ArticlePDF Available

Cardina I-Salto do Boi: cinco metros de arquivo da ocupação paleolítica no Vale do Côa. In Côavisão

Authors:
  • Fundação Côa Parque
  • Fundação Côa Parque
21
CÔAVISÃO 21
COORDENAÇÃO
José Manuel Costa Ribeiro
António N. Sá Coixão
EDIÇÃO
Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa
Praça do Município
5150-642 Vila Nova de Foz Côa
COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO
Tipograa Lobão, Lda.
Almada
DEPÓSITO LEGAL
121116/98
ISSN
2183-234X
TIRAGEM
750 exemplares
CAPA
O Douro e o Pocinho
Fotograa de José Ribeiro
DATA DE EDIÇÃO
Maio de 2019
PERIODICIDADE
Anual
Os textos apresentados são de inteira responsabilidade de seus autores.
í
63
sua funcionalidade ao longo do tempo, assim como
a relação entre as suas fases de ocupação e as da
arte rupestre do Vale.
Depois dos trabalhos de 2017 terem documentado
a presença do Homem de Neandertal e dos primei-
ros Homens Anatomicamente Modernos neste local
(Aubry et al., 2018), os objetivos da campanha de
escavação de 2018 consistiram na caraterização dos
níveis de ocupação do Paleolítico Superior antigo
e do Paleolítico Médio, preservados na unidade es-
tratigráca (UE) 5, e na determinação do potencial
arqueológico e sedimentar do sítio. Esta escavação
foi efetuada no âmbito do PIPA iniciado em 2017: Do
Neandertal ao Homem anatomicamente moderno no
centro da Península Ibérica: simbolismo e redes sociais
no Vale do Côa.
Os trabalhos de campo no sítio da Cardina tinham
como objetivo principal a denição das modalidades
da sua ocupação ao longo da sequência estratigrá-
ca, que é a mais completa conhecida, até à data,
para o Paleolítico Médio e Superior no Vale do Côa
(Aubry et al., 2016, 2018).
Os resultados dos trabalhos de escavação realizados
em 2018 foram apresentados na comunicação inti-
tulada: “Néanderthal et premiers hommes anatomi-
quement modernes dans la vallée du Côa”, durante
a 3ª sessão do Côa Symposium e uma visita ao sítio da
Cardina-Salto do Boi foi organizada no âmbito desta
reunião (Santos e Aubry, 2019).
2. Objetivos especícos dos trabalhos de 2018
Os trabalhos de campo realizados em 2018 tiveram
como objetivos especícos: avaliar a integridade dos
depósitos quaternários preservados no sítio e preci-
sar a sequência da sua ocupação humana em função
dos resultados obtidos no ano anterior, que atesta-
vam, desde logo, a presença no sítio dos primeiros
Homens Anatomicamente Modernos e do Homem
de Neandertal. Tais objetivos foram perseguidos me-
diante a continuação da escavação da unidade estra-
tigráca 5, iniciada em 2017, nos quadrados H’/I’17/19
e A’/Z6/8 (Fig. 1).
Cardina I – Salto do Boi:
cinco metros de arquivo
da ocupação paleolítica
no Vale do Côa
Thierry AUBRY1,2, António Fernando
BARBOSA1, Cristina GAMEIRO2,
Luís LUÍS1,2, André Tomás SANTOS1,2,
Marcelo SILVESTRE1
Resumo
Parafraseando o título de um artigo publicado nesta
revista que dava a conhecer um testemunho sedi-
mentar excecional preservado nas Olgas de Ervamoi-
ra (Aubry et al., 2010), os trabalhos de arqueologia
realizados em 2018 no sítio da Cardina revelaram a
existência de uma sequência sedimentar com cerca
de cinco metros As camadas mais antigas (7, 6 e 5),
de origem aluvial, preservam vestígios da passagem
do homem de Neandertal, desde há mais de 80.000
anos até o seu desaparecimento.
