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Negação e Sintagma Modo em Línguas Pano. (Negation and Mood Phrase in Panoan Languages.)

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Abstract

Este trabalho compara duas línguas da família Pano internamente afastadas e faladas na Amazônia ocidental - as línguas Matsés e Marubo. O tópico principal para a comparação é a negação, buscando-se evidências para relacionar, nas línguas abordadas, tempo, aspecto e modo. Os resultados do trabalho comparativo sustentam uma projeção funcional Modo como relevante para as línguas focalizadas, podendo-se ter como hipótese de trabalho que essa projeção seja relevante para outras línguas da família.PALAVRAS-CHAVE: Sintaxe. Negação. Tempo-Aspecto. Modo. Línguas Pano.ABSTRACTThis paper compares two Panoan languages spoken in Western Amazon which are internally distant: Matsés and Marubo. The main basis for comparison is negation, on which we try to provide evidences to relate tense, aspect and mood. Our comparative findings support Mood as a functional projection. Considering Mood Phrase as revelant for those languages, our hypothesis may be also plausible for other languages concerning the same family.KEYWORDS: Syntax. Negation. Tense-aspect. Mood. Panoan languages.
Negação e Sintagma Modo em Línguas Pano*
(Negation and Mood Phrase in Panoan Languages)
Marília Facó SOARES **
MUSEU NACIONAL (MN)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ)
RESUMO
Este trabalho compara duas línguas da família Pano internamente
afastadas e faladas na Amazônia ocidental - as línguas Matsés e
Marubo. O tópico principal para a comparação é a negação,
buscando-se evidências para relacionar, nas línguas abordadas,
tempo, aspecto e modo. Os resultados do trabalho comparativo
sustentam uma projeção funcional Modo como relevante para
as línguas focalizadas, podendo-se ter como hipótese de trabalho
que essa projeção seja relevante para outras línguas da família.
PALAVRAS-CHAVE
Sintaxe. Negação. Tempo-Aspecto. Modo. Línguas Pano.
*Retomado durante o XXI Encontro Nacional da ANPOLL (GT de Línguas Indígenas), este trabalho
teve algumas de suas partes apresentadas em conferência proferida em 19.02.2005 no IV Congresso
Internacional da ABRALIN/UnB, Brasília, sob o título “Resultados recentes de pesquisas envolvendo
línguas indígenas brasileiras”.
** Sobre a autora ver página 115.
Estudos da Língua(gem) Vitória da Conquista v. 4, n .2 p. 99-115 dezembro de 2006
Estudos da Língua(gem)
Pesquisas em Línguas Indígenas
100
Marília Facó Soares
ABSTRACT
This paper compares two Panoan languages spoken in Western Amazon
which are internally distant: Matsés and Marubo. The main basis for
comparison is negation, on which we try to provide evidences to relate tense,
aspect and mood. Our comparative findings support Mood as a functional
projection. Considering Mood Phrase as revelant for those languages, our
hypothesis may be also plausible for other languages concerning the same
family.
KEYWORDS
Syntax. Negation. Tense-aspect. Mood. Panoan Languages.
Dos grupos e das línguas Pano
Os grupos Pano ocupam atualmente uma boa parte da Amazônia
ocidental, vivendo em terras que hoje pertencem ao Brasil, ao Peru e à
Bolívia. A zona geográfica ocupada pelo conjunto total dos Pano é apontada
por diferentes pesquisadores como praticamente contínua. De acordo com
o antropólogo Philippe Erikson (E
RIKSON, 1999), que se apoiou em uma
extensa bibliografia, inclusive histórica, a zona Pano, tal como se apresenta,
apontaria para uma forte similitude, formadora de um bloco homogêneo, o
que diferenciaria os Pano de outros grupos, como Tupí, Karib, Arawak e
até mesmo Jê.
De um lado, à existência de um bloco homogêneo corresponderia uma
forte coesão. Apoiado em trabalhos de arqueologia, Erikson (1999) chega a
dizer que há cerca de um milênio, a coesão Pano se manteria incólume devido
ao papel centrípeto do eixo referente ao rio Ucayali, que corre no Peru.
