ThesisPDF Available

“Bradando contra todas as opressões!”: uma etnografia sobre teias e trocas entre ativismos LGBT, negros, populares e periféricos (Campinas, 1998-2018)

Authors:

Abstract and Figures

This research contributes to the scholarship on collective actions in contemporary Brazil by analyzing the articulations between structural opportunities, political framing processes, relationship networks and activist’s repertoires of action. The ethnography focuses on the relationships established in the course of 20 years by Aos Brados!!. Based in Campinas, a metropolis situated in the countryside of the state of São Paulo, Aos Brados!! acts in the intersection between LGBT, black, popular and favela movements. In order to focus on the relationships, the research situates the trajectory of the group and of those related to it in the face of changes in the structure of opportunities in national level – such as: state permeability to social movements demands and the development of tools for socio-state participation, stage recognition, democratization of internet and of higher education access. Moreover, through the trajectories of Aos Brados!! of and its main leader, it analyses the way these actors produce, in everyday life, in local level, political commitments that mobilize certain repertoires of action. The ethnography shows the connections between structural opportunities, repertoires and frames; however, it remarks the way that the network of relationships circulates conventions and repertoires of actions that result in the political commitments effectively undertaken by the group. The methodology articulates participant-observation, document analysis and in-depth in interviews. In order to avoid arbitrary delimitations of the network of relations, the adopted procedure was to follow the relations of the oldest and well-known leadership of the group, which made it possible to cross borders between portions of a web constituted by relations between political actors as varied as managers of public policies, councilors, trade unions, political parties, cultural centers, social clubs, youth groups, Afro-Brazilian religious organizations and NGOs, and that work in diverse themes, mobilizing different repertoires.
Content may be subject to copyright.
A preview of the PDF is not available
ResearchGate has not been able to resolve any citations for this publication.
Article
Full-text available
A proposta deste artigo é examinar aspectos do movimento associativo dos negros em Rio Claro, cidade do interior paulista, na pulsante década de 1930. Atenção especial vai ser dedicada às formas de organização e articulação político-culturais levadas a cabo pela Delegação local da Frente Negra Brasileira e, em menor escala, pela Sociedade Beneficente e Instrutiva Henrique Dias, pela Associação Beneficente e Recreativa José do Patrocínio e pelo Centro Cívico e Beneficente Luiz Gama.
Article
Full-text available
Resumo Este artigo foi originalmente publicado em 1981. Ele discute questões éticas e metodológicas envolvidas no trabalho de campo com pessoas da mesma sociedade da antropóloga, mas de grupos subalternos, indagando: o que legitima os métodos científicos de investigação da vida dos outros, fazendo com que pareçam aceitáveis, ao invés de questionáveis? O estudo baseia-se na análise de Foucault sobre regimes de saber-poder nas ciências sociais, para entender o que molda diferentes metodologias de pesquisa e as práticas da autora. Considera que a pesquisa de campo é estruturada no contexto de um regime de produção de conhecimento científico que legitima relações de poder nas quais um pede para saber tudo e o outro se sente obrigado a dizer a verdade que, no entanto, só quem pergunta será capaz de revelar. O artigo argumenta que o que é apresentado como verdade ou em entrevistas ou no texto da análise é produto de uma certa relação, marcada por diferenças de poder e desigualdade social. Além disso, sugere que a relação de trabalho de campo é produtiva: o que é dito não existia antes para ser revelado, mas foi construído nessa relação desigual. Assim, a interpretação de dados de campo sempre tem que considerar as condições de sua produção.
Article
Full-text available
Os territórios negros do Guaporé são constituídos a partir de distintos processos de territorialização. Tais processos remetem à denominada “situação colonial” e à ação “bandeirante” nos confins do sertão, na busca de riquezas. Rebeldias, fugas, doenças e esgotamento das lavras de ouro constituem condições para a formação de quilombos no Guaporé. Os quilombos foram duramente perseguidos pelo governo provincial de Mato Grosso, com o esgotamento das lavras e as doenças, os senhores de escravos fugiram do Guaporé, abandonando a escravaria à própria sorte. Livres, os fugitivos e os não fugitivos passaram a povoar o vale do Guaporé e a constituir unidades familiares autônomas. Com o advento das novas frentes de expansão, os territórios passaram a ser novamente ameaçados: primeiro os seringalistas, depois os pecuaristas e o próprio Estado. É nesse contexto que se insere o povoado quilombola do Forte Príncipe da Beira.