1. Introdução
A Cardina (Salto do Boi) foi o primeiro sítio arqueo-
lógico com ocupação paleolítica identicado em
1995 no Vale do Côa (Zilhão et al, 1995). As inter-
venções arqueológicas realizadas entre 1996 e 2001
vieram atestar uma sequência de ocupação paleo-
lítica, com diferentes fases entre o Gravettense e
o Azilense, bem como identicar um conjunto de
estruturas a elas associadas (Aubry et al, 2009). De
2014 a 2016, o sítio voltou a ser objeto de trabalhos
de escavação no âmbito do Projeto de Investigação
Plurianual de Arqueologia “Cronologia e paleoam-
bientes da ocupação paleolítica do Vale do Côa”,
com o objetivo de precisar a sequência crono-estra-
tigráca da sua ocupação, compreender melhor a
1 Fundação Côa Parque, Rua do Museu, 5050-610 Vila Nova de
Foz Côa
2 UNIARQ, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Ala-
meda da Universidade, 1600-214 Lisboa
64
coavisão.21.2019
Cardina I – Salto do Boi: cinco metros de arquivo da ocupação paleolítica no Vale do Côa | Thierry Aubry, António Fernando Barbosa, Cristina Gameiro, Luís Luís, André Tomás Santos, Marcelo Silvestre
Os trabalhos realizados em 2018 decorreram inin-
terruptamente entre os dias 23 de abril e 5 de julho
e foram assegurados pela equipa permanente de ar-
queologia da Fundação Côa Parque, constituída por
Thierry Aubry, António Fernando Barbosa, Luís Luís,
André Tomás Santos e Marcelo Silvestre. Para além
desta mesma equipa, participaram nos trabalhos: Ale-
xandre Varanda, Ana Pinto Salgado, Cristina Gameiro,
Henrique Matias, Luís Gomes (UNIARQ, Faculdade de
Letras da Universidade de Lisboa), Ana Cristina Araú-
jo, Ana Costa (DGPC - Laboratório de Arqueociências),
Lisa-Elen Meyering (Durham University), Gauthier Tru-
melle, Isabelle Mondou (Université de Toulouse), Xa-
vier Mangado, Mercé Bergada, Hector Martínez Grau,
Oscar Perez Parque (SERP, Universitat de Barcelona)
e Bastien Parrondo (Université de Paris I).
Os sedimentos da unidade estratigráca 5 foram es-
cavados, nos quadrados H’/I’17/19, por quadrantes
de metro quadrado (A [sudeste], B [sudoeste], C
[Nordeste] e D [Noroeste]) e unidades articiais de
5 cm de espessura (UA) (Fig. 2A). Já os sedimentos
da base da unidade estratigráca 4 e da unidade 5
dos quadrados Z/A’6/8 foram escavados por metro
quadrado e unidades articiais de 5 cm de espessura
(Fig. 2B). A integralidade dos depósitos removidos
Fig. 1: Localização das áreas escavadas no sítio de Cardina-
Salto do Boi, durante as campanhas de escavação de 1997
a 2018
Fig. 2: A) Escavação da unidade
5 na área Z/A’6/8; B) Escavação
dos quadrados H’/I’17/19; C)
Crivagem a água
65
coavisão.21.2019
Ciência
queno módulo. Os sedimentos das unidades 6 e 7 dos
quadrados H’/I’17/19 não foram crivados. Procedeu-se
à documentação sistemática em 3 dimensões da inte-
gralidade dos vestígios líticos encontrados durante a
escavação nestas duas unidades estratigrácas.
Anteriormente à escavação, nos dias 17, 18 e 19 de
abril, foi construída uma área de apoio ao processo
de crivagem dos sedimentos a água. Esta área con-
siste numa plataforma de sustentação dos depósitos
de água e numa área fronteira de circulação cimen-
tada, o que permite uma gestão mais ecaz da água,
nas duas áreas foi crivada a água com uma malha de
2 mm (Fig. 2C). Em simultâneo, procedeu-se à docu-
mentação sistemática (desenho a escala 1:10, Fig. 3)
e localização tridimensional dos elementos pétreos
de mais de 5 cm (e mesmo de menores dimensões
no caso das estruturas bem denidas). Nos quadra-
dos H’/I’17/19, estes elementos pétreos, devidamen-
te orientados por uma seta na face superior, foram
depositados nas reservas do Museu do Côa.
A crivagem com água dos sedimentos do topo da
unidade 6 revelou a ausência dos elementos de pe-
Fig. 3: A) Plantas da unidade estratigráca 5, unidade articial 25 dos quadrados H’/I’17/19; B) unidade estratigráca 5/
unidade articial 15 dos quadrados Z/A’6/8 intervencionados durante a campanha de escavação de 2018
66
coavisão.21.2019
Cardina I – Salto do Boi: cinco metros de arquivo da ocupação paleolítica no Vale do Côa | Thierry Aubry, António Fernando Barbosa, Cristina Gameiro, Luís Luís, André Tomás Santos, Marcelo Silvestre
ra ao nível da textura, da estrutura ou da tonalidade
dos sedimentos, ao longo dos cerca de 2 metros da
sua espessura (Fig. 5).
O corte revela, no entanto, a existência de alguns ní-
veis com uma proporção mais signicativa de pedra. A
matéria-prima sugere que a sua presença resulta de um
transporte antrópico, de elementos pétreos locais.
A unidade 5 e as unidades 6, 7 e 8 apresentam carac-
terísticas distintas, com elementos comuns para as
três últimas, entre os quais se conta uma tonalidade
mais clara, particularmente evidente em corte (Fig.
5). As subdivisões propostas no campo para as uni-
dades mais antigas resultam da proporção mais ou
menos signicativa de pedras em cada uma delas.