Por outro lado, ao se levar em consideração o ponto de vista
antropológico, os diferentes grupos Pano experimentam uma tendência à
atomização. As diferenças de registro interétnico se encontram bastante
desenvolvidas. Há uma abundância de etnônimos, inclusive no interior de
um mesmo grupo, como registrado com relação aos que, no Peru, foram
chamados de Marinahua: entre esses, verificou-se a existência de até 25
etnônimos diferentes
1
. Também parece não ser difícil encontrar situação
semelhante a dos Marubo que, conforme Melatti (1977), não aparentam
1
O testemunho é de Scott (1963) (apud ERIKSON, 1999, p. 53).
101
Negação e Sintagma Modo em Línguas Pano
dispor de nenhuma auto-designação tribal, nem sequer de “metade”, mas
que, em compensação, revelam uma abundância de seções matrimoniais,
cada uma nomeada e dotada de sua própria origem mítica. Citemos o próprio
Melatti, que diz a respeito dos Marubo:
[...] na região, mais de um grupo é assim denominado pelos
funcionários da FUNAI. Na maior parte dos casos, os chamados
Marubo, que aparecem nas notícias de jornais não pertencem ao
grupo de que estamos tratando, mas a outros, em fase de atração.
Além disso, os índios focalizados neste trabalho não reconhecem
nenhum laço com os demais grupos denominados Marubo.
Porém, foi em vão que tentamos encontrar sua auto-denominação.
Mais de um informante indígena parece admitir que eles são resultado
da reunião de remanescentes de vários grupos tribais. De fato, os
Marubo (vamos continuar usando esse nome, na falta de outro) se
classificam sob várias denominações, mas um exame mais detido de
sua regra de descendência nos faz perceber que não se trata de grupos
tribais, mas sim de segmentos da mesma sociedade, organizados em
torno de princípios de descendência... (MELATTI, 1977, p, 92-93)
Trazidos aqui, esses exemplos poderiam ser multiplicados, de acordo
com Erikson (1999). A eles se soma o fato de que a maioria das etnias Pano,
nomeadas como tal, relaciona-se a construções exógenas - as quais,
registradas externamente e oficializadas no mundo da administração indígena,
são prolongadas no meio acadêmico e ecoam junto aos próprios nativos.
Só para dar uns poucos exemplos adicionais, o termo que dá nome ao que
se conhece como família Pano significaria ‘tatu’ e estaria relacionado a um
dos ramos já desaparecido da família - um ramo dos Shetebo, do baixo
Ucayali, que teria sido o primeiro a aceitar a dominação espanhola e cuja
maneira de falar teria servido de padrão para a avaliação dos outros ramos
presentes na região.
2
O termo Marinawa, usado no Peru, significaria ‘povo[da]
cutia’ ou ‘os outros [da] cutia’ e, conforme informação que recebi de Lanes
(2005), membros da ‘etnia’ Marinawa, ao migrar para o Brasil, aceitam a
denominação Jaminawa, que, por sua vez, significa ‘povo [do] machado ou ‘os
outros [do] machado’. Marubo poderia significar ‘o conjunto dos calvos’/ ‘os calvos
2
Conforme Colini (1884, p. 530), apud Erikson (1999). Loos (1999, p. 227) cita DE LA Grasserie
(1890) para atribuir o termo Pano a uma língua extinta chamada Pano ou Wariapano/Panobo, que
Loos (ibidem) situa no interior de um subgrupo Capanawa. Especificamente com relação ao termo
Wariapano, Valenzuela (2000, p. 114) o segmenta em waria ‘espécie de tubérculo branco comestível’ e pano
‘tatu gigante’ (priodontes maximus).
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Marília Facó Soares
ou ‘os espíritos maru (invisíveis)’. Pessoalmente, tive a oportunidade de constatar
que o termo Matsés, que significa ‘gente’ e aparece nos textos e conversas
na língua dos Matis como auto-denominação desses últimos, não pode, na
prática, ser usado externamente nem no contexto indígena Pano maior,
porque os que eram conhecidos, até cerca de duas décadas atrás, como
Mayoruna conseguiram o seu “registro”, digamos, público e oficial como
Matsés, coisa de que aparentemente não desejam abrir mão, nem estender a
outros. E aos chamados Matis não resta senão a aceitação da designação
Matis, muito embora internamente se considerem Matsés.
