Atuando sob os princípios da “não violência ativa”, a luta dos Queixadas, operários da Fábrica de Cimento Portland Perus, localizada no bairro de Perus, instalada em 1924, configurou um novo panorama de atuação sindical que permitiu mudanças em vários aspectos, entre elas a participação das mulheres ao lado de seus maridos, conquistas trabalhistas, lutas ambientais etc. Comissões de greve visitaram fábricas, escolas, universidades e demais espaços e tais visitas repercutiram, segundo o dr. Mário Carvalho de Jesus,advogado do Sindicato dos Trabalhadores “da Cimento Perus”, em toda a cidade de São Paulo, numa demonstração de que a união e a firmeza permanente, lema do movimento, seria a forma mais eficaz e eficiente de lutar contra as forças opressoras da sociedade e a exploração do capital. O legado dessa luta resiste ao longo de décadas, por meio de um diálogo entre gerações. As histórias e memórias dos operários, ou seja, suas lutas por justiça e dignidade, além do valor arquitetônico e industrial da Fábrica, motivou odesejo pelo seu tombamento, sua preservação e por sua transformação em Centro de Cultura e Memória do Trabalhador. Além disso, essa luta que transpôs os muros da Fábrica, envolvendo a comunidade local, alcançou os muros de muitas escolas no bairro, as quais passaram a ter em sua prática educativa, dentro e fora de suas dependências, uma real articulação com temas significativos para os estudantes oriundos dessa herança Queixada, defendendo a ideia de que a educação pode ser efetivamente vista como instrumento libertador e transformador.