Os vestígios líticos apresentam um bom estado de
conservação, com os gumes frescos e concreções de
manganês ou de sílica nas suas faces.
assim como melhorar as condições de trabalho e se-
gurança do processo (Fig. 2C).
3. Resultados
3.1. Área dos quadrados H’/I’17/19
A escavação da unidade 5, nos quadrados H’/I’17/19,
foi retomada a partir da sua unidade articial 21. Os
depósitos existentes entre esta unidade e a 37 apre-
sentam características texturais idênticas.
A escavação evidenciou ainda 3 outras unidades li-
toestratigrácas (6, 7 e 8), que terminam uma se-
quência sedimentar com uma espessura total de cer-
ca de 5 metros de espessura (Fig. 4).
Nem o processo de escavação, nem o exame ma-
croscópico da unidade estratigráca 5 nos quatro
cortes evidenciados, revelou qualquer mudança cla-
Fig. 4: Sequência litoestratigráca observada no corte
oeste da sondagem H’/I’17/19, com a distribuição dos
limites verticais das unidades articiais e a localização
das amostras sedimentológicas, micromorfológicas e
para datação por luminescência
Fig. 5: Fotomontagem do corte de referência entre os
quadrados I e J, da área H’/I’17/19
67
coavisão.21.2019
Ciência
Relativamente ao conteúdo arqueológico, as obser-
vações efetuadas durante a escavação e a crivagem
dos sedimentos, assim como o estudo sistemático dos
vestígios de pedra lascada, demonstraram a existência
de vestígios ao longo de toda a unidade estratigraa
5, apresentando, no entanto, alguns níveis articiais,
mais densidade de materiais que outros (Fig. 6).
Tecnologicamente, as indústrias líticas recolhidas
entre as unidades articiais 10 e 37 da unidade es-
tratigráca 5 apresentam uma grande homoge-
neidade do ponto de vista da matéria-prima (Fig.
Fig. 6: Distribuição dos vestígios líticos por unidade arti-
cial e estratigráca da sondagem H’I’17/19, em peso
Fig. 7: Distribuição dos vestígios líticos dos quadrados
H’/I’17/19, por matéria-prima lítica, Unidades Estratigrá-
cas e Unidades Articiais
68
coavisão.21.2019
Cardina I – Salto do Boi: cinco metros de arquivo da ocupação paleolítica no Vale do Côa | Thierry Aubry, António Fernando Barbosa, Cristina Gameiro, Luís Luís, André Tomás Santos, Marcelo Silvestre
7), caraterizada pelo domínio do quartzo de lão,
disponível localmente. Constata-se, também, a uti-
lização do cristal de rocha, sobretudo nos níveis
mais recentes, bem como uma fraca proporção de
quartzito, apesar desta matéria-prima estar dispo-
nível nas aluviões do rio Côa. Rera-se a ausência
do sílex de origem extrarregional, o que contrasta
com a presença sistemática, mesmo que em pouca
quantidade, nas unidades articiais escavadas até à
9 da unidade estratigráca 5.
De um ponto de vista tipotecnológico, apesar dos
núcleos e esquírolas estarem sub-representados, os
vestígios líticos das unidades entre a 5/10 e a 5/37 re-
velam a utilização de um esquema de debitagem de
tipo discoide, para a produção de lascas e pontas de
morfologia triangulares (Fig. 8).
Fig. 8: Vestígios líticos da unidade estratigráca 5, unidade articial 10/37 da sondagem H’I’17/19
Nas unidades articiais 24 a 29 da unidade estratigrá-
ca 5, foram descobertos elementos, entre os quais
um núcleo, que sugerem uma produção de peque-
nas lascas e lamelas.
As remontagens entre vestígios líticos de pedra las-
cada e entre termoclastos, revelam a existência de
relações verticais entre elementos provenientes de
unidades articiais distintas, podendo as diferenças
de cota entre eles atingir os 20 cm (Fig. 9).
Os vestígios líticos recolhidos nas unidades 6 e 7
revelam a utilização de um esquema de produção
discoide e Levallois, de tipo recorrente centrípeto
(Fig. 10). Este último modo de debitagem não se
identifica entre o material descoberto na unidade
5. Na unidade estratigráfica 7 foram descobertas
duas lascas com retoque inverso no bordo distal,
69
coavisão.21.2019
Ciência
Fig. 9: Distribuição tridimensional dos vestígios líticos desenhados e das remontagens entre
vestígios de pedra lascada
Fig. 10: Vestígios líticos de pedra lascada das
unidades estratigrácas 6 e 7 da sondagem
H’I’17/19
perpendicular ao eixo de debitagem (Fig. 10, nº4
e 7).
Não foi exumado qualquer vestígio de pedra lascada
na unidade estratigráca 8.