É em meio a esse universo atomizado, difícil de ser recortado
internamente, que se coloca a contribuição - penso eu - decisiva da Lingüística.
A atomização dos grupos conhecidos como Pano representaria, a meu ver, o
contraponto ao que seria uma zona geográfica contínua. Como contraponto
à continuidade geográfica, a atomização dos grupos poderia ser um elemento
facilitador de diferenças internas, incluídas as diferenças lingüísticas. Em outros
termos, a atomização constitutiva dos Pano faria o que a descontinuidade no
tempo e no espaço pode fazer em termos de mudança lingüística.
Os estudos realizados, no âmbito das línguas Pano, por uma equipe
de pesquisadores do Museu Nacional/UFRJ (Setor de Lingüística) apóiam
a visão de que há diferenças nítidas no interior da família, tanto em termos
de padrões rítmicos, como em termos de mapeamento entre a sintaxe e a
fonologia. Os resultados obtidos até o momento mostram que, como
conseqüência dessas diferenças, as variações lingüísticas observadas não
representam meras diferenciações graduais, mas verdadeiras diferenças
substanciais, que dependem da estrutura morfológica e da estrutura sintática.
Essas diferenças colocam problemas para a classificação interna da família
e para o estudo da mudança lingüística.
A maior parte das línguas Pano caracteriza-se por apresentar
ergatividade morfológica, havendo uma série de questões sobre sua sintaxe,
como aquelas relacionadas à transitividade e à mudança de referência. Na
maior parte dessas línguas, a ergatividade é marcada morfologicamente
através de consoante nasal subjacente, o que, por sua vez, levanta questões
relativas a processos de nasalização.
Entre essas línguas, uma evidenciou-se como bastante afastada,
se levarmos em consideração uma análise por percentual de cognatos.
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Negação e Sintagma Modo em Línguas Pano
De acordo com Lanes (2000, 2005), que levantou dados de 10 línguas dessa
família no lado brasileiro, a língua Matsés possui percentuais de cognatos
compartilhados com outras línguas analisadas sempre inferiores a 36%, o
que forneceu argumentos para a proposta de que essa fosse classificada
como a mais afastada no interior do que se conhece como família lingüística
Pano. Em razão desse afastamento, consideremos aqui a língua Matsés,
comparando-a com uma outra língua integrante, no interior do conjunto
maior Pano, de um outro subconjunto, a língua Marubo, que seria mais
próxima das línguas Poyanawa, Katukina Pano, Kaxinawá, Jaminawa, Arara
e Yawanawa - essa última, em situação dialetal com o Shanenawa, segundo
Lanes (2000). O nosso tópico principal para a comparação entre Matsés e
Marubo é a negação, sendo que, através desse tópico buscamos evidências
para relacionar, nas línguas abordadas, tempo, aspecto e modo.
Matsés e Marubo
Tanto em Matsés quanto em Marubo, as evidências morfossintáticas
revelam o uso de sufixos negativos ligados ao verbo.
No caso do Matsés, Dorigo-Carvalho (1992) e Dorigo e Costa (1996)
o apresentam como língua que gramaticaliza as noções temporais de
passado (subdividido em três graus de remoto) e de não-passado, tendo
como centro dêitico o momento da fala. Nessa língua, chama a atenção a
expressão da negação através de um dentre dois sufixos negativos
agregados a um verbo, sufixos esses que podem ser vistos em (A) e que,
não raro, permitem que um verbo assim sufixado possa conviver, na
sentença e na condição de verbo principal, com um verbo auxiliar,
flexionado para tempo.
(A) Matsés - sufixos negativos
a. /-
nki
/ [
e)
kj
]
b. /- anb
/ [ã
b
]
O verbo auxiliar ganha tanto o sufixo /-
/ (tempo não-passado), quanto o
sufixo /-
/ (tempo passado recente), ambos foneticamente materializados com
oclusão glotal em posição de coda silábica. Vejam-se os dados em (01 ) e (02 ):
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Marília Facó Soares
01) a. nur-n mats
sku
s-
ele-ERG gente matar-NÃO-PASSADO
‘Ele mata gente.
b. nur-n mats
sku
s-
nki
ik-
ele-ERG gente matar- NEG AUX-NÃO-PASSADO
‘Ele não mata gente.