Article
Full-text available
Neste artigo, discuto os impactos da intersecção entre Estado e ativismo a partir das relações entre ativistas e ativistas institucionais no campo LGBT em Campinas, São Paulo. Partindo de interpretações êmicas sobre a política local e baseado na trajetória de dois ativistas institucionais, demonstro como sua autoidentificação enquanto ativistas produziu uma luta de classificações em torno do que se compreende como ativismo e Estado. Essa luta de classificações mostra que, se do ponto de vista analítico, precisamos vencer a dicotomia entre Estado e movimento social para compreender os diversos sujeitos e instituições enquanto componentes de um “campo discursivo de ação”, esses mesmos sujeitos utilizam distinções entre Estado e movimento social para explicar e justificar sua atuação em tal campo. O artigo é fruto de pesquisa de mestrado realizada entre 2013 e 2015 que congregou observação participante,análise documental e entrevistas em profundidade.
Article
Full-text available
In this article, we address the processes of the production of places, identities, and cultures through analysing performances of activists from Aos Brados, in their political activities throughout Campinas, a 1 million inhabitants city located in the state of São Paulo, Brazil. Aos Brados is an activist group formed by Black LGBT people from the favelas whose main activities in the last ten years have been cultural activities. Focusing on the activities made by Aos Brados members in cultural centres and public spaces throughout Campinas, we discuss how, in such presentations, the group disputes meanings associated with the places and cultures that these places claim to represent. We sustain that it can be seen as a process of disidentification in which Aos Brados reshapes meanings associated with places and cultures, producing Black LGBT Culture from the favelas. The discussion results from shared questions in two different research concerning the effects of the intersections of race, gender, class, and sexuality on the political identity of Black LGBT activists and on the performances of young drag queens. The methodology employed congregated participant-observation and in-depth interviews.
Article
Full-text available
Dentre os temas veementes nos debates etnomusicológicos contemporâneos, as relações entre música e memória, em especial as recriações musicais, têm propiciado um terreno fértil para reflexões. É nesse campo de discussões que se insere este artigo, que parte de uma recriação musical produzida em esforço conjunto entre pesquisadora e sujeitos etnográficos para elaborar algumas reflexões. Refiro-me ao Baile para Matar Saudades, uma festa dançante realizada em Campinas, em 2014, com o objetivo de reproduzir os bailes negros dos anos 1950 no interior de São Paulo. Lançando mão das imagens desse evento, de sua preparação e de outros fazeres musicais de meus interlocutores no presente, realizei um longa metragem homônimo, como forma de disseminação da pesquisa. Na etnomusicologia, assim como na antropologia, a questão das formas de representação e expressão nativa levantam desafios, por se tratar também um campo de natureza etnográfica. O desenvolvimento desses assuntos pela antropologia visual serve de igual forma às etnografias interessadas nas interações humanas mediadas pela música, por razões que vão desde as possibilidades extratextuais de expressão da dança e da música até o diálogo etnográfico e a representatividade dos sujeitos em campo. O escopo último deste artigo, portanto, é discutir os papéis da realização fílmica numa pesquisa interessada na emersão de memórias através da recriação musical.
Article
Full-text available
Resumo Este artigo aborda a relação mutuamente constitutiva entre sujeitos e direitos através da análise de algumas das ações governamentais de promoção da igualdade de gênero e raça no Brasil contemporâneo (2003-2015). Mais especificamente, busca-se compreender os mecanismos de reconhecimento (e produção) de diferenças atrelados a uma determinada concepção de promoção da igualdade de direitos inerentes a tais processos de Estado. A proposta é refletir a respeito da coprodução e da reprodução de sentidos que a “transversalidade de gênero e raça” e a perspectiva interseccional adquirem no desenho de políticas públicas e também sobre as dinâmicas de fabricação de sujeitos e direitos enquanto parte inerente ao fluxo contínuo de fabricação do próprio Estado.