2. Área Z/A’6/8
Os trabalhos de escavação de 2014 tinham evidencia-
do que, na sondagem A’6/7, a unidade estratigráca
4 apresentava uma espessura mais signicativa que
nas duas outras sondagens realizadas então no sítio
(U’15/16 e I’16/17). Este facto foi interpretado como
resultante de uma melhor preservação nesta área
do sítio dos eventuais níveis de ocupação magda-
lenenses e dos depósitos tardiglaciares coevos, do
que nas outras áreas escavadas em 2014 e 2015 (Au-
bry et al., 2015).
A vericação desta hipótese, em 2017, que passou
pelo alargamento da área escavada em 2014, conr-
mou a preservação de estruturas associadas a vestí-
gios de ocupações do sítio durante o Pré-Boreal, mas
também de uma ocupação do Solutrense médio (evi-
denciada por um fragmento de folha de loureiro des-
coberto na UE4/UA6 do quadrado Z’6) e de uma do
Gravettense nal, diagnosticada pela presença de
lamelas de dorso típicas que apareciam associadas
a uma acumulação de elementos pétreos nas unida-
70
coavisão.21.2019
Cardina I – Salto do Boi: cinco metros de arquivo da ocupação paleolítica no Vale do Côa | Thierry Aubry, António Fernando Barbosa, Cristina Gameiro, Luís Luís, André Tomás Santos, Marcelo Silvestre
te na transição de uma produção de lascas pelos mé-
todos discoide e prismático, essencialmente efetuada
sobre quartzo local, nos níveis mais antigos, para uma
produção lamelar associada à utilização de sílex e ro-
chas lonianas de grão no, nos mais recentes.
Na unidade 5, os vestígios de tipotecnologia atribuí-
veis ao Paleolítico Médio (Fig. 13) foram encontra-
dos a partir da unidade articial 10.
4. Geologia
No âmbito do estudo geomorfológico e dos proces-
sos geológicos de formação do sítio, foram recolhi-
das amostras de sedimentos nas unidades estratigrá-
cas 6, 7 e 8 no corte de referência entre as bandas I’
e J’ da área H’/I’17/19 (Fig. 4). Estes trabalhos foram
supervisionados por Luca Dimuccio.
des articiais 6 e 7. Estes dados mostravam, assim,
que a espessura da UE4 nesta área resultaria de uma
melhor taxa de sedimentação ocorrida durante o m
do Gravettense e não durante o Magdalenense, con-
tradizendo a hipótese inicial.
A continuação em 2018 da escavação da unidade es-
tratigráca 5 não permitiu a identicação de nenhu-
ma estrutura do tipo da estrutura gravettense B, es-
cavada na área H’/I’16/19 em 2017, mas revelou uma
sequência estratigráca semelhante à observada no
topo da unidade 5 (Fig. 11). O estudo dos vestígios
líticos evidenciou a produção e presença de lamelas
retocadas até à unidade articial 5.
A distribuição por matéria-prima lítica e o estudo tec-
nológico dos vestígios ao longo das unidades estrati-
grácas e articiais (Fig. 12) revelam uma rutura clara,
semelhante à observada na área H’/I’17/19, que consis-
Fig. 11: Sequência litoestratigráca observada no corte este da sondagem Z/A’6/8
71
coavisão.21.2019
Ciência
Estas amostras, bem como as outras recolhidas no
m da campanha de 2017 nas unidades estratigrá-
cas 1, 2, 3, 4, 4B e 5, foram objeto de uma análise
granulométrica e de determinação das argilas. As
primeiras observações no campo, que indicavam
uma possível componente aluvial nos processos de
formação das unidades estratigrácas 5 a 8, foram
conrmadas pelos resultados das análises granulo-
métricas.
Durante a campanha de escavação foram recolhidas
10 amostras micromorfológicas, sob a supervisão de
Mercé Bergada (SERP, Universidade de Barcelona),
nas unidades estratigrácas 4, 4B e 5, no quadrado
J’19 do corte norte da área H’/I’17/19 (Fig. 14).
Estas amostras estão em curso de preparação e de
estudo. Os resultados do estudo de granulometria,
determinação das argilas e de micromorfologia se-
rão integrados na publicação das datas obtidas por
luminescência, em preparação.
5. Datações por luminescência
Como relatado anteriormente nesta revista (Aubry
et al., 2018), em abril 2017, foram recolhidas 10 amos-
tras de sedimentos em tubos (Card06/Card15) para
datação por luminescência (Optical Stimulated Lumi-
nescence), processo que contou com a presença de
Martin Autzen e Eike Rades (DTU NUTECH, Center
for Nuclear Technologies). A amostragem foi feita
no quadrado J’17 do corte norte da área H’/I’17/19
(cf. Fig. 4). A escolha do posicionamento estratigrá-
co destas amostras visou datar, quer os níveis mais
recentes com vestígios de tecnologia atribuível ao
Paleolítico Médio, quer os mais antigos com vestí-
gios atribuíveis ao Paleolítico Superior. A publicação
dos resultados das medições e a descrição das meto-
dologias e materiais selecionados encontram-se em
curso de preparação, assim como a discussão da sua
pertinência para a problemática da persistência dos
Neandertais na Península Ibérica e para a problemá-
tica correlacionada da datação e atribuição cultural
dos vestígios dos primeiros Homens Modernos nes-
ta mesma área geográca.