02) a. is- anb
ik-o
3
-bi katit
ate-n
ver-NEG AUX-PASSADO-1P jacaré rio-LOC
‘Eu não vi jacaré no rio.
b. ubi is-
eu ver-PASSADO
‘Eu vi’
Em (1b), o sufixo verbal negativo /-
nki/, combinado ao verbo
auxiliar flexionado no não-passado /ik-
/, exemplifica a negação de um fato
expresso no não-passado. E em (2a), o sufixo negativo /-anb
/ liga-se ao
verbo principal e, combinado ao verbo auxiliar flexionado no passado /ik-o/,
exemplifica a negação de um fato expresso no passado. Essas duas situações,
que são típicas, encontram-se esquematizadas em (3a ) e (3b):
03) a. Negação de um fato expresso no não-passado
V- nki
ik-
NEG AUX- NÃO-PASSADO
b. Negação de um fato expresso no passado
V- anb
ik-
NEG AUX -PASSADO
No entanto, a própria marca temporal contida no verbo auxiliar - e
que materializa, de forma geral, as noções de não-passado e passado recente na
língua - não mantêm o seu significado constante, muito embora a forma
dos morfemas temporais em questão seja a mesma. Isso ocorre quando os
mesmos sufixos negativos, presentes no verbo principal, passam a ter a
companhia, na sentença, do verbo auxiliar com sufixo de tempo em situação
de combinação diferente daquela vista em (3a) e (3b). Ou seja, quando se
tem os esquemas vistos em (4a) e (4b):
3
Os dados fonéticos de Dorigo (1992) revelam essa vogal como nasalizada.
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Negação e Sintagma Modo em Línguas Pano
4) Negação e suspensão da indicação de tempo
a. Negação de sentenças no não-passado e no passado
V- nki
ik-
NEG AUX-PASSADO
b. Negação de sentenças no passado e de sentenças que expressam a noção aspectual de
resultado de ação
V- anb
ik-
NEG AUX- NÃO-PASSADO
O que os esquemas em (4a) e (4b) mostram é uma espécie de
“suspensão” da informação temporal contida no verbo auxiliar, já que: (i) um
morfema geralmente indicador de passado na língua participa de uma
construção que, contendo o morfema
nki
no verbo principal, tanto nega
fatos no passado quanto no não-passado (caso do esquema em (4a)); (ii) um
morfema geralmente indicador de não-passado, ao integrar uma construção
negativa com o morfema anb
no verbo principal, tanto pode negar sentenças
no passado quanto sentenças que expressam a noção aspectual de resultado
de ação (caso do esquema em (4b)). A exemplificação da “suspensão” da
informação temporal notada nesses últimos dois esquemas pode ser conferida
nos dados que vão de (5) a (8), agrupados conforme os mesmos esquemas
(4a) e (4b) de que são, respectivamente, exemplo:
5) a. tiui-n nisi rakurin-
tiui-ERG cobra ter medo-NÃO PASS
‘tiui tem medo de cobra’
b. tiui-n rakurin -nki
ik-
- nisi
tiui-ERG ter medo-NEG AUX-PASSADO- 3P cobra
‘tiui não tem medo de cobra.
6) a. unbi mni-
dakut nut
eu dar-PASS roupa ele
‘Eu dei roupa pra ele’
b. nut bun-nki
ik-
-
ele querer-NEG AUX-PASSADO- 3P
‘Ele não aceitou.
7) a. ara kun-titen -pi is-
INTER minha-faca-DIM ver-PASS
Você viu minha faca?’
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Marília Facó Soares
b. is- anb
ik-
4
-bi
ver-NEG AUX-NÃO-PASSADO-1P
‘Não vi.
8) a. iuka nis-a
mandioca ralar-RESULTADO DA AÇÃO
‘ A mandioca está ralada.
b. nut iuka nis- anb
ik-
aquela mandioca ralar-NEG AUX-NÃO-PASSADO
Aquela mandioca não está ralada.
