemiologic studies have linked PCa risk to various factors, i.e. age, ethnicity, family history, insulin like-growth factors, lifestyle, diet, environmental and occupational exposures. The results of epidemiological, In vivo, in vitro, and early clinical studies suggested that selected dietary products and supplementation may play a role in PCa prevention. More studies are still needed to explore and find the risk factors and preventive methods of PCa development. It is important for clinician to ellaborate these informations for education to lower PCa risks and prevent PCa.
Article
Background: Few studies have considered etiological differences across molecular subtypes of prostate cancer, despite potential to improve opportunities for precision prevention of a disease for which modifiable risk factors have remained elusive. Factors that lead to DNA double-strand breaks, such as oxidative stress, may promote the formation of the TMPRSS2:ERG gene fusion in prostate cancer. We tested the hypothesis that increasing levels of pre-diagnostic circulating antioxidants, which may reduce oxidative stress, are associated with lower risk of developing TMPRSS2:ERG positive prostate cancer. Methods: We conducted a nested case-control study, including 370 cases and 2,470 controls, to evaluate associations between pre-diagnostic α- and β-carotene, α- and γ-tocopherol, β-cryptoxanthin, lutein, lycopene, retinol, and selenium with the risk of prostate cancer by ERG protein expression status (a marker of TMPRSS2:ERG). Multivariable unconditional polytomous logistic regression was used to calculate odds ratios and 95% confidence intervals. Results: We did not find any of the antioxidants to be significantly associated with the risk of prostate cancer according to ERG status. Conclusions: The results do not support the hypothesis that circulating pre-diagnostic antioxidant levels protect against developing TMPRSS2:ERG positive prostate cancer. Additional studies are needed to explore mechanisms for the development of TMPRSS2:ERG positive disease. Prostate. © 2017 Wiley Periodicals, Inc.
Article
Background: In recent years, natural compounds called "phytochemicals", which are present in fruits, vegetables, and plants, have received special attention due to their potential to interfere with tumour formation and development. Many of these phytochemicals are being used in chemoprevention strategies. However, the scientific evidence regarding the modification of cancer risk continues to be debated. Objective: The aim of this paper is to review the current scientific evidence and the most relevant epidemiological studies regarding the consumption or use of phytochemicals and their effects on the incidence of cancer. Design: A search for relevant articles was conducted in EMBASE and PubMed-NCBI through to May 2016 to identify potential interactions between the consumption or use of phytochemicals and cancer risk. Results: The use or consumption of carotenoids, such as lycopene, alpha-carotene, and betacarotene, leads to a reduction in the risk of cancer, such as breast and prostate tumours. For breast cancer, beta-carotene even reduces the risk of recurrence. The use or consumption of soybean isoflavones has led to a reduction in the risk of lung, prostate, colon (in women only), and breast cancers, although this has depended on menopausal and oestrogen receptor status. The use or consumption of isothiocyanates and indole-3-carbinol also seems to reduce the risk of cancer, such as breast, stomach, colorectal, or prostate tumours. Conclusions: The adoption of a diet rich in phytochemicals is associated with a modification of cancer risk. However, the scientific data supporting its use come mainly from in vitro and in vivo studies (especially in animal models). The epidemiological evidence is inconclusive for many of these phytochemicals, so further studies are needed.
Article
While dietary lycopene and tomato products have been inversely associated with prostate cancer incidence, there is limited evidence for an association between consumption of lycopene and tomato products and prostate-cancer specific mortality (PCSM). We examined the associations of pre- and post-diagnosis dietary lycopene and tomato product intake with PCSM in a large prospective cohort. This analysis included men diagnosed with nonmetastatic prostate cancer between enrollment in the Cancer Prevention Study-II Nutrition Cohort in 1992 or 1993 and June 2011. Pre-diagnosis dietary data, collected at baseline, were available for 8,898 men, of whom 526 died of prostate cancer through 2012. Post-diagnosis dietary data, collected on follow-up surveys in 1999 and/or 2003, were available for 5,643 men, of whom 363 died of prostate cancer through 2012. Cox proportional hazards regression was used to calculate hazard ratios (HRs) and 95% confidence intervals (CIs) for PCSM. Neither pre- nor post-diagnosis dietary lycopene intake was associated with PCSM (4(th) vs. 1(st) quartile HR=1.00, 95% CI 0.78 - 1.28; HR=1.22, 95% CI 0.91 - 1.64, respectively). Similarly, neither pre- nor post-diagnosis consumption of tomato products was associated with PCSM. Among men with high-risk cancers (T3-T4, or Gleason score 8-10, or nodal involvement), consistently reporting lycopene intake ≥ median on both post-diagnosis surveys was associated with lower PCSM (HR=0.41, 95% CI 0.17 - 0.99, based on 10 PCSM cases consistently ≥ median intake) compared to consistently reporting intake < median. Future studies are needed to confirm the potential inverse association of consistently high lycopene intake with PCSM among men with high-risk prostate cancers. This article is protected by copyright. All rights reserved.
Article
Previous studies have suggested that lycopene has cytotoxic effects in a variety of types of human cancer. An improved understanding of the mechanisms underlying the anticancer effects of lycopene may provide novel therapeutic targets for cancer treatment. PC3 cells were treated with different concentrations of lycopene for 24 and 48 h, the level of protein kinase B (AKT2) was detected by reverse transcription‑quantitative polymerase chain reaction (RT‑qPCR) and western blotting. Additionally, the expression levels of microRNA (miR)‑let‑7f‑1 were measured using RT‑qPCR. miR‑let‑7f‑1 function was analyzed using cell proliferation and apoptosis assays in gain‑ and loss‑of‑function experiments. It was observed that lycopene downregulated the expression of AKT2 and upregulated the expression of miR‑let‑7f‑1 in PC3 cells. Re‑introduction of miR‑let‑7f‑1 into PC3 cells was able to inhibit cell proliferation and induce apoptosis. Further investigation indicated that miR‑let‑7f‑1 targeted AKT2 in PC3 cells and upregulation of AKT2 could attenuate the effects induced by miR‑let‑7f‑1. The results of the current study indicate that miR‑let‑7f‑1 is involved in the anticancer effects of lycopene and serves an important role in the inhibition of prostate cancer progression through the downregulation of AKT2.