Desde já os vestígios líticos encontrados nas cama-
das 6 e 7 conrmam: a ocupação do sítio pelo Ho-
Fig. 12: Distribuição por matéria-prima dos vestígios de
pedra lascada da área Z/A’6/8
Fig. 13: Indústria lítica da unidade 5. 1) UE5/UA15, 2) UE5/
UA13, 3) UE5/UA11, 4) UE5/UA9
72
coavisão.21.2019
Cardina I – Salto do Boi: cinco metros de arquivo da ocupação paleolítica no Vale do Côa | Thierry Aubry, António Fernando Barbosa, Cristina Gameiro, Luís Luís, André Tomás Santos, Marcelo Silvestre
veis ao Homem de Neandertal. As datas obtidas pelo
método da luminescência em amostras da unidade
estratigráca 5 indicam que as ocupações atribuídas
pela tipotecnologia ao Paleolítico Médio do sítio se
compreendem entre, pelo menos 80.000 e 37.000
anos. As remontagens conseguidas entre vestígios
dos diferentes níveis evidenciados conrmam uma
boa preservação da organização espacial da distri-
buição espacial dos vestígios, provavelmente devi-
da a um ambiente de sedimentação aluvial de fraca
energia. Os estudos geológicos indicam que estes
depósitos de textura na foram depositados no limi-
te máximo das cheias de um braço secundário do rio
Côa, numa fase durante a qual o curso principal do
rio devia encontrar-se mais alto e próximo do sítio,
do que atualmente.
mem de Neandertal numa cronologia anterior à data
de 80.000 anos, obtida para a amostra A1 (cf. Fig.
4), a persistência do Paleolítico Médio até cerca de
37.000 anos, a nossa interpretação dos vestígios de
pedra lascada (Aubry et al., 2018) e existência de evi-
dências do Homem Anatomicamente Moderno no
Vale do Côa há cerca de 34.000 anos.
6. Balanço dos trabalhos de 2018 e perspetivas para
2019
Os trabalhos de escavação da campanha de 2018
permitiram evidenciar uma sequência sedimentar de
cerca de 5 metros de espessura na área H'/I'17/19. As
unidades estratigrácas 5, 6 e 7 preservam vestígios
líticos de ocupações do Paleolítico Médio, atribuí-
Fig. 14: A) Preparação das amostras; B) Localização das amostras de micromorfologia recolhidas no corte de referência
I’/J’16/19
73
coavisão.21.2019
Ciência
posição topográca e geomorfológica, de forma a
podermos denir mais racionalmente a abertura de
novas áreas de escavação.
7. Bibliograa
ALMEIDA, F. (1997). Prospecção geofísica de depó-
sitos quaternários. In ZILHÃO, J. ed. Arte Rupestre e
Pré-História do Vale do Côa: Trabalhos de 1995-1996.
Lisboa: Ministério da Cultura. p. 55-73.
AUBRY, T., ed. (2009). 200 séculos da história do Vale
do Côa: incursões na vida quotidiana do caçadores-ar-
tistas do Paleolítico. Lisboa: Igespar, IP (Trabalhos de
Arqueologia; 52).
AUBRY, T., DIMUCCIO, L.A., SAMPAIO, J.D., SANTOS,
A. (2010). Olgas de Ervamoira: seis metros de arqui-
vo da Pré-História nas margens do Côa. Coavisão 12:
133-143.
AUBRY, T., BARBOSA, A.F., LUÍS, L., SANTOS, A.T.,
SILVESTRE, M. (2016). Quartz use in the absence of
int. Middle and Upper Palaeolithic raw material
economy in the Côa Valley (North-eastern Portugal).
Quaternary International 424: 113-129.
AUBRY T, BARBOSA, A.F., GAMEIRO C., LUÍS L., MA-
TIAS H., SANTOS A.T., SILVESTRE M. (2015). De re-
gresso à Cardina, 13 anos depois: resultados prelimi-
nares dos trabalhos arqueológicos de 2014 no Vale
do Côa. Revista Portuguesa de Arqueologia, 18:5-26.
AUBRY, T., GAMEIRO, C., SANTOS, A.T., LUÍS, L.
(2017). Existe Azilense em Portugal? Novos dados
sobre o Tardiglaciar e o Pré-Boreal no Vale do Côa.
In: Arnaud, J.M., Martins, A. (Eds.), Arqueologia Em
Portugal - 2017: Estado da Questão. Associação dos
Arqueólogos Portugueses, Lisboa: 403–418.