Face ao esvaziamento dos sufixos temporais do verbo auxiliar presente
nos esquemas negativos que mostramos em (4a) e (4b), Dorigo e Costa
(1996) chegam à conclusão de que as distinções aspecto-temporais passado/
não passado e passado/ resultado de ação, privilegiadas nas asserções afirmativas,
são anuladas na negação em Matsés. Em outras palavras:
A negação em Matsés torna sem efeito tanto a oposição temporal de
passado x não passado, quanto a informação aspectual de resultado
de ação, visto que a única combinação utilizada para negar essa última
noção também pode negar o verbo no passado recente (DORIGO E
COSTA, 1996, p.7)
Essa conclusão é acompanhada da hipótese de que as noções aspecto-
temporais, anuladas por determinadas combinações negativas,
seriam recuperadas pelo contexto do discurso que, por sua vez,
ressaltaria como informação relevante não a simples negação do
fato, mas a atitude do falante em relação ao mesmo (DORIGO; e
COSTA, 1996, p.7).
Assim, anuladas as distinções aspecto-temporais nos esquemas
negativos vistos em (4a) e (4b), a hipótese de Dorigo e Costa (1996) é a de que
a atitude do falante embutida nesses esquemas é a que se encontra em (9):
9) Anulação de distinções aspecto-temporais
a. Negação de sentenças no não-passado e no passado
O falante nega um fato expresso pelo verbo, contrariando a expectativa do ouvinte
4
Idem nota 3.
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Negação e Sintagma Modo em Línguas Pano
V-
nki
ik-
NEG AUX -PASSADO
b. Negação de sentenças no passado e de sentenças que expressam a noção aspectual de
resultado de ação
O falante afirma/confirma que o acontecimento de fato não ocorreu
V- anb
(i) k-
NEG AUX- NÃO-PASSADO
Passando ao caso da língua Marubo, a situação encontrada é aquela
vista em (B), de acordo com a análise de Costa (1992):
(B) Marubo - sufixo negativo
/ - ma/
Em Marubo, a negação se expressa através de um único morfema
afixado ao verbo principal e, em determinados tipos de sentença, aos
auxiliares que acompanham verbos transitivos e intransitivos,
respectivamente, os auxiliares aka e iki. Exemplos disso podem ser vistos
de (10) a (13), onde se encontram sentenças declarativas e as negativas que
lhes correspondem:
10) a. si
na-N wi
a-ø wia-ai
sina-ERG carta-ABS escrever-PRES/PAS
5
sina escreveu/está escrevendo a carta.’
b. sina wi
awia-ma
sina carta escrever-NEG
sina não escreveu/está escrevendo a carta.
11) a. a-N miN pani-ø N- mat-vai na-ava-ma
eu-ERG 2S POSS rede-ABS 1S-terminar-PAS DEM-dia NEG
‘Eu terminei tua rede ontem.
b. amat-ma pani
eu terminar-NEG rede
‘Eu não terminei a rede.
12) a. mma-N miuN-ø anuN aka
mma-ERG curupira-ABS acreditar AUX(TR)
‘mma acredita em curupira.
5
De acordo com os Marubo com os quais trabalhei, o sufixo temporal -ai não só inclui o momento da
fala, mas também recobre eventos localizados na manhã do dia em que se fala.
108
Marília Facó Soares
b. mma-n miun-ø anun a-ka-ma
mma-ERG curupira-ABS acreditar AUX(TR)- PRES-NEG
‘mma não acredita em curupira.
13) a. pani-ø tua iki
rede-ABS rasgar AUX(IN)
A rede rasgou’
b. pani tua iki-ma
rede rasgar AUX(IN)-NEG
A rede não rasgou’
Os dados de (10) a (13) mostram a afixação da negação a um verbo
principal (como em (10b), (11b)) ou a um verbo auxiliar (como em (12b),
(13b)), quando esse se faz presente na sentença. Além da marcação no verbo,
é preciso notar que o mesmo morfema de negação pode ser afixado a um
nome, conforme ocorre em (11a), repetido a seguir como (14).
14) a-N miN pani-øN-mat-vai na-ava-ma
eu-ERG 2S POSS rede-ABS 1S-terminar-PAS DEM-dia NEG
‘Eu terminei tua rede ontem.
