O clima é um dos principais fatores que afetam a qualidade das uvas e dos vinhos com elas produ-zidos. As alterações climáticas recentes são cada vez mais evidentes, condicionando a composição e qualidade das uvas. Conseguir estabelecer relações entre a evolução do clima e da qualidade das uvas no passado, poderá permitir prever a qualidade das uvas a produzir no futuro, em função dos cenários de projeções climáticas disponíveis e, assim, analisar qual a resiliência do «terroir» numa região vitícola. O objetivo deste trabalho foi comprovar se existe uma relação próxima entre a maturação da uva de diferentes castas em parcelas de uma propriedade da Região Demarcada do Douro e índices bioclimáticos observados localmente. Para o estudo foram usados dados históricos, meteorológicos, e de maturação da uva de diferentes castas, no período entre 1991 a 2017. Verificou-se a existência de correlações significativas entre índices bioclimáticos e índices de extremos climáticos, bem como entre os índices climáticos e a qualidade das uvas à maturação. Usando estas correlações, juntamente com projeções climáticas de alta resolução, realizamos uma reflexão sobre a resiliência da qualidade das uvas e sua adequação aos vinhos nos próximos 60 anos, para prever eventuais medidas de adaptação.