AUBRY, T., SANTOS, T., A, LUÍS, L. (2014). Stratigra-
phies du panneau 1 de Fariseu: analyse structurelle
d’un système graphique paléolithique à l’air libre de
la vallée du Côa (Portugal). P. Paillet (dir.), Les arts
de la Préhistoire: micro-analyses, mises en contextes
Os vestígios líticos evidenciados na outra área inter-
vencionada (Z/A’6/8) e as características granulomé-
tricas dos seus sedimentos indicam que esta área se
localizava mais próxima do curso de água durante os
períodos de cheias. Este posicionamento terá sido
potencialmente mais favorável para a alimentação
em sedimentos, mas menos propício para a preser-
vação de estruturas.
A raridade e importância da sequência estratigráca
colocada a descoberto, assim como das estruturas
que estão a aparecer, obrigam à adopção de espe-
ciais medidas de protecção e conservação destes
testemunhos no sítio.
De facto, esta sequência de 5 metros, ao longo da
qual se documenta o Paleolítico Médio recente, a
transição para o Paleolítico Superior e as primeiras
evidências de comunidades de Homens Anatomica-
mente Modernos, é um caso único no país e extre-
mamente raro na Europa. Mas a relevância cientíca
e patrimonial do sítio não se ca por aqui, encon-
trando-se também na área colocada a descoberto
duas estruturas de provável carácter habitacional.
Estes exemplos são únicos na Península Ibérica e
muito raros em toda a Europa, tendo sido apenas
identicados no Centro e Leste do continente. Se a
estes aspetos, que já por si tornam este sítio singu-
lar, juntarmos o facto de estarmos perante vestígios
de uma ocupação que se relacionará de forma muito
estreita com as manifestações rupestres ao ar livre
que se encontram no vale e foram justamente classi-
cadas como Património Mundial, a necessidade de
tornar este sítio acessível ao público torna-se mani-
festa e imperiosa.
O primeiro passo para a prossecução deste objetivo
deve ser a preservação in situ dos vestígios que es-
tão a ser colocados a céu aberto. Isso exige a con-
cepção e construção de uma estrutura que não só
permita essa conservação, como também a possibili-
dade de alargamento da área escavada e a mediação
pública do sítio.
Os trabalhos terão continuidade em 2019, em duas
das áreas intervencionadas em 2017. Procurar-se-á
estabelecer a sequência completa dos depósitos
aluviais preservados na plataforma e compreender
melhor as razões da sua variabilidade em função da
74
coavisão.21.2019
Cardina I – Salto do Boi: cinco metros de arquivo da ocupação paleolítica no Vale do Côa | Thierry Aubry, António Fernando Barbosa, Cristina Gameiro, Luís Luís, André Tomás Santos, Marcelo Silvestre
SANTOS, A.T., AUBRY, T. (2019). O Museu do Côa
e as Problemáticas da Arte Paleolítica ao Ar Livre e
das Origens da Arte. Al-Madan 22 (tomo 3): 179-181.
ZILHÃO J. (ed.) (1997a). Arte rupestre e Pré-História
do Vale do Côa. Trabalhos de 1995-1996. Lisboa, Minis-
tério da Cultura.
ZILHÃO, J., (1997b). O Paleolítico Superior da Estre-
madura Portuguesa. Vol. 1. Lisboa: Edições Colibri.
ZILHÃO, J., ALMEIDA, F., AUBRY, T., CARVALHO,
A.F., ZAMBUJO, G. (1995). O sítio arqueológico pa-
leolítico do Salto do Boi (Cardina, Santa Comba, Vila
Nova de Foz Côa). Trabalhos de Antropologia e Etno-
logia (Actas do 1º Congresso de Arqueologia Peninsu-
lar, Vol. 8). 35: 471-497.
et conservation. Actes du colloque «Micro-analyses et
datations de l’art préhistorique dans son contexte ar-
chéologique», MADAPCA - Paris, 16-18 novembre 2011,
PALEO, numéro spécial: 259-270.
AUBRY, T., BARBOSA, A.F., LUÍS, L., SANTOS, A.T.,
SILVESTRE, M., (2018). Os Neandertais e os primei-
ros Homens Anatomicamente Modernos no Vale do
Côa: Novidades da Cardina. Coavisão 20: 57-71.
DAVIDSON, I. (1986). The Geographical Study of Late
Palaeolithic Stages in Eastern Spain. In: BAILEY, G.;
CALLOW, P., ed. - Stone Age Prehistory: Studies in Me-
mory of Charles MacBurney. Cambridge: Cambridge
University Press, p. 95-118.
SANTOS, A. T., BARBOSA, A. F., AUBRY, T., GARCÍA
DÍEZ, M., SAMPAIO, J. D. (2018). O nal do ciclo grá-
co paleolítico do Vale do Côa: a arte móvel do Fariseu
(Muxagata, Vila Nova de Foz Côa)”, Portugália, Nova
Série, 39: 5-96.