Destacamos esse fato, registrando que, conforme a análise de Costa
(1992), o Marubo é uma língua que não apresenta verbo copular. Em dados
que corresponderiam a sentenças com cópula em outras línguas, o marcador
de negação se sufixa ao nome, como se vê nos dados de (15 ) a ( 17) :
15) a. puki aN vak
puki-ABS 3S POSS filho
‘puki é filho dela.
b. puki aN vak-ma-ivi
puki 3S POSS filho-NEG-ENFAT
‘puki não é filho dela!’
16) a. waka-ø ua-ka
rio-ABS longe-PERMAN
‘O rio é longe.
b. waka ua-ma
rio longe-NEG
‘O rio não é longe/ é perto.
17) a. uki-ø uNi-ya
milho-ABS maduro-PRES-RESULT
‘O milho está maduro.
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Negação e Sintagma Modo em Línguas Pano
b. uki uni-ma
milho maduro-NEG
‘O milho não está maduro.
Boa parte dos dados até agora mostrados revela que o sufixo de
negação -ma é utilizado, em Marubo, independentemente do tempo e do
aspecto verbal da sentença. Ao serem comparadas determinadas sentenças
afirmativas com as negativas correspondentes, é possível observar que
sufixos temporais ou aspectuais que se fazem presentes nas afirmativas não
ocorrem nas negativas. Isso pode ser observado no confronto entre (10a) e
(10b), (11a) e (11b), (16a) e (16b). Também é possível verificar que os
morfemas de tempo/aspecto e o morfema de negação ocupam a mesma
posição (ambos ocorrem imediatamente após a raiz verbal ou nominal),
podendo-se dizer que possuem a mesma distribuição. Com isso, é possível
afirmar que, também para o Marubo, existe uma anulação das distinções
aspecto-temporais quando está em jogo a negação.
A anulação de distinções temporais se dá em sentenças que indicam
tempo presente ou passado. Em sentenças negativas que indicam tempo
futuro, tem-se um verbo principal e um auxiliar, sendo que o morfema de
negação, nesse caso, vem afixado ao verbo principal, enquanto o morfema
temporal se sufixa ao auxiliar. Vejam-se, por exemplo, os dados em (18):
18) a. tanu-N maNsNpak-ai
tanu-ERG cuia-ABS derrubar -PRES/PAS
tanu derrubou a cuia.
b. a maNsNpak-ma ik-atsai
eu cuia derrubar-NEG AUX (IN)-FUT
‘Eu não vou derrubar a cuia.
A marca de aspecto continuativo também permanece na variante
negativa, em construções que apresentam apenas o verbo principal, caso
em que o morfema de negação toma o lugar do morfema temporal, como
se pode ver em (19):
19) a. a kap yamama-mis-ka
ele jacaré matar-CONT-PRES
‘Ele sempre mata jacaré.
110
Marília Facó Soares
b. akap yamama-mis-ma
ele jacaré matar -CONT-NEG
‘Ele nunca mata jacaré.
A explicação para que as marcas de tempo e aspecto permaneçam
em sentenças declarativas negativas do Marubo foi avançada por Dorigo e
Costa (1996), que afirmaram:
Tais fatos nos levam a concluir que a ausência/presença dessas marcas
está associada às distinções de modo realis/irrealis da asserção. O
modo realis se refere a situações que realmente aconteceram no
passado ou estão acontecendo no presente, enquanto o modo irrealis
é usado para situações hipotéticas, incluindo situações que são
previsíveis para o futuro e situações que representam generalizações
(cf. COMRIE, 1985). Essa distinção repercurte na negação no seguinte
sentido: as formas que expressam o modo realis são anuladas porque
a declarativa negativa nega a realidade do evento/estado, ao passo
que as formas que expressam o modo irrealis permanecem porque
não é possível negar um evento/estado irreal, isto é, um fato que na
realidade não está acontecendo ou ainda não aconteceu até o
momento presente (DORIGO; COSTA 1996, p. 10-11).
Comparando-se os fatos das duas línguas, é possível constatar algumas
diferenças. Em Matsés, não há relação entre a negação e a quebra da
ergatividade, já em Marubo, há. No Matsés, em alguns casos, as combinações
negativas carregam informações com respeito à atitude do falante diante do
fato negado. Em Marubo, a marca negativa não veicula nenhuma informação
quanto à atitude do falante.