... O recurso ao conceito de cadeia operatória como instrumento analítico possibilita, assim, aceder a informações sobre as sociedades humanas do passado, nomeadamente a aspetos de índole cultural, económica e mesmo simbólica. A análise da cadeia operatória permite, ainda, compreender como se formaram os sítios arqueológicos, avaliar o seu grau de preservação, saber em que medida os vestígios que os compõem resultam de processos naturais ou antrópicos, bem como detetar continuidades e descontinuidades nos comportamentos técnicos (Shiffer, 1987) (Aubry et al., 1997(Aubry et al., , 2015(Aubry et al., , 2018(Aubry et al., , 2019(Aubry et al., , 2020Zilhão et al., 1995;Ramos, 2023) (Fig. 3). ...
... O estudo dos processos de formação do sítio, as datações absolutas obtidas e a análise preliminar dos conjuntos de pedra lascada (Aubry et al., 2015(Aubry et al., , 2018(Aubry et al., , 2019(Aubry et al., , 2020(Aubry et al., , 2022 permitiram identificar ocupações do Paleolítico Médio, que datam de entre ca. 155 ka BP e 39 ka BP, e uma sequência de ocupações do Paleolítico Superior, cuja fase mais antiga remonta a ca. ...
Article
Full-text available
Resumo A caraterização tecno-tipológica das indústrias líticas recolhidas nas sondagens H, Z e N (18 m²) do sítio arqueológico da Cardina-Salto do Boi, no vale do Rio Côa, conjugada com o estudo da gestão das respetivas matérias-primas, permitiu identificar três ocupações do Paleolítico Médio, datadas de (1) ca. 155 ka BP a ca. 80 ka BP, (2) ca. 80 ka BP a 51 ka BP e (3) 51 ka BP a 39 ka BP. Permitiu, também, reconhecer uma sequência de ocupações do Paleolítico Superior, sobrepostas estratigraficamente às do Paleolítico Médio, posteriores a 34 ka BP, bem como mistura de materiais líticos dos dois períodos em unidades estratigráficas das sondagens Z e N, datadas do intervalo compreendido entre 39 ka BP e 34 ka BP. Dado que o sítio arqueológico da Cardina-Salto do Boi é, até ao momento, o único no Vale do Côa com uma sequência de vestígios da presença humana que vai do MIS 6 (ca. 190 ka BP a ca. 140 ka BP) ao MIS 1 (11,7 ka BP ao presente), o seu estudo revela-se da máxima importância, uma vez que contribui para a compreensão diacrónica da exploração do território por parte do Homem de Neandertal e do Homem Anatomicamente Moderno. Palavras-chave: Cardina-Salto do Boi, Vale do Côa, Homem de Neandertal, Tecnologia Lítica, Matérias-primas. Abstract The techno-typological characterization of the lithic industries from trenches H, Z, and N (18 m²) from the Cardina-Salto do Boi archaeological site, in the Côa River valley, combined with the study of the lithic resource management, made it possible to identify three Middle Palaeolithic occupations, dating from (1) ca. 155 ka BP to ca. 80 ka BP, (2) ca. 80 ka BP to 51 ka BP, and (3) 51 ka BP to 39 ka BP. It also allowed the recognition of a succession of Upper Paleolithic occupations, after 34 ka BP, stratigraphically overlapping those from the Middle Paleolithic, as well as a mixture of lithic artifacts from both periods in stratigraphic units of the Z and N trenches, dated to the interval between 39 ka BP and 34 ka BP. Since the Cardina-Salto do Boi archaeological site is, to date, the only one in the Côa Valley with a succession of occupations ranging from MIS 6 (ca. 190 ka BP to ca. 140 ka BP) to MIS 1 (11.7 ka BP to the present), its study proves to be of utmost importance, as it contributes to the understanding of the strategies for exploring the territory carried out by the Neanderthals and Anatomically Modern Humans. Keywords: Cardina-Salto do Boi, Côa Valley, Neanderthals, Lithic Technology, Raw Materials.
... Human occupation of the site dates back to 155 ka (GFU 7) and extends to the present, making the 5-m thick stratigraphic sequence of the site one of the most complete in the region. Both Upper Palaeolithic and Middle Palaeolithic lithic remains have been recovered [23]. The most recent deposit containing lithic remains that can be assigned to the Middle Palaeolithic, basing ourselves on the reduction sequence technology observed, has been dated to ca. 39 ka and the earliest date obtained for Upper Palaeolithic technology at the site is 34 ka [14]. ...