É fato comum entre as duas línguas a anulação das distinções aspecto-
temporais quando está em jogo a negação, sendo que algumas características
são dignas de nota, a saber:
(i) marcas aspecto-temporais estão em uma espécie de distribuição
complementar com a marca de negação (caso do Marubo);
(ii) marcas aspecto-temporais têm a sua anulação aparentemente
dependente em determinados casos, de uma interação com os
morfemas de negação (caso do Matsés);
(iii) quando tempo ou aspecto e negação coexistem em uma sentença,
distribuem-se pelo verbo principal e por um verbo auxiliar, não
ocorrendo juntas em um mesmo verbo (o que acontece em ambas
as línguas);
(iv) as exceções - quando tempo ou aspecto e negação ocorrem em um
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Negação e Sintagma Modo em Línguas Pano
mesmo verbo - parecem se dever ao modo irrealis (caso do Marubo);
(v) uma informação relativa a modo também poderia ser pertinente
para o Matsés - informação relacionável à atitude do falante ao utilizar
determinadas combinações negativas.
No caso da distribuição complementar entre marcas aspecto-temporais
e morfema de negação, as indicações não são de autonomia de uma projeção
funcional de Sintagma Negativo (NegPhrase), que disporia de um núcleo e de um
item que funcionaria como seu especificador (como seria, por exemplo, o caso
do francês, em que os elementos ne e pas são constituintes de uma categoria
negativa, nela funcionando, respectivamente, como núcleo e especificador). As
indicações também não parecem ser a da existência de uma categoria [funcional]
Sintagma Negativo que selecionaria um Sintagma Temporal. Isso porque esse
tipo de seleção implica uma coocorrência entre negação e tempo, mas não a sua
distribuição complementar. Como não nos parece haver indicações de um
Sintagma Negativo ou mesmo de um Sintagma Negativo que selecione um
Sintagma Temporal, nossa aposta, a partir dos resultados da pesquisa - mesmo
que parciais - é a de que vale a pena pensar em uma projeção funcional Modo
realis/irrealis através da qual possam ser relacionados tempo-aspecto e negação.
Uma projeção funcional Modo também poderia ser pertinente e
explicativa para o Matsés, sendo que, no caso dessa língua, há que se resolver,
para determinados casos, a questão da aparente interação entre o morfema de
negação que se superficializa no verbo principal e o morfema de tempo que fica
no verbo auxiliar (devidamente anulado em favor de uma interpretação relativa
à atitude do falante). Como os dois tipos de morfema parecem se “enxergar”,
cabe uma investigação maior da estrutura/projeção do verbo auxiliar.
À guisa de conclusão
Como resultado do trabalho comparativo, surge uma projeção
funcional Modo como relevante para as línguas Matsés e Marubo em termos
da relação negação/tempo-aspecto. Face a essa mesma relação, poderia ser
ela relevante para outras línguas da mesma família? Estaria ela envolvida na
mudança de valores paramétricos especificáveis para essas línguas?
Há boas indicações nesse sentido, provenientes de línguas próximas
quer do Marubo, quer do Matsés. O Kaxinawá, por exemplo, é língua
112
Marília Facó Soares
apontada como integrando o mesmo subconjunto do Marubo e exibe
construções em que formas passíveis de serem vinculadas ao modo realis
deixam de conter informação temporal ao estar em jogo a negação. É o que
se vê em determinados dados dessa língua em (C) abaixo. Vale notar que,
aproximando-se do Marubo, o Kaxinawá mostra a convivência, na mesma
forma verbal, de aspecto habitual e negação (cf. dados, segmentação, glosas
e notação em Camargo, 1991, p.208-209, p.435). Já o Matis, que integraria o
mesmo subconjunto que o Matsés, deixa ver uma espécie de concordância
entre tempo e negação, a se levar em conta afirmação de Ferreira (2001, p.
72-73), segundo a qual os “sufixos que indicam negação concordam com o
tempo em que a sentença está expressa”. É o que mostram os dados em (D)
mais adiante (idem, ibidem), em que o sufixo negativo -men é utilizado em
combinação com o não-passado, enquanto o sufixo negativo -ma acompanha
o passado. Essa utilização conjunta de morfemas aponta para uma situação
similar à do Matsés, em que marcas de tempo/aspecto interagem com marcas
de negação.
(C) Kaxinawa
a)
/n baka biaii/
// -n/ baka/ bi-ai-i //
//1s-agente/ peixe/ pegar-atual-presente//
‘ eu pesco peixe ’
b)
/n baka bimaki/
// -n/ baka/ bi-ma-ki //
//1s-agente/ peixe/ pegar-neg-asserção//
‘ eu não pesco peixe ’
(no sentido de que não se tem sucesso em pegá-lo)
c)
/n baka biisma/
// -n/ baka/ bi-is-ma //
//1s-agente/ peixe/ pegar-habitual-neg//
‘ eu não tenho o hábito de pescar peixe ’
(D) Matis
a. natsikin mi -n -bi pe -e -men
Qu- 2 -ergativo -sg comer -n.pass. -neg.n.pass
‘Por que você não come?’
113
Negação e Sintagma Modo em Línguas Pano
b. -n -bi pe -a -ma
1 -ergativo -sg. comer -pass.im. -neg.pass
‘Eu não comi’
Constituindo boas indicações, esses últimos dados permitem que se
tenha como hipótese de trabalho que a projeção funcional Modo seja
relevante para outras línguas da família. Ao mesmo tempo, demandam um
aprofundamento de estudos nas línguas em causa, não só de forma a se
chegar a generalizações descritivas sobre a sintaxe da negação, mas também
de forma a se poder falar com segurança em mudança de valores paramétricos
no contexto da família lingüística Pano. Assim, ao lado de nossa conclusão
sobre a existência de uma projeção funcional Modo, através da qual possam
ser relacionados tempo, aspecto e modo em Matsés e Marubo, ressaltamos
aqui um ponto, que é o de criar condições para realizar o trabalho de
comparação a partir de descrições que possam elas próprias permitir a
comparação de sistemas sintáticos. Com isso, sobressai a questão da
convivência de diferentes tipos de notação teoricamente comprometida,
suas possibilidades de conversão ou não. Seja como for, se teoria e descrição
andarem juntas, sempre se poderá melhorar uma e outra, a partir de
resultados de pesquisa que formos paulatinamente alcançando.
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Recebido em julho de 2006.
Aprovado para publicação em novembro de 2006.
Publicado em dezembro de 2006.
115
Negação e Sintagma Modo em Línguas Pano
SOBRE A AUTORA
Marília Facó Soares é doutora em Lingüística pela Universidade
Estadual de Campinas - Unicamp. É professora Associada I do
Museu Nacional e Pesquisadora nível I do CNPq. Atua como
docente nos Programas de Pós-Graduação em Lingüística
(Faculdade de Letras/UFRJ) e de Antropologia Social (Museu
Nacional/UFRJ). Atua no campo da educação indígena, com
assessoria, por mais de dez anos, a projetos diretamente voltados
para populações indígenas. Coordenou projetos de colaboração
com equipes francesas no âmbito do acordo CAPES/COFECUB
(projetos: Línguas da Amazônia: Estudos de Modalidade
Cognitiva e de Prosódia , 2002-2005 e Rede Franco-Brasileira de
Estudos das Línguas Indígenas do Brasil, 1997-1998; 1999-2001).
Atuou como pesquisadora no CNRS (1994), junto ao então
Laboratório de Etnolingüística Ameríndia, atual CELIA Centre
d Etudes des Langues Indigènes d Amérique. Em 2003,
coordenou e executou a parte de lingüística do CD-Rom Magüta
Arü Inü [ Pensamento dos Magüta ]. É líder do grupo de pesquisa
Línguas Indígenas: Fonologia, Gramática e História (CNPq/UFRJ);
pesquisadora do grupo de pesquisa História e etnografia na
Fronteira Amazônica, do Museu Paraense Emílio Goeldi
(MPEG). Áreas de pesquisa: Teoria e Análise lingüística;
Lingüística Histórica; Lingüística Aplicada; Línguas Indígenas.
E-mail: marilia.faco@pesquisador.cnpq.br
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