Preprint
The archaeological site of Cardina-Salto do Boi (Guarda, Portugal) is one of the few studied sites with Middle Palaeolithic occupations in the Côa Valley. These span MIS 6 to MIS 3, which constitutes a favourable circumstance for studying dwelling dynamics diachronically. Most of the information regarding Neanderthal occupation of the site refers to the assemblages belonging to a 6 m2 area (H’/I’-17/19), where the excavation reached the bedrock, and the deposits were subject to absolute dating. In this study, we tried to understand how the lithic assemblages of two other test areas N/O-15/17 and Z/A’-6/8 could relate to the findings of area H’/I’-17/19. The assemblages of all areas were revised and subject to raw material and technological analysis. These are mostly composed of quartz knapping remains, but a shift in the type of quartz preferred between 51-39 ka and 80-51 ka could be identified. The vertical distribution of raw materials and the technological traits of the assemblages allowed the differentiation of five groups and indicate that the most recent phase of Neanderthal occupation of the site being possibly present at the base of the known stratigraphic sequences in the areas N/O-15/17 and Z/A’-6/8.
Article
Full-text available
Iberia, a natural cul-de-sac peninsula, plays a major role in the study of the Neanderthals demise and its eventual relationship with the spread of Anatomically Modern Humans (AMH) in Europe. The site of Cova Eirós (Galicia, Spain), located in NW Iberia, contains Middle and Upper Palaeolithic levels, based on the cultural remains recovered at the site. No human remains directly associated with those levels were discovered yet. The available radiocarbon dates from the levels 2 (c. 35 ka cal BP, Early Upper Paleolithic) and 3 (c. 41 ka cal BP, Late Middle Paleolithic), point to a late survival of Neanderthal groups in North Iberia and to a relative quick arrival of the AMH, c. 35-36 ka cal BP, with respect to other territories of the Iberian Peninsula. The archaeological record shows clear differences between the Middle and the Upper Palaeolithic occupations, regarding raw-material acquisition, lithic technology and subsistence strategies. The location of Cova Eirós in the westernmost margin of the Cantabrian Rim and in the Atlantic Façade, makes this site a key place to understand the spread of the first AMH and the progressive demise of Neanderthal populations.
Article
Full-text available
he geomorphological context of the Côa Valley open-air Palaeolithic rock art offers a unique opportunity to analyse its stratigraphic relationship with preserved Quaternary deposits and to reconstruct those that may have since disappeared. Litho-stratigraphic units, discontinuities and their architecture are interpreted in the context of the valley’s evolution and its environment. The spatial distribution of rock art panels, chronological attribution of the rock art and their geomorphological context can help us to reconstruct the topography of the valley at the time of its production and to identify where rock art panels could be buried, as well as to establish their chronology.
Poster
Full-text available
Quartz has traditionally been regarded as a raw material of poor knapping quality. Indeed, the structure of this mineral determines the presence of cleavage planes which generate fractures and influence débitage [9,10]. However, he fact that quartz is naturally available in regions where there is no flint or silcrete resulted in its frequent exploitation by the Palaeolithic human communities that inhabited the Portuguese territory. An outstanding example is the preferential use of this raw material for the production of marginally backed bladelets during the Protosolutrean of Estremadura. During this period, archaeological sites situated less than 5km from good quality flint sources feature quartz percentages between 22% and 43% [1,16,17]. Moreover, at sites located in the Hercynian massif (Guadiana, Sabor and Côa river valleys), several different varieties of quartz constitute the most widely used lithic raw materials during the Upper Palaeolithic.
Article
Full-text available
We present in this work the integral study of the portable art of Fariseu (Côa Valley). Eighty-five engraved pieces and four painted ones form the studied collection. The chronological attribution to the Late Dryas/ beginning of the Pre-boreal is perfectly assured by the stratigraphic origin of the pieces. The technical and stylistic attributes of the figures are similar to some of the rock art of the Côa valley, making the collection an important chronological referent to a vast number of engraved and painted panels of the region. Those technical and stylistic attributes are also similar to others from Southwest Europe that are dated from the end of the Late glacial period, which denotes the affiliation of this rock art facies in a graphic tradition of a broader geographic range.
Chapter
Full-text available
When making inferences about human behaviour in the past in the absence of organic remains it is important to be precise about the nature and causes of variation in artefacts assemblages. Extension of the geographical techniques pioneered by Charles McBurney raises the hypothesis that industries which might be classified in different technological taxa could also be the outcome of different activities of a single group of people.-J.Sheail
O final do ciclo gráfi-co paleolítico do Vale do Côa: a arte móvel do Fariseu
  • A T Barbosa
  • T García Díez
  • M Sampaio
  • J D Portugália
  • Nova Série
SANTOS, A. T., BARBOSA, A. F., AUBRY, T., GARCÍA DÍEZ, M., SAMPAIO, J. D. (2018). O final do ciclo gráfi-co paleolítico do Vale do Côa: a arte móvel do Fariseu (Muxagata, Vila Nova de Foz Côa)", Portugália, Nova Série, 39: 5-96.
Arte rupestre e Pré-História do Vale do Côa. Trabalhos de 1995-1996
  • J Zilhão
ZILHÃO J. (ed.) (1997a). Arte rupestre e Pré-História do Vale do Côa. Trabalhos de 1995-1996. Lisboa, Ministério da Cultura.